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CONTABILIDADE GERENCIAL Introdução ao Comportamento do Custo em relação Custo – Volume – Lucro Controle Gerencial A constante mutação da economia tem sido mola propulsora das mudanças ocasionadas nas organizações. As organizações buscam formas de se tornar perenes ao longo dos tempos e, para isso, buscam melhorar seus controles gerenciais, uma vez que estes são responsáveis por balizar as decisões dos gestores. Os controles gerencias são responsáveis pelo desenho ou fluxo da informação. Seu principal objetivo é descrever determinado processo ou fluxo, a fim de controlar as ações ou decisões sobre determinado ato administrativo, o que possibilita aos gestores compreender ou estudar o desempenho de determinados processos. As organizações buscam controlar todos os seus atos e fatos administrativos (por meio dos controles). Dentre os diversos tipos de controles gerenciais, um merece destaque: o “controle de custos”, que, devido à relevância que tem para as organizações, muitas direcionam seus esforços para melhorar ou aprimorar seus controles de custos, como: apuração do custo dos produtos e dos departamentos; controle de custos de produção; melhoria de processo e eliminação de desperdícios; otimização de resultados; auxílio na tomada de decisões gerenciais. Os controles gerenciais são formados por diversos sistemas, então, primeiramente, devemos compreender os “sistemas de controle”. Conforme o dicionário Aurélio a palavra “sistema” significa “conjunto de elementos inter-relacionados, estrutura organizada por um fim, método, modo”. Ainda de acordo com o dicionário Aurélio, “controle” significa “domínio, fiscalização, comedimento, mecanismo de comando”. Assim, podemos concluir que os sistemas de controles são responsáveis por ligar diversas áreas, com a finalidade de ampliar o controle sobre determinado ato. Uma vez compreendido o significado das palavras-chave, tem-se a necessidade de entender sua caracterização, ou seja, qual a estrutura que compõem um sistema de controle. Conforme Anthony e Govindarajan (2002, p. 28), qualquer sistema de controle apresenta quatro componentes básicos: Figura 1 - Componentes básicos do sistema de controle. Fonte: Anthony e Govindarajan (2002, p. 28). O componente detector ou sensor é o dispositivo de alerta. Surge ao aparecimento de uma situação adversa àquela que está sendo controlada. Dentro dos fatores que compõem o processo de controle pode-se contemplar que essa etapa é a mais importante de todas, pois, para resolver uma situação adversa, primeiro é preciso reconhecer que ela existe. O segundo componente é o avaliador. A função desse dispositivo é verificar a importância da situação. Essa verificação é feita por comparação com um padrão – o avaliador compara a situação que está ocorrendo com a expectativa do que deveria acontecer. O executante é o terceiro componente. Também conhecido como retroalimentador ou feedback, esse dispositivo é responsável por alterar o comportamento do sistema. Essa alteração ocorre quando o avaliador informa ou indica a necessidade de alterar, devido às mudanças detectadas pelo avaliador. O quarto componente é o circuito de comunicação. Também chamado de rede, é responsável pelo transporte de informações entre o detector e o avaliador, entre o avaliador e o executante. A implantação de um sistema de controle faz parte do planejamento estratégico das empresas. Para que as empresas possam obter o máximo de resultados e seu planejamento consiga atender sua meta, é primordial conhecer os componentes básicos que compõem o sistema de controle, conforme apresentado anteriormente. Para nortear os sistemas de controle, são utilizados instrumentos que possibilitam a coleta de informações. Entende-se por “instrumentos de controle” os recursos ou meios utilizados para alcançar objetivos. Dentro desse conceito, os sistemas de controle utilizam-se desses recursos para possibilitar sua efetiva atuação – que seria exercer o controle sobre determinada operação, visando corrigir possíveis distorções daquilo que foi planejado. Controle Gerencial e sua abrangência Anthony e Govindarajan (2002, p. 33) argumentam que “o controle gerencial é um dos vários tipos de atividades de planejamento e controle que ocorrem em uma organização”. Segundo os autores, deve ser feita uma delimitação entre o controle gerencial e outros dois tipos de planejamento e controle (formulação de estratégias e controle de tarefas), a fim de delimitar a abrangência e distingui-lo dos outros tipos de controle. Ao visualizar a figura a seguir, pode-se verificar a necessidade de entender a delimitação e abrangência do controle gerencial, pois o mesmo se encontra inserido entre os outros dois tipos de controle. Figura 2 - Delimitação e abrangência dos controles. Fonte: Anthony e Govindarajan (2002, p. 34). Em decorrência da delimitação apresentada, deve-se verificar qual o foco de cada um desses conceitos. Desta maneira, ao analisar qual seria o foco da formulação de estratégias, chega-se à conclusão que sua premissa seria decidir os objetivos das organizações e traçar novos caminhos que devem ser seguidos para atingir tais objetivos. O controle gerencial é evidenciado pela deliberação da implantação das estratégias traçadas e para que as mesmas sejam executadas de forma a atender o que foi preestabelecido. Anthony e Govidarajan (2002, p. 44) corroboram afirmando que "no controle gerencial os executivos decidem o que deve ser feito, dentro dos limites estratégicos". No controle de tarefas, o foco seria a execução das estratégias adotadas pela organização de forma eficaz e eficiente, fazendo com que as regras impostas sejam cumpridas. Ainda segundo Anthony e Govindarajan (2002, p. 34), o controle gerencial é “o processo pelo qual os executivos influenciam outros membros da organização, para que obedeçam às estratégias adotadas”. O controle gerencial, integrado às outras atividades de planejamento e controle, auxilia os executivos na tomada de decisões, para que sejam alcançados os objetivos traçados pelas organizações. Classificação de Custos Para uma melhor compreensão sobre os controles voltados aos custos, primeiramente deve- se esclarecer a terminologia usada por esta disciplina. O olhar mais clínico para este conhecimento vai surgir no período da Revolução Industrial. Dentre as diversas áreas do saber que nesse período vão se destacar, a Contabilidade irá direcionar seus esforços para compreender e controlar as operações industriais. Desta maneira, surgirá uma nova ramificação da Contabilidade, este sendo nosso principal estudo nesse tópico. A Contabilidade de Custos é responsável pelo controle de consumo de recursos utilizados pelas organizações durante seu período ou processo produtivo. Como ciência do saber, é também uma terminologia própria que, se não for esclarecida, muitas vezes inviabiliza ao leigo sua compressão. Diante desses esclarecimentos, pode-se descrever a terminologia e classificação usada pela Contabilidade de Custos. A Contabilidade de Custos é uma técnica usada com o objetivo de identificar, registrar, controlar e mensurar os custos das operações de compra e venda de mercadoria no processo produtivo e nas operações de serviços. Fontes de Financiamento O patrimônio das organizações sejam elas empresas do primeiro, segundo ou terceiro setor, é composto por: bens, direitos e obrigações. Diante dessa afirmação, devemos, então, compreender que as organizações apenas têm duas fontes de financiar suas operações:por meio de capital de terceiros ou por meio do capital próprio. Entende-se por “capital de terceiros” as contas que fazem parte do passivo circulante e não circulante. Este recurso é considerado de terceiros quando suas origens, normalmente, provêm de bancos, dos funcionários, do governo, entre outros; o capital de terceiro também e chamado de origens de recursos. No caso do capital próprio, são as contas que pertencem ao patrimônio líquido da organização. Este capital representa a verdadeira riqueza dos sócios ou acionistas e isso depende da forma de constituição da organização (S.A. ou Ltda. etc.). Este recurso é o que os sócios ou acionistas colocam à disposição da organização na forma de reservas. Este capital também é conhecido como origem de recurso. Assim, o capital total à disposição da organização é composto por: Os investimentos Dentro da terminologia contábil de custos, alguns autores procuram segregar ou classificar as contas que pertencem ao ativo, uma vez que este é entendido como aplicação de recursos. A seguir serão apresentadas três classificações quanto aos bens: bens numerários: têm liquidez imediata e são constituídos pelas disponibilidades da organização. Exemplo: dinheiro em caixa, dinheiro no banco, aplicações de resgate imediato etc. bens fixos: nessa classificação, para uma melhor compreensão, devem ser considerados os bens necessários para realizar as operações da organização. Eles têm caráter permanente e servem para vários períodos produtivos da organização. Exemplo: os veículos usados para as operações da organização, o imóvel onde se encontram as operações da organização, equipamentos necessários para suas operações etc. bens de renda: nessa classificação são definidos aqueles bens adquiridos e que não estão diretamente relacionados à atividade da organização. Exemplo: imóvel para alugar e participações societárias. Terminologia Contábil A seguir, serão apresentadas apenas as terminologias mais usuais estudadas pela grande maioria dos teóricos que tratam deste assunto, como Eliseu Martins, Hansen & Mowen, entre outros. Gasto: classificação mais abrangente, usado em custos. Podemos entender como o consumo de um ativo por parte da organização, com o objetivo de obtenção de um bem ou serviço. O consumo do ativo entende-se como o consumo de bem numerário. Além disso, a entrega desse bem pode ser imediata ou não. Os gastos, conforme a especificidade podem ser classificados em: investimento, custo ou despesa. Passivo Circulante Passivo Não Circulante Patrimônio Líquido Desembolso: pode ser compreendido como o desencaixe de recursos na aquisição de um bem, serviços ou direito; pode ocorrer concomitantemente com o gasto, podendo ser um desembolso à vista ou a prazo. Investimento: é a aquisição de um bem ou serviços, que será contabilizado no ativo. É registrado em função da sua vida útil ou capacidade de fluxo de caixa ou benefícios futuros. Custo: está relacionado com recursos ou insumos consumidos durante o período de produção, para a geração ou elaboração de outros bens e serviços. Despesa: é reconhecida como os sacrifícios que as organizações fazem com o objetivo de gerar receita. As despesas podem ser classificadas como o consumo de recursos necessários após o período produtivo. Desta maneira, tudo que não está relacionado, diretamente, à produção e após o processo produtivo, é considerado despesa. Perda: devemos entender a perda sob a ótica de dois pontos de vista – perdas relacionadas ao processo produtivo e perdas não relacionadas ao período produtivo. As perdas relacionadas ao período produtivo são perdas normais e devem ser tratadas como o custo do período de produção ou operação de um serviço. As perdas não relacionadas ao período produtivo são decorrentes de fatores externos fortuitos à vontade da organização e devem ser tratadas como despesa e descarregadas no resultado (para sermos mais exatos, na DRE). Uma vez compreendida a terminologia básica usada em custos, devemos atentar na classificação dos recursos usados durante o processo produtivo e de que forma se direcionam em relação à produção. Classificação dos Custos Os recursos consumidos durante o processo produtivo podem ser direcionados à apropriação dos produtos fabricados. Desta maneira, este tópico tem como objetivo demonstrar a relação entre o recurso consumido e os produtos fabricados. Custos diretos: são aqueles que estão relacionados diretamente ao período de produção, por serem apropriados diretamente aos produtos fabricados e ter uma medida de consumo de fácil controle. Exemplo: matéria-prima, mão de obra direta e material de embalagem durante o processo produtivo. Custos indiretos: são recursos consumidos durante o processo produtivo, no entanto, devido a algumas características específicas, são de difícil mensuração e apropriação ao produto ou serviço, necessitando de uma base que sirva de rateio. O parâmetro utilizado para estimar é chamado de base ou critério de rateio. Exemplo: aluguel da fábrica, energia elétrica etc. Os custos indiretos podem receber outros nomes como: gastos indiretos de fabricação ou gastos gerais de produção e despesas indiretas de fabricação ou, ainda, pela sigla de CIF. Dentro da classificação dos custos em relação à apropriação dos produtos fabricados, temos a classificação de custos em relação aos níveis de produção. Dentre eles iremos trabalhar os conceitos de custos fixos, custos variáveis e despesas fixas, despesas variáveis e custos semivariáveis. Custos fixos: esses custos não estão relacionados ao volume de produção, são custos que independem do volume produzido e que irão ocorrer de qualquer forma. Para ficar mais claro esse conceito, imagine o aluguel de uma fábrica de blocos de cimento. Neste exemplo, se a Observação No caso de organização, se apenas produzir um único produto, todos os recursos consumidos serão considerados custos diretos, pois não será necessário ratear os custos de difícil mensuração entre outros produtos. organização não produzir nada em determinado mês, o custo será consumido da mesma forma, caso a empresa produza (mesmo que seja uma única unidade) será também consumido. Diante dessa contextualização, podemos perceber que, produzindo ou não, a organização terá que pagar o aluguel do mês – esse tipo de custo classifica-se como custo fixo. Podemos, ainda, aferir que os custos são fixos em relação ao volume de produção, mas podem variar de valor no decorrer do tempo. Custos variáveis: esses custos estão relacionados com o volume de produção, ou seja, seu valor se altera em função do volume de produção da organização. Um exemplo clássico seria o da matéria-prima, que, quanto maior o volume de produção, maior será meu consumo, no entanto, o inverso também ocorre. Despesas fixas e variáveis: as despesas também podem ser classificadas em fixas ou variáveis, no entanto, serão direcionadas pelo volume de venda e não de produção. Como despesas fixas podemos considerar o aluguel do escritório da administração (que não depende do volume de vendas) e como despesa variável podemos considerar as comissões de vendedores. Semivariáveis: esse tipo de custo varia conforme o nível de produção, entretanto, tem uma parcela fixa, mesmo que nada seja produzido. Podemos citar como exemplo o caso da conta de consumo de água, onde, caso não seja consumido nada, existe a taxa do serviço. Assim, o valor do consumo de água depende da quantidade de metros cúbicos consumidos.Com essa abordagem das terminologias e classificações mais usuais entre os profissionais e estudiosos da área de custos, não se tem por finalidade exaurir o assunto, mas apenas direcionar seus estudos de maneira prática e objetiva. A seguir serão apresentadas outras terminologias para que possam pesquisar e ampliar o conhecimento sobre custos. Custo de produção do período São classificados como os custos que são consumidos durante o processo produtivo de um determinado período. Os custos de produção do período são compostos pelos seguintes fatores de produção: Os fatores apresentados na figura acima compõem o custo de produção do período. Custo primário O custo primário é composto pelos seguintes componentes: Custo de transformação O custo de transformação, também conhecido como custo conversão, é composto pelos seguintes itens: Métodos de custeio e finalidades Insumo •Material Direto Insumo •Mão de Obra Direta Insumo •CIF O controle de custo tem grande importância para todas as organizações, seja ela pertencente a quaisquer dos setores da economia. Devemos, no entanto, perceber que essa relevância de custos para organizações fez com que surgissem várias técnicas de custeio. Neste momento vem o questionamento do porquê de tantos métodos de custeio serem apresentados pelos estudiosos da área. Ocorre que as técnicas têm surgido para poder mensurar, de maneira efetiva e com o mínimo de subjetividade, os “custos indiretos”. Cada qual apresenta uma forma de controle desse tipo de custos. A seguir iremos descrever, de maneira sucinta, alguns métodos de custeio mais divulgados pela literatura (Viceconti & Neves, 2001). Custeio por absorção: essa metodologia é permitida para fins fiscais e é onde são apropriados todos os custos fixos e variáveis à produção do período. As despesas são excluídas e descarregadas na conta de resultados. O custeio por absorção é também chamado de Custeio pleno. Custeio variável: nessa metodologia somente são apropriados os custos de produção - os custos variáveis. Desta maneira, os custos fixos são apropriados diretamente na conta de resultados, juntamente às despesas. Essa metodologia não é permitida para fins de custos fiscais, no entanto, pode ser usada com finalidade gerencial. Custeio padrão: nessa metodologia os custos são estabelecidos pelas empresas como meta para a produção de sua linha de fabricação, levando-se em consideração as características tecnológicas do processo produtivo de cada um, a quantidade e os preços dos insumos necessários para a produção e o respectivo volume. Cadeira de valor Entende-se por cadeia de valor, as relações que a organização realiza durante seu ciclo de produção. Este conceito foi inserido por Michael Porter, em 1985. Ao analisar as relações que envolvem o clico de produção de uma organização, podemos perceber que existem atividades inseridas neste ciclo que terão características primárias ou secundárias. As atividades primárias são relacionadas à criação de um produto ou serviço, já as secundárias estão relacionadas às atividades de apoio ou suporte. A análise da cadeia de valor permite verificar ou compreender os elos, que são os tipos de relações que ocorrem no processo produtivo. Permite verificar que seja analisado cada elo e, dessa forma, o gestor pode avaliar o custo e desempenho das relações, o que possibilita rever suas estratégias adotadas. A análise da cadeia de valor apresenta alguns objetivos principais, como: analisar o fluxo de informações e, assim, compreender as fontes de vantagem competitiva da organização; rever o fluxo de informações e práticas usada em seus processos, fazendo com que possa antecipar alguma das suas ações e rever tendências de mercado; comunicar aos envolvidos as regras do negócio; divulgar uma visão global do fluxo de informações completa, possibilitando analisar todas as relações que estão envolvidas. Por meio do controle de fluxo de informação, que ocorre nas relações de organização, é possível delinear suas estratégias e, dessa forma, buscar alcançar a excelência. A análise da cadeia de valor permite que a organização verifique as necessidades emergentes e possa se posicionar, a fim de atender aos objetivos estratégicos delineados pelos gestores. Custeio variável O custeio variável é uma metodologia que consiste em apropriar os custos variáveis da produção do período. Nesse tipo de custeamento deve-se, primeiramente, identificar quais são os custos fixos e custos variáveis, em seguida, será apropriado aos custos de produção apenas os custos variáveis e os custos fixos serão apropriados diretamente à conta de resultados. Como esse tipo de custeio fere os princípios fundamentais da Contabilidade (uma vez que os custos fixos são tratados como despesas, mesmo que nem todos os produtos fabricados tenham sido vendidos), esta metodologia não é permitida para fins de apuração do custo fiscal no Brasil, é permitido apenas o custeio por absorção. Alguns teóricos da área de custo defendem que o custeio variável apresenta o custo objetivo sem distorções, pois não considera o custo fixo como custo da produção, uma vez que este tipo de custo existe mesmo que não haja produção. Dessa maneira, quando se tratar de uma análise, precisam ser retirados da base de cálculo para que não interfiram nos resultados apresentados. Segundo Viceconti & Neves (2001), uma das peculiaridades desse tipo de custeio está na forma de apresentar seus resultados por meio da “demonstração de resultado”. No custeio variável, a diferença entre o valor de vendas líquidas e a soma dos custos dos produtos vendidos (que só contém custos variáveis) com as despesas variáveis (administrativas e de vendas), é denominada “margem de contribuição”. Deduzindo-se, desta, os custos fixos e despesas fixas, obtém-se o lucro operacional líquido. Vendas brutas (–) Deduções de vendas Vendas canceladas Abatimentos e descontos incondicionais concedidos Tributos incidentes sobre vendas (=) Vendas líquidas (–) Custos dos produtos vendidos Estoques iniciais de insumos e produtos (+) Compras de insumos (+) Outros custos variáveis (–) Estoques finais de insumos e produtos (–) Despesas variáveis de administração e vendas (=) Margem de contribuição (–) Custos e despesas fixos (=) Lucro operacional líquido A seguir será demonstrado como realizar a apuração dos custos pelo “Custeio Variável”. A Cia. Mattos apresentou os seguintes dados contábeis para determinado exercício: Produção: 1000 unidades totalmente acabadas Custos variáveis .............................................R$ 30.000,00 Custos fixos .....................................................R$ 8.000,00 Despesas variáveis .........................................R$ 5.000,00 Despesas fixas ................................................R$ 3.000,00 Não há estoques iniciais e finais de produtos em elaboração. Não há estoques iniciais de produtos acabados. Vendas líquidas: 600 unidades a R$ 60,00 cada = R$ 36.000,00 Elaboração: Nesta metodologia de custeio, apenas os custos variáveis são computados como custos da produção. CPP = 30.000,00. Dessa forma, o CPP será igual ao custo da produção acabada, uma vez que não existem estoques iniciais e finais de produtos em elaboração. Custos dos Produtos Vendidos (CPV) Custo unitário da produção: R$ 30.000,00 / 1000 = R$ 30,00 CPV = 600 unidades vendidas x R$ 30,00 = R$ 18.000,00 Estoque final de produtos acabados400 unidades x R$ 30,00 = R$ 12.000,00 Demonstração do resultado Vendas líquidas ............................................R$ 36.000,00 (–) CPV .........................................................R$ 18.000,00 (–) Despesas variáveis .................................R$ 5.000,00 (=) Margem de contribuição .........................R$ 13.000,00 (–) Custos fixos .............................................R$ 8.000,00 (–) Despesas fixas ........................................R$ 3.000,00 (=) Lucro líquido ............................................R$ 2.000,00 As vantagens e desvantagens do custeio variável Vantagens: 1º) impede que os aumentos de produção, que não correspondam ao aumento de vendas, distorçam o resultado; 2º) é a melhor ferramenta para a tomada de decisões dos administradores. O uso do custeio por absorção pode induzir a decisão errônea sobre a produção. Desvantagens: 1º) no caso de custos mistos (custos que têm parcela fixa e outra variável), nem sempre é possível separar, objetivamente, a parcela fixa da parcela variável; 2º) o custeio variável não é aceito pela auditoria externa das empresas que têm capital aberto e nem pela legislação do imposto de renda, bem como por uma parcela significativa de contadores. Observação Como esta metodologia fere os princípios contábeis, para efeitos legais, não pode ser usado como suporte, principalmente para usuário externo da informação contábil. No entanto, para fins gerenciais é uma poderosa ferramenta. Análise do Custo, Volume e Lucro Por meio desta análise é possível projetar o lucro que seria obtido em relação aos níveis de produção e vendas. Também é possível definir a quantidade mínima que a empresa deve vender ou produzir para que não tenha prejuízo. Lunkes (2006) apresenta um conceito completo da análise: É o estudo dos efeitos de mudanças nos custos e do nível de atividade sobre a lucratividade da empresa. A análise focaliza as interações entre os elementos, preço do produto e serviço, volume ou nível de atividade, custos variáveis por unidade, custos fixos totais e quantidade de produtos vendidos e serviços prestados. Sendo assim, o CVL proporciona um exame dos níveis de atividades, custos, despesas e lucros. É possível concluir, pela citação de Lunkes que essa análise permite observar os resultados alcançados pela empresa de vários ângulos. A análise da CVL é usada extensamente por empresas aéreas. Toda vez que uma nova rota é considerada, os custos fixos que envolvem o custo do avião e da tripulação são comparados aos custos variáveis, que, nesse caso, seriam a emissão de passagens, manuseio de bagagens e refeições para determinar o ponto de equilíbrio diário. A análise do CVL é uma ferramenta poderosa no planejamento e na tomada de decisão, pelo fato de permitir a inter-relação entre os custos, as quantidades vendidas e os preços, agrupando, desta forma, toda a informação financeira de uma empresa. Ponto de Equilíbrio Esta análise também é conhecida ou chamada de “Break-even Point”, por possibilitar saber a quantidade mínima que a empresa necessita produzir para que não tenha prejuízo. Há algumas siglas que compõem a fórmula algébrica do ponto equilíbrio: PV = Preço de Venda RT = Receita Total CT = Custo Total Q = Quantidade Vendida CF = Custo Fixo CVu = Custo Variável unitário MCu = Margem de Contribuição unitária = PV-CVu, então, podemos deduzir que: RT = PV.Q CT = CF + (CVu.Q) No ponto de equilíbrio, RT = CT, desta forma: Pv.Q = CF+(CVu.Q) Pv.Q - CVu.Q = CF Quando colocamos Q em evidência: Q (Pv - CVu) = CF Q.MCu = CF Q = CF/MCu Utilizando as informações da Cia. Mattos, seu PV = 60,00 e seu CVu+DVu = 38,33, de modo que cada unidade produzida e vendida contribui com $21,67 para o resultado da empresa e como os custos fixos são iguais a $8.000,00, há a necessidade de se vender 208,71 unidades do produto para se recuperar o valor dos mesmos e começar a gerar lucro. Observação O ponto de equilíbrio em valores (R$) resulta da divisão do custo fixo pela porcentagem que a margem de contribuição unitária representa do preço. Margem de Contribuição A margem de contribuição é a receita de vendas menos o total de custos variáveis. Então: RT = PV.Q CT = CF + (CVu.Q) Por meio da margem de contribuição, podemos calcular o Lucro Total (LT): LT = RT – CT LT = PV.Q – CF – CVu.Q LT = (PV-CVu) Q – CF LT = MCu.Q – CF Por meio da fórmula, compreende-se que o Lucro Total pode ser calculado multiplicando a margem de contribuição unitária pela quantidade vendida. Após encontrar a margem de contribuição total e diminuir esse resultado do total do custo fixo, encontraremos o Lucro Total. Grau de Alavancagem Operacional O ponto de equilíbrio (PE), em unidades, resulta da divisão do custo fixo pela margem de contribuição unitária. O Grau de Alavancagem Operacional, também conhecido pela sigla GAO, é um conceito usado em Contabilidade Gerencial, mas também em análise das demonstrações contábeis. Essa ferramenta pode ser usada para contemplar duas informações – primeiramente para verificar a variação do lucro em relação à variação de vendas e, posteriormente, para verificar a distância do ponto de equilíbrio. Podemos analisar a alavancagem operacional por meio do crescimento de um percentual “x” que nas vendas provoca um crescimento de “n” vezes sobre o lucro bruto. O efeito acontece pelo fato de que os custos fixos são distribuídos ao volume de produção. Assim, quanto maior o volume de produção, menor será o custo fixo, fazendo com que os custos unitários de produção sejam reduzidos. Pode-se, então, concluir que à medida que cresce o volume de vendas, refletirá na redução proporcional do custo fixo, o que acabará resultando em um lucro maior. Referências Bibliográficas ANTONY, R. N.; GOVIDARAJAN, V. Sistemas de Controle Gerencial. São Paulo: McGraw Hill- Artemd, 2002. ATKINSON, A. A.; BANKER, R. D.; KAPLAN, R. S.; YOUNG, S. M. Contabilidade Gerencial. Tradução de MOSSELMAN, A. O. São Paulo: Atlas, 2000. CREPALDI, S. A. Contabilidade Gerencial: teoria e prática. São Paulo: Altas, 1998. LUNKES, R. J. Contabilidade Gerencial: um enfoque na tomada de decisão. Florianópolis: Visual Books, 2006. ORLICKAS, E. Modelos de Gestão: das teorias da administração à gestão estratégica. Curitiba: Ibpex, 2010. VICECONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade de Custos. São Paulo: Saraiva, 2001.
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