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CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA DEMONSTRATIVA PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS DIREITO ADMINISTRATIVO Professor Edson Marques Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 2 S U M Á R I O 1. Direito Administrativo ................................................................................ 3 2. Fontes do Direito Administrativo ................................................................ 7 3. Regime Jurídico Administrativo ............................................................... 11 3.1 Princípio da legalidade ........................................................................... 13 3.2 Princípio da impessoalidade ................................................................... 15 3.3 Princípio da moralidade .......................................................................... 16 3.4 Princípio da publicidade ......................................................................... 18 3.5 Princípio da eficiência ............................................................................ 19 3.6 Princípio da supremacia do interesse público ........................................ 20 3.7 Princípio da indisponibilidade ................................................................ 21 3.8 Princípio da autotutela ........................................................................... 22 3.9 Princípio da razoabilidade e proporcionalidade ...................................... 22 3.10 Princípio da continuidade ..................................................................... 23 3.11 Princípio da segurança jurídica ............................................................ 23 4. QUESTÕES COMENTADAS ......................................................................... 25 5. QUESTÕES SELECIONADAS ...................................................................... 97 6. GABARITO .............................................................................................. 126 Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 3 1. Direito Administrativo O Direito é concebido como ramo da ciência criado pelo homem na medida em que regras e normas não estão dispostas na natureza no sentido de serem observadas e, assim, empreender uma padronização. Por isso, se diz que o Direito é essencialmente criação humana. Sendo, no entanto, uno. Contudo, para efeito de estudo, pensamento que de certo modo já está ultrapassado, pois modernamente tem-se a concepção de que emana de uma só fonte, da Constituição, divide-se em dois ramos: o direito público e o direito privado. Com efeito, nessa linha de pensamento, o direito privado seria encarregado de regular as relações em que os sujeitos atuem preponderantemente em igualdade de condições, ainda que, em certas ocasiões, haja certa proteção para um dos lados. Cuida-se, portanto, de relações de interesses privados, sendo exemplo o Direito Civil, Empresarial etc. O Direito Público, por outro lado, estaria encarregado de reger as relações envolvendo especialmente o Estado, quando agindo com supremacia, superioridade, a fim de preservar e realizar o interesse público, tendo como exemplo o Direito Administrativo, Tributário, Econômico etc. Assim, podemos dizer que o Direito Administrativo seria um dos ramos do direito público que tem por objeto a função administrativa e os entes ou entidades que exercem tal função. Mas nem tudo é tão simples assim. Desse modo, até para compreendermos melhor essa definição, é preciso entender os critérios que nortearam e norteiam a definição do direito administrativo enquanto ciência do direito. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 4 Nesse sentido, vejamos alguns critérios: Escola legalista Critério do Poder Executivo Escola do Serviço Público Critério das relações Jurídicas Critério Teleológico Critério negativo ou residual Critério distintivo entre atividade jurídica e social do Estado Critério da Administração Pública A Escola ou Critério Legalista (surgiu após Revolução de 1789), também conhecida como Exegética, Francesa, Clássica, Empírica ou Caótica entendia que o direito administrativo se resumia às leis e normas administrativas, negando-lhe o caráter científico, ou seja, traduzindo-se em mera compilação de leis que cuidassem da organização ou atuação do Estado no campo administrativo. A Escola ou Critério do Poder Executivo entendia que o Direito Administrativo tratava do Poder Executivo. Significa dizer que o direito administrativo seria restrito a atuação do Poder Executivo. Para a Escola do serviço público (Escola de Bordeaux) formada na França (início do século XX), tendo como expoentes Léon Duguit e Gaston Jéze, o Direito Administrativo seria definido como a realização dos serviços públicos (atendimento das necessidades coletivas pelo Estado), ou seja, seria o exercício de todo e qualquer atividade desempenhada pelo Estado. Segundo o critério das relações jurídicas o Direito Administrativo seria o conjunto de normas que regem as relações entre a Administração e os administrados. Otto Mayer, expoente dessa Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 5 corrente, entendia que o direito administrativo compreendia o conjunto de regras que disciplinam as relações jurídicas entre a Administração Pública e os particulares. Para o Critério teleológico o Direito Administrativo seria o sistema dos princípios jurídicos que regulam a atividade concreta do Estado para o cumprimento de seus fins, ou seja, seria a realização de atividade do Estado no sentido de empreender ações de utilidade pública. Ao se adotar o Critério negativo ou residual, o Direito Administrativo teria por objeto as atividades desenvolvidas para a consecução dos fins estatais, excluídas as funções legislativa e jurisdicional, ou pelo menos essa última atividade, ou seja, tratar-se- ia de definir o Direito Administrativo excluindo-se algumas das atividades realizadas pelo Estado (legislativa, jurisdicional, e ainda as atividades de direito privado e patrimoniais). Por outro lado, sob o Critério da distinção entre atividade jurídica e social do Estado, o Direito Administrativo seria o ramo do direito público interno que regularia a atividade jurídica não contenciosa do Estado (sentido objetivo) e a constituição dos órgãos e meios de sua ação em geral (sentido subjetivo). E, finalmente, sob o Critério da Administração Pública, o Direito Administrativo seria o conjunto de princípios que regeria a Administração Pública. Na doutrina brasileira, há também uma diversidade de conceituação, não se podendoexatamente conceber uma ou outra escola, isoladamente. Para Hely Lopes Meirelles o “Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 6 concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”. Para Di Pietro, o “Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”. Na abalizada lição de Celso Antônio Bandeira de Mello, o “Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que disciplina o exercício da função administrativa, e os órgãos que a desempenham”. É possível, então, afirmar que a definição do Direito Administrativo poderá ser reduzida a três sentidos, qual seja: subjetivo, objetivo e formal. Com base no aspecto subjetivo, a Administração Pública é o conjunto de órgãos, entes e entidades, ou seja, conjunto de pessoas (entes, entidades e agentes) e órgãos que integram a Administração. Sob o objetivo, é o conjunto de atividades do Estado destinadas a atender o interesse público. E, no tocante ao aspecto formal, compreenderia o regime jurídico, ou seja, a atuação do Estado ou de quem lhe faça às vezes, submetido a regime especial, ainda que parcialmente. Para concluir, então, podemos conceituar o Direito Administrativo como ramo do direito público destinado a reger a organização administrativa do Estado e a realização de suas atividades no exercício da função administrativa, ainda que por meio de delegação, submetido a regime de direito público, mesmo que parcialmente. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 7 2. Fontes do Direito Administrativo Sabendo, então, ser o Direito Administrativo uma ciência jurídica, é necessário destacar quais são as fontes (formais) de onde promana suas bases fundamentais, quer dizer de onde emana, de onde surge seus fundamentos. Desse modo, podemos indicar como fontes: a Lei, a Jurisprudência, a doutrina e os costumes. Constituição Direta (imediata) Lei Leis (LO, LC, LD, MP) Fontes (Próprias)* Decretos, Regulamentos etc Jurisprudência Indireta (mediata) Doutrina (Impróprias) Costumes A Lei deve ser entendida sob acepção ampla (bloco de legalidade), ou seja, a lei constitui todo o arcabouço normativo, englobando desde a Constituição, seus princípios expressos e implícitos, suas regras e valores, às Leis em sentido estrito (Lei Ordinária, Lei Complementar, Lei Delegada), Medidas Provisórias e demais espécies legislativas, assim como os regulamentos administrativos (Decretos, Regulamentos etc). É importante destacar que no Brasil, por aderir à corrente positivista, a principal fonte do direito é o ordenamento jurídico, ou seja, a Lei. Alguns autores ainda colocam os princípios gerais do direito como fonte principal a preencher eventuais lacunas, havendo, no entanto, os que entendem que se tratam de regras de integração. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 8 A jurisprudência é proveniente de reiteração de julgamentos no mesmo sentido, sobre fatos ou matérias assemelhadas. Significa dizer que são os julgados dos Tribunais, em especial, do Supremo Tribunal Federal e demais Tribunais Superiores que adotam, de maneira repetida, reiterada, uma mesma decisão. Cito como exemplo uma jurisprudência do STF acerca de psicotécnico ter expressa previsão em lei e de observar o caráter objetivo. Veja: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONCURSO PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO. CRITÉRIOS OBJETIVOS. PREVISÃO LEGAL. NECESSIDADE DE REAPRECIAÇÃO DOS FATOS, DO MATERIAL PROBATÓRIO DOS AUTOS E DAS CLÁSULAS DO EDITAL. SÚMULAS 279 E 454/STF. INAPLICABILIDADE DA DENOMINADA “TEORIA DO FATO CONSUMADO”. 1. O acórdão do Tribunal de origem alinha-se à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que é válida a exigência de exame psicotécnico, para admissão por concurso público, com base em lei e em critérios objetivos (AI 758.533-RG, Rel. Min. Gilmar Mendes). 2. Hipótese em que, para dissentir do entendimento do Tribunal de origem, seria necessária a reapreciação dos fatos, do material probatório constantes dos autos e das cláusulas do edital do concurso. Incidência das Súmulas 279 e 454/STF. 3. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 608.482-RG, sob a relatoria do Ministro Teori Zavascki, assentou ser inaplicável a denominada “teoria do fato consumado” na hipótese em que o provimento em cargo público se dá com fundamento em medida precária. 4. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 5. Agravo regimental a que se nega Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 9 provimento. (AI 695507 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 26/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-123 DIVULG 24-06-2015 PUBLIC 25-06-2015) É possível, ainda, que a jurisprudência seja firmada pela Administração, denominada de jurisprudência administrativa, tal como as súmulas administrativas da AGU, das procuradorias estaduais, bem ainda pelos Tribunais de Contas, no exercício da função fiscalizatória das Contas Públicas. É importante ressaltar que excepciona essa regra as súmulas vinculantes e as decisões vinculantes do STF, isso porque, como o próprio nome indica, vinculam a Administração Pública, e, portanto, são de observância obrigatória, de modo que devem ser consideradas fontes diretas. Lei 11.417/2006 (Lei da Súmula Vinculante) Art. 2º O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. Lei 9.868/99 (Lei da ADIn) Art. 28. Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORGCURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 10 Administração Pública federal, estadual e municipal. Como exemplo de Súmulas Vinculantes de cunho administrativo, além de outras, vale destacar as seguintes: SÚMULA VINCULANTE 42 É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária. SÚMULA VINCULANTE 43 É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido. A doutrina é o trabalho realizado pelos estudiosos do Direito Administrativo que se empenham em pesquisar os contornos dessa ciência jurídica e expor suas ideais e pesquisas (São os livros, as obras de direito administrativo etc). Deve-se entender, no entanto, que a doutrina não é vinculante, tratando-se de fonte auxiliar na solução dos casos administrativos. O costume deve ser entendido como regra aceita como obrigatória pela consciência geral e diuturnamente observada, sem que o Poder Público a tenha estabelecido (opinio necessitatis). É preciso, no entanto, esclarecer que o costume não derroga a regra positivada e deve ser utilizado de forma supletiva, ou seja, diante da omissão legislativa, e com restrições, eis que não se pode criar deveres, tampouco obrigações para o administrado por meio do costume simplesmente. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 11 Quer dizer, o costume deve estar em conformidade com a Lei (secundum legem), não podendo ser contrário (contra legem) ou além da lei (praeter legem). Ou seja, o costume é conjunto de regras sociais, não- escritas, observadas de forma generalizada e prolongada no âmbito de uma sociedade, que as consideras obrigatórias, diferente da praxe administrativa que é a reiteração de uma forma de atuar da Administração, ou seja, a prática procedimental administrativa desempenhada cotidianamente em determinadas situações. Fala-se ainda na analogia, cuja utilização ocorre com a finalidade de integração da lei, ou seja, a aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos, ante a ausência de normas que regulem o caso concretamente apresentado. Mas, como se pode observar, a analogia não é forma é uma técnica de integração. 3. Regime Jurídico Administrativo Ao iniciarmos o estudo do Direito Administrativo nos deparamos com a organização da Administração Pública. Assim, tais entes e entidades, órgãos e agentes, estão submetidos ao conjunto de normas que vai orientar toda a sua atuação. Como bem destaca a doutrina, as normas podem ser divididas em regras e princípios, que compõem o regime jurídico administrativo, ou seja, o conjunto de normas que regem a atividade administrativa e a administração pública. Nesse aspecto, vale estudar os princípios administrativos que se diferenciam das regras. Os princípios são comandos mais abstratos, gerais, quando em conflito (só aparente) se resolve pela ponderação de valores, já as regras ou se aplicam ou não se aplicam (os conflitos são resolvidos por critérios de intertemporalidade, tal como lei posterior Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 12 revoga a anterior, lei especial afasta a geral etc), são menos abstratas e, em geral, tratam de situação específica. Com efeito, é importante sabermos que é a Constituição Federal que estabelece de forma expressa ou implícita os princípios fundamentais que orientam a Administração Pública. Os princípios administrativos, segundo o Prof. Carvalho “são os postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da Administração Pública”. Para Diógenes Gasparini, os princípios constituem “um conjunto de proposições que alicerçam ou embasam um sistema e lhe garantem validade”. Como bem apontam Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, “os princípios são as idéias centrais de um sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a ele um sentido lógico, harmonioso e racional, o que possibilita uma adequada compreensão de sua estrutura”. Com efeito, como disse, a Constituição prevê os princípios que orientam toda a Administração Pública, seja ela direta ou indireta, dos três poderes, da União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios, ao prevê os denominados princípios (expressos) básicos da Administração Pública, sendo: Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, conforme preconiza o art. 37, caput, assim expresso: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 13 3.1 Princípio da legalidade O princípio da Legalidade, também chamado de legalidade administrativa, restrita ou estrita, expressa que a administração somente pode fazer o que a lei autoriza ou permite. É, consoante magistral lição de José Afonso da Silva, “princípio basilar do Estado Democrático de Direito”, “porquanto é da essência do seu conceito subordinar-se à Constituição e fundar-se na legalidade democrática. Sujeitar-se ao império das Leis”. Cuidado, pois, há a legalidade geral (ou princípio da autonomia da vontade) que permite aos particulares que se faça tudo que a lei não proíba, conforme prevê o art. 5º, inc. II, da CF/88, segundo o qual “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Todavia, ao administrador público somente cabe realizar o que a lei permita (atuação vinculada) ou autorize (atuação discricionária). É necessário distinguir o princípio da legalidade do princípio da reserva legal, sendo importante verificarmos qual o alcance da expressão lei no âmbito do princípio da legalidade administrativa (alcance da legalidade). Quanto ao seu alcance, o princípio da legalidade deve ser visto como respeito, submissão, à lei. No entanto, devemos entender aqui lei em sentido amplo, ou seja, qualquer ato normativo, desde a Constituição, passando pelos atos infraconstitucionais (espécies normativas do art. 59, CF/88), os tratados internacionais, até os atos infralegais (decretos, regulamentos, instruções normativas, regimentos e estatutos administrativos). Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. EdsonMarques 14 Nesse aspecto, devemos considerar inclusive os princípios expressos e implícitos contidos na Constituição Federal, ou seja, não se exige apenas a observância da lei em sentido estrito. Deve-se observar o que se denomina bloco de legalidade, ou seja, não só a lei em sentido estrito, mas todo o ordenamento jurídico. Por isso, na atualidade, o princípio da legalidade tem sido chamado de princípio da jurisdicidade, na feliz expressão da Profa. Raquel Melo Urbano, na medida em que a Administração deve observar a lei e o Direito, conforme art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 9.784/99. Quanto à diferença entre legalidade e o princípio da reserva legal, devemos observar que este denota a ideia de necessidade de lei, no sentido formal, para dispor, regulamentar, certas matérias, conforme exigência constitucional. Por exemplo, ao servidor público é assegurado o direito à greve, nos termos e limites da lei. Assim, exige-se lei, em sentido estrito, a regular tal atividade. Quer dizer, que não poderá a matéria ser regulada por outro ato do poder público, senão por lei. Quer dizer que determinados temas devem necessariamente ser regulamentos por meio de lei em sentido estrito. Ademais, vale lembrar que o princípio da legalidade tem representação para além do âmbito geral ou administrativo, há ainda o princípio da legalidade penal, da legalidade tributária etc. A propósito, em sintonia com o princípio da legalidade é possível destacar o princípio da finalidade, segundo o qual o administrador público deve observar em todos os seus atos o fim estabelecido pela lei, que é o atendimento ao interesse público. Com efeito, acaso o administrador pratique o ato não cuidando da finalidade pública incidirá em vício, denominado de desvio Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 15 de finalidade, modalidade de abuso de poder, o que causa a nulidade do ato. Para alguns autores, o princípio da finalidade tem estreita sintonia com o princípio da impessoalidade. 3.2 Princípio da impessoalidade O princípio da impessoalidade é visto sob duas vertentes. A primeira, no sentido de atuar visando o interesse público (finalidade), impedindo assim que a Administração atue de forma discriminatória ou beneficie alguém por critérios subjetivos, ou seja, que favoreça ou prejudique alguém por critérios pessoais. Nesse sentido, conforme bem destaca o Prof. Bandeira de Mello, o princípio da impessoalidade assumiria a faceta de princípio da isonomia, na medida em que a Administração deve proporcionar igualdade de condições e tratamento a todos os administrados. Noutra acepção, estabelece a vedação da promoção pessoal de agentes públicos ou autoridades administrativas, conforme preconiza o §1º do art. 37, CF/88, assim expresso: § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. Nesse aspecto, é bom esclarecer que os atos realizados pelos agentes públicos não são imputados a si mesmos, mas às pessoas jurídicas a que pertencem, ou seja, à Administração Pública Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 16 (princípio da imputação volitiva), conforme observamos na aplicação da teoria do órgão. Assim, quando o agente usa a máquina administrativa visando promoção pessoal (ex: prefeito que coloca suas fotos ou o nome de seus familiares em praças ou prédios públicos) deverá sofrer as sanções legais na medida em que não deve atuar em seu nome, mas em nome da coletividade, isto é, em nome da Administração Pública, que representa o interesse coletivo. Para Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoalidade está relacionado ao princípio da finalidade, pois a finalidade se traduz na busca da satisfação do interesse público. A propósito, vale lembrar que o interesse público se subdivide em primário (interesse coletivo) e secundário (entendido como interesse da Administração enquanto pessoa jurídica). Como destacado, noutro sentido é a lição de Celso Antônio Bandeira de Mello, que liga a impessoalidade ao princípio da isonomia, que determina tratamento igual a todos perante a lei. E afirma que o princípio da finalidade é inerente ao princípio da legalidade, ou seja, está contido nele, na medida em que estabelece o dever de a lei cumprir seu objetivo. A observância de fila para atendimento geral e a observância de fila para atendimento de casos especiais, pode ser citado como exemplo de observância da isonomia/impessoalidade. 3.3 Princípio da moralidade O princípio da moralidade está assentado na ética, moral, lealdade, ou seja, no sentido de promover a probidade administrativa, a honestidade. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 17 É princípio que permite a verificação de validade dos atos administrativos, sob o prisma da legitimidade. É certo que se trata de um conceito jurídico indeterminado, carecendo de norma para concretizá-lo, ante sua natureza abrangente, mas, como bem destaca Alexandrino, “o princípio da moralidade complementa, ou torna mais efetivo, materialmente, o princípio da legalidade”. Todavia, não se pode dizer, jamais, que se trata de primado inútil, visto servir de parâmetro para coibir condutas ilegítimas, devendo ser tonalizado sob o aspecto jurídico, de modo a caracterizar o conjunto de preceitos advindos da disciplina administrativa no tocante à condução da coisa pública. Como bem ensina Hely Lopes Meirelles à moralidade administrativa é a atuação dentro dos padrões da ética, moral, honestidade, probidade. Nesse sentido, a Constituição, no seu art. 37, §4º, estabelece que os atos de improbidade administrativa importarão em suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. Percebe-se, portanto, que a Constituição deu especial atenção à probidade, já que, nos dizeres de José Afonso da Silva, a improbidade administrativa é uma imoralidade qualificada. Com efeito, a Constituição permitiu ao particular (cidadão) exercer o controle dos atos da Administração a fim de verificar não só o cumprimento dos aspectos da legalidade, mas também da moralidade, conforme prevê o art. 5º, inc. LXXIII, ao dispor sobre a ação popular. Art. 5º Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 18 LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo aopatrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; Não é moral, ético, honesto o servidor que desvia bens da administração para seu uso próprio, por exemplo. 3.4 Princípio da publicidade O princípio da publicidade consiste na obrigação que tem a Administração Pública, como atividade e ente público, de dar transparências aos seus atos, como meio de assegurar a todos o conhecimento de suas realizações, a fim de fiscalizá-la e exercer o controle sobre esses atos, bem como para fins de o ato produzir seus efeitos. É certo que a conduta da Administração deve ser pública, deve ser transparente. Todavia, a Constituição ressalva alguns atos que são protegidos pelo sigilo, eis que necessários aos imperativos de segurança nacional ou que digam respeito à intimidade ou vida privada. A publicidade poder ser feita pelos mais diversos meios, tal como a utilização de jornal oficial ou em local onde se possa dar ampla divulgação dos atos administrativos. Por vezes será necessário que a publicidade seja realizada diretamente ao interessado (notificação) ou somente em boletim interno. Assim, o princípio da publicidade pode, como meio de transparência, ser um requisito de validade do ato, ou, poderá, como Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 19 instrumento para deflagrar os efeitos do ato (publicação do ato), ser requisito de eficácia. Uma das decorrências do princípio da publicidade é o princípio da motivação dos atos administrativos, ou seja, ao praticar um ato deve a Administração apresentar, tornar explícitos, os motivos de sua realização, explicitando os fatos e fundamentos de direito que o justificam. 3.5 Princípio da eficiência O princípio da eficiência, erigido a princípio expresso a partir da EC 19/98, traduz a ideia de resultado, busca pela excelência no exercício das atividades administrativas. Para tanto, criou-se diversos mecanismos tal como as escolas de governos, avaliações periódicas e políticas de desenvolvimento da administração, tal como o contrato de gestão (art. 37, §8º, CF/88). Como bem destaca José Afonso da Silva, o princípio da eficiência “orienta a atividade administrativa no sentido de conseguir os melhores resultados com os meios escassos de que dispõe e a menor custo”. Destaca, ademais, que “consiste na organização racional dos meios e recursos humanos, materiais e institucionais para a prestação de serviços públicos de qualidade com razoável rapidez”. (art. 5º, LXXVIII) Trata-se da tentativa de mudar o foco da Administração, ou seja, passar-se a uma Administração gerencial, que busca o resultado, em detrimento da Administração burocrática, que prima pelo controle, bem como da Administração Patrimonialista, que confundia o interesse do dirigente com o interesse da Administração. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 20 Assim, por exemplo, quando a Administração deixe de responder em prazo razoável, mesmo que negando a um pleito feito pelo administrado, estará sendo ineficiente. Uma situação interessante ocorreu no DF esses dias. Há um programa chamado Esporte à meia noite, que busca tirar jovens das ruas e com isso de sujeição à criminalidade. O fato é que o Governo do DF resolveu aperfeiçoá-lo, mesmo sendo bom (inclusive com elogios externos e internos). Só que para tanto resolveu suspender o programa. Veja, sem críticas, mas só como exemplo, temos um ato ineficiente. Se o programa é bom, claro que pode melhorar, não se deve suspendê-lo para se aperfeiçoar. Significa dizer que a suspensão vai gerar atraso na prestação, inclusive poderá causar justamente o efeito contrário, desagregar aqueles que já participam do programa. A par desses princípios expressos existem outros princípios implícitos na CF/88, também chamados de reconhecidos, sendo importante destacar os princípios da supremacia do interesse público sobre o privado, o da indisponibilidade do interesse público, da autotutela, da proporcionalidade e razoabilidade, da continuidade dos serviços públicos, dentre outros. 3.6 Princípio da supremacia do interesse público O princípio da supremacia do interesse público traduz-se na ideia de que o interesse público deve prevalecer sobre o interesse particular, de modo que, em regra, quando houver um confronto entre o interesse público e o particular, deve-se dar primazia ao interesse público. Diz-se, em regra, tendo em vista que a Constituição estabeleceu uma série de direitos e garantias individuais que, mesmo Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 21 em confronto com o interesse público, devem ser respeitados, resguardados. Com efeito, é em razão do princípio da supremacia do interesse público que se fundam as prerrogativas ou poderes especiais conferidos à Administração Pública. É por força da supremacia que a Administração Pública atua com superioridade em relação ao particular, por exemplo, impondo-lhe obrigações de forma unilateral, com a inserção de cláusulas exorbitantes em contratos administrativos, conferindo presunção de legitimidade aos atos da Administração etc. 3.7 Princípio da indisponibilidade De outro lado, o princípio da indisponibilidade do interesse público orienta à Administração Pública impondo-lhe restrições, limitações, ou seja, não lhe é dado dispor desse interesse, eis que ela não é sua proprietária, detentora do interesse público, apenas o tutela, o protege, ou seja, apenas representa a coletividade, de modo que não pode dispor do que não lhe pertence. Significa dizer que, de um modo geral, não há possibilidade de a Administração Pública abdicar, dispor, abrir mão, daquilo que se refere ao interesse público. Por isso, a sujeição da administração pública a restrições especiais ou diferenciadas, tal como dever de prestar contas, concurso público, licitações etc. Esses dois princípios, é importante dizer, são considerados por parte da doutrina como super-princípios, ou pedras angulares do Direito Administrativo, na feliz expressão de Celso Antônio Bandeira de Mello, na medida em que dão origem aos demais princípios administrativos e ao próprio regime jurídico administrativo. Portanto, pode-se afirmar que o sistema administrativo está fundado nesses postulados centrais, isto é Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 22 nestes dois princípios primordiais (na supremacia e na indisponibilidade do interesse público). 3.8 Princípio da autotutela Decorrêncialógica desses dois princípios, e aplicação do princípio da legalidade, surge o princípio da autotutela, segundo o qual a administração pública pode controlar seus próprios atos, ou seja, pode anular os atos que contenham vício de legalidade e revogar os inconvenientes e inoportunos, respeitados os direitos de terceiros de boa-fé. Podemos ainda citar os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, da continuidade, da motivação, dentre outros que orientarão a atividade administrativa. 3.9 Princípio da razoabilidade e proporcionalidade Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, como já observamos, são princípios implícitos na Constituição Federal e decorrem diretamente do princípio da legalidade, bem como do postulado do devido processo legal substantivo. Vale lembrar, ademais, que a Lei nº 9.784/99 positivou esses princípios, ao prescrever a observância da adequação entre meios e fins (razoabilidade), vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (proporcionalidade). De todo modo, necessário ainda dizer que a Lei nº 9.784/99, lei que regula o processo administrativo no âmbito federal, positivou diversos princípios que estavam implícitos no bojo da Constituição, estabelecendo o seguinte: Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 23 Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 3.10 Princípio da continuidade O princípio da continuidade, princípio específico da prestação dos serviços públicos, estabelece que em razão do atendimento das necessidades e anseios da coletividade, os serviços públicos não podem ser interrompidos, não podem sofrer lapso (intervalo) de continuidade. É claro que, como se sabe, nenhum princípio é absoluto, de modo que há casos em que será possível a paralisação. Todavia, trata-se de exceção à regra, ou seja, os serviços poderão ser interrompidos nos seguintes casos: Desde que ocorra o prévio aviso: o Para fins de manutenção o Por razões de inadimplência (falta de pagamento). Neste caso, o débito deve ser atual, considerado este o até três meses do aviso de corte. (se for débito antigo, segundo entendimento do STJ não poderá ocorrer a suspensão no fornecimento). Sem aviso prévio o Situações emergenciais (catástrofes ou decorrentes de eventos da natureza ou caso fortuito/força maior) 3.11 Princípio da segurança jurídica O princípio da segurança jurídica, denominado por alguns de princípio da proteção da confiança (boa-fé), estabelece Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 24 a necessidade de estabilidade das relações jurídicas em virtude do transcurso de tempo e da boa-fé do administrado. É decorrência desse princípio a decadência, a prescrição, bem como os postulados constitucionais do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada. Esse princípio é visto sob duas vertentes, a perspectiva de certeza, ou seja, no sentido de que as normas e regras são de conhecimento comum, e a perspectiva de estabilidade, isto é, de que as relações constituídas se consolidam com o tempo (segurança jurídica) e de que o administrado, por atuar de boa-fé, não pode sofrer com atos da Administração que venham no futuro a ser invalidados, já que gozam de presunção de legalidade. O prof. Carvalho Filho ainda indica o princípio da precaução, retirado do âmbito do Direito Ambiental, mas que também já vem sendo adotado no âmbito do Direito Administrativo, no sentido de que se determinadas condutas traz riscos para a coletividade a Administração deve tomar medidas (prevenção) para evitar que tais ações/eventos lhe geram danos. Por exemplo, se um empresário que desenvolver um novo projeto empresarial (exploração de determinado componente) ao solicitar o alvará para funcionamento dessa atividade, a Administração deverá lhe cobrar os estudos necessários para saber qual o impacto que essa exploração possa vir a causar na coletividade (precaução). Assim, vamos às questões. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 25 4. QUESTÕES COMENTADAS 1. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRF 5ª REGIÃO – FCC/2008) Os princípios informativos do Direito Administrativo (A) ficam restritos àqueles expressamente previstos na Constituição Federal. (B) consistem no conjunto de proposições que embasa um sistema e lhe garante a validade. (C) ficam restritos àqueles expressamente previstos na Constituição Federal e nas Constituições Estaduais. (D) são normas previstas em regulamentos da Presidência da República sobre ética na Administração Pública. (E) são regras estabelecidas na legislação para as quais estão previstas sanções de natureza administrativa. Comentário: A alternativa “a” está errada, pois temos princípios expressos e implícitos na Constituição. É, por exemplo, princípio administrativo implícito o da supremacia do interesse público, o da indisponibilidade, a proporcionalidade, dentre outros. A alternativa “b” está correta. De fato, os princípios consistem no conjunto de proposições que embasa um sistema e lhe garante a validade. A alternativa “c” está errada, pelo mesmo fundamento da Alternativa “a”. Como afirmado, temos princípios expressos e implícitos na Constituição Federal. A alternativa “d” também está errada, e é absurda, pois subverte o sentido dos princípios, na medida em que esses dão fundamento de suporte ao regime jurídico, de modo que não são normas previstas em regulamentos, pois ou estão expressos na Constituição ou decorrem diretamente dela (implícitos). Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 26 A alternativa “e” está errada. É que os princípios, além de não serem regras (são vetores, fundamentos, alicerces do sistema), não estabelecem sanção administrativa para seu descumprimento. A sanção para o descumprimento de um princípio é a declaração de inconstitucionalidade ou ilegalidade do ato. Os princípios, na verdade, são fontes de onde emanam as regras. Gabarito: “B” 2. (FCC/2014 – TCE/PI – AUDITOR FISCAL DE CONTROLE EXTERNO) O ordenamento jurídico pátrio agasalha regimes jurídicos de natureza distinta. A Administração pública a) obrigatoriamente submete-se a regime jurídico de direito público em matéria contratual. b) submete-se a regime jurídico de direito público, podendo, por ato próprio, de natureza regulamentar, optar por regime diverso, em razão doprincípio da eficiência e da gestão administrativa responsável, e adequado planejamento. c) pode submeter-se a regime jurídico de direito privado ou a regime jurídico de direito público, conforme disposto pela Constituição Federal ou pela lei. d) quando emprega modelos privatísticos, é integral sua submissão ao direito privado. e) pode submeter-se a regime jurídico de direito público ou de direito privado, sendo a opção, por um ou outro regime jurídico, para a Administração pública indireta, livre ao Administrador. Comentário: Deve-se observar que temos no âmbito da Adm. Pública pessoa jurídica de direito público (adm. direta, autarquias e fundações públicas de direito público) quanto de direito privado (sociedade de economia mista, empresa pública e fundação pública de direito privado). Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 27 Assim, conforme essa natureza, regra geral, haverá a submissão ao regime jurídico de direito público ou ao regime jurídico de direito privado. Por isso, a alternativa correta é “c” que estabelece que a administração pública pode submeter-se a regime jurídico de direito privado ou a regime jurídico de direito público, conforme disposto pela Constituição Federal ou pela lei. A alternativa “a” está errada em razão de que em matéria contratual observa-se as regras de direito público com incidência das regras gerais de direito privado (contratos administrativos típicos) e as regras de direito privado a incidência, no que couber, das regras de direito público (contratos privados ou contratos administrativos atípicos). A alternativa “b” está errada por afirmar que a opção é por ato próprio de natureza regulamentar. É a CF e a lei que estabelece a submissão ao regime. A alternativa “d” está errada na medida em que as pessoas jurídicas de direito privado embora submetidas ao regime privatísticos também estão submetidas ao regime público (concurso, licitações, observância aos princípios constitucionais da adm., etc). A alternativa “e” está errada, pois não há a liberdade de escolha. A CF e a Lei é que definem o regime. Gabarito: “C”. 3. (FCC/2014 – PREF. RECIFE/PE – PROCURADOR) No que diz respeito ao regime jurídico administrativo, considere as seguintes afirmações: Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 28 I. Há, neste tipo de regime, traços de autoridade, de supremacia da Administração, sendo possível, inclusive, que nele se restrinja o exercício de liberdades individuais. II. As chamadas prerrogativas públicas, para que sejam válidas, devem vir respaldadas em princípios constitucionais explícitos na Constituição Federal. III. Via de regra, também integram o regime jurídico administrativo de um município as leis, os decretos, os regulamentos e as portarias do Estado em que ele se localiza. IV. É tendência da maioria da doutrina administrativista contemporânea não mais falar em “restrições” ou “sujeições” como traço característico do regime jurídico administrativo, em razão dessas expressões poderem levar à falsa conclusão de que as atividades da Administração que visam a beneficiar a coletividade podem estar sujeitas a limites. Está correto o que se afirmar APENAS em a) IV. b) I c) I e III. d) II e IV. e) I, II e III. Comentário: A assertiva I está correta. O regime jurídico administrativo, também denominado regime jurídico de direito público, há traços de autoridade, de supremacia da Administração, sendo possível, inclusive, que nele se restrinja o exercício de liberdades individuais em favor da coletividade (supremacia do interesse público sobre o privado). A assertiva II está errada. As chamadas prerrogativas públicas, para que sejam válidas, devem vir respaldadas em princípios constitucionais explícitos ou implícitos na Constituição Federal. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 29 A assertiva III está errada. Cada ente federativo tem seu regime jurídico próprio. Assim, via de regra, não integram o regime jurídico administrativo de um município as leis, os decretos, os regulamentos e as portarias do Estado em que ele se localiza. A assertiva IV está errada. Embora haja tendência em mitigar certos aspectos do regime jurídico administrativo, não se pode afastar o entendimento de que as atividades da Administração que visam a beneficiar a coletividade podem e estão sujeitas a limites, a exemplo dos direitos e garantias individuais. Gabarito: “B”. 4. (PROCURADOR – PGE/AL – FCC/2008) O regime jurídico administrativo possui peculiaridades, dentre as quais podem ser destacados alguns princípios fundamentais que o tipificam. Em relação a estes, pode-se afirmar que o princípio da (A) supremacia do interesse público informa as atividades da administração pública, tendo evoluído para somente ser aplicado aos atos discricionários. (B) supremacia do interesse público informa as atividades da administração pública e pode ser aplicado para excepcionar o princípio da legalidade estrita, a fim de melhor representar a tutela do interesse comum. (C) legalidade estrita significa que a administração pública deve observar o conteúdo das normas impostas exclusivamente por meio de leis formais. (D) indisponibilidade do interesse público destina-se a restringir a edição de atos discricionários, que só podem ser realizados com expressa autorização legislativa. (E) indisponibilidade do interesse público destina-se a restringir a atuação da administração pública, que deve agir nas hipóteses e limites constitucionais e legais. Comentário: Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 30 A alternativa “a” está errada. A supremacia do interesse público informa toda a atividade da Administração Pública, de modo que não se aplica somente a atos discricionários, ela incide tanto em atos vinculados, quanto em discricionários, desde que haja a atuação da Administração Pública investida em prerrogativa de modo a assegurar a realização do interesse público. A alternativa “b” também está errada, pois o princípio da supremacia não excepciona o princípio da legalidade estrita. Na verdade, como bem esclarece a profa. Di Pietro, ele está presente no momento da elaboração da lei, como no momento da sua execução, de modo que o exercício da função pública está submisso ao traçado na Constituição e nas Leis. A alternativa “c” está errada. Observe que a legalidade administrativa, também chamada de estrita, estabelece o dever de observar a lei em sentido amplo, ou seja, desde a Constituição até os atos infralegais, tal como portarias, regulamentos, instruções normativas, e não apenas lei em sentido formal, ouseja, lei ordinária, lei complementar ou outra espécie normativa. A alternativa “d” também está errada. Por força das explicações anteriores, podemos concluir que a indisponibilidade, por ser o contraponto da supremacia, aplica-se a qualquer atuação da Administração, não só aos atos discricionários. Assim, a alternativa “e” é a correta. A indisponibilidade do interesse público destina-se a restringir a atuação da administração pública, que deve agir nas hipóteses e limites constitucionais e legais. Gabarito: “E”. 5. (COMISSÁRIO DE INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – TJ/RJ – FCC/2012) O princípio da supremacia do interesse público Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 31 a) informa toda a atuação da Administração Pública e se sobrepõe a todos os demais princípios e a todo e qualquer interesse individual. b) está presente na elaboração da lei e no exercício da função administrativa, esta que sempre deve visar ao interesse público. c) informa toda a atuação da Administração Pública, recomendando, ainda que excepcionalmente, o descumprimento de norma legal, desde que se comprove que o interesse público restará melhor atendido. d) traduz-se no poder da Administração Pública de se sobrepor discricionariamente sobre os interesses individuais, dispensando a adoção de formalidades legalmente previstas. e) está presente na atuação da Administração Pública e se consubstancia na presunção de veracidade dos atos praticados pelo Poder Público. Comentário: A alternativa “a” está errada. Muito embora o princípio da supremacia informe toda a atuação da Administração Pública, ele não se sobrepõe a todos os demais princípios e a todo e qualquer interesse individual. Primeiro porque não há hierarquia entre princípios constitucionais, segundo que mesmo diante da supremacia devem ser respeitados os direitos e garantias individuais. A alternativa “b” está correta. De fato, o princípio da supremacia está presente na elaboração da lei e no exercício da função administrativa, esta que sempre deve visar ao interesse público. A alternativa “c” está errada. A supremacia do interesse público não recomenda, ainda que excepcionalmente, o descumprimento de norma legal, desde que se comprove que o interesse público restará melhor atendido. O que pode ocorrer é uma aparente colisão entre princípios, quando, em algum momento, possa preponderar um em detrimento do outro. A alternativa “d” está errada. O princípio da supremacia não se traduz no poder da Administração Pública de se sobrepor Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 32 discricionariamente sobre os interesses individuais, dispensando a adoção de formalidades legalmente previstas. A alternativa “e” está errada. A presunção de veracidade decorre da legalidade que é inerente à indisponibilidade do interesse público. Gabarito: “B”. 6. (AUDITOR – TCE/AL – FCC/2008) “A Justiça Federal em Florianópolis recebeu 17 mandados de segurança contra a medida provisória (MP) da Presidência da República publicada em 22 de janeiro, que proibiu a venda e a oferta de bebidas alcoólicas em faixa de domínio de rodovia federal ou estabelecimento situado em local com acesso direto à rodovia. Em dois processos, as empresas conseguiram a liminar que impede (...) multa em caso de infração à MP; em quatro o pedido foi negado e nos demais ainda não houve decisão.” (Fonte: www.jf.gov.br. Notícias, em 13.02.08) Como fundamento dessa medida provisória, o Poder Executivo federal pode evocar, dentre os princípios do Direito Administrativo, o da (A) indisponibilidade do interesse público. (B) continuidade dos serviços públicos. (C) supremacia do interesse público. (D) especialidade. (E) segurança nacional. Comentário: O princípio da supremacia do interesse público estabelece a premissa de que o interesse público deve prevalecer sobre o particular. Assim, em regra, em caso de conflito deve dar-se primazia àquele em detrimento deste. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 33 Por isso, toda vez que o Estado venha estabelecer limites à liberdade visando a segurança coletiva, o bem estar geral, estaremos diante da aplicação desse princípio, a exemplo dessa vedação de venda de bebidas alcoólicas em estrada cujo sentido é de evitar, reduzir, o número de acidentes, preservando a vida e saúde das pessoas, isto é atender o interesse coletivo de segurança nas rodovias e avenidas em detrimento da “liberdade” de alguns. Gabarito: “C”. 7. (FCC/2014 – TRT 2ª REGIÃO (SP) – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR) O princípio da supremacia do interesse público informa a atuação da Administração pública. a) de forma absoluta diante das lacunas legislativas, tendo em vista que o interesse público sempre pretere o interesse privado, prescindindo da análise de outros princípios. b) subsidiariamente, se não houver lei disciplinando a matéria em questão, pois não se presta a orientar atividade interpretativa das normas jurídicas. c) alternativamente, tendo em vista que somente tem lugar quando não acudirem outros princípios expressos. d) de forma prevalente, posto que tem hierarquia superior aos demais princípios. e) de forma ampla e abrangente, na medida em que também orienta o legislador na elaboração da lei, devendo ser observado no momento da aplicação dos atos normativos. Comentário: Nem um princípio é absoluto. Também não há superioridade, ou seja, não há hierarquia entre princípios constitucionais. O que se pode falar é em dimensão do peso. Significa dizer que no caso concreto um princípio pode ter maior aplicação do que o outro (ponderação de valores). Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 34 Assim, o princípio da supremacia do interesse público é aplicável de forma ampla e abrangente, na medida em que também orienta o legislador na elaboração da lei, devendo ser observado no momento da aplicação dos atos normativos. Gabarito: “E”. 8. (FCC/2013 – MPE/SE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO) Os princípios básicos da Administração pública podem ser expressos ou implícitos, sendo estes reconhecidos a partir da interpretação da doutrina e jurisprudência, impondo determinados padrões e balizas para atuação da Administração pública. Dentre eles, está o princípio da indisponibilidade do interesse público que a) prevalece sobre os demais princípios implícitos e explícitos, mitigando o próprio princípio da legalidade, na medida em que faculta ao Gestor Público, até mesmo por ato administrativo, afastar a aplicação de lei que o autorize a transigir, por ofensa à indisponibilidade do interesse público. b) determinaque os interesses privados não possam se sobrepor ao interesse público, inviabilizando que as matérias de conteúdo patrimonial, sob litígio durante a execução de um contrato de concessão de serviço público, sejam submetidas e decididas por mecanismos privados para resolução de disputas. c) impede a celebração de termos de ajustamento de conduta com a Administração pública, já que exclui a possibilidade de negociação de seu conteúdo entre os partícipes, sob pena de ofensa à legalidade. d) é uma das facetas do princípio da licitação, ao lado do princípio expresso da impessoalidade, evitando privilégios e favorecimentos direcionados àqueles que possam não executar o objeto da contratação satisfatoriamente. e) fundamenta o sacrifício ao exercício de competências atribuídas por lei à Administração pública, como a instalação de infraestrutura Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 35 rodoviária sobre área irregularmente ocupada por movimento de sem- teto. Comentário: A alternativa “a” está errada. Não há prevalência desse princípio sobre os demais princípios implícitos e explícitos. A alternativa “b” está errada. O STF firmou entendimento de que é possível se adotar meios alternativos de solução de conflito (arbitragem, por exemplo) envolvendo a administração pública quando se tratar de matérias de conteúdo patrimonial. A alternativa “c” está errada. Não há impedimento de celebração de termos de ajustamento de conduta (TAC) com a Administração pública (a exemplo dos TAC sobre terceirização na administração pública, quando se estabeleceu prazo para a redução de tal pratica e a realização de concurso público). A alternativa “d” está correta. O princípio da indisponibilidade pode ser visto como uma das facetas do princípio da licitação (restrição imposta à administração pública para adquirir, comprar etc), ao lado do princípio expresso da impessoalidade, evitando privilégios e favorecimentos direcionados àqueles que possam não executar o objeto da contratação satisfatoriamente. A alternativa “e” está errada. A indisponibilidade não permite ao administrador afastar a incidência da lei, de modo a subverter dada competência para manutenção de ocupação irregular. Isso até pode acontecer, mas com base na segurança jurídica e em outros princípios constitucionais (função social da propriedade, direito fundamental à moradia etc). Gabarito: “D”. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 36 9. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TST – FCC/2012) Segundo a literalidade do caput do art. 37 da Constituição de 1988, a Administração pública obedecerá, entre outros, ao princípio da a) proporcionalidade. b) razoabilidade. c) igualdade. d) moralidade. e) boa-fé. Comentário: O art. 37, caput, da CF/88, expressamente indica que a Administração Pública obedecerá aos princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Gabarito: “D”. 10. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/SP – FCC/2012) De acordo com a Constituição Federal, constituem princípios aplicáveis à Administração Pública os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Tais princípios aplicam-se às entidades a) de direito público, excluídas as empresas públicas e sociedades de economia mista que atuam em regime de competição no mercado. b) de direito público e privado, exceto o princípio da eficiência que é dirigido às entidades da Administração indireta que atuam em regime de competição no mercado. c) integrantes da Administração Pública direta e indireta e às entidades privadas que recebam recursos ou subvenção pública. d) integrantes da Administração Pública direta e indireta, independentemente da natureza pública ou privada da entidade. e) públicas ou privadas, prestadoras de serviço público, ainda que não integrantes da Administração Pública. Comentário: Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 37 Nos termos do art. 37, caput, da CF/88, os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência aplica- se a toda a Administração Pública, direta ou indireta, qualquer que seja a natureza do ente ou da entidade. Gabarito: “D”. 11. (ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – TCE/AP – FCC/2012) De acordo com a Constituição Federal, os princípios da Administração Pública aplicam-se a) às entidades integrantes da Administração direta e indireta de qualquer dos Poderes. b) à Administração direta, autárquica e fundacional, exclusivamente. c) às entidades da Administração direta e indireta, exceto às sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica. d) à Administração direta, integralmente, e à indireta de todos os poderes e às entidades privadas que recebem recursos públicos, parcialmente. e) à Administração direta, exclusivamente, sujeitando- se as entidades da Administração indireta ao controle externo exercido pelo Tribunal de Contas. Comentário: Os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência aplica-se a toda a Administração Pública, direta ou indireta, de quaisquer dos Poderes da União, Estados, DF e Municípios. Gabarito: “A”. 12. (AUXILIAR JUDICIÁRIO – TJ/PA – FCC/2009) Os princípios da Administração Pública que têm previsão expressa Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 38 na Constituição Federal são: (A) autotutela, publicidade e indisponibilidade. (B) legalidade, publicidade e eficiência. (C) moralidade, indisponibilidade e razoabilidade. (D) publicidade, eficiência e indisponibilidade. (E) eficiência, razoabilidade e moralidade. Comentário: De acordo com o art. 37, caput, da Constituição Federal de 1988, os denominados princípios básicos da Administração Pública, expresso na Constituição, são a Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Gabarito: “B”. 13. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/RS – FCC/2011) Na relação dos princípios expressos no artigo 37, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil, NÃO consta o princípio da a) moralidade. b) eficiência. c) probidade. d) legalidade. e) impessoalidade. Comentário: De acordo com o art. 37, caput, da Constituição Federal de 1988, os denominados princípios básicos da Administração Pública, expressos na Constituição, são: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Portanto, dentre tais princípios expressos no caput do art. 37 não consta o princípio da probidade administrativa. Gabarito: “C”. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSODE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 39 14. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/TO – FCC/2011) São princípios da Administração Pública, expressamente previstos no artigo 37, caput, da Constituição Federal, dentre outros, a) eficiência, razoabilidade e legalidade. b) motivação, moralidade e proporcionalidade. c) legalidade, moralidade e impessoalidade. d) publicidade, finalidade e legalidade. e) eficiência, razoabilidade e moralidade. Comentário: De acordo com o art. 37, caput, da Constituição Federal de 1988, os denominados princípios básicos da Administração Pública, expresso na Constituição, são Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Assim, os princípios da razoabilidade, proporcionalidade estão implícitos na Constituição e o da finalidade é decorrência do princípio da impessoalidade. Gabarito: “C”. 15. (FCC/2014 – TCE/RS – AUDITOR PÚBLICO EXTERNO) Os princípios que regem a Administração pública a) são aqueles que constam expressamente do texto legal, não se reconhecendo princípios implícitos, aplicando-se tanto à Administração direta quanto à indireta. b) podem ser expressos ou implícitos, os primeiros aplicando-se prioritariamente em relação aos segundos, ambos se dirigindo apenas à Administração direta. c) são prevalentes em relação às leis que regem a Administração pública, em razão de seu conteúdo ser mais relevante. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 40 d) dirigem-se indistintamente à Administração direta e às autarquias, aplicando-se seja quando forem expressos, seja quando implícitos. e) aplicam-se à Administração direta, indireta e aos contratados em regular licitação, seja quando forem expressos, seja quando implícitos. Comentário: A alternativa “a” está errada. Os princípios constitucionais estão expressos e implícitos no texto constitucional. A alternativa “b” está errada. Não há prioridade de um princípio em relação ao outro. Não há hierarquia entre eles. A alternativa “c” está errada. A prevalência em relação à lei é que esta deve guardar conformidade com aqueles, pois além de serem normas fundamentais, estão na CF (hierarquia superior a lei). A alternativa “d” está correta. Os princípios dirigem-se indistintamente à Administração direta e às autarquias, aplicando-se seja quando forem expressos, seja quando implícitos. Veja que não se exclui os demais entes da adm. indireta, ou seja, a alternativa apesar de omitir tal parte, não está limitando ou excluindo as demais entidades administrativas. A alternativa “e” está errada. Os contratados são particulares e como tais submetem-se a regime privado e às regras contratuais no que se refere ao contrato. Gabarito: “D”. 16. (FCC/2013 – TRT 15ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Os princípios que regem a Administração pública podem ser expressos ou implícitos. A propósito deles é possível afirmar que: Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 41 a) moralidade, legalidade, publicidade e impessoalidade são princípios expressos, assim como a eficiência, hierarquicamente superior aos demais. b) supremacia do interesse público não consta como princípio expresso, mas informa a atuação da Administração pública assim como os demais princípios, tais como eficiência, legalidade e moralidade. c) os princípios da moralidade, legalidade, supremacia do interesse público e indisponibilidade do interesse público são expressos e, como tal, hierarquicamente superiores aos implícitos. d) eficiência, moralidade, legalidade, impessoalidade e indisponibilidade do interesse público são princípios expressos e, como tal, hierarquicamente superiores aos implícitos. e) impessoalidade, eficiência, indisponibilidade do interesse público e supremacia do interesse público são princípios implícitos, mas de igual hierarquia aos princípios expressos. Comentário: São expressos a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Mas, não há hierarquia entre tais princípios e os implícitos. Não são expressos (são implícitos) os princípios da indisponibilidade, razoabilidade, proporcionalidade, segurança jurídica, boa-fé e supremacia do interesse público. Todavia, embora a supremacia do interesse público não conste como princípio expresso, informa a atuação da Administração pública assim como os demais princípios, tais como eficiência, legalidade e moralidade. Gabarito: “B”. 17. (FCC/2013 – TRT 5ª REGIÃO (BA) – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O artigo 37 da Constituição Federal dispõe que a Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 42 Administração pública deve obediência a uma série de princípios básicos, dentre eles o da legalidade. É correto afirmar que a legalidade, como princípio de administração, significa que o administrador público, em sua atividade funcional, a) pode fazer tudo que a lei não proíba, porque a Constituição Federal garante que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. b) está vinculado à lei, não aos princípios administrativos. c) deve atuar conforme a lei e o direito, observando, inclusive, os princípios administrativos. d) está adstrito à lei, mas dela poderá afastar-se desde que autorizado a assim agir por norma regulamentar. e) está adstrito à lei, mas poderá preteri-la desde que o faça autorizado por acordo de vontades, porque na Administração pública vige o princípio da autonomia da vontade. Comentário: Significa dizer que o administrador deve atuar conforme a lei e o direito, observando, inclusive, os princípios administrativos. Portanto, a alternativa “c” está correta. Assim, a alternativa “a” está errada. Pois a legalidade geral ou autonomia da vontade, no sentido de que pode fazer tudo que a lei não proíba, porque a Constituição Federal garante que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, é aplicável aos particulares. O agente público somente pode fazer o que a lei autoriza ou determina. As alternativas “b”, “d” e “e” estão erradas. Está vinculado à lei e aos princípios administrativos, não podendo dela se afastar, nem mesmo preteri-la. Gabarito: “C”. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS Direito Administrativo Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 43 18. (FCC/2013 – TJ/PE – JUIZ) A Constituição Federal vigente prevê, no caput de seu art. 37, a observância, pela Administração Pública, do princípio da legalidade. Interpretando-se essa norma em harmonia com os demais dispositivos constitucionais, tem-se que
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