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Princípios Penais

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1. Principio da legalidade
	Sabe-se que no nosso ordenamento jurídico que o modelo de estado adotado pelo Brasil é o do estado democrático de direito, diante do exposto seria inconcebível ressaltar as metérias penas sem o devido respaldo legal. O direito penal é entendido com um dos primeiros ramos do direito sendo um dos mais importantes do ordenamento jurídico, 
De acordo com Rogério Greco:
“Numa análise comparativa, podemos admitir que o princípio da legalidade ocupa lugar de destaque na concepção minimilista, voltada para um direito penal do equilíbrio, encontrando abrigo expresso no nosso ordenamento jurídico tanto na constituição _art. 5, II – (Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei); e art. 5º, XXXIX (Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal) – quanto em nosso código pena – Art. 1º (Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal).”
	Deste modo verifica-se que há no princípio da legalidade o imperativo jurídico especificando as condutas que, firmadas coletivamente por meio daqueles que nos representam, as consideradas perniciosas ao bem estar social e a segurança jurídica dos cidadãos.
	A obrigação da observância da lei na esfera penal é uma reflexão um tanto antiga, muito autores afirmam que este princípio surgiu na Magna Carta Inglesa de 1215, ao tempo do rei João Sem terra. Seu art. 39 possui a seguinte redação: 
“Art. 39. Nenhum homem livre será detido, nem preso, nem despojado de sua propriedade, de suas liberdades ou livre de usos, nem posto fora lei, nem exilado, nem perturbado de maneira alguma; e, não poderemos nem faremos pôr a mão sobre ela, a não ser e virtude de um juízo legal de seus pares e segundo as leis do país.”
Porém alguns outros doutrinadores discordam dessa afirmativa, tais como Cobo Del Rosa e Vives Antón, onde afirma:
“as origens do princípio da legalidade remontam, segundo alguns à Magna Carta, mas seria enganoso situar nesse texto suas primeiras. E isso, nem tanto pelas razões deduzidas da natureza feudal do dito documento, senão porque, historicamente, o princípio da legalidade, tal como é entendido no direito penal continental, não deriva dele. Na magna carta pode encontrar-se a origem da chamada rule of Law própria do direito anglo-saxão que, se tem certo paralelo com o princípio da legalidade, não deixa de apresentar importantes traços diferenciais.”
Hodiernamente, são inúmeras as conquistas adquiridas mediante a exigibilidade da legalidade. No entanto, não se admite a legalidade de cunho meramente formal, sendo necessário, assim sendo, a investigação a respeito de sua consonância material. Isso quer dizer que aplicação da lei não se dá, única e exclusivamente, por meio da lúgubre execução das leis penais. A lei também deverá buscar de toda a maneira estar de acordo com o texto que lhe é superior, no caso em questão, a Constituição Federal, de forma a não entrar em contradição entre a lei penal e os conteúdos expressos e implícitos que a Lei Maior objetiva proteger.
Conforme as convicções Ferrajoli e chancelada por Nilo Batista: o “Nullum crimen nulla poena sine lege”, o termo latino que dá nome e forma ao princípio da legalidade originariamente foi introduzido na linguagem jurídica pelo Professor e Jurista Alemão Paul Johann Anselm Ritter von Feuerbach (Hainichen, 14 de novembro de 1775 - Frankfurt am Main, 29 de maio de 1833), em seu tratado que veio a lume em 1801, que o consagrou como pai do Direito Penal Moderno. O termo latino foi ao longo tempo incorporando novas terminações, especificamete quatro, as que se segue:
Nullum Crimen nulla poena sine lege praevia;
Nullum crimen nulla poena sine lege spcrita;
Nullum crimen nulla poena sine lege stricta;
Nullum crimen nulla poena sine lege certa;
1.1. Nullum Crimen nulla poena sine lege praevia
	Com o intuito de limitar o Jus Puniendi do estado, a legalidade Nullum Crimen Nulla Poena Sine Lege Praevia, configura-se com um mecanismo para tal. Uma das conquistas é justamente proibir a Lex Post Factum. Ninguém pode ser surpreendido pelo direito penal sendo punido pela prática de um comportamento que, ao tempo da ação ou da omissão era totalmente tácita. Sem embargo, a lei deve ser prévia, Nulla Poena Sine Lege Praevia, Isto é, anterior. A Retroação da lei é prática vedada pela Constituição Federal, salvo nos casos emque ocorre o Novatio Legis In Mellius, onde a Nova lei traz vantagens ao réu. Vejamos a redação da lei:
“CF, Art. 5º, Inciso XL – a nova lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”
Diante do exposto fica límpido o entendimento de que a lei penal deve ser prévia, que esteja em efetivo vigor antes do momento da ação comissiva ou omissiva. Quanto a benignidade e a malignidade da lei, o art. 5º. Inciso XL:
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
A expressão visa garantir a justa aplicação da lei penal, a retroação da lei dá-se nestes casos pela pretensão de que ocorra tanto Novatio Legis In Mellius como Novatio Legis In Pejus, ou seja, nem sempre a nova lei é boa como nem sempre é ruim.
Neste sentido nos ensina Rogério Greco:
“aqui formam duas correntes. A primeira delas, levando em consideração as disposições contidas no art. 2º e seu parágrafo único do código Penal, afirma que, por questão de economia, a lei penal deverá ser aplicada a partir da sua publicação. Isso porque o mencionado art. 2º e seu parágrafo único determinam”
	“Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”
Assim a lei penal posterior que venha a abolir a infração penal ou, de alguma forma, favorecer o agente, deverá ter aplicação mesmo em julgado da sentença penal condenatória.
1.2. Nullum crimen nulla poena sine lege scripta
	Neste sentido a variante da terminologia Nulla Crimen Nulla Poena Sine Lege, refere-se aos casos que o estado, observando-se a legalidade no âmbito penal, está proibido de estabelecer tipos penais incriminadores baseados em costumes. Assim sendo, a tipificação do comportamento precisa ser apreciado por lei, que promulgada, depois de passar pelos procedimentos previstos pela Constituição, poderá criar tipos incriminadores, não os costumes. De acordo com as lições de Hungria, enfatizadas por Rogério Greco; 
“tanto quanto a analogia, o costume não é fonte geradora do direito repressivo. Não pode suprir, ab-rogar ou retificar a lei penal”
	Em suma, o princípio do Nullum Crinem Nulla Poena Sine Lege Spcripta, proíbe taxativamente a criação dos tipos penais por intermédios dos costumes, ou seja, a única fonte para criação de tipos penais e cominação de penas tem de estar taxados em Lei escrita e promulgada.
1.3. Nullum Crimen Nulla poena sine lege Stricta
	Neste Princípio do Nullum Crimen Nulla Poena Sine Lege Stricta, reforça a legalidade penal no sentido de proibir a adoção de analogia In Mallam Partem, caso contrário de nada valeria a existência de uma lei anterior ao fato se o intérprete pudesse estendê-la a um número de casos que não foram previstos expressamente pelo tipo penal.
	Para que fique claro, é salutar que conheçamos de que se trata a analogia: entende-se por analogia a interpretação e autointegração das leis, por meio do qual se busca o equilíbrio do ordenamento jurídico, uma vez que tem por finalidade preservar o princípio da isonomia, que determina que fatos similares merecem receber o mesmo tratamento. Neste sentido, abre-se um questionamento, pois há fatos mesmo que similares divergentes entre si, no que tange a cominação de penas, umas mais benéficas que outras. De acordo com o direito penal é proibida a criação legalpor meio de costumes, mesmo sendo tal afirmativa verdadeira isso não muda o fato de os costumes estarem recheados de utilidade na interpretação legal. Observa-se no que diz o § 1º do art. 155 do CP:
“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
Supondo que o agente tenha conhecimento da rotina da vítima tendo conhecimento que de este trata-se de um vigilante noturno, sendo o seu horário de trabalho das 22 horas às 6 horas da manhã, fica evidente a inversão temporal, se comparado aos trabalhadores diurnos, levando-se à conclusão que o horário do repouso do vigilante se faz durante o dia e não no período da noite. Se o agente ingressar na residência do referido vigilante e de lá subtrair alguns bens, durante às (12:00 hs) meio-dia, horário de pico de repouso da vítima, a pena para o delito será agravada deverá ser especialmente agravada em razão do fato de tê-lo cometido durante o repouso noturno? É evidente que não, muito embora, aquele fosse o momento de repouso da vítima, não era o período da noite exigido pela lei. Se o intérprete considerasse aquele momento como repouso noturno aquele momento, pelo fato de ser o horário de repouso da vítima, estaria valendo, contrariamente daquilo que determina o princípio da legalidade da analogia. In Mallan Partem.
Contrariamente admite-se a conhecida analogia In Bonnam Partem, desde que o hermeneuta, chegue à conclusão, depois de uma vasta pesquisa no arcabouço das leis penais, que não foi intenção da lei deixar de lado determinada hipótese, sendo deste modo, uma lacuna não intencional e involuntária, na opinião negativa, esse recurso também será proibido, mesmo sendo considerado benéfico ao agente.
1.4. Nullun Crimen Nulla Poena Sine Lege Certa
	Não basta a lei Penal estar em pleno vigor anterior à conduta do agente para que possa ser efetivamente aplicada. A lei deve ser clara, de forma que todos possam compreender exatamente o conteúdo da proibição, para poderem se comportar de acordo com as normas legais. Destarte, a lei penal deve ser clara, certa, taxativa, ou seja, precisa ser o mais simples possível, permitindo uma fácil compreensão.
	Neste sentido em 1764, Beccaria já dizia, no Capítulo V de sua obra sobre a obscuridade das leis:
“Se a interpretação arbitrária de lei é um mal. Também o é a sua obscuridade, pois precisam ser interpretadas. Esse inconveniente é ainda maior quando as leis não são escritas em línguas vernáculas. Enquanto o texto das leis não for um livro familiar, uma espécie de catecismo, enquanto forem escritas em língua morta e ignorada do povo, e enquanto forem solenemente conservadas como misteriosos oráculos, o cidadão, que não pode julgar por si mesmo as conseqüências que devem ter os seus próprios atos sobre a sua liberdade e sobre os seus bens, ficará na dependência de um pequeno número de homens depositários e intérpretes da lei.”
	Por intermédio do Nullum Crimen Nulla Poena Sine Lege Certa, extrai-se a conclusão de que a lei tem de ser além de imperativa, certa e precisa, elencando com precisão as condutas tidas como incriminadoras. Este conceito encontra-se exposto na própria constituição brasileira no Art. 5º, inciso XXXIX (não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal).
	Por fim conclui-se que a legalidade, analisando sob da Lex certa, proíbe que a lei seja usado como instrumento para abusos.
2. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
	O princípio da intervenção mínima, pode-se dizer que foi um conceito resultado das reflexões a partir da declaração dos direitos dos homens e dos cidadãos, assenta-se nos princípios penais limitadores decorrentes da dignidade humana, traduz-se na necessidade do estado legislar somente em matérias cuja conduta seja de extrema relevância social.
	De acordo com Fernando Capez:
“somente haverá direito penal nos raros casos típicos em que a lei descreve um fato como crime, ao contrário, quando ela nada disser, não haverá espaço para uma atuação criminal. Nisso aliás, consiste o proteção política do cidadão em face o poder punitivo estatal, qual seja, a de que somente poderá ter invadida sua esfera de liberdade, se realizar uma conduta descrita em um daqueles pontos onde a lei definiu a existência de uma infração penal.”
	De acordo com alguns entendedores, o processo de criação das leis, sem nenhum método científico, atende apenas a clamores da sociedade ou das classes dominantes, o que além de ser irônico, representa um risco, pois, chega-se a conclusão trágica de que não há critérios para essa elaboração. Cabe ressaltar que a falta de critérios para a criação de tipos penais pode criar um jogo de manipulação no poder estatal, servindo como mecanismos de interesses partidários e políticos daqueles que se assenta na cátedra do poder, pouco interessando os interesses da coletividade. 
	Outrossim, a lei penal, atuando como dispositivo regulador por meio do legislador, deve ter muita cautela no momento de eleger as condutas que merecerão punição criminal, abstendo-se de incriminar qualquer comportamento. É importante ressaltar que o direito penal só pode atuar quando se exaurirem por completo a possibilidade de se punir o agente por meio das previsões nos outros ramos do direito, isso quer dizer que o caso os controles formais e sociais tenham perdido a eficácia e não sejam capazes de exercer essa tutela, o estado criará novos tipos penais para proteger o bem jurídico, deste modo, na esfera legal, o direito penal é o último recurso a ser utilizado visando controlar o comportamento dos cidadãos.
	O direito penal, corroborando com o que foi dito anteriormente, é um direito subsidiário aos demais campos do direito, decorrem da dignidade da pessoa humana, pressuposto básico de um estado democrático de direito.
	Ante o exposto conclui-se que, de acordo com Damásio:
“O princípio da intervenção mínima procurando restringir ou impede o arbítrio do legislador, no sentido de evitar a definição desnecessária de crimes, e a imposição de penas injustas, desumanas ou cruéis, a criação dos tipos delituosos deve obedecer a imprescindibilidade, só podendo intervir o estado, por intermédio do direito penal, quando os outros ramos do direito não conseguirem punir a conduta delituosa.
3. Princípio da insignificância ou bagatela
O Princípio da insignificância foi defendido inicialmente por Claus Roxin (1931-), tem por finalidade auxiliar o intérprete quando da análise do tipo penal, para fazer excluir do âmbito de incidência da lei aquelas situações consideradas como bagatela.
De acordo com Assis Toledo:
"segundo o princípio da insignificância, que se revela por
inteiro pela sua própria denominação, o direito penal, por sua
natureza fragmentária, só vai aonde seja necessário para a
proteção do bem jurídico. Não deve ocupar-se de bagatelas".
De acordo com Damásio de Jesus o direito Penal deve estar:
Ligado aos chamados “crimes de bagatela” (ou “delitos de lesão mínima”), recomenda que o Direito Penal, pela adequação típica, somente intervenha nos casos de lesão jurídica de certa gravidade, reconhecendo a atipicidade do fato nas hipóteses de perturbações jurídicas mais leves (pequeníssima relevância material). Esse princípio tem sido adotado pela nossa jurisprudência nos casos de furto de objeto material insignificante, lesão insignificante ao Fisco, maus-tratos de importância mínima, descaminho e dano de pequena monta, lesão corporal de extrema singeleza etc. Hoje, adotada a teoria da imputação objetiva, que concede relevância à afetação jurídica como resultado normativo do
crime, esse princípio apresenta enorme importância, permitindo que não ingressem no campo penal fatos de ofensividade mínima.
Conclui-se que, que a aplicação do princípio da insignificância não poderá ocorrer em toda e qualquer infração penal. No entanto, existem casosem que a radicalização no sentido de não se aplicar o princípio da em estudo nos conduzirá a conclusões absurdas, punindo-se, por intermédio do ramo mais violento do ordenamento jurídico, assim não mereciam atenção do direito penal em virtude de sua inexpressividade, razão pela qual são conhecidas como bagatela. 
Vide Exemplo:
Exemplo: furto de um boné.
Para que se aplique o princípio da irrelevância, o objeto - boné - tem de ser de pequeno valor, a conduta não deve ser violenta e o agente não pode ser reincidente, precisa ter bons antecedentes etc.
4. Princípio de Alteridade ou Transcedentalidade
Segundo Capez, Princípio da Alteridade proíbe a inscrição de atitude meramente interna, incapaz de lesionar o bem jurídico. O fato típico pressupõe um comportamento que ultrapasse e interfira na individualidade de outrem. Dessa forma, ninguém pode ser punido por fazer mal a si mesmo. (Capez, Fernando.)
 Este princípio foi desenvolvido por Claus Roxin, e segundo ele “Só pode ser castigado aquele comportamento que lesione direito de outras pessoas e não seja simplesmente pecaminoso e imoral. A conduta puramente interna, seja pecaminosa, imoral ou escandalosa, falta a lesividade que pode legitimar a intervenção penal.”
 	Um exemplo interessante sobre esse princípio, diz respeito ao uso de drogas, que não é tipificado como crime, levado em conta o princípio da Alteridade, logo não tem como haver intervenção do Estado, sendo que comprada a droga o uso seja imediato.
 	Com tudo, a Lei nº 11.343/2006 (Lei de prevenção e combate ao uso de drogas), tipifica como crime o simples fato de portar drogas para futuro uso (em grande quantidade), isto com o objetivo de “prevenção social”, já que o uso em ambiente público contamina o ar e incomoda os demais, buscando evitar, assim, a circulação de entorpecentes pela sociedade.
O que a norma objetiva tutela é o interesse de terceiros, pois seria inconcebível provocar a interveniência repressiva do Estado contra alguém que está fazendo mal a si mesmo.
5. Princípio da Presunção de Inocência
...”Ninguém será considerado culpado até o transito em julgado de sentença penal condenatória”. (Art. 5º, LVII, C.F/88). Este princípio assegura a todo Réu, que a pena não deve ser aplicada antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
Deste direito decorre a exigência de que pena não seja aplicada depois de transitado em julgado. Somente depois da pena torna-se irrecorrível é que podem ser proposta medidas de execução de pena. A própria constituição estabelece:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
	Trata-se este do inciso que consagra o princípio da presunção da inocência, ao estabelecer que enquanto não houver sentença condenatória transitada em julgado para a execução de pena, podendo ser esta com perca da liberdade. De certo modo, pode-se dizer, não sem razão, que a presunção é um dos princípios basilares do estado democrático de direito com garantia de processual penal, visando a tutela do direito pessoal.
	Neste sentido cabe ao estado, depois de observados todos os procedimentos legais comprovar a culpabilidade do indivíduo, que é constitucionalmente considerado inocente. A consagração da inocência, destarte, não afasta a constitucionalidade em algumas modalidades de prisão provisória, tais como a prisão cautelar, que ainda é harmonicamente reconhecida pela jurisprudência. No tocante, assim como alguns outros princípios, o da presunção da inocência busca reprimir atos arbitrários do estado.
 	O STF determinou que enquanto houver recurso pendente não poderá ocorrer execução provisória de sentença, exceto quando extremamente necessário, como os casos de prisões cautelares devidamente fundamentadas. Essa decisão apesar de receber várias críticas, assegurou ainda mais o que já está disposta na Constituição Federal.
6. PRINCÍPIO DA INTRANSCEDÊNCIA OU INTRANSMISSIBILIDADE OU PERSONALIDADE
Assegurado na Constituição Federal artigo 5º, XLV, onde garante que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, sendo estritamente intransferível a outrem sendo responsabilidade apenas de quem cometeu e não de terceiros, sendo apenas transmitida aos herdeiros a obrigação de reparação do dano, porém deliberou a necessidade de prévia lei para regulamentação.
 Essa ação penal abrange também os co-autores e participes do delito em fato concreto, não se estendendo aos amigos e familiares, ressaltando então que somente responde criminalmente quem participou da pratica do delito.
A reparação do dano por herdeiros se concretiza em caso de morte do indivíduo condenado, pois ocorre a extinção da punibilidade, porém em caso da pena envolver multa os herdeiros devem honrar com o estabelecido na determinação judicial.
“Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens serem, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. (art. 5º, XLV C.F.)”
Exemplo: 
Pessoa presa julgada e condenada com multa a ser ressarcida ao erário, em período de cumprimento da pena o indivíduo falece. Sua pena é extinta, porém a multa é transferida aos herdeiros, para que seja cumprida no tempo e na forma determinado pela justiça.
Polemica 
O Auxilio Reclusão é benefício concedido pela Previdência Social aos reclusos que no período de sua prisão se encontravam trabalhando de carteira assinada e, portanto contribuindo com a Previdência. Porém quem de fato recebe o benefício é a família, pois se entende que o cumpridor da pena é o recluso e ou condenado e não seus familiares que não devem sofrer financeiramente com a ausência do provedor, sendo também entendido como exemplo de deste princípio.
7. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA / ou CULPABILIDADE
	Culpabilidade ou a responsabilidade penal, diz respeito ao juízo de censura, a reprovação de uma conduta ilícita praticada pelo agente, que de posse de discernimento poderia ter agido de uma maneira diferente. É de certa forma uma um juízo de formação da vontade do agente. A culpabilidade é um principio constitucional que não se encontra expressamente escrito, mas subentendido, para se chegar a ela precisaremos que nos pautar no principio da dignidade humana.
A Culpabilidade como princípio impedidor da responsabilidade penal
objetiva, ou seja, o da responsabilidade penal sem culpa - Na precisa lição de Nilo Batista, o princípio da culpabilidade "impõe a subjetividade da responsabilidade penal. Não cabe, em direito penal, uma responsabilidade objetiva, derivada tão-só de uma associação causal entre a conduta e um resultado de lesão ou perigo para um bem jurídico". Isso significa que para determinado resultado ser atribuído ao agente é preciso que a sua conduta tenha sido dolosa ou culposa. Se não houve dolo ou culpa, é sinal de que não houve conduta; se não houve conduta, não se pode falar em fato típico; e não existindo o fato típico, como consequência lógica, não haverá crime. Os resultados que não foram causados a título de dolo ou culpa pelo agente não podem ser a ele atribuídos, pois a responsabilidade penal, de acordo com o princípio da culpabilidade, deverá ser sempre subjetiva. 
No entanto, deve ser observado que, nessa vertente, que tem por finalidade
afastar a responsabilidade penal objetiva, a culpabilidade deve ser entendida somente como um princípio em si, pois, uma vez adotada a teoria finalista da ação, dolo e culpa foram deslocados para o tipo penal, não pertencendo mais ao âmbito da culpabilidade, que é composta, segundo a maioria da doutrina nacional, pela imputabilidade, pelo potencial conhecimento da ilicitude do fato e pelaexigibilidade de conduta diversa.
Resumindo, portanto, com Gustavo Bruzzone,
"quando nos referimos à culpabilidade podemos fazê-lo
em diferentes sentidos. Por um lado fazemos referência ao
conceito de culpabilidade que se refere à fundamentação da
pena em si; somente podemos aplicar uma pena ao autor de
um fato típico, antijurídico e culpável. Também nos referimos
à culpabilidade em relação ao fundamento para determinação
da pena. Não o utilizamos para fundamentar a pena em si,
senão para determinar a sua graduação: gravidade, tipo e
intensidade. O terceiro conceito caracteriza a culpabilidade
como o oposto à responsabilidade pelo resultado".
8. PRINCÍPIO DO IN DÚBIO PRO REU ou FAVOR REI
	In dúbio pro reo ou favor Rei, trata-se de um princípio que tem por finalidade proteger a defesa da parte mais indefesa. Neste princípio, o In dúbio pro reo, tem respaldo na presunção da inocência, desta forma, quando houver duas posições divergentes que possa gerar dúvidas, assim sendo deve-se resolver a demanda a favor do réu, no análise de duas linhas antagônicas, o réu deverá ser julgado pelo a opção mais favorável.
	Assim sendo, numa interpretação da norma, em se havendo dúvidas, há que se optar pela que seja mais favorável ao réu, pois este é presumidamente inocente. Um exemplo claro para o In dúbio pro reo, seria a absolvição de um suspeito por insuficiência de provas que o possa incriminar. A acusação tem o dever de acusar, no entanto, para este feito tem a obrigação de comprovar a culpabilidade do acusado, e este, por ser presumidamente inocente deveria se inocentado nos termos da Art. 386 do CPP (Código de Processo Penal).
Art. 386.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
        I - estar provada a inexistência do fato;
        II - não haver prova da existência do fato;
        III - não constituir o fato infração penal;
        IV –  estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
 	Cabe lembrar que este principio somente se aplicará nesses casos e em outros que a provas apresentadas não forem suficiente incriminadoras, caso contrário, o efeito deste princípio é nulo.
 O princípio do in dubio pro reo pode ser considerado um dos instrumentos mais relevantes de proteção do indivíduo no moderno Estado Democrático de Direito, pois assegura certas garantias elementares aos cidadãos. Tendo em vista isso, pode-se afirmar que a dignidade da pessoa humana sofre ampla defesa, uma vez que todos são considerados como sujeitos portadores de direitos e que estes não devem sucumbir perante o ofício de julgar do magistrado

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