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CCJ0058-WL-A-RA-06-O conceito de mínimo existencial

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Turma A – Manhã - 2012.1�� HYPERLINK "http://portal.estacio.br/" \o "Estácio" �� INCLUDEPICTURE "http://portal.estacio.br/img/logo.png" \* MERGEFORMATINET ������Direitos Humanos
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	APRESENTAÇÂO DA DISCIPLINA:
DIREITOS HUMANOS
É do conhecimento de todos que a redemocratização no Brasil deslocou os direitos fundamentais para a centralidade do ordenamento jurídico em detrimento das chamadas razões de Estado. Nesse sentido, a Constituição passa a ser percebida como norma jurídica e, na sua esteira, desponta a tão propalada força normativa da Constituição.
Destarte, estudar a eficácia dos direitos fundamentais nos dias atuais será a linha dominante do nosso aprendizado. Em conseqüência, faz parte da disciplina o entendimento da efetividade dos direitos fundamentais em suas diferentes dimensões, vale dizer, a primeira relativa aos direitos civis e políticos, a segunda relativa aos direitos sociais e econômicos e finalmente a terceira atinente aos direitos coletivos e difusos. A abordagem da disciplina inclui ainda as restrições impostas aos direitos fundamentais em decorrência da implementação dos sistemas constitucionais de emergência (estado de sítio e estado de defesa).
	BIBLIOGRAFIA
Bibliografia básica
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
BARROSO, Luís Roberto. A reconstrução democrática do direito público no Brasil. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen&Juris, 2008.
Bibliografia Complementar
ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica. Trad. de Zilda Hutchinson Schild Silva. São Paulo: Landy Livraria Editora e Distribuidora, 2001.
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. São Paulo: Saraiva, 2003.
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. Rio de janeiro: Malheiros, 2004.
ZIMMERMANN, Augusto. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen&Juris, 2006.
	AVALIAÇÃO:
A Avaliação é contínua, com ênfase nos aspectos colaborativos, incluindo tarefas grupais, e contempla o diagnóstico, o processo e os resultados alcançados por intermédio de avaliações diagnóstica, formativas e somativas, considerando os aspectos de autoavaliação.
A avaliação somativa da aprendizagem é realizada presencialmente pelo aluno no Polo de EAD da Estácio e segue a normativa da universidade, se constituindo em AV1, AV2 e AV3, sendo realizada de acordo com o calendário acadêmico divulgado para o aluno.
Durante o Curso, os alunos realizaram atividades propostas compostas de questões objetivas e discursivas referentes ao domínio cognitivo nos níveis de conhecimento, compreensão, aplicação, síntese e avaliação do conteúdo do Curso. Os exercícios discursivos são corrigidos e comentados pelo professor. Os exercícios objetivos possuem resposta automática, o que permite que o aluno saiba imediatamente a sua performance.
	OBJETIVO DA AULA
Aula 6: O conceito de mínimo existencial:
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Reconhecer o conteúdo material ligado ao mínimo existencial como direito subjetivo exigível em face do Estado.
==XXX==
Livros Recomendados:
VER: Bibliografia.
Resumo Aula (Waldeck Lemos)
Fonte: Web-Aula Estácio.
	
	6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
	
	TELA_01: 6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
	TELA-02: Objetivo desta Aula:
Vídeo-01: Fonte:
Ao final desta aula, você será capaz de:
Reconhecer o conteúdo material ligado ao mínimo existencial como direito subjetivo exigível em face do Estado.
Clique aqui para ver o estudo dirigido desta aula.
ESTUDO DIRIGIDO DA AULA
Leia o texto condutor da aula.
Leia os textos solicitados dentro da aula.
Participe do fórum de discussão desta disciplina.
Leia a síntese da aula.
Realize os exercícios de autocorreção.
Olá, estamos de volta! Você deve ter acabado de realizar a AV1... Como foi seu desempenho? Espero que tenha sido bom! A partir de agora, vamos começar uma segunda fase nesta disciplina, que corresponde às aulas 6 a 10. Aproveite este novo começo para verificar se restaram dúvidas em relação ao conteúdo visto até a aula 5. Caso você ainda tenha qualquer tipo de problema, não deixe de entrar em contato com seu professor. Mudando de assunto, que tal começarmos a aula 6... Vamos lá?
	TELA_03: 6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
Retomando nosso percurso
A divisão das duas primeiras gerações de direitos encontra fundamento normativo no direito internacional ao se constatar que os dois Pactos organizados pelas Nações Unidas, em 1966, utilizam justamente esta distinção:
 Assinala-se, todavia, que na doutrina internacional prevalece a visão de que os direitos humanos, de modo geral, são interdependentes e inter-relacionados, de maneira que não há qualquer relação de hierarquia entre eles.
	TELA_04: 6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
Aplicabilidade dos direitos sociais fundamentais
Reconhecer aplicabilidade imediata a todos os direitos fundamentais, conforme CRFB/88, não pode significar que mereçam todos os mesmo tratamento, justamente por causa das diferenças e dificuldades que cada um deles apresenta em termos de efetividade ou eficácia social (clique nas caixas para ver a descrição).
A questão dos custos
Especificamente quanto aos direitos sociais, é comum afirmar-se que, por implicarem custos que devem ser arcados pelo Estado para a sua satisfação, dentro de um panorama de escassez de recursos, o poder judiciário não poderia interferir no âmbito das escolhas relacionadas à alocação dos recursos públicos. Desta maneira, tais direitos não estariam aptos para gerar verdadeiros direitos subjetivos à prestação material relacionada àquele direito.
A questão da omissão
No Brasil, entretanto, tal tese não deve prosperar, entre outras razões, pelo fato de o texto constitucional ser bastante claro quanto à previsão dos direitos sociais como normas fundamentais. E, em que pese a dificuldade de se implementar na prática as promessas do constituinte, o legislador ordinário e o poder executivo não podem se omitir em seu dever de integrar a previsão constitucional.
	TELA_05: 6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
Passeio pela doutrina
 
Segundo Ingo W. Sarlet, a íntima vinculação de diversos direitos sociais com o direito à vida e com o direito à dignidade humana leva à necessidade de se reconhecer “que ao menos na esfera das condições existenciais mínimas encontramos um claro limite à liberdade de conformação do legislador”. Este limite acaba fazendo com que seja reconhecido um direito subjetivo a prestações que componham o “padrão mínimo existencial”.
Outros pesquisadores também tem a dizer sobre o tema em questão (clique nos nomes para ler):
Clémerson Merlin Clève
Aula 6 – Clemerson Clève
Argumento semelhante ao de Ingo Starlet é defendido por Clémerson Merlin Clève, que reconhece a eficácia progressiva dos direitos sociais, na medida em que dependem de uma implementação, pelos poderes políticos, de políticas públicasque asseguram a sua efetividade em prazo razoável. No entanto, esta eficácia progressiva, para o mestre paranaense, não significa que as normas constitucionais que asseguram os direitos sociais sejam meras normas programáticas, insuscetíveis de gerar prestações subjetivas. Isto porque, pelo menos com relação ao já citado mínimo existencial, haverá uma plena justiciabilidade de tais normas. Verifica-se, aqui mais uma vez a aplicação do princípio da mínima efetividade material dos direitos constitucionais. Vale, pois, reproduzir, in verbis, a lição do eminente autor:
Se é certo que os prestacionais são direitos de eficácia progressiva, isso não significa dizer que possam ser considerados como meras normas de eficácia diferida, programática, limitada. Certamente não. São direitos que produzem, pelo simples reconhecimento constitucional, uma eficácia mínima. Produzem, antes de tudo, uma eficácia negativa. Por isso constituem parâmetro de constitucionalidade, invalidando atos, inclusive normativos, posteriores e anteriores à Constituição (por inconstitucionalidade ou por revogação) quando contrastantes. Cuida-se aqui, do campo da dimensão objetiva. Do pondo de vista subjetivo, são capazes de criar situações jurídicas subjetivas negativas de vantagem. O mais importante, porém, é verificar a eficácia positiva decorrente da disposição constitucional. Ingressemos no campo da dimensão subjetiva. Ora, referidos direitos criam, desde logo, também, posições jurídico-subjetivas positivas de vantagem (embora limitadas). São posições que decorrem da incidência dos direitos em questão, mas, igualmente, da irradiação do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Da confluência dos dois sustenta-se a obrigação do Estado consistente no respeito ao mínimo existencial (não há dignidade humana sem um mínimo necessário para a existência). Ou seja, as prestações do poder público decorrentes do reconhecimento dos direitos fundamentais poderão ser progressivamente incrementadas. Todavia, o mínimo existencial implica, desde logo, o respeito a uma dimensão prestacional mínima dos direitos sociais. (Cf. CLÈVE, Clèmerson Merlin. “A Eficácia dos Direitos Fundamentais Sociais”, in Revista Crítica Jurídica, nº 22, jul/dez, 2003, p. 27).
Ricardo Lobo Torres
Aula 6 – Ricardo Lobo Torres
Ricardo Lobo Torres, em síntese das posições encontradas na doutrina brasileira acerca da jusfundamentalidade dos direitos sociais, descreve com precisão a trajetória que tem início, nos primórdios da Constituição de 1988, em uma concepção extremamente ampla, que reconhece tanto a fundamentalidade quanto a plena justiciabilidade de todos os direitos sociais, (Cf. TORRES, Ricardo Lobo. “O Mínimo Existencial, os Direitos Sociais e a Reserva do Possível”, in NUNES, Antônio José Avelãs e COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Diálogos Constitucionais: Brasil/Protugal. Rio de Janeiro: Renovar, 2004, pp. 448-451), mas que é paulatinamente contida, chegando ao estado atual, no qual a justiciabilidade ficaria restrita ao já citado “mínimo existencial”.
Aliás, o eminente tributarista parece reconhecer a própria jusfundamentalidade apenas do mínimo existencial dos direitos sociais, como demonstra a seguinte passagem:
Nota-se, em síntese, um grande avanço na problemática da efetividade dos direitos no Brasil. Supera-se a fase da solução mágica a partir das regras constitucionais programáticas e se procura o melhor caminho para a implementação de políticas públicas por meio de leis ordinárias, para a posição crítica da doutrina e para a maior participação do Judiciário, embora remanesçam alguns problemas intrincados à espera do aprofundamento do debate, designadamente no que concerne à clareza da distinção entre mínimo existencial (= direitos fundamentais sociais) e direitos sociais, da qual depende a extensão do controle jurisdicional. Idem, pp. 466-467.
(grifou-se)
A distinção proposta, no entanto, parece equivocada. Há uma confusão entre jusfundamentalidade e justiciabilidade que compromete sua precisão, notadamente diante da leitura do Título II da Constituição de 1988, que expressamente coloca os direitos sociais como verdadeiros direitos fundamentais.
A colocação de determinados direitos como fundamentais traz consigo uma série de conseqüências. O constituinte mencionou apenas a aplicação imediata de tais normas (art. 5º, § 1º, CRFB), mas é comum o reconhecimento de outras.
	TELA_06: 6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
Direitos sociais e justiciabilidade
A justiciabilidade dos direitos sociais está diretamente relacionada à distinção entre regras e princípios proposta por Robert Alexy, que afirma serem os princípios “comandos de otimização” a serem realizados na máxima medida fática e juridicamente possível, e reconhecendo-se que, em geral, os direitos sociais estão escritos sob a forma de princípios, e não de regras, é até natural que a justiciabilidade de tais normas não seja plena, pois dependerá do resultado do sopesamento a ser efetuado com outras normas igualmente fundamentais, como o princípio da igualdade e a reserva do possível.
O reconhecimento dos direitos sociais como direitos escritos sob a forma de normas principiológicas permite que não lhes seja negada a característica de serem verdadeiros direitos fundamentais, ao mesmo tempo em que não incorre no inconveniente (e na verdadeira impossibilidade fática) de afirmar a sua plena justiciabilidade, característica das normas escritas sob a forma de regras.
	TELA_07: 6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
A jurisprudência do STF e o mínimo existencial
A partir do momento em que se chama a atenção para a necessidade de se analisar a justiciabilidade dos direitos sociais como mecanismo que permite ao Judiciário fiscalizar a concreta implementação dos direitos fundamentais sociais inscritos na Constituição de 1988, torna-se necessário examinar como os tribunais vêm cumprindo com esta função, em especial o STF, guardião supremo da Constituição.
Há alguns anos (2004), Ricardo Lobo Torres assinalou que aquela corte não dispensava atenção ao problema do mínimo existencial, a não ser incidentalmente. Desde então, muito embora não se possa estabelecer um padrão rigoroso dos julgamentos feitos pelo STF, a análise de algumas decisões permite avançar um pouco neste objetivo.
Inicialmente, duas decisões monocráticas proferidas pela então Presidente do STF, Ministra Ellen Gracie, pareciam indicar que ela não estaria disposta a reconhecer a plena justiciabilidade dos direitos sociais.
Clique aqui para ler essas decisões e uma terceira, proferidas pela Ministra
Aula 6 – Ellen Gracie
Em um dos casos, ao analisar pedido de condenação do Estado de Alagoas ao fornecimento gratuito de medicamentos para o tratamento de doença renal crônica, a ministra afirmou: “Entendo que a norma do art. 196 da Constituição da República, que assegura o direito à saúde, refere-se, em princípio, à efetivação de políticas públicas que alcancem a população como um todo, assegurando-lhe acesso universal e igualitário, e não a situações individualizadas”. (Cf. STF, STA nº 91-AL, decisão de 26/02/2007, disponível em www.stf.gov.br).
Em caso semelhante, a mesma ministra deferiu pedido de suspensão de decisão que havia condenado o Estado de Goiás a fornecer gratuitamente tratamento para paciente portadora de infertilidade feminina (STF, SS nº 3263-GO, decisão de 23/07/2007, disponível em www.stf.gov.br).
Parece-nos, todavia, que mesmo a ministra Ellen Gracie não nega a fundamentalidade dos direitos sociais – representados, nos casos citados, pelo direito à saúde. É a conclusão a que se chega ao examinar uma terceira decisão proferida pela jurista gaúcha.
Neste último caso, o paciente requerera a concessão de medicamentos para o tratamento de doença vascular encefálica isquêmica (STF, SS nº 3158-RN, decisão de 31/05/2007, disponível em www.stf.gov.br). Após analisar as questões fáticas envolvidas, a ministra confirma a obrigatoriedade de oEstado do Rio Grande do Norte fornecer os remédios, afirmando que “diante da hipossuficiência econômica da impetrante, da necessidade de tratamento contínuo da doença que a acomete e da natureza e do custo dos fármacos em questão, entendo que a ausência do tratamento poderá ocasionar graves e irreparáveis danos à saúde e à vida da paciente”.
Observe-se que foram apresentadas três decisões, todas proferidas pela então Presidente do STF, que envolvem exatamente a mesma questão: a existência – ou não – de direito subjetivo à concessão de medicamentos pelo Poder Público, efetivando-se, assim, o direito social à saúde, assegurado pelos artigos 6º e 196 da Constituição da República de 1988.
No entanto, apenas a terceira confirmou a existência de tal direito, enquanto as duas primeiras o negaram. Isso não significa que tenha havido uma mudança de posicionamento da magistrada, mas sim a prevalência de um argumento recorrente na doutrina e que não foi diretamente enfrentado nas decisões analisadas: o direito ao mínimo existencial, afetado diretamente apenas na terceira hipótese.
	TELA_08: 6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
Ainda no supremo...
Outra importante decisão foi proferida pelo Ministro Celso de Mello, na análise da ADPF nº 45, realizada em abril de 2004. A referida Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental questionava a constitucionalidade de veto realizado pelo Presidente da República sobre a lei que fixava as diretrizes orçamentárias para o ano de 2004.
 Clique aqui para ler alguns comentários e um excerto da decisão do Ministro.
Embora não se tenha alcançado o julgamento do mérito, por perda do objeto da ADPF em tela, o relator não deixou de fazer importantes considerações em sua decisão, como revela o seguinte excerto:
“A meta central das Constituições modernas, e da Carta de 1988 em particular, pode ser resumida, como já exposto, na promoção do bem-estar do homem, cujo ponto de partida está em assegurar as condições de sua própria dignidade, que inclui, além da proteção dos direitos individuais, condições materiais mínimas de existência. Ao apurar os elementos fundamentais dessa dignidade (o mínimo existencial), estar-se-ão estabelecendo exatamente os alvos prioritários dos gastos públicos. Apenas depois de atingi-los é que se poderá discutir, relativamente aos recursos remanescentes, em que outros projetos se deverá investir. O mínimo existencial, como se vê, associado ao estabelecimento de prioridades orçamentárias, é capaz de conviver produtivamente com a reserva do possível." Vê-se, pois, que os condicionamentos impostos, pela cláusula da "reserva do possível", ao processo de concretização dos direitos de segunda geração - de implantação sempre onerosa -, traduzem-se em um binômio que compreende, de um lado, (1) a razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face do Poder Público e, de outro, (2) a existência de disponibilidade financeira do Estado para tornar efetivas as prestações positivas dele reclamadas” (STF, ADPF nº 45, julgamento em 29/04/2004, disponível em www.stf.gov.br).
	TELA_09: 6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
Estudo de caso
Outra recente decisão permite reconhecer uma boa acolhida da tese que defende a justiciabilidade do mínimo existencial pelo Supremo Tribunal Federal. Trata-se do julgamento da Suspensão Tutelar Antecipada n° 223, realizado em 14 de abril de 2008.
Clique para avançar =>
	TELA_10: 6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
Concluindo este ponto
	TELA_11: 6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
Leia o trecho abaixo extraído de uma ementa do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, in verbis:
A norma constitucional que estabelece o direito à saúde tem natureza programática. As normas programáticas, muito embora não possuam eficácia plena, prestam garantir o mínimo existencial ali previsto. Esse mínimo existencial vem a ser o núcleo de cada direito fundamental. O dever de prestar saúde é uma norma programática, que gera em contrapartida o direito ao seu acesso. Embora não possa ser exercido de maneira plena, cabendo ao 'Estado' estabelecer suas metas de atendimento ao bem comum, há necessidade de garantir-se o seu núcleo, direito à vida. Não garantindo esse mínimo existencial, pode o Judiciário determinar que o Executivo cumpra com o seu dever, pois a Constituição Federal, nesse possui densidade normativa suficiente para tanto.
A partir do texto acima comente com seus colegas no Fórum de Discussão da disciplina a questão da efetividade dos direitos sociais, procurando destacar, ao mesmo tempo, as possibilidades representadas pelo conceito de mínimo existencial e as limitações impostas pelos conceitos de reserva do possível (fática e jurídica) e a chamada dificuldade contramajoritária.
	TELA_12: 6ª AULA – O conceito de mínimo existencial:
Consultar notícia do julgamento publicada no Informativo STF nº 502, de onde se extrai: “aduziu-se que entre reconhecer o interesse secundário do Estado, em matéria de finanças públicas, e o interesse fundamental da pessoa, que é o direito à vida, não haveria opção possível para o Judiciário, senão de dar primazia ao último. Concluiu-se que a realidade da vida tão pulsante na espécie imporia o provimento do recurso, a fim de reconhecer ao agravante, que inclusive poderia correr risco de morte, o direito de buscar autonomia existencial, desvinculando-se de um respirador artificial que o mantém ligado a um leito hospitalar depois de meses em estado de coma, implementando-se, com isso, o direito à busca da felicidade, que é um consectário do princípio da dignidade da pessoa humana”.
Informativo STF nº 502
Tutela Antecipada e Responsabilidade Civil Objetiva do Estado - 1
O Tribunal, por maioria, deu provimento a agravo regimental interposto em suspensão de tutela antecipada para manter decisão interlocutória proferida por desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, que concedera parcialmente pedido formulado em ação de indenização por perdas e danos morais e materiais para determinar que o mencionado Estado-membro pagasse todas as despesas necessárias à realização de cirurgia de implante de Marcapasso Diafragmático Muscular - MDM no agravante, com o profissional por este requerido. Na espécie, o agravante, que teria ficado tetraplégico em decorrência de assalto ocorrido em via pública, ajuizara a ação indenizatória, em que objetiva a responsabilização do Estado de Pernambuco pelo custo decorrente da referida cirurgia, "que devolverá ao autor a condição de respirar sem a dependência do respirador mecânico".
STA 223 AgR/PE, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acórdão Min. Celso de Mello, 14.4.2008. (STA-223)
Tutela Antecipada e Responsabilidade Civil Objetiva do Estado - 2
Entendeu-se que restaria configurada uma grave omissão, permanente e reiterada, por parte do Estado de Pernambuco, por intermédio de suas corporações militares, notadamente por parte da polícia militar, em prestar o adequado serviço de policiamento ostensivo, nos locais notoriamente passíveis de práticas criminosas violentas, o que também ocorreria em diversos outros Estados da Federação. Em razão disso, o cidadão teria o direito de exigir do Estado, o qual não poderia se demitir das conseqüências que resultariam do cumprimento do seu dever constitucional de prover segurança pública, a contraprestação da falta desse serviço. Ressaltou-se que situações configuradoras de falta de serviço podem acarretar a responsabilidade civil objetiva do Poder Público, considerado o dever de prestação pelo Estado, a necessária existência de causa e efeito, ou seja, a omissão administrativa e o dano sofrido pela vítima, e que, no caso, estariam presentes todos os elementos que compõem a estrutura dessa responsabilidade. Além disso, aduziu-se que entre reconhecer o interesse secundário do Estado, em matéria de finanças públicas, e o interesse fundamental da pessoa, que é o direito à vida, não haveriaopção possível para o Judiciário, senão de dar primazia ao último. Concluiu-se que a realidade da vida tão pulsante na espécie imporia o provimento do recurso, a fim de reconhecer ao agravante, que inclusive poderia correr risco de morte, o direito de buscar autonomia existencial, desvinculando-se de um respirador artificial que o mantém ligado a um leito hospitalar depois de meses em estado de coma, implementando-se, com isso, o direito à busca da felicidade, que é um consectário do princípio da dignidade da pessoa humana.
STA 223 AgR/PE, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acórdão Min. Celso de Mello, 14.4.2008. (STA - 223)
Tutela Antecipada e Responsabilidade Civil Objetiva do Estado - 3
Vencida a Min. Ellen Gracie, Presidente, que mantinha os fundamentos da decisão agravada, por reputar devidamente demonstrada, no caso, a ocorrência de grave lesão à ordem pública, considerada em termos de ordens jurídico-constitucional e jurídico-processual. A Ministra asseverava que a decisão em tela, ao determinar, monocrática e incidentalmente, o imediato pagamento da importância teria violado o que dispõe o art. 100 da CF, bem como estaria em confronto com o estabelecido pelo art. 2º-B da Lei 9.494/97, que proíbe a execução provisória de julgados contra o Poder Público. Aduzia, também, que a aludida decisão representaria grave lesão à ordem pública, considerada em termos de ordem administrativa, já que permitiria a realização de cirurgia de alto custo não contemplada no Sistema Único de Saúde, sem que tivesse ocorrido instauração de um procedimento administrativo ou avaliação médica credenciada para tanto.
STA 223 AgR/PE, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acórdão Min. Celso de Mello, 14.4.2008. (STA-223)
Na próxima aula, você vai estudar:
Na próxima aula vamos estudar as figuras jurídicas constitucionais garantidoras dos direitos fundamentais. Não deixe de realizar os exercícios de autocorreção e de participar do fórum desta aula. Até lá!
	
	REGISTRO DE FREQUÊNCIA
	
	Registro de freqüência
Olá, agora você irá responder às questões e exercícios referentes ao registro de frequência desta aula. Como você já sabe a sua presença é computada a partir da finalização das atividades e exercícios que compõem este registro, e o procedimento é o mesmo a cada aula.
Lembre-se de que tais atividades e exercícios não valem ponto na avaliação da disciplina, mas são importantes para marcar sua presença na sala de aula virtual.
IMPORTANTE: Para concluir esse registro, clique em Registrar frequência no final das questões. Somente aparecerá esta opção caso você tenha respondido a todas as questões.
1. Associado à questão da aplicação dos direitos fundamentais de segunda dimensão é lícito afirmar que são direitos que têm sua efetividade afirmada segundo:
a) A reserva do possível encontrada na dignidade da pessoa humana;
b) O mínimo existencial do Estado que o impossibilita de atender todas as demandas sociais prestacionais;
c) A reserva do possível do Estado que obriga o atendimento das demandas sociais independentemente de recursos orçamentários;
d) O mínimo existencial encontrado na dignidade da pessoa humana;
Responder| Resposta correta
2. Analise cada item a seguir:
A primeira dimensão dos direitos fundamentais se caracteriza pela sua aplicabilidade ligada ao conceito de mínimo existencial;
A meta central das Constituições modernas, e da Carta de 1988 em particular, pode ser resumida, na promoção exclusiva dos direitos individuais;
As decisões recentes do STF parecem indicar forte tendência da mais alta Corte judicial brasileira no sentido de reconhecer, aos direitos fundamentais sociais que afetem o mínimo existencial, não apenas a sua fundamentalidade material, como a sua plena justiciabilidade;
Reconhecendo-se que, em geral, os direitos sociais estão escritos sob a forma de princípios, e não de regras, é até natural que a justiciabilidade de tais normas não seja plena, pois dependerá do resultado do sopesamento a ser efetuado com outras normas igualmente fundamentais, como o princípio da igualdade e a reserva do possível.
Somente é CORRETO o que se afirma em:
a) I e III;
b) II e III;
c) III e IV;
d) I, II e III;
Responder| Resposta correta
3. Analise cada item a seguir:
Independentemente do conceito de mínimo existencial, todo e qualquer direito social, por ser um direito fundamental consagrado na Constituição tem justiciabilidade direta e eficácia plena, sem depender de legislação superveniente;
A meta central das Constituições modernas, e da Carta de 1988 em particular, pode ser resumida na proporção do bem estar do homem, cujo ponto de partida está em assegurar as condições de sua própria dignidade, que inclui, além da proteção dos direitos individuais, condições materiais mínimas de existência;
 O mínimo existencial implica, desde logo, o respeito a uma dimensão prestacional mínima dos direitos sociais;
 Os conceitos de jusfundamentalidade material e justiciabilidade dos direitos fundamentais são equivalentes.
Somente é CORRETO o que se afirma em:
a) I e III;
b) II e III;
c) III e IV;
d) I, II e III.
Responder| Resposta correta
	
	SLIDES
	
	Aula 6 - O conceito de mínimo existencial:
Professor Doutor Guilherme Sandoval Góes
AULA 6 – O conceito de mínimo existencial
Objetivos da Aula
Reconhecer o conteúdo material ligado ao mínimo existencial como direito subjetivo exigível em face do Estado.
A EFICÁCIA DOS DIREITOS SOCIAIS:
A questão da aplicação dos direitos sociais é obstaculizada pelo reserva do possível fática que impede que o Estado, por falta de recursos orçamentários, cumpra seu papel no atendimento de todas as demandas sociais.
Especificamente quanto aos direitos sociais, é comum afirmar-se que, por implicarem custos que devem ser arcados pelo Estado para a sua satisfação, dentro de um panorama de escassez de recursos, o poder judiciário não poderia interferir no âmbito das escolhas relacionadas à alocação dos recursos públicos. Desta maneira, tais direitos não estariam aptos para gerar verdadeiros direitos subjetivos à prestação material relacionada àquele direito.
A separação de poderes na obra de Montesquieu
Ativismo judicial x legislador democrático
O CONCEITO DE MÍNIMO EXISTENCIAL
Tal tese não deve prosperar no direito brasileiro.
Como afirma Ingo W. Sarlet, a íntima vinculação de diversos direitos sociais com o direito à vida e com o direito à dignidade humana leva à necessidade de se reconhecer “que ao menos na esfera das condições existenciais mínimas encontramos um claro limite à liberdade de conformação do legislador”.
Este limite acaba fazendo com que seja reconhecido um direito subjetivo a prestações que componham o “padrão mínimo existencial”.
Clémerson Merlin Clève
O mais importante, porém, é verificar a eficácia positiva decorrente da disposição constitucional. Ingressemos no campo da dimensão subjetiva. Ora, referidos direitos criam, desde logo, também, posições jurídico-subjetivas positivas de vantagem (embora limitadas). São posições que decorrem da incidência dos direitos em questão, mas, igualmente, da irradiação do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.
Da confluência dos dois sustenta-se a obrigação do Estado consistente no respeito ao mínimo existencial (não há dignidade humana sem um mínimo necessário para a existência). Ou seja, as prestações do poder público decorrentes do reconhecimento dos direitos fundamentais poderão ser progressivamente incrementadas. Todavia, o mínimo existencial implica, desde logo, o respeito a uma dimensão prestacional mínima dos direitos sociais.
DIREITOS FUNDAMENTAIS SOCIAIS SÃO DIFERENTES DE DIREITOS SOCIAIS
Ricardo Lobo Torres
Nota-se, em síntese, um grande avanço na problemática da efetividade dos direitos no Brasil. Supera-se a fase da solução mágica a partir das regras constitucionais programáticas e se procura o melhor caminho para a implementaçãode políticas públicas por meio de leis ordinárias, para a posição crítica da doutrina e para a maior participação do Judiciário, embora remanesçam alguns problemas intrincados à espera do aprofundamento do debate, designadamente no que concerne à clareza da distinção entre mínimo existencial (= direitos fundamentais sociais) e direitos sociais, da qual depende a extensão do controle jurisdicional.
A diferenciação entre regras e princípios de Robert Alexy
 Regras: Comandos do tipo “Tudo ou Nada”. Ou valem e são aplicadas ou não valem e não são aplicadas.
 Princípios: Comandos de Otimização aplicados mediante uma dimensão de peso aferida no caso concreto. A colisão de princípios será resolvida pela ponderação de valores.
A Jurisprudência do STF e o Mínimo Existencial
Inicialmente, duas decisões monocráticas proferidas pela então Presidente do STF, Ministra Ellen Gracie, pareciam indicar que ela não estaria disposta a reconhecer a plena justiciabilidade dos direitos sociais. Em um dos casos, ao analisar pedido de condenação do Estado de Alagoas ao fornecimento gratuito de medicamentos para o tratamento de doença renal crônica, a ministra afirmou: “Entendo que a norma do art. 196 da Constituição da República, que assegura o direito à saúde, refere-se, em princípio, à efetivação de políticas públicas que alcancem a população como um todo, assegurando-lhe acesso universal e igualitário, e não a situações individualizadas”.
Entretanto, em outro caso, a ministra Ellen Gracie não nega a fundamentalidade dos direitos sociais.
É a conclusão a que se chega ao examinar uma terceira decisão proferida pela jurista gaúcha. Neste último caso, o paciente requerera a concessão de medicamentos para o tratamento de doença vascular encefálica isquêmica.
STF, SS nº 3158-RN, decisão de 31/05/2007, disponível em www.stf.gov.br.
Processo: SS 3158 RN
Relator(a): Min. PRESIDENTE
Julgamento: 31/05/2007
Publicação: DJ 08/06/2007 PP-00022
Parte(s): ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
PGE-RN - JULIANA DE MORAIS GUERRA
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (MANDADO DE SEGURANÇA Nº 2006.005996-0)
SÔNIA MARIA ALENCAR SALDANHA
VERUSHKA MATIAS DE ARAÚJO FERNANDES
Decisão
1. O Estado do Rio Grande do Norte, com fundamento no art. 4º da Lei 4.348/64, requer a suspensão da execução do acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça daquele Estado nos autos do Mandado de Segurança nº (fls. 121-136), que determinou ao requerente o fornecimento dos medicamentos Pentoxifilina 400mg e Ticlopidina 250mg à impetrante, portadora de doença vascular encefálica isquêmica (fls. 39-40), de forma contínua e ininterrupta, enquanto perdurar a sua necessidade. O requerente sustenta, em síntese: a) inadequação do mandado de segurança, pois, "em caso de pedido de medicamentos, é necessária perícia que verifique a plausibilidade da indicação médica" (fl. 3); b) impossibilidade de o Estado do Rio Grande do Norte arcar sozinho com os custos do fornecimento dos medicamentos postulados pela impetrante, na medida em que a promoção da saúde é de competência de todos os entes federados, devendo as ações de saúde serem distribuídas conforme o seu grau de complexidade, nos termos dos arts. 195 e 198 da Constituição da República e da Lei 8.080/90; c) ocorrência de grave lesão à ordem e à economia públicas, porquanto o acórdão impugnado afronta o princípio da legalidade orçamentária (Constituição da República, art. 167), certo que "c) ocorrência de grave lesão à ordem e à economia públicas, porquanto o acórdão impugnado afronta o princípio da legalidade orçamentária (Constituição da República, art. 167), certo que"o Estado não tem previsão orçamentária para suprir a população com todos os medicamentos que esta demande, não podendo arcar com o provisionamento integral de fármacos de que necessite cada cidadão residente no território estadual"(fl. 13). Nesse contexto, aduz que não se nega a fornecer todo e qualquer medicamento à impetrante, apenas propõe a indicação de outros similares, que estejam relacionados na listagem oficial do Ministério da Saúde;d) possibilidade de ocorrência do denominado" efeito multiplicador ", em razão do incremento do número de demandas judiciais da mesma natureza.
2. A Procuradoria-Geral da República opinou pelo indeferimento do pedido (fls. 141-151).
3. Inicialmente, reconheço que a controvérsia instaurada no mandado de segurança em apreço evidencia a existência de matéria constitucional: alegação de ofensa aos arts. 5º, caput; 6º, caput; e 196 a 200 da Constituição da República (fl. 31). Dessa forma, cumpre ter presente que a Presidência do Supremo Tribunal Federal dispõe de competência para examinar questão cujo fundamento jurídico é de natureza constitucional (art. 297 do RISTF, c/c art. 25 da Lei 8.038 /90), conforme firme jurisprudência desta Corte, destacando-se os seguintes julgados: Rcl 475/DF, rel. Ministro Octavio Gallotti, Plenário, DJ 22.4.1994; Rcl 497-AgR/RS, rel. Ministro Carlos Velloso, Plenário, DJ 06.4.2001; SS 2.187-AgR/SC, rel. Ministro Maurício Corrêa, DJ 21.10.2003; e SS 2.465/SC, rel. Min. Nelson Jobim, DJ 20.10.2004.
4. A Lei 4.348/64, em seu art. 4º, autoriza o deferimento do pedido de suspensão de segurança para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. Tenho sustentado que a suspensão da execução de ato judicial constitui, no universo de nosso sistema normativo, providência de caráter excepcional, impondo-se o máximo rigor na averiguação dos pressupostos autorizadores da medida de contracautela, de forma a aplicá-la, no exercício da atribuição monocrática prevista na lei, quando a manutenção da decisão hostilizada importe verdadeiro risco de lesão aos valores públicos nela homenageados.Logo, os pedidos de contracautela formulados em situações como a que ensejou a concessão da segurança ora impugnada devem ser analisados, caso a caso, de forma concreta, e não de forma abstrata e genérica, certo, ainda, que as decisões proferidas em pedido de suspensão se restringem ao caso específico analisado, não se estendendo os seus efeitos e as suas razões a outros casos, por se tratar de medida tópica, pontual. Nesse sentido foi a decisão proferida por esta Presidência, em 28.5.2007, na SS 3.231/RN.
5. Passo, pois, à análise do presente caso. Verifico que os medicamentos Pentoxifilina 400mg e Ticlopidina 250mg, o primeiro vasodilatador e o segundo antiagregante plaquetário, foram prescritos à impetrante, portadora de doença vascular encefálica isquêmica, como prevenção secundária, ou seja, para evitar que a paciente sofra novos episódios isquêmicos encefálicos, os quais provocam seqüelas irreversíveis (fls. 39-40).Segundo atestado pelo especialista em doenças neurológicas que trata a impetrante desde 18 de outubro de 1989 (fl. 30), a paciente possui dificuldades de locomoção e de comunicação, essas decorrentes de acidentes vasculares encefSegundo atestado pelo especialista em doenças neurológicas que trata a impetrante desde 18 de outubro de 1989 (fl. 30), a paciente possui dificuldades de locomoção e de comunicação, essas decorrentes de acidentes vasculares encefálicos anteriores, as quais podem se agravar com a ausência dos referidos medicamentos.Embora os medicamentos Pentoxifilina 400mg e Ticlopidina 250mg não constem da Portaria nº 1.318 do Ministério da Saúde, extraio do sítio eletrônico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA que os mesmos obtiveram registro de medicamento genérico (Resoluções RE nº 412, de 8 de março de 2002, DOU 12.3.2002, e RE nº 745, de 3 de maio de 2002, DOU 06.5.2002, respectivamente), tendo, pois, a sua qualidade, a sua segurança e o seu efeito terapêutico atestados pelo órgão competente.O próprio Ministério da Saúde reconhece que o ponto central da estratégia de uma Política de Medicamentos Essenciais é a adoção de uma Política de Medicamentos Genéricos, proposta que se encontra inserida entre as diretrizes da Política Nacional de Medicamentos (Portaria GM nº 3.916/98) e que passoua nortear todas as ações daquele ministério na área de medicamentos para o setor público.Ademais, conforme documentação acostada aos autos, observo que a impetrante vem recebendo os medicamentos pleiteados desde agosto de 2006 (fl. 98) e que o custo dos mesmos é de R$ 456,00 (quatrocentos e cinqüenta e seis reais), valor esse referente a 06 (seis) caixas de cada fármaco e já constante de nota de empenho (fl. 100).Assim, diante da hipossuficiência econômica da impetrante, da necessidade de tratamento contínuo da doença que a acomete e da natureza e do custo dos fármacos em questão, entendo que a ausência do tratamento poderá ocasionar graves e irreparáveis danos à saúde e à vida da paciente.Finalmente, ressalte-se que a discussão em relação à competência para a execução de programas de saúde e de distribuição de medicamentos não pode se sobrepor ao direito à saúde, assegurado pelo art. 196 da Constituição da República, que obriga todas as esferas de Governo a atuarem de forma solidária.
6. Ante o exposto, indefiro o pedido. Publique-se.
Brasília, 31 de maio de 2007. Ministra Ellen Gracie Presidente.
A Decisão do Ministro Celso de Mello na ADPF 45
A meta central das Constituições modernas, e da Carta de 1988 em particular, pode ser resumida, como já exposto, na promoção do bem-estar do homem, cujo ponto de partida está em assegurar as condições de sua própria dignidade, que inclui, além da proteção dos direitos individuais, condições materiais mínimas de existência. Ao apurar os elementos fundamentais dessa dignidade (o mínimo existencial), estar-se-ão estabelecendo exatamente os alvos prioritários dos gastos públicos.
Apenas depois de atingi-los é que se poderá discutir, relativamente aos recursos remanescentes, em que outros projetos se deverá investir. O mínimo existencial, como se vê, associado ao estabelecimento de prioridades orçamentárias, é capaz de conviver produtivamente com a reserva do possível.“
A Jurisprudência do TJRJ
Decisão do TJRJ relativo ao núcleo essencial do direito à vida
Há necessidade de garantir-se o seu núcleo, que é o direito à vida. Não garantindo esse mínimo existencial, pode o Judiciário determinar que o Executivo cumpra com o seu dever, pois a Constituição Federal, nesse ponto, possui densidade normativa suficiente para tanto.
DOGMÁTICA PÓS-POSITIVISTA: ESTRUTURA DUAL
A VIRADA KANTIANA
No campo jurídico-constitucional, o Estado Social (Welfare State) refaz a modelagem garantista do Estado Liberal, pois agrega direitos de índole social ao texto da Constituição. Nesse sentido, realinha o eixo constitucional, deslocando-o para uma concepção de estatalidade positiva que rejeita a postura absenteísta. Volta-se, por conseguinte, para combater o déficit econômico-social dos hipossuficientes, vale explicitar, as classes menos favorecidas do tecido social, que no Brasil somente foram assinaladas a partir da Constituição de 1934.
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MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0058/Aula-006/WLAJ/DP
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0058/Aula-006/WLAJ/DP
DOGMÁTICA PÓS-POSITIVISTA : ESTRUTURA DUAL 
PARTE 
PONDERÁVEL
NÚCLEO
ESSENCIAL

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