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A Reforma Sanitária refere-se à ideia de realizar uma série de mudanças necessárias na saúde, esta reforma surgiu como resultado da pressão por novos investimentos em saúde pública como parte da evolução histórica da política de saúde brasileira a partir da década de 1970. Isto deu origem a um movimento de reforma sanitária de caráter mais socialista, segundo Paim (2009): "Identificar as relações entre a estrutura de classes e as políticas e práticas de saúde em três níveis: ao nível econômico, através das diferentes necessidades de reprodução ampliada do capital que incidem ou se realizam através do setor da saúde; ao nível político, ao compreender as políticas de saúde como parte do processo de legitimação do poder do Estado, e, consequentemente, da manutenção do domínio de classe; ao nível ideológico, ao desvendar as articulações entre a população científica, as práticas sociais e o conjunto de valores que organiza o universo cultural e moral dos profissionais de saúde, com inserção desses agentes na estrutura social"(PAIM, 2009, p.30 apud) Este movimento teve suas principais estruturadas sobre três eixos básicos: saúde como direito inerente à cidadania, reformulação do sistema nacional de saúde e financiamento do setor saúde. Essas bandeiras foram discutidas na 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986. A conquista da democracia permitia uma atenção maior para a opinião pública e a mobilização da população na defesa dos seus direitos, com a nova Constituição Federal de 1988, a saúde passava a ser um direito de todos e um dever do Estado (artigo 196), com a definição do Sistema Único de Saúde (SUS), esta nova consciência do direito à saúde se propagava progressivamente para a população que passava a cobrar a sua garantia e melhoria dos serviços O Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil é baseado em uma série de princípios fundamentais que são estabelecidos pela Constituição Federal de 1988 e que devem orientar a organização e a prestação de serviços de saúde no país. Esses princípios têm como objetivo garantir um sistema de saúde público, universal, integral, equitativo e de qualidade. São princípios do SUS descritos no art 7º da lei 8.080, de 1990 (BRASIL, 1990a): I - Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII - participação da comunidade; IX - Descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X - Integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. XIV – organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013. Portanto, o princípio da universalidade implica que todos os cidadãos tenham direito ao acesso igualitário aos serviços de saúde, independentemente da sua condição económica ou social. Isso significa que qualquer pessoa que necessite de atendimento médico pode procurar os serviços de saúde do SUS sem discriminação. Na vida cotidiana, isso se traduz em consultas médicas, exames, internações e tratamentos disponíveis para todos, sem restrições. O princípio da equidade busca garantir que as pessoas recebam assistência de acordo com suas necessidades individuais, diminuindo as desigualdades em saúde. Na prática, isso significa que os serviços de saúde priorizam aqueles que estão em maior vulnerabilidade ou com maior risco de saúde. Por exemplo, uma pessoa com uma doença crônica grave deve receber atenção adequada, mesmo que exija custos mais elevados. A integralidade pressupõe que os serviços de saúde devem oferecer assistência completa, abrangendo a promoção, a prevenção, o tratamento e a reabilitação da saúde. Na vida cotidiana, isso se manifesta na oferta de serviços que abordam não apenas doenças, mas também promovem o bem-estar e a prevenção de doenças, como campanhas de vacinação, consultas de rotina e orientações para uma vida saudável. Regionalização e Hierarquização, o SUS é organizado em redes de serviços de saúde, com diferentes níveis de complexidade, para garantir uma distribuição equilibrada dos recursos e serviços de saúde em todo o país. Isso significa que, na vida cotidiana, os usuários devem ter acesso aos serviços de saúde próximos às suas residências, com encaminhamentos para serviços mais complexos quando necessário. O princípio da descentralização implica que a gestão dos serviços de saúde deve ser compartilhada entre os diferentes níveis de governo (federal, estadual e municipal), com a participação da comunidade na tomada de decisões. Isso se traduz na possibilidade de a população local influenciar nas políticas e na gestão dos serviços de saúde por meio de conselhos e instâncias participativas. Os usuários têm o direito de participar nas decisões relacionadas à saúde. Isso pode ocorrer por meio dos Conselhos de Saúde e outras instâncias de participação. Na vida cotidiana, isso significa que a população pode dar sugestões, fazer pedidos e contribuir para a melhoria dos serviços de saúde. A promoção da saúde e a prevenção de doenças são elementos centrais do SUS. Isso se materializa na vida cotidiana dos usuários por meio de campanhas de vacinação, educação em saúde, distribuição de preservativos, ações de combate ao tabagismo e outras medidas preventivas. O SUS permite a atuação do setor privado, mas de forma complementar ao sistema público. Na prática, isso significa que os usuários têm a opção de utilizar serviços de saúde privados, mas também podem contar com o sistema público quando necessário, garantindo que todos tenham acesso a um atendimento de qualidade. Em resumo, os princípios do SUS como objetivo garantir que os serviços de saúde no Brasil sejam acessíveis, equitativos, completos, e que a população participe na tomada de decisões relacionadas à saúde. Esses princípios se materializam na vida cotidiana dos usuários por meio do acesso aos serviços de saúde, da promoção da saúde e da participação na gestão do sistema de saúde. Sendo assim, o movimento de reforma sanitária, visa melhorar o acesso, a qualidade e a equidade nos serviços de saúde. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde – SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências. Diário Oficialda União: Brasília, DF, 29 jun. 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7508.htm. Acesso em: 20 agosto. 2023. CFESS. Parâmetros para atuação do assistente social na política de assistência social. Brasília: CFESS, 2011. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/Cartilha_CFESS_Final_Grafica.pdf. Acesso em: 01 de setembro de 2023. CRUZ, M. M. Histórico do sistema de saúde, proteção social e direito à saúde. In: OLIVEIRA, R. G. (org.). Qualificação de gestores do SUS. Rio de Janeiro: EAD/Ensp, 2009. p. 35–48. PAIM, Jairnilson Silva. ALMEIDA-FILHO, Naomar de. Saúde Coletiva: teoria e prática. Capítulo 9: Sistema Único de Saúde (SUS): A difícil Construção de um Sistema Universal na Sociedade Brasileira, e; Capítulo 15: Reforma Sanitária Brasileira em Perspectiva e o SUS. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2014. Disponível na biblioteca virtual da UCS <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786557830277/pageid/0> acesso em 31.08.2023. TEIXEIRA, S. M. F. (Coord.). Antecedentes da reforma sanitária. Rio de Janeiro: ENSP, 1988.
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