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DIREITOS DA PERSONALIDADE

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DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
Conceito 
 “Direitos subjetivos que têm por objeto os bens e valores essenciais da pessoa, no seu aspecto 
físico, moral e intelectual”. (Francisco Amaral) 
 
 “Direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física 
(vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partes separadas do corpo 
vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e 
literária); e a sua integridade moral (honra, recato, segredo profissional e doméstico, identidade 
pessoal, familiar e social)”. (Maria Helena Diniz) 
 
 “Em síntese, pode-se afirmar que os direitos da personalidade são aqueles inerentes à pessoa e à 
sua dignidade (art. 1º, III, da CF/1998)”. (Flávio Tartuce) 
 
 “Aqueles que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas 
projeções sociais”. (Pablo Stolze) 
 
Os direitos da personalidade estão associados a cinco grandes ícones. 
 
1. Vida e integridade físico-psíquica 
 
2. Nome da pessoa natural ou jurídica. 
 
3. Imagem retrato (reprodução corpórea da imagem, representada pela fisionomia de alguém) e 
imagem atributo (soma de qualificações de alguém ou repercussão social da imagem). 
 
4. Honra. 
 
5. Intimidade. 
 
Obs.: Nem a Constituição Federal, nem o Código Civil trataram, de forma expressa, do direito à opção 
sexual. O STJ já entendeu pela possibilidade de reparação imaterial em decorrência da utilização de 
apelido em notícia de jornal com o termo „bicha‟. 
 
“Direito civil. Indenização por danos morais, Publicação em jornal. Reprodução de cognome relatado em boletim de ocorrências. 
Liberdade de imprensa. Violação do direito ao segredo da vida privada. Abuso de direito. A simples reprodução, por empresa 
jornalística, de informações constantes na denúncia feita pelo Ministério Público ou no boletim policial de ocorrência consiste em 
exercício do direito de informar. Na espécie, contudo, a empresa jornalística, ao reproduzir na manchete do jornal o cognome – 
„apelido‟- do autor, com manifesto proveito econômico, feriu o direito dele ao segredo da vida privada, e atuou com abuso de 
direito, motivo pelo qual deve reparar os conseqüentes danos morais. Recurso especial provido” (STJ, REsp 613.374/MG, Rel. 
Min Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 17.05.2005, DJ 12.09.2005, p. 321) 
 
Os direitos da personalidade estão disciplinados no Código Civil, entre os artigos 11 a 21. Entretanto, 
o rol apresentado pelo Código Civil é meramente exemplificativo (numerus apertus). 
 
Enunciado 274 do CJF/STJ. “Os direitos da personalidade, regulados de maneira não exaustiva 
pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, III, 
da Constituição Federal”. 
 
O reconhecimento dos direitos da personalidade como categoria de direito subjetivo é relativamente 
recente, como reflexo da Declaração dos Direitos do Homem, de 1789 e 1948, das Nações Unidas, 
bem como da Convenção Européia de 1950. 
 
Os direitos da personalidade são os relacionados com a dignidade da pessoa humana e com as três 
grandes gerações ou dimensões de direitos decorrentes da Revolução Francesa. 
 
Direitos de primeira geração ou dimensão: princípio da liberdade. 
 
Direitos da segunda geração ou dimensão: princípio da igualdade em sentido amplo ou da 
isonomia. 
 
Direitos da terceira geração ou dimensão: princípio da fraternidade. Surgem os direitos 
relacionados com a pacificação social, os direitos do consumidor, o direito ambiental e o direito do 
trabalhador. 
 
Direitos da quarta geração ou dimensão: relacionados com o patrimônio genético do indivíduo, os 
números de identificação do DNA da pessoa natural. 
 
Direitos da quinta geração ou dimensão: relacionados com a proteção do ambiente ou intimidade 
virtual, existente no âmbito da Internet e do mundo cibernético. 
 
Características 
 
Artigo 11, Código Civil. “Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são 
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. 
 
Agregam-se a estas características outras, como: absolutos, ilimitados, imprescritíveis, 
impenhoráveis, inexpropriáveis e vitalícios. 
 
Analisam-se agora cada uma das características apontadas acima. 
 
A) Intransmissibilidade e irrenunciabilidade 
 
Estas características geram a indisponibilidade dos direitos da personalidade. Ou seja, em regra, não 
cabe a cessão de tais direitos, seja de forma gratuita ou onerosa. Daí por que não podem ser objeto 
de alienação, de cessão de crédito ou débito, de transação ou de compromisso de arbitragem. 
 
Ou seja, não podem os seus titulares deles dispor, transmitindo-os a terceiros, renunciando ao seu 
uso ou abandonando-os, pois nascem e se extinguem com eles, dos quais são inseparáveis. 
 
Obs.: A indisponibilidade dos direitos da personalidade não é absoluta, mas relativa. 
 
Alguns atributos da personalidade, contudo, admitem a cessão de seu uso, como a imagem, que pode 
ser explorada comercialmente, mediante retribuição pecuniária. Os direitos autorais, também, estão 
neste grupo. 
 
Permite-se a cessão gratuita de órgãos do corpo humano, para fins altruísticos e terapêuticos. 
 
Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal: “O exercício dos 
direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem 
geral”. 
 
Ex.: um atleta profissional tem a liberdade de celebrar um contrato com uma empresa de material 
esportivo, para a exploração patrimonial de sua imagem, como é comum. Entretanto, esse contrato 
não pode ser vitalício, como ocorre algumas vezes na prática, principalmente em casos de contratos 
celebrados entre jogadores de futebol brasileiros e empresas multinacionais. Esses contratos, 
geralmente, são celebrados no estrangeiro, mas se fossem celebrados no Brasil seriam nulos, por 
ilicitude de seu objeto, pois a cessão de uso dos direitos da personalidade é permanente. 
 
Portanto, o ato de disposição de um direito da personalidade há de ser transitório (limitado no tempo) 
e específico (afinal ninguém pode abrir mão de toda a sua personalidade). 
 
Obs.: Os direitos da personalidade são personalíssimos e, portanto intransmissíveis. Entretanto, a 
pretensão ou direito de exigir a sua reparação pecuniária, em caso de ofensa, transmite-se aos 
sucessores, nos termos do art. 943 do Código Civil. 
 
O professor Flávio Tartuce traz interessante exemplo da irrenunciabilidade dos direitos da 
personalidade. “A mesma tese vale para os contratos assinados pelos participantes de reality shows, caso do programa Big 
Brother Brasil, veiculado pela TV Globo. Em programas dessa natureza, é comum a celebração de um contrato em que o 
participante renuncia ao direito a qualquer indenização a título de dano moral, em decorrência da edição de imagens. O contrato 
de renúncia é nulo, sem dúvida, aplicação direta dos arts. 11 e 166, VI, do CC. Por outro lado, concorda-se com Jones Figueirêdo 
Alves e Mário Luiz Delgado quando afirmam que o programa, em si, não traz qualquer lesão a direitos da personalidade. No 
entanto, por outro lado, saliente-se que pode o participante ter a sua honra maculada pelo programa televisivo, dependendo da 
forma pela qual as imagens são expostas, cabendo medidas judiciais de proteção em casos tais (art. 12 do CC)”. 
 
Obs.: Além de não ser permanente, nem genérico, o ato de disposição não pode violar a 
dignidade do titular. Ou seja, mesmo que alguém manifeste, expressamente, a sua vontade, não 
será possível cedero exercício de um direito da personalidade com afronta à sua dignidade (mínimo 
existencial). 
 
Nelson Rosenvald nos traz um exemplo interessante. 
“Bem ilustra a hipótese, o interessante acórdão prolatado pelo Conselho Constitucional da França, no 
célebre caso do „arremesso de anões‟. Trata-se de importante precedente da jurisprudência francesa, 
cuidando de um estranho jogo, no qual anões eram lançados à distância, com o auxílio de um canhão 
de pressão. Insurgindo-se contra decretos das prefeituras locais onde o jogo era praticado, proibindo 
a diversão pública, os promotores do jogo (e, pasmem! Os anões em litisconsórcio com os 
organizadores da diversão) ingressaram com medidas judiciais tendendo à liberação do certame. 
Confirmando a vedação administrativa, a Casa Judicial francesa reconheceu que o respeito à 
dignidade humana, conceito absoluto que é, não poderia cercar-se de quaisquer concessões em 
função de apreciações subjetivas que cada um possa ter a seu próprio respeito. Por sua natureza 
mesma, a dignidade da pessoa humana está fora do comércio”. 
 
B) Absolutos 
 
Os direitos da personalidade possuem caráter absoluto, com eficácia erga omnes (contra todos). 
Esses direitos são tão relevantes e necessários que impõem a todos um dever de abstenção, de 
respeito. 
 
E, também, sob outra perspectiva, possuem caráter geral, pois são inerentes da todas as pessoas. 
 
C) Ilimitados 
 
O Código Civil traz rol meramente exemplificativo a respeito dos direitos da personalidade. 
 
Enunciado 139 da III Jornada de Direito Civil. “Os direitos da personalidade podem sofrer 
limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de 
direito do seu titular, contrariando a boa-fé objetiva e os bons costumes”. 
 
D) Imprescritibilidade 
 
Por serem de ordem pública, os direitos da personalidade são imprescritíveis. 
 
Não há prazo para exercer tais direitos, estes não se extinguem pelo seu não uso, assim como sua 
aquisição não resulta do curso do tempo. Ou seja, os direitos da personalidade não se extinguem pelo 
uso e pelo decurso do tempo, nem pela inércia na pretensão de defendê-los. 
 
Obs.: No estudo deste tópico, abre-se um questionamento: a ação ou pretensão para reparar danos 
decorrentes de lesão a direito da personalidade em casos de flagrante lesão à dignidade humana é 
imprescritível ou prescreve em três anos, pelo que consta no art. 206, §3º, V, do CC? 
 
Há duas correntes. 
Uma primeira que afirma não existir qualquer prazo prescricional, por envolver matéria de ordem 
pública. Essa corrente relaciona-se com a valorização da dignidade da pessoa humana constante no 
texto constitucional e com o previsto no art. 5º, V e X, da Carta Magna. Tal posicionamento vem 
crescendo na jurisprudência. 
 
E, uma segunda corrente, que afirma que o direito é imprescritível, mas a pretensão ou ação 
prescreve, no prazo assinalado pela lei. Carlos Roberto Gonçalves é adepto desta segunda posição. 
Essa posição tem prevalecido na jurisprudência. 
 
Obs.: Há exceção, porém, na característica da imprescritibilidade. No que tange às ações tendentes à 
reparação de danos causados por prisão ou tortura, durante o regime militar de exceção, pelo qual 
passamos tristes épocas, vem afirmando o Superior Tribunal de Justiça a sua imprescritibilidade, 
seguindo a trilha do art. 14 da Lei 9.140/95. 
 
E) Impenhorabilidade 
 
Os direitos da personalidade não podem ser penhorados, pois a constrição é o ato inicial da venda 
forçada determinada pelo juiz para satisfazer o crédito do exeqüente. 
F) Vitaliciedade 
 
Os direitos da personalidade inatos são adquiridos no instante da concepção e acompanham a 
pessoa até sua morte. 
 
A possibilidade de colisão entre os direitos da personalidade e a liberdade de imprensa ou a 
liberdade de expressão 
 
Artigo 5º, IX, Constituição Federal. “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e 
de comunicação, independentemente de censura ou licença”. 
 
Artigo 220, Constituição Federal. “Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à 
plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o 
disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV”. 
 
No atual Estado Democrático de Direito consagrou-se a livre manifestação de pensamento pela 
imprensa. Desta forma, esta liberdade não pode estar submetida à prévia censura. 
 
Deve-se observar, também, que os direitos da personalidade também mereceram especial proteção 
constitucional, alçados à altitude de cláusulas pétreas. 
 
O exercício do direito de informação não pode ser admitido em caráter absoluto, ilimitado, sendo 
imperioso estabelecer limites ao direito de informar, a partir da proteção dos direitos da personalidade, 
especialmente com base na tutela fundamental da dignidade da pessoa humana, também alçada ao 
status constitucional. 
 
Para solucionar os conflitos de interesses estabelecidos entre a liberdade de imprensa e os direitos da 
personalidade, impõe-se o uso da técnica da ponderação dos interesses, buscando averiguar, no 
caso concreto, qual o interesse que sobrepuja, na proteção da dignidade humana. 
 
Exemplos: o político que professa um exacerbado moralismo e, posteriormente, é surpreendido, pela 
imprensa, em situação que contradiz as idéias pregadas. Conclui ser possível veicular a notícia nesse 
caso, a bem do interesse público. 
 
Obs.: Afronta os direitos da personalidade o sensacionalismo promovido pelo órgão de imprensa, 
lesando a dignidade humana, mesmo que os fatos veiculados estejam, realmente, sendo apurados 
pela Polícia ou pelo Ministério Público. 
 
“Detectado que a par de se originar a notícia veiculada em jornal de fonte oficial do Ministério Público, 
o cunho sensacionalista pelo emprego de expressão chula dado aos fatos causou ofensa de ordem 
moral, devida a indenização reparadora que deve, todavia, ser fixada sem excessos, a fim de evitar 
enriquecimento sem causa”. (STJ, Ac. unân. 4ª T., REsp. 448.604/RJ, rel. MIn. Aldir Passarinho Jr., 
j.6.11.03, DJU 25.2.04, p. 180) 
 
Esclarece-se que não há hierarquia valorativa entre a liberdade de imprensa e os direitos da 
personalidade. Em eventual conflito destes dois direitos é necessário a análise do caso concreto e a 
utilização da técnica de ponderação de interesses. Desta forma, poderá saber qual dos dois 
prevalecerá. 
 
Caso a informação veiculada pela imprensa vulnera a privacidade ou a imagem de alguém, estará 
desvirtuando o exercício do direito à notícia, caracterizando verdadeiro abuso de direito, prontamente 
reparável. 
 
Súmula 221 do STJ. “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de 
publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação”. 
 
Todo raciocino ora explanado aplica-se à liberdade de expressão. 
 
O chamado hate speech (consistente nas manifestações de pensamento ilimitadas, contendo 
declarações de ódio, desprezo ou intolerância, normalmente atreladas à etnia, religião, gênero ou 
orientação sexual) não é permitido pelo sistema jurídico brasileiro. 
 
 
Proteção legal aos direitos da personalidade 
 
Artigo 12, Código Civil. “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, 
e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”. 
Parágrafo único. “Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste 
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau”. 
 
Os direitos da personalidade visam resguardar a dignidade dapessoa humana. 
 
O caput do artigo 12 traz princípios da prevenção e da reparação integral de danos, que podem ser 
exercidos por meios judiciais e extrajudiciais. 
 
A violação do direito da personalidade que causa dano à pessoa acarreta, pois, a responsabilidade 
civil extracontratual do agente, decorrente da prática de ato ilícito. 
 
Reconhece direitos da personalidade ao morto, cabendo legitimidade para ingressar com a ação 
correspondente aos lesados indiretos: cônjuge, ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau. 
 
Atos de disposição do próprio corpo 
 
Artigo 13, Código Civil. “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, 
quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bons costumes”. 
Parágrafo único. “O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma 
estabelecida em lei especial”. 
 
Artigo 14, Código Civil. “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do 
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte”. 
Parágrafo único. “O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo”. 
 
O direito à integridade física compreende a proteção jurídica à vida, ao próprio corpo vivo ou morto, 
além dos tecidos, órgãos e partes suscetíveis de separação e individualização. 
A violação da integridade física é suficiente para a caracterização de dano estético, 
independentemente da existência, ou não, de seqüelas permanentes. 
 
Portanto, violada a integridade física da pessoa humana caracteriza-se o dano estético - que, em 
linhas gerais, corresponde às lesões, permanentes ou transitórias, na integridade física de uma 
pessoa. 
 
Súmula 387 do STJ. “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”. 
 
Enunciado 276 da IV Jornada de Direito Civil. “O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do 
próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com 
os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a conseqüente alteração do 
prenome e do sexo no Registro Civil”. 
 
O direito ao próprio corpo abrange tanto a sua integralidade como as partes dele destacáveis e sobre 
as quais exerce o direito de disposição. 
 
Lei 9.434/1997- Lei que regula sobre os transplantes 
 
O corpo humano sem vida é cadáver, coisa fora do comércio, insuscetível de apropriação, mas 
passível de disposição na forma da lei. 
 
Exige-se a manifestação de vontade para que alguém possa doar os seus órgãos para depois da 
morte. 
 
Caso, a pessoa não manifeste esta vontade em vida, tal direito transmite-se aos herdeiros. 
 
Enunciado 277, Jornada de Direito Civil. “O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da 
disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, 
determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade 
dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do 
potencial doador”. 
É necessária autorização judicial para exames, avaliações ou vistorias no cadáver, sob pena de 
responsabilização civil. 
 
Em se tratando de pessoa não identificada, o cadáver não reclamado não poderá ser objeto de 
retirada de órgãos para fins de transplantes, mas é possível a sua utilização para fins de estudos e 
pesquisas científicas, em faculdades de Medicina, por exemplo. 
 
Tratamento médico de risco 
 
Artigo 15, Código Civil. “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a 
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 
 
É necessário e importante o fornecimento de informação detalhada ao paciente sobre o seu estado de 
saúde e o tratamento a ser observado, para que a autorização possa ser concedida com pleno 
conhecimento dos riscos existentes. 
 
Na impossibilidade de o doente manifestar a sua vontade, deve-se obter a autorização escrita, para o 
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica de risco de qualquer parente maior, da linha reta ou 
colateral até o segundo grau ou cônjuge. 
 
Quando se trata de emergência que exige pronta intervenção médica, como na hipótese de parada 
cardíaca, por exemplo, terá o profissional a obrigação de realizar o tratamento, independentemente de 
autorização, eximindo-se de qualquer responsabilidade por não tê-la obtido. 
 
Testamento vital ou biológico – é o ato de vontade do paciente de não querer se submeter a 
determinado tratamento. 
 
Estudo do hard case – paciente sob risco de morte, por convicções religiosas, negar-se à intervenção 
cirúrgica, mesmo assim deve o médico efetuar a operação? 
 
- A cautela recomenda-se que as entidades hospitalares, por intermédio de seus representantes 
legais, obtenham o suprimento da autorização judicial, pela via judicial, cabendo ao magistrado 
analisar, no caso concreto, qual o valor jurídico a preservar. (1º posicionamento – Pablo Stolze) 
 
-Em casos de emergência, deverá ocorrer a intervenção cirúrgica, eis que o direito à vida merece 
maior proteção do que o direito à liberdade, particularmente quanto àquele relacionado com a opção 
religiosa. (2º posicionamento – Flávio Tartuce) 
 
- Há corrente de respeito que entende pela prevalência da vontade do paciente. (3º posicionamento) 
 
Obs.: Nelson Rosenvald faz o seguinte comentário sobre o terceiro posicionamento. “Em se tratando 
de pessoa incapaz ou de pessoa em situação de emergência já não se justifica a solução aqui 
preconizada. Ora faltando maturidade suficiente para escolher uma opção religiosa, com todas as 
suas conseqüências, a solução já não pode ser a mesma. De outra banda, como adverte Gabriela 
Lopes de Almeida, „em casos de emergência (nos quais não há possibilidade de manifestação válida 
e livre de vontade) deverá ocorrer a intervenção médica‟, pois, nesse caso, sobrepuja a manutenção 
da vida do paciente. Aliás, a Resolução nº 1.021/80 do Conselho Federal de Medicina e os arts. 45 e 
56 do Código de Ética Médica autorizam os médicos a praticar a transfusão de sangue em seus 
pacientes, independentemente de consentimento, se houver iminente perigo de vida”. 
 
Proteção à palavra e à imagem 
 
Art. 20, Código Civil. “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à 
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a 
exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e 
sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, 
ou se se destinarem a fins comerciais”. 
 
Parágrafo único. “Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa 
proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes”. 
 
A reprodução de imagem para fins comerciais, sem autorização do lesado, enseja direito a 
indenização, ainda que não lhe tenha atingido a honra, a boa fama ou a respeitabilidade. 
 
Súmula 403 do STJ. “Independe de prova de prejuízo a indenização pela publicação não autorizada 
de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”. 
 
Nestes casos, os danos morais são presumidos ou in re ipsa. 
 
Para a utilização da imagem de outrem é necessária autorização, sob pena de aplicação dos 
princípios da prevenção e da reparação integral dos danos. Mas essa autorização é dispensável se a 
pessoa interessar à ordem pública ou à administração da justiça, pelos exatos termos da lei. 
 
A imagem de uma pessoa pode ser imagem retrato (fisionomia de alguém, o que é refletido n espelho) 
e imagem atributo (a soma de qualificaçõesdo ser humano, o que ele representa para a sociedade). 
 
Proteção à intimidade 
 
Art. 21, Código Civil. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do 
interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta 
norma. 
 
O dispositivo está em consonância com o artigo 5º, X, da Constituição Federal.

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