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ASPECTOS TOXICOLÓGICOS EM COSMETOLOGIA

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Realização 
III SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
Data: 23 a 25 DE OUTUBRO DE 2014 
ASPECTOS TOXICOLÓGICOS EM COSMETOLOGIA 
 
LACRIMANTE, Carolyna Alves
1
. RIBEIRO NETO, Luciane Maria
2
. 
 
1
 Discente do curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo – SP. 
2
 Docente do curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo – SP. 
e-mail: carol.lacrimante@gmail.com 
 
Palavras-chave: Cosmetologia. Toxicologia. Farmacologia. 
 
Introdução 
 Produtos cosméticos são aqueles de uso externo nas diversas partes do corpo humano (pele, 
sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade 
oral), com o objetivo de limpar, perfumar, alterar sua aparência, corrigir odores corporais, proteger ou 
manter em bom estado, conforme RDC nº 211/2005. A segurança de um cosmético é a ausência 
razoável do risco de danos significativos em condições de uso previsíveis. Apesar de não ser 
desejável, os componentes das formulações podem ocasionar alguns efeitos adversos ao usuário, 
tais como reações irritativas imediatas ou acumulativas, reações alérgicas ou sensibilizantes, 
dermatites, reações sistêmicas e carcinogênicas. A determinação do potencial tóxico é importante 
para análise do risco de um produto e consiste numa série de estudos de toxicidade. 
 
Objetivo 
 Abordar os aspectos toxicológicos em cosmetologia, descrevendo os efeitos adversos 
derivados dos principais componentes de formulações cosméticas e os testes de segurança. 
 
Metodologia 
 O método adotado para a elaboração do trabalho foi a revisão bibliográfica integrativa 
realizada através da busca em bancos de dados e sítios institucionais nacionais e internacionais 
disponíveis na internet, como Medline, Pubmed, Lilacs, Scielo e Biblioteca Virtual de Saúde Bireme, 
assim como revistas e periódicos. Coletaram-se informações a respeito do uso dos cosméticos, 
legislação vigente, toxicocinética, bem como as substâncias mais encontradas nas formulações 
capazes de gerar reações adversas e testes de toxicidade empregados para avaliar a segurança. 
Não houve restrição ao período da pesquisa. 
 
Desenvolvimento 
 A principal via de exposição às substâncias químicas presentes em cosméticos são a pele, 
mucosa e seus anexos, pelo contato direto. Porém, outras vias de exposição são possíveis como a 
inalatória e oral. No caso da via cutânea, as moléculas se movem pelo estrato córneo por difusão 
passiva. Aquelas que possuem natureza polar se difundem pelas superfícies externas de filamentos 
proteicos do estrato córneo hidratado, enquanto as apolares se difundem na matriz lipídica 
(CASARETT; DOULL, 2012). Dentre os fatores que podem influenciar a cinética dos toxicantes 
através da pele estão a integridade do estrato córneo e seu estado de hidratação, temperatura, 
número de folículos pilosos, pH da superfície, hidrofobicidade da substância, baixa solubilidade da 
molécula ao veículo e o tamanho molecular (WOKOVICH et. al, 2006 apud SILVA et. al, 2010). Na via 
inalatória, os toxicantes geralmente são os pós, gases, vapores de líquidos voláteis e aerossóis 
(CASARETT; DOULL, 2012). Na via oral, também deve-se levar em conta o coeficiente de partição da 
substância, que poderá ser absorvida através da circulação sublingual ou ser deglutido e absorvida 
na região gastrintestinal. As reações adversas a cosméticos dividem-se em reações irritativas 
imediatas ou acumulativas, reações alérgicas ou sensibilizantes, dermatites por fotossensibilização, 
reações físicas por oclusão folicular, reações sistêmicas por inalação ou contato oral, por absorção 
percutânea ou ação carcinogênica (CHORILLI et. al, 2007). Dentre os cosméticos utilizados para a 
modificação capilar, destacam-se as tinturas e alisantes. As tinturas são classificadas em naturais ou 
 
Realização 
III SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
Data: 23 a 25 DE OUTUBRO DE 2014 
sintéticas, sendo que, as tinturas sintéticas podem ser classificadas em permanentes, 
semipermanentes ou temporárias. A maioria dos estudos com foco nos riscos ao ambiente e à saúde 
humana pelos corantes, precursores e outros aditivos utilizados em tintura capilar são baseados nos 
corantes permanentes e demais substâncias derivadas de aminas aromáticas, por serem substâncias 
biologicamente ativas, poderem ser absorvidas percutaneamente e causar efeitos mutagênicos ou 
carcinogênicos (OLIVEIRA et al, 2014). Em relação aos produtos de alisamento capilar, as 
substâncias ativas encontradas na composição são o ácido tioglicólico, os bissulfitos, a etanolamina e 
os hidróxidos de sódio, potássio, cálcio e guanidina. Apesar da proibição do uso do formaldeído pelos 
órgãos reguladores, em concentrações que não sejam com função conservante, ele ainda é utilizado 
em locais para alisamento capilar, através de produtos irregulares ou pela adição do profissional que 
realiza a aplicação. A exposição aguda e subaguda pode causar irritação, coceira, queimadura, 
descamação e vermelhidão do couro cabeludo e do rosto, queda do cabelo, irritação ocular, falta de 
ar, cefaleia, ardência e coceira no nariz. Os sinais clínicos da exposição crônica estão relacionados 
com o efeito genotóxico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera este toxicante como 
agente carcinogênico para as vias respiratórias, sangue e cabeça (MACAGNAN; SARTORI; 
CASTRO, 2011). Com o aumento dos casos de câncer de pele, a utilização de fotoprotetores tornou-
se de grande importância. A exposição prolongada aos raios UV, sem a devida proteção, pode levar à 
fotocarcinogênese, fotossensibilidade e fotoenvelhecimento. Porém, alguns componentes de 
fotoprotetores têm relatos de atividade desreguladora endócrina, mais precisamente com ação 
estrogênica e antiandrogênica (CORRÊA et al, 2011). Os antiperspirantes contêm sais de alumínio. 
Com a inalação, podem ser aprisionados no sistema respiratório e atravessar para a circulação 
pulmonar. Existem evidências de que o alumínio pode atravessar a barreira hematoencefálica, e que 
alguns antiperspirantes contendo esta substância estão associados à degeneração neurofibrilar como 
a doença de Alzheimer. Com relação ao risco aumentado de câncer de mama, existem divergências 
de opiniões no meio científico. Há especulações de que o antiperspirante pode atrapalhar a 
circulação linfática do quadrante superior da mama e axila. Outra hipótese é de que os parabenos 
encontrados nas formulações, com ação conservante, podem estar relacionados aos tumores de 
mama pela sua atividade estrogênica (NASCIMENTO; RAFFIN; GUTERRES, 2004). Os fluoretos são 
amplamente usados na prevenção da cárie. Doses excessivas de flúor durante o desenvolvimento 
dos dentes podem causar a fluorose dentária. Isso ocorre principalmente em regiões que possuem 
fluoretação na água e a exposição ao flúor é somada ao uso de cosméticos de higiene bucal. 
Geralmente, o aspecto clínico é de manchas opacas no esmalte dentário e regiões amareladas ou 
castanhas em casos de alterações mais graves (DENBESTEN, 1999; FEJERSKOV, 1994 apud 
CANGUSSU et al, 2002). Os produtos clareadores odontológicos também são amplamente utilizados 
como, por exemplo, os peróxidos de hidrogênio e carbamida. Há estudos que verificam que estas 
substâncias podem provocar irritação gengival, sensibilidade pulpar, desmineralização, 
carcinogênese, entre outros. A pele infantil caracteriza-se pela sensibilidade, pouca espessura e 
fragilidade, sendo assim, é necessário ter atenção aos seus aspectos particulares para prevenir e 
evitar os riscos ligados ao uso de cosméticos, pois isso a torna mais permeável a materiais exógenos. 
A avaliação de segurança dos cosméticos é um processo que calcula ou estima os riscos a um 
sistema-alvo, levando em conta as características do agente testado, sendo ele um adjuvante, um 
princípio ativo ou o produto acabado. Os ensaios de toxicidade sempre foram realizados emanimais 
(in vivo), por serem considerados os melhores modelos experimentais para avaliação dos riscos 
potenciais envolvidos com o uso destes produtos, seja irritação, alergia ou efeitos sistêmicos. 
Atualmente, ensaios alternativos in vitro estão sendo adotados como uma alternativa. No Brasil, a lei 
que regulamenta a utilização de animais nas atividades de instituições de ensino e pesquisa científica 
é a Lei 11.794/2008. Apesar da proibição para testes em animais ser uma tendência mundial, ainda 
não há uma legislação em vigência no país a respeito, além da sanção do projeto de Lei 777/2013, no 
Estado de São Paulo, que proíbe esta prática (BRASIL, 2014). Dentre os principais testes de 
segurança, encontram-se os utilizados para avaliação de irritação ocular, fototoxicidade, 
sensibilização cutânea, corrosividade, comedogênese e carcinogênese. 
 
 
 
Realização 
III SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
Data: 23 a 25 DE OUTUBRO DE 2014 
Considerações Finais 
A avaliação da segurança dos produtos cosméticos envolve o conhecimento de muitas áreas, como a 
química, a toxicologia, a fisiologia, a farmacotécnica e a tecnologia cosmética. A cosmetovigilância é 
importante para garantir ao usuário a segurança e eficácia dos produtos, bem como facilitar o acesso 
a informações sobre os componentes e problemas já registrados. 
 
Referências 
BRASIL. Lei nº 11794, de 08 de outubro de 2008. Brasília, Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm>. Acesso em: 15 set. 2014. 
 
CANGUSSU, Maria Cristina Teixeira et al. A fluorose dentária no Brasil: uma revisão crítica. Caderno 
de Saúde Pública,Rio de Janeiro, v. 1, n. 18, p.7-15, jan./fev. 2002. 
 
CASARETT, Louis J.; DOULL, John. Fundamentos em Toxicologia. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 
2012. 
 
CHORILLI, Marlus et al. Toxicologia dos Cosméticos. Latin American Journal Of Pharmacy 
(formerly Acta Farmacéutica Bonaerense), Buenos Aires, v. 1, n. 26, p.144-154, 2007. 
 
CORRÊA, Bianca A. M. et al. Derivados da benzofenona: SAR e docking para o estudo da 
atividade de desregulação endócrina. Sociedade Brasileira de Química, São Paulo, 2011. 
 
ESBERARD, Roberta Ramalho et al. Efeitos das técnicas e dos agentes clareadores externos na 
morfologia da junção amelocementária e nos tecidos dentários que a compõem. Revista Dental 
Press de Estética, Maringá, v. 1, n. 1, p.58-72, out./nov./dez. 2004. 
 
MACAGNAN, Karyn Kristyni; SARTORI, Mara Rubia Keller; CASTRO, Fábio Godinho de. Sinais e 
sintomas da toxicidade do formaldeído em usuários de produtos alisantes capilares. 4. ed. 
Curitiba: Cadernos da Escola de Saúde, 2011. 
 
NASCIMENTO, Ludmilla Pinheiro; RAFFIN, Renata Platcheck; GUTERRES, Sílvia Stanisçuaski. 
Aspectos atuais sobre a segurança no uso de produtos antiperspirantes contendo derivados de 
alumínio. Infarma, Brasília, v. 16, n. 7-8, p.66-72, 2004. 
 
OLIVEIRA, Ricardo A. G. de et al. A química e toxicidade dos corantes de cabelo. Química 
Nova, São Paulo, v. XY, p.1-10, maio 2014. 
 
SILVA, J. A. et al. Administração Cutânea de Fármacos: desafios e estratégias para o 
desenvolvimento de formulações transdérmicas.Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e 
Aplicada (Journal Of Basic And Applied Pharmaceutical Sciences), Araraquara, v. 3, n. 31, 
p.125-131, set. 2010.

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