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Apostila_Introdução a Meio Ambiente

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO BASICO
ASPECTOS DA CIÊNCIA MEIO AMBIENTE
APOSTILA DO MÓDULO INTRODUÇÃO A ENGENHARIA AMBIENTAL DA CADEIRA DE GRADUAÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
PROF.º CLAUDIO LEVI DE FREITAS PEREIRA
RECIFE, 2007
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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO BASICO
*ASPECTOS DA CIÊNCIA MEIO AMBIENTE*
APOSTILA DO MÓDULO INTRODUÇÃO A ENGENHARIA AMBIENTAL DA CADEIRA DE GRADUAÇÃO 	DA ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
PROF.º CLAUDIO LEVI DE FREITAS PEREIRA
RECIFE, 2007
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“O mundo que criamos hoje, como resultado de nosso pensamento, tem agora problemas que não podem ser resolvidos se pensarmos da mesma forma que quando o criamos.”
Albert Einstein
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RESUMO
Esta apostila busca apresentar de uma maneira simples aspectos da disciplina Meio Ambiente para o curso de pós-graduação em Segurança do Trabalho da Escola Politécnica de Pernambuco
PALAVRAS-CHAVE: Poluição Atmosférica, Ecologia, Resíduos Sólidos, Prevenção Ambiental.
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SUMÁRIO
11	INTRODUÇÃO	�
11.1	APRESENTAÇÃO DE MEIO AMBIENTE	�
31.2	MEIO AMBIENTE COMO SISTEMA	�
51.3	DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL	�
71.4	PARTICIPAÇÃO	�
91.5	MEIO AMBIENTE FÍSICO OU NATURAL	�
101.5.1	Clima	�
111.5.2	Solo	�
111.5.3	Água	�
131.5.4	Flora e Fauna	�
141.5.5	Minerais	�
151.5.6	Energia	�
161.5.7	Resíduos Sólidos	�
172	MARCOS HISTÓRICOS	�
172.1	PRINCIPAIS ATUAÇÕES MUNDIAIS	�
172.1.1	O Primeiro Informe do Clube de Roma	�
182.1.2	A Conferência das Nações Unidas em Estocolmo	�
182.1.3	Informa da Comissão Brandt – Programa para a Sobrevivência e Crise Comum	�
182.1.4	O Informe do Instituto WorldWatch	�
192.1.5	O Informe Bruntland	�
192.1.6	O Protocolo de Montreal	�
192.1.7	O que o Brasil está fazendo?	�
202.1.8	A Primeira Cúpula da Terra (1992): Uma estratégia para o futuro	�
212.1.9	A Declaração do Rio	�
212.1.10	A Agenda 21	�
222.1.11	A Declaração de Princípios relativos às florestas	�
222.1.12	O Convênio Marco das Nações Unidas sobre a mudança climática	�
252.1.13	O Convênio sobre a Biodiversidade	�
262.1.14	A Conferência Habitat II (1996)	�
262.1.15	A 2º Cúpula da Terra (1997)	�
272.1.16	Protocolo de Proteção da Antártida (1998)	�
272.1.17	Atuações das ONGs	�
293	PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS NO BRASIL	�
293.1	IMPACTO SOBRE A BIODIVERSIDADE	�
293.2	IMPACTO SOBRE A BIODIVERSIDADE	�
303.3	IMPACTO SOBRE O SOLO	�
313.4	IMPACTO DA URBANIZAÇÃO	�
313.5	POLÍTICAS AMBIENTAIS, PROGRAMAS E LEGISLAÇÃO	�
323.5.1	Sistema de Licenciamento Ambiental	�
323.5.2	Política Nacional de Recursos Hídricos	�
333.5.3	Programa Nacional de Diversidade Biológica - PRONABIO	�
333.5.4	Sistema Nacional de Unidade de Conservação	�
343.5.5	Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 21	�
343.5.6	Programa Nacional de Educação Ambiental	�
343.6	ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS	�
343.6.1	Ministério do Meio Ambiente - MMA	�
353.6.2	Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA	�
363.6.3	Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA	�
363.6.4	Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA	�
384	POLUIÇÃO DA ÁGUA	�
394.1	SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS	�
404.2	SISTEMAS INDIVIDUAIS DE TRATAMENTO	�
404.3	SISTEMAS DE TRATAMENTO COLETIVO	�
414.4	COLETA E TRANSPORTE DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS	�
454.5	CARACTERIZAÇÃO DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS	�
474.6	OPERAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS	�
505	POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA	�
505.1	DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS	�
505.2	COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA QUÍMICA	�
515.3	CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A TEMPERATURA	�
515.4	ORIGEM DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS	�
525.5	NATUREZA DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS	�
525.5.1	Poluentes Sulfurados	�
535.5.2	Poluentes Carbonados	�
545.5.3	Poluentes Oxigenados	�
545.5.4	Poluentes Nitrogenados	�
555.5.5	Outros Poluentes	�
565.5.6	As Partículas sólidas e líquidas	�
575.5.7	Os Odores	�
575.6	AS FONTES POLUENTES	�
585.6.1	Classificação das fontes poluentes	�
595.7	OS PROCESSOS POLUENTES	�
595.7.1	Classificação dos principais processos poluentes	�
626	RESÍDUOS SÓLIDOS	�
626.1	INTRODUÇÃO	�
636.2	CONCEITO DE RESÍDUO	�
646.3	GESTÃO DOS RESÍDUOS	�
646.4	ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DOS RESÍDUOS	�
656.5	RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS	�
656.6	CONCEITO DE RESÍDUO SÓLIDO URBANO	�
666.7	PRODUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS	�
666.8	GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS	�
676.8.1	Acondicionamento	�
676.8.2	Coleta e transporte dos resíduos sólidos urbanos	�
676.8.3	Destino dos resíduos sólidos urbanos	�
686.9	DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS	�
696.10	MÉTODOS DE TRATAMENTO PARA OS RESÍDUOS SÓLIDOS	�
696.10.1	Incineração	�
706.11	VALORIZAÇÃO	�
706.11.1	Usinas de reciclagem	�
706.11.2	Usinas de compostagem	�
706.12	RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ESPECIAIS	�
716.12.1	Resíduos hospitalares	�
72ANEXOS	�
72ANEXO 1 : PESQUISANDO SOBRE O ASSUNTO	�
74ANEXO 2 : REFLEXÃO DE QUESTÕES	�
75PRINCIPAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	�
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INTRODUÇÃO
A conservação e a proteção do meio ambiente tornam-se aspectos importantíssimos nas discussões sobre os desafios da sociedade atual. O tema ganhou especial relevância quando os graves problemas de poluição e de degradação ambiental e social passaram a influenciar negativamente na qualidade de vida da sociedade mundial. E todos os cidadãos têm uma parcela de responsabilidade e de contribuição a oferecer no enfrentamento destes desafios.
Mas para lidar com isto, precisamos de um conjunto de novos conhecimentos, que não nos restrinja à pura aplicação de técnicas e conceitos isolados, mas, que permita uma visão integrada às diferentes disciplinas científicas.
Então, procurando atender ao objetivo acima, esta apostila é composta pelos seguintes aspectos da ciência:
Conceitos introdutórios;
Pontos Históricos;
Poluição da água;
Poluição do solo;
Poluição atmosférica.
APRESENTAÇÃO DE MEIO AMBIENTE
A concepção e o entendimento do conceito de meio ambiente, ou ambiente, está em constante processo de construção. Por essa razão é possível encontrarmos diferentes definições para esse termo que, de acordo com o momento de sua elaboração, ora o restringe, ora o amplia.
É interessante notar a redundância que existe entre ambos os termos: a palavra meio ambiente significa o mesmo que ambiente. A causa disto é proveniente da impressão semântica das traduções do inglês, que acabou gerando o termo meio ambiente com de uso comum, em vez de se utilizar somente um deles.
A reflexão teórica sobre meio ambiente que inclui em sua análise os efeitos das ações humanas sobre a natureza é relativamente recente. Em uma fase mais antiga, a definição de ambiente ou estava mais próxima das observações das ciências biológicas ou físicas, ou então das ciências humanas (ambiente social, cultural etc). Não estava estabelecida a relação entre ambos. É a partir de meados da década, do século XX, que se inicia, oficialmente, uma discussão mais ampla na busca de integrar ao ambientes físicos aos sociais. Este movimento ocorre devido à tomada de consciência e pela conseqüente tentativa de reversão dos graves efeitos que as ações da sociedade atual imprimiram sobre a Terra.
Existem diversas definições sobre meio ambiente. Algumas delas estão apresentadas logo abaixo.
“O conjunto do sistema externo físico e biológico, no qual vivem o homem e os outros organismos.” (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 1978)
“A soma de condições externas e influências que afetam a vida, o desenvolvimento e, em última análise, a sobrevivência de um organismo.” (Banco Mundial, 1977)
“Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permitam proteger e normalizar a vida em todas suas formas.” (Lei Federal nº 6938- Brasil)
Além destes aspectos de cunho conceitual, encontramos no artigo 225, capítulo VI da Constituição Brasileira de 19889, o estabelecimento de direitos e deveres do Estado e dos cidadãos, no que tange ao meio ambiente: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrada, bem de uso comumdo povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações.”
Alguns autores apresentam uma definição mais complexa de meio ambiente do ponto de vista teórico-conceitual, que inclui variáveis que contemplam não só os elementos que o compõe, mas também os processos gerados a partir dos relacionamentos entre esses elementos.
Esses autores introduzem a complexidade das inter-relações, por meio da explicitação de diferentes ambientes:
Meio ambiente-natureza (entorno original);
Meio ambiente-recurso (base material para os processos de desenvolvimento);
Meio ambiente-problema (ambiente ameaçado e poluído);
Meio ambiente-meio de vida (o espaço da vida cotidiana);
Meio ambiente-biosfera (o espaço da consciência dos limites planetários);
Meio ambiente comunitário (o entorno entre a coletividade humana e meio natural).
Percebe-se, portanto, que a grande variação nas definições de meio ambiente está relacionada ao processo de transformação do pensamento na sociedade contemporânea.
MEIO AMBIENTE COMO SISTEMA
Os conceitos sobre meio ambiente podem ser mais bem compreendidos quando consideramos o meio ambiente como um sistema. Para isto, é necessário, primeiro, estabelecermos o que é sistema.
O termo sistema é utilizado por todos, quase que intuitivamente, quando buscamos referir-nos às várias categorias de organizações ou grupos de elementos inter-relacionados, ou seja, sempre que pretendemos enfatizar inter-relacionamento, organização e interdependência, entre vários elementos que compõem um grupo ou conjunto avaliado.
A base conceitual de sistemas foi formulada inicialmente pro Bertalanffy, ainda na década de 30, para oferecer um conjunto de novas explicações e metodologias que pudessem dar conta dos problemas ligados à dinâmica dos sistemas vivos na natureza.
Segundo Bertalanffy, os motivos que o conduziram a desenvolver a Teoria Geral dos Sistemas estabeleceram-se a partir da observação da inadequação do postulado do reducionismo da física teórica (o princípio segundo o qual a biologia, as ciências sociais e do comportamento, deviam ser tratadas de acordo com o paradigma da física e, finalmente, reduzidas a conceitos de entidades do nível físico), para tratar os novos problemas específicos das outras ciências.
Sistema, então, segundo Kast e Rosenweig (1976), é um sistema composto de partes, ou elementos, inter-relacionados. Isso acontece com todos os sistemas mecânicos, biológicos e sociais. Todos os sistemas têm, pelo menos, dois elementos em inter-relação. Num sistema, o todo não é apenas a soma das partes; o próprio sistema pode ser explicado apenas como totalidade.
As características de um sistema, de acordo com Bertalanffy , são as seguintes:
um todo sinergético, maior que a soma de suas partes;
um modelo de transformação;
um conjunto de partes em constante interação, com ênfase na interdependência;
uma permanente relação de interdependência com o ambiente externo, com capacidade de influenciar e ser influenciado, possuindo capacidade de crescimento, mudança e adaptação ao ambiente externo.
A capacidade de interação entre ambientes externo e interno, representa uma das principais características dos sistemas. Os sistemas podem ser fechados (quando não há troca com o meio externo) ou abertos, quando existem fluxos contínuos de energia, matéria e informação com o ambiente externo.
Os sistemas abertos são, portanto, sistemas que dependem do ambiente externo. Recebem elementos, os transformam mediante processos internos e devolvem novos elementos ao meio externo. Os sistemas abertos necessitam de entradas (ou inputs) para se manterem em funcionamento.
Figura 1.1 – Sistemas abertos
Relacionando as características apresentadas, pode-se perceber o Meio Ambiente como um sistema aberto, observando a constante interação e interdependência entre o ambiente externo e os ambientes internos ou subsistemas.
Essas bases conceituais sobre sistemas estão apoiadas, no entanto, sobre modelos teóricos que vêm se destacando ao longo dos últimos 50 anos. Neste sentido, as teorias sobre a complexidade, presentes em diversos campos da ciência, têm enriquecido o enfoque sistêmico para muito além do que Bertalanffy formulou inicialmente. Os sistemas complexos ampliaram e agregaram novos conhecimentos sobre processos irreversíveis, incertezas, caos, ordem e desordem etc. Então, o sistema é possível de ser definido. Uma definição adequada só pode surgir em cada caso particular, ou durante o transcurso da própria pesquisa/ investigação.
Abaixo são apresentados alguns dos elementos da Teoria dos Sistemas que permitem estabelecer uma postura sistêmica em análises práticas:
As relações entre o todo e as partes: sabendo-se que um sistema compõe-se de partes, pode-se pensar em desmembrá-lo para analisá-lo em separado. Porém, deve-se lembrar que as partes só adquirem seu verdadeiro sentido quando integradas ao todo do sistema, estabelecido justamente pela inter-relação de suas partes. Esse princípio estabelece o caráter de interdependência entre as partes e o todo. A compreensão deste caráter ajuda-nos a observar que os problemas que afetam os sistemas naturais não podem ser interpretados sem a devida conexão com o que acontece nos sistemas sociais, econômicos, entre outros.
Emergência e restrições do sistema: compreender qualquer conjunto como um sistema, pressupõe considerar que ele pode ser maior e menor que as partes que o constituem. Maior que as partes, por causa da emergência, ou seja, os resultados das interações das partes que permitem o estabelecimento de um produto novo, que não pode ser observado em separado na análise das partes. E menor que as partes quando o sistema impõe limites ou restrições às partes, que passam a não poder realizar plenamente suas potencialidades (como exemplo, o ditado popular, “A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro”). Neste caso, o sistema social, em sua totalidade, impõe limites a cada pessoa como parte ou componente dele mesmo, de forma que o indivíduo isolado nem sempre pode pôr em prática toda sua potencialidade.
Relações entre sistema e entorno: os sistemas em aberto estão em constante processo de intercâmbio com o entorno, além de necessitarem dele para se manter em funcionamento. Essa característica de interdependência com o entorno não possibilita aos sistemas abertos um estado de estabilidade e de permanência estático, sendo necessário incorporar noções de ordem e desordem para explicar a realidade sistêmica como um processo dinâmico.
Equilíbrio dos sistemas: um sistema aberto é uma unidade dinâmica, que se transforma ao longo do tempo. Para compreender este processo, é necessário que se conheça quais são os mecanismos internos utilizados pelo sistema para manter seu equilíbrio dinâmico por meio dos constantes intercâmbios de matéria, energia e informação com seu entorno. O conceito de equilíbrio dinâmico incorpora a idéia de mudança: uma mudança temporal que incorpora o conceito de evolução e de mudança espacial, que tem a ver com a idéia de estrutura.
Retroalimentação: os mecanismos de retroalimentação são aqueles que permitem ao sistema ser realimentado pela informação gerada por ele mesmo. Podem ser de três tipos: Positivas, que são considerados sistemas explosivos, pois os efeitos das causas iniciais aumentam a variação do sistema em relação a seu ponto de equilíbrio; Negativas, em que a informação gerada permite ao sistema alterar-se para restabelecer seu equilíbrio; Regulação Antecipatória; que são informações que atuam de acordo com o comportamento presente do sistema, porém apresenta um sentido futuro.
A adaptação e inovação: um dos objetivos dos sistemas vivos é manter-se em estado de estabilidade. Para atingir tal objetivo, os sistemas desenvolvem processos de adaptação, que buscam conduzi-lo de novo à estabilidade inicial. Nos sistemas abertos, estes processos são muito importantes para a manutenção da integridadedo sistema, devido ao alto grau de interdependência com as alterações de seu entorno. Em alguns casos, quando as alterações são muito intensas, provocam mudanças que podem alterar o próprio sistema. Neste caso há a inovação no sistema.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
As interações sistêmicas entre os subsistemas naturais e sociais resultam em processos e produtos concretos, que atualmente percebe-se possuir um visível desequilíbrio.
O subsistema natureza desempenha suas funções a partir de processos que produzem seu equilíbrio dinâmico. O conhecimento gerado a partir da observação desses processos da natureza tem sustentado as bases de todo conhecimento humano.
No subsistema da sociedade atual, op processo interna que gera transformação está vinculado à idéia de desenvolvimento.
O desenvolvimento, idéia chave após os anos do pós-guerra, baseava-se quase que exclusivamente em questões econômicas que se realizavam através do beneficiamento e comercialização de recursos naturais, entendidos como inesgotáveis, com base numa lógica de exploração insustentável, bem como em tecnologias que não levavam em conta os limites ecológicos e sociais da biosfera.
O debate deste dilema fez surgir um novo conceito de desenvolvimento.
A evolução do conceito de desenvolvimento para desenvolvimento para desenvolvimento sustentável, pode ser mais bem compreendida a partir da análise do impacto que as preocupações ambientais emprestaram ao conceito de desenvolvimento.
Historicamente, as reflexões iniciais sobre as alternativas de desenvolvimento dentro do enfoque ambiental foram traçadas pelo conceito de ecodesenvolvimento na década de 1970. Entretanto, o ecodesenvolvimento mostrou-se excessivamente alternativo para o sistema econômico dominante. Assim, ao ecodesenvolvimento seguiram-se novas propostas alternativas, que culminaram em um conceito mais flexível de desenvolvimento: o desenvolvimento sustentável.
Diferentes definições para esta nova versão de desenvolvimento são apresentadas abaixo:
Conceitua-se Desenvolvimento Sustentável para as populações tradicionais como o processo de transformação, no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional, se harmonizam, reforçando o potencial presente e futuro do meio ambiente, suporte das atividades econômica destas populações, a fim de melhor atender às suas necessidades e aspirações, respeitando a livre determinação sobre a evolução de seus perfis culturais. (IBAMA, 1996);
Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às suas. (Nosso Futuro Comum, 1988)
Observa-se que há uma importante interdependência entre a base econômica e o estabelecimento do conceito de desenvolvimento sustentável. Para o IBAMA, esta articulação pode ser compreendida a partir de:
a. Condições econômicas:
acréscimo da renda real per capita;
melhoria das condições de saúde e nutrição;
melhoria educacional;
acesso aos recursos;
distribuição mais justa;
acréscimo nas liberdades básicas.
b. Condições éticas:
justiça com aqueles socialmente despojados;
justiça entre gerações;
prevenção de riscos;
solidariedade entre gerações;
responsabilidade frente às ações;
atitudes cooperativas.
c. Condições Tecnológicas:
eficiência econômico (competitividade em termos econômicos, independentemente de subsídios e reservas de mercado);
grau de simplicidade (facilidade em entender e usar);
densidade de capital e trabalho (demanda de maior quantidade de fator menos escassos);
nível de agressividade ambiental (quanto menor a agressão ao ambiente, mais adequada);
demanda de recursos finitos (menor demanda no uso de recursos materiais finitos);
grau de auto-sustentação (baseada nos recursos disponíveis no próprio local).
PARTICIPAÇÃO
A participação dentro da temática ambiental pode ser abordada dentro de diferentes dimensões. Sob a ótica conceitual de meio ambiente, a participação pode ser entendida como a contribuição que cada segmento da sociedade (social, econômico, político, organizacional, científico etc) pode oferecer, ou ter capacidade de oferecer, para o estabelecimento do equilíbrio ambiental do planeta equilíbrio ambiental do planeta – equilíbrio este entendido a partir da interdependência de equilíbrio de cada um de seus próprios componentes.
Para perceber a importância dos processos participativos associados à temática ambiental, deve-se observar, com atenção, os resultados que estas contribuições e seus avanços, têm oferecido para a reversão do quadro de degradação global. Essa observação será mais bem referenciada através da análise das atividades práticas (locais ou globais), e não apenas pelo desenvolvimento das concepções teóricas sobre o tema.
Para ordenar a análise sobre a dimensão participativa presente no conceito de Meio Ambiente, é importante estabelecer alguns critérios análogos aos apresentados na definição de Meio Ambiente como Sistema:
Quadro 1.1 – Participação nos elementos de Sistema
	Relações entre o todo e as partes
	A participação possui características de interdependência entre parte e todo, podendo-se admitir os subsistemas (indivíduos ou organizações como parte) e os processos participativos resultantes das interações como todo
	Emergência e limites
	Por ser uma atividade essencialmente teórico-prática, a participação possui importantes características de emergências, geradas a partir das articulações entre as partes; e também de limites, impostos pela necessidade de respeitar as características particulares das partes envolvidas
	Relação com o entorno
	Compreendendo o meio ambiente como um sistema aberto, ou seja, em constante processo de intercâmbio com o meio externo, pode-se perceber que as atividades participativas desenvolvidas entre as organizações e indivíduos geram as transformações que o sistema oferece como novo produto (novas formas de conceber ou resolver os problemas)
	Equilíbrio
	O conceito de equilíbrio dinâmico empresta aos processos participativos um caráter de aprendizado, havendo constantes fluxos de matéria, energia e informação que provocam mudanças temporais (evolução) e espaciais (estrutura) nas organizações, nos indivíduos e nas concepções e resoluções de problemas
	Retroalimentação
	Diz respeito aos mecanismos de recarga do sistema. São as informações que permitem ao sistema aprender a partir de sua própria prática ou operação
	Adaptação e inovação
	Os processos participativos, enquanto atividades eminentemente teórico-práticas, estão constantemente sujeitos aos processos de adaptação e inovação para garantirem sua estabilidade (dinâmica)
Tem-se assistido, nos últimos tempos, a um importante movimento em toda sociedade para viabilizar os processos participativos em todos os subsistemas do Meio Ambiente (social, cultural, político, tecnológicos, econômico, institucional, entre outros). Este movimento coletivo – formal e informal – tem resultado no desenvolvimento de um grande número de novas metodologias, instrumentos e mecanismos legais que contribuem para efetivação da dimensão participativa na dinâmica social contemporânea.
Na perspectiva do conceito de Desenvolvimento Sustentável, a Participação é o elemento fundamental para garantir a inclusão social, a diversidade de abordagens, o respeito à diversidade cultural, a inclusão de perspectivas sobre relações de gênero, a reflexão entre a geração atual e a futura, entre outros aspectos. As experiências de construção de Agendas 21 locais têm explicitado os limites e as oportunidades que o exercício da prática participativa oferece para o conceito.
MEIO AMBIENTE FÍSICO OU NATURAL
O estudo do Meio Ambiente Natural, suas dinâmicas próprias e das inter-relações com os demais subsistemas do Meio Ambiente ajuda-nos a compreender a natureza e as dimensões dos impactos sofridos pelo conjunto de seus elementos.
No documento preparatório para a Rio 92, “Nossa própria agenda sobre Desenvolvimento e MeioAmbiente” (BID/PNUD, 1991), foi apresentado um quadro sobre a situação ambiental da América Latina.
Quadro 1.2 – Participação nos elementos de Sistema
	Dimensão
	Temas Ambientais
	Internacional
	. Bacias hidrográficas e ecossistemas compartilhados
. Chuva ácida
. Destino final de resíduos tóxicos
. Guerras convencionais
. Segurança ecológica
	Global
	. Risco nuclear
. Aquecimento climático global
. Drogas
. Perda de biodiversidade
. Destruição da camada de ozônio
. Contaminação e exploração dos recursos dos oceanos
. Usos dos recursos da Antártida
. Usos do espaço exterior.
Pode-se observar que os principais temas apresentados no quadro acima possuem íntima relação com as ações antrópicas sobre os ecossistemas internacionais (da América Latina) e Globais (generalizadas para todo o planeta).
Para construir um painel de relacionamento do quadro 1.2 e o Meio Ambiente Físico, será apresenta uma abordagem panorâmica sobre os seguintes assuntos: Clima, Solos, Água, Flora e Fauna, Minerais, Energia e Resíduos.
Clima
Ao falar de clima, é referido fundamentalmente a um de seus componentes: a atmosfera.
A atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra, com altitude estimada superior aos 1.000 km. É composta de grande variedade de gases, sendo os mais importantes o oxigênio e o nitrogênio, e, conjuntamente, constituem 91% de seu volume, formando o ar.
Os seres humanos contaminam o ar com gases tóxicos. A poluição atmosférica é um dos problemas ambientais e de saúde humana, típicos das cidades e das zonas industrializadas. A qualidade do ar depende completamente da quantidade e natureza de substâncias geradas pela atividade humana, como os gases tóxicos e partículas orgânicas e inorgânicas em suspensão (poeira e alguns metais, como o chumbo).
O efeito estufa, causa do aquecimento da Terra e da modificação do clima, é um dos grandes problemas atmosféricos, tornando-se um tema prioritário a respeito do qual já estão sendo tomadas providências. Os Estados Unidos emitem 25% dos gases causadores de efeito estufa, motivo pelo qual, em 1993, lançou um plano para que no ano 2000 a emissão de gases estufa (principalmente CO2) fosse similar à do ano de 1990. O departamento de Energia dos Estados Unidos anunciou, no entanto, em outubro de 1997, que os gases estufa produzidos nesse país simplesmente não haviam diminuído, mas que aumentaram 8% desde 1990.
A chuva ácida, que é produzida pela atividade industrial, também se inclui como uma das ameaças ao meio aéreo; a emissão de compostos de enxofre na atmosfera pode diluir-se no vapor da água, formando pequenas gotas de ácido sulfúrico, o que provocará a chuva ácida. Este fenômeno não é um problema localizado, já que estas gotas podem depositar-se sobre solos que estão a muitos quilômetros de distância do ponto em que são originadas.
A contaminação dos espaços interiores é um tema específico no estudo da poluição atmosférica. A maior parte da atividade profissional, familiar, social e recreativa, que as pessoas exercem, ocorre dentro de espaços fechados, o que torna a concentração de substâncias poluentes maior que em espaços fechados. Neste caso, aos contaminadores clássicos somam-se outros, como os óxidos de nitrogênio e CO2, emitidos por gás de cozinha, pelos escapamentos dos automóveis nas garagens, pelas partículas de fuligens provenientes dos veículos automotores, e que se introduzem dentro das casas, pelo fumo dos cigarros, e outras substâncias voláteis que aparecem em produtos de uso doméstico, como pinturas e aerossóis. A contaminação por amianto é uma das mais conhecidas, pois este material era amplamente utilizado na construção, até que se comprovou, na década de 60, que as emanações de suas fibras podiam provocar câncer.
Solo
O solo lembra-nos de imediato na cobertura da superfície terrestre. Solo, de acordo com o critério científico, é uma coleção de corpos naturais, que ocupa posições na superfície terrestre, os quais suportam as plantas, e cujas características são decorrentes da ação integrada do clima e da matéria viva sobre o material originário, condicionado pelo relevo, sobre períodos de tempo. Isto é, o clima e a matéria orgânica atuam modificando os solos através do tempo, decompondo as rochas e transformando a topografia.
Seguindo um critério prático, o solo é concebido como o meio natural onde se desenvolvem as plantas.
Os seres humanos podem fazer variados usos do solo. A atividade agrícola é em si benéfica para o solo; contudo, o prejuízo surge quando práticas inadequadas são realizadas, como o manejo inadequado de água para irrigação, que gera uma má drenagem e processos de salinização.
Ainda assim, a falta de manejo adequado dos solos, tem como conseqüência a ocorrência de processos erosivos. O aparecimento de fendas em lugares com declividade acentuada, assim como de aluviões, que são produzidos com a ocorrência de chuvas intensas e o assoreamento das margens dos riscos, são formas radicais de erosão.
Finalmente, o uso de terras agrícolas para outros fins, tais como a fabricação de materiais de construção (tijolos e acabamentos cerâmicos) e a edificação de infra-estrutura (residências, fábricas, edifício diversos, pavimentação de vias de transporte), é uma das formas mais nocivas de utilização dos solos cultiváveis.
O uso inadequado dos solos leva ao surgimento do fenômeno conhecido pelo nome de desertificação. Segundo dados das Nações Unidas, estima-se que a cada ano desertificam-se entre 6 e 7 milhões de hectares, ou seja, uma superfície equivalente ao triplo da ocupada pelo Estado de Sergipe. Do mesmo modo, uma extensão adicional de 20 milhões de hectares (área equivalente ao Estado do Paraná) se empobrece anualmente, até o ponto de tornar-se improdutiva para a agricultura e para a pecuária.
Água
A definição da água é mais difícil do que geralmente se supõe. Aparentemente simples, a água é um dos corpos mais complexos do ponto de vista físico e químico, pois é muito difícil obtê-la em estado puro, além de apresentar um maior número de anomalias em suas constantes físicas.
A água é a fonte de toda a vida. Os seres vivos não podem sobreviver sem água.
Todas as grandes civilizações nasceram ao redor da água. Não se conhece nenhuma civilização que tenha se desenvolvido em uma região desprovida de água. É por isso que, há milhares de anos, desde que a humanidade tem sido capaz de representar seus conceitos por símbolos gráficos, a água é dignificada.
A água renova-se no mundo dentro de um ciclo, conhecido como ciclo hidrológico. Com o calor produzido pela insolação, a água evapora-se dos mares e das águas continentais, chegando à atmosfera, onde forma nuvens que logo se precipitam. Uma vez sobre o continente, parte desta água escorre superficialmente (rios), enquanto o restante, em maior proporção, infiltra-se (águas subterrâneas) chegando desta forma novamente aos lagos, lagoas e oceanos, dos quais volta a evaporar-se.
A água exerce uma influência decisiva sobre os seres humanos e recursos naturais renováveis. Sua dinâmica natural influi sobre solos, plantas e animais, podendo causar deslizamentos e inundações como processos naturais. Porém, a água também tem sua dinâmica afetada pelas atividades humanas, que muitas vezes aceleram esses processos naturais.
Outro tipo de influência exercida pelas atividades humanas sobre a água é a sua contaminação. Assim, antes de chegar ao solo como chuva, pode ser contaminada com emissões gasosas, procedentes da indústria ou da combustão de veículos automotores; ou, já no solo, pelo lançamento de substâncias tóxicas ou resíduos líquidos ou sólidos, da indústria, da agricultura ou domésticos.
A contaminação das águas afeta tanto os animais como as plantas, implicando em grave problema ambiental. Até poucos anos atrás, a água era vista como um bem barato e inesgotável. Atualmente, esta visão teve que ser revista, pois se compreendeu que para recuperar a água contaminada, o processo é difícil e oneroso.
Uma porcentagem demasiadamente elevada da população mundial não dispõede água suficiente em quantidade e na qualidade desejada, o que afeta as necessidades hídricas dos cultivos, a capacidade de sobrevivência e permite a proliferação de doenças causadas pelo consumo de águas não tratadas por animais e pessoas.
Aproximadamente 71% da superfície de nosso planeta são cobertos pelos oceanos, os quais estão sofrendo uma constante degradação. A cada ano são despejados neles mais de 8 milhões de toneladas de petróleo, sendo que, segundo cifras da FAO, 44% dos locais de pesca sofrem processos de exploração intensiva, 16% são explorados em excesso, 10% dos arrecifes de corais se acham em estado irrecuperável e 30% estão em processo de degradação.
Para diminuir o impacto sobre o meio aquático, deve-se reduzir o despejo de resíduos, tratar as águas contaminadas antes de lançá-las aos cursos dos rios, e antes de serem consumidas; também devem ser potencializadas as técnicas de captação e armazenamento de água, assim como reduzir o desperdício.
Flora e Fauna
A flora e a fauna incluem todos os organismos vivos que se desenvolvem na biosfera. A flora é constituída pelo conjunto de espécie ou indivíduos vegetais, silvestres ou cultivados, que vivem ou povoam uma determinada região ou zona.
Os vegetais ou plantas, como habitualmente são chamados, são formas de vida que se pode agrupar, a princípio, em dois grandes grupos: plantas que têm flores visíveis, ou Fanerógamas (árvores, arbustos), e plantas sem flores visíveis, ou Criptogamas (samambaias, musgos, fungos, algas). Este grupo inclui a totalidade da microflora.
A flora inclui muitas espécies de valor econômico que são utilizadas para diversos fins: obtenção de madeira (florestas), pastagens (pastos naturais), medicina (plantas medicinais) etc. Lamentavelmente, a extinção ameaça atualmente aproximadamente 25.000 espécies de plantas.
Quanto às florestas, no mundo existem dois tipos principais que possuem valor econômico: as florestas homogêneas, compostas por um número limitado e uniforme de espécies, que se desenvolvem nas zonas temperadas dos hemisférios Norte e Sul; e as florestas tropicais úmidas, compostas por uma variedade de espécies de todo tipo e tamanho, que caracterizam a região equatorial do mundo.
Estas últimas são as florestas mais vulneráveis por estarem continuamente submetidas a um processo de desmatamento. Este processo é tão intenso que, segundo estimativas, só na América Latina ocorre a metade do desmatamento realizado em todo o mundo. Sabe-se que a cada ano o mundo perde 11,3 milhões de hectares de florestas tropicais. As Florestas homogêneas ou temperadas não se livram da degradação, principalmente pelo efeito da chuva ácida.
Por outro lado, o desequilíbrio entre a produção e o consumo dos recursos naturais é evidente: um quinto da população mundial (América do Norte, Europa Ocidental, Japão, Austrália, Hong Kong. Cingapura) consome 80% dos recursos naturais. Entretanto, é nos 14 dos 17 países mais endividados do mundo, que se encontram as florestas tropicais. O resultado é um comércio de recursos naturais que são utilizados para pagar esta dívida. De fato, calcula-se que a subsistência de 300 milhões de pessoas está relacionada com as florestas.
A fauna é formada pelo conjunto de animais que povoam ou vivem em uma determinada zona ou região. Em nível global, fauna abrange todos os animais que existem desde que apareceu a vida na Terra.
Esta forma de vida apresenta-se, a princípio, em dois grandes grupos: os invertebrados, a forma mais primitiva, e os vertebrados, de evolução mais tardia. A principal diferença entre ambos é a presença de um eixo ósseo, que suporta o corpo do animal, nos vertebrados, e que não existe nos invertebrados.
Entre os vertebrados, são classificados os peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Entre os invertebrados, distinguem-se aqueles com membros articulados ou artrópodes (insetos, aracnídeos, crustáceos), os moluscos e esponjas.
A utilidade das espécies de fauna é múltipla, mas principalmente pode-se mencionar a domesticação de animais selvagens, que é fonte de alimentos, de produtos industriais e de produtos úteis para a agricultura.
A extinção ameaça, atualmente, mais de 1.000 espécies de vertebrados. Estas cifras não englobam o inevitável desaparecimento de animais menores.
A ameaça mais grave para fauna e flora é a degradação do meio ambiente físico através de sua substituição gradual por assentamentos humanos, portos e outras construções, contaminação com produtos químicos e resíduos sólidos, a extração descontrolada de águas e de recursos naturais, a pecuária, atividades pesqueiras e a caça indiscriminada.
Devido à super-exploração da pesca, atualmente acham-se consideravelmente esgotadas, pelo menos, 25 das mais valiosas zonas pesqueiras do mundo. Cinco das oito regiões, com maior número de reservas pesqueiras esgotadas, são regiões desenvolvidas (Atlântico do Noroeste, Atlântico do Nordeste, Mediterrâneo, Pacífico do Noroeste e Pacífico do Nordeste). No mar peruano, a pesca da anchoveta ocasionou seu colapso entre 1971 e 1978. Seu habitat foi ocupado pela sardinha, pela cavala, pelo bonito e pela merluza. A alteração ecológica trouxe como conseqüência um grave prejuízo econômico e ambiental.
Quanto aos animais terrestres, estes são caçados principalmente para a obtenção de carne e peles. O comércio internacional converteu-se em uma ameaça para muitas espécies, dada a exigência cada vez maior do mercado internacional pelas espécies raras da fauna. Este abuso ameaça 40% de todas as espécies de vertebrados em vias de extinção, representando o maior perigo que pesa sobre os répteis.
Minerais
Os minerais são corpos inorgânicos naturais, de composição química e estrutura cristalina definidas. Sua importância é grande por seus diversos usos na Indústria.
Constituem as matérias-primas ou recursos mais importantes para fabricar ferramentas da civilização. No total, há na crosta terrestre mais de 2.000 minerais distintos, que apresentam uma deslumbrante variedade de cores, formas e texturas.
Os minerais têm sua origem nas rochas, que não são mais que uma mistura complexa de minerais ou que, às vezes, são formadas por um só tipo de mineral. Há minerais metálicos e não metálicos.
Uma característica dos minerais é que são esgotáveis, ou seja, uma vez que são explorados não se renovam. O petróleo, o cobre, o ferro, o carvão natural etc irão se esgotar um dia. Por este motivo, é necessário utilizá-los com prudência, evitando seu desperdício.
Desde os tempos pré-históricos, os seres humanos souberam utilizar os minerais. O carvão natural serviu para o grande avanço industrial do século passado, alimentado as usinas e as máquinas a vapor. O urânio, atualmente, alimenta os reatores atômicos. Mas em todos os tempos, os minerais mais explorados foram os diamantes e o ouro.
A exploração e o uso irracional dos minerais encontram-se associados à poluição. Por exemplo, a eliminação de resíduos das minas, resulta em contaminação dos recursos hídricos; o uso do carvão natural está associado à poluição atmosférica.
Entre os principais minerais, encontram-se: o carbono (fundamento dos compostos químicos orgânicos, como exemplo, o petróleo), o ferro, o cobre, o urânio, o chumbo, o zinco, o alumínio, o ouro e a prata.
Energia
Constitui o recurso mais misterioso da natureza e está associado ao movimento. Em conjunto com a matéria, forma o mundo. A matéria é a substância; a energia, o móvel da substância, do universo. A matéria pesa, ocupa um lugar, pode ser vista, ouvida, apalpada; a energia não é vista, somente são vistos seus efeitos.
Portanto, a energia só pode ser definida em função de seus efeitos, como a capacidade de efetuar um trabalho.
A energia manifesta-se de muitas formas em nossa vida diária. Assim temos: a energia mecânica, que corresponde a de qualquer objeto em movimento; a energia térmica ou do calor; a energia radiante, que é a gerada pelo Sol e pelas estrelas e por todo tipo de radiações; a energia química, contida nos alimentos e nos combustíveis,como o petróleo; a energia elétrica, que corresponde à eletricidade e aos imãs; e a energia nuclear, que mantém unidas as partículas dos átomos.
Uma particularidade da energia é que pode se transformar. Qualquer forma de energia pode ser convertida em outra. Um exemplo é o ciclo hidrológico; assim, a água dos mares ou dos lagos evapora-se e passa para a atmosfera graças ao calor produzido pela energia radiante proveniente do Sol. O vapor condensa-se em forma de nuvens e cai como chuva, neve ou granizo nas montanhas. Ao escoar, a água move as turbinas de uma usina hidrelétrica, transformando a energia mecânica em corrente elétrica que, ao ser conduzida pelos fios, aciona equipamentos eletrodomésticos.
Existem energias renováveis e energias não renováveis. Por exemplo, a energia radiante produzida pelo Sol, e que logo se transforma, é uma energia renovável. Mas a energia química produzida pela combustão do petróleo é uma energia não renovável, porque o petróleo pode se esgotar.
É por isto que a tendência moderna é pela utilização mais ampla das energias renováveis, fundamentando o desenvolvimento sustentável.
Resíduos Sólidos
As dificuldades geradas pela eliminação de resíduos sólidos constituem um problema não só de espaço, mas também de contaminação. Sua eliminação pode realizar-se mediante disposição em aterros sanitários, incineração, compostagem etc., mas, em qualquer caso, isto implica num custo econômico que deve ser assumido.
A reciclagem dos resíduos representa uma redução destes e um reaproveitamento dos recursos, pelo que deve ser potencializado, começando pela conscientização do cidadão e dotando as cidades das infra-estruturas necessárias. Em alguns casos, como na Alemanha, o grau de participação da população na coleta seletiva é tão alto que supera a capacidade de recuperação e reciclagem, pelo qual uma parte dos resíduos separados pelos cidadãos volta a ser misturada. Na Espanha, houve grandes avanços na coleta seletiva na última década, mesmo que ainda falte um longo caminho por percorrer.
Os resíduos tóxicos e perigosos constituem outro conflito; ao eliminá-lo depositando-os em recipientes de metal, projetados para tal fim, não se suprime todos os problemas, já que pode haver fugas em função da corrosão. O verdadeiro problema é seu despejo descontrolado, á que podem infiltrar-se e alcançar águas de riachos ou leitos, acumulando-se no solo e afetando a vegetação, ou podem se volatizar e serem inalados ou absorvidos pela população.
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MARCOS HISTÓRICOS
A preocupação pelo meio ambiente em sido especialmente intensa nesse último quarto de século, gerando uma série de atuações, conferências e acordos de âmbito internacional.
Estas ações constituem os marcos referenciais e têm como finalidade estabelecer um diagnóstico da situação do meio ambiente na Terra e formular medidas que permitam tratar os problemas que o ameaçam.
Quadro 2.1 – Esquema cronológico das atuações internacionais de maior destaque em matéria de meio ambiente
	1972: Primeiro informe do Clube de Roma: “Limites do Crescimento”
	
	
	1972: Conferência de Estocolmo da ONU sobre Meio Ambiente
	
	
	1972: Criação do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (PNUMA)
	
	
	1982: Informe da Comissão Brandt
	
	
	1983: Conferência de Estocolmo da ONU sobre Meio Ambiente
	
	
	1984: 1º Informe Wolrdwatch
	
	
	1987: O Informe Bruntland da ONU
	
	
	1992: 1º Cúpula da Terra (Declaração do Rio)
	
	
	1997: 2º Cúpula da Terra
	
	
	1998: Cúpula de Buenos Aires e Protocolo de Proteção da Antártida
	
	
	1999: Cúpula do Bom
PRINCIPAIS ATUAÇÕES MUNDIAIS
O Primeiro Informe do Clube de Roma
O Primeiro Informe do Clube de Roma, de 1972, intitulado “Limites do Crescimento”, reconhece que “não pode haver crescimento infinito com recursos finitos”. Neste informe são expostos os cinco fatores básicos que determinam e limitam o crescimento no planeta.
-	A população;
-	A produção agrícola;
-	Os recursos naturais;
-	A produção industrial;
-	A poluição.
Como medidas paliativas, propõe-se deter o crescimento demográfico, limitar a produção industrial, o consumo de alimentos e matérias-primas, e cessar a poluição.
A Conferência das Nações Unidas em Estocolmo
Em 1972, celebrou-se a Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente (também denominada Conferência sobre o Meio Humano), da Organização das Nações Unidas (ONU), incluindo a participação de representantes de 113 nações. Desta conferência surgiu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Posteriormente, em 1980, este organismo elaborou, em conjunto com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e Fundo Mundial para a Natureza (WWF), a “Estratégia Mundial de Conservação da Natureza”.
Informa da Comissão Brandt – Programa para a Sobrevivência e Crise Comum
O Informe da Comissão Brandt realizou-se em 1982, e realçou que a sociedade atual apresenta-se como um sistema frágil com interdependências; conseqüentemente, os problemas locais (especialmente os relacionados com meio ambiente, energia, ecologia e setores econômicos e comerciais) somente poderão ser resolvidos em nível internacional.
O Informe do Instituto WorldWatch
O Informe do Instituto Worldwatch sobre o estado do mundo é apresentado anualmente desde 1984. No informe “Estado do Mundo 1997”, denunciava-se que, cinco anos após a realização da Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, a maioria dos governos no mundo não estava cumprindo suas recomendações. Desde a cúpula do Rio, “a população mundial cresceu em 450 milhões de habitantes, vastas áreas de floresta têm perdido suas árvores e as emissões anuais de dióxido de carbono procedentes de combustíveis fósseis, a principal causa do efeito estufa, tem alcançado sua cota mais alta”. Este informe culpa oito países pela falta de cumprimento dos compromissos (Estados Unidos, Indonésia, China, Brasil, Rússia, Japão, Alemanha e Índia), que representam 56% da população mundial, 53% da superfície florestal da Terra e 58% das emissões de CO2.
O Informe Bruntland
O Informe Bruntland (1987) foi apresentado pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, sob o título de “Nosso futuro Comum”, mais conhecido como Informe Bruntland, em homenagem a sua presidenta. Este informe assinalava que a economia mundial deveria satisfazer as legítimas necessidades e aspirações da população, devendo o crescimento, no entanto, guardar consonância com o caráter esgotável dos recursos do planeta. Com este informe introduz-se a noção de Desenvolvimento Sustentável, definido como “um desenvolvimento que satisfaça às necessidades presentes, sem pôr em risco a possibilidade das futuras gerações satisfazerem às suas”.
O Protocolo de Montreal
Em 16 de setembro de 1987, 46 países firmaram o Protocolo de Montreal, relacionado com as substâncias que esgotam a camada de ozônio. Posteriormente (em 1995), essa data foi proclamada pela Assembléia Geral da ONU como Dia Internacional da Preservação da Camada de Ozônio.
O Protocolo de Montreal fixou as seguintes metas:
-	redução de 50% do consumo de 5 tipos de CFC para finais do século; e
-	congelamento do consumo de três tipos de halons (agentes de extintores de incêndio).
Para os países em processo de desenvolvimento, ampliou-se o período para dez anos. Este Protocolo é caracterizado pela sua flexibilidade, sendo que as reuniões posteriormente celebradas (Londres 1990, Copenhague 1992, Viena 1995 e Montreal 1997) serviram para reajustar os objetivos a serem cumpridos, em decorrência das inovações tecnológicas e científicas, já que estas modificações permitiriam a redução das datas limites fixadas.
O que o Brasil está fazendo?
A adesão do Brasil à Convenção de Viena e ao Protocolo de Montreal, além dos ajustes estabelecidos na reunião de Londres, ocorreu em 19 de março de 1990 (Decreto nº 9.280 de 07/06/90).
O governo brasileiro elaborou o Programa Brasileiro de Eliminação da Produção e do Consumo de Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio – PBCO, encaminhando-o, em julho de 1994, aosecretariado do Protocolo de Montreal.
Para coordenar as ações relacionadas à proteção da camada de ozônio, incluindo a implementação de PBCO, o governo instituiu um Comitê Executivo Interministerial para Proteção da Camada de Ozônio – PROZON, através do Decreto de 19 de setembro de 1995. Esse comitê é constituído pelas seguintes pastas: Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Desenvolvimento, Ministério da Indústria e Comércio Exterior, Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério do Planejamento, orçamento e Gestão, Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Incunbindo-se o PROZON de coordenar todas as atividades relativas a implementação, desenvolvimento e revisão do PBCO.
Em Dezembro de 1995, com aprovação da Resolução CONAMA no. 13, que estabelece entre outras medidas a gradativa eliminação do uso de SDO (Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio), o governo brasileiro proporcionou grande impulso à implementação do Protocolo de Montreal, na medida em que houve antecipação da eliminação das SDO no Brasil, com relação aos prazos dispostos no Protocolo.
Algumas unidades da Federação, preocupadas com a problemática da rarefação da Camada de Ozônio, criaram legislações específicas:
-	1994 – proibida, no Rio Grande do Sul, a liberação de CFC para atmosfera;
-	1995 – proibida, no Rio de Janeiro, a emissão de CFC na manutenção e desativação de sistemas de refrigeração e manutenção de sistemas de ar condicionado;
-	1995 – criado, no estado de São Paulo, o Programa Estadual para Proteção da Camada de Ozônio.
O Programa Brasileiro, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, utiliza o Dia do Ozônio (16 de setembro) como uns dos meios de disseminação e divulgação das atividades de proteção da Camada de Ozônio desencadeadas no país.
A Primeira Cúpula da Terra (1992): Uma estratégia para o futuro
A primeira Cúpula da Terra foi celebrada em junho de 1992, no Rio de Janeiro (Brasil), sendo organizada simultaneamente à Conferência das nações Unidas sobre Meio Ambiente de Desenvolvimento (CNUMAD), como conseqüência da decisão tomada pela Assembléia Geral das nações Unidas em 22 de Dezembro de 1989.
Essa Cúpula reuniu os mais altos representantes de 179 países, centenas de funcionários de organismos da ONU, representantes de governos municipais, grupos de pesquisadores, empresários, ONG’s e outros grupos, ficando marcada como a mais ampla reunião de dirigentes mundiais já organizada.
De forma paralela, organizou-se o Fórum Mundial ’92, no qual se efetuaram reuniões, palestras, seminários e exposições sobre temas ambientais.
No Rio de Janeiro, foram criados cinco documentos: dois acordos internacionais, duas declarações de princípios e um programa de ação sobre desenvolvimento mundial sustentável.
A Cúpula da Terra gerou as duas declarações e o programa de ação.
-	Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável;
-	Agenda 21.
-	Declaração de Princípios Relativos às Florestas.
Paralelamente à Cúpula, foram negociados dois convênios (que possuem maior força jurídica que uma declaração), subscritos pela maioria dos 179 governos reunidos no Rio.
-	Convênio Marco das Nações Unidas sobe Mudança Climática;
-	Convênio sobre Biodiversidade.
A Declaração do Rio
A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, contempla 27 princípios que pretendem estabelecer bases para um desenvolvimento sustentável.
A Agenda 21
O Programa, ou Agenda 21, foi elaborado pelo Comitê preparatório da CNUMAD e aprovado por todos os países participantes da cúpula da Terra. Esse Programa desenvolvia um plano de ação para a década de 90, e inícios do século XXI, tendo como base o desenvolvimento sustentável e a proteção ambientais cada vez mais interdependentes.
A Agenda 21 é um programa global de ação dirigido aos governos, agências, organizações e programas do sistema das Nações Unidas, ONGs, aos grupos de eleitores e ao público em geral.
Como proposta, a Agenda 21 procura orientar os meios para alcançar o Desenvolvimento Sustentável, baseada no planejamento do futuro, com ações de curto, médio e longo prazos. É um roteiro de ações concretas com metas, recursos e responsabilidades definidas. Esse documento está organizado sob forma de livro, contendo 40 capítulos, divididos em quatro seções.
-	Dimensões sociais e econômicas;
-	Conservação e Gerenciamento dos Recursos para o Desenvolvimento;
-	Fortalecimento do papel dos grupos principais;
-	Meios de Implementação.
A Declaração de Princípios relativos às florestas
A Declaração sobre as florestas pretende apresentar uma série de medidas que previnam o problema do desmatamento. O Governo brasileiro sugeriu que se adotasse um texto que protegesse a riqueza florestal da selva amazônica, porém o certo é que esta Declaração não possui força jurídica obrigatória, motivo pelo qual, legalmente, não se pode evitar que os países desenvolvidos continuem explorando os recursos florestais.
O Convênio Marco das Nações Unidas sobre a mudança climática
O Convênio sobre a Mudança Climática foi firmado em nove de Maio de 1992, por todos os países participantes da Cúpula da Terra. Este acordo foi estruturado m 26 artigos, tendo como objetivo “a estabilização da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que impedisse interferências antropogênicas perigosas no sistema climático”. Neste sentido, pretendia-se controlar, especialmente, as emissões de dióxido de carbono (CO2), clorofluorcarbonos (CFC's) e metano (CH4).
Do mesmo modo, foi estabelecido que os países desenvolvidos tentariam manter, até o ano 2000, a emissão de suas cotas nos níveis de 1990.
O Brasil foi o primeiro país que assinou a Convenção – Quadro das Nações Unidas para a Mudança do Clima-, em quatro de Junho de 1992. O Congresso nacional retificou-a em 28 de Fevereiro de 1994, entrando em vigor, para o Brasil, em 29 de maio de 1994, no nonagésimo dia após a ratificação pelo Congresso Nacional.
As discussões sobre mudanças climáticas foram organizadas pela ONU na forma de Conferências das partes. No período de 28 de março a sete de abril de 1995, foi realizada, em Berlim, Alemanha, a 1º Conferência; entre 9 e 19 de julho de 1996, foi realizada em Genebra, Suíça, a 2º Conferência; de 2 a 13 de novembro de 1998, foi realizada, em Buenos Aires, Argentina, a 4º, Conferência; e a 5º, foi realizada em Bonn, Alemanha, no período de 25 de outubro a 5 de novembro de 1999.
Sem dúvida, a inoperância do convênio firmado durante a “Cúpula da Terra”, em 1992 ficou evidente durante a 3º Conferência da ONU sobre Mudança Climática, realizada no ano de 1997, em Kioto, no Japão.
Nesta Conferência, verificou-se que somente poucos países– basicamente os de economia precária, como ex-URSS e outros países do antigo bloco comunista– haviam reduzido suas emissões, diferentemente de países como Estados Unidos, Japão, China, Índia, Brasil e Indonésia que, longe de diminuir suas emissões, as haviam aumentado em grande proporção.
Na Conferência de Kioto, foram fixados os conteúdos do “Protocolo de Kioto”, com o qual os países industrializados se comprometiam a reduzir suas emissões de gases tóxicos em 5,2%, entre os anos de 2008 e 2012, mantendo os níveis de 1990. Para este protocolo fosse “juridicamente vinculante”, deveria ser ratificado por 55 países, entre eles Estados Unidos e outras potências. Porém, não se conseguiu que os Estados Unidos ou a China o fizessem.
Segundo um informe do Worldwatch Institute, as emissões mundiais de CO2 elevaram-se 26,4 milhões de toneladas durante 1997.
Principais aspectos debatidos durante o Protocolo de Kioto:
-	Acordou-se que os países industrializados deveriam reduzir suas emissões à atmosfera de CO2 e CH, em 5,2%, correspondentes aos níveis de 1990, durante o período 2008– 2012. Desta forma, os Estados Unidos se comprometeram a diminuir em 7% suas emissões, a UE, em 8%, e o Japão, em 6%.
-	Os países em vias de desenvolvimento ficariam excluídos do cumprimento de reduzir a emissão degases de efeito estufa.
-	Para o ano de 2005, esses países deverão demonstrar avanços m seus compromissos. Para atingir tal objetivo foram estabelecidos três mecanismos:
* Um mercado de emissões, liderado pelos Estados Unidos, pelo Qual um país desenvolvido, que atinja o permitido, possa vender o excedente a outro país (sem dúvida, esta “ópera bufa” pode converter comércio de emissões em um problema muito sério, pois alguns países poderiam alcançar facilmente suas cotas de emissão, vendendo a outros um grande volume excedente, o que daria lugar a certa flexibilidade na fora de limitar, na prática, as cotas de emissão;·
* Iniciativas dos países desenvolvidos tendentes a combater o aquecimento global;
* A transferência de tecnologia inócua aos países em desenvolvimento (tecnologia limpa).
No Protocolo de Kioto, foram traçados os objetivos gerais, que deveriam ser cumpridos pelos países industrializados, quanto à redução das emissões de gases de efeito estufa, mas sem especificar quantidades nem datas de cumprimento obrigatório.
No dia 26 de outubro de 1999, deu-se início, em Bonn, a uma cúpula para levar à prática os compromissos sobre redução de gases de efeito estufa, expostos no protocolo de Kioto de dezembro de 1997. Sem dúvida, não se esperava que desta cúpula saíssem importantes acordos, pois era considerada como um “passo intermediário” entre a celebrada em Buenos Aires, em novembro de 1998, e aquela que viria a ocorrer em Haia, em fins do ano 2000.
A cúpula de Buenos Aires tentou materializar estes compromissos em algo concreto; embora, após onze dias de discussões, o resultado mais relevante tenha sido a criação de um programa de trabalho denominado Agenda 2000, recomendando a política a ser seguida para que no ano 2000 ponham-se em funcionamento os mecanismos do Protocolo de Kioto, na intenção de cumprir os compromissos assumidos.
A cúpula de Buenos Aires, longe de desenvolver o Protocolo de Kioto, caracterizou-se por certo conformismo e adiamento das principais medidas de redução de gases.
Outros acordos de importância tomadas nesta cúpula foram:
-	Abriu-se a oportunidade das ONG's estarem presentes nos órgãos de negociação da conferência;
-	Foi constituída uma plataforma para relacionar estreitamente os Protocolos de Montreal (enfocado na conservação da camada de ozônio) e de Kioto (enfocado a partir das conseqüências dos gases de efeito estufa);
-	O compromisso de reforçar e ampliar a rede internacional de vigilância da concentração de gases na atmosfera;
-	O adiamento das decisões sobre repercussões da absorção de CO2 pela vegetação e oceanos (sumidouros) para a cúpula de Haia, no ano 2000;
-	Dar um novo impulso aos mecanismos financeiros da Convenção do Clima e do Fundo Mundial para o Meio Ambiente;
-	Promover a participação de especialistas na denominada "tecnologia limpa”.
-	A assinatura, à última hora, dos Estados Unidos, comprometendo-se em reduzir a emissão de gases poluentes sob a condição de que se exija o mesmo, mais ativamente, dos países em desenvolvimento.
E os acordos pendentes seguem sendo os mesmos de Kioto.
-	Como e em que momento os países desenvolvidos devem pôr em funcionamento um plano de redução das emissões de gases de efeito estufa.
-	O detalhamento da política a ser seguido, no denominado “comércio de emissões”, através do qual se permite a venda e compra de poluição entre nações desenvolvidas.
-	A elaboração de um plano de ação a respeito da chamada “tecnologia limpa”, consistindo no financiamento de tecnologia inócua (energia renováveis) aos países mais desfavorecidos em troca de “créditos” de poluição.
-	Como chegar a um tipo de acordo com respeito à limitação dos “créditos” de emissão. Com referência a este tema, a União Européia respalda o estabelecimento de uma cota que limite tais “créditos”, ao contrário dos Estados Unidos, que defendem um comércio totalmente livre.
-	Acabar de definir o que se entende por sumidouro de CO2, sobretudo no que diz respeito às florestas. A questão que aqui se contempla é: de que forma se pode levar em consideração estes grandes absorvedores de dióxido de carbono– muito difíceis de quantificar -, com o intuito de não mascarar os resultados, na hora de avaliar uma possível redução dos gases de efeito estufa, por parte da atividade humana.
Em maio de 1999, a União européia assentou as bases para reduzir as emissões em cada país comunitário em 50%, investindo o restante na compra-venda de “créditos de emissão”, o que para WWF/Adena representa um retrocesso, pois com esta medida não de formaliza uma redução real das emissões comunitárias.
Na Espanha, por exemplo, algumas fontes assinalam que durante 1998, as emissões de CO2 aumentaram 5,3%, o que significa um acréscimo de 23,2%, em relação aos valores estimados em 1990.
No marco da União Européia, e de acordo com o Protocolo de Kioto, a Espanha comprometeu-se a limitar o aumento de suas emissões de gases de efeito estufa em 15%, durante o período 2008-2012, mantendo os valores de 1990.
O compromisso do Brasil é o compromisso dos países em desenvolvimento onde se propõe:
-	elaborar e atualizar, periodicamente, inventários nacionais de emissões antrópicas, por fontes, e das remoções, por sumidouros, de todos os gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal (artigo 4 do texto da Convenção);
informar medidas tomadas ou previstas para implementar a Convenção (artigo 12 do texto da Convenção).
O Convênio sobre a Biodiversidade
O Convênio sobre a biodiversidade tem como objetivo: “a conservação da biodiversidade, o aproveitamento sustentável de seus componentes e a distribuição justa e eqüitativa dos benefícios procedentes da utilização dos recursos genéticos e da transferência adequada de tecnologias pertinentes, tendo em conta todos os direitos sobre estes recursos e tecnologias, e também através de um financiamento adequado”.
Este Convênio obriga os países desenvolvidos a pagarem aos países em desenvolvimento pela utilização de seu material genético, todavia, os estados Unidos, que contam com um forte comércio em bioengenharia, decidiram não firmá-lo.
O governo brasileiro criou o PRONABIO, como principal instrumento para a implantação da conservação sobre a diversidade biológica no país.
A Conferência Habitat II (1996)
O Centro das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (The United Nations Centre of Human Settlements – UNCHS) – Habitat -, foi criado em 1978, dois anos antes da Conferência das Nações Unidas para Assentamentos Humanos, realizada em Vancouver, Canadá.
A Conferência Habitat II, celebrada em Istambul em 1996, adotou o Programa Habitat. Esse Programa pretende melhorar as condições de vida da humanidade, tendo como base o desenvolvimento sustentável.
As atividades operacionais do Programa Habitat focam a promoção de moradias para todos, o desenvolvimento da governabilidade urbana, a redução da pobreza urbana, a oferta de meio ambiente limpo, o manejo de desastres e a reabilitação após conflitos. Durante o biênio 2000-2001, o Programa Habitat irá coordenar duas campanhas globais, um para garantir a posse segura da terra e a outra relacionada à governabilidade urbana. O foco destas campanhas é a redução da pobreza urbana através de políticas que enfatizem a eqüidade, a sustentabilidade e a justiça social. Outra grande atividade para este biênio é a preparação da Conferência Istambul +5, uma sessão especial da Assembléia Geral das nações Unidas, planejada para junho de 2001, que revisará e avaliará a implementação no mundo da Agenda Habitat.
A 2º Cúpula da Terra (1997)
A 2ª Cúpula da Terra foi celebrada em New York, entre 23 e 27 de junho de 1997, na 19º Assembléia Geral da ONU, para revisar os compromissos firmados no Rio, em particular a Agenda 21.
Essa Cúpula ficou marcada pela escassez de acordo e, mais que uma reunião para revisar resultados, converteu-se no reconhecimento do baixo grau de cumprimento dos compromissos firmados cinco anos antes.
Apesar da negativa avaliação geral que se fez desta Cúpula, adotaram-sealguns acordos como “Plano para posterior execução da Agenda 21”, que evitava renegociar este programa, estabelecendo um plano de trabalho para os próximos cinco anos, marcando-se uma data para novo exame no ano 2002. Este ano também foi definido como data limite, para que os países acabassem de formular suas estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável.
Protocolo de Proteção da Antártida (1998)
Considerando a importância estratégica desta região, em 1959, vários países assinaram o tratado da Antártida, no qual se firma o compromisso da utilização da Antártida somente para fins pacíficos e de cooperação internacional, para o desenvolvimento de pesquisas científicas. O Brasil aderiu a este tratado em 1975, e em 12 de janeiro de 1982, foi criado o Programa Antártico Brasileiro – PROANTAR – Decreto nº86.830.
O Protocolo de Proteção da Antártida nasceu com o objetivo de controlar a degradação ambiental deste continente, causada pela exploração de seus recursos naturais, o incipiente turismo e o perigo da extinção das espécies que ali habitam. Trata-se de um acordo firmado por 27 nações, inclusive Brasil, segundo o qual, comprometem-se a não explorar os recursos naturais que ali se encontram. Por ser um acordo de caráter voluntário, o problema real alicerça-se no fato de que, se um país não signatário decide explorar estas reservas, os demais não possuem força legal para impedi-lo.
Atuações das ONG's
As Organizações Não-Governamentais exercem um papel crucial na proteção do meio Ambiente. Algumas das mais conhecidas são: o World Wildlife Fund (WWF), a União Internacional para Conservação da natureza (UICN), a Federação de Amigos da Terra e o Greenpeace.
O termo ONG (Organização Não-Governamental) vem dos países do Norte (NGOs – Non-Governmental Organizations), referindo-se às entidades ou agências de cooperação financeira, e também a projetos de desenvolvimento ou assistencialistas, em favor das populações desprivilegiadas do Primeiro e do Terceiro Mundo. Para WARREN (1995), a partir da primeira Cúpula da Terra em 1992 (ECO 92), no Rio de janeiro, Brasil, as ONG's passam também a simbolizar um espaço de participação da sociedade civil organizada, que estruturam o chamado terceiro setor (diferente do estado e do Mercado).
Mas, embora a atuação das ONG's esteja muitas vezes associada às atividades de proteção ambiental, WARREN (1995) aponta que, no Brasil, as ONG's têm se caracterizado como entidades de assessoria, apoio, promoção, educação e defesa de direitos humanos e ambientalistas, com objetivo de transformar aspectos negativos da realidade social, manifestando-se através de movimentos sociais e/ou comunidades, atuando na defesa da cidadania e na construção de uma sociedade mais participativa e justa. Neste sentido, o conceito e a atuação das ONG's ultrapassam as fronteiras estritamente ambientais, articulando-se no espaço conceitual do desenvolvimento sustentável.
Algumas das ONG's de atuação mundial, com representação no Brasil, são: o Fundo Mundial da Natureza, a União Mundial para Conservação da Natureza e o Greenpeace. Essas entidades recebem aporte financeiro para subsidiar suas ações de diversas entidades e agências nacionais e internacionais.
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PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS NO BRASIL
IMPACTO SOBRE A BIODIVERSIDADE
Sendo o Brasil um dos países de maior biodiversidade do mundo, as intervenções sobre seus biomas acabam por gerar importantes impactos, também na sua biodiversidade.
O intenso desmatamento que ocorre nas florestas tropicais úmidas – segundo a EMBRAPA (1996), são aproximadamente 180.000 km2/ano -, a expansão desordenada das áreas urbanas, a contaminação das águas do solo e do ar, ocasionadas por diferentes práticas industriais e agrícolas, contribuem negativamente sobre a biodiversidade, já que os impactos da ocupação humana se fazem sentir na perda de habitats naturais e no desaparecimento de muitas espécies e formas genéticas. A lista oficial da fauna ameaçada de extinção inclui 228 espécies (60 mamíferos e 103 aves).
IMPACTO SOBRE A BIODIVERSIDADE
A poluição da zona costeira é grave, visto que menos de 20% dos municípios costeiros são beneficiados por serviços de saneamento básico, ressaltando que cinco das nove regiões metropolitanas brasileiras encontram-se à beira-mar.
Não há acompanhamento sistemático das condições de poluição dos sistemas hídricos. De modo geral, os problemas mais graves na área podem ser assim sintetizados:
-	poluição por esgotos domésticos;
-	poluição industrial;
-	deposição de resíduos sólidos;
-	poluição difusa de origem agrícola;
-	poluição acidental;
-	eutroficação de lagos e represas;
-	salinização de rios e açudes;
-	poluição por mineração;
-	falta de proteção aos mananciais superficiais e subterrâneos.
O documento “Subsídio à elaboração da agenda 21 brasileira – gestão dos recursos naturais” (IBAMA/2000), oferece um panorama sobre os problemas na gestão que contribuem para o agravamento deste quadro:
-	dados e informações insuficientes ou não acessíveis para adequada avaliação dos recursos hídricos;
-	inexistência de práticas efetivas de gestão de usos múltiplos e integrados dos recursos hídricos;
-	base legal insuficiente para assegurar a gestão descentralizada;
-	manejo inadequado do solo na agricultura;
-	distribuição injusta dos custos sociais associados ao uso intensivo da água;
-	participação incipiente da sociedade na gestão, com excessiva dependência nas ações de governos;
-	escassez de água, natural ou causada pelo uso intensivo do recurso hídrico;
-	ocorrência de enchentes periódicas nos grandes centros urbanos brasileiros.
Esse quadro evidencia que os impactos ambientais sobre os recursos hídricos podem ser caracterizados, não só pela inauguração do seu uso direto pela sociedade, em diferentes setores, ou da aplicação insuficiente de tecnologias adequadas, mas também pela falta de instrumentos adequados para sua gestão.
IMPACTO SOBRE O SOLO
No Brasil, o uso predominante do recurso solo é na agropecuária. Entretanto, mais de um terço (35,3%) do território nacional é totalmente desaconselhável para qualquer tipo de atividade agrícola. Apenas 4,2% são solos de boas características para a agricultura. Esse percentual representa cerca de 35 milhões de hectares, que se distribuem irregularmente no território nacional (IBGE, 1993).
O modelo agrícola predominante (em que a principal preocupação é a produtividade, em sua dimensão econômica) calcado no uso de energia fóssil, de agroquímicos e na mecanização intensiva, tem causado erosão e degradação do solo. Estima-se que as perdas ambientais, associadas ao recurso solo para uso agrícola e florestal, causadas por erosão, alcançam 1,4% do PIB brasileiro (IPEA, 1997).
A manutenção desses desequilíbrios estimula os processos de desertificação. A salinização do solo é freqüente na região nordeste por causa do manejo inadequado da irrigação.
IMPACTO DA URBANIZAÇÃO
Dados de 1996 indicam que 79% dos brasileiros vivem nas cidades. (Agenda 21 Nacional: 2000). São taxas elevadas e crescentes da urbanização observadas nas duas últimas décadas e que promoveram o agravamento dos problemas urbanos no país.
Este quadro é resultado da inter-relação de diversos fatores e entre eles podemos citar:
-	crescimento desordenado e concentrado;
-	ausência ou deficiência no planejamento municipal;
-	obsolescência de estrutura física existente;
-	demanda não atendida por recursos e serviços de toda ordem;
-	agressões ao ambiente urbano.
A questão dos resíduos sólidos, por exemplo, apresenta-se como uma das questões básicas das zonas urbanas brasileiras. A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 1991, já registrava uma produção de 241 mil toneladas, de resíduos industriais, de saúde, comerciais e públicos. O mesmo estudo demonstra que, desse total, apenas 24% recebia tratamento adequado.
POLÍTICAS AMBIENTAIS, PROGRAMAS E LEGISLAÇÃO
A partir da década de 70, o Brasil volta-se para o estudo do mare do aproveitamento sustentável de seus recursos, com a implantação da Política Nacional de Recursos do Mar, e da Política Nacional de Meio Ambiente, em 1981.
A Lei no. 6.938/81, além de dispor sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, dispõe sobre o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, composto pelo CONAMA (Conselho nacional de Meio Ambiente), Órgão Superior, com função de assistir o Presidente da República na formulação de diretrizes da Política Nacional de meio Ambiente, pelo Órgão Central, a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) – atualmente o Ministério de Meio Ambiente -, pelo órgão Setorial, órgãos ou entidades da Administração Pública Federal, pelos órgãos seccionais, órgãos ou entidades da Administração Pública estadual, e pelos órgãos locais, órgãos ou entidades da Administração Pública Municipal.
Os municípios brasileiros, embora tenham autonomia política administrativa e interesse preponderante, deverão agir de acordo com os princípios e normas constitucionais, e a par com a legislação federal, estadual e municipal. A seguir são apresentadas informações sobre algumas políticas, programas e leis na área ambiental no país.
Sistema de Licenciamento Ambiental
O Sistema de Licenciamento Ambiental (SLA), foi estabelecido em nível nacional a partir de implementação da Política nacional do Meio Ambiente, em 1981.
A aplicação do licenciamento ambiental estende-se a todas as atividades utilizadoras/ degradadoras dos recursos naturais. O SLA consiste em um conjunto de leis, normas técnicas e administrativas que estabelecem as obrigações e responsabilidades dos empresários e do Poder Público, com vistas a autorizar a implantação e operação de empreendimentos, potencial ou efetivamente capazes de alterar as condições do meio ambiente.
PLANO NACIONAL DE GERENCIAMENTO COSTEIRO – PNGC
A Zona Costeira recebeu atenção especial do poder público, conforme demonstra sua inserção na Constituição brasileira como área de patrimônio nacional. O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC, foi constituído pela Lei 7.661, de 16/05/88, cujos detalhamentos e operacionalização foram objeto da Resolução no. 01/90, aprovada após audiência do Conselho nacional de meio Ambiente (CONAMA). A própria Lei já previa mecanismos de atualização do PNGC, por meio do Grupo de Coordenação do Gerenciamento Costeiro (COGERCO).
O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) tem sido implementado pelo GERCO, que tem como objetivo preponderante “planejar e gerenciar, de forma integrada descentralizada e participativa, as atividades sócio-econômicas na Zona Costeira, de modo a garantir sua utilização sustentável, por meio de medidas de controle, proteção, preservação e recuperação dos recursos naturais e ecossistemas costeiros”.
Política Nacional de Recursos Hídricos
A Constituição de 1988 estabelece que praticamente todas as águas são públicas. Em função da localização do manancial, são consideradas bens de domínio da União ou dos estados. Estabelece, no entanto, em seu art. 21, parágrafo XIX, como competência da União, a instituição do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Em 1997 a Lei 9433, de 8 de janeiro, institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de recursos Hídricos (a ser implementada pela Agência Nacional de Águas – ANA, criada somente em 17 de julho de 2000, pela Lei nº9984.
Compete à Secretaria de recursos Hídricos (Portaria número 253, de 09 de julho de 1999), implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, propor normas, definir estratégias e implementar programas e projetos.
São estabelecidos, através da Lei 9433, os seguintes princípios gerais básicos para a gestão dos recursos hídricos:
-	a gestão por bacia hidrográfica;
-	a observância aos usos múltiplos;
-	o reconhecimento da água como valor econômico;
-	a gestão descentralizada e participativa; e
-	o reconhecimento da água como bem finito e vulnerável.
Os seguintes organismos compõem o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: O Conselho Nacional de recursos Hídricos, os Comitês de bacias hidrográficas, as Agências de Águas, e os órgãos e entidades do serviço público federal, estaduais e municipais.
Programa Nacional de Diversidade Biológica - PRONABIO
Foi instituído, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente – MMA, o Programa Nacional da Diversidade Biológica – PRONABIO.
O objetivo principal do PRONABIO é promover parceria entre o Poder Público e a sociedade civil, na conservação da diversidade biológica, utilização sustentável dos seus componentes e repartição justa eqüitativa dos benefícios decorrentes dessa utilização. Desse modo, o PRONABIO se torna o principal instrumento para a implementação da Conservação sobre Diversidade Biológica no país.
O Decreto presidencial nº1.354-94, que criou o PRONABIO, criou também sua Comissão Coordenadora, com a finalidade de coordenar, acompanhar e avalizar as ações do PRONABIO.
Em fevereiro de 1999, o Decreto nº2.972, indica que “à Secretaria de Biodiversidade e Florestas compete propor políticas e normas, definir estratégias, e implementar programas e projetos”.
Sistema Nacional de Unidade de Conservação
O Sistema nacional de Unidades de Conservação (SNUC), e o Sistema de Licenciamento Ambiental (SLA), destacam-se como instrumentos na gestão dos recursos naturais.
Segundo WEGNER (2000), o Projeto Lei no. 27/99, regulamenta o Artigo 225 § 1, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, instituído o SNUC (Lei no. 9.985/2000). A importância da instituição do SNUC, através de projeto de lei, está na definição oficial do conceito de Unidades de Conservação e seus objetivos.
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 21
O Brasil, como país signatário da Conferência das nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio-92, assumiu o compromisso e o desafio de internalizar, nas políticas públicas do país, as noções de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável.
Através de decreto editado em 1999, é definida a competência da Secretaria de Políticas para o desenvolvimento Sustentável, para propor políticas, normas e estratégias, e implementar estudos, visando à melhoria da relação entre o setor produtivo e o meio ambiente, de maneira a contribuir para formulação da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável.
A Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável, e de Agenda 21 Nacional – CPDS, foi criada, então, com a atribuição de coordenar o processo de elaboração e implementação da Agenda 21 Brasileira, adotando uma metodologia de seleção de áreas temáticas. Como temas centrais foram escolhidos:
-	agricultura sustentável;
-	cidades sustentáveis;
-	infra-estrutura e integração regional;
-	gestão dos recursos naturais;
-	redução das desigualdades sociais;
-	ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável.
A partir da segunda metade do ano 2000, iniciou-se um processo de discussão nos estados brasileiros sobre os documentos elaborados e organizados pela CPDS.
Programa Nacional de Educação Ambiental
O Programa Nacional de Educação Ambiental foi criado em abril de 1999, com o objetivo de promover a sensibilização, mobilização, conscientização e capacitação dos diversos segmentos da sociedade para o enfrentamento dos problemas ambientais, visando a construção de um futuro sustentável. O Programa vem cumprir a Lei no. 9.795/99, que estabeleceu Política Nacional de Educação Ambiental.
ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS
Ministério do Meio Ambiente - MMA
Após a realização da Rio-92, a sociedade, que vinha organizando-se nas últimas décadas, pressionava as autoridades brasileira pela proteção ao meio ambiente. Essas, preocupadas com a repercussão internacional das teses discutidas na Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, determinaram, em 16 de outubro de 1982, a criação do Ministério do Meio Ambiente – MMA, órgão de hierarquia superior, com o objetivo de estruturar a política ambiental no Brasil.
O Ministério do meio Ambiente (MMA), em função de sua

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