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Direito das Sucessões Resumo 09

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS
CURSO DE DIREITO
WANIA ALVES FERREIRA FONTES
..............................................................................................................................
DIREITO DAS SUCESSÕES – RESUMO 09
DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
O Código Civil além de determinar as formalidades extrínsecas que são as determinações formais da realização do testamento, regulamenta as disposições testamentárias, onde determina o que pode e o que não pode ser dito em testamento. No que pese predominar o princípio da autonomia da vontade do testador, ou seja, o direito dele dispor de seus bens como lhe aprouver, respeitando a legítima, nem mesmo a disposição de última vontade do de cujus poderá ferir a legislação, nem mesmo a vontade do testador pode se opor à licitude da lei ou os princípios morais. Portanto, determina cláusulas permissivas e proibitivas, além de cláusulas interpretativas de um testamento.
O testamento pode conter disposições patrimoniais, aliás, é o que ocorre na maioria dos testamentos. O testador determina o destino de seus bens para depois de sua morte.
Contudo, existem também diversas disposições de ordem não patrimonial que podem ser aditadas a um testamento, por exemplo, reconhecimento de filho, nomeação de tutor, recomendações sobre o funeral, o destino do corpo do de cujus, e outras relativas a direito pessoal. 
Serão consideradas como não escritas quaisquer cláusulas chamadas de derrogativas, aquelas onde o testador contraria o princípio da irrevogabilidade do testamento, ou dispensa qualquer das suas solenidades.
A vontade do testador deve ser sempre expressa na forma escrita. A forma oral, somente no testamento nuncupativo. O testamento presumido é próprio da sucessão legítima. 
Somente podem ser beneficiários de testamento pessoas físicas e jurídicas. No direito brasileiro não se admitem disposições testamentárias para animais.
Não se exige uma fórmula para se expressar. Basta que seja expressa a vontade do testador. A formalidade é para a realização do testamento que deve obedecer ao tipo de escolhido entre os ordinários e em situações atípicas os especiais. 
Existem inúmeras cláusulas possíveis de serem apostas em um testamento.
Pode em num testamento, instituir o herdeiro que o testador quiser. É dele a escolha de quem lhe deve suceder. Não existem restrições à quantidade de herdeiros, respeitadas as proibições do artigo 1.801 e 1.802.
É lícito ao testador impor alguma condição sobre os bens dispostos em testamento, de modo que enquanto não forem atendidas, o bem não se transmitirá. Por exemplo, um herdeiro testamentário receberá o bem quando colar grau em curso superior. 
Conforme a vontade do testador podem ser apostos sobre os bens determinados encargos, que podem variar indefinidamente. Podendo ser o encargo em favor de terceira pessoa, ou da sociedade em geral.
O testador pode colocar no testamento as razões que o levaram a realizar a divisão dos bens. Dá-se o nome dessa disposição de disposição causal. 
Pode impor ônus e gravames sobre os bens que serão herdados. Os mais conhecidos desses ônus são as cláusulas restritivas à propriedade, que consistem na cláusula de incomunicabilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade. Sobre essas últimas, se faz necessário que o disponente, no próprio instrumento, mencione um motivo bastante justificado para a aposição dessas cláusulas no testamento. 
A necessidade de justa causa para imposição da cláusula de inalienabilidade é para a legítima. Para os testamentários, pode o testador impor as restrições que quiser sem justificativa.
INTERPRETAÇÃO DOS TESTAMENTOS
Todo e qualquer ato jurídico depende de interpretação, ainda que esta interpretação seja somente gramatical.
A lei determina os meios de interpretação dos negócios jurídicos em geral e que valem também para os testamentos, com algumas adaptações em certos casos.
A doutrina e jurisprudência têm construído meios de interpretação dos testamentos, tudo em função do aproveitamento, tanto quanto possível, da vontade do testador.
Quando as cláusulas testamentárias forem suscetíveis de interpretações diversas, deve prevalecer a que melhor atenda à vontade do testador. (art. 1899 do C.C.)
Quando se é necessário interpretar palavras e expressões, deve ser levado em conta o vocabulário do testador, seu ambiente e sua origem, ao contrário dos negócios comuns que se leva em conta o local da celebração do contrato.
INTERPRETAÇÕES DA DOUTRINA E JURSPRUDÊNCIA
As expressões masculinas utilizadas, valem para ambos os sexos: Deixo para meus sobrinhos. Interpreta-se que a deixa é para os sobrinhos e sobrinhas. O inverso não é verdadeiro. Deixo para minhas sobrinhas. Não se contempla os sobrinhos do sexo masculino.
Erros de pontuação e gramática não são empecilhos para a validade do testamento, podendo ser corrigidos.
Quando o estipulante beneficia “filhos” deve ser averiguada a intenção de se ter os descendentes como sinônimos, para que no caso de falecimento do beneficiário antes do testador seus filhos venham a herdar. Se o testamento é especifico para os “filhos” não existirá sucessão por representação. A substituição deve ser expressa ou de alguma forma subtendida. 
Para apreciar a vontade do testador deve ser levado em conta o conjunto das disposições e não partes isoladas.
Quando o testador indica o beneficiário pelo cargo: pároco, prefeito, etc.., entende-se que é aquele que ocupa o cargo no momento da abertura da sucessão.
A palavra bens designa tudo que tem valor.
Quando o testador indica o bem de forma genérica, como “deixo o automóvel” significa que deixa aquele tipo de bem que possui no momento da abertura da sucessão.
Quando indica a pessoa por categoria, por exemplo: “deixo para meu empregado” entende-se que é o empregado da data da abertura da sucessão.
Quando é empregada a expressão “prole”, aplica-se a descendentes consanguíneos e adotivos.
NORMAS INTERPRETATIVAS DO CÓDIGO CIVIL
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador.
Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada anula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se. Esta parte é uma reprodução do art. 142 do C.C.
Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador.
Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente, a herança será dividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados.
Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária.
Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros, distribuir-se-á por igual a estes últimos, o que restar depois de completas as porções hereditárias dos primeiros.
Art. 1.908. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado objeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos.
Art. 1.910. A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não teriam sido determinadas pelo testador.
Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Deve ser afastada a inalienabilidade dos frutos.
REGRAS PROIBITIVAS
É proibido testamento a termo. A designação do tempo em que deva começar ou cessar o direito do herdeiro, salvo nas disposições fideicomissárias, ter-se-á por não escrita. ( Art. 1.898).
É proibida cláusula que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, tambémpor testamento, em benefício do testador, ou de terceiro.
É proibida cláusula que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar
É proibida cláusula que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade, a terceiro;
É proibida cláusula que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado;
É proibida cláusula que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802.
REGRAS PERMISSIVAS
Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo.
A regra geral é o testamento puro e simples. Significa sem condições. Neste caso, assim que falece o autor da herança o herdeiro entra na posse do direito hereditário e, falecendo após, transmite aos seus herdeiros.
É admitido o testamento sob condição. 
As condições inerentes ao ato não são condições: 
Deixo meus bens a fulano, se no momento da minha morte ele tiver condição de herdeiro. 
Deixo para Beltrano se ele me sobreviver.
Admite-se a condição suspensiva a herança não se transmite enquanto não se der a condição. (Direito futuro não deferido). Implementada a condição o efeito é retro-operante, ou seja, retroage ao momento da abertura da sucessão. Ocorrendo a morte do beneficiário antes do implemento da condição, ocorrerá a caducidade da disposição testamentária e não haverá transmissão para seus herdeiros e sim devolve-se aos herdeiros legítimos.
Admite-se a condição resolutiva. Exemplo: Testamento à prole eventual. A herança é entregue aos herdeiros legítimos sob a forma de propriedade resolúvel. Nascendo o herdeiro deverá a herança ser a ele deferida, retroagindo ao tempo da abertura da sucessão. 
As condições impostas no testamento seguem as determinações das condições do negócio jurídico em geral. Deve ser lícita, deve ser física e juridicamente possível.
É admitido o testamento com encargo
Ao contrário da condição no encargo o beneficiário do testamento toma posse desde a abertura da sucessão.
A não realização do encargo dá aos interessados o direito de requerer a anulação do testamento por descumprimento do encargo. Se o testador estipula prazo para o cumprimento do encargo a devolução opera-se ex-tunc. Se não estipula prazo a devolução opera-se ex-nunc.
Os encargo ilícitos ou impossíveis são tidos como não escritos.
É permitida disposição motivada
O testador pode dispor de seus bens em testamento por motivo certo. 
Se o motivo for determinante e não corresponder à verdade a disposição estará comprometida.
O C.C./2002 no artigo 140 diz que o falso motivo só invalidado o ato se o motivo for determinante. Exemplo: Deixo meus bens para Carlos em razão de eu não ter filhos. Se vem a existir o filho o testamento estará invalidado, não recebendo Carlos, nem mesmo a parte disponível.
No testamento, verificado que o motivo está atrelado a outra pessoa, poderá o testamento ser validado com admissão como herdeiro a pessoa que esteja atrelada ao motivo. Exemplo: Deixo 20% do meu disponível para João que me salvou a vida. A vida foi salva por Pedro. Portanto, Pedro pode ser admitido como herdeiro.
Nomeação a termo nas disposições testamentárias
Como já estudado, o Código Civil proíbe a instituição de herdeiro a termo. Falecendo o testador a sucessão estará aberta e o herdeiro instituído é o sucessor independente de qualquer ato.
Nomeação de sucessor a termo significa que a condição de herdeiro ficaria submetida a evento futuro e certo, normalmente uma data. 
Exceção da proibição de nomeação de herdeiro a termo: disposições fideicomissárias.
Nomeação a termo nas disposições fideicomissárias
O fideicomisso é um ato de disposição de vontade expressa em testamento, pelo qual uma pessoa pode deixar um bem imóvel para o sucessor do seu herdeiro. O herdeiro ou legatário que recebe em primeiro grau o imóvel denomina-se fiduciário, ficando ele com o encargo de transmitir a propriedade para aquele que será o proprietário final do bem, designado fideicomissário. O Código Civil de 2002, no seu art. 1.951, assim define o fideicomisso: “Pode o testador instituir herdeiros ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de sua morte, a herança ou o legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste, por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, em favor de outrem, que se qualifica de fideicomissário”.
A proibição da nomeação a termo é somente para o herdeiro, podendo ser aposta cláusula a termo para o legatário. É o que se interpreta do Art. 1.924. “O direito de pedir o legado não se exercerá, enquanto se litigue sobre a validade do testamento, e, nos legados condicionais, ou a prazo, enquanto esteja pendente a condição ou o prazo não se vença”.
Disposição com cláusula de inalienabilidade
A cláusula de inalienabilidade importa na cláusula de impenhorabilidade e incomunicabilidade. A cláusula não impede que os credores do autor da herança penhorem os bens deixados ao herdeiro. Se existem dívidas, o patrimônio do de cujus é o garantidor do pagamento. Herdeiros não herdam se as dívidas consomem o patrimônio. 
Diante da cláusula pode o herdeiro renunciar, mas somente a renúncia abdicativa, indo os bens para os outros herdeiros que suportarão a cláusula de inalienabilidade.
A cláusula de inalienabilidade só atinge o quinhão do herdeiro.
Enquanto vivo o testador pode a qualquer momento retirar a cláusula. Após a morte a cláusula torna-se irretratável.
A gravação da inalienabilidade não atinge a desapropriação que é feita no interesse público.
É permitido ao juiz liberar o bem para a venda, convertendo o produto em outro bem. (Sub-rogação real). Os tribunais têm permitido a venda para tratamento de saúde.
DOS LEGADOS - (artigos. 1.912-1.940)
 
Conceito de legado: Legado é coisa certa e determinada deixada a alguém denominado de legatário, em testamento ou codicilo. 
Distinção herança para o legado: 
Na herança os herdeiros recebem uma universidade, uma fração ideal do patrimônio, cujo conteúdo somente será conhecido quando da partilha, a sucessão é a título universal. Nos legados a sucessão se dá a título singular. O legatário recebe um bem ou um conjunto de bens individuados, desde logo conhecidos.
Na herança sucede o de cujus por lei ou testamento. O legado somente por testamento.
Na herança o herdeiro sucede o de cujus em todos os efeitos patrimoniais, respondendo os bens herdados pelas dívidas. O legatário não responde pelas dívidas, a não ser que a herança seja toda distribuída em legados, que a dívida englobe todo o patrimônio ou se o testador deixou cláusula expressa.
A herança é forma de sucessão do de cujus. O legado é forma de o testador fazer benefícios sociais a pessoas pela amizade, para recompensa, inclusive como benemérito de determinadas entidades.
A nomeação do herdeiro pode ser tácita. Quando não se institui testamento escrito, a nomeação é tácita, ou seja, contempla os herdeiros necessários. A nomeação de legatário somente na modalidade escrita.
Não importa o nome que tenha sido utilizado no testamento. Sempre que o mesmo deixar coisa determinada a alguém é legado. Sempre que o testamento deixar o acervo ou percentual do acervo é herança. 
O legado pode ser atribuído a herdeiro legítimo que além do legado terá direito à legítima. É denominado de prelegatário ou legatário precípuo.
O herdeiro incumbido de cumprir o legado é denominado de onerado ou gravado. O beneficiado é denominado de legatário ou honrado.
Quem pode ser legatário?
Qualquer pessoa física ou jurídica pode ser legatário, respeitados os impedimentos. 
Objeto do legado
Coisas corpóreas (imóveis, móveis ou semoventes).
Coisas incorpóreas (títulos, ações ou direitos).
Todos os bens que não estejam fora do comércio.
O objeto deve ser lícito e possível.
Classificação dos legados
Legados de coisas
Legado de crédito ou de quitação de dívida
Legado de alimentos
Legado de usufruto
Legado de imóvel
Legado de dinheiroLegado de renda ou pensão periódica
Legado alternativo
Legado de coisa certa 
Legado de coisa alheia: É ineficaz o legado quando a coisa não pertencer ao testador quando da abertura da sucessão (art. 1.912). Comporta duas exceções: 
Quando por cláusula condicional o testador determina que o legatário entregue coisa sua ou que adquira coisa determinada para entrega a terceiro considerado sublegatário. 
Também quando o testador determina o legado de coisas pelo gênero. Por exemplo, deixar legado de sacas de café. Mesmo não pertencendo ao testador no momento da abertura da sucessão, é imposição de aquisição possível e adquirida com o acervo hereditário, portanto, encargo. Cabe ao testamenteiro adquirir o bem. Se o bem não existe para ser adquirido, caduca o legado. (art. 1915).
Renúncia por presunção: Se o testador ordenar que o herdeiro ou legatário entregue coisa de sua propriedade a outrem, não o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou à herança ou ao legado (art. 1.913). É exemplo de legado condicional. Se o legatário não cumpre a condição, entende-se que renunciou à mesma. 
Legado de coisa comum: Se tão-somente em parte a coisa legada pertencer ao testador; ou se tão-somente em parte a coisa legada pertencer ao herdeiro ou ao legatório a quem foi imposto o cumprimento do legado, só quanto a essa parte valerá o legado (art. 1.914).
Legado de coisa singularizada: Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só terá eficácia o legado se, ao tempo do seu falecimento, ela se achava entre os bens da herança; se a coisa legada existir entre os bens do testador, mas em quantidade inferior à do legado, este será eficaz apenas quanto à existente (art. 1.916). 
Legado de coisa em local certo: O legado de coisa que deva encontrar-se em determinado lugar só terá eficácia se nele for achada, salvo se removida a título transitório (art. 1.917).
Legado de crédito
O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá eficácia somente até a importância desta, ou daquele, ao tempo da morte do testador (art. 1.918).
Cumpre-se o legado, entregando o herdeiro ao legatário o título respectivo.
Este legado não compreende as dívidas posteriores à data do testamento. 
Não o declarando expressamente o testador, não se reputará compensação da sua dívida o legado que ele faça ao credor. 
Subsistirá integralmente o legado, se a dívida lhe foi posterior, e o testador a solveu antes de morrer.
Legado de alimentos
O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor (art. 1.920).
Se o testador não delimitou o valor cabe ao juiz determinar levando em consideração as forças da herança.
Se o testador não delimitou o tempo de duração do legado, entende-se vitalício.
Em relação à educação no que pese o artigo delimitar para o menor, a jurisprudência tem entendido que se estende até o término do curso superior.
Alguns autores entendem que o legado de alimentos pode ser instituído para as pessoas impedidas do artigo 1.801. Entretanto, a maioria da doutrina entende que não.
Legado de usufruto 
Usufruto é um direito real que recai sobre coisa alheia, de caráter temporário, inalienável e impenhorável, concedido a outrem para que este possa usar e fruir coisa alheia como se fosse própria, sem alterar sua substância e zelando pela sua integridade e conservação. Temporário porque ainda que vitalício, vai durar até a morte do usufrutuário.
O usufrutuário poderá utilizar e perceber os frutos naturais, industriais e civis da coisa, enquanto o nu-proprietário possui a faculdade de dispor da mesma.
O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se deixado ao legatário por toda a sua vida (art. 1.921).
Legado de imóveis 
Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não se compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário, do testador (art. 1.922).
Incorporam-se ao legado todas as benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias, feitas no prédio.
DOS EFEITOS DO LEGADO E DO SEU PAGAMENTO
Aquisição dos legados
Pelo princípio da saisine os herdeiros adquirem desde logo a propriedade e a posse da herança. O mesmo não acontece com o legado. Se o legado for de coisa certa, este adquire apenas a propriedade, (posse indireta), salvo se o legado estiver sob condição suspensiva. “Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar por autoridade própria”. (art. 1.923 § 1º).
A posse direta somente quando o herdeiro encarregado cumprir o encargo. O herdeiro deve verificar se o espólio é solvente, pois se dívidas absorverem todo o patrimônio o direito do legatário se extingue.
O pedido de entrega do legado deve ser requerido no inventário.
Se o legado depender de condição suspensiva só poderá requerer a entrega depois de cumprida a condição. 
Também não se pode exercer o pedido do legado, enquanto se litigue sobre a validade do testamento.
Efeitos do legado quanto aos frutos
Ainda que não possa ingressar na posse direta o legatário tem direito aos frutos desde o momento da abertura da sucessão. Se depender de condição suspensiva, o legatário só terá direito aos frutos depois de implementada a condição.
Efeitos do legado em dinheiro
O legado em dinheiro só vence juros desde o dia em que se constituir em mora a pessoa obrigada a prestá-lo (art. 1.925).
Legado de renda vitalícia 
Se o legado consistir em renda vitalícia ou pensão periódica, esta ou aquela correrá da morte do testador (art. 1.926).
Legado em prestações 
Se o legado for de quantidades certas, em prestações periódicas, datará da morte do testador o primeiro período, e o legatário terá direito a cada prestação, uma vez encetado cada um dos períodos sucessivos, ainda que venha a falecer antes do termo dele (art. 1.927). 
Sendo periódicas as prestações, só no termo de cada período se poderão exigir (art. 1.928).
Se as prestações forem deixadas a título de alimentos, pagar-se-ão no começo de cada período, sempre que outra coisa não tenha disposto o testador (art. 1.928, parágrafo único).
Legado de coisa incerta
Se o testador deixou coisa certa o legatário não é obrigado a aceitar outra ainda que mais valiosa.
Se o legado for de coisa incerta, que deve para ter validade, de ter sido determinada pelo menos pelo gênero, será o mesmo cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador. (art. 1.915). 
Direito de escolha - Se o legado consiste em coisa determinada pelo gênero, ao herdeiro tocará escolhê-la, guardando o meio-termo entre as congêneres da melhor e pior qualidade. A opção pelo meio-termo também deve ser feita quando a escolha for deixada a arbítrio de terceiro; e, se este não a quiser ou não a puder exercer, ao juiz competirá fazê-la, nas mesmas condições. Porém, se a opção foi deixada ao legatário, este poderá escolher, do gênero determinado, a melhor coisa que houver na herança; e, se nesta não existir coisa de tal gênero, dar-lhe-á de outra congênere o herdeiro, observada a opção pelo meio-termo.
Legado alternativo
Legado alternativo é aquele que compreende duas coisas e somente uma delas deverá ser entregue.
No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro a opção. Se o herdeiro ou legatário a quem couber a opção falecer antes de exercê-la, passará este poder aos seus herdeiros.
 
Responsabilidade pelo pagamento do legado
 
Obrigação de cumprir o legado - No silêncio do testamento, o cumprimento dos legados incumbe aos herdeiros e, não os havendo, aos legatários, na proporção do que herdaram. 
Não havendo disposição testamentária em contrário, caberá ao herdeiro ou legatário incumbido pelo testador da execução do legado; quando indicados mais de um, os onerados dividirão entre si o ônus, na proporção do que recebam da herança. 
Se algum legado consistir em coisa pertencente a herdeiro ou legatário (art. 1.913), só a ele incumbirá cumpri-lo, com regresso contraos co-herdeiros, pela quota de cada um, salvo se o contrário expressamente dispôs o testador.
Despesas e riscos - As despesas e os riscos da entrega do legado correm à conta do legatário, se não dispuser diversamente o testador. 
A coisa legada entregar-se-á, com seus acessórios, no lugar e estado em que se achava ao falecer o testador, passando ao legatário com todos os encargos que a onerarem.
DA CADUCIDADE DOS LEGADOS
O legado pode deixar de produzir efeitos, ou seja, caducará o legado (art. 1.939), perdendo a eficácia, como se não existisse, nos seguintes casos:
Se, depois do testamento, o testador modificar a coisa legada, ao ponto de já não ter a forma nem lhe caber a denominação que possuía.
Se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a coisa legada; nesse caso, caducará até onde ela deixou de pertencer ao testador.
A alienação da coisa faz o legado caducar ainda que o testador o readquira. Para validar a vontade deverá fazer novo testamento.
Ainda que a alienação venha a ser anulada, caducará o legado.
Revoga ainda o testamento e em consequência o legado se houver sido feito uma promessa de compra e venda.
Se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do herdeiro ou legatário incumbido do seu cumprimento.
O perecimento parcial não prejudica o legado na parte remanescente. 
Se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do art. 1.815.
Se o legatário falecer antes do testador. 
Se o legado for de duas ou mais coisas alternativamente, e algumas delas perecerem, subsistirá quanto às restantes; perecendo parte de uma, valerá, quanto ao seu remanescente, o legado (art. 1.940).
Falecimento do legatário antes da implementação da condição.
Falta de legitimidade passiva quando da abertura da sucessão.
Renuncia do legatário
Legados com encargo
Nos legados com encargo, aplica-se ao legatário o disposto no CC2002 quanto às doações de igual natureza (art. 1.938).

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