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Suspensão Condicional da Pena

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ESCOLA PAULISTA DE DIREITO – EPD 
ALUNO : MARCO ANTONIO FERRAZ PEREZ
(TURMA III – AOS SÁBADOS)
COORDENAÇÃO: PROFESSORA ALESSANDRA O. GRECO
ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL 
TEMA: O SURSIS COMO ALTERNATIVA EFICAZ À PENA DE PRISÃO
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Sursis significa suspensão condicional da pena. Ocorre quando o juiz dá uma pena a uma pessoa e, no lugar de determinar a sua execução, concede a suspensão condicional da pena. 
A doutrina cita dois modelos de Suspensão Condicional da Pena: 
Modelo anglo-americano, que suspende a própria condenação.
Modelo franco-belga, adotado pelo Direito Penal Brasileiro, que consiste na suspensão da execução da pena, mediante o cumprimento de determinadas condições.
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 O Código Penal Brasileiro consagrou alguns mecanismos para evitar levar à prisão o condenado que seja primário, o delinqüente ocasional e o ajustado socialmente, estabelecendo para esse sentenciado a suspensão condicional de sua pena, mediante algumas condições.
 A suspensão condicional da pena, conhecida popularmente por sursis, é uma alternativa positiva que o legislador previu para suspender a pena privativa de liberdade, de curta duração, evitando-se levar à prisão o condenado que tem recuperação.
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 A pena privativa de liberdade de breve duração não serve como meio eficaz para a reabilitação ou a ressocialização, pois, tecnicamente, é inviável aplicar uma pena de prisão rápida esperando melhora moral do condenado.
Assim, tal incidente na execução evita que o condenado tenha contato com um sistema prisional falido, que não recupera ninguém, obrigando-o a conviver com detentos de alta periculosidade, sujeito às sevícias físicas e morais, arriscando contrair algum tipo de moléstia, inclusive incurável.
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 Segundo o nosso Código Penal, a suspensão condicional da pena será possível quando preenchidos certos requisitos objetivos e subjetivos. 
No caso do requisito objetivo, a pena deverá ser privativa de liberdade e nunca superior a dois anos.
 Já no requisito subjetivo, determina que o condenado não seja reincidente em crime doloso e que a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, autorizem a concessão do benefício.
 
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 Na contravenção penal, pode-se aplicar o sursis se preenchidos os requisitos do artigo 77 do CP, estabelecendo o período de prova diferenciado que será não inferior a um ano nem superior a três anos, conforme previsto na Lei das Contravenções Penais.
 
 
 O artigo 77, § 1º, do CP estabelece que o sursis poderá ser concedido, preenchidos os requisitos, ao condenado à pena privativa de liberdade, mesmo que tenha sido condenado anteriormente à pena pecuniária.
 
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 A suspensão condicional da pena não será aplicada ao condenado à pena de multa, nem ao condenado à pena restritiva de direitos, pois a lei estabelece expressamente que será concedido o sursis somente quando se verificar "pena privativa de liberdade", impedindo desta forma sua concessão a qualquer outro tipo de pena.
 Verificamos que a suspensão condicional da pena é possível ao reincidente condenado por crime culposo, isto porque só é impedido de receber o benefício o reincidente em crime doloso. 
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Vale a pena salientar que o reincidente poderá ser beneficiado pelo sursis desde que, entre a data do cumprimento ou extinção da pena e da infração posterior, houver decorrido tempo superior a cinco anos, neste caso, não prevalece a condenação anterior, não havendo reincidência.
 Nosso Código Penal, no artigo 77, § 2º, e artigo 78, §§ 1º e 2º, identifica três espécies de sursis: o simples ou comum, o especial e o sursis etário.
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O sursis simples condiciona o sentenciado, no primeiro ano do prazo, à prestação de serviços à comunidade ou a submeter-se à limitação de fim de semana, e ainda poderá o magistrado, a seu critério, estabelecer outra condição, que seria a condição judicial.
 No sursis especial, que demonstra ser mais suave, encontramos como requisitos o artigo 77 do CP e também mais duas exigências: primeira, a reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; e segunda, que as circunstâncias do artigo 59 do CP devem ser totalmente favoráveis ao condenado. 
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Ainda neste tipo de sursis, vemos que o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, cumulativamente: a) proibição de freqüentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside; e c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, objetivando justificar suas atividades.
Já o terceiro é o sursis etário. Trata-se de uma novidade introduzida pela reforma de 84. Este tipo de suspensão condicional da pena é previsto para o condenado que tenha mais de setenta anos na data da sentença. 
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Além de que tenha sido condenado a uma pena não superior a quatro anos, neste caso o período de prova altera-se, passando de quatro a seis anos, realçando que devem estar também presentes as condições do sursis simples.
 
 A concessão do sursis constitui um direito subjetivo do condenado, uma vez preenchidos todos os requisitos. O juiz só poderá negar-lhe o benefício se faltar uma das condições, e sempre fundamentando sua decisão. O Prof. PAULO JOSÉ DA COSTA leciona que "o sursis é um crédito de confiança ao criminoso primário, estimulando-o a que não volte a delinqüir".
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O período de prova do sursis começa a partir da audiência admonitória, ocasião em que o Juiz, após a leitura ao condenado da sentença, lhe informará as condições para aplicação da suspensão condicional da pena e as conseqüências de uma nova infração penal ou do descumprimento das obrigações, conforme arts. 158/160 da LEP e art. 703 do CPP.
O sursis poderá ser revogado, obrigatoriamente, se o beneficiado vier a ser condenado, em sentença irrecorrível por crime doloso; ou se o condenado frustrar, embora solvente, a execução de pena de multa, ou ainda se descumprir a prestação de serviços à comunidade ou a limitação de fim de semana.
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 Outra hipótese da revogação obrigatória da suspensão condicional da pena é o não-comparecimento do condenado à audiência admonitória sem justificação.
 Será revogado, agora facultativamente, o sursis caso o condenado descumpra qualquer outra condição imposta ou se vier a ser condenado, irrecorrivelmente, por crime culposo ou contravenção, à pena privativa de liberdade ou à restritiva de direitos.
 
 
 
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 Não será motivo de revogação do sursis a condenação posterior, a uma pena de multa, da mesma forma, entendemos não ser possível a revogação do beneficio pelo fato de o condenado ter praticado nova infração penal, pois somente poderá haver revogação caso essa nova infração propicie uma sentença condenatória transitada em julgado. 
 
 Cumprido o lapso probatório, e não tendo sido revogado o benefício, estará extinta a pena privativa de liberdade, e será declarada a extinção da punibilidade do condenado.
 
 
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 CONCLUSÕES 
1. O sistema prisional brasileiro não cumpre, freqüentemente, a segunda prerrogativa da pena privativa de liberdade, que é a reeducação e ressocialização do condenado. 
2. A ociosidade do cotidiano, na maioria dos presídios, o ajuntamento de condenados sem nenhum critério em celas pequenas, que não os comportam, num ambiente de violência, facciosidade e corrupção, tudo com certeza contribui para o aperfeiçoamento da criminalidade. Dificilmente alguém que cumpriu pena nesse ambiente poderá ser recuperado e devolvido à sociedade como um cidadão pronto para assumir seu papel. 
 
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3. Em vista do exposto, os institutos alternativos à pena de prisão, entre eles o sursis, têm grande importância para evitar que uma pessoa, que cometeu um delito e mereceu pena leve, fique
em contato com um mundo desumano e violento.
4. O artigo 77, que lista as condições legais para a concessão do sursis, bem como os artigos 81 e 82, e ainda o 59, dão ampla cobertura ao instituto, tanto no que tange às condições para surtir seu efeito, como ao que diz respeito à sua revogação ou prorrogação do período de prova, em determinadas circunstâncias. Trata-se de um recurso da lei que recebeu dos legisladores o cuidado de prestar um benefício ao condenado, sem prejudicar a sociedade.
 
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5. Embora a doutrina considere a suspensão condicional da pena como um benefício do condenado, e de revestir-se de natureza jurídica de direito público do réu, acrescente-se que tal instituto é também uma medida restritiva de liberdade de caráter repressivo e preventivo: repressivo porque, se o réu não cumprir as condições propostas, volta ao regime prisional; e preventivo porque tem o objetivo de evitar que o réu freqüente determinados lugares, não se ausente da comarca sem a autorização do juiz etc., e não cometa novos crimes, com o que teria revogado o sursis.
 
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6. Existe a necessidade premente de revalorização do instituto do sursis como forma efetiva de controle jurisdicional sobre o criminoso não perigoso, de modo a fortalecer o caráter ressocializador da pena, não afastando o beneficiário do convívio social e permitindo que haja maior adequação entre a função social da pena e a necessidade de recuperação do infrator.
7. Com o incremento do sursis, a sociedade poderá efetivamente participar do processo de execução da pena privativa de liberdade de curta duração, auxiliando o Estado na fiscalização e controle da conduta do condenado que, ao invés de sofrer as influências nocivas do cárcere, poderá permanecer junto aos seus, cumprindo as condições que lhe foram impostas.
 
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8. Urge seja o instituto do sursis modernizado, revalorizado, efetivamente aplicado e fiscalizado pelo Poder Judiciário, transformando-se em valioso instrumento à disposição do juiz para conferir à pena seu caráter de retribuição e de prevenção, na medida em que, através da individualização da reprimenda privativa de liberdade, possa o condenado ter a oportunidade de permanecer fora do vicioso sistema prisional, buscando o ideal maior da ressocialização.
 
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