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Relacoes Comunitarias Etnicas - Max Weber

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Reitor
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Lauro Morhy
Vice-Reitor Timothy Martin Mulholland
EDITORA UNIVERSIDADE DE B'RAs:tr.rA
Diretor Alexandre Lima
"'CONSELHO EDITORIAL
CONSELHEIROS
Alexandre Lima
Clarimar Almeida Valle
Dione Oliveira Moura
Henryk Siewierski
Jader Soares Marinho Filho
Ricardo Silveira Bernardes
Suzete Venturelli
• I
() (9j. . ( . f
~.( e[.,O 01..."0. !/\.,...1.. •.0--yfV' ,) c.. ~) ,13.evJc; A/V ~ )
Iimprensaoficlal
Diretor Presidente
Diretor Vice-Presidente
Diretor Industrial
Diretor Financeiro e Administrativo
Núcleo de Projetos Institucionais
Projetos Editoriais
IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
Hubert Alquéres
Luiz Carlos Frigerio
Teiji Tomioka
Flávio Capello
Emerson Bento Pereira
Vera Lucia Wey
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Puf· V/J/volb Max Weber '
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ECONOMIA
E SOCIEDADE
Fundamentos da
sociologia compreensiva
VOLUME 1
Tradução de
Regis Barbosa e Karen EIsabe Barbosa
(a partir da quinta edição, revista, anotada
e organizada por Johannes Wincklelmann)
Revisão técnica de
Gabriel Cohn
Iimprensaoficial
São Paulo, 2004
•
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~
f'lfr ( NJp't~ '/) ttrct-ciriA <AlÔ> ~ ~ J. ,ú
J~'c0-
lll:....::\u 1
Capítulo N
RELAÇÕES COMUNITÁRIAS ÉTNICAS
§ 1. A pertínêncía à "raça"
Uma fonte da açâo comunitária muito mais problemática do que as circunstâncias
tratadas até agora éã sse efetivamene 15aseadana descendência comum de disposições
'l~, herdadas e heredltar amente transrníssíveís. a pertinênda à raça". ECIaro que
esta somente conauz a uma rlcomurudãde" quando é sentida subjetivamente como carac-
terística comum, o qu't! ocálTé apenas quando a vízínhança local ou outros vínculos
entre pessoas de raças distintas levam a uma ação comum (na maioria das vezes, política)
OU quando, ao contrário, certo destino comum dos racialmente homogêneos se liga
a algum contraste existente com outros de características acentuadamente distintas, A
afio comunitária assim originada costuma manifestar-se, em geral, de modo puramente
negativo, como diferenciação ou aeSRr~ ou, ao contrário, como medo supersticioso
diante dos patentemente' distintos. Aque e que se distingue por seu hsbitus externo
é simplesmente desprezado - "faça" ou "seja" ele o que queira -, ou, ao contrário.
é venerado de modo supersticioso, quando constantemente se mostra prepotente. A
repulsão é o primário e normal. Mas, 1) este tipo de "repulsão" não é próprio, de
modo algum, somente dos representantes de características antropológicas comuns rela-
tivamente a pessoas distintas, nem sua intensidade é determinada pelo grau de afinidade ri
antropológica e, 2) ele está também e sobretudo vinculado a outras diferenças patentes . ~
do habitus externo não herdadas. ~4'
Se fosse possível determinar, de m,2io puramenle fisiológlçp, o grau de diferença ( y
, racial objetiva, entre outras coisas, iãiii6ém pela circunstância de os bastardos se repro- ~
duzírern ou não em proporção normal, poder-se-ia ,entã!lij.l!erer medir o grau de atração ~
mútua ou repulsão racial subjetiva, com base no fato de as relações sexuais se estabele- ..y
cerem com freqm~nda ou raramente, preferencialmente como relações duradouras ou
de modo temporário e irregular. A exlstênçia ou a alta do Q!l\!...L. eria, assim, em
t.Qdasas comunidades com uma consciência "étnica~clal d vida, uma co~
qüênda.normal da atração ou do isolamento cada!. A pesquisa da atração ou repulsão
sexual entre comunidades étnicas diferentes eStá hoje ainda em seus começos. ~~
enor dúvida de que, parvwnt-€f.lsidªde d.<!lireiaçães.seJrn.~ara a formaçã~lJ\'
Qe comilliIaãaes cOIwblais", fator~s,.JstQ-é,-cond.lçJ.QwldQs pcla com'1ill~"&t \,1\
étnica, têm alguma imP~ndo.à$..v.ez~-até-decisiy.o~a "12!:.lmor.di.a.lidado.~~;
~Jsão-se:xt:Ilrt-eIl11.e ra9s,:div~sr-mesme-tfiHandG-se-~JIlllitOj;:lIgªDt.~,
~ta~'poTl!XefiiP.Iü. pelos milhões de mulatos nos Estados Unidos, O repúdio
de toda relação sexual entre as duas raças - além.da proibição direta do matrimônio
entre, elas, nos estados sulistas - sustentado por arribas aspartes, recentemente também
pelos negros, é um produto das pretensões destes, surgidas com-a-emanclpaçáo dos
MAXWEJlER
'escravos, de serem tratados como cidadãos com direitos iguais, sendo, portanto, social-
mente condicionado pelas tendências, esquernancarnente já conheddas e vinculadas
neste caso à raça, à monopolização de poder e honra sociais. O próprio "conúbio",
isto é, O fato de descendentes de comunidades sexuais permanentes serem admitidos
pela comunidade política, estamental ou econômica do pai como iguais à participação .
na ação comunitária e em suas vantagens, depende de várias círcunstâncías. Sob o
domínio da inabalada autoridade doméstica paterna, estava totalmente no arbítrio do
pai conceder a alguns filhos de escravas os mesmos direitos que aos demais. Com'
a glorificação do rapto da mulher pelo herói, a mistura de raças na camada dominante
tornou-se praticamente a regra. Somente a tendência, esquematicamente conhecida,
ao fechamento rnonopolísta das comunidades políticas, estamentais ou outras e à mono-
polização das probabilidades de casamento limita progressivamente esse poder do chefe
da casa e cria a restrição rigorosa do conúbio aos descendentes de comunidades sexuais
permanentes dentro da própria comunidade (estarnental, política, econômica ou de
culto) e assim, ao mesmo tempo, um cruzamento consangüíneo muito eficaz. A "endo-
gamia" de uma comunidade - entendendo-se por esta não apenas O simples fato de
existirem relações sexuais permanentes predominantemente sobre a'base da pertínência
a alguma associação, mas também, determinado processo na ação comunitária, de modo
a somente serem aceitos como participantes iguais nessa ação os descendentes endoga-
mícarnente engendrados - parece ser, por toda parte, um produto secundário de seme-
lhantes tendências. (Não se deveria falarde uma endogamia "de clã"; esta não existe
ou então deseja-se designar com este nome somente fenômenos como o levírato ou
o direito de herança das filhas de Origem secundária, religiosa ou polítíca.) A criação
de tipos amrogoJógicos puros é freqüentem ente .Cõõ.Seéiü~naasecunClãn ee seme-
lhante isolamento Cõna.1ciona o por motIvos guals uer, tanto no caso e seitas (na
Índia uamo de" ovos:p nas" , isto ,comunidade são es reza_dase, não
ob t radas como vizi os aevido áCii!terminada técnica especial e in iSflen-
sável Que monopolizam.
_O fato não apenas de se observar o laço real de sangue como tal mas também
o grau em que isso ocorre é co-determinado por outros motivos além da afinidade
racial objetiva. Nos Estadu; Unidos uma· mínima ata de san ue ne ro des ualifica
uma pessoa de mo o a so uto, enquanto que isso não ocorre com pessoas com guanti-
dãde consIderável de sangue indio. Além da aparência dos negros puros que, do ponto
de VIsta estético, é muito mais estranha do que a dos índios e certamente constitui
um fator de aversão, sem dúvida contribui paraesse fenômeno a lembrança de os
negros, em oposição aos índios, terem sido um povo de escravos, isto é, um grupo
estamentalmente desqualíficado, Diferen s estamentais, isto é . . iuven-
rude, e particularmente diferenças de educação' no sentido mais amplo da .palavra)
obstruem de mõdo muito mais forte o conúbio convencional do ue d' e e s.dc,
ti a . mgera, a mera erença antropo gica, prescindindo-se dos casos
extremos de repulsão estética, é pouco decisiva,
§ 2. Nasclmento da .ídéla de coletividade étnlca,
ComunIdadellngüistica e de culto
Se as diferenças sentidas como extremamente discordantes e, portanto, segrega-
deras têm sua base na "dísposíção" ou na "tradição", esta é, em geral, uma questão
sem importância alguma no que concerne a seu efeito sobre a atração ou repulsão
mútua. Isto ocorre no desenvolvimento de comunidades conubiais endógarnas e muito
, mais ainda, naturalrriente, na atração e repulsão nas demais "relações", isto é, depen-
il·".::'I I .l- • .' lU -,
":r
.1
·:1
;. o~.·_AI'<P~ 1~ )~~
~,v-f~ ~ ~CONOMi" E SOCIEDADE 269
\ dendo de ~ relações de amizade, sociais ou econômicas e a formação de comunidades
de todo tipo, entre tais grupos, se estabelecerem com facilidade e baseadas na confiança
mútua e no tratamento como iguais-ou comdíficuldade,e. precauções que expressam
desconfiança. -"\.maiorou menor facilidade do nascimento de uma comunidade de uuer-
.câmbio social (no sentido mais amplo possível da palavra) est . vinculada a aspectos
extremamente exteriores das diferenças no inodo de viver a Itua, ocasiona as por
uma (asua R!ad"eiTtsllfica ass m como erança racia. Decisivo e, m -ttas vezês,
a m do caráter insólito os itos iscor ntes, o ato de que não se compreende -
o "costume" diferente em seu "sentido" subjetivo, porque para isso falta a chave.
Mas nem toda repulsão baseia-se na falta de uma comunidade de "compreensão", con-
forme logo veremos. Diferenças no penteado e na barba, nas roupas, na alimentação,
na divisão habitual do trabalho entre os sexos e, em. geral, todas as diferenças que
saltam à vista - cuja "importância" ou não, para a sensação imediata de atração ou
repulsão, implica tão poucas diferenças de grau como para descrições ingênuas de
-víagens, ou para Heródoto, ou para a antiga etnografía pré-científíca - podem, no ?
caso concreto, ocasionar re ulsão o_udes rezo da arte de essoas de costumes distintos
e como reverso positivo, uma onsciência de comunidade entre as homogêneas, a '~
. qual pode tornarl-sdeen aoda0portaéora de uma re adaçadocodmunditriadcom
é
a :nesmdafac.il~danhde . ~ \ .
que, por outro a o, t esp cie . e comuni e, es e a om snca e e VIZI os ~
.até a olítica e reli iosa~é geralmente' portadora de costumes comuns. as as dife- ::::--
enças e costumes' pooem limentar, e _S....Qortaores, um sentimento ~J:>e~.l.c_?
e onra" e 1 ru a e '. ..QLm,otivos or![,inais dílS diferepç:as nos hilli1f9§.. êfe viciá ~;
ãQes. üeCrd. e os contrastes subslst~~ como -rcõiivenç~s':. Assim con:o~_m~õ;' '."'\ i:
1oda comurudaOêpade--atUãr como gerãaora õe costumes, atua-tamtréríf de aIgUm;r··, \);1
forma, na seleção dos tipos antropológicos, concatenando a cada qualidade herdada í _~
probabilidades diversas de vida, sobrevivência e reprodução, tendo, portanto, função "i
. ~to.,--e.oLC..ertawrcunstâncj~~modo al~. Na diferenciaçã.o l~
em relação aO'exte~ocorre o mesmo que na homogenelzaçâo mterna. A tendência
ao isolamento monopolísta, já conhecida esquematícarnente, pode fixar-se em elemen- ._
tos quaisquer, por ~ais superficiais que sejam. A força universal da "imitação" atua J
geralmente no sentido 'ele fazer mudar, pouco a pouco, dé' um lugar para outro, os
hábitos puramente tradicionais, da mesma forma como os tipos antropológicos se alte-
ram pela mistura de raças. Fronteiras rigorosas entre regiões de divulgaç'io de determi-
nados hábitos externa .e.•~ -- - e tíveis sur iram, portanto, ou em virtude de um isola-
men monopo íst onscle t@ ue se fixou em pequenas diferenças e em seguida
as cultivou e aprofun ou propositalmente, ou em virtude de migrações pacificas ou
guerreiras de comunidades que até então. haviam vivido em lugares muito distantes
e tinham se adaptado, em suas tradições, a condições de existência heterogêneas. Exata-
mente, portanto, como tipos raciais acentuadamente diferentes, devido à criação no
isolamento, vêm a viver numa vizinhança rigorosamente delimitada em virtude de fecha-
mento rnonopolístaou de migração. De acordo com isto, a igualdade ou a diferença
no hábito e nos costumes, sejam elas patrimônio hereditário ou tradicional, estão arnbas
submetidas, de princípío, em seu nascimento e na alteração de seus efeitos, às mesmas
condições da vida de comunidade e são também iguais em seus efeitos comunízantes.
A diferença está, por um lado, na estabilidade extremamente diversa, segundo se trate
de património hereditário ou tradicional, e, por outro lado, nos limites fixos (ainda
que muitas vezes desconhecidos, em seus detalhes) dá criação de novas qualidades
hereditárias - diante dos quaís, apesar da transmissibilidade bastante diversa de tradi-
ções, existe uma margem muito maior para a "habituação" a "costumes".
~. Quase toda forma comum ou contrária do hábito ou dos costumespode motivar
".
"
",:'
~W~1-A
MAXWEBER - j~~~- .• ,
~ a-crença subjetiva de que existe, entre os grupos que se atraem ou se repelem, uma
~ afinidade ou heterogeneídade de origem. Sem dúvida, nem toda crença na afinidade
de orig;:m baseia-se....@.,ig~dade dos ~ostu~ltO. ~.~~~. de grand~
~ diV'eTgencias neste campo, semeIIíante cren õ<feei:istIr e desenvd-eerJiüiã1'orJ :.çfíádC?rã·~e"c~mlf~.é.!ia~:~~~ndtJapoi~dimr em.-fan ... ~}1ffi.[m!g.~a?orêã ;.~~euma
,•.f;.QJomza• o ou e Di! ;v..U ._ _~tos aa-ª-_J<taçao a~ a ítu e
as recor çoes iuventu.d~c_Qutinuam.atua.m;l0-f.l0S-emi:g-m·ntes,como fonte dó "senti-
mento de apego à terra najgl", mesmo quando estes se adaptaram tão completamente
ao novo ambiente que um retorno ao país de orígéín lhes seria insuportável (como'
1
ocorre, por exemplo, com a maioria dos alemães na América). Nas colônias, a relação
interna dos colonizadores para com o país de origem sobrevive até a fones misturas.Lcom os habitantes locais e a consideráveis modificações tanto do patrimônio tradicional
~ quanto do tipo hereditário. O decisivo, neste caso, quando se trata de colonização
.{~ política, é a necessidade de respaldo político; além disso, em geral, pesam a persistência
~ das relações de parentesco, criadas pelo conúbio e, por fim, desde que os "costumes"
'" tenham permanecido constantes, as relações de mercado, as quais, enquanto dura a
~
constância do nível de necessidades, 'podem existir, com intensidade especial, .entre
~país de origem e a colônia, e isso particularmente quando se trata de colônias em
. )uu; ambiente quase absolutamente, estranho e em um território político estranho ...,A ~
]:rença na afinidade de origem - seja esta objetivamente fundada ou não - ~ A
ter conseqüências imponantes pàrucularmente para a forma~o de comunidades palíti- f.,
~Como não se trata de das, êhãmaremos ru os "étnicos" aqueles grupos huOlã'íiõS"j
que, em virtude de semelhanças no a 1tuS externo ou no , ou em am ,
ou em virtude de lembranças de coloniza ão e migração, nutrem uma crença subjetiva
na proce ncia comum, de tal m o ue esta se torna 1m rtante par a a ao
e re a ões comunitárias sendo in ' erente se existe ou não uma comum e e sangue
e etiva. A com ao tnica" distingue-se a romuni e _, _D fato de aquela
serã'penas produto jíe, um "sentimento de co'IDunidade" e não uma "comunidade"
~erdadeifà2 Ç,QmooêVa cuja essência pertence uma efetiva ação comunítãría, A cornu-
I nhão étnica (no sentido que damos) não constitui, em si mesma, uma comunidade,
,(\/ mas apenas um elemento que facilita relações comunitárias. Fomenta relações comuni-
tárias de natureza mais diversa, mas sobretudo, conforme ensina a experiência, as
políticas. Por outro lado, é a comunidade política que costuma despertar, em primeiro
lugar; por toda pane; mesmo quando apresenta estruturas muito artificiais, a crença
na comunhão étnica, sobrevivendo esta geralmente à decadência daquela, a não ser
que diferenças drásticas de costumes e de hábito ou, particularmente, de Idioma o
impeçam. úõ:- O-~~. ~ nlH.J,,:;v-O-
Esta forma "artífícíal" de nascimento de umacren~ comunhã'&étnica corres-
pende por inteiro ao esquema conhecido da transformação de .relaçõesassocíatívas
racionais em relações comunitárias pessoais, Sob as condições de uma ação social racío-
nal e objetiva pouco dívulgada, quase toda relação associativa, mesmo aquela que 'tenha
sido criada por motivos puramente racionais, atrai a consciência de uma comunidade
.abrangente que se rnanífesta na forma de uma confraternização pessoal, baseada na
crença na comunhão "étnica". Ainda entre os helenos, toda nova estruturação da pólis,
por mais arbitrária que fosse, levou a uma associação pessoal com pelo menos urna
comunidade de culto e, muitas vezes" com um antepassado comum artificialmente cria-
do, As doze tribos de Israel eram subdivisões da comunidade política que se revezavam
a cada mês na execução de determinados serviços, do mesmo modo que as phylaJ
helênicas e suas subdivisões. Mas também as últimas são consideradas comunidades
da mesma origem étnica. Sem dúvida, a divisão originária pode ter-se baseado em
~.• , .:', I IÜt ... .' \.
ECONOMIA E SOCIEDADE
diferenças' políticas ou étnicas já existentes. Mesmo onde foi construída de modo pura-
mente racíonal e esquemático, dilacerando-se as associações antigas e renunciando-se
à unidade local- como no caso de Clístenes ":::7,. At:u~!-I,.ºQ,m~mq.~~miQ9,.,º~,m9;dq
étnico, Isto não significa, portanto, que a polis helêníca fosse realmente, ou em sua; I'
origem'; em regra, um estado de tribo ou de linhagem, mas que é um sintoma do ".
grau geralmente baixo de racionalização de toda a vida comunitária helêníea. Ao contra- ','
rio, o fato de as antigas subdivisões esquemáticas da comunidade política romana (eu-.
ri~e) terem assumido em grau muito baixo aquela importância religiosa que gera a ~
ilusão de uma origem étnica representa um sintoma de maior racionalização. iiI
. ' Acrençana comunhão "étnica" constitui muitas vezes, mas nem sempre, o limite ~
da "comunidade de interdm~io social"; mas esta, por sua vez, nem sempre é idêntica .t• .J
à comunidade conubíal endógarna, pois os círcul,os que cada uma delas CO,mpreende \ \~ ~;~
podem ter ralos bastante diversos. S,ua afinidade estreita baseia-se somente em um ~ I
,~ ..t:un.ç!;l_O.l~illJi.ç,Q.O).\Lrn;.~çanuma tlFiónra'" eSpeCificaãTI ;C'11Õ.nrTétnica11 - dó'S-'" '~J
" m.~mbt:bS,_dl!_q!~.~!.~oa~@ãs não p.ª"fu~-é>él!fa .. inidaQe co~ a ho_nr~,resta_"-" fi
mental" examinaremos mais tarde. Contentamo-nos aqui com estas poucasooservãÇOes:- f
Todo exa~e verdadeiramente sociológico teria de díferencíar os conceitos de modo f
infinitamente mais nítido do que aqui fazemos para nosso fim limitado. Ascomunidades, 1
por sua vez; Podem evocar sentimentos de comunhão que subsistem mesmo depois I
de a comunídade ter desaparecido e são sentidas como "étnicas". Especialmente a I
comunidade política pode ter semelhantes efeitos, Mas isso ocorre, de modo mais íme- !
díato, naquela comunidade que é portadora de um "patrimônio cultural de massas" 1
específico e que condlcíona ou facilita a "compreensão" mútua: a comunidade lingüís- I
~,' ~ !
Sem dúvida, ali onde por algum motivo permaneceu viva, a lembrança do nasci
mente de-uma comunidade exterior, em virtude de cisão pacifica ou emigração C'colÓ
rua", versacrum on processos semelhantes) a partir de uma comunidade matriz, exjst~
um sentimento de 'comunhão "étnica" muito específico e muitas vezes bastante resis-\l
tente, Mas este é condicionado pela comunidade política lembrada ou, mais fortemente ~
ainda na,época lnícíal, pela continuação do vínculo com as antigas comunidades CUltu-]
raís, bem como pelo fortalecimento contínuo das comunidades de clã e de outras rela-
ções comunltãrlas manifestado tanto na comunidade antiga quanto na nova e por outras
relações duradouras. e constantemente perceptíveis, Onde estas faltam ou cessam, falta
também o 'sentimento de comunhão "étnica", por mais estreita que seja a afinidade
de sangue,
Se tentamos verificar, de modo geral, as diferenças "étnicas" que restam quando
prescindimos da comunidade lingüística, que nem sempre coincide com a consangüí-
nidade objetiva ou subjetiva, fi da crença religiosa comum, também independente dessa
consangüinldade, bem corno, até o momento, do efeito de destinos políticos comuns
e suas lembranças - que, pelo menos objetivamente, nada tem a ver com a consangüí-
nidade -, temos, então, de um lado, conforme já mencionamos, as diferenças estetica-
mente rnarcantes do' lubitus exteriormente manifestado e, de outro, absolutamente
equíparávels àquelas,' as diferenças evidentes nas formas de vida cotidiana. E urna vez
que as razões da separação "étnica" são sempre diferenças drásticas, exteriormente
perceptíveis, encontramos aqui coisas que em outras circunstâncias parecem ter po~
Importância nas relações sociais, É evidente que a comunidade lingüística e, em segundo
. lugar, a homogeneldade da regulamentação ritual da vida, condicionada por idéias
religiosas parecidas, Constituem por toda parte elementos extraordinariamente fortes I .k
nos sentimentos de afinidade "étnica", e isto particularmente porque a "compreensi-
bílldade" do sentido das ações dos outros é o pressuposto maís-elemeprar de urna
L72 IlER
relação comunitária. Mas queremos deixar de lado estes doiselementos e perguntar
pelo que resta neste caso. E cabe admitir, de fato, que pelo meno~renças
~aleto ou de religião não excluem de modo absoluto os sentimentqs de coffiüiihà{J
~ . Além de diferenças realmerm:fortes nas formas davida econômica, ôeseml)'e-
nharam em todos os tempos um papel significativo, na crença de afinidade étnica,
as diferenças exteriormente refletidas, como as dos trajes típicos, da maneira usual
de morar e alimentar-se, de dividir o trabalho entre os sexos ou entre livres e não-livres
- todas aquelas outras coisas, portanto, relativas à questão da "decência" e, sobretudo,
da honra e dignidade sentidas pelo indivíduo. Em outra palavras, tudo aquilo que reen-
contraremos mais tarde também como objetos de diferenças.especificamente :'estarnen-
tais". De fato, a convicção da excelência dos próprios costumes e da inferioridade
dos alheios, com a qual se alimenta a "honra étnica", é absolutamente análoga aos
conceitos de honra "estarnentais". A honra "étnica" é a honra especifica das massas
por ser acessível a todos os que pertencem à comunidade de origem subjetivamente
imaginada. Ospoor whit« trssb, 'os brancos pobres dos estados sulistas norte-americanos
.' que, por falta de oportunidades de trabalho livre, levavam muitas vezes uma existência
miserável, eram na época da escravidão os verdadeiros reposltóríos da antipatia racial,
alheia aos próprios planta dores, justamente porque sua "honra" social dependia do
rebaixamento SOCialdos negros. E por trás de todos os contrastes "étnícos" está, de
alguma forma e em plena correspondência com a natureza destes, a idéia do "povo
eleito", que nada mais é do que uma correspondência no plano horizontal das díferen-
ciações "estamentals" e que deriva sua popularidade precisamente do fato de que,
em oposição às últimas, baseadas sempre em subordinação, pode ser pretendida para
sí, de modo subjetivo e em grau igual, por cada membro de cada um dos grupos
que mutuamente se desprezam. Por issQJ....~repúlsão étnica agarra-se a toctasas diferenças
.imagjmíy_e.is.~ç!e~j~ia~e.._ a_::.9~ç,êo_CÜC~_ªE~nsfor!!}ª-em. "c.Qnvençôes étnicãS'-:--
Além daqueles elementos já mencionados, que ainda estão em conexão 'inlriS-e - Ira
com a ordem econômica, a convendonalização - 'conceito a ser explícadd.alhures
- refere-se também, por exemplo, ao penteado e à barba e coisas semelhanreaserrd
que os contrastes nestes aspectos têm agora efeito "etnicamente" repulsivo por serem
considerados símbolos de pertinência étnica. No entanto, a repulsão nem sempre está
condicionada apenas pelo caráter "simbólico" das qualidades distintivas. O fato de
que as mulheres citas untavam seu cabelo com manteiga, que logo exalava um cheiro
rançoso, e as helenas, distintamente, com óleo perfumado, impossibilitava,segundo
as fontes antigas, a tentativa de aproximação social entre elas. O cheiro da manteiga
era, sem dúvida, um motivo de repulsa muito mais forte do que as maiores diferenças
raciais, mais do que - como eu mesmo pude observar - o propalado "cheiro de
negro". Para a formação da crença na comunhão "étnica", as "qualidades 'raciais"
só entram em consideração, em geral, como limites, em caso de um tipo demasiado.
heterogêneo, não aceito esteticamente, e não como fatores criadores de comunidade
positivos.
Fortes diferenças nos" costumes", as quais - de acordo com o exposto - desem-
penham um papel equivalente ao do hábito hereditário, na formação de sentimentos
de comunhão étnica e de idéias de consangüinidade, têm sua origem, em regra, sem
contar as diferenças lingüísticas e religiosas, nas diferentes condições de existência
econômicas ou políticas às quais um grupo humano tem de se adaptar. Se fazemos
abstração de rigorosas fronteiras lingüísticas e de comunidades políticas ou religiosas
estritamente delimitadas, como bases de "costumes" diferentes - situação que encon-
tramos de fato em vastas regiões do continente africano e também do sul-americano.
,"7' ,h~ apenas transições graduais entre os "costumes" e quaisquer "fronteiras étnicas"at··. .' \. , -,
ECONOMIA E SOCIEDADE
fixas além daquelas condicionadas por drásticas diferenças geográficas. Rigorosas deli-
mitações da área em que regem determinados costumes "etnicamente" relevantes e
não condicionados por fatores políticos, econômicos ou religiosos surgem, em regra,
em virtude de migrações ou expansões, das quais resulta a vizinhança imediata de
grupos humanos que até então viveram, de modo permanente ou pelo menos tempo-
rário, em lugares muito distantes uns dos outros e, por isso, se adaptaram a condições
muito heterogêneas. O claro contraste nas formas de vida assim originado costuma
então despertar, em ambos os lados, a idéia do "sangue estranho" dos outros, indepen-
dentemente da realidade objetiva.
A influência que os fatores" étnicos", neste sentido específico -:- isto é, da crença
na consangüinidade ou no contrário, baseada em elementos comuns ou diferentes de
uma pessoa -, exerce sobre a:formação de comunidades, é naturalmente muito difícil
de determinar de modo geral e assume uma importância problemática em cada caso
concreto. O "costume;' "etnicamente" relevante não atua, em geral, de maneira distinta
do costume corno tal e de cuja essência cabe falar alhures. A..,crençana afinidade de..
~,....'l~at: ~melhança dos costumes, é apro~Jay-º!,~cer a divulgação
.' ação comum na assumida por uma parte dos ' etnicamente" pnidos entre o resto
.dõD!iembroY~Jrque a consclêooa de comuniCJ:ãOefomentaa "imitàçã~o aplica-se
especiaImente à propaganda de comunidades religiosas. Mas não chegamos além de
semelhantes observações imprecisas. Ó conteúdo da ação comunitária possível sobre
bases "étnícas" permanece indeterrnínado. A isto corresponde a falta de univocidade
nos conceitos que parecem indicar uma ação comunitária condicionada puramente por
motivos "étnicos", isto é, pela crença na consangüínídade: "povoação", "tribo", "po-
vo" - cada termo empregado habitualmente no sentido de uma subdivisão étnica do
seguinte (mas os dois primeiros também de modo contrário) Quando se empregam
estas expressões, pensa-se também, em regra, ou numa comunidade política atual,
por mais solta que seja, ou em recordações de uma existente no passado, como" as
conserva a lenda heróica comum, ou em comunidades lingüísticas ou dialetais ou, por
fim, em comunidades de culto. Particularmente estas últimas, qualquer que fosse sua
natureza, eram no passado fenômenos concornítantes típicos de uma consciência de
"tribo" ou de "povo" baseada numa consangüinidade imaginada. Mas quando a essa
consciência faltava por inteiro uma comunidade política, presente ou passada, era bas-
tante indefinida, na maioria das vezes, a delimitação externa do âmbito da comunidade.
Ascomunidades de culto das tribos gerrnânicas eram rudimentos de comunidades políti-
cas, ainda nos últimos tempos dos burgundos, e por isso parecem ter estado delimitadas
com razoável firmeza. O oráculo délfico, ao contrário, é certamente o indubitável sím-
bolo de culto do helenísrno, como "povo". ~s o deus revela-se também aos bárbaros
e aceita sua venera ã e r outro lado amcI a na actmullstração de seu TUlro,
em re ação associativa, apenas uma pequena parte dos he enos, lCan o e ora preClsa-
mente as mais poderOli:lS de S!J35 comunidades políticas. A comunidade de culto,
como expoente do "sentimento tríbal", é em regra, portanto, ou um resto de uma
comunidade antigamente mais firme e agora decomposta por cisão ou colonização,
na maioria das vezes de natureza política, ou então, como no caso do ApoIo délfíco,
o produto de uma "comunidade cultural" surgida em virtude de outras condições,
não puramente "étnicas", a qual, por sua vez, faz nascer a crença na comunidade
de sangue. Todo o decurso da história mostra com que facilidade extraordinária
particularmente a ação comunitária política gera a iQ~ia de "comunidade de sangue"
- quando não se opõem diferenças dernasíadameniêdrástlças nos tipos antropo-
16gic05.--··--
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'. 274 MAXWEBER
§ 3. Relação com a comunidade política. "Tribo" e "povo"
Naturalmente, a "tribq" t delimJta -o exterior inequívoca uando é subdivisão
de uma comunidade po mca. Mas, neste caso, na maioria s vezes, a e ímítaçãõ oi
artifidaJIDente criadã a partir da comunidade política. Os números redondos em que
tais tribos costumam apresentar-se indicam isso; por exemplo, a divisão já mencionada
do povo de Israel em doze tribos, bem como as trêsdóricas e as pliylsi, de-distinto
número, dos demais helenos. Estas foram artificialmente subdivididas por ocasião de
uma nova fundação ou organização da comunidade política, e a "tribo" constitui, portan-
to, apesar de logo atrair todo o simbolismo das comunidades de sangue e especialmente
o culto tríbal, em primeira Instância, um produto artíficial da comunidade política.
na imento de um sentimento específico de comunidade, que reage como o da consan-
güinidade, não é nada raro ain o'e em forma ões litlcas com delimitação ura-
mente artifj(:i~l. As unidades políticas mais esquemáticas, por exemp o, os •estaãôs"
dã União norte-americana, delimitados em forma de quadrados pelas latitudes, mostram
uma consciência muito desenvolvida de sua particularidade: não é raro que famílias
viajem de Nova York para Richmond para que o filho esperado nasça ali, para, portanto,
ser "vírginíano", O artificial de tais delimitações não exclui certamente que, por exem-
plo, as phylsl helênicas tivessem existido originalmente, em algum lugar e de alguma
forma, como grupos independentes entre si e que, depois da subdivisão da poJis, em
sua primeira efetivação, .tenham se vinculado esquematicamente às demais quando fo-
ram unidas numa associação política. Mas então a população daquelas tribos existentes
antes da formação da polis (que não se chamavam phylsi mas, sim, ethne) ou era
idêntica à das comunidades políticas correspondentes que depois entraram na relação
associativa da polis ou, quando não foi este o caso, vivia sem organização política
- pelo menos em casos provavelmente muito numerosos -, como "comunidade de
sangue" imaginada, da lembrança de ter sido outrora portadora de uma ação comu-
nitária política, na maioria das vezes de natureza ocasional, incluindo, porém, uma
migração conquistadora isolada ou a defesa contra semelhante situação e, neste caso,
as le~r~~f)9líticas tinham prioridade em relação à "tribo". Essa circunstância de
que ''''''@J'l5éi-:- . ~e,-4!m regra, está primariamente condicionada por ·destinos
políticàs comuns e não pela "procedência" deve ser, segundo o que já foi dito, uma
fonte muito freqüente da crença na pertínêncía ao mesmo grupo "étnico", Não é a
única, pois os "costumes" comuns podem ter asfontes mais diversas e originam-se
em alto grau na adaptação às condições naturais externas e na imitação dentro do círculo
da vizinhança. Na prática, por sua vez, a existência da "consciência trlbal" costuma
sígníflcar algo especificamente político: diante de uma ameaça de guerra vinda do exte-
rior, ou de um estímulo suftcíentemente forte a atividades guerreiras próprias contra
o exterior, é particularmente fácil. que surja sobre essa base uma ação comunitária
política, sendo esta, portanto, uma ação daqueles que se sentem subj etivamente "compa-
nheiros de tribo" (ou "de povo") consangüíneos. O despertar ~tendal da vontade
de agir politicamente, segundo isso, é uma, ainda %ue não a unica, êkS realidãdes
escondidas( em últinià lnstlnda, por trás do conceito e trlOO e de n vo"· esto
bastante am ~o em seu con eu o. sta açao po tica ocasional pode tornar-se com
especutfaâ11 de, apesar de faimr completamente uma relação associativa correspon-
dente, um dever de solidariedade, com caráter de norma "moral", dos membros da
tribo ou do povo; em caso de um ataque guerreiro, dever cuja violação, ainda que'
não exista nenhum "órgão" comum da tribo, lança as comunidades políticas em questão
ao mesmo destino dos clãs de Segestes e Inguiomar (expulsão de seu território} Uma
.~•....vet: alcançada esta fase de desenvolvimento, a tribo tomou-se de fato urnacomunídadellt".: .'11 ' ...
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política permanente, ainda que esta, em tempos de paz, tenha caráter latente e, por
isso, pouco estável. A transição do meramente "ordinário" ao habitual e, por. isso,
ao que se "deve" fazer é particularmente nesta área' quase ímperceptívek-rnesrnoern
condições favoráveis. Em resumo, encontramos unidos, na ação comunitária "etnica-
mente" condicionada, fenômenos que uma consideração sociológica realmente exata
- que aqui nem tentamos - teria que separar cuidadosamente: a efetiva ação sub] etíva
dos "costumes", condícíonados-por um lado, pela disposição hereditária e, por outro,
pela tradição; o alcance de todos os diferentes conteúdos dos "costumes", um por
um; a repercussão de uma comunidade lingüística, religiosa ou política, antiga ou atual,
sobre a formação de costumes; o grau em que semelhantes componentes, cada um
por si, despertam atração ou repulsão e, especialmente, a crença na comunidade ou
distinção de sangue; as diferentes conseqüências dessa crença para que as ações em
geral, as distintas formas de relações sexuais, as possibilidades das diversas formas
de ações comunitárias se desenvolvam sobre o fundamento da comunidade de costumes
ou da crença na consangüínídade - todos estes aspectos teriam de ser examinados
isoladamente. Fazendo isto, arremessar-se-ia definitivamente pela borda o conceito co-
letivo de "étnico". Pois é um coletivo completamente inútil para toda investigação real-
mente exata. Masnós não nos ocupamos da Sociologia por ela mesma e contentamo-nos,
por Isso, com a breve Indicação dos problemas bastante complexos que, se escondem
atrás de um fenômeno aparentemente homogêneo.
O conceito de comunidade "étnica", que logo se volatllíza na formação de concei-
tos exatos, corresponde neste aspecto, até certo grau, a outro, para nós o mais carregado
de sensações emotivas: o de "nação", logo que procuramos concebê-Ia sociologica-
mente.
§ 4. Naclonalldade e prestígio cultural -:>
A "nacionalidade" em seu sentido "étnico" corrente, comparte com o "povo",
normalmente, a vaga Idéia de que aquilo que se sente como "comum" tem sua base
numa comunidade de procedência, ainda que, na realidade, pessoas que se consideram
pertencentes à mesma nacionalidade, não apenas ocasionalmente, mas com muita fre-
qüência, estejam multo mais distantes entre si, no que se refere à sua procedência,
do que outras que se consideram pertencentes a nacionalidades distintas ou hostis.
Diferenças de nacionalidade, apesar de uma afinidade de origem indubitavelmente
muito estreita, podem existir, por exemplo, somente em virtude de confíssôes religiosas
distintas como entre os sérvíos e os croatas. Os motivos reais da crença na existência
de uma 'comunhão "nacional" e da ação comunitária que nesta se baseia são muito
diversos. Hoje, numa época de luta entre as línguas, a "comunidade de língua" é consi-
derada sua base normal. o que ela possui em conteúdos, ultrapassando a mera "comu-
nidade de língua", pode ser procurado no resultado específico pretendido em sua ação.
comunitária, e este somente pode ser a associaçãopolítica. particular. De fato, o "Estado
.nacional" e o.i'Estado" tornaram-se hoje conceitualmente idênticos com base na homo-
geneidade de língua, Na realidade, ao lado das associações políticas de caráter moder:n0'
constituídas sobre uma base "nacional" neste sentido lingüística, encontra-se consíde-
rável número de outras que abrangem várias comunidades de, língua e que~ em~r~
nem sempre, mas na maioria das vezes, preferem determínada língua para a VIda~~ltI-
ca. Mas, para despertar o chamado "sentiment~nadonal" -deixamos de defUll-~o
por enquanto -, não ?asta a comunidade de ~-'. conform; mostra, ~lém do J.á
mencionado, a exemplo dos irlandeses, suíços e alsaaanElS.c;l(!~~ a~e~, o.: quais
não se sentem, pelo menos não em pleno sentido, membros dã naçao designada
MAXWEBER
.por seu idioma. Por outro lado, diferenças de língua não são um obstáculo absoluto
para o sentimento de comunidade "nacional": os alsacianos de língua alemã sentiam-se
antigamente e sentem-se, em grande parte, ainda hoje parte da "nação" francesa. Mas
não em pleno sentido, não da mesma forma que o francês de rala francesa. Existem,
portanto, diversos "graus" de univocidade qualitativa da crença na comunhão "nacio-
nal". No caso dos alsacianos alemães, a sensação de comunidade com os franceses,
muito divulgada entre eles, além de certa comunidade de "costumes" e de certos bens
comuns da .•cultura sensual" - indicados particularmente por Wittich - é condicíonada
por lembranças políticas, como se verifica num passeio pelo museu de Colmar, rico
em relíquias que, para o estranho, são tão triviaisquanto despertam sentimentos intensos
nos alsacianos (a bandeira trícolor, capacetes militares e de bombeiros, decretos de
LuísFilipe e, sobretudo, relíquias da Revolução). Destinos polítícos comuns e, ao mesmo
tempo, indiretamente sociais, altamente valorados pelas massas como símbolo da des-
truição do feudalismo, criaram essa comunidade, e sua lenda ocupa o lugar das lendas
heróicas entre os povos primitivos. A~rande nadon foi a libertadora da servidão feudal,
considerada a ortadora da "cultura'7 seu idioma era a verdadeira "lín a da cultura"
e o a emao, um 'a to ara o uso cm! 'ano, e a vmcu açao etiva aos que a am
essa ingua da cultura" é uma atitude interna específica, evidentemente afim ao senti-
mento de comunidade que se fundamenta na comunidade de língua, porém não idêntica
a ele, pois baseia-se em uma "comunidade cultural" parcial e em lembranças políticas.
Entre os poloneses da Alta Silésia não se difundia em geral, atéhã pouco', qualquer
"sentimento nacional" polonês consciente - pelo menos não em grau relevante -
no sentido de que se sentissem em oposição à associação política prussiana, baseada
essencialmente numa comunidade de língua alemã. Eram "prussíanos" leais, ainda
que passivos, por pouco que fossem "alemães" de algum modo interessados na subsis-
tência da associação política nacional do "Império alemão", e não sentiam, pelo menos
em sua maioria, nenhuma necessidade consciente ou pelo menos forte de se isolar
de seus concidadã os de língua alemã. Neste caso, faltava por inteiro, portanto, o "senti-
mento nacional" que se desenvolve com base na comunidade de língua, nem era possível
pensar-se mima "comunidade de cultura", em vista da ausência de qualquer cultura.
Entre os alemães bálticos, não há a difusão de um "sentimento nacional", no sentido
de uma valoração positiva da comunidade de língua com os alemães,como tal, nem
o anseio por uma união política com O "Império alemão", a qual seria estritamente
recusada pela maioria deles'. Por outro lado, isolam-se abertamente do mundo eslavo
círcundante, inclusive e especialmente também do russo, devido, em parte e em grau
muito amplo, a diferenças "estarnentaís", e, em parte, aos contrastes entre os "costu-
mes" e bens culturais, por ambos os lados, e em virtude da "íncornpreensíbílídade"
e do desprezo mútuos destes. Isto ocorre apesar de - e em parte até por - cultivarem,
em sua grande maioria, uma intensa lealdade para com a casa reinante e se mostrarem
tão interessados, como qualquer "russo nacional", na posição poderosa da associação
política por esta diriglda e por eles próprios. abastecída com funcionários (e a qual,
por sua vez, abastece economicamente seus filhos; Aqui falta também, portanto, tudo
o que se poderia chamar, no sentido moderno, lingüística ou culturalmente orientado,
"sentimento nacional". Verifica-se aqui, freqüenternente, o mesmo que entre os polone-
ses puramente proletários: lealdade para com a comunidade política [unto com um
sentimento de comunidade limitado à comunidade de língua local existente dentro da
política, mas fortemente influenciado e modificado por idéias "~tament~". Tampouco
subsiste qualquer homogeneidade esta mental dos respectivos gJpos, ainr.qUefo~ con-
'E da ) .,j/? /. )//1,:,. -:-.' ,ser/tolantes Primeira Guerra Mundial. (Nota do organizador. ~ [l { Ic',;,I:;O -.. \ .
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