Buscar

Santos J.O.S. et al. ( 2006) A Compartimentação do Cráton Amazonas 2000 2006

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A COMPARTIMENTAÇÃO DO CRÁTON AMAZONAS EM PROVÍNCIAS: 
AVANÇOS OCORRIDOS NO PERÍODO 2000-2006 
 
João O. S. Santos1, Léo A. Hartmann2, Mário S. Faria3, Silvio R. Riker4, Miguel M. 
Souza4, Marcelo E. Almeida4, Neal J. McNaughton5 
 
1Geólogo consultor. orestes1@uol.com.br, leo 
2UFRGS. hartmann@ufrgs.br 
3Departamento de Polícia Federal. miguel@ma.cprm.gov.br 
 4CPRM – Serviço Geológico do Brasil. mealmeida@uol.com.br 
5University of Western Australia. nmcnaugh@segs.uwa.edu.au 
 
Introdução 
A disponibilidade de mapeamento geológicos regionais atualizados (Schobbenhaus et 
al., 2004), alguns novos dados aerogeofísicos e, principalmente, novos e robustos dados 
isotópicos, faz com que o entendimento do Cráton Amazonas e o refinamento nos limites 
entre as suas províncias geológicas sejam continuamente aprimorados. Muitas regiões ainda 
são extremamente carentes de informações, como as zonas centro-norte e centro-sul do cráton 
(Província Amazonas Central, sul da Guyana, sul do Suriname, norte do Pará, centro do Pará, 
etc.), sudeste da Colômbia e sul da Venezuela (Território do Amazonas). Por outro lado, 
muitas regiões têm sido estudadas com a produção de novos mapas e novos dados isotópicos. 
Entre essas, as regiões de Carajás, Bolívia, Guiana Francesa, sudoeste do Amapá, oeste de 
Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Rio Negro, e nordeste do Amazonas. Esta síntese procura 
alistar os principais avanços ocorridos no período entre 2000 e 2006, integrando informações 
(principalmente dados isotópicos U-Pb) obtidas pelos autores e compiladas da literatura. Em 
relação ao primeiro modelo que foi proposto com base em dados U-Pb (Santos et al., 2000), a 
última versão das cartas ao milionésimo da CPRM (finalizada em 2003, publicada em 2005 
com data de 2004) já incorpora parte dos dados aqui expostos, que estão sintetizados na 
Figura 1. 
 
Nomenclatura 
É importante enfatizar que os nomes de entidades tectônicas (cráton, escudo, orógeno, 
província, bacia, placa, etc.), assim como de entidades geográficas (serra, rio, montanha, etc.) 
sempre são substantivos e não adjetivos. Apesar do uso difundido de adjetivos para nominar o 
cráton (Amazônico, Amazoniano), o mais apropriado é o substantivo Amazonas ou Amazon 
em inglês, como é conhecido internacionalmente. Ver os exemplos de outros crátons: São 
Francisco, Congo, Kapvaal, Yilgarn, Pilbara, Superior, etc (substantivos), em lugar dos 
adjetivos Sanfranciscano, Congolês, Kaapvaliano, Pilbariano, Yilgariano, Superiorano, etc. 
 
O Encolhimento do Arqueano 
Três regiões consideradas como arqueanas em modelos anteriores foram formadas em 
tempos pós-arqueanos. Entre essas: 
- Domínio Bacajá, a região ao norte de Carajás que têm idades Transamazônica e Sideriana; 
- A Faixa Imataca na Venezuela, cuja maior parte foi gerada em tempos tardi-
Transamazônicos (2080-2040 Ma) e onde o metamorfismo granulítico ocorreu em 2020 Ma; 
- O bloco Paracaima ao sul da Venezuela-Norte de Roraima, também tido como arqueano, 
mas que foi formado depois de 2000 Ma e que faz parte da Província Tapajós-Parima 
(Domínio Parima); 
- Ainda não se dispõe de nenhuma evidência da existência de rochas arqueanas na Província 
Amazônia Central (teoricamente considerada arqueana) e a medida que esta província é 
estudada fica demonstrado que sua parte ocidental, abrangendo o sudeste de Roraima, 
nordeste do Amazonas e noroeste do Pará, também faz parte da Província Tapajós-Parima 
(Domínio Uaimiri). 
 
Província Carajás. Ambiente de back-arc ou colisional? 
A província é formada pelos domínios Carajás ao norte (Neo-Arqueano) e Rio Maria a 
sul (Mesoarqueano). As sequências vulcanossedimentares do Domínio Carajás (Salobro, 
Igarapé Bahia, Pojuca, Grão-Pará) têm sido interpretadas como depositadas em ambiente de 
rift continental, com base em Olszewski et al. (1989) que registraram altos teores de Rb, Ba e 
ETRL nos basaltos arqueanos da região, teores que seriam incompatíveis com associações 
tipo greenstone. Porém, como esses basaltos estão intensamente alterados por fluidos 
hidrotermais do tipo Fe-Cu-Au-U-ETR, eles não servem para a caracterização geoquímica dos 
magmas geradores. A maior parte das referidas seqüências apresenta inúmeras características 
comuns a rochas supracrustais de terrenos tipo greenstone. Também ocorrem algumas 
propostas interpretando o Domínio Carajás como zona de cisalhamento (“cinturão” 
Itacaiúnas), como tendo altas taxas de deformação compressiva, típicas de ambiente 
colisional, o que conflita com a existência de um ambiente de back-arc com geração de 
abundantes faixas de greenstone. 
 
A ampliação da Província Transamazonas 
Essa província passa a incorporar as faixas Imataca (Venezuela) e Bacajá (centro-leste 
do Pará). No sudoeste do Domínio Amapá mostra forte herança arqueana e alguns fragmentos 
de crosta arqueana ainda por serem delineados em mapa. A evolução da província ocorreu 
durante quatro orogêneses principais. 
 
 
 
Figura 1. Cráton Amazonas e sua subdivisão em províncias. Limites de idades de acordo com os dados 
disponíveis no princípio de 2006. 
 
 
Província Tapajós-Parima 
Tem sido expandida para leste (sobre Amazonas Central) e para norte (suposto bloco 
arqueano Pacaraima) e é subdividida em quatro domínios geográficos: Matupá, Tapajós, 
Uaimiri e Parima. A presença dessa província no extremo sul (Domínio Matupá), no norte de 
Mato Grosso foi atestado pela presença de granitóides Parauari (Moura e Botelho, 1998) e 
Cuiú-Cuiú (Lacerda Filho et al., 2006). 
No Domínio Uaimiri parte dos granitos tipo Mapuera (± 1870 Ma) é reagrupada na Suite 
Moderna (1810-1800 Ma; Santos et al., 1996) da qual faz parte o Granito Madeira 
mineralizado em estanho (Mina Pitinga). Houve o registro de importantes milonitos 
(preferencialemente N-S) com a mesma idade de 1810 Ma obtida em titanita metamórfica. 
 
Província Rio Negro 
Tem sido expandida para leste, pois todas as rochas datadas nas regiões do baixo rio 
Branco, Baixo Jauaperi e região de Moura, têm idades correlacionáveis ao Complexo 
Cauaburi (1810-1780 Ma). Está muito afetada por metamorfismo de alto grau K’Mudku 
(1490-1145 Ma; Santos et al., 2006, este simpósio) e possui uma geração de granitos 
Mesoproterozóicos (Granito Jauari, 1470 Ma). O Granito Tiquié, que era tido como correlato 
com a Suite Surucucus (1550 Ma; Pinheiro et al., 1976), tem 1780 Ma e faz parte do 
Complexo Cauaburi. O Grupo Tunuí representa as formações Aracá e Neblina (Santos et al., 
2003) com maior grau de deformação em direção a oeste, sendo que as três unidades foram 
depositadas no intervalo entre 1710 Ma (idade mais jovem para o embasamento) e 1337 Ma 
(idade de deformação K’Mudku em quartzitos Aracá. 
 
Província Rondônia-Juruena 
Apesar de possuir embasamento com idade semelhante ao embasamento da Província 
Rio Negro, desta se distingue por apresentar a presença de granitos rapakivi (Providência), 
charnockitóides (Ouro Preto), unidades vulcanossedimentares (Mutum-Paraná, Roosevelt), 
vulcânicas (Colíder), que são ausentes no noroeste do cráton. O Domínio Jamari, ocidental, 
formado desde ± 1760 Ma, é 40-60 Ma mais jovem que o Domínio Juruena, oriental, formado 
desde ± 1820 Ma. Orogênese colisional ocorreu em toda província por volta de 1650 Ma, 
identificada em paragnaisses tipo Quatro Cachoeiras ou Machadinho. 
 
Província Sunsás 
Quatro orogêneses principais formam a Província Sunsás: Santa Helena, Candeias, 
San Javier e Nova Brasilândia. Uma quarta orogênese (San Javier, 1280-1230 Ma), pré-Nova 
Brasilândia e pós-Candeias é agora identificada na Bolívia. A maioria das rochas de 
embasamento (complexos Chiquitania e Lomas Manechi; Litherland et al., 1989) foi 
metamorfisada durante a orogênese Candeias (1370-1320 Ma). O Tonalito San Ramón na 
Bolívia é juvenil e contemporâneo da Suite Santa Helena em Mato Grosso (Geraldes et al., 
2001).O Granito Refúgio, tido como mais jovem que 1350 Ma, está entre as rochas mais 
antigas da Bolívia (1656 Ma). As rochas mais antigas nesse país, com idades de 1790 e 1832 
Ma são interpretadas como fragmentos preservados de crosta tipo Juruena. Isso indica que 
orógeno Sunsás não é alóctone (Boger et al., 2005; Tohver et al., 2004), mas sim autóctone, 
tendo sido construído em uma margem continental formada pela Província Juruena. Diversas 
unidades metasedimentares e orogências revelam o mesmo posicionamento estratigráfico pós-
Candeias e idades U-Pb (onde disponíveis) entre 1200 e 1100 Ma. Elas são associadas à 
evolução da orogênese Nova Brasilândia e formam uma faixa quase contínua com 1800 km 
de extensão, compreendendo as seguintes unidades: Iata, Migrantinópolis, Colorado, Aguapeí, 
Sunsás e Vibosi. 
 
A Faixa K’Mudku 
 Na parte norte do cráton ocorre uma faixa colisional com direção N45-55E que afeta 
as províncias Rio Negro, Transamazonas e Tapajós-Parima. Essa faixa tem idades entre 1490 
e 1147 Ma (Santos et al., este simpósio) e possivelmente está associada à evolução do 
Orógeno Sunsás a oeste. 
 
O Mito Cráton Paraguá 
A região atribuída ao “Cráton” Paraguá (Litherland et al., 1989) é formada 
dominantemente por granitóides orogênicos (Complexo Pensamiento) que estão entre as 
rochas mais jovens do pré-Cambriano da Bolívia (idades iguais ou menores que 1350 Ma), o 
que sugere que a região não é um cráton. As rochas mais antigas da Bolívia, com 1820 e 1790 
Ma, que poderiam representar fragmentos cratônicos mais antigos, ocorrem ao sul da área 
proposta para esse cráton. Dessa forma, a existência do Cráton Paraguá deve ser 
desconsiderada nas tentativas de reconstrução paleocontinental (Boger et al., 2005; Tohver et 
al., 2004). 
 
Bibliografia 
Boger, S.D., Raetz, M., and Giles, D., 2005. U-Pb age data from the Sunsas region of eastern Bolivia, evidence for the 
allochthonous origin of the Paragua Block. Precambrian Research, 139 (3-4): 121-146. 
Geraldes, M.C., Van Schmus, W.R., Condie, K.C., Bell, S., Teixeira, W.,Babinski, M., 2001. Proterozoic geologic evolution 
of the SW part of the Amazonian craton in Mato Grosso state, Brazil. Precambrian Research, 111: 91–128. 
Lacerda Filho, J.W. et al., 2006. Projeto Província Mineral Alta Floresta. Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, 
Superintendência de Goiânia, em preparação. 
Litherland, M., Annels, R.N., Darbyshire, D.P.F., Fletcher, C.J.N., Hawkins, M.P., Klinck, B.A., Mitchell, W.I., O’Connor, 
E.A., Pitfield, P.E.J., Power, G. and Webb, B.C., 1989. The Proterozoic of Eastern Bolivia and its relationship to the 
Andean Mobile Belt. Precambrian Research, 43:157-174. 
Moura, M.A. and Botelho, N.F., 1998. A mineralização do tipo Au pórfiro de Serrinha (Matupá, MT). In: 40° Congresso 
Brasileiro de Geologia, Belo Horizonte, Anais, pp. 116. 
Olszewski, W.J., Wirth, K.R., Gibbs, A.K., and Gaudette, H.E., 1989. The age, origin, and tectonics of the Grão-Pará Group 
and associated rocks, Serra dos Carajás, Brazil: Archean continental volcanism and rifting. Precambrian Research, 42: 
229-254. 
Pinheiro, S.S., Fernandes, P.E.C.A., Pereira, E.R., Vasconcelos, E.G., Pinto, A.C., Montalvão, R.M.G., Issler, R.S., 
Dall’Agnoll, R., Teixeira, W. Fernandes, C.A.C., 1976. Geologia, In: Projeto Radar na Amazônia. Folha NA.19-Pico da 
Neblina: Levantamento de Recursos Naturais. Rio de Janeiro, 11:19-137. 
Santos, J.O.S., Silva, L.C., Faria, M.S.G., Macambira, M.B., 1997b. Pb-Pb single crystal evaporation isotopic study of the 
post-tectonic, sub-alkalic, A-type Moderna Granite (Mapuera Intrusive Suite), State of Roraima, northern Brazil. In: 
Ferreira, V.P., Sial, A.N., (eds.), International Symposium on Granites and Associated Mineralizations, 2, Salvador, 
Brazil, Superintendência de Geologia e Recursos Minerais, Governo do estado da Bahia, Extended Abstracts and 
program, 273-275. 
Santos, J.O.S., Hartman, L.A., Gaudette, H.E., Groves, D.I., McNaughton, N., Fletcher, I.R. 2000. A New Understanding of 
the Provinces of the Amazon Craton Based on Integration of Field Mapping and U-Pb and Sm-Nd geochronology. 
Gondwana Research, 3(4):453-488. 
Santos, J.O.S., 2003. Geotectônica dos escudos das Guianas and Brasil-Central, pp. 169-226. In: Bizzi, L.A., Schobbenhaus, 
C., Vidotti, R.M., Gonçalves, J.H. (eds.), Geologia, tectônica and recursos minerais do Brasil, Companhia de Pesquisa 
de Recursos Minerais, Brasília, ISBN 85-230-0790-3, 674 pp. 
Schobbenhaus, C., Gonçalves, J.H., Santos, J.O.S., Abram, M.B., Leão Neto, R., Matos, G.M.M., Vidotti, R.M., Ramos, 
M.A.B., Jesus, J.D.A., 2005. Carta Geológica do Brasil ao milionésimo, Sistema de Informações Geográficas, 46 folhas 
na escala 1:1.000.000. Programa Geologia do Brasil, Brasília, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, 41 CD-
ROM, ISBN 85-7499-099-4. 
Tassinari, C.C.G., 1996. O mapa geocronológico do Cráton Amazônico no Brasil: Revisão dos dados isotópicos. Instituto de 
Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo. Tese de livre docência, 139 p. 
Tohver, E., Pluijm, B.V.D., Mezger, K., Essene, E., Scandolara, J. and Rizzotto, G.J., 2004. Significance of the Nova 
Brasilândia metasedimentary belt in Western Brazil: Redefining the Mesoproterozoic boundary of the Amazon Craton. 
Tectonics, vol. 23, pp. 1-20.

Continue navegando