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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GEOGRAFIA URBANA E DOS SERVIÇOS HUDSON SILVA ROCHA RESUMO SILVA, J. B. da. Discutindo a cidade e o urbano. In: SILVA, J. B. da; COSTA, M. C. L. da; DANTAS, E. W. C. (org). A cidade e o urbano. Fortaleza: EUFC, 1997. Para muitos, a cidade é onde se encontra trabalho, onde é possível a construção de um futuro melhor. Já para outros, cidade é sinônimo de estresse, congestionamenos, insegurança. Ela é almejada e rejeitada ao mesmo tempo. Essa ambiguidade deve-se ao fato de que diferentes olhares elaboram diversas imagens e representações contraditórias, caracterizando a individualidade de cada pessoa. Entretanto, a cidade é também o espaço do coletivo, onde um depende do outro, fazendo a cidade funcionar ininterruptamente. A interação “indivíduo x coletivo” aproxima e mescla culturas e conhecimentos, firmando a cidade como espaço privilegiado. Todos esses elementos representam o modo de vida urbano, originado da cidade. O urbano dita as diferenças perceptíveis entre as cidades. Cidades, metrópoles e megalópoles marcam a dimensão e expansão do urbano, com a capacidade de universalizar a cidade, homogeneizando atitudes, comportamentos e hábitos. A cidade é constituída de partes efêmeras que se constroem e se destroem diariamente: demolições, construções, reformas, emoções. Logo, em meio às diferentes características detectadas entre as cidades sua compreensão torna-se complexa. A mundialização ocasiona o surgimento de temas que conduzem a identificação de semelhanças, reforçando a universalização do urbano. Tal aspecto seria uma forma de análise das cidades. Outros preferem realizar uma interpretação mais aprofundada através da singularidade dos territórios. Nesta perspectiva dos interesses específicos, ao se discutir políticas e desenvolvimento urbano, privilegia-se a produção, o consumo e a gestão do espaço urbano, atrelados a interação “sociedade x natureza”. Porém, ao enfocar a cidade e o urbano analisando as metrópoles ou megalópoles, faz-se o estudo da intensidade do fluxo de bens, pessoas, informações e mercadorias que se realiza através do urbano, ou seja, investiga-se a evolução da rede urbana através dos processos socioeconômicos. A geografia urbana privilegia a análise da gestão na e da cidade, a história e o cotidiano urbano. Isso porque, ao longo do tempo, o espaço da cidade fragmenta-se e exibe paisagens que sinalizam o cotidiano urbano, e a geografia aborda as práticas espaciais fundamentadas à territorialidade. O Brasil seria um exemplo da dinâmica urbana. No passado recente o país era uma sociedade predominantemente rural. Atualmente, o país é uma sociedade marjoritariamente urbana. Assim, a distribuição e a concentração (por sinal, desiguais) da população no espaço são estudadas e interpretadas pela geografia. Cabe, então, ao geógrafo estar atento aos processos de transformação da cidade, ao ponto de criar e implementar políticas públicas que tornem a cidade um espaço democrático. Pensar a cidade exige interpretá-la como espaço dinâmico. Os materiais mudam, as formas mudam e a mentalidade muda. Assim, a cidade é mais uma composição de lugares do que um espaço interativo. Então, qual seria a diferença entre lugar e espaço? O lugar é o espaço ocupado, ou seja, habitado, uma vez que sua etimologia sugere sentido de povoado, região e país. O espaço ganha significado e valor em razão da presença do homem, seja para acomodá-lo fisicamente, como o seu lar, ou para servir como palco para as suas atividades, ou seja, o espaço é o lugar praticado. O espaço transforma-se em lugar à medida que conhecemos melhor e o dotamos de valor. A configuração territorial da cidade resultou na multiplicação de lugares e, consequentemente, na escassez de espaços. Como converter lugares em espaços? Que níveis de relações se estabelecem entre os bairros, setores ou porções da cidade que se localizam nesses lugares? Como vencer a divisão social do trabalho? Há momentos em que a cidade se configura enquanto espaço. A cidade, enquanto local de especialização do trabalho, possibilita a organização de segmentos profissionais, de minorias, de excluídos que insistem em buscar “espaço” nos lugares da cidade. Essa constante possibilidade de conversão de lugares em espaço na cidade constitui momentos em que a cidade se transforma em espaço propriamente dito. Torna-se necessário, então, que o geógrafo propicie a superação das dificuldades que impõem lugares quando se almejam espaços. A cidade como objeto de estudo insiste em falsear suas aparências, transformando em efêmero o que poderia e deveria ser mais permanente.
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