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Relatório de Estabilidade Financeira - Banco Central

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Março 2015
Volume 14 | Número 1
Relatório de 
Estabilidade Financeira
Março 2015
Volume 14 | Número 1
 Relatório de Estabilidade Financeira Brasília v. 14 nº 1 mar. 2015 p. 1-68
ISSN 2176-8102
CNPJ 00.038.166/0001-05
Relatório de Estabilidade Financeira
Publicação semestral do Banco Central do Brasil (BCB)
É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Estabilidade Financeira, volume 14, nº 1.
Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos.
Não são citadas as fontes das tabelas e dos gráficos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil. 
Divisão de Atendimento ao Cidadão
Banco Central do Brasil
Deati/Diate
SBS – Quadra 3 – Bloco B – Edifício-Sede – 2º subsolo
70074-900 Brasília – DF
DDG: 0800 9792345
Fax: (61) 3414-2553
Internet: <http://www.bcb.gov.br/?FALECONOSCO>
Sumário
Prefácio 5
Sumário executivo 6
1 Ambiente macroeconômico e financeiro 8
1.1 Introdução ___________________________________________________________________ 8
1.2	 Mercados	financeiros	internacionais _______________________________________________ 8
1.3	 Mercado	financeiro	nacional ____________________________________________________ 13
2 Sistema bancário 17
2.1 Introdução __________________________________________________________________ 17
2.2	 Liquidez ____________________________________________________________________ 17
2.3	 Crédito _____________________________________________________________________ 19
2.4	 Rentabilidade ________________________________________________________________ 25
2.5	 Solvência ___________________________________________________________________ 28
2.6	 Testes	de	estresse	de	capital _____________________________________________________ 30
	 2.6.1	 Análise	de	cenário	–	Testes	de	estresse	nas	condições	macroeconômicas ____________ 30
	 2.6.2	 Análise	de	sensibilidade ___________________________________________________ 31
3 Sistema de Pagamentos Brasileiro 41
3.1	 Desempenho	do	sistema	de	transferência	de	fundos	sistemicamente	importante ____________ 41
3.2	 Desempenho	dos	sistemas	de	compensação	e	de	liquidação	de	títulos,	valores	mobiliários,	 
	 derivativos	e	câmbio	nos	quais	há	uma	entidade	atuando	como	contraparte	central __________ 42
4 Organização do Sistema Financeiro Nacional 48
4.1 Introdução __________________________________________________________________ 48
4.2	 Instituições	bancárias __________________________________________________________ 48
4.3	 Níveis	de	concentração	no	Sistema	Financeiro	Nacional ______________________________ 50
4.4	 Instituições	não	bancárias ______________________________________________________ 51
4.5	 Participações	estrangeiras	no	Sistema	Financeiro	Nacional ____________________________ 51
4.6	 Participações	de	instituições	financeiras	brasileiras	no	exterior _________________________ 52
5 Regulação do Sistema Financeiro Nacional 53
5.1 Introdução ________________________________________________________________ 53
5.2	 Prestação	de	informações	referentes	ao	registro	de	títulos	e	valores	mobiliários ____________ 53
5.3	 Registro	de	operações	de	cessão	de	créditos	relativas	a	empréstimos	pessoais	 
	 sem	consignação	e	de	financiamentos	para	a	aquisição	de	bens	móveis	 __________________ 54
5.4	 Emissão	de	letra	financeira	por	cooperativas	de	crédito _______________________________ 54
5.5	 Evolução	das	regras	prudenciais _________________________________________________ 55
5.6	 Regulamentação	sobre	aplicações	no	Brasil	de	investidor	não	residente __________________ 56
Boxes
Shadow Banking	no	Brasil _________________________________________________________ 33
Câmara	BM&FBovespa ___________________________________________________________ 46
Trabalhos	para	Discussão	que	versam	sobre	estabilidade	financeira _________________________ 57
Apêndice 58
Anexo 63
Conceitos	e	metodologias __________________________________________________________ 63
Conceitos	e	metodologias	–	Estresse	de	capital _________________________________________ 65
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 5
Prefácio
O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) é uma 
publicação semestral do Banco Central do Brasil (BCB) 
destinada a apresentar, com foco no risco sistêmico, 
os principais resultados das análises sobre o Sistema 
Financeiro Nacional (SFN), especialmente com respeito 
a sua dinâmica recente, às perspectivas e ao grau de 
resiliência a eventuais choques na economia brasileira ou 
no próprio sistema. Esta edição concentra-se nos eventos 
ocorridos no segundo semestre de 2014.
O relatório é constituído por cinco capítulos. No primeiro 
– Ambiente macroeconômico e financeiro –, é realizada 
a análise dos principais mercados internacionais e o 
seu reflexo no mercado financeiro nacional. O segundo 
capítulo – Sistema bancário – apresenta um panorama 
da exposição a riscos, da rentabilidade e da solvência 
das instituições e dos conglomerados que compõem o 
sistema bancário brasileiro. Os testes de estresse de risco 
de mercado e de crédito e seus reflexos sobre a situação de 
solvência das instituições estão incluídos nesse capítulo. 
No terceiro capítulo – Sistema de Pagamentos Brasileiro 
–, são descritos os resultados da avaliação acerca do 
funcionamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro 
(SPB) e do desempenho dos sistemas de liquidação, as 
principais atividades e os avanços ocorridos no período, o 
comportamento da liquidez intradia e o resultado dos testes 
de estresse dos sistemas de compensação e de liquidação 
de títulos e valores mobiliários, de derivativos e de câmbio 
interbancário. O quarto capítulo – Organização do Sistema 
Financeiro Nacional – analisa as principais alterações 
ocorridas no controle acionário de instituições financeiras. 
O quinto capítulo – Regulação do Sistema Financeiro 
Nacional – trata das principais normas aprovadas pelo 
Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo BCB para 
regular o funcionamento do SFN.
Esta edição apresenta, também, boxes tratando do shadow 
banking no Brasil e da integração das câmaras da Bolsa de 
Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa), além 
dos trabalhos para discussão publicados no semestre que 
versam sobre estabilidade financeira.
O relatório em PDF está disponível no endereço eletrônico 
<www.bcb.gov.br/?relestab>. Também está disponível 
nesse mesmo endereço a base de dados utilizada para a 
elaboração dos gráficos e tabelas do capítulo 2, além de 
outros dados de interesse, como a matriz de migração de 
classificação de crédito e comparativos internacionais 
dos principais Financial Soundness Indicators (FSIs).
Adicionalmente, as séries temporais relacionadas à 
estabilidade financeira podem ser encontradas em 
<www4.bcb.gov.br/pec/series/port/aviso.asp>. 
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 6
Sumário executivo
O ambiente externo permaneceu complexo, com a 
atividade econômica global crescendo de forma gradual 
e desigual – e, em importantes economias, abaixo do 
que se antecipava – no segundo semestre de 2014. 
Enquanto as autoridades monetárias da Área do Euro 
e do Japão explicitaram o compromisso de adotar 
políticas consideradas necessárias para a promoção do 
crescimento e para a minimização do risco de deflação, 
de maneira distinta, o banco central dos Estados Unidos 
da América (EUA) – Federal Reserve – encerrou em 
outubro seu programa de compra de ativos, ainda 
que sinalizando a continuidade de política monetária 
acomodatícia por tempo considerável. Nos mercados 
emergentes, permaneceu o foco na desaceleração 
econômica da China, e outras importantes economias 
seguiram apresentando moderação no ritmo de atividade. 
Ressalte-se que, no período analisado, cresceram as 
incertezas associadasao declínio acentuado dos preços do 
petróleo, contribuindo para um cenário desinflacionário 
e com impactos assimétricos na atividade econômica de 
distintos países. Adicionalmente, as crises geopolíticas na 
Rússia e na Ucrânia e no Oriente Médio seguiram como 
fontes de risco. Nesse contexto, os riscos à estabilidade 
financeira global permanecem elevados, apesar da baixa 
probabilidade de ocorrência de eventos extremos nos 
mercados financeiros internacionais. 
Internamente, somaram-se os desafios impostos 
pelos resultados fiscais, pela persistência de elevadas 
expectativas de inflação, pelo baixo crescimento 
econômico e pelas incertezas associadas às eleições 
presidenciais. Com a intensificação dos ajustes de 
preços relativos na economia – realinhamento dos 
preços domésticos em relação aos internacionais e 
realinhamento dos preços administrados em relação 
aos livres – o balanço de riscos para a inflação tornou-
se menos favorável. Nesse cenário, o BCB, depois de 
ter aumentado a taxa básica de juros em 3,75 pontos 
percentuais (p.p.) entre abril de 2013 e abril de 2014, 
para 11,0%, voltou a elevar a taxa Selic a partir do final 
de outubro de 2014, atingindo 11,75% em dezembro. Em 
dezembro, o BCB anunciou a extensão, com ajustes, do 
programa de leilões de câmbio.
Diante desses condicionantes externos e internos, as taxas 
de juros domésticas apresentaram grande volatilidade; 
a partir de setembro, a taxa de câmbio registrou 
desvalorização, e o Índice da Bolsa de Valores de São 
Paulo (Ibovespa) reverteu a tendência de alta.
Não obstante esse cenário, o sistema bancário brasileiro 
continua apresentando baixo risco de liquidez e elevada 
solvência, análise essa corroborada pelo incremento dos 
ativos líquidos detidos pelas instituições financeiras, 
pelos resultados dos testes de estresse e pelas simulações 
de adoção dos requerimentos de Basileia III, prevista para 
conclusão em 2019.
O risco de liquidez de curto prazo manteve-se baixo, 
inclusive com elevação do estoque de ativos líquidos das 
instituições financeiras. Além disso, o risco de liquidez 
estrutural também permaneceu baixo, uma vez que os 
recursos estáveis mantiveram-se suficientes para suportar 
o estoque de crédito.
Acerca do mercado de crédito, destaca-se a continuidade 
das principais tendências observadas no primeiro 
semestre: crescimento do estoque em ritmo menor, 
elevação das taxas de juros aos tomadores, relativa 
estabilidade do nível de inadimplência e do índice de 
cobertura da inadimplência. 
A elevação das taxas de juros aos tomadores começou 
a produzir efeito positivo na rentabilidade da carteira 
de crédito e contribuiu para impulsionar o resultado. O 
avanço do resultado de crédito e a significativa ampliação 
dos ganhos em participações societárias favoreceram o 
incremento no retorno sobre o patrimônio líquido.
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 7
A solvência do sistema bancário permaneceu estável 
no semestre e as métricas utilizadas para a sua 
mensuração continuaram em patamar elevado. Os 
índices de capitalização seguiram em níveis superiores 
aos dos requerimentos regulatórios, o que, associado 
aos resultados da simulação da plena implementação 
do arcabouço de Basileia III e da introdução do futuro 
requerimento de razão de alavancagem, confirmaram a 
confortável situação de solvência do sistema.
Nas simulações de situações de estresse, o sistema 
bancário brasileiro apresentou adequada capacidade 
de suportar efeitos de choques decorrentes de cenários 
adversos, bem como mudanças abruptas nas taxas de 
juros, de câmbio, na inadimplência ou nos preços dos 
imóveis residenciais. 
O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) funcionou de 
forma eficiente e segura no segundo semestre de 2014. 
As análises de backtesting, periodicamente realizadas 
para os sistemas de compensação e de liquidação de 
transações com títulos, valores mobiliários, derivativos 
e moeda estrangeira, nos quais há uma entidade atuando 
como contraparte central (CPC), apresentaram resultados 
satisfatórios ao longo do semestre. Nos sistemas de 
transferência de fundos, a liquidez intradia agregada 
disponível continuou acima das necessidades das 
instituições financeiras participantes, o que garantiu que 
as liquidações ocorressem com tranquilidade, sobretudo 
no que diz respeito ao Sistema de Transferência de 
Reservas (STR). 
Conforme tratado em um boxe, entrou em operação a 
Câmara BM&FBovespa, concluindo a primeira etapa 
da integração dos sistemas de pós-negociação operados 
pela BM&FBovespa, proporcionando economias de 
liquidez para alguns participantes da câmara. A análise 
realizada pelo BCB constatou que tal redução na 
exigência de garantias individuais não resultaria em 
maior exposição da contraparte central, ou dos demais 
participantes da infraestrutura, aos riscos originados das 
posições individuais, uma vez que decorreu do aumento 
da eficiência do novo modelo de gerenciamento de riscos.
Outro boxe deste relatório, que aborda a questão do 
shadow banking no Brasil, conclui que, até o momento, 
não foram identificados riscos relevantes relativos 
ao shadow banking brasileiro, em especial no que se 
refere à avaliação de riscos das entidades e de contágio 
para o restante do sistema financeiro. Ainda assim, as 
autoridades reguladoras nacionais continuam atuando 
para minimizar o risco sistêmico do shadow banking, sem 
prejudicar eventuais benefícios do setor para a economia 
doméstica e para o bom funcionamento do SFN.
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 8
1Ambiente macroeconômico e financeiro
1.1 Introdução
O ambiente externo permanece complexo, apesar da 
baixa probabilidade de ocorrência de eventos extremos 
nos mercados financeiros internacionais. A economia 
global segue crescendo de forma gradual e desigual. O 
ritmo de atividade cresceu mais rapidamente nos Estados 
Unidos da América (EUA), foi menor que o antecipado 
na Área do Euro e decresceu no Japão, marcando período 
recessivo. Do ponto de vista dos preços, a inflação, que 
já estava em patamar reduzido, recuou ainda mais nas 
economias avançadas, parcialmente refletindo a redução 
no preço do petróleo. Em dezembro, registrou-se deflação 
interanual de 0,2% na Área do Euro. 
As autoridades monetárias das principais economias 
avançadas adotaram decisões de política monetária 
de caráter distinto: enquanto o Federal Reserve (Fed) 
encerrou, em outubro, seu programa de compra de 
ativos, ainda que sinalizando a continuidade da sua 
política monetária acomodatícia por tempo considerável, 
o Banco Central Europeu (BCE)1 e o Banco do Japão 
(BoJ)2 explicitaram o compromisso de adotar políticas 
consideradas necessárias para a promoção do crescimento 
e minimização do risco de deflação. Em relação aos 
mercados emergentes, o foco permanece na intensidade 
da desaceleração econômica chinesa. Outras importantes 
economias emergentes seguem apresentando moderação 
1/ O BCE anunciou, em setembro, dois novos programas de compra de 
ativos, e, no mês seguinte, o terceiro programa de compra de obrigações 
cobertas (covered bonds). Além disso, sinalizou sua intenção de expandir 
significativamente seu balanço, se necessário, para combater a persistência 
da baixa inflação ou mesmo a deflação. Nesse sentido, em janeiro de 2015, 
o BCE anunciou a expansão dos programas de compras de ativos, com a 
inclusão da compra de títulos públicos e de compartilhamento de risco.
2/ O Japão apresentou recessão técnica no terceiro trimestre de 2014. Em 
outubro, o BoJ elevou o volume e o prazo de seu programa de compra de 
ativos. O Institute for International Finance (IIF), no Global Economic 
Monitor (novembro de 2014), estima que o total de ativos adquiridos pelo 
BoJ atinja 60% do PIB e 76% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 
e 2015,na ordem. 
no ritmo de atividade, parcialmente explicada por recuo 
nos preços de commodities, impedimentos estruturais, 
condições de financiamento mais apertadas, incertezas 
de ordem política e desequilíbrios macroeconômicos. 
Ressalte-se que, ao longo do semestre, cresceram as 
incertezas associadas ao declínio acentuado dos preços 
do petróleo em cenário de oferta global abundante e 
arrefecimento da demanda. No campo geopolítico, os 
conflitos no Leste Europeu e no Oriente Médio também 
adicionaram incerteza aos mercados financeiros. 
Nesse contexto, permanecem elevados os riscos à 
estabilidade financeira global, fato corroborado pela 
percepção de recuperação da economia mundial 
mais lenta que a antecipada e, em grande medida, 
ainda sustentada pela ampla liquidez internacional, o 
que também estimula a subprecificação do risco e o 
aumento da alavancagem financeira. Adicionalmente, 
intensificaram-se os alertas de acumulação de riscos no 
shadow banking system (sistema bancário paralelo).
1.2 Mercados financeiros 
internacionais
Os mercados financeiros se caracterizaram pelo aumento 
da volatilidade ao longo do segundo semestre de 2014. 
Esse comportamento refletiu, por um lado, aspectos 
macroeconômicos, tais como a recorrente frustração 
das expectativas de crescimento de importantes 
economias maduras (em especial, o Japão e a Área 
do Euro) e emergentes, bem como o crescente risco 
de deflação em algumas economias – notadamente na 
Área do Euro. No campo geopolítico, os conflitos no 
Oriente Médio e no Leste Europeu também adicionaram 
incerteza aos mercados financeiros, com os indicadores 
macroeconômicos e financeiros da Rússia sendo 
impactados pelo embargo econômico imposto ao país. 
As incertezas associadas ao processo eleitoral na Grécia, 
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 9
que culminaram com a eleição do partido de oposição, 
também contribuíram para o aumento da volatilidade 
nos mercados financeiros, sobretudo na Europa. Figurou, 
ainda, como fonte de tensão, o rápido declínio no preço 
do barril de petróleo – refletindo o crescimento da oferta 
em ambiente de demanda reprimida, juntamente com 
a negativa da Organização dos Países Exportadores 
de Petróleo (Opep) de reduzir a sua produção – fato 
que resultou, no setor privado, na perda de valor 
acionário e no aumento do risco de crédito de empresas 
do setor energético e também precipitou a elevação 
do risco soberano e a desvalorização de moedas de 
países exportadores de petróleo. Os preços das demais 
commodities também recuaram,3 em especial os das 
metálicas, o que favoreceu a desvalorização das moedas 
de países exportadores de matérias-primas. 
Nesse cenário, ao longo do semestre, ocorreram diversos 
picos de aversão ao risco, afetando negativamente ativos 
de economias percebidas como mais vulneráveis a esse 
novo ambiente e aumentando a demanda por instrumentos 
considerados mais seguros, tais como os papéis soberanos 
de dez anos de economias maduras. Ressalte-se que, no 
caso da Alemanha e do Japão, a redução nos rendimentos 
também foi favorecida pelo aprofundamento da postura 
expansionista das políticas monetárias da Área do Euro e 
do Japão, respectivamente. Dessa forma, os rendimentos 
anuais dos títulos dos EUA, do Reino Unido, do Japão e 
da Alemanha recuaram, na ordem, 14 pontos-base (p.b.), 
34 p.b., 42 p.b. e 57 p.b., para 2,17%, 1,76%, 0,33% e 
0,54% (gráfico 1.2.1). 
O ambiente de maior aversão a risco e de desconfiança 
em relação à sustentabilidade da retomada da atividade 
3/ Com exceção dos preços da carne bovina. 
econômica na Área do Euro refletiu-se no aumento 
acentuado dos prêmios dos Credit Default Swaps 
(CDS) de cinco anos (expressos em p.b.) das economias 
periféricas da Europa, com os prêmios associados à 
Itália e à Espanha aumentando, na ordem, de 95 e 66 
para 137 e 97, no semestre (gráfico 1.2.2). Na mesma 
base de comparação, os prêmios dos CDS de economias 
emergentes relevantes aumentaram, com destaque para 
o da Rússia, de 184 para 476 (+159%) (gráfico 1.2.3), 
reflexo do impacto do declínio dos preços internacionais 
do petróleo e da intensificação de sanções econômicas. 
Também registraram elevações os CDS de Brasil, de 145 
para 201 (+39%); México, de 67 para 103 (+54%); Chile, 
de 64 para 94 (+48%); e África do Sul, de 177 para 192 
(+9%). Ressalve-se que, na Turquia, beneficiada pelo 
ambiente de maior acomodação monetária na Europa e 
pela redução nos preços do petróleo, a elevação foi mais 
moderada, de 177 para 184 (+4%). 
0
120
240
360
480
600
Dez
 2012
Mar
2013
Mai Ago Out Dez Mar
2014
Mai Ago Out Dez
África do Sul Rússia Turquia
Brasil México Chile
Fonte: Bloomberg
Gráfico 1.2.3 – CDS soberanos (5 anos)
p.b.
64
0
64
128
192
256
320
Dez
 2012
Mar
2013
Mai Ago Out Dez Mar
2014
Mai Ago Out Dez
Alemanha França Espanha Itália
Fonte: Bloomberg
Gráfico 1.2.2 – CDS soberanos (5 anos)
p.b.
0,00
0,75
1,50
2,25
3,00
3,75
Dez
 2012
Mar
2013
Mai Ago Out Dez Mar
2014
Mai Ago Out Dez
EUA Alemanha Reino Unido Japão
Fonte: Bloomberg
Gráfico 1.2.1 – Rendimento de títulos soberanos (10 anos)
% a.a.
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 10
semestre, com destaque para as altas no S&P 500 
(EUA) e Nikkei (Japão), respectivamente, de 5% e 
15,1%.6 Na Europa, enquanto o índice DAX (Alemanha) 
estabilizou-se, os índices CAC 40 (França) e FTSE 
100 (Reino Unido) recuaram, na ordem, 3,4% e 2,6% 
(gráfico 1.2.6). 
Os mercados acionários de importantes economias 
emergentes também registraram comportamentos 
díspares, com os índices do México, da Índia, da 
Turquia e da China em altas respectivas de 1%, 8,2%, 
9% e 57,9%,7 enquanto os índices de África do Sul e 
do Brasil recuaram, na mesma sequência, 2,3% e 5,9% 
(gráfico 1.2.7). 
6/ Nos EUA, a alta no S&P 500 foi impulsionada pelas evidências de vigor 
na economia do país. No Japão, a desvalorização do iene, com reflexos 
positivos nas companhias exportadoras, e também no direcionamento de 
recursos para a compra de ações pelo fundo governamental previdenciário, 
impulsionou o mercado acionário.
7/ O índice Xangai Composto (China) subiu 57,9% no semestre, refletindo 
a evolução positiva do processo de abertura financeira e, especialmente, a 
vinculação efetiva entre as bolsas de valores de Xangai e de Hong Kong, 
o que permitiu investimentos estrangeiros em ações do mercado chinês.
No segundo semestre de 2014, o dólar dos EUA 
apreciou-se acentuadamente,4 fruto de perspectivas mais 
favoráveis de crescimento dos EUA em comparação 
com outras importantes áreas econômicas e do aumento 
da divergência entre a orientação de política monetária 
do Federal Reserve vis-à-vis a do BCE e do BoJ. Nesse 
contexto, o dólar valorizou-se perante o iene, o euro e a 
libra esterlina, respectivamente, 18,2%, 13,2% e 9,8% 
(gráfico 1.2.4). Em relação às economias emergentes e/
ou exportadoras de commodities, o dólar valorizou-se 
em relação ao rublo russo5 (78,7%), real (20%), dólar 
australiano (15,5%), peso mexicano (13,8%) e peso 
chileno (9,7%) (gráfico 1.2.5). 
Os índices acionários de economias desenvolvidas 
registraram movimentos díspares ao longo do segundo 
4/ O Dollar Index (índice cambial do dólar ante as divisas de seus principais 
parceiros) elevou-se 13,2% no segundo semestre e 12,8% no ano.
5/ A queda nos preços dos ativos russos e do rublo refletiu a restrição de 
liquidez no respectivo sistema bancário e a elevada demanda por divisas 
para o pagamento de dívida externa. Após a perda de US$100 bilhões de 
suas reservas internacionais, o banco central russo permitiu a flutuação 
cambial. 
90
102
114
126
138
150
Dez
 2012
Mar
2013
Mai Ago Out Dez Mar
2014
Mai Ago OutDez
Fonte: Bloomberg
Euro/dólar Iene/dólar Libra/dólar
Gráfico 1.2.4 – Taxas de câmbio de economias avançadas
31.12.2012 = 100
90
120
150
180
210
240
Dez
 2012
Mar
2013
Mai Ago Out Dez Mar
2014
Mai Ago Out Dez
Fonte: Bloomberg
Real brasileiro Dólar australiano Peso chileno
Peso mexicano Rublo russo
31.12.2012 = 100
Gráfico 1.2.5 – Taxas de câmbio EMEs e/ou países
exportadores de commodities versus dólar dos EUA
90
108
126
144
162
180
Dez
 2012
Mar
2013
Mai Ago Out Dez Mar
2014
Mai Ago Out Dez
Gráfico 1.2.6 – Bolsas de valores
Economias desenvolvidas
EUA – S&P 500 Reino Unido – FTSE 100
Alemanha – DAX Japão – NIKKEI 225
Fonte: Bloomberg
31.12.2012 = 100
70
86
102
118
134
150
Dez
 2012
Mar
2013
Mai Ago Out Dez Mar
2014
Mai Ago Out Dez
31.12.2012 = 100
Gráfico 1.2.7 – Bolsas de valores
Economias emergentes
Brasil África do Sul China
Índia México Turquia
Fonte: Bloomberg 
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 11
O índice Chicago Board Options Volatility Index (VIX), 
que afere o sentimento dos investidores a partir da 
volatilidade implícita de curto prazo dos preços das opções 
do índice S&P 500, subiu de 11,6 pontos (em 30 de junho) 
para 19,2 pontos no final do semestre, tendo alcançado, 
em meados de outubro, o patamar de 26,3 pontos (nível 
mais alto desde 1º de junho de 2012, quando atingiu 26,7 
pontos), em razão de incertezas sobre a sustentabilidade 
da retomada do crescimento mundial (gráfico 1.2.8).
Os índices Morgan Stanley Capital International (MSCI)8 
para bancos da Europa e de economias emergentes 
recuaram 4,4% e 4,7%, na ordem, no segundo semestre 
de 2014, comparativamente à estabilidade e ao decréscimo 
de 4,7%, respectivamente, no semestre anterior. Esse 
comportamento está em linha com os desempenhos 
econômicos abaixo do esperado na Europa e nas economias 
emergentes. O índice MSCI para bancos dos EUA, por sua 
vez, elevou-se 8,8% no segundo semestre (alta de 4,4% no 
semestre anterior), em linha com o melhor desempenho 
da economia estadunidense (gráfico 1.2.9). 
8/ Os índices refletem médias ponderadas dos preços das ações das 
respectivas indústrias bancárias.
Após significativo declínio no primeiro semestre, os 
custos médios de proteção contra default (CDS) de 
bancos relevantes9 voltaram a subir na Alemanha (1,8%), 
na França (2,2%), na Itália (12%) e nos EUA (4,2%). De 
forma contrária, houve recuo nos prêmios dos CDS de 
bancos do Reino Unido (15,7%) e da Espanha (11,5%) 
(gráfico 1.2.10). 
De forma prospectiva, os riscos para a estabilidade 
financeira global permanecem elevados, em que pesem 
as diversas medidas de caráter regulatório que vêm 
sendo tomadas desde a crise de 2008,10 com o intuito 
de criar ambiente em que os mercados estejam mais 
preparados para enfrentar eventuais aumentos de 
volatilidade. Contribuem para essa perspectiva, entre 
outros, as sucessivas revisões para baixo nas perspectivas 
de crescimento econômico global; os crescentes riscos 
de deflação em importantes economias; os conflitos 
geopolíticos (no Leste Europeu e no Oriente Médio) e, 
mais recentemente, as incertezas associadas ao processo 
eleitoral grego, que culminou com a eleição do partido 
oposicionista, e o forte recuo no preço do petróleo. 
Eventual elevação abrupta da percepção de risco ou do 
ritmo esperado para a normalização da política monetária 
(em especial nos EUA) elevaria risco de desequilíbrios 
financeiros associados à sensibilidade dos portfolios 
dos agentes econômicos aos riscos de variações nas 
taxas de câmbio ou de juros globais. Esses riscos são 
tanto maiores quanto mais alavancados estiverem os 
agentes econômicos. Ressalte-se que se, por um lado, os 
9/ Média aritmética dos dois maiores bancos de cada país pelo critério de 
capitalização de mercado.
10/ Entre as medidas, incluem-se o aumento do capital mínimo e a criação 
de mecanismos para garantir a liquidez (ex post) mesmo em momentos 
de maior aversão ao risco. 
gráfico para apresentação do diretor
10
14
18
22
26
30
Dez
 2012
Mar
2013
Mai Ago Out Dez Mar
2014
Mai Ago Out Dez
Fonte: Bloomberg
pontos
Gráfico 1.2.8 – CBOE Volatility Index – VIX
Índice de volatilidade
12/jul/11
80
94
108
122
136
150
Dez
 2012
Mar
2013
Mai Ago Out Dez Mar
2014
Mai Ago Out Dez
Gráfico 1.2.9 – MSCI bancos
EUA Europa Economias emergentes
Fonte: Bloomberg
31.12.2012 = 100 
Lembrar aqui se vamos manter a nota de rodapé no texto, que explica a mesma nota de rodapé do gráfico.
Se tirarmos do Gráfico, ele vai ficar mais limpo.
Por outro lado, o gráfico sem o texto é totalmente explicativo.
0
90
180
270
360
450
Dez
 2012
Mar
2013
Mai Ago Out Dez Mar
2014
Mai Ago Out Dez
p.b.
Gráfico 1.2.10 – CDS de 5 anos – Bancos
Prêmios médios de países selecionados1/
 Espanha França Alemanha
 Reino Unido EUA Itália
Fonte: Bloomberg
1/ Calculados pela média aritmética dos prêmios de CDS dos dois maiores 
bancos pelo critério de capitalização de mercado de cada país. Exceção 
nos EUA: JPM Chase e Bank of America. 
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 12
elevados níveis de alavancagem em alguns segmentos do 
mercado reduzem a capacidade de novos endividamentos 
para a sustentação de crescimento econômico mais 
vigoroso, por outro, a permanência de taxas de juros 
em patamares excessivamente baixos por longo período 
segue encorajando a subprecificação do risco e o aumento 
da alavancagem em alguns segmentos. 
No período pós-crise, enquanto o setor financeiro global 
reduziu seu endividamento total (como proporção do 
Produto Interno Bruto [PIB]), o setor não financeiro (que 
inclui governo, famílias e corporações não financeiras) 
aumentou seu nível de endividamento.11 Nas economias 
avançadas, enquanto o setor público aumentou o nível 
de endividamento, os demais segmentos reduziram-no 
(com destaque para as reduções nos endividamentos das 
famílias e do segmento financeiro ocorridas nos EUA). 
Em relação às economias emergentes, houve significativa 
aceleração da alavancagem – embora a partir de base mais 
baixa – das corporações não financeiras com altas taxas de 
retorno (high yields), notadamente por meio da emissão 
recorde de títulos (tanto em moeda doméstica quanto 
estrangeira) em adição aos empréstimos bancários. Em 
menor proporção, o endividamento das famílias também 
aumentou nos mercados emergentes. 
Na agenda regulatória internacional, há pontos ainda 
em aberto, como a questão do shadow banking.12 De 
acordo com a estimativa mais ampla fornecida pelo 
Comitê de Estabilidade Financeira (FSB – sigla em 
inglês) a partir de informações dos ativos de outros 
intermediários financeiros, a intermediação financeira 
não bancária alcançou US$63,8 trilhões em 2013 
(US$60,2 trilhões em 2012).13 Desde 2007, observou-se 
relativa redução na participação dos EUA e ligeiro 
incremento na da Área do Euro e do Reino Unido 
no shadow banking global, além de elevação mais 
acentuada na das economias emergentes (especialmente 
na China). Nesse grupo, a intermediação cresceu 
mais de 10% em 2013, mas sobre base relativamente 
11/ Vide o relatório Capital Markets Monitor, de dezembro de 2014, do Institute 
of International Finance (IIF). Os dados incluem Área do Euro, EUA, 
Reino Unido, Japão, África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Hungria, 
Índia, Indonésia, México, Polônia, República Tcheca, Tailândia e Turquia. 
As informações vão do primeiro trimestre de 2009 ao segundo trimestre de 
2014 (<https://www.iif.com/publication/capital-markets-monitor/december-
2014-capital-markets-monitor-deleveraging-mixed-picture>).12/ Vide o boxe Shadow Banking no Brasil. 
13/ Engloba informações de 25 jurisdições nacionais. Enquanto os ativos do 
sistema bancário representavam 46% do total do sistema financeiro em 
2013, os ativos dos intermediários financeiros não bancários, monitorados 
pelo FSB, situavam-se em 25% do total, equivalentes a 120% do PIB das 
economias. Vide Global Shadow Banking Monitoring Report 2014, FSB, 
de 30 de outubro de 2014.
pequena.14 O Fundo Monetário Internacional (FMI), 
em seu Global Financial Stability Report (GFSR) de 
outubro de 2014, examinou o crescimento global do 
shadow banking e concluiu que sua contribuição para os 
riscos sistêmicos (basicamente domésticos) é maior nos 
EUA que na Europa. Entretanto, existem limitações na 
disponibilização de dados de shadow banking, o que, por 
si só, consiste em risco para o adequado monitoramento 
dessa atividade.15 Ressalte-se que, desde a crise, houve 
grande esforço internacional – envolvendo, entre outros, 
o FSB e o Comitê de Supervisão Bancária da Basileia 
(BCBS – sigla em inglês) – para melhor compreender 
esse segmento e identificar os potenciais riscos para a 
estabilidade financeira.16 O desafio atual é adotar medidas 
práticas, seja pela via da regulamentação, seja pela da 
intensificação do monitoramento desse segmento.
Na Área do Euro, a despeito do compromisso das 
autoridades com o aprofundamento da união bancária, 
importantes avanços ainda são necessários para a 
desvinculação entre os riscos do sistema bancário e 
o risco soberano e para a contenção da fragmentação 
financeira.17 Nesse contexto, desde 14 de novembro de 
2014, o BCE assumiu as funções de supervisão bancária18 
no âmbito do Mecanismo Único de Supervisão, após 
a finalização da avaliação abrangente dos sistemas 
bancários da região realizada com o objetivo de verificar 
a solidez de 130 bancos nos dezenove países do bloco 
econômico, cobrindo aproximadamente 82% dos 
14/ Com base em contas financeiras nacionais, o FSB estima o volume de 
intermediações financeiras não bancárias (excluindo-se companhias 
seguradoras, fundos de pensão e instituições financeiras públicas) (<http://
www.financialstabilityboard.org/wp-content/uploads/r_141030.pdf>). 
15/ Vide Shadow banking around the globe: how large, and how risky. GFSR, 
outubro de 2014. Disponível em <http://www.imf.org/external/pubs/ft/
gfsr/2014/02/pdf/c2.pdf>.
16/ Para lista dos desenvolvimentos recentes de caráter regulatório nessa área, 
vide o capítulo 2, anexo 2.4., p. 99-101, de outubro de 2014. 
17/ A fragmentação financeira se manifesta pela migração de fluxos de não 
residentes dos países mais vulneráveis da Área do Euro (Espanha, Grécia, 
Irlanda, Itália e Portugal) para seus mercados domésticos, assim como 
pela transferência de depósitos de residentes dessas economias para outras 
consideradas mais seguras.
18/ Destaque-se que, no início de 2015, parecer inicial da Corte de Justiça 
da União Europeia confirmou a legalidade da compra definitiva de 
títulos soberanos no mercado secundário pelo BCE (Outright Monetary 
Transactions [OMT]), no âmbito de programa de ajuste macrofinanceiro 
da Área do Euro, fortalecendo o papel do BCE como guardião da 
estabilidade financeira do bloco. A decisão final do plenário da corte está 
prevista para o fim do primeiro semestre de 2015.
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 13
ativos bancários (€22 trilhões).19 Com o aumento da 
transparência sobre a situação dos sistemas bancários, o 
BCE espera, entre outros efeitos, reduzir a fragmentação 
financeira e favorecer, em última instância, a elevação do 
crédito bancário e o aquecimento da atividade econômica 
no bloco. 
Em síntese, os principais fatores de risco para a 
estabilidade financeira internacional são surtos de 
volatilidade20 e ajustes abruptos na inclinação da 
curva de juros em economias maduras associados à 
publicação de novos indicadores e/ou sinalizações 
feitas por autoridades que apontem aceleração do 
processo de normalização das condições monetárias em 
grandes economias, em particular nos EUA. Na pauta 
de riscos relevantes, destacam-se ainda pronunciada 
deterioração nas condições de crescimento econômico 
de importantes áreas econômicas, com eventuais riscos 
de deflação prolongada em economias maduras, em 
especial na Europa. Adicionalmente, o recuo abrupto 
nos preços do petróleo, ainda que possa beneficiar o 
crescimento econômico de países importadores, pode 
agravar desequilíbrios nas economias com alto grau 
de dependência das exportações da commodity, com 
desdobramentos financeiros adversos, em especial nos 
mercados de câmbio e de dívida soberana, em economias 
mais vulneráveis, bem como potencializar os riscos 
de deflação presentes em algumas economias. Nesse 
sentido, o desempenho das principais áreas econômicas 
será determinado por sua capacidade de enfrentar esses 
novos desafios domésticos e externos. 
A conjunção desses fatores, em contexto de mudanças 
estruturais nos mercados de crédito (crescimento do 
shadow banking), tem elevado os riscos de mercado e de 
crédito nos sistemas financeiros. Tais condições seguem 
demandando monitoramento contínuo e coordenado por 
parte das autoridades reguladoras em nível mundial.
19/ Principais resultados da avaliação completa dos 130 bancos de maior 
dimensão da Área do Euro: deficit de fundos próprios no montante de 
€25 bilhões, em 25 dos bancos abrangidos; necessidade de os valores dos 
ativos dos bancos necessitam serem ajustados em €48 bilhões, dos quais 
€37 bilhões não geraram deficit de fundos próprios; deficit de €25 bilhões 
e ajustamento do valor dos ativos em €37 bilhões implicam impacto 
global de €62 bilhões; detectou-se saldo adicional de €136 bilhões de 
inadimplência; cenário adverso do teste de esforço erodiria os fundos 
próprios dos bancos em €263 bilhões, reduzindo a relação média de fundos 
próprios principais de nível 1 (CET1) de 12,4% para 8,3% (<http://www.
ecb.europa.eu/press/pr/date/2014/html/pr141026.pt.html>).
20/ A alta sensibilidade dos mercados financeiros internacionais pode ser 
mensurada pelo impacto expressivo da decisão do banco central da Suíça 
de, em 15 de janeiro de 2015, abolir o piso cambial de CHF1,2/EUR, 
provocando intensa volatilidade nos mercados cambiais e acionários, 
com valorização intradia histórica do franco suíço ante o euro e o dólar 
dos EUA.
1.3 Mercado financeiro nacional
O Banco Central do Brasil (BCB) voltou a elevar a taxa 
básica de juros no final de outubro de 2014, após mantê-la 
em 11,0% desde abril. Essa taxa já havia sido aumentada 
em 3,75 p.p. entre abril de 2013 e abril de 2014. Em 
outubro, o Comitê de Política Monetária (Copom) 
avaliou que o balanço de riscos para a inflação havia se 
tornado menos favorável em função da intensificação 
do realinhamento de preços relativos – tanto domésticos 
em relação aos internacionais, como administrados em 
relação aos livres – e elevou em 0,25 p.p. a taxa Selic. 
A despeito do recuo dos índices mensais de inflação 
no início do semestre, as expectativas para a inflação21 
e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) 
acumulado em doze meses não só permaneciam acima da 
meta de 4,5%22, bem como continuavam em ascensão.23 
No início de dezembro, o Copom elevou novamente a 
taxa Selic, agora em 0,50 p.p., para 11,75%. No mercado 
futuro de taxas de juros, houve reversão da trajetória de 
queda registrada no semestre anterior. As taxas referentes 
aos prazos mais curtos parcialmente anteciparam o 
movimento e em seguida acompanharam a alta da 
taxa básica, enquanto as taxas para prazos mais longos 
apresentaram maiores oscilações, que se refletiram em 
alterações expressivas na inclinação da curva de juros ao 
longo do semestre (gráfico 1.3.1). 
21/ A mediana das expectativas de inflação (IPCA) acumulada para os 
próximos dozemeses (suavizada) subiu mês a mês, de 5,90% em junho 
para 6,61% em dezembro de 2014.
22/ As resoluções nº 4.095, de 28 de junho de 2012, nº 4.237, de 28 de junho 
de 2013, e nº 4.345, de 25 de junho de 2014, do Conselho Monetário 
Nacional (CMN), fixaram, respectivamente, as metas de inflação para 
2014, 2015 e 2016 em 4,5%, e os intervalos de tolerância em 2,0 p.p. 
abaixo e acima da meta.
23/ O IPCA foi de apenas 0,01% em julho e 0,25% em agosto, mas atingiu 
0,78% em dezembro. O acumulado em doze meses, entretanto, após atingir 
6,75% em setembro, encerrou o ano em 6,41%.
9,5
10,3
11,1
11,9
12,7
13,5
Jan
2014
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
% a.a.
Taxa Selic 3 meses 6 meses
1 ano 2 anos 5 anos
Fontes: BM&FBovespa e BCB
Gráfico 1.3.1 – Evolução das taxas de juros
Taxa Selic e swap de 3 e 6 meses, 1 ano, 2 e 5 anos
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 14
desvalorização do real, o resultado fiscal26 e a persistência 
da inflação em níveis elevados constituíram, até o final 
do semestre, fatores subjacentes a esse movimento de 
elevação das taxas de juros. Por sua vez, a complexidade 
que envolve a política monetária do Fed, diante da 
postura expansionista do BCE e do BoJ, acompanhado 
da desaceleração da economia chinesa27 e das revisões em 
baixa do crescimento mundial, bem como as incertezas 
decorrentes das eleições presidenciais, explicam as 
grandes oscilações das taxas de juros de prazos mais 
longos no mercado futuro de juros no Brasil. 
As taxas de juros domésticas apresentaram maior 
volatilidade no segundo semestre de 2014, porém 
ainda inferior ao nível alcançado em junho de 2013. 
A volatilidade das taxas de médio e de longo prazo foi 
resultado dos bruscos movimentos das taxas de juros de 
prazos mais longos, com flattenings da curva seguidos 
de steepenings. Os desafios impostos pelo decrescente 
resultado primário do setor público consolidado, 
acumulado em 12 meses, a partir de maio, bem como 
a persistência de elevadas expectativas de inflação e 
o baixo crescimento econômico, colocaram em foco 
os possíveis rumos da política econômica do próximo 
governo. Nesse ambiente, a acirrada disputa eleitoral 
26/ O impacto de uma atividade econômica mais moderada, as medidas 
para os problemas do setor elétrico e a defasagem acumulada dos preços 
administrados adicionaram incertezas à condução da política fiscal. No 
ano, o resultado fiscal acumulado do setor público consolidado alcançou 
deficit de R$32,5 bilhões (-0,63% do PIB), ante superavit de R$91,3 
bilhões (1,90% do PIB) no ano anterior. A meta de superavit fiscal de 2014 
foi alterada para meta de resultado pela Lei n° 13.053, de 15 de dezembro 
de 2014. A dedução prevista de até R$67 bilhões, relativas ao Programa 
de Aceleração do Crescimento (PAC), foi ampliada para considerar até 
o montante das desonerações de tributos e dos gastos relativos a esse 
programa.
27/ Em 21 de outubro, o Banco Central chinês (PBoC) se colocou ao lado do 
BCE e do BoJ ao adotar medidas de estímulo, como a redução da taxa de 
juros de empréstimo de um ano em 0,4 ponto porcentual, para 5,6%, e da 
taxa de depósito de um ano em 0,25 p.p., para 2,75%.
As oscilações nas taxas longas no mercado futuro de 
juros no Brasil durante o segundo semestre de 2014 
foram influenciadas pelos acontecimentos nos mercados 
internacional e doméstico. No cenário externo, o principal 
fator que explica esse comportamento foi a iminência 
do fim do programa de compra de ativos por parte do 
Fed, confirmado no final de outubro, acompanhada das 
expectativas quanto à elevação de sua taxa básica de juros 
e o consequente movimento sobre a curva dos treasuries. 
Além desse fator, as tensões geopolíticas, a acentuada 
queda no preço das commodities, particularmente o 
petróleo, acompanhada da expressiva desvalorização 
da moeda russa (rublo) em dezembro, complementaram 
a caracterização do cenário de complexidade e de 
maior incerteza no qual operou a política monetária. 
Já no cenário doméstico, os principais fatores foram a 
desaceleração da atividade econômica; a depreciação 
cambial, a partir de setembro; o decrescente resultado 
primário do setor público consolidado, acumulado em 12 
meses, a partir de maio; e as incertezas tanto do cenário 
das eleições presidenciais quanto, subsequentemente, da 
indefinição da nova equipe econômica.
No início do segundo semestre, mediante alteração 
de compulsórios e das regras macroprudenciais de 
requerimento de capital, o BCB buscou melhorar a 
distribuição da liquidez na economia e adequar a uma 
realidade diferente da vigente quando da adoção original 
dessas medidas.24 Concomitantemente, as taxas de juros 
no mercado futuro apresentavam trajetória declinante, 
num cenário de manutenção da taxa básica de juros e 
de enfraquecimento do nível de atividade econômica. 
Esse declínio foi interrompido pontualmente ao final de 
julho, acompanhando o movimento, também pontual, de 
abertura da curva dos treasuries, apreciação do dólar e 
maior aversão ao risco. Somente no início de setembro25 
as taxas do mercado futuro de juros no Brasil exibiram 
uma trajetória claramente ascendente, embora as de 
longo prazo apresentassem oscilações mais acentuadas. A 
24/ A Circular BCB nº 3.712, de 24 de julho de 2014, reduziu os depósitos 
compulsórios, enquanto a Circular BCB no 3.715, de 20 de agosto de 
2014, aumentou em 10 p.p., para 60%, o recolhimento compulsório 
relativo a depósitos a prazo que podem ser cumpridos com operações de 
crédito. A Circular nº 3.714, de 20 de agosto de 2014, alterou os critérios 
relativos ao requerimento mínimo de capital para risco de crédito, dando 
continuidade ao processo de convergência da regulação brasileira aos 
parâmetros internacionais de Basileia.
25/ Em 9 de setembro, a agência de classificação de risco Moody´s rebaixou 
a perspectiva da nota de Baa2 de rating soberano do Brasil de estável 
para negativa.
0,0
0,8
1,6
2,4
3,2
4,0
Jan
2014
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Gráfico 1.3.2 – Volatilidade das taxas de juros
Curto Médio Longo
Fontes: BM&FBovespa e BCB
% a.a.
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 15
demanda por hedge, o BCB anunciou a continuidade do 
programa de leilões cambiais.30 
No semestre, o BCB efetuou leilões de swap cambial 
tradicional31 no valor nocional equivalente a US$75,5 
bilhões (incluídas as rolagens de vencimentos), 
terminando o ano com uma posição líquida em swap 
passiva em câmbio de US$109,6 bilhões, ante US$89,9 
bilhões em junho. O BCB também realizou leilões de linha 
com recompra no valor de US$10,3 bilhões em dezembro. 
Frente ao euro, no mesmo período, a desvalorização do 
real foi de apenas 7,0%, principalmente em razão da 
expectativa quanto ao início do programa de compra de 
ativos pelo BCE (gráfico 1.3.3).
O saldo de câmbio contratado registrou fluxo negativo 
de US$13,4 bilhões no segundo semestre de 2014 e foi 
composto por entrada de US$1,2 bilhão no comercial e 
por saída de US$14,7 bilhões no financeiro. O volume 
líquido de investimento estrangeiro direto (IED) foi de 
US$33,2 bilhões. Já as reservas internacionais, no conceito 
de caixa, encerraram o semestre em US$363,6 bilhões, 
com decréscimo de 2,7% em relação ao final de junho de 
2014, fundamentalmente em decorrência dos leilões de 
venda de dólares com compromisso de recompra.
30/ Em 30 de dezembro de 2014, o BCB formalizou a extensão do programa 
de leilões de câmbio até pelo menos 31 de março de 2015 nas seguintes 
condições: realização de leilões de swap de segunda-feira a sexta-feira, 
com oferta de US$100 milhões por dia; realização de leilões de venda 
de dólares com compromisso de recompra em função das condições de 
liquidez do mercado de câmbio; e, sempre que necessário, realizaçãode 
operações adicionais de venda de dólares por meio dos instrumentos ao 
alcance do BCB.
31/ Operação de swap cambial na qual o Banco Central assume posição 
passiva em câmbio mais cupom cambial e posição ativa na taxa de juros 
doméstica (taxa Selic).
de outubro pela presidência da República adicionou 
incerteza ao mercado futuro de taxa de juros e se 
refletiu em fortes oscilações da curva de juros. Também 
contribuíram para maior volatilidade as flutuações nas 
taxas dos treasuries, a depreciação do real e o aumento 
de volatilidade da taxa de câmbio R$/US$. O anúncio 
da nova equipe econômica reduziu as incertezas, mas, 
ainda assim, em 16 de dezembro houve novo repique 
da volatilidade, decorrente da alta de 6,50 p.p. da taxa 
de juros russa e do movimento de aversão a risco em 
âmbito global.28 Esse movimento de maior volatilidade, 
entretanto, logo arrefeceu, principalmente devido às 
medidas de contenção de gastos anunciadas pela nova 
equipe econômica e pelo discurso mais ortodoxo do 
ministro da Fazenda. Quanto à volatilidade das taxas de 
juros de prazo mais curto, o repique ocorrido no final de 
outubro espelhou a surpresa com que o mercado recebeu 
o início no novo ciclo de aperto monetário, rapidamente 
incorporado nas previsões subsequentes (gráfico 1.3.2).
A taxa de câmbio iniciou o semestre relativamente estável, 
apresentando, entretanto, forte desvalorização a partir de 
setembro. O real encerrou o ano cotado a R$2,66/US$,29 
com desvalorização de 20,6% no semestre. No cenário 
externo, as incertezas em relação às recuperações das 
economias norte-americana e europeias, a perspectiva 
de desaceleração do crescimento da economia chinesa, 
o aumento das tensões geopolíticas ligadas à Rússia e a 
incerteza quanto ao início do ciclo de elevação de juros 
nos EUA aumentaram a aversão global ao risco, o que 
ocasionou a valorização do dólar norte-americano em 
relação a maioria das moedas. 
A volatilidade do câmbio aumentou a partir de setembro 
e, refletindo as incertezas do período de disputa eleitoral, 
só recuou após seu término, permanecendo, entretanto 
em patamar superior ao registrado no primeiro semestre. 
Parte da volatilidade observada pode ser atribuída às 
incertezas em relação à continuidade do programa de 
leilões de câmbio, mas, em dezembro, a maior parte 
dos agentes de mercado já esperava que o programa 
de leilão de câmbio não fosse prorrogado novamente, 
encerrando-se ao final do mês. Em 16 de dezembro, 
entretanto, diante da forte desvalorização do rublo e sua 
repercussão sobre as moedas dos países emergentes e, 
principalmente, devido ao seu impacto no aumento da 
28/ Alguns vértices, como o Jan/16 e o Jan/17 chegaram a atingir o limite 
diário de oscilação imposto pela BM&F (80 p.b.).
29/ Cotação da taxa de câmbio R$/US$ divulgada pelo BCB (PTAX) calculada 
segundo metodologia divulgada pela Circular BCB n° 3.506, de 23 de 
setembro de 2010, e atualizada conforme Circular BCB n° 3.537, de 25 
de maio de 2011.
0,71
0,73
0,75
0,77
0,79
0,81
0,83
2,15
2,27
2,39
2,51
2,63
2,75
Jan
2014
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
EUR/US$R$/US$
Gráfico 1.3.3 – Taxa de câmbio
R$/US$ EUR/US$
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 16
No mercado acionário, o Índice da Bolsa de Valores 
de São Paulo (Ibovespa) continuou a trajetória de 
alta iniciada no semestre anterior até 2 de setembro, 
acumulando ganhos de 16,4% em dois meses. A partir 
de então, houve reversão dessa tendência, e o Ibovespa 
fechou o semestre com queda de 5,9% (gráfico 1.3.4), 
influenciada pela queda de 41% no valor das ações da 
Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras).32 A volatilidade 
do Ibovespa foi influenciada, principalmente, pelas 
incertezas quanto à disputa eleitoral. Em novembro, 
a bolsa ensaiou uma recuperação na expectativa da 
nomeação de uma nova equipe econômica. No entanto, 
a persistente queda do preço do petróleo no semestre e 
os adiamentos na publicação do balanço da Petrobrás33, 
juntamente com as repercussões da desvalorização 
do rublo, fizeram com que o Ibovespa acumulasse 
perdas de 11,6% até 16 de dezembro. Quanto ao fluxo 
de investimentos estrangeiros, houve ingresso líquido 
de R$9,6 bilhões no terceiro trimestre. Entretanto, o 
aumento das volatilidades externa e interna provocou 
uma reversão parcial desse fluxo, encerrando o semestre 
em R$8,1 bilhões. 
Em síntese, os condicionantes externos e internos foram 
mais favoráveis nos meses de julho e agosto, resultando 
em flattening da curva de juros doméstica, relativa 
estabilidade da taxa de câmbio e das volatilidades das 
taxas de juros, além de expressiva alta do Ibovespa. Desde 
então, houve reversão desse quadro. 
32/ Como a nova metodologia de cálculo do Ibovespa, adotada em maio de 
2014, que considera o valor de mercado das empresas, a participação 
relativa da Petrobras caiu de 14,2% (quarto trimestre de 2014) para 7,9% 
(primeiro trimestre de 2015), menor nível desde 1998.
33/ Em 12 de dezembro, após o encerramento das negociações, a Petrobras 
adiou novamente a divulgação do balanço não auditado do terceiro 
trimestre. Assim, no dia seguinte, o preço das ações da empresa chegou a 
cair mais de 10% em relação ao preço inicial, o que fez com que as ações 
da empresa fossem levadas a leilão.
No último quadrimestre, o ambiente externo mostrou-se 
complexo: os bancos centrais das principais economias 
desenvolvidas adotaram políticas monetárias distintas; os 
preços das commodities caíram de forma significativa, 
com destaque para o do petróleo; e os conflitos 
geopolíticos no Oriente Médio e no Leste Europeu se 
acirraram. Internamente, o nível da atividade desacelerou 
e houve piora dos indicadores fiscais. Ainda assim, os 
índices de preços domésticos e as expectativas para 
a inflação continuaram em patamares elevados. Em 
outubro, o BCB avaliou que o balanço de riscos para 
inflação havia se tornado menos favorável e começou 
a elevar novamente a taxa Selic. O processo eleitoral 
colocou em foco os possíveis rumos da política 
econômica do próximo governo, adicionando incertezas 
que contribuíram para o aumento das taxas de juros bem 
como para a elevação das volatilidades do câmbio e dos 
juros e para a reversão da trajetória de alta do Ibovespa, 
que encerrou o semestre em queda.
44
48
52
56
60
64
Jan
2014
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Pontos (mil)
Gráfico 1.3.4 – Índice Bovespa
Fonte: BM&FBovespa
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 17
2Sistema bancário 
2.1 Introdução
No segundo semestre de 2014, o sistema bancário 
brasileiro continuou apresentando baixo risco de liquidez 
e elevada solvência.
O risco de liquidez de curto prazo manteve-se baixo, com 
elevação do estoque de ativos líquidos das instituições 
financeiras. Além disso, o risco de liquidez estrutural 
também permanece baixo, uma vez que os recursos estáveis 
mantêm-se suficientes para suportar o estoque de crédito.
Acerca do mercado de crédito, destaca-se a continuidade 
das principais tendências observadas no primeiro semestre: 
crescimento do estoque em ritmo menor, elevação das 
taxas de juros aos tomadores e relativa estabilidade do nível 
de inadimplência e do índice de cobertura da inadimplência 
(ICI)34. Entretanto, há distinções entre as tendências 
quando segmentadas por tipo de controle (público ou 
privado), porte de tomador e produto. Em particular, 
destaca-se o aumento da inadimplência das pequenas 
e médias empresas e a elevação das renegociações de 
créditos habitacionais em bancos públicos. 
Aspectos adicionais que podem afetar as tendências futuras 
do crescimento do crédito e da inadimplência incluem a 
evolução do ambiente econômico nacional e internacional, 
os efeitos na capacidade de pagamento das empresasinvestigadas na Operação Lava Jato e em sua cadeia de 
fornecedores, bem como o cenário de incerteza sobre as 
condições e custos da oferta de energia elétrica e de água. 
A elevação nas taxas de juros aos tomadores começou 
a produzir efeito positivo na rentabilidade da carteira 
de crédito e contribuiu para impulsionar o resultado. O 
avanço do resultado de crédito e a significativa ampliação 
34/ O índice de cobertura da inadimplência mede a razão entre a provisão 
contabilizada e o saldo total das operações vencidas há mais de noventa dias.
dos ganhos em participações societárias favoreceram o 
incremento no retorno sobre o patrimônio líquido.
A solvência do sistema bancário permaneceu estável no 
semestre e as métricas utilizadas para a sua mensuração 
continuaram em patamar elevado. Os índices de 
capitalização seguiram em níveis superiores aos dos 
requerimentos regulatórios, o que, associado aos resultados 
da simulação da plena implementação do arcabouço de 
Basileia III e da introdução do futuro requerimento de 
razão de alavancagem, confirmaram a confortável situação 
de solvência do sistema. 
Nas simulações de situações de estresse, o sistema bancário 
brasileiro apresentou adequada capacidade de suportar 
efeitos de choques decorrentes de cenários adversos, bem 
como mudanças abruptas nas taxas de juros, de câmbio, 
na inadimplência ou nos preços dos imóveis residenciais. 
Destaque-se que, para efeito deste capítulo, o sistema 
bancário é constituído pelas instituições banco comercial, 
banco múltiplo, caixa econômica, banco de câmbio e 
banco de investimento, e pelos conglomerados financeiros 
compostos por ao menos uma dessas modalidades de 
instituições. Os bancos de desenvolvimento não estão 
incluídos nas análises, exceto na seção 2.3 Crédito, na 
qual as análises envolvem todo o Sistema Financeiro 
Nacional (SFN).
2.2 Liquidez
O risco de liquidez de curto prazo do sistema bancário 
brasileiro, que já se apresentava em baixo patamar, 
reduziu-se ainda mais no segundo semestre de 2014, 
evento fortemente influenciado pela elevação do estoque 
de ativos líquidos35 nas instituições financeiras (IF). O 
35/ Para definição de ativos líquidos e de fluxo de caixa estressado, vide 
“Conceitos e Metodologias”, itens a e d.
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 18
risco de liquidez estrutural36 também permaneceu baixo, 
pois o estoque de recursos estáveis37 manteve-se em 
montante suficiente para suportar o estoque do crédito.
No semestre, o montante de ativos líquidos das IF aumentou 
em cerca de R$82 bilhões, influenciado principalmente 
pela mudança no mix das captações, que inclusive reduziu 
o volume das exigibilidades de compulsório. 
Apesar do crescimento do estoque das captações, o 
fluxo de caixa estressado (de curto prazo) manteve-se 
praticamente inalterado no período, efeito do ganho de 
estabilidade proporcionado pela mudança no mix de 
captações. Esses movimentos resultaram na elevação do 
índice de liquidez (IL)38 do sistema de 1,71 para 2,02 no 
semestre (gráfico 2.2.1).
36/ Liquidez estrutural de uma IF refere-se à relação entre operações ativas 
de prazos mais longos e as fontes de recursos suficientemente estáveis 
para suportá-las. Quanto maior a estabilidade dos recursos, menor o risco 
futuro de insuficiência de recursos.
37/ Recursos estáveis são aqueles com risco reduzido de corrida bancária 
em situação de estresse: a) primeiramente pela perspectiva do aplicador 
(principal) são estáveis as captações de varejo (detentores não 
institucionais) e b) de forma complementar, pela perspectiva do prazo 
efetivo do instrumento de captação, são estáveis quando maior que um 
ano. Indicador modificado e adaptado do conceito do Financial Soundness 
Indicator FSI I22, preconizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). 
Detalhes da definição, ver “Conceitos e Metodologias”, item b.
38/ O IL relaciona o volume de ativos líquidos disponíveis para a instituição 
com o fluxo de caixa estressado (desembolso dos 30 dias/21 dias úteis 
subsequentes em cenário de estresse). O fluxo de caixa estressado simula 
desembolsos em padrões bem acima dos esperados, tendo por parâmetro 
o histórico de crises passadas. Instituições com IL superior a um (100%) 
possuem ativos líquidos suficientes para suportar esse cenário de estresse. 
Como a metodologia simula um cenário de trinta dias em que os ativos 
líquidos teriam de ser convertidos em dinheiro, eles são marcados a 
mercado e/ou sofrem ponderação que simula redução de preço no caso de 
venda forçada. Essa métrica de liquidez tem por base os mesmos conceitos 
subjacentes ao Liquidity Coverage Ratio (LCR), índice introduzido por 
Basileia III. No Brasil, o LCR deve ser calculado e divulgado a partir de 
2016, conforme Resolução CMN nº 4.401, de 27 de fevereiro de 2015, e 
Circular BCB nº 3.749, de 5 de março de 2015.
A elevação foi acompanhada de melhora na distribuição 
do risco de liquidez das instituições, caracterizada pela 
redução da representatividade no sistema das IFs com IL 
abaixo de um e também pelo aumento da participação 
das IFs com IL acima de dois (gráfico 2.2.2).
Com variações equiparadas dos estoques de captação e de 
crédito domésticos, a menor proporção do compulsório 
em relação ao estoque de recursos captados resultou no 
aumento dos ativos líquidos no semestre e consequente 
redução do risco de liquidez (gráfico 2.2.3).
O crescimento do funding estável permaneceu compatível 
com o aumento de prazo médio e do volume da carteira 
de crédito, mantendo o risco de liquidez estrutural baixo. 
Entre os instrumentos de captação de maior estabilidade, 
destacam-se a poupança, a letra financeira (LF) e a letra 
de crédito imobiliário (LCI) (gráfico 2.2.4).
0
160
320
480
640
800
0,00
0,42
0,84
1,26
1,68
2,10
Jan
2012
Jul Jan
2013
Jul Jan
2014
Jul Dez
R$ bilhões un.
Gráfico 2.2.1 – Índice de liquidez
Ativos líquidos
Fluxo de caixa estressado
Índice de liquidez
Base de dados
IF
BB
ITAU
CAIXA ECONOMICA FEDERAL
BRADESCO
SANTANDER
Total
HSBC
VOTORANTIM
SAFRA
BTG PACTUAL
CITIBANK
22 6 6
7 9 10
8
63
18 3 11
4
8
7
9
72
0
11
22
33
44
55
 <0,8 0,8-1,0 1,0-1,2 1,2-1,4 1,4-1,6 1,6-1,8 1,8-2,0 ≥2,0 
Gráfico 2.2.2 – Distribuição de frequência para o 
índice de liquidez1/
Junho 2014 Dezembro 2014
Índice de liquidez
1/ Os valores sobre as barras referem-se ao número de instituições 
% dos ativos do sistema
financeiras com índice de liquidez pertencente ao intervalo correspondente.
Base de dados
0
4
8
12
16
20
Jan
2012
Jul Jan
2013
Jul Jan
2014
Jun Dez
%
Relação compulsório versus captações domésticas
Variação semestral do estoque de captações domésticas
Variação semestral da carteira de crédito doméstica
Gráfico 2.2.3 – Relação compulsório versus captações 
domésticas e variações semestrais dos estoques 
domésticos de captações e crédito 
Base de dados
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 19
Permanece baixa a dependência por funding externo. 
A captação externa total reduziu-se em US$8 bilhões 
no semestre, com destaque para a diminuição em 
aproximadamente US$16 bilhões dos recursos captados 
e mantidos no exterior39. Essa redução, entretanto, não 
é verificada nos estoques em reais devido à depreciação 
frente ao dólar verificada no período (gráfico 2.2.5).
Em suma, o risco de liquidez permanece baixo tanto em 
perspectiva de curto quanto de médio prazo. O volume 
de ativos líquidos do sistema mostra-se compatível com a 
estrutura de passivos, bem como o funding estável com a 
carteira de crédito. Ademais, a desaceleração do crescimento 
dessa carteira tende a reforçar essa constatação.
39/ Além dos recursos captados emantidos no exterior, ainda compõem as 
captações externas aquelas que ingressam no país. Subdividem-se em: 
1) recursos externos vinculados a operações de comércio exterior ou 
empréstimos e; 2) recursos externos livres: demais recursos que ingressam 
no país.
2.3 Crédito
Os principais destaques sobre o crédito40 no segundo 
semestre de 2014 referem-se à continuidade de tendências 
observadas no primeiro semestre, especialmente o ritmo 
menor de crescimento do estoque, a elevação das taxas 
de juros aos tomadores e a manutenção relativa do nível 
de inadimplência,41 oscilando em torno de 3,0%. O ICI 
também permaneceu relativamente estável, próximo 
a 1,7, o que, em conjunto com o menor crescimento 
das carteiras e a inadimplência estável até o momento, 
aponta para a manutenção da resiliência do sistema 
de crédito na perspectiva agregada. Há, no entanto, 
diferenças entre esses indicadores e suas tendências 
quando segmentados por tipo de controle, porte de 
tomador ou produto de crédito. Acesso mais restrito 
a financiamentos pelas empresas investigadas no 
contexto da Operação Lava Jato e seus fornecedores, 
bem como indefinições quanto às condições e custos de 
oferta de energia elétrica e de água, ensejam atenção 
relativamente aos seus impactos potenciais sobre a 
capacidade de pagamento dos tomadores de crédito. 
Analisando especificamente a variação do estoque do 
crédito doméstico, no segundo semestre manteve-se 
a tendência de redução no ritmo de crescimento das 
carteiras, encerrando o ano com aumento de 11,3% em 
relação a dezembro de 2013. Além disso, esse crescimento 
teria sido ainda menor em relação ao observado, se não 
fosse pelos efeitos da desvalorização cambial sobre as 
operações referenciadas em moeda estrangeira.42 
Essa redução advém essencialmente dos bancos públicos, 
que continuaram a diminuir suas taxas de crescimento de 
carteira. Essa queda, no entanto, foi menos significativa 
que nos dois semestres anteriores, encerrando o ano 
com crescimento de 16,5% nas carteiras domésticas.43 
Diferentemente, os bancos privados não retomaram o 
ritmo de crescimento do estoque de crédito, mantendo 
suas taxas de crescimento levemente abaixo de 6% ao 
ano (a.a.) ao longo da maior parte do segundo semestre 
(gráfico 2.3.1). Com isso, observou-se aumento da 
40/ Refere-se ao crédito bancário doméstico.
41/ Inadimplência mensurada pela relação do saldo total de operações de 
crédito com parcelas vencidas há mais de noventa dias, com o valor total 
da carteira de crédito.
42/ Do total de operações de crédito, 7,9% eram representadas por operações 
referenciadas em moeda estrangeira em dezembro de 2014, basicamente 
o dólar dos EUA. A desvalorização de 13,4% do real frente ao dólar 
dos EUA no ano foi responsável por 0,4 p.p. do crescimento anual das 
operações de crédito.
43/ Em junho, o crescimento anual dos bancos públicos foi de 17,1%, enquanto 
em dezembro de 2013 havia sido de 22,6%. 
0
3
6
9
12
15
Dez
2010
Jun
2011
Dez Jun
2012
Dez Jun
2013
Dez Jun
2014
Dez
%
Captações externas mantidas no exterior versus captações totais
Captações externas que ingressam (vinculadas) versus captações totais
Captações externas que ingressam (livres) versus captações totais
Gráfico 2.2.5 – Perfil das captações externas como 
percentual da captação total
Base de dados
20
24
28
32
36
40
0
26
52
78
104
130
Dez
2009
Jun
2010
Dez Jun
2011
Dez Jun
2012
Dez Jun
2013
Dez Jun
2014
Dez
meses %
Gráfico 2.2.4 – Captações de recursos estáveis 
sobre crédito e seu prazo médio 
Captação estável versus crédito (%)
Prazo médio da carteira de crédito doméstica (meses)
Base de dados
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 20
participação das instituições públicas no crédito 
doméstico total, atingindo 53,6% em dezembro de 2014. 
As taxas de juros para o crédito livre se elevaram no 
semestre (gráfico 2.3.2), influenciadas pela continuidade 
dos aumentos da taxa Selic.44 Foram observados 
aumentos nas principais modalidades de crédito, com 
mais intensidade naquelas que apresentam maior nível 
de inadimplência, como o cheque especial e o capital de 
giro. O início de 2015 tende a apresentar continuidade 
dos aumentos do custo para o tomador de crédito livre, 
em razão do aumento do Imposto sobre Operações 
de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos e 
Valores Mobiliários (IOF) ocorrido em janeiro de 2014 
e do provável repasse para o crédito dos aumentos da 
meta da taxa Selic. 
A inadimplência da carteira de crédito doméstico oscilou 
entre 3,0% e 3,1% entre junho e novembro, atingindo 
2,9% em dezembro de 2014. Entretanto, a inadimplência 
44/ No primeiro semestre de 2014, a meta para a taxa Selic variou de 10,00% 
para 11,00%. No segundo semestre, variou de 11,00% para 11,75%.
apresentou comportamentos diferentes nas instituições 
financeiras quando consideradas por tipo de controle: 
enquanto nos bancos privados houve melhora, com 
diminuição de 0,2 p.p. no semestre, nos bancos públicos 
houve aumentos de julho a novembro e queda apenas no 
mês de dezembro (gráfico 2.3.3). Ressalte-se, porém, 
que essa redução está associada a cessões de crédito45 
e renegociações de operações inadimplentes, e não 
a mudanças efetivas no perfil da carteira. Sem esses 
eventos, a inadimplência nos bancos públicos teria 
mantido sua tendência e a do SFN teria encerrado o 
semestre estável. 
O ICI apresentou aumento de 0,07 p.p. de junho 
a dezembro de 2014 (gráfico 2.3.4), decorrente da 
diminuição da inadimplência nos bancos privados. Nos 
bancos públicos, o ICI praticamente não variou, em que 
pesem as cessões de crédito e renegociações realizadas. 
De qualquer modo, em ambos os casos o indicador 
continua em nível adequado, mesmo levando-se em conta 
os eventos citados no parágrafo anterior, permanecendo 
em patamar superior ao mantido pelas instituições 
financeiras da maioria dos países.46
A existência de volume suficiente de provisões é, como 
no semestre anterior, corroborada por outras métricas, 
tais como a relação entre as provisões constituídas e os 
créditos baixados para prejuízo nos doze meses seguintes, 
ou as provisões constituídas e o total da carteira de maior 
45/ Houve volume relevante de cessões de operações inadimplentes para 
fora do SFN, sem retenção de risco, nos meses de setembro e dezembro. 
A cessão de créditos inadimplentes sem retenção de riscos implica a 
baixa contábil desses ativos, reduzindo o índice de inadimplência da 
instituição cedente. Note-se que a cessão e a renegociação de créditos 
são práticas usuais para gestão de riscos da carteira de crédito, mas o 
objetivo em ressaltar esses eventos é seu efeito na redução do indicador 
de inadimplência.
46/ Dados disponíveis no sítio do FMI, reproduzidos no Anexo Estatístico.
0,0
1,2
2,4
3,6
4,8
6,0
Jun
2011
Set Dez Mar Jun
2012
Set Dez Mar Jun
2013
Set Dez Mar Jun
2014
Set Dez
Público Privado Total
%
Gráfico 2.3.3 – Inadimplência por controle
Base de dados
0
10
20
30
40
50
Jun
2011
Set Dez Mar Jun
2012
Set Dez Mar Jun
2013
Set Dez Mar Jun
2014
Set Dez
Livre PJ Livre PF
Direcionado PJ Direcionado PF
Gráfico 2.3.2 – Evolução das taxas de juros
Recursos livres e direcionados, PF e PJ % a.a.
Base de dados
0
10
20
30
40
50
Dez
2008
Jun
2009
Dez Jun
2010
Dez Jun
2011
Dez Jun
2012
Dez Jun
2013
Dez Jun
2014
Dez
%
Gráfico 2.3.1 – Crescimento anual do crédito 
por controle 
Público Privado Total
Base de dados
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 21
risco,47 composta pelas operações de crédito classificadas 
nos níveis de E a H (gráfico2.3.5).48
A análise da dispersão do ICI por banco49 (gráfico 2.3.6) 
nas posições de junho e de dezembro de 2014 evidencia 
que o movimento mais expressivo no período foi o 
aumento das instituições com cobertura de provisões 
maiores do que 1,6, tanto em quantidade quanto em volume 
de carteira, reforçando a avaliação de que o SFN, em 
geral, encontra-se com adequado nível de provisões. Na 
faixa de ICI inferior a 1,0, embora tenha havido aumento 
47/ Os percentuais do gráfico 2.3.5 representam o valor de cada métrica 
dividido pelo valor total da carteira de crédito doméstico.
48/ O volume de provisões constituídas superior às baixas a prejuízo indica 
que as perdas materializadas são inferiores às perdas esperadas, denotando 
margem de segurança relevante nesse quesito. Também reforça esse 
entendimento o fato de a carteira E-H, que pode ser entendida como a 
fração da carteira mais sujeita à materialização de perdas esperadas, ter 
nível compatível com as provisões.
49/ Nesse teste, as cooperativas de crédito e as instituições financeiras não 
bancárias não foram consideradas, pois, apesar de seu grande número, 
respondiam somente por 3,2% do crédito doméstico total em dezembro 
de 2014. Além disso, só são considerados os bancos que têm carteira 
de crédito.
no número de bancos, a relevância dessa carteira sobre o 
SFN se manteve estável em relação a junho de 2014, em 
torno dos 2%. Por fim, salienta-se que, em dezembro de 
2014, 97% da carteira de crédito no SFN encontrava-se 
no ativo de instituições com ICI superior a 1,3. 
Analisando especificamente os principais aspectos do 
crédito à pessoa física, cabe destacar que a expansão 
das carteiras, embora em menor ritmo, não foi 
acompanhada de alterações significativas na capacidade 
de pagamento dos tomadores, quando avaliada com foco 
no comprometimento de renda. O comprometimento de 
renda é medido de duas formas: uma considerando toda 
a população e a partir dos agregados monetários medindo 
o comprometimento de renda das famílias (CRF)50, 
outra, considerando somente os tomadores de crédito e 
suas respectivas rendas, medindo o comprometimento 
de renda dos tomadores de crédito no SFN (CRTC)51. 
Embora os níveis não possam ser comparados em razão 
de diferenças metodológicas, ambas as séries indicam 
uma redução na comparação com doze meses antes.
50/ Para mais detalhes sobre a metodologia, veja-se boxes no Relatório de Inflação 
(RI) “Evolução Recente do Crédito, da Inadimplência e do Endividamento 
das Famílias”, de setembro de 2008; “Evolução da Inadimplência, do 
Endividamento e do Comprometimento de Renda após a Crise”, de março 
de 2010; “Endividamento e Comprometimento da Renda das Famílias: 
Incorporação do Conceito de Massa Salarial Ampliada Disponível”, 
de setembro de 2010 e no Relatório de Estabilidade Financeira (REF) 
“Endividamento e Comprometimento de Renda das Famílias com Dívidas 
Bancárias: Revisão Metodológica”, de setembro de 2011. Divulgado no 
Sistema Gerenciador de Séries Temporais (SGS) – Série 19.881.
51/ O comprometimento de renda dos tomadores de crédito considera apenas 
a renda das pessoas físicas que possuem endividamento junto ao SFN. É 
realizado o cálculo individualizado tomador a tomador e então é utilizada 
a mediana. Trata-se de métrica distinta do comprometimento de renda das 
famílias, divulgado no Sistema Gerenciador de Séries Temporais – Série 
19.881, que computa a renda de toda a população conforme metodologia 
utilizada internacionalmente. Para mais detalhes sobre o comprometimento 
de renda dos tomadores de crédito no SFN, ver seção “Conceitos e 
metodologias”, item c.
4 12 25
12
11
55
9 11 15
17
11
56
0%
8%
16%
24%
32%
40%
<0,7 0,7≤IC<1 1≤IC<1,3 1,3≤IC<1,6 1,6≤IC<1,9 ≥1,9
Junho 2014 Dezembro 2014
Gráfico 2.3.6 – Distribuição de frequência para o índice 
de cobertura da inadimplência1/
1/ As barras indicam a representatividade da carteira e os valores sobre as
barras referem-se ao número de instituições financeiras com índice de
cobertura da inadimplência naquele intervalo.
Base de dados
0,0
1,2
2,4
3,6
4,8
6,0
Jun
2011
Set Dez Mar Jun
2012
Set Dez Mar Jun
2013
Set Dez Mar Jun
2014
Set Dez
%
Gráfico 2.3.5 – Inadimplência, provisões e baixas 
para prejuízo
Carteira de crédito classificada nos níveis de E até H
Provisões
Inadimplência
Créditos baixados nos doze meses seguintes
Base de dados
0,0
0,6
1,2
1,8
2,4
3,0
Jun
2011
Set Dez Mar Jun
2012
Set Dez Mar Jun
2013
Set Dez Mar Jun
2014
Set Dez
Gráfico 2.3.4 – Índice de cobertura da 
inadimplência por segmento
Público Privado Total
Base de dados
Março 2015 | Relatório de Estabilidade Financeira | 22
instituições, situa-se abaixo de 40% (gráfico 2.3.9).53 
Esse dado indica que, no geral, as políticas de concessão 
de crédito das instituições financeiras têm observado 
limites razoáveis de comprometimento de renda total 
dos tomadores.
As instituições financeiras permanecem dando maior 
ênfase às modalidades de menor risco em suas políticas 
de crédito (gráfico 2.3.10). Observa-se a continuidade 
na redução das carteiras de veículos e na desaceleração 
do ritmo – já anteriormente baixo – dos empréstimos 
sem consignação. Por outro lado, o crescimento do 
crédito com consignação em folha de pagamento segue 
estável e acima da média da carteira, enquanto o crédito 
53/ Para melhor compreensão do gráfico 2.3.8, suponha-se um devedor que 
comprometa 25% de sua renda líquida em um conglomerado A e 10% em 
um conglomerado B. Para ambos os conglomerados, o devedor entrará no 
cômputo do comprometimento de renda com o valor de 35%, pois o valor 
relevante é o do seu CRTC no Sistema Financeiro Nacional e não nos 
conglomerados individuais. O CRTC de cada conglomerado é calculado 
por meio da mediana do CRTC de seus clientes considerando-se sua dívida 
total no SFN.
Avaliando a evolução do CRTC nos últimos meses, 
observam-se tendências distintas de acordo com a faixa 
de renda do tomador de crédito, com a queda sendo 
observada apenas na faixa de menor renda (gráfico 
2.3.8). Nesse caso, a queda do CRTC é explicada por 
um crescimento da renda levemente mais significativo 
na faixa até três salários mínimos e pelo aumento na 
quantidade de tomadores de crédito nesse grupo. Nas 
faixas mais altas, o leve aumento do CRTC, ainda 
em patamares relativamente baixos, decorre de maior 
participação do crédito imobiliário no serviço da dívida.
Outro aspecto importante é que, na maioria dos 
conglomerados financeiros52, o nível de comprometimento 
de renda de seus tomadores de crédito (CRTC), 
considerando-se todo o crédito tomado nas demais 
52/ Foram consideradas apenas as instituições financeiras bancárias com 
carteira de crédito pessoa física.
41
30
20
0
12
24
36
48
60
CRTC abaixo de 30% CRTC de 30% a 40% CRTC acima de 40%
Gráfico 2.3.9 – CRTC em todo o SFN por conglomerado1/
Pessoa física %
1/ O rótulo de dados mostra a quantidade de conglomerados em cada 
faixa de CRTC. O eixo vertical mostra o percentual da carteira 
ativa total para cada faixa. 
Base de dados
0
5
10
15
20
25
Até 3 s.m. 3 a 5 s.m. 5 a 10 s.m. > 10 s.m. SFN
Dezembro 2013 Junho 2014 Dezembro 2014
Gráfico 2.3.8 – CRTC no SFN
Pessoa física %
Base de dados
10
14
18
22
26
30
Jun
2012
Dez Jun
2013
Dez Jun
2014
Dez
%
Gráfico 2.3.7 – Comprometimento de renda
Pessoa física
CRF CRTC
Base de dados
-10
0
10
20
30
40
Dez
2012
Mar
2013
Jun Set Dez Mar
2014
Jun Set Dez
Gráfico 2.3.10 – Crescimento anual do crédito 
Principais modalidades PF
Imobiliário Consignado
Cartão de crédito Sem consignação
Veículos
%
Base de dados

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