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CCuurrssoo:: ZZOOOOTTEECCNNIIAA MMóódduulloo:: AALLIIMMEENNTTAAÇÇÃÃOO,, PPRROODDUUÇÇÃÃOO EE CCOONNSSEERRVVAAÇÇÃÃOO DDEE FFOORRRRAAGGEEMM PPPrrrooofffªªª CCCAAARRRLLLAAA WWWAAANNNDDDEEERRRLLLEEEYYY MMMAAATTTTTTOOOSSS Petrolina/PE Dez/2009 2 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS INTRODUÇÃO 1 HISTÓRICO ALFAFA primeira forrageira cultivada (146 a.C. pelos romanos). Registros de fenação 50 d.C pelos romanos. Trevo cultivado na Itália em 1550. Entre 1780 e 1820 foram feitos os primeiros ensaios com plantas forrageiras na Inglaterra. No final do século XIX aumento do uso de tecnologias. Início do século XVII conquista do sertão nordestino pela pecuária. Início do século XX maioria dos Estados já importava produtos de origem animal. 2 COMO SURGIU O MANEJO DE PASTAGENS? Com a domesticação dos ruminantes, o homem percebeu a necessidade de desenvolver formas de alimentação. Se anteriormente, os animais transitavam livremente, a partir de então, passaram a ter seus movimentos controlados, pois era primordial para as sociedades primitivas da época, que os animais fossem mantidos próximo a fim de proverem alimento quando necessário. Desta forma, o homem tomou para si a responsabilidade de administrar a oferta de alimento para estes animais, dando origem ao “manejo das pastagens”, onde pastorar consistia na forma predominante de manejo. A partir de então, o homem encontra-se envolvido com o desafio de aperfeiçoar o processo, buscando obter máximo rendimento e produtividade. 3 ALGUNS CONCEITOS FUNDAMENTAIS Plantas forrageiras toda e qualquer planta de interesse na alimentação animal. São conhecidas como alimentos volumosos aquosos (pastos e capineiras). Forragem parte comestível das plantas, exceto os grãos, que pode servir na alimentação dos animais em pastejo ou colhida e fornecida. 3 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Pastagem tipo de unidade de manejo, fechada e separada de outras áreas por cerca ou outra barreira, e destinada à produção de forragem para ser colhida, principalmente, mediante pastejo. Pastejo ação livre do animal consumir o pasto (de porte herbáceo), envolvendo duas ações: pisoteio e consumo de forragem. Capineira instalação onde se tem em uma área a comunidade vegetal, a qual não é consumida diretamente pelo animal, mas colhida e levada até ele. Em outras palavras, consiste em uma área cultivada com capim, para colheita e fornecimento aos animais domésticos fora dos seus limites. Ramoneio é o pastejo em um pasto de porte arbustivo. Figura 1 – Caprinos realizando o ramoneio. 4 IMPORTÂNCIA (FORRAGICULTURA E MANEJO DAS PASTAGENS) O Brasil, devido à grande extensão territorial e clima favorável ao crescimento vegetal, apresenta condições excelentes para o desenvolvimento da pecuária. Desta maneira, a implantação adequada de pastagens e capineiras consiste na melhor opção de alimentação do rebanho, por se constituir no alimento de menor custo disponível (já que é produzido na própria 4 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS fazenda) e que oferece todos o nutrientes necessários para que os animais possam expressar todo seu potencial produtivo. Ao longo dos anos a mentalidade de reservar as piores áreas da propriedade para produção de forragem foi sendo substituída por práticas (escolha dos terrenos e forragens, adubações, combate às pragas e plantas invasoras e manejo) que, nos dias atuais, já têm credibilidade junto aos pecuaristas. O custo elevado dos insumos e a exigência do mercado, hoje globalizado, por máxima produtividade a custos reduzidos tornam a pastagem um dos principais componentes da pecuária tecnicamente evoluída. 5 MORFOLOGIA Consiste no estudo das características físicas (estrutura externa) das plantas. Tem o propósito não apenas biológico, mas também, de auxiliar nas decisões de manejo da planta forrageira. As características físicas refletem os componentes de produção da planta (número de perfilhos, número de folhas, tamanho das folhas, etc.). A morfologia é a base para a identificação das plantas, especialmente, através das folhas, flores e sementes e baseia-se em terminologia descritiva padronizada. 5.1 TERMINOLOGIA As normas internacionais determinam que o nome da ESPÉCIE seja composto por dois nomes grifados ou escritos em letra que seja diferente do texto (geralmente itálico). Panicum maximum. Brachiaria brizantha. Panicum maximum cv. Tanzânia. Brachiaria brizantha cv. Marandu. CLASSIFICAÇÃO DAS PLANTAS FORRAGEIRAS As plantas forrageiras apresentam características próprias, as quais podem ser agrupadas de acordo com a duração de seu ciclo, época de crescimento, hábito de crescimento e família. 5 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS 1 DURAÇÃO DO CICLO O ciclo diz respeito ao tempo de vida das plantas em uma pastagem. As forragens, neste caso, são divididas em anuais (duram menos de um ano) e perenes (duram vários anos). As plantas forrageiras anuais priorizam a produção de sementes para atravessarem períodos desfavoráveis, enquanto as perenes priorizam a acumulação de reservas. Quando comparadas com as anuais, as perenes apresentam crescimento inicial mais lento. Não é uma classificação usual, uma vez que uma mesma espécie pode ser classificada como anual em uma região e perene em outra. 2 ÉPOCA DE CRESCIMENTO Refere-se à época em que a forrageira concentra seu crescimento. HIBERNAIS Clima temperado Dias menos ensolarados Caules finos e folhagem tenra Semeadas no outono ESTIVAIS Clima tropical Elevado potencial de crescimento Colmos grossos e folhas largas Semeadas na primavera 6 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Hibernais germinam ou rebrotam no outono, desenvolvem-se ao longo do inverno e florescem durante a primavera. No verão, as altas temperaturas aliadas a períodos secos determinam a morte dessas plantas, quando anuais, ou a redução do seu crescimento, quando perenes. Estivais rebrotam na primavera, crescendo e frutificando durante os períodos de verão-outono (meses mais quentes do ano). Com a chegada do frio podem vir a morrer (anuais) ou cessar seu crescimento (perenes). Quadro 1 – Duração do ciclo e época de crescimento de algumas plantas forrageiras PLANTAS FORRAGEIRAS GRAMÍNEAS LEGUMINOSAS Anuais/Hibernais capim Doce, etc. Ervilhaca, etc.. Anuais/Estivais Milho, Sorgo, etc. Feijão miúdo, Mucuna preta, etc. Perenes/Hibernais Aveia, Centeio, Azevém, etc. Alfafa, Cornichão, etc. Perenes/Estivais Colonião, Elefante, Buffel, etc. Soja perene, etc. 3 HÁBITO DE CRESCIMENTO Refere-se à forma como a parte vegetativa das plantas se desenvolve, sendo importante para adequar o manejo da pastagem. Os tipos mais comuns são: Estolonífero as plantas expandem seu caule horizontalmente, enraizando-se ao solo. Suas folhas são emitidas na vertical. Prostrado são vegetais semelhantes às estoloníferas, diferenciando-se por seus caules não emitirem raízes. Rizomatoso plantas com caule e gemas subterrâneas. Cespitoso plantas que se desenvolvem em forma de touceira e apresentam pouca expansão lateral Em geral, apresentam qualidade inferior às demais. Ereto plantas que apresentam crescimento perpendicular ao solo e sua gemas encontram-se acima do nível do solo. Decumbente plantas que apresentam inicialmente crescimento estolonífero e, posteriormente, competindo com outras plantas, apresentamcrescimento ereto. Trepador ou escandente plantas que se apóiam em outras. 7 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS 4 FAMÍLIA As que mais contribuem para a alimentação animal pertencem às famílias das Gramíneas (capim Elefante, Tifton, Buffel, Tanzânia, Pangola, etc.) e Leguminosas (feijão Guandu, Algaroba, Leucena, etc.). Todavia, devem ser citadas, ainda, as cactáceas (palma forrageira, mandacaru, etc.), euforbiáceas (maniçoba, mandioca, etc.) e convolvuláceas (jitirana). As gramíneas são plantas com folhas estreitas, enquanto leguminosas apresentam folhas mais largas e vagens como frutos. Esta família tem, ainda, a capacidade de fixar nitrogênio no solo por meio de uma associação com bactérias radiculares dos gêneros Rhyzobium e Bradirhizobium, apresentando, geralmente, um teor de proteína bruta mais elevado do que as gramíneas. CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS EM UMA PLANTA FORRAGEIRA 1 ALTA RELAÇÃO FOLHA COLMO Varia com: Espécie (capim Elefante x capim Andropogon). Dentro da espécie (capim Elefante Napier x Roxo). Estádio vegetativo (↓estádio de crescimento ↑relação folha:caule). 2 RAPIDEZ NA REBROTA Varia com: Hábito de crescimento. Índice de área foliar (IAF residual: ↑IAF ↑rapidez). Carboidratos (CHO) de reserva (↑CHO de reserva ↑rapidez). 8 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Se o IAF = 4 implica dizer que se tem 4 m 2 de folha em 1 m 2 de solo. 3 DISTRIBUIÇÃO DA PRODUÇÃO DURANTE O ANO Varia com: Espécie (perene x anual). Clima (pluviosidade, temperatura, insolação). Manejo (adubação, diferimento de pastos). 4 SER PERENE Brachiaria plantaginea x Digitaria decumbens 5 RESISTÊNCIA Extremos de temperatura. Umidade. Pragas e doenças. 6 PRODUZIR GRANDE QUANTIDADE DE SEMENTES VIÁVEIS Vantagens: Menor custo de formação de pastagens. Resistência à seca. Resistência às pragas e doenças. Resistência ao fogo. Onde, VC = valor cultural da semente, G = germinação e P = pureza. 9 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Apesar de ser desejável um maior valor cultural (VC), deve-se ficar atento ao valor final que se paga por quilograma de semente de capim. Exemplo: Compra-se, em determinada loja agropecuária, 1 kg de semente de capim Buffel com VC = 87% por R$ 7,00, enquanto em outra loja, a mesma quantidade com um VC = 75% é vendida por R$ 5,80. Em qual das duas lojas a compra deve ser efetuada? Por que? 870 g de capim – R$ 7,00 1000 g de capim – x x = R$ 8,05/kg de capim 750 g de capim – R$ 5,80 1000 g de capim – x x = R$ 7,73/kg de capim Apesar de a semente vendida na Loja 2 apresentar um menor valor cultural, a compra deve ser realizada nesta loja, uma vez que o preço final a ser pago/kg de semente de capim será de R$ 7,73, ao invés de R$ 8,05. 7 SER “SENSÍVEL” ÀS ADUBAÇÕES Varia com: Sistema de produção (intensivo x extensivo). Custo do produto obtido. Irrigação. 8 RESISTENTE AO CORTE E PASTEJO Varia com: Espécie. Ponto e hábito de crescimento. Manejo. Loja 1 Loja 2 10 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS 9 VALOR NUTRITIVO Varia com: Espécie. Dentro da espécie. Estádio de crescimento. Persistência (gramíneas tropicais x leguminosas e palma). 10 PALATABILIDADE Varia com: Espécie. Relação folha:caule. Estádio vegetativo. Solo e clima. Espécie animal. Hábito alimentar. Estágio fisiológico. Pressão de pastejo (relação entre o número ou peso corporal dos animais e a quantidade de forragem disponível na pastagem). 11 FACILIDADE DE SE ESTABELECER E DOMINAR Varia com: Espécie. Técnica de plantio. Perfilhamento. Manejo. 11 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE PLANTAS FORRAGEIRAS 1 GRAMÍNEAS Família mais importante, produzindo alimentação para ruminantes e cereais (milho, trigo e arroz), para alimentação humana. Setenta e cinco por cento das forrageiras fazem parte desta família, a qual compreende 700 gêneros e 12.000 espécies (número varia entre autores), estando presentes nos mais diversos ambientes em todo o mundo (distribuição cosmopolita). O porte é variável, indo desde as rasteiras (gramas), passando pelas intermediárias (maioria dos capins), até as de porte mais elevado (milho, sorgo, capim Elefante, etc.); são utilizadas na forma de pastagem, fenos e/ou silagens. Figura 2 – Partes de uma gramínea. 1.1 SISTEMA RADICULAR Refere-se a todas as raízes da planta. As principais funções são: Absorção de água e minerais. Sustentação da planta no solo. 12 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Armazenamento de nutrientes. Desta forma, pode-se afirmar que o vegetal fixa-se no solo e retira sua nutrição por meio de seu sistema radicular. Nas gramíneas, as raízes são do tipo fasciculado ou de cabeleira. Desenvolvem-se, principalmente, nas camadas pouco profundas, explorando a parte superficial do solo (20-30 cm). Todavia, existem relatos na literatura de que podem alcançar profundidades de 2,0 m. Figura 3 – Tipo de raiz encontrado nas gramíneas. 1.2 COLMOS São típicos (não se ramificam), com nós e entrenós. 1.3 HÁBITOS DE CRESCIMENTO Os tipos de crescimento comumente observados em gramíneas são: Cespitoso ereto o caule cresce perpendicularmente em relação ao solo (Colonião, Elefante, milho, sorgo, etc.). Cespitoso prostrado/decumbente os colmos crescem encostados ao solo, sem enraizamento nos nós, erguendo-se, apenas, a parte que tem a inflorescência (Brachiaria decumbens). Estolonífero os colmos rasteiros, superficiais, enraízam-se nos nós que estão em contato com o solo, originando novas plantas em cada nó (Cynodon). Rizomatoso colmo subterrâneo, aclorofilado, sendo coberto por afilhos (perfilhos). Dos nós partem raízes e novas plantas (capim Quicuio, grama Bermuda - estolonífero- rizomatoso). 13 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Figura 4 – Hábitos de crescimento de plantas forrageiras. 1.4 TIPOS DE INFLORESCÊNCIA Espigas inflorescência de flores sésseis (sem pedicelo1) dispostas sobre um eixo. Panículas tipo de cacho em que o eixo da inflorescência é ramificado (cacho composto), apresentando uma forma cônica ou piramidal. Flores com pedicelo. Racemos ou cachos as flores são inseridas em um eixo (ráquis) não ramificado. 1 Pedicelo = pequeno pedúnculo (haste de uma flor ou de um fruto). 14 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Quadro 2 – Inflorescência de algumas gramíneas usadas para formação de pastagens GRAMÍNEA TIPO DE INFLORESCÊNCIA NOME VULGAR NOME CIENTÍFICO Cana-de-açúcar Saccharum espigas Trigo Triticum spp. espigas Capim Elefante Pennisetum purpureum panículas Capim Colonião Panicum maximum panículas Capim Setária Setaria anceps panículas Sorgo Sorghum bicolor panículas Capim-de-Planta Brachiaria mutica racemos Capim Buffel Cenchrus ciliares racemos Capim-de-Rhodes Chloris gayana racemos Capim Tifton Cynodon dactylon racemos Milho Zea mays o milho é uma planta monóica, isto é, apresenta uma inflorescência masculina (pendão) e uma inflorescência feminina (espiga). 2 LEGUMINOSAS É uma família produtora de grãos e de forragem paraos ruminantes, sendo importante na economia pela produção de alimentos como soja (Glycine max), alfafa (Medicago sativa), feijão (Phaseolus vulgaris), etc. As leguminosas encontram-se distribuídas em regiões temperadas, tropicais e subtropicais de todo o mundo, compreendendo 500 gêneros e 11.000 espécies (varia entre autores). Apresentam porte variável, onde as utilizadas como forrageiras são, predominantemente, herbáceas, sendo ricas em proteína. A característica típica dessa família é apresentar o fruto do tipo legume (vagem). 2.1 SISTEMA RADICULAR Nas leguminosas, as raízes são do tipo pivotante/axial e podem penetrar no solo poucos centímetros como também, muitos metros. Apresentam uma raiz primária (dominante), mais robusta, com pequenas “ramificações” (raízes secundárias). 15 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Figura 5 – Tipo de raiz encontrado nas gramíneas. O sistema radicular apresenta nódulos formados através do contato das raízes com bactérias do gênero Rhizobium (simbiose), as quais fixam o N2 da atmosfera (característica ecológica de extrema importância). 3 CACTÁCEAS Família representada pelos cactos, sendo formada por cerca de 84 gêneros e 1.400 espécies. São vegetais suculentos, perenes e espinhosos, adaptadas a terrenos e climas com baixa umidade. Seu metabolismo do tipo CAM, permite uma maior eficiência no uso de água do que os vegetais do tipo C3 e C4. 16 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Há três tipos de assimilação fotossintética de CO2 pelas plantas clorofiladas, segundo as quais estas são classificadas em plantas C3, C4 e CAM. A denominação C3 advém do fato de a maioria das plantas verdes formarem como primeiro produto estável da cadeia bioquímica da fotossíntese o ácido 3-fosfoglicérico (3-PGA), uma molécula com três carbonos (3C). As plantas C4 são assim chamadas por formarem como primeiro produto da fotossíntese o ácido oxalacético (4C), o qual é rapidamente reduzido à ácido málico e ácido aspártico, ambos com 4C, porém mais estáveis. Plantas do tipo CAM são plantas suculentas de deserto ou habitats sujeitos a secas periódicas e que apresentam fotossíntese diferenciada das plantas C3 e C4. Elas apresentam o metabolismo ácido crassuláceo, por isso são conhecidas como plantas MAC ou CAM (fecham os estômatos durante o dia). Tabela 1 – Eficiência do uso de água de leguminosas, gramíneas e cactáceas, conforme o metabolismo fotossintético METABOLISMO FOTOSSINTÉTICO EFICIÊNCIA DO USO DE ÁGUA (KG DE ÁGUA/KG DE MS) Leguminosas 700-800 Gramíneas 250-359 Cactáceas 100-150 Dentre as cactáceas, a palma forrageira destaca-se como alimento básico na alimentação de ruminantes em regiões áridas e semi-áridas, por se tratar de uma cultura adaptada às condições edafoclimáticas com elevadas produções de matéria seca/unidade de área. Além disto, é fonte de energia (rica em carboidratos não fibrosos), matéria mineral e água (característica importante em regiões áridas e semi-áridas). Apresenta elevado coeficiente de digestibilidade (CD = 75%; IPA, 2006), mas baixos teores de fibra em detergente neutro (FDN), tornado necessário sua associação a fontes de fibra efetivas. A fibra efetiva refere-se à porcentagem da fibra em detergente neutro (FDN) que efetivamente estimula a mastigação, ruminação, motilidade ruminal e produção de saliva (importante para manutenção adequada do pH ruminal). Para o adequando funcionamento do rúmen faz-se necessário um mínimo de fibra efetiva. O teor de FDN fisicamente efetivo é determinado pela porcentagem de FDN da matéria seca retida em peneira de 1,18 mm após ser agitamento vertical. Na prática significa dizer que partículas de tamanho inferior a 1,18 mm passam rapidamente pelo rúmen e não contribuem para estimular a ruminação e/ou mastigação. 17 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS A palma não é uma forrageira nativa do Brasil; em Pernambuco, sua introdução ocorreu por volta de 1880. No Nordeste, as espécies de palma encontradas são a gigante (Opuntia fícus indica), redonda (Opuntia sp) e miúda (Nopalea cochonilifera). IMPLANTAÇÃO DA PASTAGEM Para a produção animal, a decisão de investir na implantação ou formação da pastagem pode ser considerada como uma das mais importantes sob o ponto de vista econômico. O técnico e/ou produtor deve procurar, da melhor maneira possível, utilizar as técnicas mais recomendadas para a região (propriedade) onde sua pastagem será implantada. É de conhecimento geral que a produtividade do pasto encontra-se relacionada a fatores como: Escolha do local para implantação da pastagem. Escolha das espécies forrageiras. Época de plantio e preparo do solo. Calagem e adubação. Controle de plantas invasoras. Cuidados durante o plantio. Utilização da pastagem (pastejo x capineira, espécie animal, etc.). 1 LOCAL DE PLANTIO A escolha do local depende da topografia, fertilidade do solo e facilidade de construção de cercas. Além disso, deve-se considerar que elevadas produções são obtidas em solos com maior fertilidade. Quando da formação de áreas para pastejo direto é fundamental que haja disponibilidade de árvores e a presença de aguadas, para fornecer, respectivamente, sombra e água aos animais nos horários mais quentes do dia. 18 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS 2 ESCOLHA DAS ESPÉCIES FORRAGEIRAS De forma sucinta, para a escolha da forrageira, a seguinte metodologia deve ser observada: Diagnóstico da área realizado por meio de análise química do solo, tipo de solo, clima, topografia, pragas, invasoras, impedimentos físicos ou mecânicos, histórico da área e outros (Kichel, 2001). Deve-se considerar, ainda, a produtividade desejada, nível tecnológico a ser adotado, objetivo da produção e época de utilização. 2.1 DISPONIBILIDADE DE SEMENTES NO MERCADO Brachiaria brizantha – capim Braquiarão ou Marandu. B. decumbens – Braquiária, Debumbens, Braquiária Basilisk ou Australiana. Panicum maximum - capim Colonião, Tobiatã, Tanzânia e Mombaça. Andropogon gayanus - capim de Gamba cv. Planaltina. Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineirão. Calopogonium mucunoides – Calopo. 2.2 ADAPTAÇÃO A SOLOS DE BAIXA FERTILIDADE B. decumbens – Braquiária, Debumbens, Braquiária Basilisk ou Australiana. B. humidicola – capim Quicuio. Andropogon gayanus - capim de Gamba cv. Planaltina. Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineirão. Calopogonium mucunoides – Calopo. 2.3 ALTA PRODUÇÃO DE FORRAGEM, EXIGÊNCIA EM FERTILIDADE, RESPONSIVOS À ADUBAÇÃO NITROGENADA Pennisetum purpureum – capim Elefante, Napier, Cameroon, Roxo, etc. Panicum maximum - capim Colonião, Tobiatã, Tanzânia e Mombaça. Brachiaria brizantha - capim Braquiarão ou Marandu. Cynodon spp. - Tifton-85, Tifton-68, Florakirk, Florona, gramas Estrela e Coast-Cross. Medicago sativa – Alfafa. 19 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS 2.4 TOLERÂNCIA À SECA Cenchrus ciliaris – capim Buffel. B. decumbens – Braquiária, Debumbens, Braquiária basilisk ou australiana. Andropogon gayanus - capim de Gamba cv. Planaltina. Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineirão. Calopogonium mucunoides – Calopo. Brachiaria brizantha – capim Braquiarão ou Marandu. 2.5 TOLERÂNCIA A PRAGAS E DOENÇAS Pragas: cigarrinha Brachiaria brizantha – capim Braquiarão ou Marandu. Andropogon gayanus - capim de Gamba cv. Planaltina. Doenças: Antracnose Stylosanthes guianensis - Estilosantescv. Mineirão. 2.6 TOLERÂNCIA AO SOMBREAMENTO Arachis pintoi - amendoim forrageiro. Panicum maximum - cv. Aruana. 2.7 TOLERÂNCIA AO ENCHARCAMENTO Brachiaria mutica – capim Fino, Angola, capim-de-planta. Setaria anceps – capim Setária cv. Kazungula. Echinocloa sp. - Angolinha do rio. Brachiaria humidicola – Capim Quicuio da Amazônia. 2.8 TOLERÂNCIA AO FRIO Cynodon spp. - Tifton-85, Tifton-68, Florakirk, Florona, gramas Estrela e Coast Cross. Medicago sativa – Alfafa. 2.9 PRODUÇÃO DE FENO Cynodon spp. - Tifton-85, Tifton-68, Florakirk, Florona, gramas Estrela e Coast Cross. Medicago sativa – Alfafa. 20 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Digitaria decumbens - cv. Transvala, capim Pangola. Chloris gayana - capim de Rhodes. 2.10 COM PROBLEMAS ESPECÍFICOS PARA ANIMAIS Brachiaria decumbens. – ovinos (fotossensibilização). Setaria anceps - Bovinos e eqüinos (oxalatos). Brachiaria humidicola – Eqüinos. 3 ÉPOCA DO PLANTIO E PREPARO DO SOLO O plantio deve ser efetuado no início do período chuvoso, uma vez que a umidade e o calor são importantes neste momento. Por sua vez, o preparo do solo deve ser realizado no final do período seco, com o objetivo de criar condições ideais para a germinação das sementes e crescimento da planta. Nesse momento, é importante: Permitir maior contato da semente com as partículas de solo; Garantir a colocação das sementes em profundidade adequada. No preparo do solo são relevantes as seguintes práticas: Destoca do terreno. Controle da erosão. Aração (mais profunda possível). Gradagem. Quando a área apresentar facilidade ou risco de erosão, ou ainda, escorrimento superficial da água de chuvas, recomenda-se a construção de terraços ou curvas de nível. 4 CALAGEM E ADUBAÇÃO DE FORMAÇÃO OU DE IMPLANTAÇÃO Escolhida a área para implantação da forragem, no período anterior ao plantio deve-se efetuar a análise de solo. De posse dos resultados da análise, e já estando definida(s) a(s) espécie(s), categoria(s) e peso corporal dos animais que irão alimentar-se da pastagem, devem 21 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS ser estabelecidas as doses de calcário e nutrientes a serem utilizadas, assim como as de fertilizantes a serem empregadas. Como coletar amostras de solo a fim de caracterizar sua fertilidade? Ao se coletar amostras de solo visando caracterizar sua fertilidade, deve-se forcar na camada arável do solo, a qual, geralmente, consiste naquela que sofre grandes alterações, tanto pelas arações e gradagens, quanto pela adição de corretivos, fertilizantes e/ou restos culturais. A coleta deve, portanto, contemplar essa camada, ou seja, os primeiros 20 cm de profundidade (ATENÇÃO COM AS MANCHAS DE SOLO). No caso de semeadura direta, recomenda-se que, quando possível, a coleta seja realizada em duas profundidades (0-10 e 10-20 cm). O objetivo é avaliar a disponibilidade de cálcio e a variação da acidez entre as duas profundidades. Existem áreas, todavia, que não necessitam de calagem. Nestas áreas, a coleta de solo para fins de indicação de fertilizantes poderá ser feita logo após a maturação fisiológica da cultura anterior àquela que será implantada. Para a avaliação da acidez do solo utiliza-se a escala do pH (potencial hidrogeniônico) do solo. Nos solos ácidos (pH<7,0) verifica-se a liberação de alumínio, elemento tóxico para os vegetais. Geralmente, solos de baixa fertilidade (apresentam pH mais baixo) apresentam níveis baixos de bases trocáveis como cálcio, magnésio e potássio; neles predominam elementos acidificantes (hidrogênio e alumínio), evidenciando a necessidade de correção da acidez, a qual é feita por meio da aplicação de calcário (calagem) na área. A calagem consiste na aplicação do calcário (recomendável que seja o dolomítico, por conter Mg), devendo sempre ser realizada em função da análise de solo e exigências da forrageira, além da perspectiva da produção de matéria seca (MS); sua distribuição deve ocorrer ao longo de toda a área antes da aração. A calagem tem por objetivo a correção da acidez do solo, fornecendo cálcio e magnésio, sendo muito importante uma vez que a acidez do solo afeta o crescimento das plantas e diminui a eficiência de utilização dos nutrientes. Essa correção deve ser realizada 30 a 90 dias antes do plantio, de acordo com o poder relativo de neutralização total do calcário (PRNT), conforme fórmula abaixo. Quanto maior o valor do PRNT, menor a dose de calcário para reduzir a acidez do solo. 1 1 Alguns laboratórios utilizam T ao invés de CTC para capacidade de troca de cátions. 22 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Onde: NC = necessidade de calcário (ton/ha) na profundidade 0-20 cm. V2 = índice de saturação de bases desejada de acordo com as exigências da planta forrageira. V1 = índice de saturação de base trocáveis do solo, em porcentagem, antes da correção. CTC ou T = capacidade de troca de cátions (em cmolc/dm 3 ) de acordo com a análise de solo. S = soma das bases trocáveis em cmolc/dm 3 . f = fator de correção do PRNT do calcário. Dentre as diversas metodologias de cálculo de necessidade de calagem (quantidade de calcário a ser aplicada), o método de “Saturação por Bases” tem sido o mais usual por recomendar a elevação da saturação por bases (V%) a valores pré-estabelecidos de acordo com a espécie forrageira. Saturação por bases (S) índice de acidez do solo, definido como a proporção da capacidade de troca de cátions (CTC) ocupada por bases trocáveis (K + , Ca 2+ , Mg 2+ e Na + ). Capacidade de troca de cátions (CTC) consiste na capacidade do solo de reter ou liberar nutrientes para serem absorvidos e aproveitados pelas plantas ou na quantidade de cátions (Al 3+ , H + , Ca 2+ , Mg 2+ e K + ) que o solo é capaz de reter. As indicações de adubação devem ser orientadas pelos teores dos nutrientes encontrados na análise de solo. É importante mencionar que a necessidade de calagem da área de pastagem encontra-se relacionada à produtividade esperada, potencial de resposta da planta forrageira frente à acidez, extração de nutrientes e do nível de acidez do solo. 23 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Paulino (2004) reportou recomendações de adubação e calagem para dez diferentes situações de cultivo de forrageiras. Os agrupamentos adotados para as plantas forrageiras do mesmo tipo basearam-se em exigências de fertilidade do solo (Quadros 3 e 4). Quadro 3 - Agrupamento das forrageiras em função das exigências em termos de fertilidade do solo TIPO DE EXPLORAÇÃO FORRAGEIRA Gramíneas para pastos exclusivo Grupo I Panicum maximum (Aruana, Centenário, Colonião, Tanzânia, Tobiatã, Vencedor), Cynodon (Coast-cross, Tiftons), Pennisetum purpureum (Cameron, Elefante, Napier); Chloris (Rhodes), Hyparrenia rufa (Jaraguá); Digitaria decumbens (Pangola, Transvala), Pennisetum clandestinum (Quicuio), etc. Gramíneas para pastos exclusivo Grupo II Brachiaria brizantha (Braquiarão, Marandu), P. maximum (Green panic, Mombaça), Andropogon gayanus (Andropogon), Cynodon plectostachyus (Estrelas), etc. Gramíneas para pastos exclusivo Grupo III Brachiaria decumbens (Braquiária, Australiana); B. humidícola (Quicuio da Amazônia), Paspalum notatum (Batatais ou Gramão, Pensacola), Melinis minutiflora (Gordura), Setaria anceps (Setária), etc. Leguminosas exclusivas Grupo I Neonotonia wightii (Soja-perene), Leucaena leucocephala (Leucena), Desdemodium intortum e D. ovalifolium (Desmódio), Arachispintoi (Arachis), Lotononis bainesii (Lotononis), Trifolium (Trevo Branco, Vermelho e Subterrâneo), etc. Leguminosas exclusivas Grupo II Stylosanthes (Estilosante), Calopogonium mucunoides (Calogônio), Centrosema pubescens (Centrosema), Macroptilium atropurpureum (Sitrato), Macrotiloma axillare (Macrotiloma ou Guatá), Pueraria phaseoloides (Kudzu tropical), Cajanus cajan (Guandu), Galactia striata (Galáxia), etc. Capineiras Penninsetum purpureum (Elefante, Napier, etc.) Gramíneas para fenação Coast-cross, Tifton, Pangola, Rhodes, Green-panic, Transvala, etc. Pasto consorciado Grupo I Gramínea + leguminosa do Grupo I Pasto consorciado Grupo II Gramínea + leguminosa do Grupo II Leguminosa para exploração intensa Medicavo sativa (Alfafa) FONTE: Paulino (2004). A aplicação do calcário para elevar a saturação por bases, conforme o tipo de forrageira pode ser feita de acordo com o quadro apresentado a seguir: 24 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Quadro 4 - Recomendação da elevação de saturação por bases, conforme os grupos de plantas forrageiras FORRAGEIRA SATURAÇÃO POR BASES (V%) DOSE MÁXIMA A APLICAR (t/ha) FORMAÇÃO MANUTENÇÃO FORMAÇÃO MANUTENÇÃO Gramíneas do Grupo I 70 60 7 3 Gramíneas do Grupo II 60 50 6 3 Gramíneas do Grupo III 40 40 5 3 Leguminosas do Grupo I 70 60 7 3 Leguminosas do Grupo II 50 40 5 3 Capineiras 70 60 7 3 Gramíneas para fenação 70 60 7 3 Pasto Consorciado do Grupo I 70 60 7 3 Pasto Consorciado do Grupo II 50 40 5 3 Leguminosa p/ exploração intensiva 80 80 10 5 FONTE: Paulino (2004) EXEMPLO DE CÁLCULO: Considerando os resultados de análise de solo como sendo: pH CaCl2 = 4,4 SB 1 = 11,0 mmolc/dm 3 V1 = 26%. Ca = 8,0 mmolc/dm 3 CTC = 72,0 mmolc/dm 3 Al = 14 mmolc/dm 3 Mg = 2,1 mmolc/dm 3 Objetivando a implantação de uma pastagem de Braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu), a partir do método da elevação da Saturação por Bases, quanl a necessidade de calagem a ser aplicada? Utilize calcário dolomítico com PRNT de 80%. Braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu) gramínea do Grupo II (Quadro 3), logo V2 = 60. NC = 3,06 t/ha 1 Soma das bases. 25 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Na adubação de implantação, recomenda-se, basicamente, a aplicação de fósforo, observando-se, sempre, a análise de solo e a exigência da planta para a produtividade desejada. Como o calcário reduz a acidez do solo? Os processos e reações de redução da acidez do solo mediante a utilização de calcário são complexos, mas de maneira simplificada pode-se dizer que: O pH do solo expressa a atividade do íon H + . O calcário reduz a acidez do solo (eleva o pH) pela conversão de alguns desses íons H + em água. A reação pode ser descrita da seguinte forma: Solo-H + CaCO3 ? Solo-Ca + H2O + CO2 Conversão do H + em H2O Mas ATENÇÃO: a inversão desse processo também pode ocorrer, ou seja, um solo ácido pode tornar-se mais ácido se um programa adequado de calagem não for realizado, tendo em vista que à medida que íons básicos como Ca 2+ , Mg 2+ e K + geralmente removidos por absorção pelas culturas, podem ser substituídos pelo H + . Além disso, esses íons também podem ser perdidos por lixiviação e, novamente, serem substituídos por H + . 4.1 BENEFÍCIOS DA CALAGEM Fornecimento de Ca e Mg. Aumento do pH do solo. Redução do Al3+, Mn2+ e Fe3+ em excesso. Aumento da disponibilidade de N, P, K, Mg, S, Mo, etc. Melhoria da atividade bacteriana. Aumento da CTC do solo. Aumenta eficiência dos fertilizantes. Aumenta a produtividade das culturas. 4.2 GESSO AGRÍCOLA Indicado para culturas anuais ou perenes e, no caso de pastagem, para aquelas formadas por espécies mais susceptíveis ao alumínio e mais exigentes em cálcio, como as forrageiras do gênero Panicum e os cultivares do capim Elefante. O gesso não é corretivo de acidez e não substitui o calcário, mas favorece o aprofundamento das raízes, melhora as condições físicas do solo, além de ser fonte de enxofre. Deve ser aplicado dentro das normas técnicas, pois seu excesso pode causar mobilização de 26 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS nutrientes no solo com possíveis perdas. Pode ser aplicado antes ou após o calcário, incorporado ou na superfície do solo. O gesso agrícola (sulfato de cálcio) tem sido recomendado nas camadas subsuperficiais do solo (20 cm) para áreas onde o teor de alumínio é elevado e o de cálcio baixo. 6 SEMEADURA/PLANTIO O plantio deve ser efetuado quando o solo encontra-se bem preparado, com boa umidade (da semeadura e emergência das plântulas até seu completo estabelecimento), baixa incidência de invasoras, pragas ou outras forrageiras, utilizando equipamento adequado, na profundidade da semeadura recomendada e rolo compactador. Desta forma, a escolha da época e do momento de semeadura (ou plantio, no caso de mudas) é primordial para evitar períodos de ocorrências de veranicos. Para cada espécie tem-se uma indicação da taxa de semeadura (kg de SPV/ha), a qual deve ser respeitada. A recomendação pode ser calculada pela seguinte fórmula: onde: Q = quantidade de sementes comerciais (kg) a serem semeadas. SPV = sementes puras viáveis em kg/ha (Quadro 5). VC = valor cultural. EXEMPLO DE CÁLCULO: Para implantar 2,5 ha de Brachiaria brizantha (Braquiarão), cujas sementes foram adquiridas com pureza física de 20% e germinação de 76%, quantos quilogramas de sementes deverão ser utilizados? Recomendação em sementes puras germináveis = 2 kg/ha. 27 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Para implantar 2,5 ha serão necessários, então: 1,0 ha ─ 13,3 kg 2,5 ha ─ x A legislação brasileira só permite a comercialização de sementes com valor cultural (VC) superior a 15% para Panicum maximum e 10% para as demais espécies forrageiras. Geralmente, a validade da semente expira após um período de 10 meses após a análise do valor cultural. 28 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Quadro 5 - Recomendações da taxa de semeadura para algumas gramíneas forrageiras GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS NOME CIENTÍFICO Nº DE SEMENTES/g (APROXIMADO) Q (kg/ha de SPV*) Capim Andropogon Andropogon gayanus 360 2,5 Capim Braquiarão Brachiaria brizantha 150 2,8 Capim Braquiária Brachiaria decumbens 200 1,8 Capim Humidicola Brachiaria humidicola 270 2,5 Capim Pojuca Paspalum atratum cv. Pojuca 438 2,0 Capim Aruana Panicum maximum cv. Aruana 1304 2,1 Capim Colonião Panicum maximum cv. Colonião 780 1,6 Capim Mombaça Panicum maximum cv. Mombaça 770 1,8 Capim Tanzânia Panicum maximum cv. Tanzânia 960 1,6 Capim Tobiatã Panicum maximum cv. Tobiatã 680 2,5 Milheto Pennisetum americanum - 10 -20 Capim Coast-cross Cynodon dactilon - 3 t/ha ** Capim Elefante Pennisetum purpureum - 3-4 t/ha ** * kg/ha de SPV (sementes puras viáveis) equivalentes a um valor cultural de 100%, aqui usado apenas como referência. ** kg de mudas vegetativas/ha. 6.1. FORMAS DE PLANTIO Plantio a lanço pode ser realizado sobre o solo devidamente preparado com uma grade leve, de maneira a incorporar as sementes 0,5 a 4,0 cm de profundidade. É recomendável logo após a última gradagem, aplicação da semente e passagem do rolo compactador de ferro ou pneu (com maior peso no solo arenoso; médio, no misto e leve, no argiloso). Em solos com excesso de umidade não se deve passar o rolo, a fimde evitar que a terra fique presa no rolo. 29 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS Plantio com semeadeira deve seguir as mesmas exigências do plantio a lanço, com espaçamento entre linhas de 13 a 40 cm (dependendo da espécie forrageira e do equipamento) e profundidade de 0,5 a 4,0 cm. Pode-se realizar, na mesma operação, a adubação da pastagem ou a consorciação com outras espécies. Se a semeadeira não possuir sistema de compactação, deve-se passar o rolo compactador. Plantio direto é um sistema de manejo do solo, onde palha e restos de cultura são deixados na superfície do solo. O solo é revolvido apenas no sulco onde são depositadas as sementes e fertilizantes. As plantas invasoras são controladas por herbicidas, não existindo preparo do solo além da mobilização no sulco de plantio. Exige boa cobertura de solo, sem limitações físicas ou químicas, sem erosão,compactação, cupins, tocos, etc. Utiliza-se linhas com espaçamento de 13 a 40 cm, colocando-se entre 10 e 20% a mais de sementes. Na prática, verifica-se que as sementes das plantas forrageiras possuem tamanho pequeno a médio e, por isso, não devem ser enterradas muito profundamente, uma vez que, mesmo havendo umidade, as sementes não dispõem de reservas suficientes para permitir a perfeita emergência das plântulas. Para a maioria das espécies a profundidade varia de 20 a 40 mm (2,0 a 4,0 cm), sendo a menor recomendada para sementes muito pequenas, aprofundando progressivamente à medida que o tamanho da semente aumenta. . PLANTIO EM CONDIÇÕES IDEAIS - Plantio em época normal. - Solo analisado e corrigido. - Solo bem preparado. - Reposição de nutrientes. - Equipamentos em boas condições. - Uso de rolo compactador. - Plantio solteiro. PLANTIO EM CONDIÇÕES MÉDIAS - Plantio a lanço/superfície. - Plantio com solo semi preparado. - Plantio consorciado com outras culturas. - Épocas com incidência de veranicos. 30 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS PLANTIO EM CONDIÇÕES ADVERSAS - Plantio aéreo ou tardio. - Plantio em terreno com declive. - Plantio com pouco preparo de solo. - Plantio em várzeas úmidas. - Plantio a lanço manual. - Plantio sem previsão de chuva. - Equipamentos com má regulagem 7 CONTROLE DE PRAGAS E INVASORAS Na formação das pastagens, as pragas mais importantes são as lagartas, cupins subterrâneos e formigas. Sempre que o nível de infestação for significativo este deve ser controlado com pesticidas específicos para cada tipo de praga, obedecendo sempre as dosagens recomendadas pelo fabricante e/ou técnico. A falta de controle dessas pragas pode comprometer a formação e a persistência da pastagem. Em áreas com elevada infestação de plantas invasoras (anuais e/ou perenes) deve-se, sempre que possível, adotar o controle mecânico, cultural e químico. Mecânico preparo do solo escalonado, a fim de reduzir o banco de sementes do solo. Cultural áreas que apresentam infestação de invasoras devem ter aumentadas em até 50% a quantidade de sementes recomendada. Químico após a germinação da pastagem, ocorrendo infestação de invasoras de folhas largas (em parte ou em toda a área), pode-se fazer uso de herbicidas na base 2,4-D (ácido diclorofenoxiacético). Aplicar quando as invasoras atingirem de duas a seis folhas. 31 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS 8 MANEJO Depois de implantada a pastagem faz-se necessário um manejo adequado para obtenção de elevada produtividade e longevidade. Desta forma, o conhecimento da relação solo-pastagem- animal é fundamental. O solo é fonte de nutrientes para a pastagem e base do sistema; a planta, por sua vez é a fonte de nutrientes para o animal, enquanto o animal atua como agente modificador das condições de solo e planta. Uma área de pastagem deve proporcionar ao animal alimentação nutritiva e regular durante todo o ano, reduzir a degradação ambiental e conservar a fertilidade do solo. Ressalta-se que a diversificação do stand, ou seja, a utilização de mais de uma espécie forrageira é sempre recomendável. 32 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS QUADRO SINÓTICO Características das principais plantas forrageiras GGRRAAMMÍÍNNEEAASS Espécie Exigência em fertilidade Tolerância Profundidade plantio (cm) Teor PB * Pontos de VC/ha Condições de plantio ** Frio Seca Umidade Cigarrinha Ótima Média Ruim Brachiaria brizantha cv. Marandu Média a alta Média Média Baixa Resistente 2-4 Média 280 400 500 Brachiaria decumbens cv. Basilisk Média a baixa Média Boa Baixa Susceptível 2-4 Média 180 280 380 Brachiaria dictyoneura cv. Llanero Baixa Média Boa Média Tolerante 1-3 Média a baixa 250 350 450 Brachiaria humidicola cv. Humidícola Baixa Média Boa Alta Resistente 1-3 Baixa 250 350 450 Panicum maximum cv. Mombaça Alta Média Média Baixa Tolerante 0,5-2,5 Alta 160 300 400 Panicum maximum cv. Tanzânia Alta Média Média Baixa Tolerante 0,5-2,5 Alta 160 300 400 Panicum maximum cv. Massai Média a alta Boa Média a boa Baixa Tolerante 0,5-2,5 Média a alta 160 300 400 Paspalum atratum cv. Pojuca Média a baixa Média Média Alta Resistente 1-3 Média a baixa 200 300 400 Andropogon gayanus cv. Baeti Baixa Alta Alta Média Resistente 0,5-1 Média 250 350 450 Pennisetum glaucum Milheto Média a baixa Baixa Alta Baixa Resistente 1-4 Alta linha 12 kg/ha lanço 16 kg/ha 16 kg/ha 20 kg/ha 20 kg/ha 24 kg/ha Eleusime corocama Pé-de-galinha Baixa Média Alta Baixa Resistente 0,5-2 Baixa 8 kg/ha 10 kg/ha 12 kg/ha Paspalum saurae Pensacola Média a alta Boa Boa Baixa Tolerante 0,5-2 Média 1.600 1.900 2.000 Fonte: EMBRAPA GADO DE CORTE * Teor de proteína: com relação à qualidade das pastagens no que se refere ao teor em proteína e digestibilidade da matéria seca, existe uma grande variação conforme a espécie, época do ano, estádio de desenvolvimento, parte da planta e nível de fertilidade do solo. O teor de proteína pode variar de 5% a 24% e a digestibilidade de 45% a 75%. ** Condições de plantio referente a preparo de solo, potencial de invasoras, equipamento a ser utilizado, época de plantio, condições climáticas, topografia (susceptibilidade à erosão) e objetivos de uso da forragem. 33 Curso: Zootecnia Classificação e Implantação de Forragens Profª: CARLA WANDERLEY MATTOS LLEEGGUUMMIINNOOSSAASS Espécies Exigência em fertilidade Tolerância Profundidade para plantio (cm) Condições ideais kg/ha de semente (90% VC) Condições de plantio (kg/ha) ** Frio Seca Umidade Ótima Média Ruim Calopogônio Baixa a média e Alta Baixa Alta Média 1,0-3,0 2 3 4 Estilosantes Campo Grande Baixa - Alta - 0,5-2,0 2 3 4 Leucena Alta Média Alta Baixa 1,0-4,0 32 35 40 Guandu Baixa, Média e Alta Média Alta Baixa 2,0-4,0 25 35 40 Arachis pintoi Baixa a média Média Média Média 2,0-4,0 8 9 10 Mucuna-preta Baixa a média Média Alta Baixa 3,0-5,0 50 60 70 Fonte: EMBRAPA GADO DE CORTE * Teor de proteína: com relação à qualidade das pastagens no que se refere ao teor em proteína e digestibilidade da matéria seca, existe uma grande variação conforme a espécie, época do ano, estádio de desenvolvimento, parte da planta e nível de fertilidade do solo. O teor de proteína pode variar de 5% a 24% e a digestibilidade de 45% a 75%. ** Condições de plantio referente a preparo de solo, potencial de invasoras, equipamento a ser utilizado, época de plantio, condições climáticas, topografia (susceptibilidade à erosão) e objetivos de uso da forragem.
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