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SISTEMA MODULAR T2

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA DE CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS II
 GABRIELA DOS SANTOS ULLER
ISADORA DE FRANÇA LOPES
JOSÉ VENÂNCIO PINHEIRO ROTTA
SISTEMAS CONSTRUTIVOS TRIDIMENSIONAIS
MARINGÁ
2016
 GABRIELA DOS SANTOS ULLER
ISADORA DE FRANÇA LOPES
JOSÉ VENÂNCIO PINHEIRO ROTTA
SISTEMAS CONSTRUTIVOS TRIDIMENSIONAIS
Trabalho apresentado à disciplina de Construção de Edifícios II do curso de Engenharia Civil na Universidade Estadual de Maringá.
Orientador: Profa. Luci Mendes de Mori 
MARINGÁ
2016
RESUMO
O sistema construtivo modular é uma tecnologia que surge para atender às novas necessidades do mercado, bem como aumentar a produtividade na indústria da construção civil, uma vez que transfere o trabalho realizado no canteiro de obras para uma fábrica. No período pós guerra, o grande déficit habitacional resultou em uma necessidade de otimização no sistema construtivo tradicional, visando atender a demanda requerida em um curto espaço de tempo. Atrelado a isso, surgem também as ideias de produção em série – Fordismo – bem como erradicação dos estoques – Taylorismo. Tais propostas atingem o ramo da construção civil instigando o surgimento de novas tecnologias construtivas. Nesse viés, um dos métodos que podemos citar é o sistema construtivo modular, ou tridimensional. Módulos são unidades que se reproduzem em uma construção, facilitando a execução de um projeto. Além disso, o sistema construtivo modular propõe que tal módulo seja inteiramente produzido em uma fábrica: sua estrutura, revestimento, acabamentos, instalações elétricas, hidrossanitárias, entre outros; sendo este transportado pronto para o local desejado, ficando a cargo do canteiro de obras apenas a execução da fundação. Com isso, a construção civil deixa de ser manual e torna-se mais industrializada. Tais fatos conferem ao sistema imensa vantagem com relação à produtividade e sustentabilidade, uma vez que a obra torna-se muito mais rápida e gera menos perdas, contribuindo para o meio ambiente. Apesar de todas as vantagens citadas, no Brasil, a tecnologia ainda é pouco difundida, principalmente devido a sua diversidade econômica e pouco investimento na área de pesquisa. Porém, tal cenário tem apresentado mudanças. 
Palavras-chave: Construção modular. Tecnologia. Sustentabilidade. 
LISTA DE FIGURAS
	Figura 3.1 
	Instalações técnicas em containers
	09
	Figura 4.1 
	Planta de içamento
	11
	Figura 4.2 
	Modelagem 4D
	12
	Figura 4.3
	Módulos Embalados
	13
	Figura 4.4 
	Módulos cuidadosamente colocados sobre o caminhão
	14
	Figura 4.5 
	Içamento de um telhado
	15
	Figura 4.6
	Fachada cerâmica antes do acabamento na obra
	 16
	Figura 4.7
	Fachada cerâmica após o acabamento final
	 16
	Figura 6.1
	Modelo de Casa Modular
	22
	Figura 6.2
	Condomínio Marília Cápua Concluído
	22
	Figura 6.3
	Contrução das novas salas da Faculdade Pitágoras
	23
	Figura 6.4
	Novas salas da Faculdade Pitágoras Concluídas
	23
	Figura 6.5
	Sede do Comitê Organizador das Olímpiadas Rio 2016
	24
	Figura 6.6
	Projeto Sede do Comitê Organizador das Olímpiadas Rio 2016
	24
	Figura 6.7
	Casa Modular Sustentável – Madrid, Espanha
	25
	Figura 6.8
	Construção da Casa Modular Sustentável
	25
SUMÁRIO
	1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 
2. HISTÓRICO.......................................................................................................
3. MATERIAIS E FABRICAÇÃO.........................................................................
 3.1 Conteiners............................................................................................
 3.2 Madeiras...............................................................................................
 3.3 Chapas de aço.......................................................................................
4. MONTAGEM.....................................................................................................
 4.1 Responsabilidade e planejamento........................................................
 4.2 Modelagem 4D.....................................................................................
 4.3 Proteção à intemperes...........................................................................
 4.4 Transporte.............................................................................................
 4.5 Içamento...............................................................................................
 4.6 Posicionamento, fixação e acabamento................................................
5. ASPECTOS DO SISTEMA CONSTRUTIVO TRIDIMENSIONAL ...............
 5.1 Aspectos Positivos................................................................................
 5.2 Aspectos Negativos..............................................................................
6. EXEMPLOS........................................................................................................ 
Condomínio Marília Cápua..................................................................
Faculdade Pitágoras..............................................................................
 6.3 Sede do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016..................................................................................................................
 6.4 Sistema Aberto Modular de Casas Sustentável (SAMVS)..................
7. CONCLUSÃO....................................................................................................
REFERÊNCIAS.....................................................................................................
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INTRODUÇÃO 
	É incessante, na indústria da construção civil, a busca pela maximização da produtividade, resultando na redução da geração de resíduos sólidos, fato que culmina em um grande benefício para o meio ambiente – uma vez que a construção é responsável pela geração de cerca de quarenta por cento dos resíduos gerados em toda economia (CABRAL; MOREIRA, 2011, apud JOHN, 2001). Além disso, para o empreendedor, há também a vantagem do aumento dos lucros, uma vez que substituindo o método construtivo tradicional por um tecnológico, reduz-se as perdas; seja ela por transporte, espera, movimento, estoque, entre outras. Neste viés, podemos citar inúmeros sistemas construtivos tecnológicos os quais visam dinamizar um empreendimento sob vários aspectos, tais como: elementos em perfis metálicos, elementos de vedações maciças em concreto, pré-fabricados alveolares e afins em concreto, sendo executados in loco ou com produções seriadas em fábricas. Também podemos citar os painéis em stell framing, sistemas de alvenaria estrutural e pré-fabricados em madeira (MAYOR, 2012). O trabalho em questão, tem como objetivo a apresentação e explanação do sistema da construção modular, evidenciando sua história, os diferentes tipos de materiais utilizados, as etapas de construção, vantagens, desvantagens e exemplos de construções modulares, visando, então, o aprimoramento técnico do grupo acerca do tema proposto. Tal sistema, assim como os citados anteriormente, tem como meta a obtenção de elevado grau de racionalização, integração, rapidez e facilidade de montagem. 
O sistema de construção modular caracteriza-se pela substituição dos tradicionais materiais de construção pelos módulos – peças prontas, montadas em fábricas, trazidas à obra apenas para a instalação. Tem por finalidade a padronização das dimensõesbem como a compatibilização entre os módulos desde a fase de projeto, visando atingir maior qualidade e eficiência no processo construtivo. Tal método, permite executar simultaneamente paredes, pisos, tetos e coberturas, diferentemente do tradicional uma vez que cada uma dessas fases pode iniciar apenas após o término da anterior; aumentando assim, as perdas por espera. Logo, o tempo necessário para a finalização da obra é substancialmente reduzido (LIGHT STELL FRAMING, 2003) – característica muito vantajosa, principalmente em situações de catástrofes naturais, em que há a necessidade de construção de imenso número de moradias; bem como em edificações comerciais, tendo em vista que o maior tempo de construção implica em mais tempo sem obter entrada de capital. O módulo pode vir da fábrica praticamente pronto, incluindo as instalações elétricas, hidráulicas, isolamento térmico e acústico, os segmentos são compostos por quartos, salas, banheiros, entre outros, os quais são transportados e acoplados uns aos outros. 
Visando a obtenção de informações consistentes acerca do tema proposto, a revisão bibliográfica é utilizada como metodologia da pesquisa realizada para a confecção deste trabalho. Tal pesquisa foi realizada em sítios eletrônicos, sendo assim, foi possível perceber o escasso número de trabalhos científicos acerca do tema, evidenciando o atraso do Brasil quanto a sistemas construtivos tecnológicos, fato que pode ser observado diariamente em nossas construções. 
HISTÓRICO
A palavra módulo para o ramo da construção traz consigo o significado de unidade reguladora das proporções de uma obra. O uso de um módulo é datado antes de cristo, na arquitetura greco-romana com caráter estético e funcional (MAYOR, 2012 apud ROSSO, 1976). Porém seu tratamento como método construtivo deu-se durante a Revolução Industrial, período no qual é difundida a ideia de produção em série – modo de produção industrial caracterizado pela geração em massa de produtos com mesmas características – proposta por Henry Ford, bem como Taylorismo, definido pela redução dos estoques. Dessa forma, a construção civil passa a adotar um sistema de medias de forma a buscar a multiplicidade fabril, proposta por Ford, dentro desse ramo industrial (MAYOR, 2012). Da mesma maneira, a ideia de Taylor está representada no sistema construtivo tridimensional uma vez que a instalação dos módulos prontos culmina na exclusão da necessidade de armazenar materiais no canteiro de obras. Além da Revolução Industrial, segundo Reis et al. (2015), o período entre guerras originou um enorme déficit habitacional, tornando necessária a mecanização da construção civil a fim de agilizar a produção de novas moradias. 
Diferentemente do que aconteceu nos países europeus, no Brasil tal mecanização demora para acontecer. Para Mayor (2012) tal fato decorre da divergência econômica entre as regiões bem como da falta de investimento em pesquisa para o aprimoramento de novas técnicas construtivas. Já Reis et al. afirma que esse atraso ocorre devido à escravidão, pois tal trabalho não tinha valor, gerando um desinteresse em aperfeiçoá-lo, gerando na nação um desestímulo em aprimorar técnicas (2015, apud MOTOYAMA, 2004). No entanto, a partir da década de 80 o país sofre grandes mudanças socioeconômicas e passa a debater tal atraso, de forma que a da construção civil abre seu mercado para receber novos produtos e tecnologias (REIS et al., 2015, apud ARO; AMORIM, 2007). A tendência é que o sistema de construção modular, bem como outros métodos construtivos tecnológicos se expandam cada vez mais na indústria da construção, uma vez que apresentam inúmeras vantagens econômicas e ambientais. 
MATERIAIS E FABRICAÇÃO
Os módulos podem ser fabricados por diversos materiais, sendo que seus processos pouco diferem uns dos outros. Os materiais mais comuns são a madeira, perfis de aço e containers, pois são leves, auxiliando no processo produtivo e transporte. No entanto, também pode ser utilizado o concreto leve, perfis de alumínio assim como outros materiais que têm sido estudados. Independente do material escolhido é importante seguir rigorosamente os projetos (estrutural, elétrico, hidrossanitário, entre outros), os quais devem ser integrados e detalhados. No trabalho em questão iremos tratar mais profundamente dos materiais mais utilizados atualmente nos sistemas modulares. 
Containers
Containers utilizados no transporte de carga marítima são reutilizados na construção dos módulos no sistema construtivo tridimensional. Assim como ocorre com os demais materiais utilizados neste sistema, os módulos já são transportados praticamente prontos. 
No seu processo de fabricação, inicialmente deve ser feita a escolha dos containers que poderão ser reutilizados, sendo assim, são analisadas características como matérias primas e produtos que foram carregados posteriormente, para que seja feita a correta limpeza, evitando, assim, possíveis contaminações. Além disso, peças que apresentem algum defeito, problemas estruturais ou ataques químicos são descartadas. 
	Posteriormente, são feitos os recortes – com máquina de plasma com ar comprimido – solda e moldura necessários. Tal procedimento deve ser feito com precisão, pois seu excesso pode causar eletrólise. ‘Discos de corte ou lixadeiras são usados quando há necessidade de emendar peças que tenham cortes com ângulos de 45º’ (FIGEROLA apud CASTILHO). Tal processo de fabricação dispensa a utilização dos contramarcos para a fixação das janelas. 
	Após a feitura dos cortes necessário, determinados em projeto, é feita a limpeza e tratamento abrasivo com granalha de aço, ou apenas limpeza mecânica com escova e lixadeiras rotativas. Então, é aplicada a pintura anticorrosão com sistema airless. Dessa maneira, o container está pronto para receber as instalações elétricas e hidráulicas (figura 3.1), bem como o tratamento térmico e acústico necessário.
Figura 3.1 – Instalações técnicas em containers
Fonte: Téchne (2013)
Madeira
Além do container, a madeira também pode ser usada como material na construção dos módulos. No seu processo de fabricação, deve-se, a princípio fazer a ligação entre a base de madeira e as peças estruturais, para isso, utilizam-se parafusos. Então são feitos furos, pelos quais passarão as instalações elétricas e hidráulicas. Entre a parede interna e externa adicionam-se materiais que atenuarão a intensidade sonora e de calor. Por fim, reveste-se a parede externa e interna. É importante fazer o tratamento da madeira para que a mesma resista às intempéries (GOMEZ QUESADA; IDONE; MEUSCHKE; TEBOUL, 2007). 
Chapas de aço galvanizado
Por fim, um outro material bastante utilizado no sistema de construção modular é o aço galvanizado. O processo de galvanização consiste no revestido com zinco, conferindo à peça proteção contra corrosão. 
O sistema de produção utiliza as chapas de aço galvanizado, realizando dobras a frio em forma de “U”, as quais servem como ligação entre os módulos, enquanto as paredes são compostas por painéis de aço. Na cobertura, usa-se os perfis em U enrijecidos, conferindo, então, maior segurança e leveza à estrutura – necessária nos sistemas tridimensionais. O fechamento pode ser feito com diversos materiais, dentre eles: blocos cerâmicos, placas cimentícias ou gesso; sendo necessário também, a instalação de revestimentos que melhorem os desempenhos térmico e acústico do ambiente. A rede elétrica, as tubulações de hidráulica e esgoto passam pelos vazios da parede (SICHIERI, 2001).
MONTAGEM
Responsabilidades e planejamento
É importante que os arquitetos ou engenheiros envolvidos exemplifiquem o processo de construção para o cliente. Dessa forma, muitas empresas optam por trabalhar com um planejamento esquemático prévio para melhor entender o custo e o valor de uma construção modular. Nessa etapa, há a divisão de responsabilidades de todas as partes envolvidas, desde a empresa da grua, quantoengenheiros e operários. O resultado final é um diagrama (Figura 4.1) que representa todo a movimentação necessária do guindaste.
Figura 4.1 – Planta de içamento
Fonte: Garrison, Tweedie (2008)
 Modelagem 4D
Em projetos mais complexos, é necessário a realização de uma simulação 4D (Figura 4.1) que demonstra todo processo de montagem. Geralmente, é necessário esse tipo de modelagem quando há conflito, por exemplo, entre o movimento do braço do guindaste e a situação dos arredores do terreno, como prédios, árvores e casas. O problema pode ser corrigido facilmente, porém possui um custo elevado além de muitas vezes o problema só ser identificado quando o guindaste já está no local em questão (GARRISON, TWEEDIE, 2008).
Figura 4.2 – Modelagem 4D
Fonte: Garrison, Tweedie (2008)
 Proteção à intemperes
Todas as partes do módulo que podem estar expostas a efeitos climáticos durante o transporte ou ainda durante a estocagem, são embaladas e revestidas com plástico (Figura 4.3). Há também constante perícia para garantir que não haja nenhum vazamento ou buracos na cobertura que possam impactar a integridade da estrutura (GANIRON, ALMARWAE, 2014).
Figura 4.3 – Módulos Embalados
Fonte: Ganiron, Almarwae (2014)
 Transporte
Após prontas, os módulos são colocados cuidadosamente nos caminhões para que não ocorra problemas futuros durante o transporte até o local da obra (Figura 05). É comum se trabalhar utilizando até os tamanhos máximos dos módulos, que são limitados de acordo com as leis de transporte de cada estado ou região em que, dimensões máximas, horas do dia, ruas, rotas e pesos máximos são definidos. Quando as dimensões são maiores do que as permitidas, geralmente se entra num período complexo de aprovação de um processo judicial para que ocorra o transporte do módulo. Sendo assim, há a necessidade também de escolta policial e de viagens à noite para que não impeça o transito local.
	Figura 4.4 – Módulos cuidadosamente colocados sobre o caminhão
Fonte: Ganiron, Almarwae (2014)
 Içamento
A grua (Figura 4.5) é a parte mais cara do processo de instalação devido ao alto custo diário de funcionamento e do tipo de guindaste, que é baseado no peso, alcance e sua viabilidade no terreno. Assim, o planejamento deve ser cauteloso para que a grua fique o menor período de tempo parado possível.
Os guindastes para construção modular precisam ter uma maior capacidade quando comparados com os comumente utilizados em construções in-situ. Assim, dependendo do tamanho do módulo, o guindaste deve possuir uma capacidade entre 40-75 toneladas enquanto que um tradicional conta com uma capacidade de aproximadamente 5 toneladas. O maior desafio é resolver problemas como em terrenos pequenos, em que a grua é forçada a ficar em uma posição muitas vezes não ideal em se tratando de eficiência, o que compromete a quantidade de içamentos por dia (VELAMATI, 2012).
Figura 4.5 – Içamento de um telhado
Fonte: Garrison, Tweedie (2008)
 Posicionamento, fixação e acabamento
Para a maioria das construções modulares, os módulos serão içados diretamente do caminhão para sua posição final. Vale ressaltar que a empresa contratada é responsável pelo preparo das especificações das fundações. Em questão de dias a construção já foi devidamente instalada e fixada com o auxílio de parafusos e chapas de aço. Além disso, devem ser feitas as conexões das redes elétricas e sanitárias.
É ideal que seja feito o mínimo possível de acabamentos finais, que resulta em um alto valor-por-volume índice e uma máxima eficiência em usar a construção modular. Apesar disso, Garrison, Tweedie, 2008, ressaltam que sempre há algum trabalho em campo para cobrir faces e as junções entre os módulos e que o material necessário para isso deve ser incluso no transporte.
A instalação do revestimento externo pode ser feita na fábrica, na obra ou uma combinação entre as duas. Geralmente não é possível instalar todo o revestimento na fábrica devido as conexões que devem ser feitas na obra. Sendo assim, é convencional realizar parte do acabamento na fábrica, o que requer atenção especial durante o transporte e posicionamento, e a outra parte após o içamento, que cobre qualquer conexão que possa estar exposta (Figuras 4.6 e 4.7).
Figura 4.6 – Fachada cerâmica antes do acabamento na obra
Fonte: Garrison, Tweedie (2008)
Figura 4.7 – Fachada cerâmica após o acabamento final
Fonte: Garrison, Tweedie (2008) 
ASPECTOS DE SISTEMA CONSTRUTIVO TRIDIMENSIONAL 
Aspectos Positivos 
De acordo com Morais (2016), as construções modulares são preferidas cada vez mais pelos consumidores devido as vantagens que possuem, comparadas com o sistema convencional, com isso serão citadas a seguir as principais vantagens deste sistema construtivo. O primeiro aspecto positivo é a rapidez na entrega da obra, a facilidade na execução e a montagem dos módulos, essas aceleram o processo consideravelmente, também devido ao peso da construção ser reduzido, a fundação é executada rapidamente (CASA MODULAR FISCHER, 2015). Segunda Engenharia e Construção (2011), este sistema permite que uma casa seja construída em apenas 3 meses. 
As casas modulares possuem o preço fixado por metro quadrado, assim o orçamento final da construção não possui alterações de mercado, situação que ocorre com frequência nas construções convencionais (CASAS DE MADEIRA, 2013). Uma das desvantagens do sistema construtivo convencional é a perda de material por armazenagem inadequada, o que proporciona mais gastos na construção. Esta situação não ocorre no sistema tridimensional, devido ao fato de que os materiais ficam armazenados nas fábricas, onde não fica exposto ao meio ambiente e não são prejudicados pelas condições climáticas (CASAS DE MADEIRA, 2013). As condições climáticas, além de danificaram os materiais e com isso, causarem gastos extras, atrasa o serviço dos trabalhadores, ou seja, as construções modulares, economizam dinheiro e tempo, por serem construídas dentro de fábricas (CASAS PRE FABRICADAS, 2016).
Outra vantagem do sistema construtivo modular, de acordo com Engenharia e Construção (2011), é que por este sistema ser padronizado, não está sujeito a tantos problema e defeitos. Devido ao fato de que nesse sistema o produto final não depende inteiramente de habilidades específicas pessoais, a qualidade e a homogeneidade das construções são mais garantidas (POLIBOX). Algumas estruturas do sistema construtivo modular são feitas de aço, o que possibilita uma precisão maior que das estruturas de concreto, assim a estrutura é aprumada e nivelada com mais perfeição, fazendo com que o assentamento de esquadrias, instalações de elevadores, sejam facilitados e que os custos com material de revestimento sejam reduzidos. 
Um dos principais diferenciais das construções modulares são a variedade de opções para personalizar o projeto de uma construção, como diferentes portas, janelas, pisos, cores, entre outros (CASAS PRE FABRICADAS, 2016). E estas personalizações são possíveis mesmo depois de uma casa já estar construída, pois é muito simples e acessível economicamente, retirar ou adicionar módulos na construção, por exemplo. (CASAS DE MADEIRA, 2013).
A construção civil é um dos ramos que mais produz resíduos e gasto de água e energia, e neste quesito a construção modular é um exemplo de solução sustentável (VERONEZZI, 2016). Este tipo de construção proporciona um melhor aproveitamento das matérias-primas, de consumo de energia para a produção destes, e de sobras dos materiais que sofrem cortes durante a construção (BALDAUF, 2004). Ainda sobre a sustentabilidade, muitas empresas utilizam materiais recicláveis ou provenientes de áreas de reflorestamento, praticam o uso racional da água e energia, e as edificações geram baixíssimo impacto ambiental, comparadas as construções convencionais (POLIBOX). Ainda de acordo com a POLIBOX,os módulos dessas construções podem ser reaproveitados, e utilizados em outras construções, pois são facilmente desmontados e transportados.
Por ser um método com produção em série, o sistema modular tridimensional possui maior rendimento na linha de montagem. Existe ainda economia na compra dos materiais, visto que produções em séries necessitam de grandes quantidades de material e, compras em grandes quantidades geram maiores descontos (ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO, 2011). 
Os materiais selecionados para utilização nas edificações modulares possuem isolamento térmico e acústico elevados, comparados com utilizados em estruturas de alvenaria (BETONIT, 2015). Além de serem incombustíveis, imputrescíveis e resistentes à água (POLIBOX). A qualidade desses materiais faz com que a estrutura tenha uma durabilidade superior as convencionais, e que tenham um período médio de durabilidade entre 50 e 70 anos (Carvalho, 2016). 
Aspectos Negativos 
Apesar de sistema construtivo tridimensional, este também possui suas desvantagens e problemas comuns. O primeiro aspecto negativo quanto às casas modulares é que as empresas fornecem somente a edificação propriamente dita, ou seja, o terreno não vem anexo ao preço da casa, como na maioria das construções convencionais, portanto o terreno precisa ser adquirido a parte pelo comprador da casa modular (CASA PRE FABRICADA, 2016). Ainda de acordo com Casa Pré Fabricada, é necessária uma análise do custo da casa e do terreno, para avaliar o custo-benefício do investimento. 
O preço de uma edificação modular é aproximadamente 20% superior ao da alvenaria convencional, além de que geralmente o pagamento deve ser feito antes do início da construção, portanto é necessário dispor de um grande investimento inicial para comprar uma casa deste modelo (CASA DE MADEIRA, 2013). Outro inconveniente quanto à compra de uma casa modular é que para obter um empréstimo para este tipo de edificação é mais difícil, devido ao fato de que esse empreendimento não é tão comum no Brasil. 
 Como dito anteriormente, o sistema tridimensional ainda não é muito habitual no Brasil, isto é devido a desconfiança das pessoas quanto à qualidade do sistema, por isso são poucos os fornecedores desse tipo de processo, e os poucos empreendedores que produzem esses tipos de casas, produzem em pequenas escalas (PUGLIESI, 2016). Por esse motivo também, outra desvantagem quanto ao sistema tridimensional surge, os gastos com transporte dos módulos. Como já dito, são poucas as empresas que fornecem esse tipo de serviço, portanto a distância entre a fábrica e o terreno de montagem pode ser grande, aumentando os gastos da construção (CASAS PRE FABRICADAS, 2016).
Outra desvantagem significante do sistema modular, é a falta de opções de soluções construtivas por parte da maioria das empresas, ao contrário do sistema convencional, que apresenta, na maioria das vezes, soluções mais criativas. Apesar de algumas empresas fornecerem várias possibilidades para o comprador, é mais frequente que essas apresentem poucas opções, nas quais são especializados (CASA PRE FABRICADA, 2016). Segundo Engenharia e Construção (2011), o gosto do cliente não será uma prioridade para a empresa, portanto a flexibilidade ofertada como uma das vantagens das casas modulares, é limitada a apenas algumas empresas. 
EXEMPLOS
Condomínio Marília Cápua
Este condomínio é localizado na cidade de Petrópolis (RJ), foram construídas 50 casas modulares para as vítimas da enchente que atingiu a Região Serrana do Rio de Janeiro, em 2011. Ao todo foram construídas 6565 moradias na região, algumas em Nova Friburgo, outras em São José do Vale do Rio Preto e o restante em Petrópolis. 
A empresa que realizou a construção do condomínio foi a Sistema Construtivo Fischer, e a alternativa de construções modulares foi ideal para conjuntos habitacionais como este, pois oferece um ótimo custo-benefício, além da rapidez na conclusão das obras. Figura 6.1 – Modelo de Casa modular 
Fonte: Sistema Contrutivo Fischer (2014)
Figura 6.2 – Condomínio Marília Cápua Concluído
Fonte: Sistema Construtivo Fischer (2014)
Faculdade Pitágoras
A faculdade Pitágoras, localizada em Uberlândia (MG), precisava ampliar o número de salas em um curto espaço de tempo, devido ao alto índice de aprovações. Foram construídas 8 salas modulares, pela empresa Polibox, cada sala com aproximadamente 57 m², todas cumprindo os requisitos de acessibilidade e conforto para os alunos. A construção das salas atingiu a meta da empresa, e foi concluída em 20 dias. 
Figura 6.3 – Construção das novas salas da Faculdade Pitágoras
Fonte: Polibox (2013)
Figura 6.4 – Novas salas da Faculdade Pitágoras Concluídas
Fonte: Polibox (2013)
Sede do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 
A Sede do Comitê Organizador das Olimpíadas 2016 no Rio de Janeiro foi construído utilizando o Sistema Construtivo Tridimensional, favorecendo a parte estrutural do edifício, diminuindo o uso de concreto e alvenaria, e assim, contribuindo com a sustentabilidade da construção. O prédio possui 20,938 m², e foram utilizados 1,368 módulos habitacionais. As estruturas da construção são de aço pré-moldado, os módulos são revestidos em ACM com vidro laminado verde. Após o término dos jogos, a estrutura pode ser desmontada e reutilizada em outro lugar. 
Figura 6.5 – Sede do Comitê Organizador das Olímpiadas Rio 2016
Fonte: Sindicato do Vidro Plano do Rio de Janeiro
Figura 6.6 – Projeto Sede do Comitê Organizador das Olímpiadas Rio 2016
Fonte: Sindicato do Vidro Plano do Rio de Janeiro
Fonte: Sindicato do Vidro Plano do Rio de Janeiro
Sistema Aberto Modular de Casas Sustentáveis (SAMVS)
SAMVS é um sistema de construção de casas com sistema contrutivo modular, criado pelo arquiteto espanhol Javier de Ánton. A fabricação e a montagem são concluídas em um mês e meio. O diferencial desta casa é quanto as suas especificidades ecológicas.Todos os materias utilizados na fabricação são ecológicos, a casa possui placas solares térmicas para produção de energia, suporte de nergia eólica, iluminação de baixo consumo por meio da tecnologia LED e por fim, reaproveitamento da água da chuva. 
Figura 6.7 – Casa Modular Sustentável – Madrid, Espanha
Fonte: Alves, Jorge (2012)
Figura 6.8 – Construção da Casa Modular Sustentável
Fonte: Alves, Jorge (2012)
CONCLUSÃO
A partir do trabalho desenvolvido, conheceu-se as características do sistema construtivo tridimensional, que está cada vez mais em ascensão no mundo, apesar de ainda ser uma novidade no Brasil.
Com as pesquisas sobre esse sistema, notou-se que ele possui muitas vantagens como: rapidez e simplicidade na fabricação e na montagem, variedade de opções de projeto e alta qualidade das estruturas. Além de ser um tipo de construção com muitas práticas sustentáveis, pois produz menos resíduos e gastos com material e energia, e também os módulos podem ser reutilizados.
Apesar de possuir algumas desvantagens, como o preço e um pequeno número de empresas no Brasil, comparado com o sistema convencional de construção com alvenaria, o sistema modular se mostrou uma alternativa muito adequada para a maioria dos problemas da construção civil brasileira. 
A partir dos exemplos mostrados nessa pesquisa, pode-se ver que esse sistema é de grande ajuda em acidentes como enchentes, ou em obras que precisam ser terminadas em pouco tempo. E que apesar de ter um custo alto, a princípio, acaba tendo um ótimo custo-benefício. 
E por fim, essa pesquisa proporcionou aos alunos o conhecimento de um sistema construtivo que ainda tem muito a crescer no Brasil, e que infelizmente não é ensinado na maioria das universidades. Com o conhecimento da sua fabricação e montagem, além de suas vantagens e desvantagens, é possívelter uma visão mais crítica sobre a eficácia do sistema.
REFERÊNCIAS
ALVES, Jorge. Sistema Aberto Modular de Casas Sustentáveis (SAVMS) / Cso Arquitectura. Arch Daily. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-83253/sistema-aberto-modular-de-casas-sustentaveis-savms-slash-cso-arquitectura>. Acesso em: 10 out. 2016.
Casas modulares, vantagens e desvantagens. Casas de Madeira. Disponível em: <http://casademadeira.org/casas-modulares-vantagens-desvantagens/>. Acesso em: 09 out. 2016.
Casas modulares: vantagens e desvantagens. Ekonomista, Jun. 2016. Disponível em: <http://www.e-konomista.pt/artigo/casas-modulares-vantagens-e-desvantagens/>. Acesso em: 09 out. 2016.
Casas modulares: vantagens e desvantagens. Engenharia e Construção, fev. 2011. Disponível em: <http://www.engenhariaeconstrucao.com/2011/02/casas-modulares-vantagens-e.html>. Acesso em: 09 out. 2016.
FIGUEROLA, V. Contêineres de navio se tornam matéria-prima para a construção de casas. Téchne, dez. 2013. Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/201/artigo302572-1.aspx> . Acesso em: 07 out. 2016.
GANIROS, T. U., ALMARWAE M. Prefabricated Technology in a Modular House. International Journal of Advanced Science and Technology. Vol.73 (2014), pp.51-74. 2014
GARRISON, J, TWEEDIE, A. Modular Architecture Manual. Kullman Buildings Corporation and Garrison Architects. 2008.
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