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Direito Penal Dos crimes contra o estado de filiação Registro de nascimento inexistente (art. 241!!!!) Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente: Pena - reclusão, de dois a seis anos. Objeto jurídico: Tutela-se nesse capítulo, especificamente, o estado de filiação, bem como a fé pública dos documentos inscritos no registro civil. Considera-se inexistente o nascimento “quando se diz nascido filho de mulher que não deu à luz, quer por não se achar grávida, quer porque não houve ainda o délivrance*; ou quando se declara o natimorto como tendo nascido vivo. Em ambos os casos não houve nascimento”. Há, portanto, falsa declaração da existência de um nascimento. Haveria na espécie o crime de falsidade ideológica (CP, art. 299), uma vez que o agente faz inserir em documento público declaração falsa, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Contudo, o crime previsto no art. 241 é especial em relação ao falso documental, pois se refere especificamente à declaração falsa em registro de nascimento. OBS.*: Resolução do parto. Clinicamente, o estudo do parto analisa três fases ou períodos principais (dilatação do colo do útero, expulsão do feto, e dequitação, ou saída da placenta). Sujeito ativo: crime comum. Assim, podem ser sujeitos ativos o oficial do registro civil que realiza a inscrição, os pais fictícios que a requerem etc. Nada impede a coautoria; cite-se como exemplo o médico ou as testemunhas que atestam falsamente o nascimento. Sujeito passivo: É o Estado, bem como o indivíduo prejudicado pelo registro. Elemento Subjetivo: dolo. Consumação e Tentativa: Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes, que se consuma com a efetiva inscrição do nascimento inexistente no registro civil. Assim, não basta a mera declaração falsa ao oficial do registro civil. Se este não realiza a inscrição, por circunstâncias alheias à vontade do agente, haverá a tentativa do crime. Ação penal: é crime de ação penal pública incondicionada. Independe, portanto, de representação do ofendido ou de seu representante legal. Prescrição: de acordo com o art. 111, IV, do Código Penal, a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr nos crimes de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil da data em que o fato se tornou conhecido. Portanto, trata-se de exceção à regra de que a prescrição se inicia no dia em que o crime se consumou. Procedimento: no que se refere ao procedimento, vide art. 394 do CPP, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.719/2008, que passou a eleger critério distinto para a determinação do rito processual a ser seguido. A distinção entre os procedimentos ordinário e sumário dar-se-á em função da pena máxima cominada à infração penal e não mais em virtude de esta ser apenada com reclusão ou detenção. Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido (art. 242!!!!!) Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) Pena - reclusão, de dois a seis anos. (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981)(perdão judicial) Prevalece na doutrina o entendimento no sentido de que a finalidade específica, consubstanciada na expressão “suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil”, não se refere a todas as modalidades criminosas, mas tão somente à ocultação ou substituição de recém-nascido, tendo em vista a presença do ponto e vírgula. O tipo penal, portanto, prevê quatro figuras criminosas: dar parto alheio como próprio: a punibilidade assenta-se, pois, não no simples fato de simular prenhez, mas na acompanhada ou completada pelo aparecimento de criança alheia, porque é então que advém dano à ordem da família, com a introdução nela de um indivíduo estranho, e prejuízo aos legítimos herdeiros, a quem caberiam os bens se não houvesse essa falsidade”. Não se exige a inscrição do nascimento no registro civil. A conduta de dar parto próprio como alheio não se enquadra nessa figura típica. registrar como seu o filho de outrem: adoção à brasileira. ocultar recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: nessa modalidade criminosa, houve o nascimento de uma criança, mas ela é ocultada, isto é, escondida, encoberta, de forma que seu nascimento não se torne conhecido. Basta que não seja ela apresentada, acarretando com isso a supressão ou alteração de direito relativo ao estado de família. substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: nessa modalidade delituosa há troca material dos recém-nascidos, a qual provoca a alteração no estado civil dos infantes, que passam a integrar família diversa da sua, sendo certo que, com isso, os direitos inerentes ao estado de filiação lhe são suprimidos, pois passam a ser exercidos pelo outro neonato. Não há necessidade de se operar a inscrição do recém-nascido no registro civil. Trata-se de crime de ação múltipla ou de conduta variada. Objeto jurídico: Tutela-se o estado de filiação, bem como a fé pública dos documentos inscritos no registro civil. Sujeito Ativo: (1):crime próprio, só a mulher, mas nada impede concurso de pessoas; (2), (3) e (4) são crimes comuns (qualquer pessoa). Sujeito passivo: Em todas as modalidades delituosas o sujeito passivo principal é sempre o Estado. (1): vítima a pessoa prejudicada pela perda de direito que teria não fosse a existência desse filho, ou seja, os herdeiros do sujeito ativo. (2): sujeitos lesados com o registro. (3): sujeito passivo é o recém-nascido ocultado que tem seus direitos inerentes ao estado civil suprimidos ou alterados. (4): sujeito passivo é o neonato substituído que tem seus direitos inerentes ao estado civil suprimidos ou alterados. Elemento subjetivo: dolo em todas as hipóteses. Consumação e Tentativa: (1) Dar parto alheio como próprio: o crime não se consuma com a mera simulação da gravidez, mas “no momento em que é criada uma situação que importe alteração do estado civil do recém-nascido”. A tentativa é perfeitamente admissível. (2) Registrar como seu o filho de outrem: consuma-se no momento em que é realizada a inscrição do infante alheio no registro civil. É possível a tentativa. (3) Ocultar recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: o crime consuma-se “no momento e no lugar em que, em conseqüência do ocultamento do neonato, se tenha criado uma situação material ou formal de se poder dizer suprimido o estado civil do mesmo neonato”. Se em consequência do ocultamento não se logra suprimir ou alterar direito inerente ao recém-nascido, há mera tentativa do crime. (4) Substituir recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: a consumação dá-se nos mesmos moldes da ocultação de recém-nascido. A troca ou substituição de crianças que, ato contínuo ou imediatamente, vem a ser descoberta não traduz, por si, consumação, pois mal se poderá falar em alteração de estado civil, isto é, ainda não se estabeleceu situação que não é correspondente à realidade... Será antes uma tentativa do crime, conquanto o agente possa tentá-lo sem avançar tanto na trajetória do delito”. a) Ação penal: é crime de ação penal pública incondicionada; independe, portanto, de representação do ofendido ou de seu representante legal. b) Prescrição: na modalidade registrar como seu filho de outrem, de acordo com o art. 111, IV, do Código Penal, a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr nos crimes de falsificação ou alteração de assentamentodo registro civil da data em que o fato se tornou conhecido. Nas demais modalidades, a prescrição inicia-se no dia em que o crime se consumou. c) Procedimento. Lei dos Juizados Especiais Criminais: no tocante ao procedimento seguido pela modalidade delituosa prevista no caput, vide art. 394 do CPP, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.719/2008, que passou a eleger critério distinto para a determinação do rito processual a ser seguido. A distinção entre os procedimentos ordinário e sumário dar-se-á em função da pena máxima cominada à infração penal e não mais em virtude de esta ser apenada com reclusão ou detenção. Já a forma privilegiada (parágrafo único), em face da pena máxima prevista (detenção, de 1 a 2 anos), constitui infração de menor potencial ofensivo, sujeita ao procedimento sumaríssimo da Lei n. 9.099/95, sendo, inclusive, cabível o instituto da suspensão condicional do processo (art. 89 da lei), em virtude da pena mínima prevista. Sonegação de estado de filiação (art. 243!!!) Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Objeto jurídico: Tutela-se o estado de filiação. Sujeito ativo: Na modalidade deixar filho próprio,somente os pais do infante podem praticar esse crime. Já na modalidade deixar filho alheio, qualquer pessoa pode cometer o delito. Sujeito passivo: É o Estado, bem como o menor que é lesado em seus direitos inerentes ao estado civil. Elemento substancial: dolo Consumação e tentativa: Consuma-se com o abandono da criança em asilo de expostos ou outra instituição de assistência, havendo a ocultação de sua filiação ou atribuição de outra. Trata-se de crime material, portanto a tentativa é perfeitamente possível. a) Ação penal: é crime de ação penal pública incondicionada, portanto independe de representação do ofendido ou de seu representante legal. b) Lei dos Juizados Especiais Criminais: em virtude da pena mínima cominada, reclusão, de 1 a 5 anos, é cabível o instituto da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95).
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