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RESPONSABILIDADE CIVIL

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Larissa Carneiro Teles[1: Graduanda no 4° período do curso de Direito da Faculdade de Ciências e Educação de Rubiataba, UniEvangelica (FacerUni) E-mail: larissateles19@gmail.com]
DA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL, PRÉ-CONTRATUAL, PÓS-CONTRATUAL.
3 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL
Segundo Pedro Lenza(2011,p.721), dá-se responsabilidade civil uma pessoa que causa prejuízo a outrem a partir de um não cumprimento da obrigação contratual, o mesmo da um exemplo bem interessante
Por exemplo: o ator que não comparece para dar o espetáculo contratado; o comodatário que não devolve a coisa que lhe foi emprestada porque, por sua culpa, ela pereceu. (LENZA, 2012, p. 721)
E segue fazendo ponderações quanto ao inadimplemento, expressando que o inadimplemento contratual, ocasiona responsabilidade de arcar com as perdas e danos causados. 
Quando o advogado indeniza o cliente por ter perdido o prazo para contestar, sua responsabilidade é considerada por este enfoque como contratual porque entre os sujeitos da obrigação de indenizar (prestação) há um contrato de mandato. (COELHO, 2012, p. 512)
A partir deste exemplo, deixa bem evidente, que na responsabilidade contratual, o devedor da obrigação caso não consiga satisfazer o que foi estipulado no contrato, causando então danos ao credor, deve-se então ressarcir o credor por meio de perdas e danos ocasionados.
Fábio Ulhoa classifica a responsabilidade civil como não negocial 
Fico com a solução de classificar a responsabilidade civil como não negocial. Para mim, mesmo quando exista relação contratual entre credor e devedor da obrigação de indenizar, se esta é a própria prestação (e não um simples
Consectário), estamos diante de uma relação jurídica não negocial, (COELHO, 2012, p. 513)
Isto é, se o devedor carecer responsabilizar-se por meio de perdas e danos, não se qualifica responsabilidade civil negocial, no entanto esta responsabilidade tipifica como jurídica, pois não se trata de negocio jurídico, mas sim de uma conduta ilícita. 
Responsabilidade civil é a obrigação em que o sujeito ativo pode exigir o pagamento de indenização do passivo por ter sofrido prejuízo imputado a este último. Constitui-se o vínculo obrigacional em decorrência de ato ilícito do devedor ou de fato jurídico que o envolva. Classifica-se como obrigação não negocial. (COELHO, 2012, p. 514)
Em harmonia com as ponderações de Fabio Ulhoa, responsabilidade civil não se deve confundir com inadimplemento do contrato. (2012, p.515) “Se for à prestação, a obrigação entre credor e devedor é responsabilidade civil (contratual ou extracontratual); se for consectário, é inadimplemento de contrato.”. Segue o argumento trazendo um exemplo firmando assim a temática citada acima, “Se o engenheiro atrasa a execução da obra e indeniza o proprietário, está pagando um consectário; mas, se o prédio ruiu por sua imperícia, a indenização é a prestação devida” (2012, p.515). No acontecimento mencionado, o primeiro trate se de inadimplemento do contrato, por conseguinte o segundo trata se responsabilidade civil. Em suma “Há apenas uma significativa diferença entre elas: o grau de culpa do devedor pode influir na mensuração da prestação, mas não influi na do consectário” (COELHO, 2012, p. 515)
3.1 Responsabilidade civil pré-contratual 
Responsabilidade pré-contratual, enseja sobre uma fase em que não se celebrou um contrato, portanto as partes estão no estagio do contato, onde fazem avaliações, etapa pelo qual desperta confiabilidade. 
Há nos contratos uma fase que tem sido chamada de pré-contratual, em que as partes iniciam os contatos, fazem propostas e contrapostas – enfim, as tradicionais tratativas destinadas a reflexões e ponderações. Embora nesse momento ainda não tenha ocorrido o encontro de vontades, essas tratativas podem gerar certa vinculação, momento quando despertam confiança, legitimidade expectativa, em uma das partes, levando-a a fazer despesas com orçamento, prospectos, estudos e projetos (FILHO, 2012, p. 317)
Segundo Sergio Cavalieri (2012, p317), a responsabilidade civil não pode ser confundida com o pré-contrato e nem mesmo com os contratos preliminares, pois na responsabilidade pré-contratual, não se tem um contrato, mas somente contatos, e diferentemente dos contratos este não tem a obrigação de fazer.
De acordo com o autor citado acima, na fase pré-contratual deve se observar a postura da parte interessada, examinando se a pessoa tem figura honesta, leal e sincera, analisando o principio da boa fé. 
O rompimento leviano e desleal das tratativas pode ensejar a obrigação de indenizar, não por inadimplemento, posto que ainda não há contrato, mas pela quebra de confiança , pelo descumprimento dos deveres de lealdade, de transparência, de informação, de cooperação, que regem todos os atos negociais , mesmo os decorrentes de contato social. É o que tem se chamado de responsabilidade pré-contratual. (FILHO, 2012, p. 318)
Isto é, se a parte na fase de contato, orçamento, agiu de má-fé com a outra parte, expõe se ao risco de ter que ressarcir, não se caracterizando como inadimplemento, pois nesta fase não se há um contrato em questão, mas por não honestidade com o outrem. “O Código Civil da Itália, em seu art.1.337, salienta que as partes no curso das atividades pré-contratuais devem compor-se segundo a boa-fé”. (FILHO, 2012, p.318)
Em suma, na fase pré-contratual deve-se estabelecer um ambiente de confiança entre as partes, com compromisso tácito de agirem com lisura, sinceridade e honestidade de propósitos, de moda a evitar que uma delas tendo contribuído com seu esforço, seu tempo e, muitas vezes, seu dinheiro para colimar objetivos comuns. (FILHO, 2012, p. 318)
Fábio Ulhoa diz, que a indenização decorrida da responsabilidade pré-contratual equivale à reparação dos custos de combinação unicamente. 
A responsabilidade pré-contratual implica a obrigação de ressarcir apenas as despesas incorridas pelo credor para participar da negociação (contratação de advogado, tempo consumido, despesas com levantamento de informações etc.). (COELHO, 2012, p. 209)
Caso na fase pré-contratual ouve despesas, o litigante que agiu de má-fé terá de arcar com a lesão causada.
3.1.1 Responsabilidade Civil pós-contratual
Visto que na fase pré-contratual é necessário à execução da lealdade e honestidade entre as partes, nesta fase pós-contratual (culpa post pactum finitum), este brocardo salienta que deve haver seriedade com as partes mesmo após a extinção do contrato, no entanto também estará presente o principio da boa-fé em razão das partes continuarem ligados aos cuidados resultantes do mesmo.
Findo o contrato, mesmo que seu inadimplemento tenha sido integral e satisfatório, persiste uma fase pós-contratual, durante a qual ainda estarão as partes vinculados aos deveres decorrentes do principio da boa fé. (FILHO, 2012, p. 319)
Em todo momento deve se observar a lealdade entre os contratantes, mesmo se cumprido a obrigação do contrato.
Determinada construtora, ao lançar um empreendimento imobiliário de alto nível, anunciou que o prédio e os apartamentos teriam uma bela vista para o rio Tejo. Vendidas todas as unidades rapidamente e construído o prédio, nem bem passado dois anos da construção do empreendimento, a mesma construtora adquiriu o terreno de frente e iniciou a construção de outro prédio com o mesmo atrativo do negocio-a bela vista para o rio Tejo. Quando os adquirentes dos apartamentos do primeiro prédio reclamaram, a construtora argumentou que não lhes havia vendido à vista e que, portanto não tinham a direito a qualquer servidão. Decidindo o caso, o Supremo Tribunal de Portugal entendeu que a construtora havia violado o principio da boa-fé ao fazer da vista para o Tejo um atrativo para a venda dos primeiros imóveis, e depois ela própria frustrou essa legitima expectativa, em busca de novos lucros. Embora não fosse possível impedir a construção do novo prédio, condenou a construtora a indenizar os proprietários doprimeiro negocio pela desvalorização que sofreram em seus respectivos imóveis. (FILHO, 2012)
De outro modo, o exemplo apresentado por Sergio Cavalieri, deixa bem claro que mesmo com a entrega da coisa que foi contratado, deve se ter observância ao principio da boa-fé, já que o principal aspecto chamativo para obter benefícios sobre o prédio foi à vista, uma vez lesada a confiança dos usuários deste imóvel tem se que reparar o dano provocado.

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