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CCJ0058-WL-A-RA-10-A proteção internacional dos direitos humanos

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	APRESENTAÇÂO DA DISCIPLINA:
DIREITOS HUMANOS
É do conhecimento de todos que a redemocratização no Brasil deslocou os direitos fundamentais para a centralidade do ordenamento jurídico em detrimento das chamadas razões de Estado. Nesse sentido, a Constituição passa a ser percebida como norma jurídica e, na sua esteira, desponta a tão propalada força normativa da Constituição.
Destarte, estudar a eficácia dos direitos fundamentais nos dias atuais será a linha dominante do nosso aprendizado. Em conseqüência, faz parte da disciplina o entendimento da efetividade dos direitos fundamentais em suas diferentes dimensões, vale dizer, a primeira relativa aos direitos civis e políticos, a segunda relativa aos direitos sociais e econômicos e finalmente a terceira atinente aos direitos coletivos e difusos. A abordagem da disciplina inclui ainda as restrições impostas aos direitos fundamentais em decorrência da implementação dos sistemas constitucionais de emergência (estado de sítio e estado de defesa).
	BIBLIOGRAFIA
Bibliografia básica
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
BARROSO, Luís Roberto. A reconstrução democrática do direito público no Brasil. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen&Juris, 2008.
Bibliografia Complementar
ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica. Trad. de Zilda Hutchinson Schild Silva. São Paulo: Landy Livraria Editora e Distribuidora, 2001.
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. São Paulo: Saraiva, 2003.
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. Rio de janeiro: Malheiros, 2004.
ZIMMERMANN, Augusto. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen&Juris, 2006.
	AVALIAÇÃO:
A Avaliação é contínua, com ênfase nos aspectos colaborativos, incluindo tarefas grupais, e contempla o diagnóstico, o processo e os resultados alcançados por intermédio de avaliações diagnóstica, formativas e somativas, considerando os aspectos de autoavaliação.
A avaliação somativa da aprendizagem é realizada presencialmente pelo aluno no Polo de EAD da Estácio e segue a normativa da universidade, se constituindo em AV1, AV2 e AV3, sendo realizada de acordo com o calendário acadêmico divulgado para o aluno.
Durante o Curso, os alunos realizaram atividades propostas compostas de questões objetivas e discursivas referentes ao domínio cognitivo nos níveis de conhecimento, compreensão, aplicação, síntese e avaliação do conteúdo do Curso. Os exercícios discursivos são corrigidos e comentados pelo professor. Os exercícios objetivos possuem resposta automática, o que permite que o aluno saiba imediatamente a sua performance.
	OBJETIVO DA AULA
Aula 10: A proteção internacional dos direitos humanos:
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Identificar o atual “estado da arte” da proteção dos direitos humanos em sede internacional.
==XXX==
Livros Recomendados:
VER: Bibliografia.
Resumo Aula (Waldeck Lemos)
Fonte: Web-Aula Estácio.
	
	10ª AULA – A proteção internacional dos direitos humanos:
	
	TELA_01: 10ª AULA – A proteção internacional dos direitos humanos:
	TELA-02: Objetivo desta Aula:
Vídeo-01: Fonte:
Ao final desta aula, você será capaz de:
Identificar a controvérsia quanto à hierarquia jurídico-normativa dos tratados internacionais sobre direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro após a Constituição de 1988 e após a Emenda Constitucional nº 45/2004;
Reconhecer as principais Convenções Internacionais que protegem os direitos humanos.
Clique aqui para ver o estudo dirigido desta aula.
ESTUDO DIRIGIDO DA AULA
Leia o texto condutor da aula.
Realize as atividades solicitadas.
Leia a síntese da aula e a chamada para a aula seguinte.
Realize os exercícios de autocorreção.
Introdução
Como amplamente visto nas aulas anteriores, o conceito de direitos humanos fica atrelado aos documentos internacionais, daí sua pretensão de universalidade. Assim sendo, a ideia-força de uma proteção internacional dos direitos humanos surge como reação às ameaças e opressões advindas de um determinado Estado nacional.
	TELA_03: 10ª AULA – A proteção internacional dos direitos humanos:
Pode-se dizer, por conseguinte, que a pretensão de um sistema universal de direitos humanos busca proteger o cidadão contra o próprio Estado. Tal tipo de proteção somente começa a ganhar visibilidade a partir do fim da Segunda Guerra Mundial; antes disso não havia nenhum sistema de proteção dos direitos humanos de dimensões globais. Foram os horrores e crueldades protagonizados pelo nazi-fascismo que impulsionaram a formação de um sistema de tutela de direitos humanos em nível global. Nesse sentido, é sempre bom lembrar que a Liga das Nações rejeitou os 14 pontos de Woodrow Wilson e sua concepção idealista de cooperação internacional focada na democracia e na igualdade jurídica dos estados.
Portanto, só se pode efetivamente falar em proteção internacional dos direitos humanos com a criação da ONU em 1945. Antes disso tínhamos um sistema fragmentado de proteção dos direitos humanos. Em consequência, é lídimo afirmar que efetivação dos direitos humanos ganha nova dimensão no momento em que cada Estado passa a comprometer-se a cooperar entre si para a promoção dos direitos humanos.
Destarte, é importante compreender que o Direito Internacional dos Direitos Humanos surge com maior intensidade no Segundo Pós-Guerra, como resposta às atrocidades cometidas durante o nazismo.
É neste contexto que se desenvolve o esforço de reconstrução dos direitos humanos, como marco ético a orientar a ordem internacional contemporânea na tutela dos direitos humanos. Leia o que cita Flávia Piovesan.
O Direito internacional dos Direitos Humanos busca, por conseguinte, tornar os direitos humanos um tema transnacional de preocupação de toda a comunidade internacional, resultando daí um processo de universalização e internacionalização desses direitos. Esses processos permitiram, por sua vez, a formação de um sistema normativo internacional de proteção de direitos de âmbito global, que passaremos a examinar em seguida.
O movimento de internacionalização dos direitos humanos constitui um movimento extremamente recente na história, surgindo, a partir do pós-guerra, como resposta às atrocidades e aos horrores cometidos durante o nazismo. A era Hitler foi marcada pela lógica da destruição e da descartabilidade da pessoa humana, que resultou no extermínio de 11 milhões de pessoas. O legado do nazismo foi condicionar a titularidade de direitos, ou seja, a condição de sujeito de direitos, à pertinência a determinada raça - a raça pura ariana.
Clique aqui para ler na íntegra o artigo Direitos humanos globais, justiça internacional e o Brasil de Flávia Piovesan.
Cf. PIOVESAN, Flávia.Direitos humanos globais, justiça internacional e o Brasil, disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/flaviapiovesan/piovesandihbr.html
 
O Direito Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil
FLÁVIA PIOVESAN
Professora Doutora em Direito Constitucional e Direitos Humanos da PUC/SP e Procuradora do Estado de São Paulo.
O movimento de internacionalização dos direitos humanos deflagrou-se no Pós Guerra, em resposta às atrocidades cometidas ao longo do Nazismo. Se a Segunda Guerra significou a ruptura do valor dos direitos humanos, o Pós Guerra deveria significar sua reconstrução.
A partir da Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 começa a ser delineado o chamado Direito Internacional dos Direitos Humanos, mediante a adoção de importantes tratados de proteção dos direitos humanos, de alcance global (emanados da ONU) e regional (emanados dos sistemas europeu, interamericano e africano). Inspirados pelos valores e princípios da Declaração Universal, os sistemas global e regional compõem o universo instrumental de proteção dos direitos humanos, no plano internacional. Em face deste complexo aparato normativo, cabe ao indivíduo, que sofreu violação de direito, a escolha do aparato mais favorável. Nesta ótica, os diversos sistemas de proteção de direitos humanos interagem em benefício dos indivíduos protegidos. Ao adotar o valor da primazia da pessoa humana, estes sistemas se complementam, somando-se ao sistema nacional de proteção, a fim de proporcionar a maior efetividade possível na tutela e promoção de direitos fundamentais.
É somente com o processo de democratização, iniciado em 1985, que o Estado Brasileiro passa a ratificar os principais tratados de proteção dos direitos humanos. Impulsionado pela Constituição de 1988 – que consagra os princípios da prevalência dos direitos humanos e da dignidade humana – o Brasil passa a se inserir no cenário de proteção internacional dos direitos humanos. Assim, a partir da Carta de 1988 foram ratificados pelo Brasil: a) a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, em 20 de julho de 1989; b) a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, em 28 de setembro de 1989; c) a Convenção sobre os Direitos da Criança, em 24 de setembro de 1990; d) o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, em 24 de janeiro de 1992; e) o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em 24 de janeiro de 1992; f) a Convenção Americana de Direitos Humanos, em 25 de setembro de 1992; g) a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, em 27 de novembro de 1995; h) o Protocolo à Convenção Americana referente à Abolição da Pena de Morte, em 13 de agosto de 1996 e i) o Protocolo à Convenção Americana referente aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador), em 21 de agosto de 1996.
Adicione-se que, em 03 de dezembro de 1998, o Estado Brasileiro reconheceu a competência jurisdicional da Corte Interamericana de Direitos Humanos, por meio do Decreto Legislativo n.89/98. Em 07 de fevereiro de 2000, o Brasil assinou o Estatuto do Tribunal Internacional Criminal Permanente. Note-se ainda que, atualmente, dois brasileiros notáveis assumem a presidência dos principais órgãos do sistema interamericano (Antônio Augusto Cançado Trindade, é presidente da Corte Interamericana e Hélio Bicudo, é presidente da Comissão Interamericana). Recente, portanto, é o alinhamento do Brasil à sistemática internacional de proteção dos direitos humanos.
Faz-se, assim, fundamental desenvolver o estudo da normatividade internacional de direitos humanos, na medida em que consagra parâmetros mínimos a serem respeitados pelos Estados. Além disso, o aparato internacional conjuga-se com o Direito interno, ampliando, fortalecendo e aprimorando o sistema de proteção dos direitos humanos, sob o princípio da primazia da pessoa humana. Há que se combinar a sistemática nacional e internacional de proteção, à luz do princípio da dignidade humana.
Em um momento marcado pela crescente “justicialização” do Direito Internacional dos Direitos Humanos (a exemplo, vide a criação do Tribunal Internacional Criminal Permanente), bem como pela intensa adesão do Brasil ao aparato internacional de proteção dos direitos humanos (com destaque ao reconhecimento da jurisdição da Corte Interamericana em 1998), impõe-se à cultura jurídica o desafio de criar, desenvolver e aprofundar a doutrina nacional voltada à matéria.
Há que se propagar o esforço de desvendar uma visão renovada e contemporânea de direitos humanos, caracterizada pela dinâmica interação da ordem jurídica nacional, regional e global, movidas por uma mesma racionalidade e sentido: a absoluta prevalência da dignidade humana. Neste cenário, a crescente internacionalização dos direitos humanos passa a invocar os delineamentos de uma cidadania universal, da qual emanam direitos e garantias internacionalmente assegurados.
	TELA_04: 10ª AULA – A proteção internacional dos direitos humanos:
O Sistema Universal de Proteção dos Direitos Humanos
O desenvolvimento acelerado da proteção internacional dos direitos humanos, nas últimas décadas. Tem na Carta das Nações Unidas, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.na Convenção para a Prevenção e Repressão ao Crime de Genocídio, também de 1948, e nos pactos internacionais de 1966 os elementos nucleares de um verdadeiro sistema global ou universal de proteção dos direitos humanos. Eis aqui os alicerces do sistema de tutela de direitos humanos; o primeiro alicerce, a Carta das Nações Unidas, pode ser vislumbrado como instrumento jurídico obrigatório que determina o respeito aos direitos humanos e estabelece a obrigação dos Estados de cooperarem entre si para dar cumprimento a este desígnio.
	TELA_05: 10ª AULA – A proteção internacional dos direitos humanos:
Contendo 30 artigos que consagram tanto os direitos civis e políticos de primeira dimensão, quanto os direitos econômicos e sociais de segunda dimensão, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela Resolução 217 (III) da Assembléia Geral da ONU, em 10 de dezembro de 1948. Sua aprovação foi unânime com voto favorável de 48 Estados e apenas 8 abstenções. De acordo com os artigos 1° e 2° da Declaração Universal.
Artigo 1°: Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Da mesma forma, de acordo com o artigo 2º: “Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”.
Por outro lado, de acordo com o artigo 22, todo o homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade. Nesta mesma linha protetiva de segunda dimensão, o artigo 23 estabelece que “Todo homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego”, da mesma forma que tem direito à igual remuneração por igual trabalho (artigo 24).
De tudo se vê, por conseguinte, que a Declaração Universal dos Direitos Humanos consagra ao mesmo tempo os valores da democracia liberal de primeira dimensão com a social democracia de segunda dimensão. E mais ainda: demonstra inequivocamente que os direitos humanos são complementares, isto é, uns dependem dos outros, como, por exemplo, o direito à liberdade e o direito à igualdade e vice-versa.
Sem a pretensão de substituir o sistema nacional constitucional, a Declaração Universaldos Direitos Humanos é considerada - por parte da doutrina - como um documento de soft norms, vale dizer normas de grande valor moral, porém sem força vinculativa, diretamente sindicável perante um tribunal internacional. Nesse sentido, a Declaração Universal seria uma mera Carta de proclamação de intenções políticas entre os Estados, cuja efetividade seria dependente de regulamentação interna constitucional e infraconstitucional.
	TELA_06: 10ª AULA – A proteção internacional dos direitos humanos:
Por outro lado, doutrinadores há que entendem que a Declaração Universal de Direitos Humanos é um catálogo de normas cogentes, e muito embora suas normas sejam fruto de uma resolução adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas (não sendo considerada, portanto, um tratado internacional), seu conteúdo normativo é concebido como materialmente jusfundamental, logo de plena efetividade. Em consequência, os Estados-parte da ONU têm o dever de promover o respeito e a observância dos direitos humanos, não podendo alegar razões de direito interno para não cumprir as normas cogentes da Declaração Universal. Enfim, devemos compreender que a Carta das Nações e a Declaração Universal dos Direitos Humanos são documentos internacionais inter-relacionados e interdependentes, portanto, normas jus cogens, de cumprimento obrigatório por parte dos Estados nacionais.
Além disso, outros argumentos são somados à defesa da força jurídica da Declaração Universal dos Direitos Humanos, qual seja: sua natureza de direito costumeiro internacional, fonte do Direito Internacional, nos termos do artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça.
Com a maestria reflexiva que lhe era peculiar, Celso de Mello já ensinava que:
É de se lembrar, contudo, que a maioria dos princípios nela consagrados já são princípios gerais de direito (Jorge Castaneda) ou direito costumeiro. Nesta última posição está a maioria da doutrina: Humprey Waldock, Philippe Manin, H. Thierry, Combacau, Sur, Vallée e Roger Pinto. De qualquer modo, pode-se afirmar que atualmente há uma espécie de consenso em considerá-la um sistema internacional e, portanto, obrigatória.
Cf. Curso de direito internacional público, I volume, p. 823.
De tudo se vê, por conseguinte, que não se pode falar em proteção dos direitos do homem garantidos pela ordem jurídica internacional sem que se faça referência à Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948. Consolida-se a posição do homem como sujeito de Direito Internacional Público. Mais uma vez nas palavras de Celso de Mello, verbis:
O Direito, seja ele qual for, se dirige sempre aos homens. O homem é a finalidade última do Direito. Este somente existe para regulamentar as relações entre os homens. Ele é um produto do homem. Ora, não poderia o DI negar ao indivíduo a subjetividade internacional. Negá-la seria desumanizar o DI e transformá-lo em um conjunto de normas ocas sem qualquer aspecto social. Seria fugir ao fenômeno da socialização que se manifesta em todos os ramos do Direito.
Cf. Curso de direito internacional público, I volume, p. 766.
Nesta mesma linha de raciocínio, a visão de Flávia Piovesan:
Neste sentido, em 10 de dezembro de 1948, é aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, como marco maior do processo de reconstrução dos direitos humanos. (...) Fortalece-se, assim, a idéia de que a proteção dos direitos humanos não deve se reduzir ao domínio reservado do Estado, isto é, não deve se restringir à competência nacional exclusiva ou à jurisdição doméstica exclusiva, porque revela tema de legítimo interesse internacional.
Cf. Direitos humanos globais, justiça internacional e o Brasil, p. 94-95
Clique aqui e leia o artigo completo. Disponível em: http://www.escolamp.org.br/ARQUIVOS/15_07.pdf.
VER: CCJ0058-WL-LC-10-02-Direitos Humanos Globais - Justiça Internacional e o Brasil.
Enfim, é bem de ver que a Declaração Universal dos Direitos Humanos traz no seu bojo um rol de princípios gerais de DIP, que informa a construção de uma nova concepção de direitos humanos, caracterizada pela universalidade e indivisibilidade destes direitos, nas palavras de Flávia Piovesan: “Universalidade porque clama pela extensão universal dos direitos humanos, sob a crença de que a condição de pessoa é o requisito único para a dignidade e titularidade de direitos, invisibilidade porque a garantia dos direitos civis e políticos é condição para a observância dos direitos sociais, econômicos e culturais e vice-versa. Quando um deles é violado, os demais também o são. Os direitos humanos compõem assim uma unidade indivisível, interdependente e inter-relacionada”.
No entanto, é importante aqui destacar o alerta de Celso de Mello no sentido de mostrar que o grande defeito da Declaração Universal dos Direitos Humanos é que ela só cuida dos direitos civis e políticos (primeira dimensão) concebidos dentro da tradição do liberalismo ocidental; ou seja, a Declaração não menciona os direitos econômicos e sociais (segunda dimensão), que vêm sendo reivindicados desde o século XIX pelas diferentes correntes de socialismo, a não ser marginalmente. Para o eminente autor foi diante da fraqueza da Declaração Universal dos Direitos do Homem que a ONU elaborou durante longos anos duas convenções sobre o assunto. Leias as palavras do autor: Inicialmente, pensou-se em fazer uma convenção sobre os direitos do homem e outra convenção onde se trataria das garantias de execução dos direitos do homem. Em 1950, resolveu-se fundir os dois textos em um único e, em 1952, decidiu-se novamente fazer duas convenções: uma sobre os direitos civis e políticos do homem e outra sobre os direitos econômicos, sociais e culturais das nações Unidas. A Assembléia-Geral da ONU, em 16 de dezembro de 1966, aprovou sobre os direitos do homem: o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e um protocolo facultativo. Cf. Curso de direito internacional público, I Volume, p. 825.
Esta é a razão pela qual vamos, em seguida, examinar esses grandes pactos internacionais que formam juntamente com a Declaração de 1948 o chamado sistema normativo global de proteção dos direitos humanos de alcance geral. A figura abaixo ilustra tal sistema, que parte da doutrina denominada “Carta Internacional dos Direitos Humanos” (International Bill of Human Rights).
Eleanor Roosevelt exibe cartaz contendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1949).
Ao lado deste sistema global de alcance geral, temos ainda o sistema normativo global de proteção dos direitos humanos de alcance específico, tais como as Convenções Internacionais contra o genocídio, a tortura, a discriminação racial, a discriminação contra as mulheres, a violação dos direitos das crianças etc. Nas palavras de Flávia Piovesan:
Firma-se, assim, no âmbito do sistema global, a coexistência dos sistemas geral e especial de proteção dos direitos humanos, como sistemas de proteção complementares. O sistema especial de proteção realça o processo da especificação do sujeito de direito, no qual o sujeito passa a ser visto em sua especificidade e concreticidade (ex.: protegem-se a criança, os grupos étnicos minoritários, os grupos vulneráveis, as mulheres...). Já o sistema geral de proteção (ex.: Pactos da ONU de 1966) tem por endereçado toda e qualquer pessoa, concebida em sua abstração e generalidade.
Cf. Direitos humanos globais, justiça internacional e o Brasil, p. 97.
 Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966
Assim sendo, devemos destacar muito bem o sistema global de alcance específico do sistema global de alcance geral. A figura abaixo mostra a composição do primeiro sistema em mera exposição exemplificativa.
 Repressão do Crime de Genocídio
	TELA_07: 10ª AULA – A proteção internacional dos direitos humanos:
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966 (1ª Dimensão)
Tal pacto foi elaborado pela Comissão de Direitos Humanos da ONU em 1966 e é composto de 53 artigos. Entrou em vigor na esfera internacional em 1976, apósa ratificação de 35 Estados, nos termos do seu artigo 49. O Brasil somente internalizou o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos em 1992, através do Decreto nº 592/92. Atualmente mais de 160 países já ratificaram o referido Pacto Internacional.
Levando em consideração que a dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no Mundo, de acordo com a Carta das Nações Unidas, bem como levando em consideração a Declaração Universal dos Direitos do Homem que reconhece que o ideal do ser humano livre não pode ser realizado a menos que sejam criadas condições que permitam a cada um gozar dos seus direitos civis e políticos, bem como dos seus direitos econômicos, sociais e culturais e, mais ainda, levando em consideração que a Carta das Nações Unidas impõe aos Estados a obrigação de promover o respeito universal e efetivo dos direitos e das liberdades do homem, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos fixou logo no seu dispositivo inaugural que todos os povos têm o direito a dispor deles mesmos. Em virtude deste direito, eles determinam livremente o seu estatuto político e dedicam-se livremente ao seu desenvolvimento econômico, social e cultural. Para atingir os seus fins, todos os povos podem dispor livremente das suas riquezas e dos seus recursos naturais, sem prejuízo de quaisquer obrigações que decorrem da cooperação econômica internacional, fundada sobre o princípio do interesse mútuo e do direito internacional. Em nenhum caso pode um povo ser privado dos seus meios de subsistência.
Já no seu artigo 2º, impende destacar que o Pacto estabelece que cada Estado-parte deve comprometer-se a respeitar e a garantir a todos os indivíduos que se encontrem nos seus territórios e estejam sujeitos à sua jurisdição os direitos reconhecidos no referido Pacto, sem qualquer distinção, derivada, nomeadamente, de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política, ou de qualquer outra opinião, de origem nacional ou social, de propriedade ou de nascimento, ou de outra situação. Portanto, cada Estado-parte compromete-se a adotar, de acordo com os seus processos constitucionais e com as disposições do presente Pacto, as medidas que permitam a adoção de decisões de ordem legislativa ou outra capazes de dar efeito aos direitos reconhecidos no presente Pacto que ainda não estiverem em vigor.
Ainda nos termos do artigo 2° do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, cada Estado-parte compromete-se a:
a) Garantir que todas as pessoas cujos direitos e liberdades reconhecidos no presente Pacto forem violados disponham de recurso eficaz, mesmo no caso de a violação ter sido cometida por pessoas agindo no exercício das suas funções oficiais;
b) Garantir que a competente autoridade judiciária, administrativa ou legislativa, ou qualquer outra autoridade competente, segundo a legislação do Estado, estatua sobre os direitos da pessoa que forma o recurso, e desenvolver as possibilidades de recurso jurisdicional;
c) Garantir que as competentes autoridades façam cumprir os resultados de qualquer recurso que for reconhecido como justificado.
O Pacto Internacional, de 1966, positivou efetivamente um catálogo de diretos civis e políticos muito mais extenso que o rol jus fundamental da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, valendo, pois, destacar, dentre outros, os seguintes: direito à vida; pena de morte apenas nos casos mais graves e a previsão de que o condenado a esta pena possa requerer indulto ou comutação da pena; Proibição de ser aplicada tal pena aos menores de 18 anos e às mulheres grávidas; proibição de tortura, penas ou tratamentos cruéis, desumanos e degradantes; proibição de escravidão e tráfico de escravos; bem como ser submetido a executar trabalhos forçados ou obrigatórios, a não ser que derive da exigência de decisão judicial, serviço militar e outros casos previstos na legislação do Estado; direito à liberdade e segurança pessoal; proibição de ser preso arbitrariamente, inclusive o direito à reparação e a possibilidade de recurso contra a prisão ilegal, direito à informação, sem demora, do motivo que levou à prisão e as acusações formuladas contra ela, sendo julgada o mais rápido possível; direito à prisão separada das pessoas já condenadas; direito à livre circulação quando a estada for regular e a sua possibilidade de livremente sair do país em que se encontre; direito do estrangeiro de não ser expulso a não ser em cumprimento de uma decisão adotada conforme a lei; direito à presunção de inocência até o trânsito em julgado da decisão que comprove a sua culpa; direito a um julgamento rápido e justo e de estar presente pessoalmente para defender-se da acusação, bem como a indicação de defensor, inclusive, se não possuir meios para arcar com os honorários, da gratuidade; proibição de ser obrigada a depor contra si mesma; direito de recorrer da sentença condenatória, em conformidade com a lei; direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; direito à livre expressão e opinião; direito de reunião; direito de associação e a possibilidade de adesão a sindicatos; direito à proteção da família e das crianças; proibição de propaganda em favor da guerra; direito de identidade cultural das minorias étnicas, religiosas e linguísticas à prática de sua cultura própria.
Cumpre destacar que o Pacto Civil e Político criou um Comitê de Direitos Humanos composto por 18 membros, que serão eleitos e exercerão sua função a título pessoal, com mandato de quatro anos, havendo a possibilidade de reeleição, porém, não podendo ter mais de um nacional de um mesmo Estado. Ensina Paulo Bonavides que qualquer Estado-parte no Pacto pode declarar a qualquer momento "que reconhece a competência do Comitê para receber e examinar as comunicações em que um Estado-parte alegue que outro Estado-parte não cumpre as obrigações que lhe impõe este Pacto". No entanto, a denúncia do não cumprimento dos direitos consagrados no Pacto só pode ser feita por um Estado-parte que tenha feito declaração que reconhece ao Comitê competência a respeito de si mesmo.
Cf. Curso de direito internacional público, I volume, p. 825.
Finalmente, é importante examinar o Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos adotado em 16 de dezembro de 1966 e que habilita o Comitê de Direitos Humanos a receber e examinar as comunicações escritas provenientes de indivíduos que se considerem vítimas de uma violação dos direitos enunciados no Pacto por parte do seu próprio Estado Nacional.
Muito embora seja um grande avanço no sistema normativo global de proteção dos direitos humanos, é importante compreender que o recebimento da petição individual feita por um determinado nacional de um Estado só será feito pelo Comitê de Direitos Humanos, caso este referido Estado violador tenha ratificado o Protocolo Facultativo do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. Ou seja, muito embora o Protocolo Facultativo mencione o direito de petição individual; este direito só será exercitável se o Estado violador tiver ratificado tal Protocolo Facultativo.
	TELA_08: 10ª AULA – A proteção internacional dos direitos humanos:
Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 (2ª Dimensão)
Desde logo é importante compreender que a Comissão de Direitos Humanos da ONU optou por elaborar – em separado – os dois Pactos Internacionais em função da diferença entre a natureza jurídica dos direitos de primeira e segunda dimensão.
É de sabença geral que seria mais fácil aprovar o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, que consagra direitos de 1ª dimensão, isto é, direitos negativos que não demandariam gastos por parte dos Estados-membros para a sua plena efetividade. Nesse sentido, bastaria a abstenção dos Estados, sem a necessidade de procedimento custoso para a efetivação dessa categoria de direito. Além do mais, defendia-sea tese que a 1ª dimensão dos direitos humanos seria autoaplicável, podendo ser exigida diretamente do Estado.
Totalmente diferente é a questão da efetividade dos direitos consagrados no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, que demandam prestações estatais positivas, como, aliás, amplamente visto nos capítulos anteriores. Na lição de Paulo Bonavides, temos que:
A diferença entre os dois pactos no tocante ao mecanismo de proteção decorre que do Pacto dos Direitos Civis e Políticos surgem “obrigações precisas e imediatas” para os Estados, enquanto que o Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais é de aplicação progressiva. (N. Valticos). É interessante observar que os pactos de direitos do homem não têm cláusula de denúncia ou de terminação. Em 1976 entraram em vigor os dois Pactos de Direitos do Homem e o protocolo adicional.
Cf. Curso de direito internacional público, I volume, p. 826 e 827.
Da mesma forma que o Pacto Civil e Político, o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais visa a ampliar o catálogo de direitos humanos proclamados na Declaração Universal de 1948. Nos termos do artigo segundo, o Pacto determina que cada um dos Estados-partes deve comprometer-se a agir, com esforço próprio ou com assistência e cooperação internacionais, nos planos econômico e técnico, de modo a assegurar progressivamente o pleno exercício dos direitos econômicos, sociais e culturais reconhecidos no presente Pacto. Para tanto, deve usar o máximo dos seus recursos disponíveis, incluindo em particular as medidas legislativas. Os países em vias de desenvolvimento podem determinar em que medida garantirão os direitos econômicos no presente Pacto a não nacionais.
Dentre outros, são direitos de segunda dimensão consagrados pelo Pacto Econômico, Social e Cultural; o direito de autodeterminação e, em consequência, o direito de os povos disporem livremente de suas riquezas e recursos naturais; o direito do trabalho; direito à remuneração equitativa e que proporcione ao homem e sua família “condições dignas de existência”; direito à segurança e à higiene no trabalho; direito de igual oportunidade para todos serem promovidos; direito ao descanso, o gozo do tempo livre, a limitação racional das horas de trabalho e as férias periódicas pagas, assim como a remuneração dos feriados; direito a formar e a associar-se a sindicatos; direito dos sindicatos de formar federações ou confederações nacionais e o direito destas de fundar organizações sindicais internacionais ou de filiarem-se às mesmas; direito de greve, de acordo com a legislação de cada Estado; direito à Segurança Social, inclusive o seguro social; direito de proteção e assistência à família, à criança e aos adolescentes; direito à alimentação; direito à moradia; direito à educação; direito à saúde; direito à participação na vida cultural da comunidade etc.
No âmbito da ONU foi muito discutido a possibilidade de petições individuais, a fim de promover os direitos assegurados no Pacto Internacional dos Direito Econômicos, Sociais e Culturais até que, finalmente, a assembléia Geral da ONU, em 10 de dezembro de 2008, adotou o Protocolo Facultativo ao referido Pacto através da Resolução A/RES/63/117.
Portanto, agora não há mais nenhuma dúvida de que o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais tem competência para apreciar comunicações provenientes de particulares ou grupo de pessoas que se considerem vítimas de uma violação dos direitos enunciados no pacto. Neste aspecto, o Comitê só admite comunicações contra Estado que seja parte no Pacto. E mais, e talvez a questão mais importante: a adoção do Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais demonstra inequivocamente a efetiva percepção dos direitos sociais como autênticos direitos fundamentais.
	TELA_09: 10ª AULA – A proteção internacional dos direitos humanos:
O Sistema Regional de Proteção dos Direitos Humanos
Como amplamente examinado, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e os Pactos Internacionais de 1966 compõem o chamado sistema global de proteção dos direitos humanos de alcance geral. Tais convenções foram analisadas até o presente momento; é importante agora examinar o sistema regional de proteção dos direitos humanos, composto pelos sistemas europeu, americano e africano. Aqui é importante ressaltar que os dois sistemas de proteção dos direitos humanos – o global e o regional – coexistem harmonicamente, sem graves dicotomias ou antinomias entre eles. Com rigor, em termos de proteção dos direitos humanos, esses dois sistemas se integram e se complementam na aspiração maior da realização da proteção da pessoa humana, vale dizer, com as palavras de Celso de Mello, a posição do homem como sujeito de direito; do homem como 'um fim em si mesmo' (Maritain). É nesse diapasão que o sistema regional de proteção dos direitos humanos surge como resposta a violações de direitos por parte dos Estados nacionais. Destarte, cabe aos Estados levarem em consideração aspectos sociais e culturais peculiares de sua própria região na projeção normativa protetiva da dignidade humana. Em consequência, uma pessoa que sofreu violação de direito pode optar pelo sistema de proteção que melhor lhe convier.
	TELA_10: 10ª AULA – A proteção internacional dos direitos humanos:
Sistema europeu de proteção dos direitos humanos
O sistema europeu de proteção dos direitos humanos, que tem como fundamento a Convenção Européia dos Direitos Humanos, assinada em 1950 e vigente a partir de 1953, é o mais avançado e estabelecido dos sistemas regionais. Leia a Lição de Celso de Mello => “A região do continente europeu abrangida pelo Conselho da Europa é a parte do globo que se encontra mais adiantada no tocante aos direitos do homem e a sua proteção. (...) Ela foi concluída em 4 de novembro de 1950 e entrou em vigor em 1953. A grande vantagem desta convenção é que, além de ela enunciar em uma convenção internacional os direitos do homem, ele também determina as garantias de execução destes direitos. Esta convenção contém uma restrição à soberania estatal, entendida no seu sentido clássico; como não houve em nenhum outro texto internacional sobre a matéria. Cf. op. cit.”
A Comissão Européia de Direitos do Homem, cuja sede é em Estrasburgo, é composta de um número de membros igual ao dos Estados-parte na convenção, não podendo haver mais de um membro da mesma nacionalidade. Os membros da Comissão não são representantes dos Estados. Um importante instrumento da Comissão é o relatório sobre o caso, que será enviado ao Conselho de Ministros. No relatório, serão feitas recomendações se o assunto não for levado à Corte. Já com relação a uma reclamação perante a Comissão Européia, é importante destacar que a mesma só pode ser apresentada após o esgotamento dos recursos internos em um prazo máximo de seis meses após a decisão final. Destarte, a regra de esgotamento dos recursos internos é condição para que seja admitida uma reclamação. Outro ponto importante é a possibilidade de, na Comissão Européia de Direitos do Homem, um Estado poder apresentar reclamação contra outro Estado.
Sistema interamericano de proteção dos direitos humanos
O sistema interamericano de proteção dos direitos humanos tem como fundamento a Declaração Americano dos Direitos e Deveres do Homem (1948) e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969), conhecida como Pacto de San José.
Qualquer pessoa, grupo de pessoas ou entidade não governamental pode apresentar à Comissão Internacional de Direitos Humanos (CIDH) petições que contenham denúncias de violações da Convenção pelos Estados-parte. Os meios de proteção dentro do sistema interamericano são a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Apesar dos direitos humanos serem universais, há especificidades regionais. Assim, os direitos humanos devem assegurar a individualidade específica daquele grupo social. Elessurgem como reação às ameaças e opressões dentro de um território de um determinado Estado nacional.
Pode-se dizer, em termos gerais, que até o fim da Segunda Guerra Mundial não havia um sistema de proteção dos direitos humanos. Os horrores ocasionados pelo holocausto demonstraram a necessidade em estabelecer uma sistemática de proteção dos direitos humanos de forma universal. Como bem ensina Celso de Mello => “O continente americano sempre se preocupou com os direitos do homem e desde a Conferência de Chapultepec, como vimos, que se pensava em formular uma declaração sobre o assunto. Na Conferência de Bogotá (1948) foi assinada uma Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem (anterior à Declaração Universal de Direitos do Homem) e a carta Interamericana de Garantias Sociais (trata dos direitos do trabalhador). A Carta da OEA colocou os direitos do homem como um dos princípios dos Estados americanos (art. 3°, j).
A convenção americana de 1969 cria um extenso rol de “direitos protegidos”, a saber: a) direito à vida; b) direito à integridade pessoal; c) direito de não ser submetido à escravidão ou servidão; d) direito à liberdade pessoal; e) garantias judiciais: direito de ser ouvido por tribunal ou juiz competente; inocência até que se prove a culpa; direito irrenunciável de ser assistido por um defensor; f) princípio da legalidade da lei penal e sua irretroatividade; g) liberdade de pensamento e de expressões; h) liberdade de associação; i) proteção da família; j) direito à propriedade privada etc.
Da mesma forma que o sistema europeu, a convenção americana criou dois órgãos de proteção: a Comissão Interamericana de Direitos humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. A primeira tem seus membros eleitos a título pessoal pelo Conselho da OEA. Tal Comissão recebe denúncias de pessoas físicas ou jurídicas sobre violação de direitos do homem. Aqui, mais uma vez destacamos a necessidade de esgotamento prévio dos recursos internos. Nas palavras de Celso de Mello: “A sede é em Washington. Ela foi criada na V Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores em Santiago do Chile (1959). O seu estatuto foi aprovado pelo Conselho da OEA em 1960 e emendado na 29° Conferência Interamericana Extraordinária (1965). Esta Comissão tem as seguintes funções: a) funções consultivas em assuntos de direitos do homem; b) faz recomendações sobre esta matéria; c) elabora relatórios e estudos etc.”.
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas pode submeter à comissão petição sobre violação da convenção. Um Estado ao ratificar a convenção declara se admite petição formulada por outro Estado. De qualquer modo um Estado só poderá apresentar petição se ele aceita isto em relação a si próprio.
A Corte tem também a instituição de juiz “ad hoc”. A sentença é definida e inapelável. Um Estado não aceita a jurisdição da Corte apenas porque ratifica a convenção, sendo, necessário, portanto, outro ato afirmando a aceitação da jurisdição da Corte.
A convenção interamericana entrou em vigor em 1985, tendo por sede a cidade de San José da Costa Rica. Em 1988 foi concluído um Protocolo Adicional da Convenção Americana sobre Direitos do Homem na área de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador).
Sistema africano de proteção dos direitos humanos
Em 1981, em Nairobi, a OUA, sob forma de tratado, criou a Carta Africana de Direitos do Homem e dos Povos. São características da Carta Africana: a) ênfase no princípio de não discriminação; b) estabelecimento dos direitos dos povos; c) inclusão de deveres em relação à comunidade, família e estado; d) determinação da solidariedade contra a dominação estrangeira; e) ênfase nos “valores africanos”; f) estabelecimento da Comissão Africana de Direitos dos Homens e dos Povos.
	TELA_11: 10ª AULA – A proteção internacional dos direitos humanos:
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1. A Corte Interamericana de Direitos Humanos, sediada em São José da Costa Rica, é um órgão judicial internacional autônomo do sistema da OEA, criado pela Convenção Americana dos Direitos do Homem, que tem competência de caráter contencioso e consultivo. Trata-se de tribunal composto por sete juízes nacionais dos Estados-membros da OEA, eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais (art. 52 da Convenção Interamericana). Analise as assertivas abaixo e assinale a resposta CORRETA:
Com relação à Corte Interamericana de Direitos Humanos podemos afirmar que:
1) No exercício de sua competência, a Corte Interamericana não pode emitir opiniões sobre questões internas dos Estados que digam respeito à construção e evolução do Direito Internacional dos Direitos Humanos no âmbito interno.
2) Não é possível que seus representantes e familiares das vítimas ofereçam suas próprias peças de argumentação e provas em todas as etapas do procedimento, como também fazer uso da palavra durante as audiências públicas celebradas, ostentando, assim, a condição de verdadeiras partes no processo.
3) No plano contencioso, a competência da Corte Interamericana de Direitos Humanos para o julgamento de casos está aos Estados Partes da Convenção que tenham expressamente reconhecido sua jurisdição.
4) Caso reconheça que efetivamente ocorreu a violação à Convenção, determinará a adoção de medidas que se façam necessárias à restauração do direito então violado, mas não poderá condenar o Estado ao pagamento de uma justa compensação à vítima.
Responder| Resposta correta
2. Em 26 de março de 2009, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos submeteu à Corte uma demanda contra a República Federativa do Brasil, que se originou na petição apresentada, em 7 de agosto de 1995, pelo Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e pela Human Rights Watch/Americas, em nome de pessoas desaparecidas no contexto da Guerrilha do Araguaia (doravante também denominada “Guerrilha”) e seus familiares. Diante disso, a Comissão decidiu submeter o caso à jurisdição da Corte, considerando que representava “uma oportunidade importante para consolidar a jurisprudência interamericana sobre as leis de anistia com relação aos desaparecimentos forçados e à execução extrajudicial e a consequente obrigação dos Estados de dar a conhecer a verdade à sociedade e investigar, processar e punir graves violações de direitos humanos”.
Com relação à presente demanda, podemos afirmar que:
1) a demanda por se referir à possível “responsabilidade do Estado pela detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado entre membros do Partido Comunista do Brasil […] e camponeses da região, […] resultado de operações do Exército brasileiro empreendidas entre 1972 e 1975 com o objetivo de erradicar a Guerrilha do Araguaia, não poderia ser julgada por uma Corte Internacional, vez que a questão diz respeito à soberania do Estado.
2) a Corte Internacional é incompetente ratione temporis para examinar as supostas violações ocorridas antes do reconhecimento da jurisdição contenciosa da Corte pelo Brasil. A incompetência decorre, ainda, em virtude dafalta de esgotamento dos recursos internos na solução do litígio.
3) deve ser arquivada de imediato, ante a manifesta falta de interesse processual dos representantes legais, e quanto ao mérito, o Brasil vem empreendendo todas as ações no âmbito interno para construir no país uma solução, compatível com as particularidades do caso, para a consolidação definitiva da reconciliação nacional.
4) a Corte Interamericana é competente, nos termos do artigo 62.3 da Convenção, para conhecer do presente caso, em razão de ser o Brasil Estado Parte da Convenção Americana desde 25 de setembro de 1992 e de ter reconhecido a competência contenciosa da Corte em 10 de dezembro de 1998.
Responder| Resposta correta
3. O sistema universal de proteção de direitos humanos é composto inter alia de:
1) Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969 e Declaração Universal dos Direitos Humanos;
2) Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, O Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e Convenção Europeia de Direitos Humanos de 1950;
3) Declaração Universal dos Direitos Humanos, Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais;
4) Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969, Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos de 1981 e Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969.
Responder| Resposta correta
	
	SLIDES
	
	Aula 10 - A proteção internacional dos direitos humanos:
Professor Doutor Guilherme Sandoval Góes
AULA 10 – A proteção internacional dos direitos humanos
Objetivos da Aula
Identificar a controvérsia quanto à hierarquia jurídico-normativa dos tratados internacionais sobre direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro após a Constituição de 1988 e após a Emenda Constitucional nº 45/2004;
Reconhecer as principais Convenções Internacionais que protegem os direitos humanos.
HIERARQUIA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS
 Artigo 5º, § 3º, CRFB/88 - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
 Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que não forem aprovados segundo processo legislativo equivalente às emendas constitucionais serão considerados supralegais.
SISTEMA UNIVERSAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
 Proteção do cidadão contra seu próprio Estado.
 Criação da ONU em 1945.
 Resposta às atrocidades e aos horrores cometidos durante o nazismo.
 Sistema normativo de proteção de direitos humanos de âmbito global.
SISTEMA UNIVERSAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DE ALCANCE ESPECÍFICO
Convenções Internacionais contra o genocídio, a tortura, a discriminação racial, a discriminação contra as mulheres, a violação dos direitos das crianças, etc.
 O sistema especial de proteção realça o processo da especificação do sujeito de direito, no qual o sujeito passa a ser visto em sua especificidade e concreticidade (ex: protege-se a criança, os grupos étnicos minoritários, os grupos vulneráveis, as mulheres,...). Já o sistema geral de proteção (ex: Pactos da ONU de 1966) tem por endereçado toda e qualquer pessoa, concebida em sua abstração e generalidade.
SISTEMA UNIVERSAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DE ALCANCE GERAL
 Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
 Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966.
 Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966.
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948
Art. 1º - Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Art. 2º - Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
Doutrinadores há que entendem que a Declaração Universal de Direitos Humanos é um catálogo de normas cogentes, e muito embora suas normas sejam fruto de uma resolução adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (não sendo considerada, portanto, um tratado internacional), seu conteúdo normativo é concebido como materialmente jusfundamental, logo de plena efetividade.
Estados-parte da ONU devem observar os direitos humanos, não podendo alegar razões de direito interno para não cumprir as normas cogentes da Declaração Universal.
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos de 1966
Tal pacto foi elaborado pela Comissão de Direitos Humanos da ONU no ano 1966 e é composto de 53 artigos. Entrou em vigor na esfera internacional em 1976, após a ratificação de 35 Estados, nos termos do seu artigo 49. 
O Brasil somente internalizou o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos no ano de 1992, através do Decreto nº 592/92. Atualmente mais de 160 países já ratificaram o referido Pacto Internacional.
O Pacto Internacional de 1966 positivou efetivamente um catálogo de diretos civis e políticos muito mais extenso que o rol jusfundamental da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, valendo, pois, destacar, dentre outros, os seguintes: direito à vida; pena de morte apenas nos casos mais graves e a previsão de que o condenado a esta pena possa requerer indulto ou comutação da pena; Proibição de ser aplicada tal pena aos menores de 18 anos e as mulheres grávidas; proibição de tortura, penas ou tratamentos cruéis, desumanos e degradantes; proibição de escravidão e tráfico de escravos, etc.
Petição individual perante o Comitê de Direitos Humanos:
O Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos adotado em 16 de dezembro de 1966 habilita o Comitê de Direitos Humanos a receber e examinar as comunicações escritas provenientes de indivíduos que se considerem vítimas de uma violação dos direitos enunciados no Pacto por parte do seu próprio Estado Nacional.
A Comissão de Direitos Humanos da ONU optou por elaborar - em separado – os dois Pactos Internacionais em função da diferença entre a natureza jurídica dos direitos de primeira e segunda dimensões.
CELSO DE MELLO
A diferença entre os dois pactos no tocante ao mecanismo de proteção decorre que do Pacto de Direitos Civis e Políticos surgem "obrigações precisas e imediatas" para os Estados, enquanto que o pacto de direitos econômicos, sociais e culturais é de aplicação progressiva. (N. Valticos). É interessante observar que os pactos de direitos do homem não têm cláusula de denúncia ou de terminação. Em 1976 entraram em vigor os dois Pactos de Direitos do Homem e o protocolo adicional.
SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
Aqui é importante ressaltar que os dois sistemas de proteção dos direitos humanos – o global e o regional – coexistem harmonicamente, sem graves dicotomias ou antinomias entre eles. Com rigor, em termos de proteção dos direitos humanos, esses dois sistemas se integram e se complementam na aspiração maior da realização da proteção da pessoa humana, vale dizer, com as palavras de Celso de Mello, a posição do homem como sujeito de direito; do homem como 'um fim em si mesmo' (Maritain).
 Sistema europeu de proteção dos direitos humanos.
 Sistema interamericano de proteção dos direitos humanos.
 Sistema africano de proteção dos direitos humanos.
SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
A convenção prevê a existência de dois órgãos destinados a realizar a proteção acima mencionada: a Comissão Européia de Direitos do Homem e a Corte Europeia de Direitos do Homem.
A Comissão Européia de Direitos do Homem é composta de um número de membrosigual ao dos Estados parte na convenção. Não pode haver mais de um membro da mesma nacionalidade.
SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
O sistema interamericano de proteção dos direitos humanos tem como fundamento a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (1948) e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969), conhecida como Pacto de San José.
Qualquer pessoa, grupo de pessoas ou entidade não-governamental pode apresentar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos – CIDH petições que contenham denúncias de violações da Convenção pelos Estados-Parte.
SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
Em 1981, em Nairóbi, foi criada a Carta Africana dos direitos do homem e dos povos.
Dentre outras, são características da Carta Africana:
Ênfase no princípio da não-discriminação;
Estabelecimento dos direitos dos povos;
Determinação da solidariedade contra a dominação estrangeira.
==XXX==
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0058/Aula-010/WLAJ/DP
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0058/Aula-010/WLAJ/DP

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