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A IMPORTANCIA DA ECONOMIA NO COTIDIANO UMA REVISAO SOBRE AS PRINCIPAIS NOCOES E CONCEITOS ECONOMICOS

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1 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA ECONOMIA NO COTIDIANO: UMA REVISÃO SOBRE AS 
PRINCIPAIS NOÇÕES E CONCEITOS ECONÔMICOS 
 
Área: ECONOMIA 
 
Mariângela Alice Pieruccini Souza 
Avenida Brasil, n. 7201 Centro – Cascavel PR 
Docente do Colegiado de Economia 
UNIOESTE – cp. Cascavel 
mpieruccini27@hotmail.com 
 
Andréia Polizeli Sambatti 
Rua Universitária, n. 2069, Jd Universitário 
Docente do Colegiado de Economia 
UNIOESTE – cp. Cascavel 
andreiarun@gmail.com 
 
Eduardo Rubik 
Rua Universitária, n. 2069, Jd Universitário 
Economista 
Acadêmico do Curso de Matemática 
UNIOESTE – cp Cascavel 
Eduardo_rubik@yahoo.com 
 
Carla Cristiane do Nascimento Antunes 
Rua Universitária, n. 2069, Jd Universitário 
Docente do Colegiado de Economia 
UNIOESTE – cp Cascavel 
carlacna@gmail.com 
 
Dyego Fernando Ribeiro 
Rua Universitária, n. 2069, Jd Universitário 
Acadêmico do Curso de Economia 
UNIOESTE – cp Cascavel 
dyegoribeiro@msn.com 
 
Resumo Este artigo procura apresentar a importância das questões econômicas vinculadas às 
necessidades ilimitadas versus recursos escassos e sua influência nas decisões econômicas, ou 
seja, nas escolhas dos agentes individuais bem como, suas consequências na coletividade, 
considerando o cotidiano. A estrutura teórico-metodológica proposta neste trabalho pauta-se 
 
2 
 
numa revisão amparada nas características e fundamentos relacionados ao problema central da 
economia bem como na reflexão sobre o cotidiano e a forma como os agentes econômicos 
conduzem suas escolhas e administram seus recursos. As leituras realizadas permitem afirmar 
que a economia traduz-se, de modo geral, na maneira como pessoas, empresas e governos, 
numa sociedade, fazem escolhas. Dessa maneira, pensar em economia é atentar para as 
possibilidades, ainda que limitadas, de ajustes diante do dilema dessas escolhas mediante um 
conjunto de recursos escassos. Em suma, essa discussão destaca a necessidade da sociedade 
brasileira, em suas diferentes estruturas de renda, avaliar de forma mais consciente os 
impactos das ações e escolhas individuais na coletividade. Tanto que é crescente o interesse 
pela aplicação da economia no dia a dia, considerando o planejamento das finanças e da 
educação financeira em âmbito familiar, visando contribuir para um melhor exercício de 
cidadania e, fundamentalmente, para que o “cuidar da casa” permita a sustentabilidade dos 
recursos e promova de fato a ampliação do bem estar. 
 
Palavras-chaves: definição de economia; decisões econômicas; economia no dia a dia; 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 A lógica de funcionamento do sistema capitalista pressupõe escolhas e, muitas vezes, 
não-escolhas à sociedade. Desse modo, nas ações cotidianas estão implícitas inúmeras 
decisões econômicas. Essas mesmas decisões produzem consequências, ou seja, implicações 
sobre a vida de cada um e também sobre os recursos ambientais disponíveis à existência 
humana. Daí a importância dessas ações individuais sobre a coletividade e a construção de 
responsabilidade para o exercício de uma cidadania plena. 
 Diante da complexa evolução da sociedade e da economia em seus estágios de 
produção, a propensão à troca tornou-se irreversível. Como observa Simonsen (1989, p.11) “a 
divisão do trabalho retira de qualquer indivíduo de uma sociedade moderna a possibilidade de 
auto-suficiência econômica”. Portanto, para que as necessidades mais primordiais, bem como 
as novas demandas de consumo sejam supridas as lições mais elementares de economia no que 
se refere às escolhas, acabam fazendo parte do cotidiano de cada agente econômico. 
 Este artigo resume uma parte das discussões que compõem o projeto de extensão 
universitária desenvolvido na Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE e 
intitulado “Primeiros Passos em Economia e Cidadania: uma contribuição para o ensino na 
rede pública e privada do município de Cascavel” e vem ao encontro de muitas inquietações e 
dúvidas que acompanham as decisões econômicas, sejam pessoais, familiares ou de ordem 
profissional. Destaca-se que essa proposta de extensão iniciou-se, ainda no ano de 2008, 
desdobrando-se, aos poucos no sentido de atender às novas demandas da comunidade local e 
regional. No conjunto dessas discussões surgiram demandas que instigaram a retomada dos 
referenciais de análise em economia, voltados, sobretudo, à inserção dos aspectos econômicos 
no cotidiano. 
 Para tanto, objetiva-se apresentar a importância das questões econômicas fundamentais 
 
3 
 
vinculando-as às necessidades ilimitadas versus recursos escassos, considerando ainda, sua 
influência nas decisões cotidianas, ou seja, nas escolhas dos agentes individuais e suas 
consequências na coletividade. 
 Como justificativa para as reflexões aqui propostas retoma-se a análise de Ferreira 
(2007) considerando que, cidadãos mais conscientes a respeito do funcionamento da 
Economia em geral, poderão tomar conta não apenas de seu bolso, mas também terão 
melhores condições de pensar a respeito das questões que envolvem o país. Conforme ANGE 
(2006, p.8) “pensar economia não pode ser um ato desvinculado das questões sociais e 
políticas concretas, uma vez que resultará em uma ação sobre o mundo real”. 
 Assim, esse "pensar sobre economia" não envolve apenas economistas, acadêmicos e 
professores; apesar da sua complexidade e sua condição como ciência, a mesma não se 
encontra dissociada da vida diária dos indivíduos, famílias, empresas e governo. Dessa forma, 
evidencia-se a necessidade de um resgate de sua essência, para que seja reforçada e 
consolidada sua importância na vida das pessoas. 
 Trata-se de uma pesquisa explanatória, de caráter bibliográfico, que pauta-se, além 
desta introdução, numa revisão amparada nas características e fundamentos relacionados ao 
problema central da economia; considerações vinculadas à escassez dos recursos face às 
necessidades ampliadas da sociedade bem como na discussão de outras questões relevantes em 
economia como trade-offs, trocas, distribuição e informação. Apresentam-se ainda neste item, 
as principais restrições que envolvem as escolhas econômicas. Na terceira parte, é 
caracterizada a importância da economia no cotidiano, propondo uma reflexão sobre a forma 
como os agentes econômicos conduzem suas escolhas e administram seus recursos, para que 
as considerações finais sejam apresentadas. 
 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 As referências básicas para a elaboração da temática proposta, não se resumem aos 
aspectos puramente econômicos vinculados ao consumo e renda, no contexto da restrição 
orçamentária, mas procuram acrescentar uma dimensão temporal que perpassa as escolhas, 
diante de um cenário de contínua expansão do mercado e que também se justapõe à realidade 
dos agentes econômicos. Essas questões têm reflexo nas decisões diárias dos agentes 
econômicos, quer em sua necessidade de atender aos requisitos mínimos da sobrevivência ou, 
ainda, diante da ampliação das esferas de consumo em estruturas diferenciadas de renda. 
 Assim, procura-se auxiliar na construção de referenciais para a tomada de decisões 
econômicas, procurando estabelecer uma interface com as situações cotidianas que envolvem 
as escolhas individuais bem como suas consequências. 
 
2.1 OBJETO DE ESTUDO DA ECONOMIA OU ECONOMIA E VIDA 
 
 O termo economia vem do grego óikos – casa e nomos – administrar – ou seja, 
Administrar a casa... de modo mais específico... “cuidar da casa”. Isso significa “regras da 
 
4 
 
casa” ou questões domésticas, mas que podem também ser traduzidas por “alocação dos 
recursos finitos”. De acordo como Souza (1997) isso significa a arte de bem administrar o lar, 
considerando para isso, a renda familiar e os gastos efetuados durante um determinado período 
de tempo. 
 Considera-se aqui o fato de que a Grécia, entre os séculos XII ao VIII A.C., conheceuuma vida econômica doméstica e que somente entre os séculos IV e III A.C houve uma 
transformação mais significativa proporcionando uma economia de trocas. Mesmo assim, as 
orientações que se elaboravam para a vida doméstica poderiam ser também interpretadas para 
as cidades-estado gregas. 
 Vale acrescentar, sobre a origem dos estudos em economia que, ainda na Grécia, os 
mesmos eram fragmentários e as ideias econômicas encontravam-se dispersas em diversos 
outros estudos como a filosofia, ética ou política. Contudo, diante das severas limitações 
impostas pela geografia grega, salienta-se que a acentuada restrição dos recursos naturais 
suscitava problemas de ordem econômica que seriam objeto de leitura em outras áreas do 
conhecimento. 
 É importante salientar que na evolução dos diferentes modos de produção, ainda que a 
escrita sobre economia tenha sido pouco referenciada, isso não eximiu os diferentes povos em 
sua formação histórica, de enfrentar adversidades do meio físico e contar com estratégias de 
sobrevivência e sustentabilidade em suas sociedades. 
 Essa característica funcional e estrutural da história humana ampara-se num problema 
fundamental que é a escassez; ou seja, tanto para os gregos, romanos, estruturas feudais ou 
mercantilizadas, como também nas condições inerentes a um capitalismo globalizado no 
período recente, observa-se que as necessidades são ilimitadas; contudo, os recursos utilizados 
para atender essas necessidades, tornaram-se cada vez mais escassos. 
 Essa condição exprime o estudo em economia. Recorre-se normalmente a essa situação 
de desequilíbrio entre necessidades sempre ampliadas e recursos finitos para iniciar inúmeras 
discussões em Ciência Econômica1. 
 Contudo, a discussão sobre necessidades ilimitadas versus recursos escassos é 
considerada uma das possibilidades de interpretação do conceito Economia. Nesse sentido, 
Bêrni (1985) considera que a expressão "Economia" na língua portuguesa produz equívoco e 
ambiguidade, ao relacionar as diferenças entre a economia interpretada como um sistema 
econômico e outra, considerando-a como um modo de produção. 
 
Por sistema econômico podemos entender as mais variadas articulações que os 
homens fazem entre si de forma organizada, com o objetivo de satisfazer suas 
necessidades materiais. Em outras palavras, um sistema econômico é um conjunto 
mais ou menos deliberado de instituições econômicas, voltadas à produção, 
circulação, distribuição e ao consumo de bens e serviços que atendem às 
necessidades humanas. [No] conceito de modo de produção as sociedades vão-se 
dedicar a estabelecer práticas de produção de bens e serviços e a criar regras de 
 
1 Nesse sentido, embora relevante o estudo da evolução da Ciência Econômica em sua condição 
metodológica, não serão apresentados neste artigo os conteúdos voltados a esse aspecto em economia, sendo 
consideradas, tão somente, as noções introdutórias. 
 
5 
 
distribuição dessa produção, de modo a terem critérios estáveis de consumo da 
produção. A essas regras, costuma-se chamar de questões fundamentais da economia: 
primeira - o que, quanto produzir?; segunda - como produzir?; e terceira - como 
distribuir a produção? (BÊRNI, 1985, p.201) 
 
 Portanto, diante das práticas de produção de bens e serviços, ou ainda condições de 
distribuição e consumo, podem ser apresentadas algumas definições acerca do termo 
"economia". Stiglitz e Walsh (2003, p.8) afirmam, nesse sentido que “a Economia estuda 
como as pessoas, empresas, governos e outras organizações de nossa sociedade fazem 
escolhas e como essas escolhas determinam a forma como a sociedade utiliza seus recursos." 
De um modo geral Economia é a ciência das trocas, ou seja, a capacidade de transformar uma 
coisa em outra, como bem observa Tolotti (2007). 
 Para Samuelson e Nordhaus (1988)2 citados por Caldas (2011) a economia considera as 
utilizações alternativas, para produzir bens variados e que devem ser distribuídos para o 
consumo, agora ou no futuro. Nessas alternativas está implícita a ideia de finitude dos recursos 
produtivos. 
 Nesse sentido, a Economia estuda a “alocação dos recursos finitos”. Com isso, 
administrar recursos finitos e fazer escolhas dentre eles tem um aspecto econômico envolvido 
no processo e por isso, muitas das decisões são econômicas (FERREIRA, 2007). As decisões 
econômicas fazem parte das relações humanas. Portanto, economia é, também e 
fundamentalmente “uma ciência social e, como tal, envolve relações humanas e influencia 
direta e indiretamente a vida das pessoas, o que torna fundamental sua base ética” (ANGE, 
2006, p.8) 
 A economia, sendo uma ciência social “estuda os problemas sociais da escolha do 
ponto de vista científico, o que quer dizer que parte de uma exploração sistemática do 
problema da escolha” (STIGLITZ e WALSH, 2003, p.15). Nesse caso e, por fazer-se ciência, 
Hirschman (2000, p.84) expressa que "a dúvida e a ideia são indissociáveis”, principalmente 
quando se tem em conta a complexidade que envolve uma discussão epistemológica em 
Economia, pois, quando se observa a realidade, surgem inquietações e dúvidas e, somente por 
meio das mesmas, é possível estabelecer alguma inferência sobre tais situações reais. Em 
resumo "a economia se desenvolveu com base no reconhecimento do fato de que muitas coisas 
que valem a pena simplesmente não caem em nosso colo" (COWEN, 2009, p.10). 
 Portanto, é pertinente pensar na problemática da escassez versus ampliação das 
necessidades como, de fato, o problema fundamental em Economia. 
 
 
2.2 O PROBLEMA ECONÔMICO FUNDAMENTAL: RECURSOS LIMITADOS VERSUS 
NECESSIDADES ILIMITADAS 
 
 A economia como parcela da ciência e do conhecimento “desafia” um problema 
fundamental que é a escassez. As necessidades e desejos são ilimitados mas os recursos 
 
2 SAMUELSON e NORDHAUS – Economia – Editora McGraw-Hill de Portugal, Lda. 
 
6 
 
utilizados para satisfazer essas necessidades bem como esses desejos, são escassos. 
 Bêrni (1997) observa que, da mesma maneira que outros animais, os seres humanos 
necessitam sobreviver e também se reproduzir. Numa hierarquia pré-estabelecida, as 
necessidades fisiológicas constituem a base das necessidades humanas considerando ainda, 
segurança e estabilidade, reconhecimento e sentimento de pertença a um grupo, culminando 
com necessidades superiores de evolução pessoal e de busca da verdade3. 
 Esta hierarquia expressa a ideia de que as necessidades humanas são, de fato, 
ilimitadas e que se justapõem à trajetória de restrições própria à vida de cada um. Dito de outra 
forma, "[...] o problema econômico fundamental consiste em distribuir esses recursos escassos 
entre fins alternativos" (BÊRNI, 1997, p.36). 
 Diante dessas escolhas, novas situações são identificadas e desdobram-se nas três 
questões fundamentais, mencionadas anteriormente, que estão vinculadas à noção de sistema 
econômico, ou seja, o que produzir, para quem e, ainda, quanto produzir. O que é válido 
acrescentar é que tais questionamentos produzem um novo desdobramento relacionado a 
possibilidade de distribuição ou concentração dos recursos existentes, sejam próprios ao meio 
ou, ainda, próprios ao processo produtivo. A alocação e a eficiência na produção e distribuição 
dos recursos finitos expressam, em conjunto, outra preocupação derivada do problema 
econômico fundamental. Torna-se importante pensar no aspecto de produção bem como na 
distribuição dos recursos econômicos. 
 A distribuição expressa uma resposta concreta ao problema da escassez. Conforme as 
sociedades procedem suas escolhas, é possível apreender melhores condicionantes de 
desenvolvimento e bem-estar dos indivíduos. Caso contrário, se a tendência voltar-se à 
concentração da produção, limitando o acesso da sociedade aos seusfrutos, os desequilíbrios 
tornam-se, muitas vezes, irreparáveis, pois as necessidades ainda que básicas, deixam de ser 
supridas. 
 "A busca da satisfação de suas necessidades é o maior motor das ações humanas, as 
quais, por seu turno, geram motivação para novas ações, caracterizando o surgimento de 
processos econômicos" (BÊRNI, 1997, p.28). O autor também observa que a regularidade na 
repetição de tais ações, proporciona o surgimento de estruturas e funções que permitem 
ampliar o conceito de economia tornando-o "parte das ciências sociais que estuda fenômenos 
que ocorrem na esfera da estrutura econômica, ou em outras esferas que terminam por afetar a 
estrutura econômica" (ibidem). As estruturas e funções econômicas são apresentadas sob a 
forma de um fluxo onde os agentes econômicos estabelecem suas condições de existência 
mediante um esquema de trocas. 
 
2.3 OUTRAS IDÉIAS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA 
 
 Para uma consideração prévia acerca de outras ideias fundamentais em economia, 
 
3 Abraham Harold Maslow elaborou uma interpretação na qual as necessidades humanas podem ser 
hierarquizadas, mostrando os aspectos que diferenciam os seres humanos dos animais. 
 
 
7 
 
perpassando o dilema escassez versus necessidades, destacam-se os aspectos, como trade-offs, 
incentivos, trocas, informação e distribuição. Stiglitz e Walsh (2005) apresentam uma 
caracterização acerca dessas importantes noções. Nesse sentido, os Trade-offs são, por 
definição, consequência da escassez e caracterizam-se, portanto, pelas escolhas dos agentes. 
Assim, ter mais de uma coisa implica em ter menos de outra. 
 
Um trade-off se refere, geralmente, a um conflito. É como perder algo para ganhar, 
em troca, outra coisa. Isso implica que uma decisão seja feita com completa 
compreensão tanto do lado bom, quanto do lado ruim de uma escolha em particular. 
É tomar uma decisão que implicará, necessariamente, abrir mão de uma situação em 
favor de outra que gerará maior benefício. (OLIVEIRA, 2011, p.2) 
 
 As escolhas que dali decorrem, podem ser explícitas ou não-coordenadas, nesse caso, 
fruto de ações coletivas. Fundamentalmente, a escassez significa que "os trade-offs são um 
fator básico na vida. Sacrifício de um valor como contraparte da obtenção de algum outro 
valor. No Trade-off está implícito o ciclo de vida: viver agora, pagar depois." (GIANETTI, 
2005, p.35). Assim, há que se acrescentar que as escolhas com que se depara a sociedade não 
são fixas, mas, ao contrário, lhe é apresentado um conjunto de possibilidades, somente 
limitadas pela condição da escassez ou seja, pela utilização de recursos que são menos 
eficientes. Portanto, os trade-offs, segundo Stiglitz e Walsh (2003, p.30) “sempre envolvem a 
comparação de custos e benefícios. O que você ganha é o benefício; o que você perde é o 
custo.” 
 Segundo o princípio do custo-benefício, uma ação somente deve ser efetuada se o 
benefício da mesma superar o custo adicional de realizá-la. Esse princípio é considerado a mãe 
das ideias econômicas (FRANK, 2009). 
 Já os Incentivos referem-se aos benefícios que motivam as tomadas de decisões dos 
agentes econômicos. Existem alternativas bem como impactos diante dos custos a serem 
absorvidos. São os incentivos que servem como base para as escolhas, a partir da análise dos 
prós e dos contras das diversas opções apresentadas aos agentes econômicos. Cabe acrescentar 
que as escolhas também são afetadas pelo preço e ainda, que os incentivos auxiliam na 
compreensão do comportamento das pessoas. Adiciona-se à essa questão dos incentivos um 
paradoxo que acompanha o modo de produção capitalista em relação à sua prodigalidade face 
à dilapidação dos bens. "Como fazer com que as pessoas continuem a poupar, continuem a ter 
uma atitude racional em relação ao dinheiro e aos meios que dispõem (salários, rendas, 
patrimônios, etc) se, ao mesmo tempo, se estimula o consumo como condição necessária para 
a existência e para a obtenção da própria felicidade, realização e bem-estar pessoal?" 
(GOMES, 2006, p.8) 
 Considerando a observação de Cowen (2009) de que o conceito central em economia 
não seria o dinheiro, mas sim, os incentivos, é possível apreender que os mesmos são, em 
essência, os "motivadores" da ação humana, encorajando os indivíduos a decidir-se diante de 
diferentes situações. 
 Vale mencionar que os incentivos podem ser considerados atributos importantes para 
as Trocas e estas são, por sua vez, inerentes à presença do mercado. 
 
8 
 
 
O conceito econômico de mercados é utilizado para qualquer situação em que 
acontece a troca, embora essa troca se assemelhe não necessariamente à que ocorria 
nos tradicionais mercados de aldeia ou à que observa nas modernas bolsas de valores 
(STIGLITZ e WALSH, 2005, p.10) 
 
 Poucas pessoas produzem qualquer dos bens e serviços que desejam consumir. 
Considerando todo o avanço obtido com a modernização tecnológica, são milhões de produtos 
e incontáveis processos de produção. Disso deriva o termo “Economia de Mercado”. Vale 
mencionar que são os mercados que permitem aos consumidores e empresas fazerem escolhas 
que refletem a escassez e conduzem ao uso eficiente dos recursos. Como consequência da 
presença do mercado, são retomadas as perguntas econômicas básicas: O que e quanto é 
produzido? Como é produzido? Para quem é produzido? 
 Parece que a sociedade em seu funcionamento econômico, ao deparar-se 
recorrentemente com tais questões, as tornam seu imperativo. Além disso, inclui-se um novo 
questionamento fundamental para a dinâmica do sistema produtivo: Quem toma as decisões 
econômicas? [...] Cada indivíduo passa a destinar a maior parte de sua produção não ao seu 
consumo próprio, mas às trocas com terceiros que tenham mercadorias do seu interesse” 
(SIMONSEN, 1989, p.11). 
 Outro ponto importante mencionado por Stiglitz e Walsh (2003) refere-se à 
Informação. A informação auxilia na compreensão das escolhas alternativas e, a partir dela, os 
mercados são afetados. Pode-se afirmar que seria muito difícil pesar custos e benefícios sem 
informação. Desse modo, conforme Frank (2009), essa análise é válida mesmo nas situações 
em que as informações não são suficientes para a tomada de decisões relevantes, 
demonstrando que é mais adequado agir embasado em pouca informação de que enfrentar o 
custo da busca de maiores informações. Mesmo porque a informação, ou ainda, a ausência 
dela, tem papel destacado na determinação da forma dos mercados e também na garantia do 
uso eficiente dos recursos escassos, apesar da sua dificuldade de mensuração. 
 Cabe também retomar, de forma mais pertinente, o aspecto da Distribuição: Sabe-se 
que as condições de distribuição dos bens são discutíveis e relativamente ineficientes pois 
existem significativas incompatibilidades entre o que se produz e o que se distribui. É a 
economia de mercado que determina ainda para quem serão produzidos os bens. Portanto, os 
recursos e bens não são alocados de modo racional. Como já mencionado anteriormente, a 
eficiência alocativa pode ser considerada uma condição importante para o desenvolvimento da 
economia e das sociedades. 
 De acordo com Stiglitz e Walsh (2003), mediante as condicionantes de produção e 
distribuição dos recursos configuram-se os três mercados principais: mercado de produtos 
onde as empresas vendem os bens que produzem; mercado de trabalho: onde as famílias 
vendem e as empresas compram serviços de mão de obra e, ainda, mercado de capitais: 
caracterizado por fundos que são tomados como empréstimos e também emprestados. Nessa 
relação entre produção e distribuição, entre os fundos emprestados, prevalece um hiato de 
tempo. Para Gianetti (2005, p.71): “Falar em troca intertemporal implica falar em termo de 
intercâmbio: a relação entre o que se pagou (custo) e o que se recebeu (benefício) numadada 
 
9 
 
transação. 
 Assim, na relação que se estabelece para uma tomada de empréstimos, por exemplo, 
pressupõe-se uma dimensão temporal. Como bem observa Gianetti (2005, p.52): "Viver no 
tempo implica enfrentar dilemas e explorar oportunidades intertemporais. Novamente, a 
economia apresenta seus dilemas, conforme a discussão proposta no desdobramento proposto 
na sequência. 
 
2.3.1 Os limites impostos às escolhas intertemporais 
 
Os dilemas econômicos podem ser expressos também sob a ótica da preferência entre 
bens presentes ou futuros, baseada em elementos psicológicos e subjetivos. Esta preferência é 
chamada de temporal ou impaciência humana e possui papel relevante na taxa de juros, pois 
representa o excedente da precisão marginal em uma unidade a mais de bens presentes, sobre a 
precisão marginal presente de uma unidade a mais de bens no futuro (FISHER, 1984). Nessa 
ordem, o que é curioso é que “juro e desconto são os vocábulos que denotam especificamente 
o termo de intercâmbio contido nas trocas intertemporais”(GIANETTI, 2005, p.71) 
 A impaciência dos indivíduos depende do seu fluxo de renda total sobre aquilo que se 
espera, ou seja, o montante de sua renda real esperada. Essa renda é distribuída ao longo do 
tempo, por meio de uma composição relacionada à alimentação, habitação, diversão, educação 
mediante sua probabilidade ou incerteza. Se a renda é abundante no futuro, as pessoas 
estariam dispostas a comprometer uma maior quantia do aumento na renda, com o propósito 
de receber uma soma relativamente pequena de uma vez. Por outro lado, se a renda imediata é 
abundante, mas a renda futura é escassa, a relação oposta pode existir. Ou seja, a preferência 
temporal pode não ser sempre uma preferência por bens presentes sobre bens futuros, em 
certas circunstâncias pode se dar o oposto (FISCHER, 1984). Nessa preferência é expresso, 
mais uma vez, o dilema da escassez. 
 Segundo Stiglitz e Walsh (2003) a sociedade precisa gerenciar bem os seus recursos, 
porque em geral, estes são escassos. “Assim como uma família não pode ter todos os bens que 
deseja, ou seja, dar aos seus membros todos os produtos e serviços que deseja, uma sociedade 
também não pode fazer o mesmo” (MENDES et al, 2007, p.15) . Não é possível fazer tudo o 
que se quer na vida pela simples razão de que não se dispõe de tempo suficiente para isso 
(FERREIRA, 2005). 
 Para Gianetti (2005) o uso do tempo também releva os limites da racionalidade 
econômica. Quanto mais se utiliza racionalmente o tempo, mais o "fantasma" do desperdício 
persegue os agentes econômicos. Quanto mais se calcula o benefício marginal de uma hora 
gasta desta ou daquela forma, mais se afasta de tudo aquilo que seria, de fato, relevante: um 
momento de entrega, abandono, plenitude. Lembrando: na amizade e no amor; no trabalho e 
na busca do saber; no esporte e na contemplação do belo, as horas mais felizes são aquelas em 
que se perde a noção da hora. 
 O tempo, como o dinheiro, é um recurso escasso que tem usos alternativos. O uso 
racional do tempo é aquele que maximiza a utilidade ou satisfação de cada hora do dia, tendo 
em vista todas as alternativas de emprego daquela mesma hora. Diante disso, cada pessoa 
 
10 
 
escolhe aquela alternativa que lhe proporcione melhor relação de custo e benefício. A 
satisfação de cada hora seria, na margem, igual a proporcionada por qualquer uso alternativo 
do tempo, sendo que cada um maximiza a realização dos seus valores e projetos dadas as 
restrições que enfrenta. 
 A restrição temporal, em sua forma mais simples expressa “que a soma do tempo que 
as pessoas dedicam às diversas atividades ao longo de seu dia – incluindo o sono – tem de ser 
igual à 24 horas [...] as pessoas – sejam elas ricas ou pobres – só têm 24 horas por dia para 
suas diferentes atividades” (STIGLITZ e WALSH, 2003, p.27) Portanto, necessariamente 
estão implícitos os trade-offs na existência humana, em sua dimensão temporal. 
 Por esse motivo, para Gianetti (2005) o ser humano adquiriu a arte de fazer planos e 
refrear impulsos. Aprendeu, desse modo, a antecipar ou retardar o fluxo das coisas. Isto agora 
ou aquilo depois? Desfrutar o momento ou cuidar do amanhã? 
 Portanto, diante dessas considerações admite-se, sem hesitação que a vida é um 
intervalo finito de duração indefinida. A cada passo da jornada, escolhas têm que ser feitas. 
Surgem novos questionamentos: Que peso atribuir ao futuro próximo diante dos apelos do 
momento? Qual o valor do futuro? (GIANETTI, 2005) 
 A resposta a tais questionamentos incita uma busca. “A busca é uma atividade 
econômica importante e dispendiosa” (STIGLITZ; WALSH, 2003, p.245). Assim, como 
observam os autores, nessa percepção também está implícita a noção de custo de 
oportunidade. 
 Para Frank (2009) o custo de oportunidade de uma atividade refere-se ao valor de tudo 
que se abre mão para realizá-la. Gonçalves e Rodrigues (2009) acrescentam que o custo de 
oportunidade é o valor da melhor alternativa disponível. Quando este se refere ao tempo, os 
autores destacam que ele se modifica nas diversas etapas da vida, uma vez que é o é o tempo 
que determina o quanto um agente econômico dispõe para ampliar ou reduzir a busca por algo. 
“Quanto maior o tempo gasto na busca, menor o tempo que sobra para fazer outras coisas” 
(STIGLITZ; WALSH, 2003, p.247). 
 Por isso em idade ativa os indivíduos que trabalham normalmente têm menos tempo 
para desenvolver outras atividades em comparação com aqueles que não trabalham; logo o 
custo de oportunidade é mais elevado. Mas quando se aposentam, verifica-se uma queda no 
custo de oportunidade do tempo. Essa análise também pode ser estendida para os ciclos 
econômicos, pois Frank (2009) atesta que nos períodos de expansão econômica, as opções de 
ganhar dinheiro são potencializadas, tornando o custo de oportunidade do tempo mais elevado. 
Nas recessões, por sua vez, esse custo é menor, já que as possibilidades de emprego são muito 
restritas. 
 Outra restrição fundamental para os agentes econômicos na qual é inerente o custo de 
oportunidade é a questão orçamentária. Mais uma vez, busca-se adequar necessidades 
ilimitadas versus recursos escassos visando primordialmente o bem-estar. 
 
2.3.2 As escolhas mediante a restrição orçamentária 
 
 Mais uma vez é válido acrescentar o pensamento de Stiglitz e Walsh (2003, p.27) 
 
11 
 
quando afirmam que “as restrições limitam as escolhas e definem o conjunto de 
oportunidades”. Além do tempo, as restrições impostas pelo dinheiro limitam, sobremaneira, 
tais oportunidades considerando a escolha entre os bens e serviços produzidos. 
 As preferências do consumidor consistem em descrever porque os indivíduos podem 
preferir uma mercadoria à outra. Essas preferências podem ser apresentadas através de 
combinações que expressam o custo e o benefício extra ao se adquirir tais mercadorias e 
constituem uma escala de preferências. Ou seja, para Oliveira (2011, p.3) “o consumidor se 
comporta de forma racional analisando a relação custo versus benefício e distribuindo seus 
gastos (consumindo) de modo a obter dos seus recursos (quase sempre limitados), o maior 
retorno (prazer – satisfação) possível”. 
 Dadas as preferências e restrições orçamentárias é possível determinar como os 
consumidores escolhem a quantidade a adquirir de cada mercadoria. Ainda cabe ressaltar que 
o melhor conjunto das mercadorias a serem adquiridas pelo consumidor precisa justapor-se ao 
orçamento proporcionando uma melhor escolha dentre as alternativas possíveis. 
A partir disso, admite-se que as variações na renda e também no preço dos bens, ou 
mercadorias afetam o consumo. Por isso, uma renda maior permite aos agentes econômicos 
escolher maiores quantidades na combinação de consumo entre o hoje e o amanhã. Na 
verdade, o consumo depende dos recursos que os agentes econômicos esperam auferirao 
longo da sua vida. Portanto, a restrição orçamentária carrega enquanto formulação econômica 
um vínculo com o tempo, ou seja, ao longo da vida são diferenciadas as estruturas de renda e, 
portanto, de consumo. 
Fisher (1984) desenvolveu um modelo onde os consumidores racionais e previdentes 
efetuam opções de consumo intertemporais, ou seja, envolvendo períodos distintos. Esse 
modelo propõe que os agentes econômicos enfrentam uma restrição orçamentária 
intertemporal, imposta pela renda, quando fazem suas escolhas e definem suas preferências 
entre consumo e poupança, considerando o presente e o futuro. Como os agentes econômicos 
têm a oportunidade de tomar emprestado e/ou poupar, o consumo em qualquer período 
determinado pode ser maior ou menor que a renda nesse período. 
Portanto, o consumo depende do valor presente da renda corrente e da renda futura. 
Acrescenta-se, também que nessa perspectiva, o consumo depende dos recursos que os agentes 
econômicos esperam auferir ao longo da sua vida (MANKIW, 2005) 
Diante disso, pode-se dizer que o ciclo de vida é capaz de afetar a percepção que esses 
agentes têm a respeito do tempo bem como de suas escolhas intertemporais. Essas escolhas 
correspondem a uma troca voluntária em que antecipar custa e retardar rende, ou seja, envolve 
perdas e ganhos em períodos distintos (GIANNETTI, 2005). 
No mais, conforme Mankiw (2005), o modelo de Fisher pressupõe que o consumidor 
tanto pode tomar empréstimos, consumindo no presente parte da sua renda futura, quanto pode 
poupar. No entanto, caso o consumidor não possa tomar emprestado, diante de uma eventual 
falta de acesso ao crédito, enfrentará uma restrição adicional. Nesse caso, o consumo num 
primeiro momento, não poderá ultrapassar a renda obtida nesse mesmo período. Deste modo, a 
restrição aos empréstimos é chamada de restrição da liquidez. 
Diante do exposto, infere-se que existem duas funções consumo, ou seja, para os 
 
12 
 
agentes econômicos em que a restrição aos empréstimos não é impeditiva, o consumo depende 
do valor presente da renda vitalícia. Já para outros agentes econômicos cuja restrição aos 
empréstimos seja impeditiva, a função consumo é unicamente dependente da renda corrente. 
Em resumo, a restrição orçamentária define um conjunto orçamentário. Além disso, é 
importante que os agentes econômicos identifiquem um conjunto de oportunidades para 
encontrar o ponto de maior preferência, considerando, para tanto, uma dada estrutura de 
preços para cada bem a ser demandado. 
 
 
3. A IMPORTÂNCIA DA ECONOMIA NO COTIDIANO 
 
 
 Ainda que os conteúdos e a complexidade da economia expressem um imenso desafio 
para as interpretações da Economia como ciência, é inegável o esforço empreendido no 
sentido de atribuir explicações adequadas aos diferentes comportamentos dos agentes 
econômicos. A elaboração dos modelos mediante hipóteses e restrições, ou ainda, a velha 
máxima "ceteris paribus" que procura manter outras condições constantes na análise 
econômica são parte das respostas que a ciência econômica tenta proporcionar diante da 
realidade dinâmica. 
 De acordo com Oliveira (2011) os manuais de Economia abordam questões referentes 
ao nível de emprego, inflação, consumo, produção, crescimento e comércio exterior. Mas a 
economia, tanto no seu aspecto micro quanto macroeconômico, vai muito além dos 
fundamentos teóricos contidos nesses manuais, ou seja, está presente nas ações e pensamentos 
de todos os agentes econômicos, nas mais variadas situações que abrangem o dia a dia. 
 Mesmo porque, segundo Mankiw (2005), “Não há nada de misterioso sobre o que é 
uma economia. Em qualquer parte do mundo, uma economia é um grupo de pessoas que estão 
interagindo umas com as outras e, dessa forma, vão levando a vida!” 
 Nesse sentido, com a finalidade de evidenciar a aplicação dos conceitos básicos da 
economia no dia a dia, Frank (2009) e Gonçalves e Rodrigues (2009) desenvolveram, nos 
respectivos trabalhos, uma coletânea de exemplos direcionados a todos aqueles que desejam 
aprender sobre o comportamento humano e sobre os vários fenômenos sociais que estão 
presentes nas situações cotidianas. 
 Para Frank (2009, p.17) essa iniciativa e desafio se justifica pois “embora muitos 
consideram a economia um assunto hermético e incompreensível, seus princípios são simples 
e triviais. Ver esses princípios em operação no contexto de exemplos concretos é uma 
oportunidade de compreendê-los com facilidade”, mesmo porque nos cursos universitários a 
economia não é vista e ensinada com esse enfoque. Nas palavras de Gonçalves e Rodrigues 
(2009), os conceitos econômicos devem ser transmitidos de maneira agradável e divertida. 
Acrescenta-se que são incontáveis as possibilidades de aplicação dos conceitos econômicos. 
 Diante disso, pode-se dizer que a economia apresenta muitas faces. “Por esse motivo, a 
economia aplicada é tanto uma arte como uma ciência. Os economistas não podem solucionar 
todos os nossos problemas, mas contemplar a complexidade da motivação humana ajudará a 
 
13 
 
tomar melhores decisões” (COWEN, 2009, p.11). 
 O conjunto de pontos explicitados retoma a reflexão acerca da vida, das atitudes 
cotidianas e das escolhas que envolvem aquilo que a economia denomina “racionalidade” e o 
que vai além disso, perpassando o campo das emoções. Inúmeras decisões tomadas são 
econômicas: Decidir é sempre um desafio pois, é necessário realizar escolha no tempo 
presente, procurando identificar suas consequências no futuro (cenário de incerteza e risco). 
Algumas decisões econômicas são, então, apresentadas por Ferreira (2005): 
 
> gastar ou poupar; 
> comprar à vista, no cartão, em várias prestações; 
> comprar no impulso; 
> tomar dinheiro emprestado; 
> endividar-se e deixar a dívida acumular; 
> investir, e em que tipo de investimento; 
>fazer seguro; 
> casar-se, ter filhos, 
> aposentar-se; 
 
 Muito além das decisões individuais, quando se adentra na dimensão coletiva, em 
termos macroeconômicos novos questionamentos precisam ser nivelados por parte dos agentes 
econômicos tais como: definição da taxa de juros; controle ou não inflacionário; desemprego; 
meio ambiente; dívida externa e interna; proteção do consumidor; crescimento econômico, etc. 
 Ressalta-se no conjunto das decisões econômicas apresentadas pela mesma autora, a 
construção de um novo cenário macroeconômico da economia brasileira, especialmente a 
partir da adoção do Plano Real. Considerado um marco do controle inflacionário, permitiu o 
acesso ao consumo e ao crédito de milhares de pessoas, trazendo para o campo das discussões 
temas que até então não faziam parte da realidade dos brasileiros. Como exemplo disso, 
destaca-se a ideia de escolhas e de planejamento, diante de uma realidade vinculada as 
restrições orçamentárias e temporais mais previsíveis. 
 Ainda que seja importante apresentar uma coletânea de exemplos das situações de 
aplicações econômicas no cotidiano, assim como tem feito vários autores, esse trabalho quer 
evidenciar que as decisões econômicas produzem novas possibilidades de reflexão dos 
conceitos que não poderiam ser traduzidas em apenas alguns exemplos. 
 Daí advém o fato de que, quer seja na esfera das escolhas individuais ou coletivas, a 
razão e a motivação para evidenciar a importância da aplicação da economia no cotidiano está 
relacionada a necessidade de uma tomada de decisão cada vez mais rápida, todavia uma boa 
decisão. Disso decorre o papel do conhecimento no sentido de permitir aos agentes 
econômicos maximizarem sua satisfação em face a algumas possibilidades. Portanto, diante de 
recursos escassos são mais do que necessárias escolhas adequadas. 
 A tomada de decisões apesar de carregar um componente fortemente econômico, não o 
tem como a sua única explicação. A interface com outras abordagens é de grande valia para o 
entendimentode que a sociedade capitalista é fomentada pelo consumo e esse, por sua vez, 
 
14 
 
vem sendo estimulado de forma crescente e sem controle pelas facilidades do acesso ao 
crédito. Além disso, a estrutura social imposta por esse sistema econômico muitas vezes 
distorce as noções acerca de valores, transformando as relações culturais, produtivas e 
individuais, no que se refere à subjetividade. 
 A partir dessa configuração os subsídios proporcionados pelas leituras da psicologia 
econômica, da sociologia, do marketing, bem como da biologia podem auxiliar, sobremaneira, 
para a compreensão dos dilemas econômicos das escolhas do cotidiano. 
 Em suma, essa discussão destaca a necessidade da sociedade brasileira, em suas 
diferentes estruturas de renda bem como em diferentes escalas, de avaliar de forma mais 
consciente os impactos das ações e escolhas individuais na coletividade. Tanto que é crescente 
o interesse pela aplicação da economia no dia a dia, considerando o planejamento das finanças 
e da educação financeira em âmbito familiar, visando contribuir para um melhor exercício de 
cidadania e, fundamentalmente, para que o “cuidar da casa” permita a sustentabilidade dos 
recursos e promova de fato a ampliação do bem estar. 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A revisão conceitual proposta neste artigo buscou retomar o conhecimento das noções 
e definições fundamentais na leitura da economia, propondo, além disso, identificá-la no 
cotidiano. A economia traduz-se, de modo geral, na maneira como pessoas, empresas e 
governos, numa sociedade, fazem escolhas. 
Pensar em economia é atentar para as possibilidades, ainda que limitadas, de ajustes 
diante do dilema dessas escolhas mediante um conjunto de recursos escassos. 
Nas decisões diárias e ainda, no decorrer da vida, os agentes econômicos deparam-se 
com situações onde as trocas - produção e distribuição - os incentivos e o conhecimento 
podem conduzir, ou não, a uma condição de maior bem estar. 
Portanto, é importante evidenciar que é por meio do conhecimento que se pode 
desenvolver uma sociedade, ampliando suas possibilidades de escolha. É válido acrescentar, 
também, que fazer tais escolhas exige-se, necessariamente, informação. Somente assim, será 
possível utilizar, de forma eficiente, os recursos escassos, permitindo desse modo, 
sustentabilidade para melhor “cuidar da casa” ou seja, traduzir a economia em sua essência. 
 
 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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SOUZA, Nali de Jesus de. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 1997.

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