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2 resumo politica de saude hoje

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DUARTE, M. J. de O. et. al. (Orgs.). Política de saúde hoje: 
interfaces & desafios no trabalho de assistentes sociais. 
Campinas, SP: Papel Social, 2014. 
 
PARTE I – Política de Saúde, novos arranjos na relação 
público-privado e lutas em defesa do Sistema Único de Saúde. 
Artigo 1- MATOS, M.C. No Rastro dos acontecimentos: Política 
de Saúde no Brasil. 
Desde a sua implementação o SUS vem sofrendo desafios para a sua 
materialização. As ações do governo vêm sucessivamente 
descaracterizando-o. Aliada a uma política de expansão do capital na 
área da saúde, além do sucateamento estrutural, uma ideia de 
impossibilidade de concretização do SUS em suas diferentes frentes. 
A ideologia neoliberal propaga a ideia da saúde é um nicho de 
mercado, e deve ser comprado pelos seus usuários, para esses 
possam acessar serviços de qualidade. Estratégia essa que favorece 
aos interesses do capital. 
Essa ideologia reforça a compreensão de uma saúde apenas como 
uma ausência de doenças, uma visão curativista superada pela 
Constituição de 1988.Isso é verificável através de como a imprensa 
noticia as questões pertinentes ao SUS. Ter saúde é ter mais 
médicos. 
Existe uma naturalização do setor privado que na legislação é 
complementar, não suplementar. Contudo pode-se verificar as 
transformações do Estado no previlegiamento do setor privado com a 
criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar, no governo FHC. 
Outro ponto importante são as fundações públicas de direito privado, 
que segundo Granemann apontam várias questões problemáticas: 
1- Contratação de servidores por CLT; 
2- Remuneração dos trabalhadores está subordinada ao contrato 
de gestão que cada fundação firmar com o Estado e agentes de 
mercado; 
3- Cada fundação terá seu plano de carreira, fragilizando a 
organização dos trabalhadores; 
4- Recebem subsídios público, mas não contribuiriam para a 
formação do fundo público; 
5- Inexistência de controle social. 
Diante dessa conjuntura o movimento social Frente Nacional contra a 
Privatização da Saúde traz a bandeira da reforma sanitária e a luta 
contra uma saúde mercadorizada. Criada em 2010, formulou uma 
agenda de fortalecimento do SUS dentro de 5 eixos: 
1- Determinação social da doença; 
2- Gestão e financiamento da rede pública estatal de serviços de 
saúde; 
3- Modelos assistenciais com acesso universal de qualidade e com 
hierarquização de serviços; 
4- Política de valorização do trabalhador da saúde e; 
5- Efetivação do controle social. 
 
Artigo 2- Teixeira, M. J de O. As unidades de Pronto 
Atendimento Pré-hospitalar fixo (UPAs) 24h. O fetiche do 
Novo Modelo de Gestão e o Impacto do Sistema Único da 
Saúde. 
A atual direção ideopolítica da gestão da saúde vem sendo 
direcionado ao sentido oposto ao previsto no SUS/90, uma direção 
conservadora, que muda suas diretrizes e princípios. As mudanças 
com base prioritária na privatização do setor, onde a rede que 
deveria ser complementar (segundo lei do SUS) se torna o 
principal foca de ação do Estado, se sobrepondo ao seu dever 
legalmente estabelecido. 
Dentro dessa perspectiva cria-se uma lógica empresarial de 
gerenciamento da saúde, que prioriza metas, o quantitativo dos 
resultados. Como exemplo pode-se citar as UPAS, que cada 
entidade privada que administra a unidade local tem sua própria 
política de recursos humanos e salarial. Requer um profissional 
polivalente, sem tempo para reflexão e sistematização da prática, 
enfraquecendo e contribuindo para a alienação do trabalhador 
As UPAs compõem hoje o conjunto de medidas conservadoras e 
reveladoras de caráter de classe do Estado, pois se amplia para o 
capital, em detrimento das necessidades do trabalho. 
A flexibilização dos direitos do trabalho e da gerência 
administrativa adotada pelo Estado para as instituições públicas 
tornou-se hegemônica. 
A Política Nacional de Urgências e Emergências, da qual as UPAs 
fazem parte, nasce da configuração ideológica que norteia a 
condução de uma Política de Saúde que desconsidera as propostas 
do Projeto de Reforma Sanitária. 
 
Artigo 3- Bravo, M. I. de S. e Menezes, J.S.B. Lutas pela Saúde 
e a Frente Nacional Contra a privatização da Saúde: 
Desafios à Assessoria realizadas pelas Assistentes Sociais. 
 
Nos meados dos anos 2000 novos mecanismos de controle 
democrático não institucionalizados vêm sendo criados. Destaca-se 
o papel da sociedade civil na defesa da saúde, tendo como 
pressupostos o projeto de Reforma Sanitária. 
A democracia representativa a qual estamos submetidos se 
constitui enquanto uma vitória parcial, uma vez que na sociedade 
capitalista existe um domínio de classe. Há um limite interno pois 
as principais decisões são tomadas pela elite e para a elite 
dominante. 
Dentro dessa lógica, a participação social se configura como um 
componente essencial para a preservação do direito universal à 
saúde, construção da cidadania e fortalecimento da sociedade civil. 
No debate atual sobre mecanismos de controle social destacam-se 
as contradições presentes derivadas das correlações de forças. 
Principalmente da sociedade civil e do Estado, que acaba 
pendendo para os interesses do capital. Eles podem ao mesmo 
tempo representar um avanço democrático, quanto manutenção 
dos poder dominante. Não se pode deixar de levar em 
consideração que os conselhos foram institucionalizados no âmbito 
do Estado, tornando se suscetível aos seus direcionamentos. 
Em meados dos anos 2000 foram criados outros mecanismos de 
participação de luta pela saúde, não institucionalizados. Dentre 
estes pode-se destacar os Fóruns de Saúde e a Frente Nacional 
contra a privatização da Saúde com o objetivo de defender o SUS 
universal, fortalecendo as lutas contra a privatização nos estados e 
municípios, articulando e aprofundando-as a nível nacional. 
No campo jurídico a Frente tem atuado através de ações civis 
públicas, Ação Direta de Inconstitucionalidade contra leis 
municipais e estaduais, assim como suas implementações. 
Outra estratégia dos Fóruns e da Frente é a produção de material 
de comunicação visando a formação de opinião pública. No eixo da 
formação estão sendo realizados cursos de atualização. Além 
disso, tem feito pressão nos espaços institucionais de controle 
social. 
Enormes desafios estão postos para efetivar a participação social 
nas políticas públicas na atual conjuntura. Um novo projeto 
societário pautado no fortalecimento de instancia democráticas, 
universalização e garantia dos direitos sociais fundamentam o 
projeto ético-político do Serviço Social em diversos documentos. 
O Serviço Social desde a década de 80 tem incorporado a temática 
dos movimentos sociais em seu currículo, contudo, segundo 
Durigueto (1996) os assistentes sociais tem dificuldade de tomar 
sua relação com os movimentos sociais como um trabalho 
profissional. 
Parte II – Processo de Trabalho em Serviço Social 
Artigo 4 – DUARTE, M. J. Processo de trabalho em Saúde e 
Serviço Social: Notas sobre o trabalho profissional no 
Campo da Saúde. 
Deve-se considerar o agente do trabalho na complexidade de sua 
existência real e institucional na prática social. O processo de 
trabalho em que se insere o assistente social não é organizado por 
ele, e não é exclusivamente dele. 
Mesmo compartilhando a concepção ampliada de saúde, o trabalho 
dos assistentes sociais tende a restringir a abordagens no modelo 
patológico-biomédico. Daí ocorre uma incompatibilidade entre o 
que se tem como estratégia política e discursiva no campo da 
saúde (Reforma Sanitária) e no Serviço Social (projeto Ético-
político). Isso ocorre principalmenteporque o trabalho profissional 
não se põe de forma isolada, mas integra um trabalho coletivo que 
opera dentro de uma determinada lógica (privatista e focalista). 
Segundo Almeida e Alencar (2012) a que o assistente social possui 
na definição e condução de seu trabalho é sempre confrontada 
com as tendências privatistas, exigindo processos coletivos a partir 
da mobilização e atuação de suas principais entidades 
representativas. 
O conjunto de mudanças no SUS ainda não avançou o suficiente, 
permanecem situações que historicamente fazem parte do campo 
da Saúde. 
Segundo Mioto e Nogueira(2006) cabe ao assistente social 
desenvolver um papel de protagonista de um novo modelo. 
Principalmente, após seu processo de renovação crítica que trouxe 
uma ruptura da lógica conservadora de disciplinamento, vigilância 
e controle sob o qual a população era alvo. 
É preciso enriquecer a concepção de intervenção que estabelece e 
justifica os diálogos que se travam no campo da saúde coletiva, 
rompendo, dessa forma, com posturas limitadas e estáticas, 
individualizadas. Reconhece-se então o outro enquanto sujeito de 
direitos, de cidadania. 
Artigo 5- Veloso, R. Condições de trabalho e dimensão 
técnico-operativa do Serviço Social. 
A dimensão técnico-instrumental do exercício profissional deve ser 
analisada de forma articulada às condições objetivas e subjetivas 
do trabalho. 
Tanto a escolha quanto a apropriação do instrumental técnico-
operativo estão subordinados aos diversos componentes da 
profissão, como as condições de trabalho em que se realiza e o 
projeto profissional que lhe imprime uma direção social. 
O cotidiano profissional é marcado por uma série de processos e 
fenômenos que, muitas vezes, conduzem o profissional a uma 
atuação pragmática e demasiadamente preocupada com aspectos 
operativos e instrumentais. 
Guerra (2000) aponta a existência de dois níveis de abordagem 
em que se percebe a razão instrumental: 
1- No que se diz respeito a funcionalidade ao projeto burguês. 
2- Ao nível de competência requerido frente as demandas de 
classe. 
O dimensionamento do instrumental técnico-operativo no trabalho 
profissional demanda a apreensão dos processos constitutivos do 
exercício profissional. 
Ao compreender o instrumental enquanto mediação ele se um 
meio para alcançar propósitos específicos, como uma forma de 
implementar determinados projetos. 
As dificuldades e limites presentes no cotidiano do trabalho do 
assistente social, assim como sua necessidade de aprimoramento 
e desenvolvimento profissional devem ser apropriado pelos 
próprios profissionais, que a partir do seu acervo teórico-
metodológico e ético-políticos, podem formular as diretrizes e 
alguns aspectos necessários ao seu trabalho. 
O ambiente em que o trabalho se processa não determina o 
resultado da ação profissional, mas, seguramente, o condiciona. 
 
Artigo 6- Lobato, A.T.G. Envelhecimento e Políticas Sociais: 
Possibilidade de Trabalho do assistente social na área de 
saúde do idoso. 
Segundo dados do IBGE (2000) ao longo do século XX houve uma 
crescimento idosa em nosso país. A redução da mortalidade 
infantil e tratamento das doenças ligadas à velhice criaram um 
grande desafio ao Estado na garantia políticas públicas para idoso 
visando melhor condição de vida. Além disso, há um processo de 
feminização do envelhecimento, onde essas mulheres ocupam 
posição de pessoa de referência do domicilio. Cabe ainda 
mencionar a sua baixa escolaridade e rendimentos por volta de ½ 
salário mínimo per capta. Colocando esses idosos na linha de 
vulnerabilidade social, demando ainda mais políticas para a 
garantia da proteção social por parte do Estado. 
Em consequência disso uma série de legislações, dentre elas os 
Estatuto do Idoso, foram elaboradas para dar enfrentamento a 
questão envelhecimento e desigualdades social, promovendo a sua 
autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. 
Dentre as diversas possibilidades do trabalho do Serviço Social 
com idosos uma das que mais tem se difundido é a educação em 
saúde, experiência vivenciada pela autora na UNATI/UERJ. O 
programa visa propiciar aprendizado e capacitação para que 
cuidem de sua própria saúde, assim como estimular o desejo de 
sociabilização dentro de grupos. 
Além do trabalho em promoção da saúde os assistentes sociais 
também tem possibilidade de capacitação dos mesmos para 
participarem dos Conselhos de direitos e Fóruns permanentes. As 
políticas só conseguem ser efetivadas através da mobilização da 
população usuária. 
Parte III – Trabalho, Família e Saúde. 
Texto 7- Gama, A. de S. O conflito entre trabalho e vida 
familiar no capitalismo: aportes teóricos. 
Não há dúvidas que o trabalho ainda se organiza enquanto uma 
categoria central da sociabilidade humana, seja na relação de 
transformação homem- natureza, ou homem-homem. Essas duas 
dimensões de trabalho se modificam mutuamente e 
historicamente. 
O trabalho se organiza enquanto fundamento da reprodução da 
vida, considerando que por meio dessa atividade produzem bens e 
as relações para a sua existência. 
A separação entre família e trabalho, com o advento do 
capitalismo, forneceu a explicação para “o problema” do trabalho 
feminino. Existe uma divisão sexual do trabalho, que invisibiliza o 
trabalho doméstico. Dentro desse contexto, o cuidado feminino da 
mulher com a família se construí enquanto trabalho. 
Essa compreensão de divisão social do trabalho obedece a dois 
princípios: 
1- Separação- existência de trabalhos específicos para homens e 
mulheres. 
2- Hierárquico – o trabalho homem vale mais que o da mulher. 
As relações de gênero tomadas como relações sociais que se baseia 
em uma relação hierárquica entre os sexos e um paradigma das 
relações de dominação estão em tensão permanente em torno da 
divisão sexual do trabalho. 
O Cuidado tem sido historicamente uma atividade feminina, 
geralmente não remunerada, sem reconhecimento nem valor social. 
Seja ela o cuidado infantil, ou aos portadores de enfermidades. 
Os mecanismos do trabalho do cuidado às crianças, idosos 
dependentes e doentes são altamente ideologizados, tendo uma 
protagonista a executar. 
 
Artigo 8 – Almeida, C. C. L. de. Saúde e Cuidado: elementos para 
o trabalho com famílias. 
As críticas que vêm sendo relacionadas a desregulamentação do 
Estado na proteção social, muito tem se debatido sobre a relação 
entre cuidado e família. 
Os entes familiares se encontram sobrecarregados pela natureza 
intensiva do cuidado, principalmente pelo direcionamento de 
privatização do mesmo pelo Estado. 
Dentro da compreensão das expressões do cuidado no âmbito da 
saúde é fundamental a análise da relação entre gênero e família, 
seja por sua importância analítica no debate, ou ainda, pelo modo 
em que é tratado pelos profissionais no cotidiano do trabalho, 
marcadamente clivado por hierarquias de gênero. 
Cabe aos profissionais formular intervenções que contribuam para 
inscrever a família como usuária e não somente como cuidadora, 
ressalto o papel central do Estado na esfera da proteção social. 
Segundo Duarte (2010) as famílias também são usuárias e é 
necessário criar condições para que exerçam o cuidado, não 
apenas suporte para o cuidado. 
Considera-se necessário fomentar espaços aos “novos” sujeitos do 
cuidado, que possibilite novas compreensões de gênero, família, 
geração, etc. 
 
Artigo 9 – Monnerat, G. L. Programa bolsa-família nos 
Sistema único de Saúde: Implementação das 
condicionalidades e proposição de uma agenda de debates. 
O Programa Bolsa-família (programa de transferênciade renda do 
governo federal, criado em 2004) em sua estruturação cria uma 
série de condicionalidades para acesso. As principais 
condicionalidades estão no âmbito da educação e da Saúde. 
No que refere a Saúde pode-se verificar que o PBS exige 
mudanças na organização dos serviços, principalmente a nível 
local. Se por um lado, as exigências do PBF tem potencial de 
facilitar o acesso a camadas mais empobrecidas da sociedade, por 
outro, testa os limites de absorção do sistema. 
As Estratégias de Saúde da Família – que trabalha com famílias 
cadastradas – sofrem o mesmo grau de dificuldade dos modelos 
tradicionais de atenção básica da saúde. Não existe uma 
estruturação que possibilite o pleno desenvolvimento do trabalho 
das equipes de saúde. A gestão do PSF se mostra frágil, 
considerando que não há uma equipe de coordenação do 
programa para articular as ações dentro da Secretaria de Saúde. A 
execução do programa é disforme. Nas unidades tradicionais de 
saúde são os assistentes sociais, enfermeiros e nutricionistas 
responsáveis pela implementação; nas unidades de Saúde da 
família são os agentes de saúde, técnicos de enfermagem e 
enfermeiros. 
O PSF é visto como um programa externo ao setor da saúde, 
negando dessa forma, o seu desenho intersetorial, assim como o 
conceito ampliado de saúde. 
 
Parte IV – Estratégias do trabalho profissional e Dilemas na 
Atenção à Saúde. 
 
Souza, R. G. de. E Ortiz, R.S.M. Serviço Social na saúde: 
análise a partir do plantão social de uma unidade docente 
de saúde. 
Esse estudo é fruto de uma pesquisa na Políclinica Piquet Carneiro, 
onde verificou-se a necessidade de avaliar a qualidade dos 
serviços prestados pelo serviço social no plantão social., 
objetivando a melhoria do atendimento à população usuária dos 
serviços. 
A partir da sistematização da prática da equipe de serviço social, 
através de livros de atendimento do plantão, identificou-se o perfil 
dos usuários atendidos – demandas, faixa etária, sexo, assim 
como o percentual de respostas tanto as demandas trazidas pelos 
usuários, quanto as identificadas pela equipe no atendimento. 
Dessa forma conseguiu-se ter um conhecimento mais apurado 
sobre as demandas da saúde e outras demandas sociais que 
chegam ao serviço, propiciando um olhar crítico do setor e do 
próprio processo de trabalho do assistente social. 
Constitui-se enquanto uma estratégia de qualificação dos serviços 
que são essenciais para a construção de um SUS democrático. 
Artigo 11 – Mendonça, E. A. P. Práticas Educativas: Diretrizes 
Metodológicas e Produção de Conhecimento. 
O trabalho do assistente social tem um forte traço socioeducativo. 
Dentro das formas de desenvolvimento dessa característica está o 
trabalho de grupo. 
Nesse espaço de socialização é possível compreender da 
linguagem em discurso, dos sentidos diversos que vão se 
produzindo no processo de interação que possibilita descontruir 
representações sociais. 
O espaço do grupo e o tempo destinado à ele representam uma 
forma de se distanciar da esfera doméstica, do contexto das 
relações familiares, no qual o tempo é tomado a responder a 
necessidade do outro. Esse espaço se organiza para atender as 
suas necessidades, demandas e inquietações. 
Artigo 12 – Vasconcelos, A.M. de. e Baltar, J. F. Universidade e 
Saúde: formação profissional para o Sistema único de 
Saúde? 
A universidade se constitui enquanto um espaço privilegiado de 
produção do conhecimento, dessa forma, tem papel central na 
formação e capacitação dos intelectuais necessários a qualquer 
sociedade. 
Na contradição da ordem capitalista tanto pode assumir um papel 
de servir a classe dominante, quanto de auxílio à superação do 
status quo. Coloca-se aí a importância de referências ético-
políticas conscientes e referencias teórico-metodológicas 
articuladas a ela. 
O projeto profissional dos assistentes sociais afirma a defesa com 
“o aprofundamento da democracia” tendo em vista a construção 
de uma nova ordem societária, materializado pelo código de Ética 
profissional e pelo seu projeto ético-político. 
Esses princípios também poderão servir de referência para os 
demais profissionais da saúde que objetivem redirecionar sua 
prática cotidiana visando o fortalecimento da população usuária. 
Para a formação de profissionais comprometidos com o projeto 
democrático e universal de saúde as diretrizes curriculares do MEC 
também precisam estar em consonância com o projeto de Reforma 
Sanitária. 
O MEC contudo vem se eximindo do seu papel e responsabilidade 
na definição de normas e de procedimentos claros no 
estabelecimento de sistemas de reconhecimento, avaliação e 
acompanhamento dos cursos ligados à área da saúde. 
O discurso de valorização do SUS não vem acompanhado das 
garantias de uma lógica curricular que supere as fragmentações 
processo de ensino-aprendizagem a partir de conhecimentos 
indissociáveis que resulte em um projeto profissional para a 
formação do intelectual que possa atender as demandas a saúde a 
partir de sua compreensão teórico-crítica. 
 
Parte V – Equidade no Sistema Único de Saúde 
Artigo 13 – Almeida, M. da S. Saúde da População Negra e 
equidade no Sistema Único de Saúde. 
O racismo é um fenômeno estrutural e estruturante das relações 
de poder e produtor de hierarquias sociais. Eles e seus derivados 
desumanizam suas vítimas e são fatores determinantes da saúde, 
pois afeta uma parcela significativa da humanidade não branca. 
O projeto de expansão territorial e de dominação no período 
mercantil da economia mundial instaurou um modelo econômico e 
político de gestão da força de trabalho baseado na 
superexploração do trabalho e mercantilização de vidas humanas. 
No que se relaciona ao Brasil a escravidão de negros e 
descendentes perdurou por mais de 380 anos. Durante esse 
período sempre esteve associado aos interesses de uma elite 
econômica e de seus intelectuais orgânicos. 
A ideia de raça foi muito forte para a construção do Estado-nação 
e na formação da identidade nacional brasileira. Todavia houve 
intensa luta anti-hegemônica por parte dos intelectuais negros e 
dos movimentos negros que foram primordiais na construção de 
políticas públicas voltadas para a questão racial. 
A história brasileira produziu racialidades, ora como projeto de 
Estado, ora como ação racista velada de seus agentes 
institucionais. A consequência dessa expressão da violência nas 
instituições incidem até os dias atuais na população negra, 
indígena e ciganos. 
No campo da saúde, o atendimento qualificado à população 
usuária exige do assistente social o desenvolvimento de 
habilidades teórico-metodológicas, técnico-operativas e ético-
politicas assentadas na investigação cuidadosa do processo saúde-
doença, compreendendo também o racismo enquanto 
determinante do conceito ampliado de saúde. 
 
Artigo 14 – Santos, M. B e Almeida. “Você realmente escolheu 
atender gente que nem a gente ou te obrigaram?” Notas 
sobre a assistência à Saúde da Pessoa Trans no Sistema 
único de Saúde. 
Quando se faz uma reflexão sobre o atendimento a população 
trans na área da saúde costumeiramente, a priori, se levanta o 
debate sobre as modificações feitas no corpo do usuário (a). As 
intervenções descontextualizadas contudo, podem trazer 
desconfortos e frustações, como no caso de procedimentos de 
deixam cicatrizes, órgãos disfuncionais, entre outras frustações. 
A interdisciplinaridade é indispensável para a construção dos 
modelos assistenciais ligados ao processo transexualizador para 
que esses possam se reverter em conquistas para saúde desses 
usuários,dentro de uma concepção ampliada do conceito de 
saúde. 
Apesar do sistema de saúde ter avançado com relação a população 
trans, ao fazerem o processo transexualizador pelo SUS, contudo 
há uma escassez de recursos técnicos e de vagas disponíveis para 
suprir a demanda crescente. A saúde suplementar não foi levada 
formalmente a assumir os procedimentos do processo 
transexualizador. 
Mesmo depois de findado o processo ainda há uma grande demora 
para a autorização da troca de nome. A justiça pode levar anos até 
que o usuário (a) possa ter confirmada sua identidade de gênero. 
 
Artigo 15 – Bernando, M.H de J. e Assis, M. Saúde do Idoso e a 
Integralidade da Atenção. 
Existe um crescimento nas últimas décadas da população idosa no 
Brasil. Essa mudança no perfil do população demanda estratégias 
diferenciadas do Estado, principalmente no âmbito da saúde. 
Há uma maior expressão da população idosa nas práticas da 
saúde, demandando a formação de profissionais capacitados para 
atender esse público e seus desdobramentos. 
É necessário pensar na saúde do idoso na sua integralidade, 
percebendo como as relações sociais influenciam no seu contexto 
de vida e o processo saúde-doença-cuidado, principalmente em 
sua relação com a família. Os problemas enfrentados por idosos e 
famílias requer fundamentalmente de políticas públicas articuladas 
a política do idoso.

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