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Plantas melhoradoras do Solo

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PLANTAS MELHORADORAS DO SOLO
Ana Lúcia Borges
1Luciano da Silva Souza
1José Eduardo Borges de Carvalho
Plantas melhoradoras são aquelas que proporcionam melhorias 
nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. As 
leguminosas destacam-se entre as espécies vegetais que podem ser 
utilizadas como plantas melhoradoras do solo, pela sua característica 
em obter a quase totalidade do nitrogênio que necessitam, por meio da 
simbiose com bactérias específicas, as quais, ao se associarem com 
as leguminosas, utilizam o nitrogênio atmosférico transformando-o em 
compostos nitrogenados; além disso, apresentam raízes geralmente 
bem ramificadas e profundas, que atuam estabilizando a estrutura do 
solo e reciclando nutrientes.
Trabalhos de pesquisa com fruteiras (banana, citros, mamão e 
maracujá) têm mostrado efeitos benéficos da utilização de 
leguminosas nas entrelinhas, como plantas melhoradoras do solo. 
Entre as leguminosas estão o feijão-de-porco, o guandu, a crotalária, o 
caupi, o kudzu tropical, a mucuna preta e o amendoim forrageiro.
1. Feijão-de-porco [Canavalia ensiformis (L) DC]
É uma leguminosa rústica, anual 
ou bianual, de clima tropical e 
subtropical, não suportando geadas 
fortes. Apresenta crescimento inicial 
re lat ivamente rápido, sendo 
resistente a altas temperaturas e à 
seca e tolerante ao sombreamento 
parcial. Adapta-se tanto aos solos 
argilosos quanto aos arenosos.
É eficiente na cobertura do solo, 
apresentando efeito supressor e/ou 
alelopático em plantas invasoras, principalmente no difícil controle da 
tiririca (Cyperus rotundus). Produz de 20 a 40 t de massa verde/ha e 
fixa de 80 a 160 kg de N/ha, dependendo da idade da planta, tipo de 
solo, clima, época e densidade de semeadura. Os grãos ou vagens 
podem ser consumidos cozidos ou em conserva pelo homem, 
apresentando sabor agradável e grande valor nutritivo. É suscetível ao 
ataque de nematóides.
A semeadura pode ser feita em linhas, no espaçamento de 0,50 m, 
com 5 a 6 sementes por metro linear (cerca de 130 a 160 kg de 
sementes/ha). No caso do plantio em covas, recomendam-se duas 
sementes por cova, distanciadas em 0,40 m. Se o plantio for a lanço (8 
2sementes/m ), gasta-se em torno de 20% a mais de sementes.
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2. Guandu [Cajanus cajan (L) Millsp.]
É uma leguminosa arbustiva, anual 
ou semi-perene, com vida de até três 
anos, quando podada anualmente. 
É uma planta resistente à seca, 
sendo suficientes 500 mm anuais de 
chuva para seu desenvolvimento. É 
pouco exigente em nutrientes, 
desenvolvendo-se bem tanto em 
solos arenosos quanto nos argilosos; 
contudo, não tolera excesso de umidade nas raízes.
Apresenta alta produção de massa verde (20 a 30 t/ha) e seu sistema 
radicular pivotante tem grande capacidade de reciclar nutrientes e 
penetrar em solos compactados e adensados. Como adubo verde, deve 
ser podado no pré-florescimento (140 a 180 dias), fixando de 90 a 170 kg 
de N/ha. Além disso, essa leguminosa fornece forragem com mais de 200 
g de proteína por quilo e os grãos podem ser utilizados tanto na 
alimentação humana quanto animal.
A semeadura pode ser feita em linhas, no espaçamento de 0,50 m, 
com 16 a 25 sementes por metro linear (50 kg de sementes/ha). No caso 
de plantio em covas, recomenda-se duas a três sementes por cova, 
distanciadas em 0,20 m. No plantio a lanço, recomendam-se 40 
2sementes/m , com densidade de 60 kg/ha.
3. Crotalária (Crotalaria juncea L)
É uma leguminosa arbustiva, de 
caule ereto, cujo porte varia de 2 a 3 m 
e ciclo anual, apresentando 
crescimento inicial rápido. Ventos 
fortes poderão causar tombamento 
das plantas. É uma planta de clima 
tropical e subtropical, que não resiste 
a geadas fortes. Adapta-se bem em 
solos argilosos e arenosos.
A crotalária é utilizada como cultura 
intercalar em fruteiras, apresentando 
efeito supressor e/ou alelopático sobre as plantas invasoras. Tem-se 
mostrado também eficiente na supressão de nematóides no solo. Como 
adubo verde, pode ser incorporada ao solo na época do florescimento, 
aproximadamente 100 dias após o plantio. Apresenta grande produção de 
massa verde (50 a 70 t/ha), um bom sistema radicular, que melhora a 
infiltração de água, e boa capacidade de fixação de nitrogênio, 
promovendo elevada reciclagem de vários nutrientes no perfil do solo. 
Pode também ser roçada na época da colheita das sementes, deixando-
se os resíduos no solo, na forma de cobertura morta.
A semeadura pode ser feita em linhas, no espaçamento de 0,50 m 
entre linhas, com 20 a 25 sementes por metro linear (cerca de 30 a 40 kg 
2de sementes/ha). No plantio a lanço, utilizam-se 60 sementes/m , e uma 
densidade aproximada de 35 a 40 kg/ha.
4. Caupi (Vigna unguiculata L)
É uma leguminosa herbácea, 
vigorosa e anual. Apresenta hábito 
de crescimento ereto ou trepador e 
raízes profundas. É suscetível a 
geadas e ao frio, mas resistente ao 
calor e razoavelmente tolerante à 
seca. Adapta-se tanto a solos 
argilosos quanto aos arenosos; 
contudo, não suporta solos 
encharcados.
Como adubo verde, pode ser 
utilizada em monocultura ou intercalada com as fruteiras. Além disso, 
é empregada na alimentação animal e humana, neste caso na forma 
de vagens tenras e de grãos verdes ou secos.
A semeadura pode ser feita em linhas, no espaçamento de 0,40 m, 
com 20 sementes por metro linear (60 a 75 kg de sementes/ha). No 
caso do plantio em covas, recomendam-se duas a três sementes por 
cova, distanciadas em 0,40 m. Nas consorciações, normalmente é 
semeada a lanço, gastando-se 10% a mais de sementes.
5. Kudzu tropical [Pueraria phaseoloides (Roxb.) Benth] 
É uma leguminosa rústica, 
perene, de clima tropical e subtropi-
cal, mas se desenvolve também em 
regiões temperadas. Apresenta 
melhor desenvolvimento em locais 
úmidos e quentes e em regiões 
montanhosas com altas precipita-
ções pluviais, desenvolvendo-se 
bem em locais sombreados. 
Normalmente, prefere os solos 
argilosos ou de textura média, 
tolerando solos ácidos.
É recomendada para cobertura permanente do solo, apresentando 
talos rasteiros, crescimento rápido e sistema radicular profundo. 
Deve-se proceder o corte dos ramos ou o coroamento, próximos da 
cultura principal, caso necessário. Pode ser utilizada também como 
forrageira, pelo elevado valor protéico.
A semeadura pode ser feita em linhas, no espaçamento de 0,50 a 
1,00 m ou a lanço, necessitando-se 2 a 5 kg de sementes/ha. Estas 
odevem ser tratadas com água quente a 80 C, durante 15 a 30 minutos, 
para quebra de dormência. Essa leguminosa pode também ser 
propagada por meio das nodosidades que aparecem nas axilas das 
folhas, quando os ramos estão em contato com o solo; neste caso, 
recomenda-se o espaçamento de 3 m entre fileiras e 1 m entre covas.
1 (a)Eng Agronômo(a), Pesquisador(a) da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Caixa Postal 007. 
CEP 44380-000 Cruz das Almas, BA.
6. Mucuna preta (Stizolobium aterrimum Piper & Tracy) 
É a espécie de mucuna mais 
conhecida no Brasil, tem ciclo anual, 
é robus ta , de c resc imen to 
indeterminado, com hábito rasteiro e 
emite ramos trepadores. É uma 
leguminosa rústica, de clima tropical 
e sub t rop ica l , res is ten te a 
temperaturas elevadas, à seca, ao 
sombreamento e ligeiramente 
resistente ao encharcamento 
temporário do solo. Adapta-se a 
solos ácidos e com baixos teores de 
nutrientes.
Produz 40 a 50 t de massa verde/ha, é bastante utilizada como 
adubo verde, fixando de 170 a 210 kg de N/ha, além de atuar na 
diminuição da multiplicação de populações de nematóides. Quando 
intercalada com culturas perenes, a mucuna deve ter seus ramos 
manejados, para que não subam nas plantas, prejudicando o 
desenvolvimento destas. Além disso, pode ser utilizada como forragem 
ou grãos triturados, como suplemento protéico na alimentação animal.A semeadura pode ser realizada em linhas, no espaçamento de 
0,50 m, com quatro a oito sementes por metro linear (60 a 80 kg de 
sementes/ha). No plantio em covas, espaçá-las em 0,40 m, colocando-
se duas a três sementes por cova. Caso o plantio seja a lanço, utilizam-
2se em torno de 10 sementes/m com uma densidade 20% superior. 
Recomenda-se a escarificação das sementes com areia, para quebrar 
a dormência.
7. Amendoim forrageiro (Arachis pintoi Krap. & Greg.)
É uma leguminosa nativa do 
Brasil, perene, de crescimento 
rasteiro, de clima tropical e 
subtropical, recuperando-se depois 
de geadas fortes e suportando 
secas moderadas. Apresenta altura 
média de 0,20 a 0,40 m e raiz 
pivotante. Adapta-se em solos 
argilosos e arenosos, porém produz 
maior massa vegetal nos solos mais 
férteis.
Essa leguminosa, que apresenta 
boa tolerância ao sombreamento e ao pisoteio, é indicada para 
cobertura permanente do solo em culturas perenes, como fruteiras, 
objetivando controlar erosões, competir com plantas invasoras e fixar 
nitrogênio atmosférico (60 a 150 kg de N/ha/ano). É também utilizada 
como forragem, tanto pelo alto teor de proteína (150 a 220 g/kg), 
quanto por ser tolerante ao pastejo.
O plantio pode ser feito a lanço, em linhas ou em covas, manual ou 
mecanicamente. A profundidade de semeadura deve ser de 0,02 a 0,05 
m, e a densidade da semeadura vai depender da qualidade das 
sementes, podendo ser em covas espaçadas de 0,50 em 0,50 m. 
Como a sua semente, e também a da maioria das leguminosas, 
apresenta uma cobertura impermeável à penetração de água, 
impedindo a germinação, além de ser de difícil obtenção, recomenda-
se a propagação por mudas (40.000 mudas/ha).
Referências bibliográficas
CALEGARI, A. Leguminosas para adubação verde de verão no 
Paraná. Londrina: IAPAR, 1995. 118p. (IAPAR. Circular, 80).
MONEGAT, C. Plantas de cobertura do solo: características e 
manejo em pequenas propriedades. Chapecó: ACARESC, 1991. 337p.
PIRAÍ SEMENTES (Piracicaba, SP). Adubação verde. Piracicaba: 
[2002?]. 1 folder.
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Dezembro/2004
Tiragem: 1000 exemplares
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Rua Embrapa, s/n - CP. 007 - 44380-000 - Cruz das Almas - BA
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