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Resumo Aula 06 a 14 Economia Brasileira Contemporânea

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- AULA 6 -
■ A NOVA REPÚBLICA E O PLANO CRUZADO
- Com o golpe de 1964, os militares se apossaram do poder para cumprir a missão de restaurar no Brasil a ordem econômica e financeira.
- No período de 1968 a 1973, o Brasil viveu o seu milagre econômico, um modelo de crescimento acelerado que se mostrou excludente e concentrador. A partir de 1974, o país entrou em um longo período de crise.
- Diante desse quadro de crise foi elaborado e executado o II PND, que tinha como principal objetivo atacar a crise com uma proposta de crescimento econômico que fosse maior que a do período do milagre. Porém, o II PND fracassou.
- Foi elaborado e executado o III PND, pelo general João Baptista Figueiredo. O III PND também fracassou, mas foi feita a transição política. A partir de março de 1985, o Brasil passou a ter um governo civil e uma nova política econômica começou a ser preparada. 
■ ANTECEDENTES QUE LEVARAM ÀS “DIRETAS JÁ”: as baixas taxas de crescimento do PIB brasileiro se fizeram acompanhar de elevadas taxas de inflação, queda no salário real e aumento da concentração de renda, da pobreza e da miséria. 
- Os efeitos dessas combinações foram sentidos por toda a sociedade, principalmente por parte daqueles que desfrutaram pouco ou nada dos frutos do milagre econômico (assalariados, camadas médias da população urbana, profissionais liberais, desempregados) e que agora sentiam mais fortemente os efeitos da crise.
- As pessoas começaram a se organizar para protestar contra aquela situação em que viviam.
- As discussões no interior de muitos desses movimentos sociais autônomos começaram a convergir para o entendimento de que profundas mudanças precisavam ser efetivadas. Foi aumentando a compreensão da população de que o emprego precisava aumentar, os salários precisavam subir e a renda precisava ser mais bem distribuída. Essas seriam as condições mínimas para que mais pessoas pudessem ter condições de adquirir os bens e serviços que satisfizessem suas necessidades básicas e fundamentais para que pudessem sair da condição de pobreza ou indigência em que viviam.
- Para isso seria importante que o país voltasse a registrar taxas expressivas de crescimento do seu PIB, mas sem repetir as experiências concentradoras e excludentes dos períodos do Plano de Metas e do Milagre Econômico. 
■ DIRETAS JÁ: movimento que significava reivindicar a restauração do legítimo direito da sociedade civil de escolher, pelo voto direto, todos os seus representantes, tanto no nível do Legislativo como no nível do Executivo.
- A abertura lenta, gradual e segura significava para os militares o retorno à normalidade democrática, com a escolha de um civil para ser o próximo presidente. Dentro dessa lógica foram permitidas diversas manifestações dos movimentos populares, mas a escolha do sucessor do presidente Figueiredo pelo voto direto não foi permitida. 
- Diante da impossibilidade de se ter as eleições diretas, o Colégio Eleitoral se reuniu no dia 15 de janeiro de 1985 e deu a vitória ao candidato da oposição, Tancredo Neves. Estava escolhido, pelo voto indireto, o sucessor do presidente Figueiredo, mas isso não aconteceu, em virtude do estado de saúde de Tancredo Neves.
- José Sarney tomou posse como vice-presidente do Brasil. O governo e a sua equipe encontraram pela frente um processo inflacionário que se acelerava. 
- Diante desse quadro de agravamento do processo inflacionário, os esforços do governo concentraram-se no combate à inflação. 
■ MEDIDAS DO “PACOTE DE MARÇO” LANÇADO COM O OBJETIVO DE COMBATER A INFLAÇÃO: 
• proibição para a contratação de novos funcionários para o setor público; • corte de 10% do orçamento fiscal para o ano de 1985; • redução das operações dos bancos oficiais; • congelamento geral dos preços para o mês de abril; • congelamento das tarifas públicas; • mudança da metodologia das correções cambial e monetária (antes era feita com base na taxa de inflação do mês em curso e passou a ser feita com base na média geométrica da inflação dos três meses anteriores).
- A mudança da metodologia de cálculo das correções monetária e cambial, além de trazer incertezas para os agentes econômicos, também teve o efeito de considerar nos seus cálculos números mais altos da inflação registrados nos meses anteriores, passando a pressionar mais os preços.
- Os empresários, pressionados pelos aumentos dos seus custos de produção passam a pressionar pelo aumento dos preços dos seus produtos.
- Como conseqüência, a inflação retomou a sua trajetória de altas sucessivas e rapidamente superou os níveis do início do novo governo. 
- A retomada da escalada inflacionária indicava o fracasso das medidas antiinflacionárias contidas no “pacote de março”.
- Em 26 de agosto de 1985, tomou posse no cargo de ministro da Fazenda Dílson Funaro, com uma proposta de estabilizar a inflação e alterou a metodologia de cálculo das correções cambial e monetária, fazendo-a retornar ao critério mensal.
- A elevação dos preços dos produtos no atacado sinalizava que haveria pressões inflacionárias no nível do varejo, quando os aumentos fossem repassados para o consumidor final no varejo, fazendo com que a inflação apurada pelo IPCA voltasse a crescer. 
- O novo ministro fracassou.
- AULA 6 -
■ MUDANÇAS QUE ACONTECERAM NO COMPORTAMENTO DA SOCIEDADE NO PERÍODO FINAL DO REGIME MILITAR: Durante o regime militar, as manifestações sociais de reivindicação foram fortemente reprimidas. Dentro do contexto do projeto de abertura lenta, gradual e segura definido pelos militares, o regime ditatorial foi fazendo algumas concessões, permitindo muitos atos que antes reprimiam. Nesse ambiente, a sociedade foi se organizando (associação de moradores, comunidades eclesiásticas de base, movimento contra o desemprego) para reivindicar melhorias nas suas condições de vida que tinham sido deterioradas em função da política econômica do regime militar. Assim, a grande mudança ocorreu com a sociedade tomando a iniciativa de se mobilizar para protestar e reivindicar, o que culminou com a grande mobilização da campanha pelas “Diretas Já”.
■ CARACTERÍSTICAS DO PLANO CRUZADO:
(A) Reforma monetária - Foi criada uma nova moeda, o cruzado, em substituição ao cruzeiro, do qual foram cortados três zeros; 
(B) Tabelamento de preços - Os preços foram tabelados, por tempo indeterminado. A única exceção foi das tarifas industriais de energia elétrica. Com isso, esperavam dar um choque na relação entre a inflação passada e a inflação futura. Eles queriam impedir que os agentes econômicos definissem os seus preços tomando por base a inflação passada; 
(C) Correção dos salários - Os salários foram corrigidos com dois movimentos:
 - Primeiro consistiu em corrigir todos os salários tendo por base o poder de compra médio dos últimos seis meses - como forma de recuperar o poder de compra dos assalariados;
- Segundo consistiu em um abono de 15% para o salário mínimo - como forma de aumentar o poder de compra dos salários);
(D) Política Salarial - Ficou estabelecido que no futuro os salários seriam corrigidos nas datas dos dissídios anuais, e que além desses reajustes, sempre que a taxa de inflação acumulasse 20%. Essa política salarial tinha o objetivo de evitar perdas no poder de compra do trabalhador, provocadas por uma possível inflação futura. A idéia era de que, sob a hipótese de ter inflação, os trabalhadores pudessem ter os seus salários corrigidos de modo a garantir o nível de consumo alcançado com as medidas de correção dos salários e tabelamento; 
(E) Política Cambial - O câmbio foi fixado e sem data para ser alterado. O objetivo era passar a idéia de uma estabilidade monetária, ou seja, dar ao país um padrão monetário forte e estável; 
(F) Correção monetária - Criada a OTN e a previsão de seu valor nominal ficaria congelado por um ano. O objetivo era atacar também a memória inflacionária; 
(G) Tabela de Conversão - Com o Plano Cruzado, todas as obrigações financeiras, nas datas dos seus vencimentos seriampagas na nova moeda (o cruzado), mas continuaram a ser denominadas na velha moeda (o cruzeiro). O propósito era evitar que a inflação passada fosse incluída nas obrigações financeiras futuras; 
(H) Correção dos aluguéis, das prestações da casa própria e das mensalidades escolares - Foi aplicada a regra de corrigir os valores com base nos valores médios reais dos últimos seis meses. O objetivo era evitar que esses valores ficassem muito defasados, evitando assim o comprometimento das receitas provenientes dos aluguéis e das mensalidades escolares e as prestações pagas ao BNH; 
(I) Seguro desemprego - Foi criado o seguro-desemprego para o trabalhador formal que perdesse o seu emprego. A finalidade era prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, ou por paralisação, total ou parcial, das atividades do empregador.
■ MEDIDAS DO PLANO CRUZADO QUE TINHAM POR OBJETIVO COMBATER A INFLAÇÃO INERCIAL: a troca da moeda, o tabelamento de preços, a fixação do câmbio e o fim da correção monetária. 
■ PROPÓSITO DAS MEDIDAS DO PLANO CRUZADO QUE TINHAM COMO OBJETIVO COMBATER A INFLAÇÃO INERCIAL: romper com a memória inflacionária.
■ RESULTADOS IMEDIATOS DO PLANO CRUZADO: a inflação despencou e se manteve em níveis baixos nos meses seguintes, chegando à deflação.
- Quando a inflação cai rapidamente, as pessoas passam a ter um aumento na capacidade de consumo.
- O consumo também cresceu porque a correção dos salários permitiu ganhos significativos para os trabalhadores, e o cumprimento do tabelamento garantiu a continuidade desses efeitos positivos sobre o consumo.
- Com a queda da inflação, os rendimentos nominais das cadernetas de poupança também caíram. A população sentiu-se estimulada a retirar o dinheiro da poupança e a realizar a demanda que tinha sido reprimida, aproveitando o bom momento de preços estáveis.
- O crescimento do consumo estimulou a produção, aumentou o nível de atividade econômica, que estimulou a oferta de empregos. Com mais pessoas empregadas, cresceu a massa de salários pagos, o que reestimulou o aumento do consumo.
- Por que o Plano Cruzado foi tão bem recebido pela ampla maioria da população brasileira, considerando que o presidente Sarney não foi escolhido pelo voto direto e seu plano econômico não foi discutido com a sociedade: o presidente Sarney fez pedidos, veiculados na mídia, que a população apoiasse o plano. O Plano Cruzado ia ao encontro da melhoria das condições de vida da sociedade. Ao aumentar o poder aquisitivo da população e garantir esse poder de compra, proporcionou melhoria nas condições de vida da população, permitindo aumentar o consumo, diminuir a pobreza e a indigência. 
- AULA 7 - 
■ O FRACASSO DO PLANO CRUZADO E AS TENTATIVAS DO PLANO BRESSER E DO PLANO VERÃO
- Com a posse de José Sarney na condição de presidente, teve início o período da Nova República.
- O Plano Cruzado inicialmente apresentou bons resultados, tanto no campo econômico como no político. Os aumentos da renda nominal e da renda real das famílias estimularam o consumo. O aumento do consumo estimulou a produção, e a geração de emprego cresceu. A elevação da oferta de emprego fez crescer a renda familiar, o que também estimulou o consumo. O aumento do consumo fez melhorar as condições de vida das famílias. A pobreza e a miséria diminuíram significativamente.
- Passados alguns meses, o plano começou a apresentar problemas que levaram ao seu fim. 
■ MOTIVOS QUE FIZERAM O CONSUMO AUMENTAR: 
(A) os salários foram corrigidos, aumentando o poder aquisitivo do trabalhador, reforçado pelos efeitos da queda brusca dos níveis de inflação em função do tabelamento e do seu cumprimento; 
(B) os consumidores que tiveram a sua demanda contida nos anos da crise aproveitaram esse bom momento para realizar aquela demanda reprimida; 
(C) diminuíram os descontos na fonte do Imposto de Renda das pessoas físicas; 
(D) o tabelamento pegou alguns produtos com os seus preços defasados; 
(E) com a queda da inflação caíram os rendimentos nominais da poupança e as pessoas sacaram para realizar o consumo. 
■ PROBLEMAS APRESENTADOS PARA A EQUIPE ECONÔMICA E PARA O GOVERNO: desequilíbrio do mercado de bens e serviços, desequilíbrio no sistema financeiro, desequilíbrio na balança comercial e alguns aumentos de preços, apesar do tabelamento.
■ DESEQUILÍBRIO NO MERCADO: O tabelamento rígido dos preços provocou distorções e efeitos em cadeia. Isso ocorreu porque os preços foram congelados sem terem incorporado as perdas provocadas pela inflação no período compreendido entre a data do último reajuste e a data do tabelamento. 
- O aumento abrupto da demanda provocou a falta de alguns produtos (desabastecimento). Tais produtos começaram a aparecer no mercado paralelo (não-convencional), com preços acima do tabelado.
■ DESEQUILÍBRIO NO SISTEMA FINANCEIRO: Os aumentos dos depósitos à vista não remunerados, em função do aumento da liquidez da economia, não compensavam as perdas provocadas pelos saques generalizados das aplicações. O presidente Sarney os autorizou a passar a cobrar pelos serviços que até então eram gratuitos.
- Outros desequilíbrios: o consumo cresceu e a oferta interna não foi suficiente para atender a demanda que aumentava, e o governo recorreu à importação para complementar a oferta interna. O crescimento do consumo também fez diminuir o excedente que era exportado, diminuindo o saldo da balança comercial.
■ CRUZADINHO: conjunto de medidas visando conter o consumo.
■ IMPORTANTE MEDIDA DO CRUZADINHO: a criação do empréstimo compulsório para a absorção temporária do excesso de poder aquisitivo, a ser exigido dos consumidores de gasolina ou álcool para veículos automotores, bem como de adquirentes de automóveis de passeio ou utilitários.
■ BOATOS COM RELAÇÃO AO TABELAMENTO E AO CÂMBIO: em relação ao tabelamento, geraram uma expectativa de que o tabelamento seria suspenso, o que fez com que muitos consumidores antecipassem suas compras, provocando um aumento extra no consumo, piorando o desabastecimento. Em relação aos boatos de que haveria uma desvalorização cambial para estimular as exportações e inibir as importações, fez com que as exportações fossem postergadas, na expectativa de que seria possível obter um ganho extra com a desvalorização cambial, e as importações foram antecipadas, na expectativa de evitar importações mais caras em cruzados.
- O Cruzadinho mostrou-se insuficiente e ineficaz no combate aos desequilíbrios do Plano Cruzado, e os desequilíbrios aumentaram. 
■ PARA TENTAR DOMAR ESSES DESEQUILÍBRIOS, O GOVERNO TENTOU MAIS UMA CARTADA: a segunda versão do Plano Cruzado.
■ PLANO CRUZADO II: o governo precisava agir para defender o poder aquisitivo da população de mais baixa renda, equilibrar as contas públicas, reestabelecer os saldos da balança comercial e estabilizar os preços.
- AULA 7 - 
■ PLANO CRUZADO II: “pacote fiscal” que pretendia aumentar a arrecadação do governo.
- O Plano Cruzado II abriu a porteira para o início dos aumentos dos preços marcando o começo do fim do tabelamento, iniciado com o Plano Cruzado I.
- Em fevereiro de 1987 foi decretado o fim do tabelamento de preços, marcando também o fim do Plano Cruzado. Nesse mês, o Brasil deixou de pagar aos bancos privados os juros da dívida externa, decretando assim, por tempo indeterminado, a moratória da dívida externa.
■ ESTÃO RELACIONADAS COM O FRACASSO DO PLANO CRUZADO: Congelamento de preços sem prévio alinhamento, deixando alguns produtos com os seus preços defasados, contribuindo para o desabastecimento e para a cobrança de ágio; Taxas de juros baixas estimularam o consumo; O Plano Cruzado não tinha uma definição clara nem para política fiscal nem para política monetária; Manutenção do câmbio fixo durante muitos meses, indicando a estabilidade da moeda nacional.
- Luiz Carlos Bresser Pereira tomou posse como o novo ministro da Fazenda, e manifestou a intenção de combater a inflaçãocontendo a demanda, de aumentar as exportações para melhorar os resultados da balança comercial e de pavimentar o caminho que levasse à suspensão da moratória decretada em fevereiro de 1986.
- Bresser determinou uma desvalorização do cruzado com relação ao dólar, visando estimular as exportações e desestimular as importações. Em junho, antes do lançamento do seu plano de estabilização, ele determinou o aumento das tarifas de eletricidade, das tarifas telefônicas, do pão, do aço, do leite e dos combustíveis.
■ OBJETIVOS QUE O GOVERNO DESEJAVA ALCANÇAR COM ESSE REALINHAMENTO DE PREÇOS: queria que os preços não ficassem defasados e que isso viesse a provocar problemas de abastecimento; e queria evitar pressões futuras por novos aumentos de preços desses produtos após o lançamento do plano.
■ PRINCIPAIS MEDIDAS DO PLANO DE ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA (PLANO BRESSER): diferentemente do Plano Cruzado, ele não tinha como proposta acabar com a inflação, mas sim promover uma reversão da tendência inflacionária e alcançar taxas mais baixas de inflação.
■ PLANO BRESSER: determinava o congelamento, pelo prazo máximo de noventa dias, de todos os preços, inclusive os referentes a mercadorias, prestações de serviços e tarifas, nos níveis dos preços já autorizados ou dos preços à vista efetivamente praticados em 12 de junho de 1987. Após esse congelamento de preços, haveria uma fase de flexibilização.
- O cruzado foi desvalorizado e ficou estabelecido que a taxa de câmbio não seria congelada.
■ AS TAXAS DE JUROS FORAM MANTIDAS ALTAS COM DOIS PROPÓSITOS BEM DEFINIDOS: visavam desestimular o consumo e a produção; e queriam evitar que os produtores especulassem com os seus estoques, porque se assim o fizessem estariam abrindo mão de ganhar com as altas taxas de juros do setor financeiro.
- Para melhorar os resultados das contas públicas, o plano previa também cortes nos gastos e nos investimentos públicos, eliminação dos subsídios ao trigo e aumento nas tarifas dos serviços púbicos. 
■ PREVISÕES PARA O ANO SEGUINTE: proibição de emissões monetárias para financiar os déficits públicos; orçamentação prévia para todas e quaisquer despesas do governo e até a independência do Banco Central na condução da política monetária.
- Os aluguéis também foram congelados.
- Os resultados iniciais do Plano Bresser foram bastante animadores e satisfatórios. Houve redução do déficit público, recuperação dos saldos da balança comercial e queda na inflação.
- Como conseqüência das altas taxas de juros praticadas na economia e da queda do poder de compra dos salários, as vendas no comércio varejista caíram significativamente. O setor produtivo, que abastecia o mercado varejista, diminuiu o seu ritmo de produção. 
- Antes de completar os noventa dias de vigência do plano, o governo deu início ao processo de flexibilização dos preços que estavam congelados. Ele diminuiu o número de produtos com preços administrados e permitiu reajustes de preços até o máximo de 10%. Foram autorizados aumentos de preços para combustíveis, transporte, açúcar e cigarros.
- O plano, desde o seu lançamento, não conseguiu contar com o apoio popular e perdeu toda e qualquer credibilidade que ainda tinha. Nos meses seguintes, a inflação acelerou, e o plano fracassou.
- Em 21 de dezembro de 1987, Maílson Ferreira da Nóbrega assumiu o comando do Ministério da Fazenda, com a intenção de controlar o déficit público e de estabilizar a inflação.
- AULA 7 - 
■ CRIOU A “POLÍTICA DO FEIJÃO COM ARROZ”, COM AS SEGUINTES MEDIDAS: • foi oficialmente suspensa a moratória dos juros da dívida externa; • foram rechaçadas as idéias do tabelamento; • foram congelados os valores reais dos saldos dos empréstimos ao setor público, incluindo os das empresas estatais, os dos governos estaduais, os dos governos municipais e os da administração direta do Governo Federal; • foram suspensos os reajustes dos funcionários públicos previstos; foram reduzidos os prazos para o recolhimento do Imposto de Renda e do IPI; • foram emitidos cruzados para atender à demanda por moeda nacional para converter os dólares trazidos pelos grandes superávits da balança comercial; • foi celebrado um pacto social envolvendo governo, empresários e trabalhadores, que assumiam o compromisso de reajustes máximos das tarifas e dos preços públicos e privados; de acompanhar em conjunto os preços de produtos básicos; de revisar a sistemática de reajustes dos salários se a inflação declinasse nos 60 dias seguintes e o compromisso do governo de apresentar em 30 dias uma proposta de saneamento das contas públicas.
■ RESULTADOS DA “POLÍTICA FEIJÃO COM ARROZ”: se por um lado os cortes nos gastos públicos contribuíram favoravelmente, por outro foram bem mais fortes os efeitos contrários, fruto da combinação das emissões monetárias, do fracasso do pacto social, das pressões por aumentos de preços, devido aos efeitos das sazonalidades, e dos aumentos preventivos de preços, devido aos boatos de que viria um novo tabelamento.
- O governo não conseguiu conter a tendência de crescimento da inflação, e se viu obrigado a adotar um outro tipo de política para combater a inflação.
■ EM 15 DE JANEIRO DE 1989, O GOVERNO DA NOVA REPÚBLICA APRESENTOU SUA NOVA E DERRADEIRA PROPOSTA DE ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA: Plano Verão.
■ PRINCIPAIS PONTOS DO PLANO VERÃO: 
(1) Reforma monetária - Foi criada uma nova moeda, o cruzado novo, em substituição ao cruzado; 
(2) Tabelamento de preços - Os preços em geral foram tabelados, por tempo indeterminado, no nível do consumidor final. No dia anterior foram autorizados aumentos de preços para a energia elétrica, para a gasolina; para o álcool; para o pão; para as tarifas telefônicas; para o leite e para as tarifas postais; 
(3) Correção dos salários - Os salários foram corrigidos tendo por base o poder de compra médio dos últimos doze meses; 
(4) Política salarial - A URP não foi mais utilizada para corrigir os salários, e nem foi estipulada uma nova regra. Os reajustes só aconteceriam nas datas-bases das categorias, e os valores seriam determinados pela livre negociação entre patrões e empregados; 
(5) Política cambial - Foi feita uma desvalorização cambial, sem data para ser alterado; 
(6) Correção monetária - A OTN foi extinta, e os contratos que eram corrigidos pela OTN tiveram seus valores congelados. Os devedores foram favorecidos e os credores foram prejudicados; 
(7) Tabela de conversão - Para o caso das dívidas com vencimento depois do dia 15 de janeiro de 1989 que tinham sido contraídas antes desta data; 
(8) Correção dos aluguéis - Os aluguéis comerciais tiveram os seus valores congelados, e os aluguéis residenciais foram corrigidos pela média dos últimos meses, dependendo da periodicidade contratual (semestral ou anual) e da data do último reajuste; 
(9) Outros aspectos do plano - Foi utilizada uma política monetária para restringir fortemente o consumo, com: 
- Redução e controle do crédito ao setor privado; 
- Redução dos prazos de financiamento do crédito direto ao consumidor; 
- Aumento da taxa de juros real de curto prazo, diminuição dos limites dos cheques especiais e redução dos prazos para pagamento dos cartões de crédito.
■ MEDIDAS DA POLÍTICA MONETÁRIA USADA PARA RESTRINGIR O CONSUMO: redução e controle do crédito ao setor privado; redução dos prazos de financiamento do crédito direto ao consumidor; aumento da taxa de juros real de curto prazo, diminuição dos limites dos cheques especiais e redução dos prazos para pagamento dos cartões de crédito.
- Como o Plano Verão também não tinha a intenção de acabar com a inflação, os seus resultados para primeiro mês de vigência podem ser considerados bastante satisfatórios.
- O Plano Verão também não contava com a credibilidade da sociedade, e também não deu certo.
- Apenas o Plano Bresser estabeleceu novas regras de indexação da economia, com a criação da URP para reajustar preços e salário. O Plano Verão não...
- Apenas o Plano Verão fez reforma monetáriacom a criação de uma nova moeda. O Plano Bresser não fez.
- O Plano Bresser e o Plano Verão fizeram tabelamento. O tabelamento no Plano Bresser foi por tempo determinado (máximo de 3 meses), e no Plano Verão foi por tempo indeterminado.
- Tanto o Plano Bresser e o Plano Verão usaram medidas para combater a inflação inercial.
- Tanto o Plano Bresser como o Plano Verão determinaram a desvalorização cambial, mas somente no Plano Verão o cambio ficou congelado.
- AULA 8 -
■ PLANO COLLOR: SURPRESAS E FRACASSOS
- No final da década de 1960 e início da de 1970, o mundo entrou numa profunda crise. 
■ CONTRIBUÍRAM PARA A CONFIGURAÇÃO DESSA CRISE: o esgotamento do reservatório da força de trabalho em muitos países e a elevação dos salários, a queda no ritmo de crescimento da produtividade da força de trabalho, devido ao esgotamento do padrão tecnológico desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial e que tinha sido adaptado ao processo produtivo no pós-guerra.
- Esse quadro de crise econômica foi potencializado pela chamada crise do petróleo, que multiplicou por quatro o preço internacional do barril de petróleo, provocando aumento dos custos de produção, inflação e desequilíbrio nos balanços de pagamentos dos países importadores de petróleo.
- A superação dessa crise deu-se com a utilização de uma nova base tecnológica, de uma nova base teórica e com a intensificação do comércio internacional. A nova base tecnológica foi obtida com a Terceira Revolução Industrial. A nova base teórica veio do pensamento neoliberal e a intensificação do comércio deu-se com a globalização.
- A crise da década de 1970 se explica pelo esgotamento do padrão tecnológico do pós-guerra, que não foi capaz de sustentar o ritmo de crescimento da produtividade num ambiente de custos de produção crescentes.
- Principal e maior contribuição da Terceira Revolução Industrial: potencializar de forma exponencial as forças produtivas, permitindo aumentar a produtividade e recuperar as margens de lucro que a crise tinha diminuído.
- O pensamento keynesiano começou a perder importância com a crise da década de 1970, que marcou o rompimento do equilíbrio até então existente.
- A crise abriu espaço para o renascimento das idéias liberais. Pouco a pouco, o neoliberalismo foi se transformando na nova base teórica de referência da política econômica adotada pelos governos capitalistas, com o intuito de superar a forte crise que afetava seus países.
■ PRINCÍPIOS GERAIS DO NEOLIBERALISMO: a menor participação possível do Estado na economia e a total liberdade de comércio. 
■ O PENSAMENTO NEOLIBERAL RECOMENDA: 
(1) Estado com equilíbrio das contas públicas - O Estado não deve ter déficit, não pode gastar mais do que arrecada. Caso o déficit exista, o Estado deve fazer os ajustes necessários, seja aumentando receita, seja cortando gastos ou fazendo uma combinação desses procedimentos; 
(2) Estado não-intervencionista - O Estado deve reduzir sua intervenção na economia ao mínimo possível. Sua presença deve ser apenas como agente regulador das relações econômicas. O funcionamento da economia deveria ser entregue às leis do mercado. As leis da oferta e da procura deveriam atuar livremente na regulamentação das relações econômicas e na definição dos pontos de equilíbrio do mercado; 
(3) Estado não-produtor - O Estado deve fazer um amplo processo de privatização, vendendo suas empresas para o capital privado, porque tende a ter poucos recursos para investir nas suas empresas, que acabam ficando obsoletas, gerando produtos mais caros e de menor qualidade. Com a privatização a situação se inverteria. Ao vendê-las para o capital privado, este teria condições de fazer os investimentos necessários para modernizar e aumentar a produtividade, que resultariam em ganhos para a sociedade, que poderia ter acesso a mais produtos, de melhor qualidade e a preços menores; 
(4) O Estado deve flexibilizar as relações entre o capital e o trabalho - O Estado deve eliminar os privilégios dos trabalhadores e não deve intervir na relação entre capital e trabalho, deixando que as partes se encontrem no mercado e definam o preço da mão-de-obra e as condições de trabalho. O empresário poderia contratar a força de trabalho pagando menos. Isso permitiria ao empresário aumentar a sua competitividade e a sua participação no mercado vendendo mais; 
(5) Liberalização do comércio exterior - O Estado deve eliminar todas e quaisquer barreiras de proteção aos mercados nacionais, de modo a garantir o livre fluxo de capitais e mercadorias. A abertura econômica aumentaria a oferta de produtos no mercado interno, evitando possíveis desabastecimentos e pressões sobre os preços. Esse aumento da oferta interna provocaria crescimento da concorrência entre os vendedores no mercado interno, o que inibiria a elevação de preços e até poderia provocar a sua queda. A abertura do mercado interno, ao aumentar a oferta e a competitividade, seria benéfica para a sociedade, ao permitir que ela tivesse acesso a mais produtos, de melhor qualidade e a preços menores.
■ CONTRIBUIÇÃO DA GLOBALIZAÇÃO PARA A SUPERAÇÃO DA CRISE: ampliou o mercado consumidor com uma força e uma velocidade nunca vistas em outro momento da História mundial. 
- Essa ampliação do mercado consumidor foi importante e decisiva para fazer crescer a demanda que iria consumir os volumes crescentes de produção viabilizados pela nova base tecnológica (a Terceira Revolução Industrial).
- AULA 8 - 
■ ASPECTO ESPECÍFICO DAS MUDANÇAS OCORRIDAS NA DÉCADA DE 1970 QUE ESTARIA ASSOCIADO À SUPERAÇÃO DA CRISE DESSA DÉCADA E AO SURGIMENTO DE NOVOS PRODUTOS, COMO CD PLAYER E CELULAR COM CÂMERA FOTOGRÁFICA: a base tecnológica de referência. A mudança da base tecnológica até então existente está associada tanto à superação da crise como ao surgimento desses novos produtos. A base tecnológica até então existente era aquela que tinha sido desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial. A nova base tecnológica foi proporcionada pela Terceira Revolução Industrial, caracterizada pelos desenvolvimentos no campo da microeletrônica e da informática e que foram adaptados aos processos produtivos.
A INFLUÊNCIA DESSAS MUDANÇAS NA POLÍTICA ECONÔMICA BRASILEIRA
■ COM O FRACASSO DO PLANO CRUZADO, DOIS OUTROS PLANOS FORAM EXPERIMENTADOS: o Plano Bresser e o Plano Verão.
■ PLANO BRESSER: a influência do pensamento neoliberal estaria, por exemplo, na política de juros altos utilizadas para inibir o consumo e as possíveis especulações com os estoques, no aumento das tarifas dos serviços, na eliminação dos subsídios ao trigo, no corte dos gastos públicos e no corte dos investimentos, realizados com o intuito de reduzir os déficits públicos.
■ PLANO VERÃO: a influência do pensamento neoliberal estaria, por exemplo, no corte dos gastos públicos e na política de juros altos para inibir a demanda interna e na nova política salarial que deixou de usar a Unidade de Referência de Preços (URP) para corrigir os salários e determinou a livre negociação entre patrão e empregado até que o Congresso Nacional aprovasse uma nova metodologia de reajustes.
- No entanto, foi na concepção e execução do Plano Collor que essas influências neoliberais ficaram mais evidentes.
- Nova Constituição, Art. 77: determinava que o presidente da República e o seu vice seriam eleitos pelo voto direto, devendo para isso alcançar a maioria absoluta dos votos. 
■ PLANO COLLOR: foi lançado no mesmo dia de sua posse ao governo, 15 de março de 1990.
■ AS CARACTERÍSTICAS DO PLANO COLLOR: 
(1) Reforma monetária (a moeda nacional voltou a ser o cruzeiro (Cr$), em substituição ao cruzado novo (NCz$), sem corte de zeros ou qualquer outro tipo de alteração. Foram definidos os seguintes limites: valores depositados em conta corrente e em poupança até o limite de NCz$ 50.000,00; valores aplicados em operações no mercado aberto (open market) até NCz$ 25.000,00 ou até 20% do total, prevalecendo o que fosse maior; e valores aplicadosem fundos de curto prazo até NCz$ 25.000,00 ou até 20% do total, prevalecendo o que fosse maior. Os valores acima dos limites não foram convertidos em cruzeiros e foram depositados como cruzado novo (NCz$) numa conta especial, e lá permaneceram compulsoriamente por 18 meses. A liberação foi feita em doze parcelas mensais e consecutivas, sendo a primeira liberada em setembro de 1991 e a última em agosto de 1992); 
(2) Correção de preços e salários (a correção dos preços e salários era feita no primeiro dia útil de cada mês, de acordo com o percentual de reajuste máximo divulgado. Ficou decidido também que aumentos salariais além do reajuste mínimo definido poderiam ser livremente negociados entre patrão e empregado, mas não poderiam ser considerados no reajuste dos preços dos bens e serviços. O governo, por um lado, queria fazer um controle rígido dos preços, já que foram proibidos todos e quaisquer reajustes de preços de mercadorias e serviços em geral sem a prévia autorização, e, por outro lado, queria fazer a desindexação da correção salarial com a inflação passada, o que significa dizer que a correção dos salários não teria mais relação com a inflação passada.); 
(3) Reforma administrativa do Estado (foram fechadas algumas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. Foi iniciada uma campanha de demissão voluntária de funcionários e imóveis, veículos e aviões do governo foram colocados à venda. Foram privatizadas a Petroflex, a Copersul e a Fosfértil, no setor de fertilizantes, e a Usiminas e a CST (Tubarão), no setor de petroquímicos); 
(4) Reforma fiscal (o objetivo era fazer um ajuste fiscal antes do lançamento do plano. Para alcançar o objetivo proposto, o governo agiu tanto no sentido de ampliar a receita, como no sentido de diminuir as despesas. Para ampliar a receita aumentou as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e reduziu os seus prazos de recolhimento, criou uma cobrança extraordinária e única do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para as operações de câmbio, crédito, seguros, títulos e valores imobiliários, ouro e ações negociadas em bolsa. E para melhorar a arrecadação com o recolhimento de tributos, foi eliminado o anonimato fiscal com a proibição de cheques e títulos ao portador. Também aumentou os preços de alguns serviços públicos, como os serviços postais, o gás, energia elétrica e telefone. Para diminuir as despesas foram suspensos subsídios, isenções, benefícios e incentivos fiscais para as importações e exportações, para a agricultura e para as regiões Nordeste e Norte); 
(5) Política de comércio exterior (Objetivo de aumentar a oferta interna e a competitividade no mercado interno, foi iniciado um processo de abertura da economia brasileira para facilitar a entrada de produtos gerados em outros mercados. Contemplou tanto a redução de barreiras não-tarifárias como a redução de barreiras tarifárias. A política comercial do governo, além da abertura econômica, contemplou também um regime de câmbio flutuante definido livremente no mercado, o que significava dizer que o governo deixaria de fixar a taxa de câmbio).
- AULA 8 -
■ RESULTADOS INICIAIS DO PLANO COLLOR: foram capazes de baixar a inflação mensal. A queda brutal da inflação deveu-se, em grande parte, à também brutal redução da liquidez da economia causada pelo confisco dos ativos financeiros. Essa queda da liquidez se fez acompanhar de efeitos sobre o nível de atividade e sobre o nível de emprego da economia brasileira. O efeito combinado do enxugamento da liquidez com a abertura econômica fez com que o nível de atividade da economia caísse muito. A queda no nível de atividade repercutiu no nível do emprego. As taxas de desemprego aumentaram (principalmente no setor industrial). 
- A abertura econômica que aumentou significativamente a oferta interna com a importação de produtos da Europa, da Ásia e dos EUA impactou mais o nível de atividade e o emprego do que o nível de preços. 
- As medidas do plano não foram capazes de garantir a continuidade da queda da inflação.
■ EXPLICAÇÃO PARA ESSE RETORNO DA INFLAÇÃO: pode ser explicado, pelo menos em parte, pelo rápido processo de remonetização da economia, devido às liberações antecipadas de parte dos valores confiscados e às autorizações para correção de preços.
- Essa retomada do crescimento da inflação levou a ministra Zélia Cardoso de Mello a lançar a segunda versão do plano. 
■ PLANO COLLOR 1I: os preços das tarifas públicas também foram aumentados e os preços dos bens e serviços efetivamente praticados no dia 31 de janeiro de 1991 foram congelados e só poderiam ser majorados mediante prévia e expressa autorização do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento. As liberações de recursos orçamentários passaram a depender da existência de recursos em caixa e da aprovação do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento. Foi extinto o BTN cuja variação servia para corrigir os impostos e remunerar os fundos de investimento de curto prazo.
- Com esse mecanismo o governo esperava eliminar a “memória inflacionária”, criando um componente auto-regressivo da inflação. A idéia era de que as melhorias das condições fiscais do governo gerariam expectativas positivas nos agentes econômicos, gerando maior credibilidade na política econômica e agindo no sentido de não pressionar os aumentos de preços, o que permitiria uma redução gradual das taxas de inflação.
- Com o bom resultado de curto prazo das medidas do Plano Collor II a inflação voltou a declinar.
- Os resultados de mais longo prazo não puderam ser sentidos porque a ministra Zélia Cardoso foi demitida.
- Para seu lugar foi escolhido o diplomata Marcílio Marques Moreira, que assumiu manifestando sua intenção de praticar uma política de combate à inflação.
- O novo ministro preocupou-se em fazer o descongelamento dos preços, de controlar os fluxos de caixa, os meios de pagamento, o início da liberação das parcelas do confisco e de aproximar o país do sistema financeiro internacional.
- A partir de meados do ano de 1991 a inflação no Brasil voltou a crescer.
■ EXPLICAÇÃO PARA O FATO DA INFLAÇÃO TER VOLTADO A CRESCER: o fracasso da política, em parte explicado pela crise em que mergulhou o governo do presidente Collor de Mello após as denúncias na imprensa de corrupção envolvendo funcionários diretos do governo. Essas denúncias levaram à instalação de uma investigação que decretou o impedimento do presidente, que teve os seus direitos políticos cassados por oito anos.
- O governo Collor teve esse fim tanto porque não conseguiu formar uma sólida base de apoio político ao governo como também porque perdeu, muito rapidamente, o apoio popular daqueles que o elegeram.
- Ao lançar o plano, no dia de sua posse, a oposição popular ao seu governo começou a crescer, motivada, particularmente, pelo confisco dos depósitos das cadernetas de poupança. Ao fazer o confisco, o governo destruiu sonhos de muitos brasileiros e a base popular que tinha conquistado nas eleições de 1989.
- O vice-presidente eleito, Itamar Franco, passou a exercer a presidência da República até o último dia do seu mandato.
■ AS MEDIDAS CONTIDAS NO PLANO DE ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA DO NOVO PRESIDENTE DA REPÚBLICA IAM AO ENCONTRO DAS PROPOSTAS CONTIDAS NO PROGRAMA ECONÔMICO DO CANDIDATO COLLOR DE MELLO? Sim. As propostas contidas no Plano Collor iam ao encontro das propostas contidas no programa econômico do candidato Fernando Collor de Mello que, por força do seu plano de estabilização econômica, ocorreram uma vez: redução do número de ministérios, fechamento de instituições públicas, demissão de funcionários públicos e venda de móveis e de veículos do governo (reforma administrativa do Estado); venda de empresas públicas (privatização); e redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias (abertura econômica).
■ AS MEDIDAS CONTIDAS NO PLANO COLLOR PODEM SER CONSIDERADAS COMO SENDO DE TENDÊNCIA NEOLIBERAL? Sim. Porque o plano, ao gerar superávit, aovender empresas públicas, ao prever a livre negociação entre patrão e empregados e ao iniciar o processo de abertura econômica, atendia plenamente às recomendações do arcabouço teórico neoliberal.
- AULA 9 - 
O PLANO REAL E O INSTRUMENTAL NEOLIBERAL: 
■ MEDIDAS E RESULTADOS INICIAIS
- Para a superação da forte crise que se abateu sobre a economia mundial na década de 1970, contribuíram as inovações trazidas pela Terceira Revolução Industrial, a intensificação do processo de globalização e a base teórica do neoliberalismo.
- No período em que o vice-presidente Itamar Franco exerceu a presidência, foi elaborado e lançado o Plano Real, um plano de estabilização econômica sob fortes influências do pensamento neoliberal.
■ FHC, AO ASSUMIR O CARGO DE MINISTRO DA FAZENDA, DEU INICIO, COM A SUA EQUIPE, À ELABORAÇÃO DE UM PLANO ECONÔMICO E À PREPARAÇÃO DO AMBIENTE PARA O LANÇAMENTO DAQUELE QUE VIRIA A SER CONSIDERADO O MAIS BEM-SUCEDIDO PLANO DE ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA DO PAÍS: o Plano Real.
■ FASES DE IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO REAL: 
(1ª) estabelecimento do equilíbrio das contas do governo, com o objetivo de eliminar a principal causa da inflação brasileira; (2ª) criação de um padrão estável de valor;
(3ª) emissão desse padrão de valor como uma nova moeda nacional de poder aquisitivo estável.
■ 1ª FASE: teve início em 14 de julho de 1993, com o Programa de Ação Imediata (PAI), que estabeleceu um conjunto de medidas voltado para a redução e maior eficiência dos gastos da União; recuperação da receita tributária federal; equacionamento da dívida de estados e municípios para com a União; maior controle dos bancos estaduais; início do saneamento dos bancos federais e aperfeiçoamento do programa de privatização. 
- PAI: pacote fiscal que continha medidas mais estruturais do que emergenciais. 
- Pelo lado estrutural, estaria todo o conjunto de ações relacionado aos estados e municípios, e aos bancos estaduais e federais, o qual pode ser visto como uma proposta de reorganização dessas esferas do setor público, assim como as medidas relacionadas ao programa de privatização. 
- Pelo lado emergencial, as medidas estariam no corte de despesas no orçamento da União e na pressão para maior rapidez na regulamentação para o início da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira.
■ 2ª FASE: criação de um padrão estável de valor. Instituiu a Unidade Real de Valor (URV), a qual passou a vigorar no dia 1º de março de 1994. Foi dado um passo prévio, ainda em 1993, como preparação para esse momento que caracterizou o início da segunda fase com a URV. Foi colocada em circulação o cruzeiro real (CR$) em substituição ao cruzeiro (Cr$), cortando três zeros da moeda antiga. O Banco Central fixaria a paridade diária entre o cruzeiro real e a URV, tomando por base a perda do poder aquisitivo do cruzeiro real. Foram convertidos em URV em 1º de março de 1994: os salários em geral, os benefícios da Previdência Social. Os preços públicos e as tarifas de serviços públicos poderiam ser convertidos em URV, por média calculada a partir dos últimos quatro meses anteriores à conversão. A economia passou a ter duas medidas de valor: uma em cruzeiro real (padrão monetário oficial, moeda que circulava na economia brasileira) e uma outra em URV (apenas uma unidade de conta, uma unidade de referência). 
■ 3ª FASE: entrada em cena da moeda real (R$), substituindo o cruzeiro real e a URV (CR$ 2.750,00 = 1 URV = R$ 1,00). Essa medida provisória também inaugurou um novo regime monetário que regulava a emissão de moeda e lastreava a emissão de real nas reservas internacionais do país na exata proporção de um dólar americano para cada real emitido.
■ OUTROS COMPONENTES QUE TAMBÉM FORAM UTILIZADOS PELO PLANO REAL: as privatizações, a abertura comercial, a âncora cambial, a âncora verde e a política de juros.
■ PRIVATIZAÇÕES: Itamar Franco demorou alguns meses até retomar o programa de privatização iniciado no governo Collor. Dando continuidade ao programa de privatização, foram vendidas empresas nos setores petroquímico (PQU), de fertilizantes (Ultrafertil), no siderúrgico (CSN e a Cosipa) e de transporte (Embraer). A partir de meados de 1993 a privatização foi ampliada. Foram privatizadas empresas dos setores químico e petroquímico (como a Copene, a Salgema e a Polibrasil, dentre outras), do setor de transporte (parte da malha da Rede Ferroviária Federal e da rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo) e no setor elétrico (Light). Os recursos provenientes das privatizações eram vistos como importantes contribuições, pelo lado da arrecadação, para a realização do ajuste fiscal.
- AULA 9 - 
■ ABERTURA COMERCIAL: foi intensificada, tanto com a redução das barreiras tarifárias à entrada de produtos no mercado nacional (reduzindo impostos que insidiam sobre os importados), como aumentando as cotas de participação dos produtos importados no atendimento da demanda interna. A abertura comercial era importante porque aumentava a competitividade e a oferta interna. O aumento da competitividade tende a estimular a busca de ganhos de produtividade que poderiam resultar na oferta de produtos no mercado interno com melhores preços e de melhor qualidade. O aumento da oferta interna era importante porque era esperado um crescimento da demanda como conseqüência da queda da inflação, como ocorreu no Plano Cruzado. Esse aumento da oferta iria contribuir para evitar possíveis desabastecimentos e aumentos de preços, e até poderia contribuir para diminuir preços. Era importante para possibilitar ao consumidor ter acesso a mais produtos, mais baratos e de melhor qualidade.
■ ANCORA CAMBIAL: a emissão de real ficou vinculada ao dólar americano. Enquanto o câmbio estivesse flutuando nos intervalos definidos pelo governo, era sinal de que a economia estava equilibrada. O governo tinha que ter os dólares para poder vendê-los no mercado nos momentos de alta, ou seja, o governo tinha que dispor de reservas cambiais. 
■ ANCORA VERDE: as safras agrícolas contribuíram para aumentar tanto a oferta de alimentos no mercado interno como a oferta de insumos agrícolas usados na cadeia produtiva. Esses aumentos da oferta de produtos agrícolas contribuíram para manter baixo o preço final dos alimentos e dos insumos agrícolas, contribuindo assim para o controle da inflação. No caso dos insumos agrícolas, seus preços baixos contribuíram para diminuir o preço do produto final. As safras agrícolas volumosas foram importantes também para ampliar a oferta interna e evitar possíveis aumentos de preços nos momentos de crescimento da demanda como conseqüência da queda da inflação.
■ IMPORTÂNCIA DA POLÍTICA DE JUROS PARA O PLANO DE ESTABILIZAÇÃO: para atrair capitais externos para o país, o que era necessário para a formação das reservas cambiais e para o sistema de âncora cambial. Para atrair compradores para os títulos do governo nos momentos em que este oferecia títulos da dívida pública no mercado, seja para enxugar a liquidez, seja para obter recursos e pagar as dívidas que estavam vencendo (rolagem da dívida). Para inibir o excesso de consumo que poderia pressionar a demanda e estimular a inflação. Com a criação e implantação desse conjunto de medidas, o governo Itamar e sua equipe começaram a colher os bons frutos daquela árvore cujo plantio começou com o ajuste fiscal de julho de 1993. 
■ RESULTADOS INICIAIS DO PLANO REAL: a inflação ainda ficou num patamar muito alto no ano de 1994 (ano do lançamento oficial do Plano Real) mas as medidas foram eficazes. A partir da terceira e última fase do plano a inflação despencou e permaneceu em níveis baixos. 
- Assim como a inflação corrói o poder de compra da renda das pessoas, a queda rápida da inflação e sua manutenção em patamares baixos têm o efeito de resgatar esse poder de compra. Esse aumento do consumo provocado pela queda da inflação estimulou o crescimento da produção.
- A recuperação dos níveis de atividade econômicarepercutiu na recuperação dos níveis do emprego. As taxas de desemprego aberto no Brasil declinaram seguidamente. 
- AULA 10 -
CONSIDERAÇÕES SOBRE A INFLAÇÃO NUM CONTEXTO DE ECONOMIA ESTABILIZADA
■ O PLANO REAL FOI EXECUTADO EM TRÊS FASES: na primeira, foi feito o ajuste fiscal; na segunda e na terceira, foram feitas as reformas monetárias.
- Com o Plano Real, foi diferente. Os resultados iniciais mostraram queda da inflação e, ao longo dos anos, níveis cada vez mais baixos foram sendo alcançados. A inflação aumentou em alguns momentos, mas logo retornou para níveis mais baixos e se manteve sempre em níveis muito inferiores àqueles observados antes do lançamento do Plano Real.
- As quedas nas taxas de juros nas economias mais sólidas, portanto de menor risco para o investidor, estimularam a migração de capitais internacionais para as chamadas economias emergentes.
- Essas economias emergentes se caracterizavam por estarem com os seus níveis de atividades aquecidos ou em aquecimento. Se caracterizavam por praticar taxas de juros maiores do que aquelas praticadas nos países mais desenvolvidos e mais estáveis, portanto de menor risco para os investidores.
- As economias emergentes representavam riscos maiores para os investidores internacionais, mas estes, mesmo assim, passaram a ter o interesse de investir em tais economias. Essa decisão estava respaldada por algumas razões.
■ RAZÕES PELAS QUAIS OS INVESTIDORES INTERNACIONAIS PASSARAM A TER O INTERESSE DE INVESTIR NAS ECONOMIAS EMERGENTES: em primeiro lugar, embora fosse certo que o risco nas economias emergentes era maior, também era certo que os juros praticados nessas economias e que remuneravam suas aplicações eram muito maiores do que aquelas taxas médias praticadas nas economias de menor risco. Em segundo lugar, estariam dando preferência aos países cujas políticas econômicas estivessem mais alinhadas com os fundamentos do pensamento neoliberal que eram do gosto e preferência dos investidores internacionais. Em terceiro lugar, dentro desse contexto, tinham a certeza de que, na impossibilidade de o país honrar os compromissos com o capital internacional, haveria o pronto socorro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do grupo dos países mais ricos do mundo, desde que o país devedor (em crise) se predispusesse a ler na “cartilha do FMI”, ou seja, se predispusesse a fazer o ajuste macroeconômico ortodoxo, dentro dos princípios neoliberais.
- As economias dos países emergentes passaram a ter um grande fluxo (entrada e saída) de capitais externos. Essa entrada e saída de grandes volumes de capitais internacionais, em uma determinada economia, afeta sua taxa de câmbio e o preço relativo da moeda nacional frente às moedas internacionais, como o dólar, por exemplo.
- Quando entram mais capitais internacionais (dólares) do que saem, o câmbio cai e a moeda local se valoriza frente ao dólar. Quando saem mais do que entram, o câmbio sobe e a moeda local se desvaloriza frente ao dólar.
- Esse processo de valorização e desvalorização do câmbio será tão mais efetivo quanto mais a economia estiver entregue às leis de mercado, quanto maior for a abertura econômica, quanto maior for o liberalismo praticado na economia, quanto menor for a intervenção do Estado no funcionamento do mercado. 
■ REAÇÕES DESENCADEADAS PELA ENTRADA EM MASSA DE CAPITAIS EXTERNOS NO PAÍS: a queda do câmbio (valorização da moeda local, que vai interferir no fluxo internacional de mercadorias do país e fazer com que as compras (importações) fiquem mais baratas e as vendas (exportações) fiquem mais caras). Em conseqüência, o país que recebeu a grande entrada de capitais externos passa a importar mais e a exportar menos. Os saldos dessa balança comercial, se forem superavitários, passarão a ser cada vez menores, até chegar a registrar déficits. Se já forem deficitários, passarão a registrar saldos negativos cada vez maiores.
- Esse aumento das importações vai aumentar a oferta interna e a competitividade no mercado interno (A sociedade poderá contar com mais produtos, mais baratos e de melhor qualidade, além de poder desfrutar das novidades provenientes do exterior).
- Os capitais externos que entram para fazer negócios nas bolsas de valores provocam valorização das ações, e isso atrai mais investidores, internos e externos, para as bolsas. 
- Os capitais externos que entram para fazer negócio no mercado imobiliário provocam o aquecimento desse mercado, atraindo mais investidores para ele. 
- Para sair, os investidores internacionais trocam por dólares a moeda local que têm em seu poder. Provocam um aumento na demanda por dólares. O câmbio sobe. A moeda local se desvaloriza.
- Quando isso acontece, os governos nacionais se esforçam para manter aquele clima de prosperidade financeira, proporcionado pela entrada de capitais externos. Para isso, os governos elevam a taxa interna de juros, aumentando a remuneração dos capitais externos. 
- Essa política de juros internos altos irá inibir o consumo, principalmente o consumo realizado a prazo.
- O ambiente de prosperidade de antes começa a ser substituído por uma forte crise. A combinação de juros altos, queda do consumo e dos investimentos provoca queda da produção (do nível de atividade), acarretando o aumento do desemprego. Isso provoca não só uma queda ainda maior no consumo, como também aumenta a inadimplência, afetando o setor financeiro, “obrigando” o Banco Central do país a socorrê-lo. 
- As despesas do governo aumentam e suas receitas diminuem. As despesas crescem porque, com o desemprego, aumenta a demanda por serviços públicos, como saúde e educação. A receita tributária vinculada ao produto interno diminui devido à queda do nível de atividade. 
- Como resultado de despesas maiores e receitas menores, agrava-se o déficit público. Com isso, o governo fica mais dependente da venda de títulos da dívida pública no mercado interno para obter os recursos e cobrir os seus déficits. E a dívida interna aumenta, seja porque o governo está contraindo mais dívida para cobrir os déficits, seja porque o governo está pagando juros mais altos.
- O ambiente de inflação baixa vivido pelo Brasil em decorrência das medidas do Plano Real permite classificá-lo como um plano que tenha sido elaborado e executado sob a influência do pensamento neoliberal? Sim. O Plano Real pode ser caracterizado como um plano de corte neoliberal porque utilizou fundamentos dessa base teórica, como, por exemplo, a abertura econômica, a privatização, a política de juros altos e o ajuste macroeconômico ortodoxo quando se fez necessário. 
- AULA 10 - 
■ O PLANO REAL DIANTE DAS CRISES: Durante os quatro anos do primeiro mandato do presidente FHC, a inflação caiu sistematicamente. Esses números mostram também que durante os anos do segundo mandato a inflação ficou em patamares mais elevados, porém bem abaixo dos níveis observados antes do lançamento do Plano Real. 
EFEITOS DA CRISE DO MÉXICO SOBRE O BRASIL
■ ORIGENS ECONÔMICAS DA CRISE DO MÉXICO: estava relacionada ao crescimento significativo do endividamento público de curto prazo.
■ ORIGENS POLÍTICAS DA CRISE DO MÉXICO: estava relacionada com as revoltas populares ocorridas na região de Chiapas, que provocaram um quadro de crise política no país.
- Essa situação provocou desconfiança dos investidores internacionais com relação à economia daquele país, mas também com relação à América Latina, mais precisamente ao Brasil e a Argentina.
- Os impactos da crise mexicana não chegaram a ameaçar o rumo a estabilidade econômica do real, mas pelo menos fizeram com que o governo tivesse que adotar medidas contra isso.
- A queda da inflação estimulou o consumo, que incentivou a produção, que estimulou o emprego, que fez aumentar a massa de salários pagos na economia, que aqueceu ainda mais o consumo. O consumo também foi estimulado pelo aumento do crédito, como conseqüência da queda da inflação e da estabilidadedos preços em patamares mais baixos, fatos que contribuíram para a reorganização dos mecanismos de crédito ao consumidor, apesar de as taxas de juros terem sido mantidas altas.
- Esse importante crescimento do consumo poderia provocar o retorno da inflação de demanda sob a hipótese de a oferta não acompanhar satisfatoriamente o crescimento do consumo. Mas o Brasil complementou a oferta interna com a oferta externa, via importação. A combinação de abertura econômica com câmbio baixo tornou as importações mais baratas e, por isso, o mercado nacional foi “inundado” por produtos importados.
- O aspecto negativo de utilizar as importações para complementar a oferta interna se manifestou no desequilíbrio da balança comercial. As importações cresceram bem mais que as exportações, e a situação de superávits (saldos positivos) registrados antes do lançamento do Plano Real passou para uma situação de déficits (saldos negativos), que foram crescendo com o passar do tempo.
■ MEDIDAS TOMADAS PELO GOVERNO E SUA EQUIPE ECONÔMICA PARA FREAR OS EFEITOS DA CRISE DO MÉXICO: 
(1) Definiram uma nova política para o câmbio (definiu um intervalo para a flutuação das cotações do dólar no mercado); 
(2) Proibiram as negociações com títulos de empresas comercializados nos mercados internacionais e o uso de cheques pré-datados como garantia de crédito; 
(3) Aumentaram o IOF para encarecer os empréstimos; 
(4) Aumentaram os depósitos compulsórios bancários para diminuir o volume de recursos que os bancos teriam para emprestar; 
(5) Proibiram a abertura de novos consórcios e de lances para a retirada de mercadorias; (6) Elevaram seguidamente as taxas de juros.
- Essa forte restrição ao crédito e esse aumento significativo das taxas de juros tinham como objetivo desestimular o consumo que, por sua vez, desestimularia a produção. Com a queda do consumo e da produção, diminuía a demanda por importações, tanto para atender o consumidor final como também para atender a indústria de transformação (que importa insumos), melhorando os saldos da balança comercial.
- O aumento das taxas de juros também tinha o objetivo de aumentar a remuneração dos capitais externos, desestimulando a saída dos que já estavam atuando no país e estimulando a entrada de novos capitais.
- Os aspectos negativos dessas medidas ficaram por conta da redução do nível de atividade, do crescimento do desemprego e do aumento da inadimplência (As taxas de juros mais altas, ao inibir o consumo, desestimularam a produção, e o nível de atividade caiu. As empresas deixaram de contratar e passaram a demitir seus empregados, aumentando o desemprego no país. As pessoas desempregadas passaram a ter dificuldades para honrar os compromissos assumidos com as compras a prazo. As empresas passaram a acumular estoques e algumas também passaram a ter dificuldades para honrar os seus compromissos com os fornecedores).
■ EFEITOS DA CRISE DOS PAÍSES ASIÁTICOS SOBRE O BRASIL: Origem da crise nos países asiáticos: nos volumosos empréstimos de alto risco concedidos pelas empresas financeiras e por intermediários não-bancários que acabaram por inflacionar os preços dos ativos financeiros.
- A crise chegou ao Brasil no final do mês de outubro de 1997, quando a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou uma das maiores baixas do mundo.
- O governo voltou a reagir, aumentando as taxas de juros e lançando um pacote que provocou um corte drástico do crédito que repercutiu na queda da demanda interna, na diminuição do nível de atividade e no aumento do desemprego.
- Essas medidas foram muito eficazes no combate à crise, mas em pouco tempo os capitais externos já começaram a voltar ao país. Os índices de inflação seguiram a trajetória de queda.
- AULA 10 - 
EFEITOS DA CRISE DA RÚSSIA SOBRE O BRASIL
■ ORIGEM DA CRISE RUSSA: na decretação, pelo presidente Boris Ieltsin, da moratória da dívida externa das empresas privadas russas, que foram proibidas, por noventa dias, de pagar as suas dívidas.
■ EFEITOS DA CRISE RUSSA: foram sentidos não só pelos países emergentes, mas também pelos mais ricos, como EUA, Alemanha, Suíça e Canadá, entre outros. 
- Por que os efeitos da crise russa chegaram rapidamente ao Brasil: porque os investidores internacionais, para compensar suas perdas em outros mercados devido à crise da Rússia, passaram a vender os seus ativos, como títulos da dívida pública e ações, realizando os seus ganhos no Brasil e enviando dólares para o exterior, para cobrir as perdas que tinham tido em outros mercados.
- Em 10 de setembro de 1998, o “circuit break” (mecanismo que interrompe o pregão da bolsa de valores para evitar quedas maiores que venham a proporcionar perdas muito grandes para os investidores), foi acionado por duas vezes, mas isso não impediu que a bolsa registrasse uma baixa muito grande naquele dia.
■ COMO O GOVERNO BRASILEIRO AGIU PARA ENFRENTAR OS EFEITOS DA CRISE RUSSA: começou agindo no mercado de câmbio, vendendo dólares para evitar que sua cotação não superasse o limite superior da banda cambial definida pelo Banco Central. Com o objetivo de criar facilidades para a entrada e permanência do capital externo no Brasil, em agosto de 1998, o governo concedeu isenção do imposto de renda sobre as aplicações de estrangeiros em renda fixa no país, que até então era de 15%. 
- Como a fuga de capitais externos continuou, em janeiro de 1999 o governo deixou o câmbio flutuar, abandonou o regime de âncora cambial e o real foi fortemente desvalorizado. Em poucos dias o dólar aumentou bastante.
- Foi gerada uma expectativa de que a inflação aumentaria muito devido ao encarecimento das importações de produtos finais e de insumos que, por força do aumento do câmbio, ficariam mais caros para os brasileiros. Mas não foi isso que aconteceu. A inflação aumentou, mas não muito. Ao longo dos meses de 1999, a inflação foi caindo pouco a pouco e seguiu sua trajetória de queda no ano de 2000. 
EFEITOS DA CRISE DE ENERGIA, DA CRISE DA ARGENTINA E DO ATENTADO TERRORISTA DE 11 DE SETEMBRO SOBRE O BRASIL
■ ORIGEM DA CRISE DE ENERGIA QUE O BRASIL PASSOU EM 2001: teve início com a constatação do governo de que a demanda de energia para aquele ano iria superar a oferta disponível e, se isso acontecesse, o país sofreria um “apagão”. A demanda por energia no país aumentava porque era crescente a demanda das empresas e a das famílias.
■ DEMANDA POR PARTE DAS EMPRESAS: estava crescendo porque o país, após a crise de 1999, tinha retomado a rota do crescimento em 2000 e era esperado que esse crescimento se mantivesse para 2001. 
■ DEMANDA POR PARTE DAS FAMÍLIAS: também era crescente porque a retomada do crescimento permitia aumentar a renda familiar e também porque as inovações tecnológicas permitiram a massificação do consumo de alguns bens duráveis, como, por exemplo, computadores, fogão de micro-ondas, DVDs televisores e congeladores domésticos.
- A oferta não cresceu porque choveu pouco no início de 2001, com os reservatórios da região tendo ficado com aproximadamente 1/3 da capacidade esperada para o mês de março. E também porque o governo não investiu no setor elétrico, seja porque esperava privatizar suas usinas hidroelétricas, seja porque estava cumprindo as determinações de corte dos gastos públicos.
- Afim de evitar o “apagão”, o governo agiu implementando um plano de emergência para conter a demanda de energia. O plano obrigava os consumidores (empresas, famílias e o próprio governo) a reduzirem em 20% o consumo em 2001 com relação ao consumo do ano anterior.
■ EFEITOS NEGATIVOS DESSA CRISE DE ENERGIA FORAM MUITOS: o PIB ao longo do ano de 2001 registrou nove meses de queda; muitas empresas do setor de energia acumularam vultosas dívidas pela queda dos seus faturamentos, motivada pela queda no consumo; o governo aumentou o preço da tarifa de energia elétrica para compensar as perdas de receita dessas empresas. 
- AULA 10 - 
■ ORIGEM DA CRISE DA ARGENTINA: no fracassoda política econômica do ministro argentino que estabeleceu em lei a conversibilidade do peso em dólar (1 peso = 1 dólar), política que foi eficaz no combate à inflação, mas que também provocou desequilíbrio das contas públicas, perda de competitividade e queda da produção.
- Essa crise afetou o Brasil na medida em que afetou alguns investidores internacionais, que, por temerem que aquela crise do país emergente vizinho chegasse ao Brasil, deixaram de vir para cá, e alguns começaram inclusive a sair.
- O ataque terrorista contra o World Trade Center no dia 11 de setembro de 2001, gerou um clima de incerteza na economia mundial, porque se tratava de um ataque à maior economia do planeta. Esse clima de incerteza afetou fortemente os mercados financeiros mundiais.
■ A CRISE DE ENERGIA, A CRISE DA ARGENTINA E O ATENTADO DE 11 DE SETEMBRO PRODUZIRAM EFEITOS SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA: as reservas cambiais caíram; o impacto foi ainda maior na inflação, aumentando em relação ao ano anterior.
■ EFEITOS DAS ELEIÇÕES DE 2002 SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA: Em 2002, a crise da Argentina se agravou com a troca de governo, com a desvalorização alta e sucessiva do peso, com a decretação pelo governo de “estado nacional de emergência alimentar”, com o abandono da dolarização da economia feita pelo ministro argentino, com a queda do PI, com as mortes de manifestantes em confronto com a polícia, com metade dos argentinos vivendo na condição de pobreza e com a alta taxa de desemprego.
- FHC não podia mais ser candidato porque já estava concluindo o seu segundo mandato consecutivo.
- O ambiente de disputa política entre Lula e Serra, a possibilidade crescente do candidato de oposição ganhar as eleições presidenciais e o receio de que os efeitos da crise argentina contaminassem a economia brasileira repercutiram no comportamento dos investidores e no comportamento dos preços.
- O impacto nos preços foi ainda maior. A inflação voltou a aumentar em 2002, e com uma força maior do que a do ano anterior.
- Por força da crise de 1999, o governo deixou de usar o câmbio como um indicador de estabilidade da economia brasileira. Entrou em seu lugar o “sistema de metas para a inflação”.
- O Ministro da Fazenda aprovou o IPCA como o indicador a ser usado para efeito do sistema de metas para a inflação.
- O CMN fixa a meta de inflação e os seus respectivos intervalos de tolerância para cada ano, considerando que a meta foi cumprida quando a variação acumulada da inflação. 
- Em caso de a meta não ser cumprida, o presidente do Banco Central do Brasil tem de divulgar publicamente as razões do descumprimento, e providência para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito.
- Se a inflação acumulada ao longo daquele ano ameaça ficar fora desse intervalo, o governo começará a agir. Poderá, por exemplo, aumentar a taxa básica de juros da economia, restringir o crédito, cortar gastos públicos, contingenciar o orçamento público federal, aumentar os depósitos compulsórios bancários e/ou restringir a emissão monetária.
- Essas medidas, que são inibidoras do consumo, tendem a provocar a diminuição do nível de atividade e do emprego, o que tende a inibir mais ainda o consumo. 
■ ATÉ QUE O PONTO A LÓGICA DOS PLANOS ECONÔMICOS DE CORTE NEOLIBERAIS, DESCRITA POR PAUL SINGER, SE APLICA AO CASO BRASILEIRO? Segundo a lógica de funcionamento dos planos econômicos de corte (características) neoliberais, descrita por Paul Singer, os países que adotam planos com essas características passam por momentos de estabilidade econômica e se tornam de grande interesse do capital internacional. Após um período de prosperidade, no entanto, passam, necessariamente, por um período de crise. Com o Plano Real, o Brasil passou por momentos de grande interesse do capital externo, que se fizeram acompanhar de bons momentos para a economia brasileira, mas também passou por momentos de crise (crise do México, da Ásia, da Rússia) que fizeram com que os capitais externos se desinteressassem pelo país, não mais vindo e/ou saindo em massa, provocando recessão e desemprego. Desse modo, podemos dizer que a lógica dos planos econômicos de corte neoliberais, aplicados aos países emergentes, aplica-se integralmente ao caso brasileiro na experiência vivida com o Plano Real.
- Por força da eficácia do Plano Real no combate à inflação, o Brasil passou a conviver com um novo perfil de inflação, caracterizada como baixa e relativamente estável.
- A inflação, a partir de junho de 1999, passou a ser o indicador oficial das condições de estabilidade da economia brasileira. Quando a inflação observada fica dentro da meta preestabelecida, é um sinal de que a economia está estável e funcionando como se esperava.
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■ EXEMPLOS DE FLUTUAÇÕES SAZONAIS DE PREÇO: os materiais escolares aumentam de preço com a proximidade do início do ano letivo; as diárias dos hotéis e pousadas situadas no litoral aumentam de preço no verão; as verduras ficam mais caras quando chove muito ou quando fica muito tempo sem chover; os bombons e as flores aumentam de preços com a proximidade do dia dos namorados. 
■ FATORES MOTIVADORES DE FLUTUAÇÕES SAZONAIS DE PREÇOS: acontecem por motivações específicas, como, por exemplo, datas festivas, mudanças de estação e alterações climáticas que, de fato, nada têm a ver com as condições de funcionamento da economia, com as condições concretas da economia, mas provocam aumento de preços, e, passados os momentos dos fatores motivadores dos aumentos de preços, eles voltam a cair.
- Quando a inflação é muito baixa, os efeitos das flutuações sazonais passam a ter relevância. 
- Para que o índice de inflação não deixasse de cumprir o seu papel de indicador das condições concretas da economia, esse efeito da sazonalidade precisaria ser retirado. Isso significa dizer que o índice de inflação deveria ser “dessazonalizado”. 
■ NÚCLEO DE INFLAÇÃO: medida que indica a tendência da inflação no curto prazo que reflete as mudanças duradouras na taxa de inflação e não as mudanças fortuitas e esporádicas. É uma massa de preços que flutua com regularidade, portanto reflete a tendência de uma massa de produtos e não de preços específicos. Não considera as variações de preços ocasionais, provocadas por safras, entressafras ou por mudanças de estação.
■ RELAÇÃO ENTRE O SISTEMA DE METAS PARA A INFLAÇÃO E O NÚCLEO DE INFLAÇÃO 
- A partir da década de 1980 muitos países passaram a adotar o sistema de metas para a inflação como instrumento de política monetária.
- Ao adotar o regime de metas para a inflação, o governo adotou a inflação como indicador das condições concretas de funcionamento da economia e passou a se orientar por ele para tomar decisões para fazer as correções no rumo necessárias para restabelecer as condições de equilíbrio (de estabilidade).
- O núcleo de inflação fornece informações valiosas sobre quais flutuações de curto prazo estariam representando ameaças, ou não, ao cumprimento da meta estabelecida para a inflação, e assim poder decidir com um grau maior de certeza sobre a necessidade, ou não, de aplicar as medidas corretivas.
■ É IMPORTANTE E JUSTO RETIRAR DO CÁLCULO DO NÚCLEO DE INFLAÇÃO AS VARIAÇÕES DE PREÇOS DEVIDO À SAZONALIDADE? Por um lado, poderíamos pensar que esse procedimento não é justo nem estaria correto porque estaria eliminando variações de preços que de fato ocorreram. Em janeiro, os preços dos materiais escolares aumentaram, e a família teve de pagar mais para comprar o material escolar dos seus filhos. Como os preços subiram, a renda da família foi corroída, e ela perdeu poder aquisitivo de fato. Portanto, retirar esses efeitos seria, por assim dizer, uma manipulação do índice de inflação. Por outro lado, ao “dessazonalizar” o índice de inflação, o governo e sua equipe econômica passam a contar com um indicador mais confiável para tomar decisões sobre a necessidade e o tipo de política de combateà inflação a ser adotada. Em síntese, podemos dizer que o procedimento do cálculo de inflação será importante e estará correto enquanto for usado como um instrumento para auxiliar (complementar) o sistema de metas de inflação e para orientar a política de combate à inflação, e desde que não seja usado, por exemplo, como um índice de custo de vida.
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OS EFEITOS COLATERAIS DAS EFICAZES MEDIDAS DO PLANO REAL
■ POR QUE OS SALDOS DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA PASSARAM A SER NEGATIVOS?
- Como são obtidos os saldos da balança comercial: subtraindo os valores relativos ao que o país importou dos valores correspondentes ao que foi exportado. 
- Esses saldos negativos e crescentes registrados pela balança comercial brasileira, desde o segundo ano de lançamento do Plano Real, poderiam ser resultado do aumento das importações e da diminuição das exportações. Mas não foi exatamente isso que aconteceu. 
- As exportações brasileiras cresceram e as importações também, mas a força do crescimento das importações foi muito maior, gerando assim os déficits.
- Para praticar o sistema de âncora cambial, o Brasil precisava ter reservas cambiais – quanto maiores fossem essas reservas, melhores seriam as condições do país para praticar esse sistema.
- Ao praticar o sistema de âncora cambial, o governo comprava e vendia dólares no mercado, para forçar o câmbio a ficar no intervalo por ele definido. Isso acabou por gerar uma sobrevalorização artificial da moeda nacional frente ao dólar, favorecendo as importações e desfavorecendo as exportações, contribuindo desse modo para a formação dos saldos negativos da balança comercial. 
- Os saldos negativos da balança comercial brasileira, registrados depois do lançamento do Plano Real, devem ser entendidos como uma conseqüência do efeito combinado do sistema de âncora cambial com a intensificação da abertura econômica. Isso porque só o fato de a moeda brasileira ficar muito valorizada frente ao dólar, pouco ou nada valorizado, aumentaria as importações, se ainda existissem muitas barreiras à entrada dos produtos importados. Da mesma forma, a diminuição das barreiras à entrada de produtos externos pouco ou nada aumentaria as importações se a nossa moeda estivesse muito desvalorizada. Foi justamente a combinação desses dois efeitos que contribuiu para aumentar as importações.
■ O QUE SE PODERIA FAZER PARA REVERTER OS SALDOS NEGATIVOS DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA?
- Receita básica para superar os déficits de uma balança comercial é simples: basta aumentar as exportações e diminuir as importações. Porém, as medidas que fazem crescer as exportações e reduzir as importações já não são tão simples assim. 
- Até dezembro de 1998 o governo descartava a hipótese de fazer uma desvalorização cambial que, ao valorizar o dólar frente o real, desestimularia as importações e estimularia as exportações.
- Para estimular as exportações, o governo optou por “criar as condições para exportar”. Esse caminho consistia em melhorar as condições do país em termos de capacidade de produção e de competitividade no mercado internacional, que no caso brasileiro passaria pela questão da desburocratização das atividades de exportação, da modernização dos transportes e da estrutura portuária, pela reestruturação produtiva para obter aumentos de produtividade e conseqüentemente da competitividade. 
- Para desestimular as importações, um caminho possível seria aumentar a tributação sobre os produtos importados e/ou impor cotas máximas de importação para alguns produtos. Esse caminho era inviável, porque assim o governo estaria agindo contra o processo de abertura econômica, um dos pilares de sustentação do Plano Real.
- Outra opção seria a de inibir o consumo interno, o que poderia ser feito, por exemplo, com elevação das taxas de juros, redução da liquidez (pelo aumento dos depósitos compulsórios bancários) e/ou restrição ao crédito (reduzindo prazos para financiamentos). Essa medida teria efeito duplo sobre o saldo da balança comercial. Ao se reduzir o consumo interno, diminuiria a demanda por importações para atender o consumo interno e aumentaria a disponibilidade interna para exportar. 
- A queda do consumo exerceria também uma influência sobre o setor produtivo, que diminuiria a produção para adequá-la à queda da demanda. Essa redução da produção desestimularia a importação de insumos básicos e bens de capital para o setor produtivo.
- Essa situação da balança comercial brasileira de saldos negativos freqüentes e crescentes só não foi pior porque o Brasil não crescia a taxas elevadas.
- O PIB cresceu pouco, mas a importação cresceu muito, aumentando a participação desta no consumo interno do Brasil. 
- Com a abertura econômica o país passou a importar mais e, neste caso, houve um crescimento de quase três vezes e meia do coeficiente de importação, num período de sete anos.
- Essa situação da balança comercial brasileira trouxe de volta o debate sobre a necessidade ou não de o país restringir a entrada indiscriminada de produtos gerados em outras economias, protegendo assim o seu mercado interno da concorrência externa.
- Os que defendem a abertura econômica alegam que a proteção ao mercado interno gera vários problemas: a proteção coloca o país na contramão da modernidade econômica, que contempla mercados abertos, moedas fortes e economias estáveis. As proteções tornam as empresas menos competitivas, que por não sofrerem a concorrência de empresas estrangeiras, não se sentem estimuladas a investir para alcançar maior produtividade e assim aumentar o poder de competir. 
- Os que são favoráveis à proteção do mercado interno alegam que todos os países hoje desenvolvidos se utilizaram do protecionismo para defender suas indústrias jovens. 
- Com a proteção e a obrigação de as empresas nacionais concorrerem entre elas no mercado interno, elas investiram, se modernizaram e alcançaram níveis elevados de produtividade e de qualidade dos seus produtos, o que as permitiu competir e 
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ganhar espaço no mercado internacional a partir da década de 1970, no bojo da crise do petróleo, que favoreceu os modernos e compactos automóveis japoneses.
- No Brasil, os que são contrários à proteção do mercado interno argumentam que o país não deve repetir a experiência do modelo primário exportador, quando as empresas nacionais ficaram sob o manto das barreiras protecionistas do Estado, não investiram, não se modernizaram e, na época da crise das décadas de 1970 e 1980, produziram com um custo que era três vezes maior que o custo médio das economias mais abertas. 
- O Brasil deve se especializar na produção para a exportação daqueles bens que produz melhor (café, soja, carne, minério de ferro) e importar o que outros produzem a preços mais competitivos. 
- No Brasil, os que são favoráveis à proteção do mercado interno alegam que, muitos países desenvolvidos que no passado foram protecionistas, até hoje erguem barreiras para proteger os seus produtores da concorrência dos produtos brasileiros que são produzidos com custos bem inferiores aos daqueles países protecionistas. Alegam também que o coeficiente de importação do Brasil é maior que os coeficientes de importação do Japão e dos EUA, que são duas economias que estão entre as maiores potências industriais do planeta.
- Para o caso do mercado brasileiro, tendo em vista os impactos causados pelas medidas do Plano Real na balança comercial brasileira, deve ou não haver proteção do mercado interno? Vivendo sob o protecionismo na fase do modelo de substituição de importações, as indústrias brasileiras, defendidas da competição externa, não se sentiram estimuladas a investir para alcançar níveis mais elevados de produtividade. A abertura econômica brasileira trouxe, como previsto pelo pensamento neoliberal, as vantagens do aumento da oferta interna, complementada pela oferta externa, o que permitiu à população brasileira ter acesso a mais produtos, com preços

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