Buscar

A resistência e luta armada contra ditadura militar (1964 - 1985)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Gelsom Rozentino de Almeida – História do Brasil VI - UERJ 
 
Aula 5 – A resistência e a luta contra a ditadura 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luta Armada: Resistência e Revolução 
 
 
Parte da historiografia estabelece um falso dilema entre democracia e reformas, 
bem como a defesa da revolução socialista aparece como sinônimo de golpe. Não 
vamos nos deter nisso. Mas é importante lembrar que em diferentes momentos o PCB 
havia defendido a via da ruptura revolucionária para o Brasil e que nos anos 60 adota a 
defesa da ampliação da democracia. Outros grupos, nesse mesmo período, assumem a 
bandeira da revolução: o PCdoB, a AP e a POLOP. 
Após o Golpe de 1964, a via pacífica de resistência defendida pelo PCB foi cada 
vez mais criticada, resultando em novas dissidências, que prosseguiu seus esforços de 
articulação política, os estudantes cada vez mais foram às ruas, ocorreram as greves 
operárias de Contagem (MG) e Osasco (SP), e mesmo políticos que apoiaram o golpe 
criavam a Frente Ampla. 
 
 
 Edson Luiz, assassinado em 28/03/1968 no “Calabouço”, no Rio. 
Seu sepultamento reuniu 50 mil pessoas. 
Objetivo 
Analisar as formas de luta e resistência contra a ditadura. 
 
 
 
 
Em resposta a essa mobilização, o governo baixou o AI-5 em 13/12/1968 
tornando o poder executivo um poder praticamente absoluto, suspendendo os direitos 
políticos e civis daqueles considerados inimigos da ditadura. Em 1969 o AI-5 virou 
Constituição e houve um “golpe dentro do golpe”, com o afastamento por doença de 
Costa e Silva pela Junta Militar e a posse do novo presidente, Médici. 
Militantes inspirados na Revolução Cubana e no foquismo de Guevara e Debray, 
acreditavam que a guerrilha era a melhor estratégia para enfrentar o regime. Eles 
realizaram diferentes ações de propaganda e obtenção de recursos, como assaltos a 
bancos, a quartéis, e seqüestros de diplomatas para trocá-los por prisioneiros políticos. 
Mais de cem prisioneiros foram libertados com os seqüestros de embaixadores 
(americano, alemão, suíço) e do cônsul japonês. 
 
 
 
 
 
25/07/1968 - Passeata dos Cem Mil 
 
 
 
 
 
As Guerrilhas 
 
 
 
A Guerrilha de Caparaó (MG/ES, 1966/1967), foi o primeiro movimento de 
resistência armada à ditadura. Os integrantes da guerrilha eram em sua maioria militares 
participaram das manifestações em favor das reformas de base no governo de Jango e 
contava com o apoio de Brizola e o financiamento cubano. 
Marighela (esq). Presos políticos libertados em troca do embaixador dos EUA. 
 
 
 
 
 
 
A “guerrilha do vale da Ribeira” (1970), originalmente um campo de 
treinamento da VPR. Após o treinamento, o plano seria desencadear guerrilha no 
nordeste, mas a prisão de Mário Japa, dirigente da VPR, desmobilizou parcialmente o 
campo. A VPR decide seqüestrar o cônsul do Japão e, com o seqüestro, Mário e outros 
são soltos, mas o campo foi cercado. Lamarca iniciou a evacuação, sendo que nove 
permanecem. Em abril já haviam 1.500 homens a procura dos guerrilheiros, vários 
helicópteros e aviões. 
Lamarca num confronto consegue render um oficial e 16 militares. O tenente 
concordou com os termos de rendição, mas não ordenou o levantamento do bloqueio, 
fazendo com que Lamarca e seu grupo caíssem numa emboscada. Os guerrilheiros 
conseguiram fugir da emboscada e decidiram executar o tenente. 
Os guerrilheiros conseguem capturar um veículo do exército, fazem 5 
prisioneiros e seguem para São Paulo, onde abandonam o caminhão e deixam os 
prisioneiros, escapando do Vale da Ribeira. 
Anos depois, já no MR-8, ele tentaria iniciar uma guerrilha no interior da Bahia, 
quando foi descoberto e a repressão resultou em sua morte. 
 
A Guerrilha do Araguaia (1966-1975) - Após o golpe militar de 1964, a região 
do Bico do Papagaio - na confluência dos estados de Goiás (hoje Tocantins), Pará e 
Maranhão - começou a receber militantes do PCdoB. Durante a preparação das forças 
Carlos Lamarca nasceu em 27/10/1937 no Rio de Janeiro. Seguiu carreira 
militar, desligando-se do exército quando era capitão para aderir à luta armada 
contra a ditadura e em defesa da revolução. Foi uma das principais lideranças 
da VAR-PALMARES, VPR e, depois, do MR-8. 
guerrilheiras, os militantes foram surpreendidos por um ataque militar. Desde então, 
foram três campanhas de cerco e aniquilamento contra os guerrilheiros durante mais de 
três anos. 
 
 
No dia 12/04/1972 as cidades de Marabá e Xambioá, em pontos extremos de um 
extenso território onde atuavam três destacamentos guerrilheiros (Gameleiro, Caiano e 
Faveiro) com 69 homens e mulheres, foram convertidas em quartéis de um contingente 
aproximado de 2,5 mil militares das Brigadas de Infantaria da Selva (BIS) e de outras 
unidades. 
Tropas do Exército, aviões e helicópteros da Aeronáutica, lanchas da Marinha, 
reforçaram os efetivos. Duas investidas das tropas regulares fracassaram e o governo 
reformulou sua estratégia. 
 
 
Exército no Araguaia (1972) 
 
A partir daí, o governo tratou o confronto como "guerra suja". Centenas de 
moradores tiveram suas casas e plantações queimadas, foram presos, torturados, 
submetidos à humilhações. Muitos foram executados, outros desapareceram da região. 
 A guerrilha urbana não se constituiu de fato em uma frente, mas em ações 
planejadas e executadas por diferentes grupos revolucionários. As ações de 
expropriação bancária objetivavam a propaganda e a obtenção de recursos para a 
continuidade da luta e, se possível, o estabelecimento de uma guerrilha rural. Os 
seqüestros visavam ações de propaganda e de pressão contra a ditadura, bem como a 
libertação de presos políticos. 
 
 
 Dentre as ações espetaculares, houve o único seqüestro bem sucedido de um 
embaixador norte-americano na história, com repercussão mundial. Idealizado e 
organizado pelo MR-8, com apoio da ALN, o seqüestro de Charles Elbrick resultou 
na divulgação de um manifesto pela imprensa e em rede nacional, e na libertação de 15 
presos políticos, dentre Vladimir Palmeira e José Dirceu, líderes estudantis presos no 
congresso da UNE em Ibiúna(SP). 
 
 
 Alguns historiadores e protagonistas consideram a luta armada um erro e que, 
vitoriosa, resultaria noutra ditadura. Bem, a proposta de luta armada, entendida como 
estratégia revolucionária, não era novidade no Brasil. Todavia, a adoção por novos 
grupos e partidos de esquerda esteve relacionada ao aumento da repressão, sobretudo 
após o AI-5. Para muitos essa opção era legítima e viável porque a ditadura prendia, 
torturava e matava, impedindo as manifestações pacíficas e fechando as portas de 
possíveis negociações. Mas esse caminho resultou num isolamento crescente, sem apoio 
popular e na sua derrota para a ditadura. Seus sobreviventes contribuiriam ainda para a 
construção de alternativas, seja do exílio ou na clandestinidade, nos movimentos 
sociais, sindicatos e partidos no Brasil a partir de meados da década de setenta. 
 
 
O movimento dos trabalhadores 
 
O Golpe de 1964 representou uma ruptura política com o período anterior e, por 
linhas tortas, contribuiu para o surgimento de novas demandas, formas de resistência e 
de organização do movimento sindical, bem como dos movimentos sociais. Ao mesmo 
tempo, foi o responsável pela implementação e ampliação dos artigos da CLT e da 
estrutura sindical herdada. Uma das características da Ditadura Militar brasileira seria a 
tentativa de se auto-legitimar tanto pela institucionalização de mecanismos 
representativos quanto pela repressão. A ditadura estenderia e se utilizaria do espírito de 
“colaboração de classes” previsto na lei.E teria a participação de sindicalistas que 
aceitariam o papel de interventores (e outros papéis), a serviço da “revolução” (e de seu 
próprio interesse). Mas o aspecto repressivo do sistema predominaria na questão 
sindical. Como conseqüência dessa atuação ocorreram alterações nas pautas dos 
sindicatos, com os temas relativos a salários e condições de trabalho passando para um 
segundo plano, enquanto ascenderiam os itens relacionados à administração e finanças 
do sindicato. Verificou-se o esvaziamento da participação nas reuniões e assembléias, e 
do número de associados. O papel assistencial da entidade foi cada vez mais destacado 
como prioridade. Para tal fim, crescem o patrimônio imobiliário e o número de 
funcionários, aumentando a importância da “máquina sindical”. 
Alguns anos após o golpe de 1964, teve início uma “renovação sindical”, 
apoiada em 1967 pelo Ministro do Trabalho, Coronel Jarbas Passarinho. Novas direções 
foram eleitas e as intervenções tornaram-se menos freqüentes. Com a “liberalização” 
assinalada pelo regime, foi criado o MIA - Movimento Intersindical contra o Arrocho - 
contrário à política salarial do governo. Estes dirigentes sindicais, oriundos da antiga 
aliança entre comunistas e esquerda do PTB, para a manutenção de seus cargos, teriam a 
dura tarefa de promover o equilíbrio (ou equilibrar-se) entre as propostas de maior 
mobilização das bases e o comedimento visto como necessário na resistência e 
enfrentamento ao regime militar. Predominavam ainda as referências do pré-64, como 
as reivindicações de reformas de base, o modelo de organização e ação sindical, e a 
busca de uma “unidade democrática”. 
 
 
 
 Em 1967, a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Contagem (MG), cassada 
logo após o golpe, retorna através de eleição. O trabalho de base junto à categoria 
resultou na greve, mas não foi suficiente para a vitória. Não obstante os trabalhadores 
não terem conquistado o que reivindicavam, a greve e a organização de base tornaram-
se uma referência obrigatória para o movimento sindical na luta contra o “arrocho 
salarial”. Para a “esquerda revolucionária” Contagem representou uma manifestação da 
consciência operária na luta contra a ditadura, que poderia estar se aproximando do fim. 
A greve dos metalúrgicos de Osasco (SP), poucos meses depois, para esses setores, 
seria a confirmação desta avaliação. 
 
 
 
 A atuação do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco foi marcada pela 
organização de comissões de fábrica, independentemente da sua legalidade ou 
reconhecimento pelo governo ou empresários. A greve foi deflagrada antes do que 
previa a diretoria, tendo como principal reivindicação o aumento salarial. Desencadeou-
se uma violenta repressão, com a intervenção no sindicato, prisão das lideranças e a 
desarticulação do movimento. Apesar da derrota, a experiência de Osasco deixou muitas 
questões para a reflexão: a organização nos locais de trabalho, a relação entre o 
sindicato e a base, a relação entre movimento sindical e outros movimentos, a 
democratização do funcionamento interno do sindicato, a relação do movimento 
sindical e a democracia. 
 Após as greves de Contagem e Osasco apenas com a greve da Scania em 1978 se 
reiniciam mobilizações de maior abrangência. No contexto do imediato pós AI-5 a 
atuação reivindicativa dos trabalhadores tinha um caráter autônomo, local, quase sempre 
interna às unidades fabris e sem o conhecimento do sindicato. Quando as direções 
sindicais tomavam conhecimento, na maioria das vezes não tinham condições ou 
interesses em levar adiante as demandas para o conjunto da categoria. As reivindicações 
quase sempre se relacionavam com problemas específicos do local de trabalho, como 
chefes autoritários, acidentes de trabalho, etc. Mas essas “pequenas lutas” locais foram 
fundamentais para a organização dessa classe operária e formação de novas lideranças. 
No segundo semestre de 1973, foram organizadas pequenas greves nas fábricas 
Mercedes Benz, Volkswagen e Chrysler em São Bernardo do Campo (SP), 
reivindicando 10% de reajuste, fora do período de dissídio. No final de 1974, como 
haviam conquistado esse reajuste antecipado, o governo estendeu a antecipação salarial 
para todas as categorias. Dessa forma o governo tentava capitalizar essa derrota como 
uma “preocupação” com a condição dos trabalhadores, visando a sua desmobilização. 
Nos anos seguintes, entre 1975 e 1977, as manifestações dos trabalhadores se 
ampliaram, sobretudo durante as campanhas salariais, e se tornaram mais abrangentes 
em suas pautas de reivindicações. Tal crescimento do movimento operário teve reflexo 
na relação entre a organização na fábrica e a direção sindical, que foram impulsionados 
a retomar as lutas de seus associados, para além da constituição de oposições sindicais 
largamente representativas, disputando o espaço com as representações “pelegas” do 
período ditatorial. 
 
 
 
Para saber mais 
 
Filmes: Caparaó, Hercules 56, Lamarca, O Que É Isso, Companheiro?, Zuzu Angel, 
Batismo de Sangue, Cabra Cega, Nunca Fomos Tão Felizes, Araguaia, Quase Dois 
Irmãos, Pra Frente Brasil, Cabra Marcado Para Morrer. 
 
Sites: 
http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=4543 
http://guerrilhadoaraguaia-documentario.blogspot.com/ 
http://vermelho.org.br/araguaia/capa.asp 
http://www.midiaindependente.org/pt/red/2007/06/384464.shtml 
Textos de Marighela sobre a guerrilha: 
http://www.marxists.org/portugues/tematica/luta-armada.htm 
 
 
Bibliografia 
 
FREDERICO, Celso (org.), A esquerda e o movimento operário. 1964-1984, Vol. 1, 
São Paulo: Novos Rumos, 1987. 
GORENDER, Jacob, O Combate nas Trevas, 5
ª
 ed. , São Paulo: Ática, 1998. 
REIS FILHO, Daniel Aarão. Ditadura Militar, esquerdas e sociedade. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar Editor, 2000. 
RIDENTI, Marcelo. O fantasma da revolução brasileira. São Paulo: Unesp, 1993. 
MATTOS, Marcelo Badaró, Novos e Velhos Sindicalismos no Rio de Janeiro (1955-
1988), Rio de Janeiro: Vício de Leitura, 2004. 
WEFFORT, Francisco, “Participação e Conflito Industrial: Contagem e Osasco.”, 
Cadernos CEBRAP, no. 5, São Paulo: CEBRAP, 1972.

Outros materiais