Direitos da Personalidade - Resumo

1 Direitos da Personalidade Trata-se de categoria de direito individual, indisponível e inalienável. Deriva da relação da pessoa consigo mesmo, daqueles bens que o cidadão guarda dentro do seu corpo e da sua mente, formando a sua personalidade. Exemplo: Honra, intimidade, dignidade. Existem re\ue235exos externos, como nome, imagem, crédito etc. Todos esses direitos são exemplos de exteriorização jurídica dos direitos da personalidade, que são, em regra, intransmissíveis. Atenção: Dos direitos da personalidade podem ser extraídas relações de direito real ou pessoal. Exemplo: Indenização por uso indevido da imagem. Características: Intransmissibilidade: Por serem oriundos da relação da pessoa com ela mesma, não podem os direitos da personalidade ser objeto de transmissão entre pessoas, seja por negócio jurídico ou herança. Nota: Embora não transmissíveis por sucessão, isto é, herança, a lesão aos direitos da personalidade pode acarretar re\ue235exos nos herdeiros. Dano por ricochete. ** Exemplo: Uso indevido do nome do morto e indenização aos seus herdeiros por dano re\ue235exo. Observação: Limitação Temporária não se aplicam as vedações de irrenunciabili - dade nem de inalienabilidade para os casos de limitação temporária de alguns di - reitos da personalidade, desde que compatível com a espécie de direito em análise. Ex.: Ceder direito de imagem. Irrenunciabilidade e Inalienabilidade : signi\ue234ca que a pessoa não pode, mesmo que voluntariamente, dispor dos direitos da personalidade de forma negocial, daí porque são também inalienáveis. imprescribilidade: Os direitos da personalidade não prescrevem, isto é, não são perdidos pela inércia do seu titular em caso de violação a esses direitos, sendo por - tanto sempre passíveis de indenização. ** Dano por ricochete é a proteção transcendental do direito da personalidade, conforme art. 12, CC/02. Direito Civil 2 Vitaliciedade: Via de regra, os direitos da personalidade acompanham o seu titular desde a concepção até a morte. Observação: Há algumas exceções, como a suspensão temporária de direitos po - líticos, por exemplo. Oponibilidade erga omnes 1 : Todos os integrantes da sociedade devem respeito e ob - servância aos direitos personalíssimos das pessoas. Rol de Direitos \u2013 Exemplos Nota: Não é possível uma relação exaustiva dos direitos da personalidade porque os valores da vida são socialmente mutáveis, voláteis. Cada sociedade observa seu rol de direitos personalíssimos, mas traremos alguns dos principais: Direito à vida Não há norma brasileira que proíba o indivíduo de pôr \ue234m à própria vida, mas há polêmi - cas no que tange ao suicídio: Eutanásia É um procedimento em que o paciente, sofrendo de doença incurável, tem sua morte levada a efeito com auxílio de outra pessoa, com o acordo entre essas duas pessoas. É uma prática proibida no Brasil, tratada como homicídio, ainda que na forma \u201cprivilegiada\u201d . Ortotanásia Ocorre quando há o desligamento dos aparelhos que mantém vivo o paciente em estado terminal. Difere da eutanásia porque não é considerada homicídio, já que, a rigor, o que há é o não prolongamento de uma vida inviável. Distanásia Trata-se de procedimento exatamente inverso ao da ortotanásia, de modo que se prolonga a vida do indivíduo mantendo-se ligados os aparelhos que lhe asseguram a sua vida, mesmo que sem sobrevivência em potencial Observação: A partir do momento em que o paciente é declarado como portador de mal incurável, não se recomenda a distanásia. 1 Erga Omnes é uma expressão latina que signi\ue234ca \u201ccontra todos\u201d. Ou seja, para efeitos jurídicos, trata-se do ato que tem efeitos contra todos; isto é, que obriga todos a obedecer. Daí se diz que um direito que obriga a todos respeitarem, é \u201cerga omnes\u201d , porque o seu titular o poderá invocar \u201ccontra todos\u201d. 3 Observação: Testamento vital é o documento redigido por alguém que deseja declarar a que tratamentos e não tratamentos, desde já, quer ser submetido, se e quando estiver diante de um diagnóstico de doença terminal e impossibilitado de manifestar sua vontade. Esse documento se refere a apenas à interrupção ou suspenção de tratamentos ex - cepcionais que visem apenas o prolongamento da vida. Assim, tratamentos \u201cpaliativos\u201d, que pretendem melhorar, amenizar a dor / sofrimen - to do paciente não são, em regra, aceitos. Ex.: Posso, em testamento vital, recusar ser submetido a reanimação pós-parada cardíaca. Direito à Integridade Física Art. 13, CC/02: A lei veda o que se denomina \u201cdisposição do próprio corpo\u201d. Isto é, salvo exigência médica, o indivíduo não pode realizar intervenções que acarretem a diminui - ção permanente da sua integridade física ou que contrarie os bons costumes. Observação: Art. 14, CC. -> O próprio Código prevê uma exceção, qual seja, a disposi - ção gratuita do próprio corpo, após a morte, para \ue234ns cientí\ue234cos ou altruísticos. Contudo, se a disposição não for gratuita, a prática será considerada criminosa. (art. 15, L. 9.434/97). Direito ao Nome O nome civil é o sinal exterior por meio do qual são reconhecidos e designados os indi - víduos no seio familiar e social (Farias e Rosenvald). Classi\ue234cação do nome da pessoa natural Nota: Há autores que chamam de \u201csobrenome\u201d não o nome de família, mas o nome composto. Ex.: João Paulo. O nome é um direito absoluto, oponível erga omnes obrigatório, indisponível, impres- critível e inexpropriável, no caso das pessoas naturais. Já as pessoas jurídicas tem no nome um direito absoluto, oponível a todos, obrigató- rio, disponível, cessível, renunciável, transmissível e exclusivo. João Andrade Silva Júnior Sobrenome, apelido de família (matronímico/patronímico) Prenome Agnome 4 O direito à imagem é personalíssimo autônomo, com reconhecimento legal, jurispru - dencial e doutrinário, sendo dividido em: Imagem Subjetiva: é a projeção do indivíduo no seu contexto social. Relaciona-se à boa fama, à respeitabilidade, ao reconhecimento a partir do meio em que vive. Ex.: Inscrição indevida no SPC. Imagem Objetiva: também chamada \u201cimagem \u2013 retrato\u201d, é o direito pessoal ao con - trole de sua \ue234gura. É, portanto, o próprio \u201cdireito de imagem\u201d. Art. 20, CC/02 c/c art. 5º, V e X, CF/88. Nota: Quando o legislador tutelou a imagem objetiva (retrato/atributo), também res - guardou os demais elementos da pessoa, como a sua voz, por exemplo. Assim, será igualmente protegida a pessoa cujo áudio da voz seja irregularmente divulgado. Não se esqueça: Para Limongi França, os direitos da personalidade são direitos de inte - gridade, daí porque se protegem as pessoas sob as perspectivas físicas, morais e intelec - tuais. Tripartição da tutela da personalidade. Dessa forma, a proteção dos direitos personalíssimos devem ser tidos como um todo indivíduo, com integral resguardo. O que se entende por \u201cdignidade humana\u201d ? A dignidade humana seria, segundo Kant, aquilo o que a pessoa é como ser racional, considerando-se um \ue234m em si mes - ma. Ou seja, a pessoa humana é sempre \ue234m, nunca meio, sob pena de lesão à sua dignidade, sendo vedado, pois, ser tida como instrumento, em qualquer hipótese. Em regra, o nome da pessoa natural não pode ser trocado, mas há exceções: LRP \u2013 L. 6.015/73 Art. 56 \u2013 Atingimento da maioridade. Art. 57 \u2013 Motivo excepcional, judicialmente. Art. 58 \u2013 Substituição do prenome por apelido público. L. 6.815/80, art. 115, Estatuto do Estrangeiro \u2013 Adaptação do nome/tradução, quando da naturalização. Atenção: Art. 55, p.ú., LRP O o\ue234cial do Registro Civil não deve registrar prenomes sus - cetíveis à exposição ao ridículo, devendo, em caso de recusa dos pais, suscitar a dúvida ao juiz competente. Direito à Imagem e à Vida Privada 5 Proteção à Vida Privada Vida privada são as relações íntimas do indivíduo, como são, por exemplo, as relações familiares, telefônicas e de correspondência, inclusive \ue234scais e bancarias, protegidas pelo sigilo legal, salvo nos casos de quebra desse sigilo, que serão sempre exceções. Vida Privada X Liberdade de Imprensa As liberdades de manifestação e de imprensa são dotadas de irredutibilidade, por ex- pressa previsão da Constituição Federal (art. 5º, IV e 220, § 1º e 2º), sendo vedado o anonimato. Logo, na atual Estado de Direito, Não há espaço para censura prévia sobre as publicações. O que fazer então em caso de colidência desses direitos? Em caso de ofensa à vida privada e/ou à honra, à intimidade, o único caminho legíti - mo será a reparação civil e/ou penal, a depender do caso concreto. Não se admite controle da imprensa. Conceito: É categoria autônoma de direito subjetivo que permite a proteção do autor de qualquer obra, no que se refere à sua indevida utilização, sobretudo pela via da divulgação pública. Natureza Jurídica: Sua natureza é híbrida ou mista, pois, enquanto atividade inte - lectual, também é a obra legalmente tutelada como \u201cbem móvel\u201d, para \ue234ns e efeios legais (art. 3º, L. 9.610/98 \u2013 Lei dos Direitos Autorais - LDA). Aspectos Patrimonais dos Direitos Autorais Transmissíveis e Alienáveis: Os direitos autorais, à exceção dos direitos morais, são livre - mente negociáveis, em todo ou em parte, pelo autor ou seus sucessores (art. 41, LDA); Incomunicáveis: Salvo os rendimentos de sua exploração, e exceto se houver pacto an - tenupcial dispondo em contrário, os direitos autorais não se comunicam. Isto é, numa eventual partilha, não há divisão deles entre o casal. (art. 39, LDA); Imprescritíveis: Perduram durante toda a vida do autor (LDA, art. 41), mas, após sua morte, pertencerão aos herdeiros somente por 70 anos, a conta do 1º dia do ano subse - quente à morte do titular (art. 45, LDA). Momento em que se diz que a obra caiu em domí - nio público, que se dá também quando o autor falece sem deixar herdeiros conhecidos . Direitos autorais Direitos Morais (direito da personaldade) Direitos Patrimoniais Direitos autorais 6 Classi\ue234cação dos Direitos Autorais Direitos Principais/De Autor: Direitos Morais (art. 24, LDA) São Perpétuos, inalienáveis e irrenunciáveis (art. 27), podendo ao autor: Reivindicar da autoria a qualquer tempo. Modi\ue234car da obra quando o autor quiser. Conservar sua obra inédita, caso queira. Ser indenizado em caso de dano ou prejuízo. Direitos Conexos São os decorrentes da permissão concedida pelo autor para reprodução de sua obra. O prazo de proteção dos direitos conexos é de 70 anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte à \ue234xação, transmissão, execução ou representação pública. A violação dos direitos autorais implica em reparação civil por danos materiais e mo - rais, além de punição penal ao infrator, sendo certo que a proteção dos direitos do autor independe de registro, conforme art. 18, LDA. Trata-se de construção jurisprudencial, sendo um desdobramento da intimidade e da vida privada, que são, como sabemos, invioláveis. Sob esse aspecto, o individuo teria o direito de não ser mais envolvido em fatos e episó - dios ocorridos no passado, os quais, em tese, não interessam a ninguém. Por exemplo, violaria o direito ao esquecimento programa de TV sobre fatos criminosos ocorridos há vários anos. Ou seja, os tribunais brasileiros tem entendido que ser \u201cesquecido\u201d pelo opinião pública é um direito da pessoa humana, conforme o Enunciado 532 da VI Jornada de Direito Civil do Conselho Federal de Justiça. O que é privacidade? O termo \u201cprivacidade\u201d é a faculdade que cada ser humano tem de impedir que pes - soas alheias à sua vida, inclusive familiar, tenham acesso a informações acerca de sua intimidade e, com isso, pretende-se impedir a divulgação desses fatos. Direito ao esquecimento 7 O Direito de Resposta é previsto na Lei 13.188/2015, que regulamentou o art. 5º, V, CFRB/1988. É direito da personalidade derivado diretamente da lesão à imagem e à vida íntima do indivíduo. Trata-se de direito a resposta ou reti\ue234cação gratuito e proporcional ao agravo (à ofensa), havido sempre que alguem for ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação (art. 2º LDR) Atenção! Exceção da verdade: O art. 6º da L. 13.188/015 dispõe que publicações que re\ue235i - tam fatos verídicos não estão sujeitas ao cumprimento do direito de resposta, exceto, claro, eventuais ofensas, que poderão inclusive ser consideradas crimes. Quem pode pedir o direito de resposta? Pessoas naturais (o próprio ou seu representante legal); Pessoas jurídicas, através de seu representante legal. Contra quem cabe pedir? De forma individualizada, em face de todos os veículos de comunicação que te- nham divulgado, republicado ou retransmitido a matéria considerada ofensiva. Há prazo para exercer o direito de resposta? Sim! Trata-se de prazo decadencial de 60 dias , a contar da data de cada publica - ção, divulgação ou transmissão da matéria, mediante correspondência, com aviso de recebimento (AR) dirigida ao veículo de comunicação, que terá 7 dias para pu - blicar a resposta, com idêntico destaque da matéria original. Há pedido judicial de direito de resposta? O ofendido somente terá interesse jurídico de pleitear judicialmente o direito de resposta se lhe for negado o direito de resposta extrajudicial, ou se não for obe - decido o prazo e a forma prescritos em lei. Privacidade e esquecimento Por ter poder sobre suas informações pessoais, pode o indivíduo impedir que seu pas - sado venha à tona. Ser esquecido é um desdobramento lógico da tutela da intimidade, pois os fatos passados, se inconvenientes, podem perturbar a paz íntima do afetado. Direito de resposta Art. 3º, §2º, LDR

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