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Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba Governo do Estado do Piauí Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA – PLANAP CODEVASF / GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA (PDFLOR-PI) APOSTILA DO CURSO TÉCNICAS DE PLANTIO DE FLORESTAS CURITIBA, PR FEVEREIRO 2010 PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA – PLANAP CODEVASF/GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ/FUPEF Produto 9 Apostila do Curso Técnicas de Plantio de Florestas APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA (PDFLOR-PI) Coordenação do Projeto SDR Rubem Nunes Martins CODEVASF Guilherme Almeida Gonçalves de Oliveira GOVERNO DO PIAUÍ Jorge Antônio Pereira Lopes de Araújo STCP Joésio Siqueira Ivan Tomaselli Bernard Delespinasse Rodrigo Rodrigues Dartagnan Gorniski Curitiba, PR Fevereiro de 2010 APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA (PDFLOR-PI) APOSTILA DO CURSO TÉCNICAS DE PLANTIO DE FLORESTAS SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................1 2. IMPLANTAÇÃO FLORESTAL..........................................................................................................1 2.1. Preparo da Área.................................................................................................................................1 2.1.1. Construção de Estradas e Aceiros......................................................................................................2 2.1.2. Limpeza do Terreno ..........................................................................................................................4 2.1.3. Combate à Formiga ...........................................................................................................................5 2.1.4. Preparo do Solo para o Plantio..........................................................................................................6 2.2. Sistema de Plantio..............................................................................................................................8 2.2.1. Espaçamento......................................................................................................................................8 2.2.2. Adubação...........................................................................................................................................9 2.2.3. Coveamento e Sulcamento...............................................................................................................10 2.2.4. Prevenção a Cupins.........................................................................................................................10 2.2.5. Plantio.............................................................................................................................................11 2.2.6. Irrigação...........................................................................................................................................12 2.2.7. Replantio.........................................................................................................................................13 2.3. Tratos Culturais...............................................................................................................................13 2.3.1. Coroamento.....................................................................................................................................13 2.3.2. Capina..............................................................................................................................................14 2.3.3. Roçada.............................................................................................................................................14 2.3.4. Aplicação de Herbicida...................................................................................................................14 2.4. Tratos Silviculturais.........................................................................................................................16 2.4.1. Poda ou Desrama.............................................................................................................................16 2.4.2. Desbaste..........................................................................................................................................17 3. COLHEITA FLORESTAL.................................................................................................................18 3.1. Planejamento da Colheita................................................................................................................18 3.2. Sistemas de Colheita.........................................................................................................................19 3.2.1. Sistema de Toras Longas.................................................................................................................19 3.2.2. Sistema de Toras Curtas..................................................................................................................19 3.2.3. Sistema de Árvores Inteiras.............................................................................................................19 3.2.4. Sistema de Árvores Completas........................................................................................................19 3.3. Corte..................................................................................................................................................19 3.4. Extração............................................................................................................................................20 3.5. Desgalhamento e Traçamento.........................................................................................................21 3.6. Descascamento..................................................................................................................................21 3.7. Carregamento...................................................................................................................................21 4. SISTEMAS AGROFLORESTAIS.....................................................................................................22 4.1. Definição de SAF’s...........................................................................................................................22 4.2. Classificação dos SAF’s....................................................................................................................22 4.2.1. Sistema Agrossilvicultural...............................................................................................................22 4.2.2. Sistema Silvipastoril........................................................................................................................22 4.2.3. Sistema Agrossilvipastoril...............................................................................................................23 4.3. Distribuição das Espécies que Compõem o SAF............................................................................24 i 4.3.1. Distribuição Espacial Misturada......................................................................................................24 4.3.2. Distribuição Espacial Uniforme......................................................................................................24 4.3.3. Distribuição Espacial Mista.............................................................................................................244.3.4. Distribuição Espacial em Faixas......................................................................................................24 4.3.5. Distribuição Espacial em Mosaico..................................................................................................25 4.4. Arquitetura e Estrutura do SAF.....................................................................................................25 4.5. Práticas Agroflorestais.....................................................................................................................25 4.5.1. Cercas Vivas....................................................................................................................................26 4.5.2. Mourões Vivos................................................................................................................................26 4.5.3. Tutores Vivos..................................................................................................................................26 4.5.4. Quebra Vento..................................................................................................................................26 4.5.5. Aceiros Arborizados........................................................................................................................27 4.5.6. Limites Arborizados........................................................................................................................27 5. PRAGAS FLORESTAIS.....................................................................................................................27 5.1. Formigas Cortadeiras......................................................................................................................27 5.1.1. Formigas Saúvas..............................................................................................................................28 5.1.2. Formigas Quenquéns.......................................................................................................................28 5.2. Cupins................................................................................................................................................28 5.3. Lagartas.............................................................................................................................................30 5.4. Besouros............................................................................................................................................30 5.5. Insetos sugadores..............................................................................................................................31 5.5.1. Psilideos..........................................................................................................................................31 6. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO............................................................................................................32 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................................32 LISTA DE FIGURAS Figura 01. Construção de Estradas e Aceiros .............................................................................................3 Figura 02. Esquema Básico de uma Rede de Estradas Florestais................................................................3 Figura 03. Esquema de Derrubada com Correntão .....................................................................................4 Figura 04. Trator de Esteira Equipado com Lâmina KG.............................................................................5 Figura 05. Trator de Esteira Equipado com Lâmina “Bulldozer” ...............................................................5 Figura 06. Ancinho Usado na Operação de Enleiramento ..........................................................................5 Figura 07. Formiga (Acromyrmex spp.).......................................................................................................6 Figura 08. Formiga do Gênero (Atta spp.)...................................................................................................6 Figura 09. Dosagem da Isca Granulada.......................................................................................................6 Figura 10. Subsolagem no Preparo do Solo.................................................................................................7 Figura 11. Grade Bedding Usada no Preparo do Solo.................................................................................7 Figura 12. Implemento Usado em Áreas de Cultivo Mínimo......................................................................8 Figura 13. Espaçamento Usado no Plantio de Eucalipto.............................................................................8 Figura 14. Demarcação de Espaçamento.....................................................................................................9 Figura 15. Calagem Durante o Preparo do Solo..........................................................................................9 Figura 16. Adubação em Covetas Laterais................................................................................................10 Figura 17. Adubação de Cobertura............................................................................................................10 Figura 18. Ferramentas Utilizadas no Coveamento...................................................................................10 Figura 19. Tratamento das Mudas com Cupinicida...................................................................................11 Figura 20. Utilização da Plantadeira Manual.............................................................................................11 Figura 21. Utilização da Plantadeira Manual.............................................................................................12 Figura 22. Plantadeira Mecanizada............................................................................................................12 Figura 23. Primeira Irrigação do Plantio...................................................................................................12 Figura 24. Funcionamento do Hidrogel.....................................................................................................13 Figura 25. Coroamento Manual.................................................................................................................13 Figura 26. Capina Química........................................................................................................................14 Figura 27. Capina Manual.........................................................................................................................14 ii Figura 28. Capina Mecânica......................................................................................................................14 Figura 29. Barras de Asperção..................................................................................................................15 Figura 30. Aplicação de Herbicida Pré-emergente em Pós-plantio............................................................15 Figura 31. Efeitos da Aplicação de Herbicida Pré-emergente ..................................................................15 Figura 32. Efeitos da Aplicação de Herbicida em Pós-plantio..................................................................16 Figura 33. Principais Tipos de Poda em Ambientes Urbanos....................................................................16 Figura 34. Procedimento de Poda .............................................................................................................17 Figura 35. Desbaste Sistemático................................................................................................................18 Figura 36. Desbaste Seletivo.....................................................................................................................18Figura 37. Corte de Árvore com Motosserra.............................................................................................20 Figura 38. Corte e acúmulo de árvores com o Feller-buncher...................................................................20 Figura 39. Corte de Árvores com o Harvester...........................................................................................20 Figura 40. Extração de Árvores abatidas da Área de Plantio com o Forwarder.........................................20 Figura 41. Árvore cortada arrastada da Área de Plantio através de Guincho acoplado a Trator................21 Figura 42. Arraste das Toras com o Mini-skidder.....................................................................................21 Figura 43. Skidder utilizado para o Arraste de Toras................................................................................21 Figura 44. Descascador de Anel................................................................................................................21 Figura 45. Descascador de Tambor...........................................................................................................21 Figura 46. Consórcio Café-Inga-Louro Pardo...........................................................................................22 Figura 47. Sistema Silvipastoril.................................................................................................................23 Figura 48. Quintal Florestal com Criação de Galinhas..............................................................................23 Figura 49. SAF Sequencial (Roça – Capoeira)..........................................................................................23 Figura 50. Distribuição Espacial Misturada..............................................................................................24 Figura 51. Distribuição Espacial Uniforme...............................................................................................24 Figura 52. Distribuição Espacial Mista.....................................................................................................24 Figura 53. Distribuição Espacial em Faixas..............................................................................................25 Figura 54. Distribuição Espacial em Mosaico...........................................................................................25 Figura 55. Modelo de Cerca Viva..............................................................................................................26 Figura 56. Modelo de Mourão Vivo..........................................................................................................26 Figura 57. Modelo de Tutores Vivos.........................................................................................................26 Figura 58. Modelo de Quebra Vento Permeável........................................................................................27 Figura 59. Modelo de Limite Arborizado..................................................................................................27 Figura 60. Vista Externa do Formigueiro de Saúva...................................................................................28 Figura 61. Vista Externa do Formigueiro de Quenquém...........................................................................28 Figura 62. Cupins da Família Kalotermitidae............................................................................................29 Figura 63. Cupins da Família Rhinotermitidae..........................................................................................29 Figura 64. Cupins da Família Termitidae..................................................................................................29 Figura 65. Cupins do Gênero Heterotermes..............................................................................................29 Figura 66. Cupins do Gênero Syntermes...................................................................................................30 Figura 67. Cupim do Gênero Cornitermes.................................................................................................30 Figura 68. Cupim do Gênero Coptoterme..................................................................................................30 Figura 69. Lagartas Desfolhadoras de Eucalipto.......................................................................................30 Figura 70. Besouros Desfolhadores de Eucalipto......................................................................................31 Figura 71. Psilídeo.....................................................................................................................................31 Figura 72. Plantio de Eucalipto danificado pela Ação de Psilídeos ao Lado Esquerdo.............................31 Figura 73. Ataque de Psilídeos em uma Planta de Eucalipto.....................................................................32 Figura 74. Infestação do Psilídeo de Conchas ..........................................................................................32 iii 1. INTRODUÇÃO O plantio é uma das operações mais importantes para o sucesso da implantação de florestas. A adoção do sistema adequado requer uma definição clara de objetivos e usos potenciais dos produtos e subprodutos que se espera da floresta. O sucesso de um plantio e a obtenção de povoamentos produtivos e com madeira de qualidade deve ser pautado por práticas silviculturais como a escolha e limpeza da área, controle de pragas e doenças, definição do método de plantio e tratos culturais. O plantio se caracteriza como sendo a colocação da muda no campo. Pode ser mecanizado, manual ou semi mecanizado, dependendo da topografia, recursos financeiros e disponibilidade de mão de obra e/ou equipamentos (EMBRAPA FLORESTA, 2003). O plantio mecanizado ou semi mecanizado aplica-se onde a topografia é plana, possibilitando o uso de plantadoras traquinadas por tratores. As plantadoras, normalmente, fazem o sulavento, distribuem o adubo e efetivam o plantio. No sistema semi-mecanizado, as operações de preparo de solo e tratos culturais são mecanizados, e o plantio propriamente dito é manual. O plantio manual é recomendado para áreas com alta declividade ou em situações onde não é viável o uso de máquinas agrícolas (EMBRAPA FLORESTA, 2003). Em sua maioria, os plantios de Eucaliptos realizados no sul do Brasil adotam o sistema manual em função da rusticidade da espécie, da disponibilidade de mão-de-obra e, em muitas situações, pelas condições topográficas. Alguns fatores importantes devem ser definidos previamente antes do plantio propriamente dito, com destaque para o espaçamento de plantio, as operações de manejo, os tratos culturais e a adubação das mudas. Estas são operações básicas para a implantação de um maciço florestal ( EMBRAPA FLORESTA, 2003). Neste contexto, esta apostila foi elaborada com o objetivo de prover mão-de-obra capacitada na área de silvicultura de espécies exóticas, com ênfase para o Eucalipto, e que possam se constituir em monitores para a replicação no campo, prestando assistência técnica a pequenos e médios produtores rurais. São abordados especialmente as etapas da implantação florestal (preparo da área, sistema de plantio, tratos culturais e silviculturais), os procedimentos da colheita florestal e aspectos fitossanitários dos plantios. 2. IMPLANTAÇÃO FLORESTAL Entende-se por "implantação", o conjunto de operações que vai do preparo do solo até o momento no qual o povoamento possa se desenvolver sozinho, ficando o restante da rotação por conta das operações de manejoe proteção florestal. Embora a implantação seja uma fase de alta importância para o bom desenvolvimento da cultura, ainda não se tem equipamentos adequados para todas as suas fases, sendo utilizados equipamentos agrícolas adaptados (DANIEL, 2006). As operações de implantação consistem no preparo da área, no plantio, propriamente dito e nos tratos culturais. Durante o plantio é necessária a adoção de um conjunto de medidas silviculturais, como, por exemplo, a época do plantio (primavera ou início do verão, conforme a espécie), preparo do solo, adubação (fertilização mineral em doses apropriadas) e tratos culturais destinados a favorecer o crescimento inicial das plantas em campo (Ambiente Brasil, 2009). Tomando-se como exemplo o preparo para fins de cultivo de eucalipto, este tem apresentado uma ampla evolução nos últimos anos, passando desde o preparo mais esmerado até o cultivo mínimo, muito difundido e utilizado atualmente no setor florestal. Logicamente que, quando se generaliza o uso do equipamento ou o grau de mecanização sem se levar em conta todas as variáveis e peculiaridades de cada solo, clima e topografia, a probabilidade de dispêndio de dinheiro sem necessidade e a degradação do solo são praticamente inevitáveis. 2.1. PREPARO DA ÁREA No preparo da área definem-se as vias de acesso e o dimensionamento/posicionamento dos talhões, ações que facilitarão as operações de plantio, tratos culturais, operações de proteção, principalmente controle de fogo e as operações de retirada da madeira (EMBRAPA FLORESTA, 2003). Observa-se que o dimensionamento/ posicionamento dos talhões assume importância estratégica, pois as operações de exploração (derrubada e retirada da madeira) são responsáveis por mais de 30% do custo da madeira produzida e colocada no pátio da fábrica (EMBRAPA FLORESTA, 2003). O preparo do terreno está relacionado com as características da área onde será realizado o plantio. O preparo do solo para o plantio deve ser feito de maneira a propiciar maior disponibilidade de água para a cultura, visto que o regime hídrico do solo é um fator essencial para o crescimento da maioria das espécies de eucalipto. 1 Geralmente as operações são realizadas na seguinte ordem: − Construção de estradas e aceiros; − Desmatamento e aproveitamento da madeira; − Enleiramento ou encoivaramento; − Queima das leiras; − Desenleiramento; − Combate à formiga; − Revolvimento do solo; e − Sulcamento e/ou coveamento. O preparo do solo para plantio do eucalipto varia basicamente de acordo com o relevo e a vegetação predominante na área a ser plantada. Em outras palavras, os principais tipos de preparo do solo são realizados para terrenos planos ou inclinados e para áreas “sujas” ou “limpas” no que diz respeito à vegetação existente. Em áreas de relevo plano e com mata fechada ou abundância de árvores e arbustos, deve-se primeiramente realizar a retirada dessas plantas (trator, correntão etc.), seguida pela destoca e pela grade aradora. Em alguns casos, as plantas podem ser facilmente derrubadas e incorporadas ao solo simplesmente por meio de grade aradora. Após esse processo, cava-se os sulcos na área com o auxílio de um subsolador, de acordo com o espaçamento pré-estabelecido. É importante salientar que não se deve fazer os sulcos simplesmente por meio de sulcador, visto que o mesmo não é capaz de atingir uma profundidade satisfatória para o bom desenvolvimento das mudas de eucalipto. Quando o relevo é plano, mas não existe uma grande concentração de árvores e arbustos, a gradagem pode ser feita somente em faixas de aproximadamente dois metros de largura acompanhando os sulcos (R&S, 2003). Nos locais onde não existem plantas de grande porte (pastagens, terras para cultivo de grãos etc.), a passagem da grade aradora pode ser dispensada. Entretanto deve ser feito o controle químico das plantas daninhas por meio de herbicidas (a dosagem varia para cada caso). Após o controle químico, a área deve ser subsolada (R&S, 2003). Quando o terreno for muito inclinado, deve- se evitar ao máximo a retirada da cobertura vegetal existente para prevenir o surgimento de erosões. Desta forma, a alternativa viável para o reflorestamento de eucalipto é o plantio em covas. Quando a área ainda permitir o trabalho de máquinas agrícolas, as covas podem ser feitas por meio de broca perfuratriz acoplada à tomada de força do trator. Esta cova não deve ter dimensões inferiores a 30 x 30 x 30 cm. Caso não seja possível a abertura mecânica das covas, estas podem ser feitas manualmente, com o auxílio de cavadores (R&S, 2003). 2.1.1. Construção de Estradas e Aceiros A construção das vias de acesso deve considerar a distância máxima do arraste ou transporte da madeira no interior da floresta, que por razões técnicas e econômicas não devem ultrapassar os 150 m. Assim, os talhões devem ser dimensionados com no máximo 300 m de largura, com comprimento variando de 500 a l.000 m (EMBRAPA FLORESTA, 2003). A definição do tamanho do talhão é importante também para a proteção da floresta em caso de incêndio. Por exemplo, em áreas com alta declividade, a distância de arraste não deve exceder a 50 m (EMBRAPA FLORESTA, 2003). Os aceiros separam os talhões e servem de ligação às estradas principais, para o escoamento da produção da floresta. Estes podem ser internos (com largura de quatro a cinco metros) ou de divisa (com largura de 15 m). Além disso, recomenda-se que a cada quatro ou cinco talhões estabeleçam-se aceiros internos de 10 m de largura (EMBRAPA FLORESTA, 2003). É desejável que os aceiros possuam leitos transitáveis equivalente a aproximadamente 60% de sua largura. De modo geral, a área total ocupada por aceiros deve ser de 5% da área útil, quando consideradas áreas com topografia plana ou suavemente ondulada (EMBRAPA FLORESTA, 2003). O maior comprimento dos talhões deve estar no sentido N-S, sempre ligados a uma estrada de escoamento L-O de 15 m com leito carroçável cascalhado de pelo menos seis metros. A ilustração a respeito da construção de estradas e aceiros encontra-se na Figura 1. Nas áreas planas ou levemente onduladas a porcentagem de vias de acesso não deve exceder 5% do total, ou seja, um quilômetro para cada 15 a 20 ha. Já nas áreas inclinadas, esta porcentagem será maior, devido à extração manual e com animais, onde a distância de arraste não deve ultrapassar 40 a 50 m. Antes de se iniciar a construção de uma estrada florestal, o padrão desta deverá ser previamente estabelecido. Dentre os fatores que influenciam na determinação do padrão de uma estrada florestal, pode-se citar o custo de manutenção, o custo do transporte, o volume de madeira a ser transportado, a densidade de tráfego, entre outros. 2 Figura 01. Construção de Estradas e Aceiros Fonte: Daniel (2006). A classificação da rede viária é importante para que possa ser realizada a análise econômica das mesmas. Esta classificação varia muito de acordo com a empresa. No Brasil, as empresas classificam as estradas em: principal ou primária, secundária, terciária e caminhos de máquinas, trilhas ou ramais de extração, conforme apresentado na Figura 2 (CECHIN, 2009). Figura 02. Esquema Básico de uma Rede de Estradas Florestais Fonte: Cechin (2009).Onde: A = estrada de acesso; EP = estrada principal; EP’ = estrada principal + ramificação da estrada principal; ES = estrada secundária; b = distância entre estradas secundárias e; → sentido do arraste. Estrada Principal ou Primária A estrada principal é a estrada que serve como corredor de transporte, por meio do qual irá passar a maior parte da madeira extraída da área em referência. A estrada principal é utilizada como estrada mestra, ou seja, estrada que tem por objetivo dar acesso a todos os talhões do povoamento. Este tipo de estrada deve possuir um bom padrão de construção, a fim de permitir o tráfego de veículos durante o ano todo. Possui boa capacidade de sustentação, revestimento do leito carroçável e bom sistema de drenagem (CECHIN, 2009). Segundo MACHADO (1989), a estrada principal deve ter um greide máximo de 8% no sentido favorável ou adverso, aceitando-se até 10% a uma distância máxima de 150 metros e sua largura deve ser superior a seis metros. Geralmente possui uma única pista, os raios de curvatura e as inclinações não são muito acentuados e com faixas de insolação em ambos os lados da estrada. Estrada Secundária É a estrada responsável pela divisão da floresta em áreas de colheita e pela conexão dos pátios de estocagem na floresta com as estradas florestais. Esta é considerada uma ramificação da estrada principal e é por onde passará uma quantidade menor de madeira. Por isso, tem padrão de construção compatível com seu uso, por ser uma estrada de menor custo (CECHIN, 2009). Quase sempre não possuem revestimento do leito carroçável. Porém, possuem boa capacidade de sustentação e drenagem e faixa de insolação nos pontos necessários. As inclinações e os raios de curvatura não são muito acentuados. As estradas secundárias são planejadas com o objetivo de proporcionar acesso aos talhões e devem possuir um padrão de construção mais simples e somente são usadas em condições climáticas favoráveis e em determinadas épocas do ano (uso sazonal). Segundo MACHADO (1989), o greide máximo permitido é de 12% no sentido favorável ou adverso, aceitando-se até 15% no 3 sentido favorável a uma distância máxima de 150 metros. Geralmente possui alargamentos e largura variando entre 3,5 e 4,8 metros. Estrada Terciária A estrada terciária é encontrada somente nas áreas de produção. Não possui nenhum revestimento e por apresentarem uma qualidade inferior, normalmente este tipo de estrada é de uso sazonal. Muitas vezes é confundida com caminhos de máquinas. A diferença básica é que na estrada terciária existe movimentação de terra (retirada de solo), enquanto nos caminhos de máquinas não há (CECHIN, 2009). Caminhos, Trilhas ou Ramais de Extração São vias de acesso, responsáveis pela ligação da área de corte e os pátios de estocagem da madeira. No local, somente são retiradas as árvores e realizado o rebaixamento dos tocos para que as máquinas possam realizar as manobras necessárias nas atividades de corte e extração da madeira, dentro do povoamento florestal (CECHIN, 2009). Estas vias servem de acesso para as máquinas ao interior do talhão e servem somente para a retirada da madeira de um determinado ponto. Normalmente os caminhos de máquinas são utilizados para a colheita de madeira em florestas nativas, enquanto que as trilhas ou ramais são utilizados na colheita em florestas plantadas. A pista de rolamento é a própria superfície do terreno, a drenagem é deficiente, não há revestimento da pista e não possuem faixa de insolação. MACHADO (1989) afirma que o greide máximo favorável é de 18% e o adverso 12%. Estas estradas não possuem nenhum preparo de solo e praticamente não tem rede de drenagem. A largura da estrada varia de três a quatro metros, de acordo com a largura da máquina. 2.1.2. Limpeza do Terreno A limpeza do terreno para plantio corresponde às operações de derrubada da vegetação, remoção e enleiramento dos resíduos da exploração. Na limpeza do terreno recomenda-se retirar apenas o material aproveitável, como por exemplo, a lenha, utilizada para energia ou carvão, madeira para serraria, mourões, sendo que o restante do material, considerado como resíduo da exploração, deve permanecer no campo como uma importante reserva de nutrientes (EMBRAPA FLORESTA, 2003). Dependendo da densidade da vegetação a ser retirada e da topografia do local (deve-se observar os aspectos legais), pode-se utilizar equipamentos e/ou máquinas pesadas. Dentre eles podemos citar o correntão, a lâmina KG e a lâmina “bulldozer” (EMBRAPA FLORESTA, 2003). Correntão É utilizado em áreas com vegetação mais fraca (diâmetro inferior a 45 cm), sem pedras ou depressões, de declividade suave e densidade inferior a 2.500 árvores por hectare. Com uma corrente pesada, puxada por dois tratores de esteiras, passa-se sobre a área, cortando o declive em faixas de 25 a 50 m, e novamente em arrepio, para facilitar o trabalho de enleiramento (Figura 3). Em áreas leves de cerrado, dois tratores de pneus com proteções nas rodas e pesos, podem realizar um bom trabalho com correntes não muito longas (DANIEL, 2006). Figura 03. Esquema de Derrubada com Correntão Fonte: (Daniel) 2006. A corrente deve ter um comprimento total de 90 a 150 m, levando-se em conta que o seu tamanho deve ser de duas a três vezes a distância entre as máquinas. O seu peso deve variar de 50 a 120 kg m-1. Deve ter de 30 em 30 m e no engate das máquinas, destorcedores para evitar rupturas. 4 Devido à necessidade de grandes distâncias para que esse trabalho torne-se econômico, recomenda-se que seja feito em áreas com pelo menos 400 ha, onde seu rendimento atinge dois a quatro ha.h-1 (DANIEL, 2006). Lâmina KG Para a vegetação mais pesada, a lâmina KG faz o corte das árvores a baixa altura (DANIEL, 2006). Depois faz-se o arrancamento dos tocos com o "stumper" e o enleiramento, que consiste em amontoar ou empilhar as árvores derrubadas em leiras, camadas contínuas (Figura 4). Figura 04. Trator de Esteira Equipado com Lâmina KG Fonte: (Daniel) 2006. Lâmina “Bulldozer” Empresas florestais e agrícolas com menos recursos, utilizam esse tipo de lâmina para desmatamento, acoplada ao trator de esteiras (Figura 5) ou de pneus. No entanto ela é preparada para terraplanagem, o que ocasiona o acúmulo de material orgânico e parte do solo para as leiras (DANIEL, 2006). Figura 05. Trator de Esteira Equipado com Lâmina “Bulldozer” Fonte: Daniel (2006). Se houver na área a ser desmatada madeira para serraria, esta deve ser retirada antes da derrubada. O restante da madeira deve ser aproveitada para lenha, de modo a diminuir os custos de preparo de área, e para não desperdiçar material (DANIEL, 2006). Após a derrubada e secagem do material, faz-se o enleiramento a distâncias de 40 a 120 m dependendo da quantidade de resíduos a ser empurrada. Procede-se à queima das leiras, ajuntamento e encoivara até eliminação completa dos restos. A encoivara consiste no empilhamento dos troncos, galhos e ramagens não queimados durnate a primeira queima, para submetê-los a uma segunda queima a fim de limpar completamente o terreno. Algumas empresas fazem a queima antes do enleiramento, mas não é aconselhável, devido ao desperdício de matéria orgânica, que se não for queimada, pode ser incorporada na gradagem(DANIEL, 2006). Para a operação de enleiramento deve-se dar preferência ao uso do ancinho enleirador (Figura 6) que não leva a camada superficial do solo para as leiras. A terra nas leiras pode facilitar o aparecimento de formigas e dificultar a queima. Figura 06. Ancinho Usado na Operação de Enleiramento Fonte: Daniel (2006). 2.1.3. Combate à Formiga A formiga é a praga que causa os maiores prejuízos ao empreendimento florestal, podendo destruir plantios inteiros. O eucalipto, por exemplo, morre após o terceiro desfolhamento (DANIEL, 2006). O primeiro combate deve ser feito antes do revolvimento do solo, para facilitar a localização dos olheiros. Existem dois gêneros de importância, a Acromyrmex e a Atta. Acromyrmex spp. O formigueiro da chamada "quenquém" (Figura 7), pode ser de difícil ou fácil localização, dependendo da espécie. Em algumas, o formigueiro tem uma construção de pequenos 5 ramos secos. O controle químico é feito com isca ou qualquer inseticida ou formicida em pó. Para o caso das formigas com ninhos superficiais, estes devem ser revolvidos e o veneno aplicado sobre as panelas. O controle cultural consiste de aração e/ou gradagem do solo. Trezentos formigueiros por ha podem levar à perda de 60% de cepas de eucalipto em brotação (PACHECO, 1991). Figura 07. Formiga (Acromyrmex spp.) Fonte: Peirano (2009). Atta spp. Chamadas "saúvas" (Figura 8). Para o controle químico com iscas deve-se observar a espécie, cálculo da área do formigueiro, produto e época de aplicação. Figura 08. Formiga do Gênero (Atta spp.) Fonte: Peirano (2009). Formicidas Os formicidas disponíveis no mercado são sob a forma de pó seco, de iscas granuladas e de líquidos termonebuláveis. As iscas granuladas são as mais utilizadas na área florestal devido a fácil aplicação, baixo custo, alto rendimento em áreas limpas e menor perigo aos aplicadores. Os dois princípios ativos usados para a produção de iscas encontrados no comércio são sulfluramida e fipronil. Estes princípios ativos participam com 0,3 a 0,5% da isca, sendo que o restante é composto de material que funciona como atrativo para as formigas (SIXEL e GOMEZ, 2008). A dosagem da isca granulada depende do tamanho do formigueiro. Uma regra prática é aplicar aproximadamente seis gramas de isca por metro quadrado da superfície de terra solta (maior largura x maior comprimento). A isca é aplicada com dosadores próximo aos olheiros ou dos caminhos formados (10 a 15 cm de distância, ao lado do carreiro). Exemplo: 10 metros de comprimento x cinco metros de largura = 50m² de área de formigueiro x seis gramas de isca = 300 g para cada oito olheiros = 38 g por olheiro (Figura 9) (CAF, 2008). Figura 09. Dosagem da Isca Granulada Fonte: CAF (2009). 2.1.4. Preparo do Solo para o Plantio O solo das áreas destinadas ao plantio de florestas deve receber cuidados especiais, visto que dele dependerá, em grande parte, o resultado econômico da atividade. O principal objetivo do preparo do solo é oferecer condições adequadas ao plantio e estabelecimento das mudas no campo (EMBRAPA FLORESTA, 2003). Como condições adequadas podem-se considerar a redução da competição por ervas daninhas, melhoria das condições físicas do solo (ausência de compactação) e a presença de resíduos da exploração (folhas e galhos devidamente trabalhados para não prejudicarem as operações que demandam uso de máquinas). Os resíduos são importantes na manutenção da matéria orgânica no solo e, conseqüentemente, para a ciclagem e disponibilização de nutrientes às plantas (EMBRAPA FLORESTA, 2003). O preparo do solo florestal é feito uma vez em cada rotação. Portanto, deve reduzir ao máximo a competição com ervas daninhas e melhorar a capacidade de retenção de umidade e propriedades físicas. Algumas culturas são mais exigentes no preparo do solo, como é o caso dos eucaliptos, justificando-se do ponto de vista técnico e econômico. No preparo do solo recomenda-se a realização da subsolagem, uma aração profunda, com profundidade variando de 30 a 60 cm, dependendo do tipo de solo, em solos argilosos, a profundidade deverá ser maior (Figura 10). 6 Figura 10. Subsolagem no Preparo do Solo Fonte: Forest Brazil (2009). Para subsolagem utiliza-se o espaçamento de três metros entre as linhas de plantio e essa distância é recomendada para possibilitar o trânsito de tratores na floresta plantada. Na linha de plantio o espaçamento entre as plantas pode variar de um a três metros (Forest Brazil, 2009). A pesquisa e mapeamento dos solos da área deve ser feito, para que se faça um bom preparo de solo, visto que em alguns casos a camada de solo fértil é muito pequena, e uma gradagem profunda pode trazer subsolo infértil para a superfície (DANIEL, 2006). Nos terrenos de inclinação média, ao invés do revolvimento total, usa-se passar enxada rotativa numa faixa de 70 cm de largura por 15 cm de profundidade onde serão as linhas de plantio. Para fortes inclinações, usa-se a abertura manual de covas com dimensões de 30 x 30 cm (DANIEL, 2006). Um equipamento que vem sendo difundido é a grade "bedding". Possui seis discos de 32" por 1,27 cm de espessura, pesando até 3.047 kg com lastro, proporcionando uma largura de corte de 2,13 m, própria para atividades florestais (DANIEL, 2006). Na sua passagem, forma um camaleão, pois seus discos são voltados para dentro (figura 11). É tracionada por tratores de 140 HP, de esteiras ou pneus tração 4 x 4. Figura 11. Grade Bedding Usada no Preparo do Solo Fonte: Daniel (2006). A grade "bedding" faz de uma só passada, o revolvimento, o camaleão, o alinhamento do plantio, e dependendo da adaptação, faz também a adubação. Vem sendo utilizada freqüentemente na reforma de povoamentos, onde o centro da grade passa sobre os tocos, sufocando-os com o camaleão, evitando o rebrotamento (DANIEL, 2006). Cultivo Mínimo do Solo O cultivo mínimo do solo consiste em revolvê-lo o mínimo necessário, mantendo os resíduos vegetais (da cultura e de plantas invasoras) sobre o solo como cobertura morta. Para plantações florestais, prevê a realização de um preparo localizado apenas na linha ou na cova de plantio. Devido ao amplo espaçamento de plantio, geralmente, de três metros entre as linhas de plantio, o volume de solo revolvido é bem menor do que aquele realizado para culturas anuais (SIXEL & GOMEZ, 2008). Os implementos mais usados em áreas manejadas no sistema de cultivo mínimo são o subsolador (profundidade de trabalho superior a 30 cm), o escarificador (profundidade de trabalho até 30 cm), o coveador mecânico e implementos manuais que são utilizados em áreas muito declivosas (forte ondulada e montanhosa) (Figura 12) (GONÇALVES et al., 2002). 7 Figura 12. Implemento Usado em Áreas de Cultivo Mínimo Fonte: Sixel e Gomes (2008). 2.2. SISTEMA DE PLANTIO 2.2.1. Espaçamento O espaçamento adotado para o plantio influencia o crescimento da floresta, a qualidade da madeira produzida, a idade de corte, os desbastes, as práticas de manejo e, conseqüentemente, os custos de produção. O espaçamento, ou densidade de plantio, é provavelmente uma das principais técnicas de manejo que visa à qualidade e a produtividade da matéria-prima (EMBRAPA FLORESTA, 2003). Este deve ser definido em função dos objetivosdo plantio, considerando-se que a influência do espaçamento é mais expressiva no crescimento em diâmetro do que em altura. O planejamento da densidade de plantio também deve visar à obtenção do máximo de retorno por área (DANIEL, 2006). Se, por um lado, a densidade for muito baixa, as árvores não aproveitarão todos os recursos, tais como água, nutrientes e luz disponíveis e, por conseqüência, haverá menor produção por unidade de área. Por outro lado, se a densidade de plantio for muito elevada, tais recursos não serão suficientes para atender a demanda do povoamento, o que também repercutirá no decréscimo de volume e na própria qualidade das árvores (EMBRAPA FLORESTA, 2003). O espaçamento menor faz com que a competição ocorra mais cedo, acelerando o ciclo de corte e os desbastes. O passar da idade aumenta o número de árvores dominadas, o que é intensificado nos espaçamentos mais apertados, prejudicando o volume final (DANIEL, 2006). Normalmente os plantios são executados com espaçamentos variando entre 3 x 2 m (6 m² por árvore) e 3 x 3 m (9 m² por árvore), os quais favorecem os tratos culturais mecânicos (Figura 13). Visando a produção de madeira para laminação, serraria e fina para papel e celulose, geralmente são utilizados os espaçamentos de 3,0 x 2,5 (1.333 árvores/ha) ou 3,0 x 2,0 (1.666 árvores/ha). Em locais com déficit hídrico os espaçamentos tendem a ser maiores (EMBRAPA FLORESTA, 2003). Porém, uma floresta pode ser manejada com adensamento inicial maior, acompanhada pela realização de desbastes no decorrer do crescimento, proporcionando um volume maior de madeira por área. Figura 13. Espaçamento Usado no Plantio de Eucalipto Fonte: Embrapa Floresta (2003). Empresas integradas destinam a madeira dos primeiros desbastes para energia ou celulose, e as árvores remanescentes do povoamento, com porte mais expressivo, são utilizadas para a fabricação de serrados ou para a laminação (EMBRAPA FLORESTA, 2003). − Espaçamentos maiores, com baixa densidade, visam a produção em volume individual, possuem menor custo de implantação, porém exigem maior número de tratos culturais, geram maior conicidade de fuste, e demandam desbastes tardios (EMBRAPA FLORESTA, 2003). − Espaçamentos menores, com alta densidade, visam maior produção em volume por hectare, acarretam um rápido fechamento do dossel, demandam um menor número de tratos culturais, geram uma menor conicidade do fuste, e exigem desbastes precoces (EMBRAPA FLORESTA, 2003). Quanto à forma dos espaçamentos, os quadrados ou retangulares são os mais indicados e praticados, podendo ser bastante apertados para produção de madeira para fins energéticos, ou mais amplos, quando se deseja matéria-prima para fins de fabricação de papel e celulose ou madeira serrada e lâminas de madeira (EMBRAPA FLORESTA, 2003). Para demarcar o espaçamento, o primeiro 8 passo é fazer a demarcação de uma linha mestra no sentido da declividade do terreno, fixando balizas de três metros de comprimento, devidamente alinhadas. Em seguida, a partir da linha mestra, faz-se a demarcação das demais linhas, respeitando uma distância de três metros entre elas. Use um enxadão com cabo de 2,5 metros para demarcar o espaçamento entre covas (Figura 14) (CAF, 2008). Figura 14. Demarcação de Espaçamento Fonte: CAF (2009). 2.2.2. Adubação A adubação é uma prática que visa suprir as demandas nutricionais das plantas, na busca por maior produção. No Brasil, as maiores limitações nutricionais têm sido observadas quanto ao elemento P (fósforo). Contudo, o aumento do número de rotações, leva à demanda por outros nutrientes (BARROS et al., 2000). No caso do eucalipto, entre 70-80% da exigência nutricional das árvores, ocorrem na fase inicial de desenvolvimento da cultura (SANTANA et al., 1999), sendo, portanto, a fase inicial, o período indicado para a aplicação dos fertilizantes. Para o plantio de áreas florestais, a adubação é realizada em momentos distintos durante a produção da floresta, dividida em três ou quatro aplicações – até os 24 meses de plantio (GONÇALVES, 2006). Após este período, ocorre o fechamento das copas, iniciando a ciclagem de nutrientes. Porém, as dosagens mudam de acordo com seu desenvolvimento. Na fase inicial são comumente aplicadas maiores dosagens de P. Somente a partir da segunda aplicação, aumenta-se a dosagem de N (nitrogênio) e K (potássio). No programa de fertilização aqui estabelecido, todo o processo é compreendido pelas seguintes etapas: − Calagem: fornecimento de Ca (cálcio) e Mg (magnésio); − Adubação de base: fornecimento de P, N, K, B (boro); e − Adubação de cobertura: fornecimento de N, K, B e Zn (zinco). Antes de qualquer tomada de decisão é recomendado que se faça uma análise do solo para avaliar a necessidade de calagem e a adubação mais adequada. Calagem Calagem é uma etapa do preparo do solo para cultivo florestal na qual se aplica calcário com o objetivo de elevar os teores de cálcio e magnésio (GONÇALVES, 2005). Para sua aplicação é indicado que seja feita com antecedência ao plantio (aproximadamente dois meses) e realizada a lanço na superfície do solo (Figura 15). Figura 15. Calagem Durante o Preparo do Solo Fonte: Gonçalves (2005). Efeitos da calagem: − Físicos: a granulação das parículas promove melhoria da estrutura do solo, bem como de sua porosidade, permeabilidade e capacidade de aeração; − Químicos: correção da acidez do solo e aumento da disponibilidade de alguns nutrientes principalmente o Ca e o Mg; e − Biológicos: estímulo ao desenvolvimento da vida microbiana. Adubação de Base A regra é colocar o adubo o mais perto possível da muda. O adubo pode ser aplicado na cova ou no sulco de plantio. No primeiro caso o adubo deve ser colocado no fundo da cova antes do plantio, bem misturado com a terra para evitar danos à raiz das mudas No segundo caso o adubo é distribuído no fundo do sulco de plantio, aberto pelo sulcador, ou outro implemento agrícola (EMBRAPA FLORESTA, 2003). Portanto, pode ser realizada junto com a subsolagem sendo o adubo aplicado em filetes, ou em covetas laterais no plantio (Figura 16). Tais covetas devem ficar de cinco a 10 cm de distância da muda, sendo o adubo colocado em uma ou duas covetas por planta. 9 Figura 16. Adubação em Covetas Laterais Fonte: Sixel e Gomes (2008). Adubação de Cobertura Embora não seja uma prática comum, a adubação de cobertura é indicada, pois ela complementa a adubação de plantio. No caso de não se fazer a adubação de cobertura, a quantidade recomendada para plantio e cobertura devem ser aplicadas no ato do plantio (EMBRAPA FLORESTA, 2003). A adubação de cobertura pode ser parcelada entre duas a quatro aplicações e realizada de maneira manual com aplicação do adubo na projeção da copa, no período de três a 24 meses após o plantio (Figura 17). Realiza-se ainda de maneira mecanizada em um filete contínuo. Nos dois tipos de aplicações, deve-se iniciar a partir de um diâmetro de copa superior a 40 cm (GONÇALVES, 2007) Figura 17. Adubação de Cobertura Fonte: Griff Florestal (2009). 2.2.3. Coveamento e Sulcamento O sulcamento é utilizado em solos livres de tocos, raízes e pedras, e de topografia poucoacidentada. Após o revolvimento do solo, abrem-se sulcos de 20 a 25 cm de profundidade, acompanhando o nível do terreno (DANIEL, 2006). O coveamento é utilizado em solos de topografia acidentada, com pedras ou tocos, que possam dificultar o trabalho de máquinas. É operação comum em áreas de reforma e onde se usa a grade "bedding" (DANIEL, 2006). As covas têm as dimensões suficientes para o tamanho das mudas (Figura 18). Em terrenos inclinados, deve-se fazer o sulcamento em nível, para facilitar o coveamento. Os sulcos devem ser feitos com as linhas afastadas, de acordo com o espaçamento escolhido. As covas devem ser abertas sobre os sulcos, a cada dois metros. As covas devem ser abertas, de preferência, no mesmo dia do plantio, tendo aproximadamente 20 cm de diâmetro e 20 a 30 cm de profundidade (EBOLI, 1999). Figura 18. Ferramentas Utilizadas no Coveamento Fonte: Icoferme (2009). 2.2.4. Prevenção a Cupins Os cupins atacam o colo das plantas, iniciando sua atividade logo após o plantio. Portanto, antes de serem levadas ao local de plantio as mudas devem ser selecionadas, quanto a tamanho e qualidade, visando um plantio mais uniforme, devendo ser “banhadas” em uma solução com cupinicida (Figura 19) e se necessário com fertilizantes de monoamônio-fosfato – MAP (0,5 a 1%) (HIDROPLAN, 2009). 10 Figura 19. Tratamento das Mudas com Cupinicida Fonte: Hidroplan (2009). O cupim do gênero Coptotermis spp., tem atacado em áreas de cerrado nos Estados de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. É conhecido como cupim do cerne, e instala-se na planta quando jovem ou adulta, corroendo o cerne muitas vezes até oito metros de altura. Raramente mata as árvores. Entretanto, causa perda de volume e qualidade de madeira, e normalmente é detectado na época da exploração, quando as estimativas de quantidade de material não mais condizem à realidade (DANIEL, 2006). 2.2.5. Plantio O plantio pode ser feito de três formas: Manual, semi-mecanizado ou mecanizado. A escolha do método depende de uma série de fatores, que estão relacionados principalmente com a disponibilidade de mão-de-obra, declividade do terreno e tipo de preparo de solo utilizado. O plantio mecanizado é ainda pouco usado, porém está sendo adotado em grandes propriedades com bons resultados dentro do critério técnico de cada propriedade. O semi mecanizado é o mais usado hoje pelo setor florestal, por ser de baixo custo, fácil manutenção, bom rendimento e fácil manuseio e permite o planejamento do plantio o ano todo (HIDROPLAN, 2009). Plantio Manual Providencia-se a marcação, e em seguida abrem-se as covas, que serão adubadas sobre os montículos da terra retirada. A muda é colocada no buraco, livre da embalagem e recoberta com o solo misturado com o adubo (DANIEL, 2006). Uma alternativa à abertura de covas para o plantio das mudas é o uso do “pottiputki”, uma plantadeira manual (Figura 20). Faz-se a penetração do instrumento no solo, coloca-se a muda no tubo, e com o pé pressiona-se a extremidade inferior que se abre, permitindo a decida da muda. Uma dificuldade deste sistema é a adubação. Em função disto este instrumento é mais recomendado para situações onde não há necessidade de incorporação de fertilizantes. Em caso de necessidade, o produto podes ser depositado ao redor da cova, providenciando uma leve incorporação (DANIEL, 2006). Figura 20. Utilização da Plantadeira Manual Fonte: Sixel e Gomes (2008). Plantio Semi-mecanizado É realizado onde a topografia permite. As linhas de plantio podem ser delimitadas concomitantemente ao se passar o sulcador, que deve ter as linhas de orientação demarcadas previamente. A marcação das covas pode ser feita manualmente, ou em alguns casos, através da máquina distribuidora de mudas, que possui marcas nas rodas que identificam o local (DANIEL, 2006). A distribuidora de mudas consta de uma carreta pequena e baixa, com rodas de ferro e lugares para duas pessoas sentarem. Conforme o deslocamento, os operários soltam as mudas a cada marca das rodas (DANIEL, 2006). Quando se usa outro tipo de marcação de covas, é comum o uso de carreta convencional, transportando as mudas com as tampas laterais abertas, e operários vão andando e colocando as mudas nos locais demarcados (DANIEL, 2006). Há equipamentos um pouco mais sofisticados, que sulcam o terreno, aplicam fertilizante e inseticida anti-cupim, e distribuem as mudas em espaços determinados. Operários vêm atrás efetuando o plantio (Figura 21). 11 Figura 21. Utilização da Plantadeira Manual Fonte: Hidroplan (2009). Plantio Mecanizado Os equipamentos para este tipo de plantio raramente são utilizados no Brasil. A Figura 22 ilustra-se uma plantadeira simples que pode ser tracionada até mesmo por animais, e uma mais sofisticada, tracionada por trator. Estes implementos realizam concomitantemente as operações de abertura de cova, adubação, aplicação de inseticida e plantio (DANIEL, 2006). Figura 22. Plantadeira Mecanizada Fonte: Daniel (2009). 2.2.6. Irrigação A aplicação de água no solo tem finalidade de fornecer às mudas a umidade necessária ao seu desenvolvimento. A irrigação no campo pode ser realizada quando o plantio se dá em épocas secas, sendo recomendado acima de três litros de água por planta (MAGALHÃES et al., 1978). A irrigação é feita com carreta pipa tracionada por trator, munida de mangueiras, e repetida de uma a três vezes, conforme o período, para garantir a sobrevivência e bom pegamento (Figura 23). Figura 23. Primeira Irrigação do Plantio Fonte: Sixel e Gomes (2008). Como a irrigação é uma prática silvicultural cara, surgiram algumas alternativas como o hidrogel, que retém a água de irrigação por maior período de tempo, disponibilizando-a de maneira gradativa para as plantas, o que resulta na diminuição da mortalidade das mudas. A aplicação mais prática do hidrogel é na cova de plantio e hidratado (SIXEL & GOMEZ, 2008). A técnica pode ser empregada em qualquer tipo de solo, mas os resultados em terrenos arenosos aparecem mais principalmente nos período mais secos, ou em regiões com problemas com o abastecimento de água. O uso do gel se faz essencial, sobretudo diante da possibilidade de cobrança pelo uso da água, pois a economia desse bem chega até 60% (PEREIRA, 2009). Com o gel, a muda de eucalipto fica úmida no período mais crítico do desenvolvimento da planta, eliminando a exigência de irrigação imediata. Dependendo da condição do solo, a planta pode ficar de oito a 15 dias sem irrigação. Na média, o consumo de água cai de 6,5 litros por muda para 2,6 litros. Reduzindo o nível de mortalidade das plantas, reduzindo o replantio (5- 10%). Pelo método anterior, a muda plantada manualmente era irrigada com freqüência maior (PEREIRA, 2009). A adição de hidrogéis no solo otimiza a disponibilidade de água, reduz as perdas por percolação e melhora a aeração e drenagem do solo, acelerando o desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea das plantas (Figura 24) (GONÇALVES, 2003). 12 Figura 24. Funcionamento do Hidrogel Fonte: Pereira (2009). Sem irrigação, o plantio só pode ser feito durante a estação chuvosa. No entanto, algumas empresas estão plantando o ano todo, utilizando trêslitros de água por cova, o que possibilita a continuidade da contratação de mão-de-obra e aumento da área plantada anualmente (DANIEL, 2006). 2.2.7. Replantio O replantio é feito de 15 a 30 dias após o plantio, se a sobrevivência for inferior a 90%. Em eucalipto, a experiência tem demonstrado que o replantio após 15 dias é improdutivo, visto que estas plantas não conseguem mais acompanhar as do plantio, tornando-se na maioria, dominadas (DANIEL, 2006). Se a causa da mortalidade for praga, deve-se procurar controlá-la antes do replantio. Se for doença, deve-se fazer o replantio um pouco mais distante da cova afetada. Os mesmos tratos culturais para o plantio, devem ser seguidos também para o replantio. O período estipulado para o replantio não deve ser ultrapassado, pois caso ocorra, as mudas transplantadas possivelmente serão sombreadas, prejudicando seu desenvolvimento. 2.3. TRATOS CULTURAIS Algumas espécies, como os eucaliptos, são sensíveis em sua fase inicial, às plantas daninhas, necessitando de tratos culturais até o estabelecimento da cultura que varia com a espécie, região, condições de solo, espaçamento e tratos oferecidos às plantas. Os tratos culturais são essenciais para se evitar o atraso no crescimento inicial por competição, já que deve-se aproveitar o rápido crescimento em altura nessa fase. A união de um bom preparo do solo, fertilização, seleção e padronização de mudas, uso de espécies e procedências adequadas, concorrerão para a diminuição dos tratos culturais, em face à rápida formação do povoamento (DANIEL, 2006). A mato-competição, ocasionada por ervas daninhas, é um dos fatores limitantes ao estabelecimento de plantios no Brasil, afetando o desenvolvimento das culturas florestais através da competição por água, luz e nutrientes. A escolha do melhor sistema de controle às plantas invasoras dependerá do tamanho da área, da cultura, época de plantio, orçamento disponível, rendimentos operacionais e taxa de colonização, entre outros (SIXEL & GOMEZ, 2008). Geralmente, no primeiro ano de plantio, são necessárias três capinas. No segundo, duas roçadas, e no terceiro ano, uma roçada. Para eucaliptos, devem ser efetuadas até que a árvore atinja três metros de altura; que pode ser alcançada em 12 meses. Quando as árvores atingirem altura média de quatro metros, pode-se substituir os tratos culturais por pastoreio (bezerros, cabras e ovelhas) e, a partir do terceiro ano, animais adultos, como bois, podem ser utilizados. Segundo Toledo (2003), o período de maior incidência de mato-competição em plantações de eucalipto ocorre até o sétimo mês após o plantio. É nesse período, portanto, que se deve ter mais cuidados no controle das plantas invasoras. 2.3.1. Coroamento O coroamento, normalmente acontece quando a muda está com aproximadamente 45-60 dias de plantada (Figura 25). Este é um método manual, que utiliza apenas a enxada como equipamento. É feito logo após o plantio, ao redor da muda, um coroamento com uma área com raio de aproximadamente 50 cm. Esta operação consiste em retirar todo e qualquer mato- competição que estiver próximo a muda (AMBIENTE BRASIL, 2009). Figura 25. Coroamento Manual Fonte: Araucária Consultoria (2009). 13 2.3.2. Capina Durante a capina raspa-se a parte superficial do solo (plantas rasteiras são eliminadas). O número de capinas varia de acordo com a taxa de crescimento das árvores, do nível de infestação de ervas, do espaçamento e do sistema de preparo de solo. Para o pinus, em geral usa-se duas capinas no primeiro e segundo anos, e uma capina no terceiro e quarto anos, enquanto no eucalipto, que fecha rapidamente as copas, faz-se duas a três capinas apenas (DANIEL, 2006). A capina pode ser química, manual ou mecânica. Capina Química A capina química é efetuada através de produtos químicos chamados herbicidas. Este método de controle é muito utilizado em plantações de eucalipto, em razão de seus resultados serem rápidos, eficientes e prolongados (SITIO VR, 2009). A capina química permite o controle das plantas daninhas antes da sua emergência ou depois da sua emergência com menor possibilidade de reinfestação, com conseqüente redução de tratos culturais. No entanto, esse método apresenta a desvantagem da necessidade de mão de obra especializada e responsável, além de adequada orientação técnica. (Figura 26). Figura 26. Capina Química Fonte: Papai (2009). Capina Manual A capina manual é realizada através da enxada e normalmente é realizada apenas na linha de plantio devido ao baixo rendimento da operação (SITIO VR, 2009) (Figura 27). Figura 27. Capina Manual Fonte: Papai (2009). Capina Mecânica A capina mecânica é realizada através da roçadora acoplada ao trator ou através de motoroçadora (Figura 28), apresentando uma maior produtividade em relação a capina manual. Entretanto, apesar deste método ser mais prático e apresentar um alto rendimento, o mesmo apresenta certos inconvenientes, como, um curto período de controle, obrigando a repetir a operação diversas vezes, pois é eliminada apenas a parte aérea da planta competidora. Ainda no caso da roçadora acoplada ao trator, a capina é realizada apenas na entrelinha, necessitando de uma nova operação para o controle na linha de plantio (SITIO VR, 2009). Figura 28. Capina Mecânica Fonte: Localix (2010). 2.3.3. Roçada Roçadas: corta-se a vegetação mais alta. Gradeação: faz-se entre as linhas de plantio; é uma limpeza superficial. 2.3.4. Aplicação de Herbicida O controle das ervas daninhas é normalmente executado com utilização de herbicidas, podendo ser de pré ou pós-emergência. Os de pós-emergência mais usados são à base de gliphosate e os de pré são os conhecidos como oxifluorfen. 14 Para este tipo de controle recomenda-se a aplicação em três fases: 1. Aplicação de herbicida pós-emergente em área total antes do plantio; 2. aplicação de herbicida pré-emergente nas linhas de plantio; e 3. aplicação de herbicida pós-emergente após o plantio; Aplicação de Herbicida Pós-emergente em Área Total antes do Plantio A aplicação de herbicida antes do plantio para o preparo da área pode ser feito aproximadamente 15 - 25 dias antes do plantio. Para esta aplicação, o herbicida glyphosate é o mais usado em plantios comerciais, pois este possui um efetivo controle sobre grande número de espécies invasoras (SANTOS et al., 2006). Na aplicação em área total são utilizadas barras de aspersão que cobrem grande superfície (Figura 29). Figura 29. Barras de Asperção Fonte: Sixel e Gomes (2008). Aplicação de Herbicida Pré-emergente nas Linhas de Plantio Os herbicidas pré-emergentes são produtos usados para controlar o banco de sementes das plantas daninhas depositadas sobre o solo. Sua aplicação é realizada logo após o plantio das mudas, numa faixa de aproximadamente um metro na linha de plantio, pois este não possui ação sobre as mudas (Figuras 30 e 31). Os herbicidas pré-emergentes mais utilizados no meio florestal são o isoxaflutole e o oxyfluorfen (HIDROPLAN, 2009). Figura 30. Aplicação de Herbicida Pré- emergente em Pós-plantio Fonte: Hidroplan (2009). Figura 31. Efeitos da Aplicação de Herbicida Pré-emergente Fonte: Hidroplan (2009). Aplicação de Herbicida Pós-emergente após o Plantio A aplicação de pós-emergente apóso plantio deverá ser efetuado até o período de ocorrência da mato competição. Nesta fase o herbicida pós- emergente pode ser aplicado nas entrelinhas de plantio (aplicação mecânica), ou nas linhas de plantio (manual) (Figura 32). Tomando-se cuidados para não ocorrer deriva às mudas. O número de aplicações depende da intensidade de infestação, sendo normalmente realizado uma ou duas aplicações (SIXEL & GOMEZ, 2008). 15 Figura 32. Efeitos da Aplicação de Herbicida em Pós-plantio Fonte: Hidroplan (2009). 2.4. TRATOS SILVICULTURAIS Visam uma melhoria das condições de crescimento de indivíduos isolados ou alterações das condições ambientais em povoamentos para melhorar a estabilidade biológica. Segundo o Ambiente Brasil (2009), são funções dos tratos silviculturais: − Proteção: evitar o ataque de insetos e danos físicos e proteção a temperaturas extremas; − Seleção: eliminar fenótipos desfavoráveis; selecionam-se as melhores árvores em crescimento e desenvolvimento; − Educação: controla o ambiente com intervenções rigorosas e criteriosas: retirada de galhos, controle de densidade; e − Acessórias: melhoria visual do povoamento, melhoria do sítio. Figura 33. Principais Tipos de Poda em Ambientes Urbanos Elaborado por STCP 2.4.1. Poda ou Desrama A poda é uma questão muito importante, que da forma como é realizada, proporcionará um maior ou menor desenvolvimento da planta. Dependendo do local onde a árvore a ser podada se insere, os objetivos da poda podem variar. Em um ambiente urbano, as árvores presentes nas calçadas oferecem diversas vantagens. Elas fornecem proteção a ventos, reduzem os índices de poluição sonora, absorvem os raios solares proporcionando ambientes mais frescos e sombreados, além de formar habitat para determinados pássaros e outros micro-organismos. Observa-se, no entanto, que em muitas cidades a poda da arborização urbana vem sendo realizada de forma incorreta. Diversas podas levam a uma "descaracterização" das árvores, devido a retirada excessiva de biomassa das suas copas. A Figura 33 exemplifica as principais modalidades de podas presentes nas cidades. A presente Figura revela que, quanto mais intensa a poda, maior a retirada de biomassa, provocando o excessivo aquecimento do ambiente, desestabilizando a árvore contra fortes ventos, além de diminuir os níveis de biodiversidade, entre outros fatores. Em um plantio florestal de ordem comercial, a poda visa melhorar a qualidade da madeira pela obtenção de toras desprovidas de nós. O controle do crescimento dos galhos, bem como sua eliminação, é uma prática aplicada às principais espécies de madeira. Os nós de galhos vivos causam menores prejuízos que os deixados por galhos mortos. Estes constituem sérios defeitos na madeira serrada (AMBIENTE BRASIL, 2009). Ocasionalmente, as árvores também são podadas para prevenir a ocorrência de incêndios florestais e para favorecer acesso aos 16 povoamentos, durante as operações de desbastes, inventário e combate à formiga. A primeira desrama deve ser realizada aos três ou quatro anos, não retirando mais que 40% dos ramos, até uma altura de três metros. Aos sete ou oito anos, efetua-se a segunda desrama até uma altura de seis metros (SITIO VR, 2009). A desrama é feita manualmente, com auxílio de serras de poda curvas fixadas em cabos de madeira de 1,5 m, 4,5 m de comprimento para as desramas de três e seis metros, respectivamente (SITIO VR, 2009). Convém ajustar a operação de desrama com a de desbaste, desramando apenas as árvores que ficaram remanescentes e propiciar um amplo espaço de crescimento para as árvores em que tenha sido realizada a desrama (SITIO VR, 2009). São dois os tipos de desrama: − Desrama natural: é bastante eficiente em floresta de eucalipto, sendo que nenhuma medida especial deve ser tomada a fim de promovê-la. O processo mais simples consiste em desenvolver e manter um estoque inicial denso, o que, além de manter os galhos inferiores pequenos, causa-lhes também a morte (AMBIENTE BRASIL, 2009). − Desrama artificial: o objetivo mais tradicional desta prática é a produção de madeira limpa ou isenta de nós em rotação mais curta que a exigida com desrama natural (Figura 34). A desrama artificial pode ser feita também para prevenir os nós soltos, produzindo desta forma madeira com nós firmes. Este esforço pode não oferecer recompensas muito valiosas, porém envolve um período de espera menor (AMBIENTE BRASIL, 2009). Figura 34. Procedimento de Poda Fonte: Souza (2009). 2.4.2. Desbaste Os desbastes são cortes parciais realizados em povoamentos imaturos, com o objetivo de estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar a produção da madeira utilizável. Nesta operação, removem-se as árvores excedentes, para que se possa concentrar o potencial produtivo do povoamento num número limitado de árvores selecionadas (AMBIENTE BRASIL, 2009). Para determinar a intervenção, é preciso conhecer-se o incremento médio anual e corrente da floresta. Quando o incremento do ano passar a ser menor que o médio até a idade correspondente a ultima medição, tendendo, portanto a baixar a média geral da produção da floresta, este seria o ano para a sua intervenção. Esta análise é possível mediante a realização de inventários contínuos (AMBIENTE BRASIL, 2009). Nos desbastes, as vantagens em conseqüência da competição devem ser, pelo menos em parte, preservadas. Assim, num programa de desbaste, para rotações relativamente longas, o número de árvores deve ser reduzido gradativamente, porém a uma taxa 17 substancialmente mais rápida do que seria em condições naturais (AMBIENTE BRASIL, 2009). A seleção das árvores a serem desbastadas é caracterizada da seguinte forma: − Posição relativa e condições de copa (dominantes) − Estado de sanidade e vigor das árvores − Características de forma e qualidade do tronco O principal efeito favorável do desbaste é estimular o crescimento em diâmetro das árvores remanescentes. A variação no diâmetro das árvores induzidas pelos desbastes é muito ampla. Desbastes leves podem não causar efeito algum sobre o crescimento, embora seja possível, em razão dos desbastes pesados, conseguirem uma produção constituída de árvores com o dobro do diâmetro que, durante o mesmo tempo, elas teriam sem desbastes (AMBIENTE BRASIL, 2009). Os desbastes também tendem a desacelerar a desrama natural e a estimular o crescimento dos galhos. A única vantagem disso é que os galhos permanecem vivos por mais tempo e, desse modo, reduz-se o número de nós soltos na madeira. Desbaste sistemático O desbaste sistemático é aplicado em povoamentos altamente uniformes, onde as árvores ainda não se diferenciaram em classes de copas. Aplicam-se em povoamentos jovens não desbastados anteriormente. É mais simples e mais barato. Permite mecanizar a retirada das árvores (Figura 35) (AMBIENTE BRASIL, 2009). Figura 35. Desbaste Sistemático Fonte: Sitio VR (2009). Desbaste seletivo O desbaste seletivo implica na escolha de indivíduos segundo algumas características, previamente estabelecidas, variadas de acordo com o propósito a que se destina a produção. As árvores removidas são sempre as inferiores, dominadas ou defeituosas. Este método é mais complicado, porém permite melhor resultado na produção e na qualidade
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