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APOSTILA DE GÊNESE - Solos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE SOLOS E ENGENHARIA RURAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
GÊNESE, MORFOLOGIA E 
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS 
PARA GRADUANDOS 
 
 
 
 
Prof. Fábio Henrique Tavares de Oliveira, D.Sc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
AREIA – PB 
JUNHO DE 2007
GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS PARA GRADUANDOS1 
 
 
Prof. Fábio Henrique Tavares de Oliveira, D.Sc.2 
 
 
CONTEÚDO 
 
 PÁGINA 
Capítulo 01: Importância da ciência do solo e da pedologia............................................ 02 
Capítulo 02: Noções sobre rochas e minerais.................................................................. 07 
Capítulo 03: Intemperismo das rochas............................................................................. 13 
Capítulo 04: Pedogênese................................................................................................. 21 
Capítulo 05: Fatores de formação do solo........................................................................ 29 
Capítulo 06: Perfil do solo................................................................................................. 34 
Capítulo 07: Características morfológicas dos horizontes................................................ 42 
Capítulo 08: Atributos diagnósticos dos horizontes.......................................................... 51 
Capítulo 09: Horizontes diagnósticos............................................................................... 63 
Capítulo 10: Introdução à classificação de solos.............................................................. 75 
Capítulo 11: Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.............................................. 81 
Capítulo 12: Chave para identificação das ordens de solos do Sistema Brasileiro de 
Classificação de Solos................................................................................. 88 
Capítulo 13: Levantamento e mapeamento de solos....................................................... 121 
Capítulo 14: Solos dos domínios pedobioclimáticos do Brasil......................................... 129 
Capítulo 15: Solos do estado da Paraíba......................................................................... 139 
Capítulo 16: Bibliografia consultada................................................................................. 146 
ANEXO 1: Programação da disciplina para o período 2007.1......................................... 149 
ANEXO 2: Ficha para descrição de perfis de solos.......................................................... 153 
 
 
1
 Apostila para uso exclusivo da disciplina de Gênese, Morfologia e Classificação de Solos do Departamento de Solos e 
Engenharia Rural do Centro de Ciências Agrárias da UFPB. Este texto está em constante revisão, de modo que não 
recomendamos sua divulgação e nem sua utilização para outros fins. Terceira edição revista e ampliada. 
2
 Professor Adjunto do Departamento de Solos e Engenharia Rural do Centro de Ciências Agrárias da Universidade 
Federal da Paraíba. Campus universitário, CEP 58.397-000, Areia, PB. E-mail: fabio@cca.ufpb.br. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 
 
IMPORTÂNCIA DA CIÊNCIA DO SOLO E DA PEDOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3
 
I. IMPORTÂNCIA DA CIÊNCIA DO SOLO E DA PEDOLOGIA 
 
1. HISTÓRIO 
Os homens primitivos viam o solo apenas como algo existente sobre a superfície da terra, 
onde se movimentavam, retiravam materiais para confeccionar alguns objetos, pigmentos para suas 
pinturas e encontravam vegetais e animais para se alimentarem. 
Quando era nômade, o homem não dava muita importância ao solo. Ele via o solo apenas como 
um substrato que se confundia com o restante da crosta terrestre e pensado como fixo e imutável. 
Quando o homem começou a fixar-se em determinados territórios e praticar a agricultura, ele 
percebeu que determinadas terras eram mais produtivas que outras. Os solos improdutivos eram 
abandonados e o homem se fixava naqueles capazes de sustentar produtividades elevadas por 
longos períodos. 
As grandes civilizações antigas se desenvolveram principalmente em vales ou planícies de 
rios que eram periodicamente fertilizados pelos sedimentos trazidos pelas inundações: 
• Rios Tigre e Eufrates → Mesopotâmia (Iraque, Síria) 
• Rio Nilo → Egito 
• Planície Indo-Gangética → Hoje Índia, Paquistão e Bangladesh. 
Algumas dessas civilizações entraram em decadência devido ao uso inadequado do solo, 
causando degradação do mesmo, como a salinização dos solos da Mesopotâmia, em decorrência 
de práticas inadequadas de irrigação e ausência de drenagem. 
Em 1883 o cientista russo Vasilli V. Dokouchaiev publicou um trabalho sobre os solos da 
Rússia, que seria a base da Ciência do Solo moderna. Ele reconheceu o solo como um corpo 
dinâmico e naturalmente organizado que pode ser estudado por si só, tal como as rochas, as 
plantas e os animais. 
Dokouchaiev também propôs que o solo seria resultante da ação combinada dos fatores 
clima, organismos, material de origem e tempo. Posteriormente, em 1941, o suíço radicado nos 
USA, Hans Jenny, ressaltou o relevo como fator adicional e propôs a chamada “equação de 
formação do solo”: 
Solo = f (Material de Origem, Clima, Organismos, Relevo e Tempo) 
 
 
 
 
 4
2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE SOLO 
O conceito ou definição de solo depende de quem o emite: 
• Para alguns, solo é qualquer parte da superfície da terra ou mesmo de outros planetas, 
• Para o geólogo, solo é simplesmente uma camada de materiais inconsolidados que 
recobrem as rochas, 
• Para um engenheiro de minas, solo é mais um material solto que cobre os minérios e que 
necessita ser removido, 
• Para um engenheiro civil, solo é parte da matéria-prima utilizada na construção de 
aterros, estradas, barragens e de açudes, 
• Para um químico, solo é uma porção de material sólido que pode ser analisado em todos 
os seus constituintes elementares, 
• Para um físico, solo é uma massa de material cujas características mudam em função de 
variações de temperatura e teor de água, 
• Para um ecólogo, solo é uma porção do ambiente condicionado por organismos vivos e 
que, por sua vez, influencia também esses organismos, 
• Para o pedólogo, solo é um corpo natural dinâmico constituído de materiais minerais e 
orgânicos e que contém matéria viva, é diferenciado em horizontes de profundidade 
variável, que diferem do material do qual eles foram originados em morfologia, 
propriedades físicas e químicas, composição e em características biológicas. 
 
3. PEDOLOGIA E CIÊNCIA DO SOLO 
Pedologia é a ciência que trata da origem, morfologia, distribuição, mapeamento e classificação 
dos solos. O termo Pedologia também tem sido empregado como sinônimo de Ciência do Solo. A 
pedologia considera o solo como um objeto em si próprio, e dá pouca ênfase à sua imediata 
utilização prática. 
Edafologia é o ramo da Ciência do Solo que trata da influência dos solos nos seres vivos, 
particularmente nas plantas, incluindo o uso da terra pelo homem, com a finalidade de proporcionar 
crescimento de plantas. Ao contrário da Pedologia, a Edafologia estuda o solo mais sob o aspecto 
de sua utilização pelas plantas superiores, portanto, mais ligado à Agronomia. 
 5
 
Na prática é difícil separar com clareza esses dois ramos da Ciência do Solo, uma vez que a 
Edafologia é muito dependente da Pedologia. Atualmente, o termo Edafologia tem sido pouco 
utilizado pelos estudiosos da Ciência do Solo e a Pedologia atual tem dado muita ênfase à utilização 
práticado solo, particularmente na agricultura. 
 
4. INSERÇÃO DA DISCIPLINA DE GÊNESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS 
DENTRO DAS ÁREAS DO CONHECIMENTO 
• GRANDE ÁREA: Ciências agrárias 
• ÁREA: Agronomia 
• SUB-ÁREA: Ciência do Solo 
• ESPECIALIDADES: 
a) Gênese, Morfologia e Classificação de Solos, 
b) Química do Solo, 
c) Física do Solo, 
d) Fertilidade do Solo e Adubação, 
e) Manejo e Conservação do Solo, 
f) Microbiologia e Bioquímica do Solo. 
 
5. PEDOLOGIA BRASILEIRA 
Breve resumo histórico: 
• 1935: Fundou-se a Seção de Solos do Instituto Agronômico de Campinas, em São Paulo, 
cujos objetivos eram, entre outros: “a tentativa de identificação das diferentes 
unidades de solos”, 
• 1936: Surgem os primeiros levantamentos de solos no Brasil, utilizando as notações de 
horizontes A, B e C, 
• 1941: Publicação das características de 22 tipos ou classes de solos do estado de São Paulo, 
• 1947: Criação da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), com sede em Campinas-SP, 
• 1947: Criação da Comissão de Solos do Ministério da Agricultura (Atual Embrapa Solos), 
quando tiveram início os levantamentos de solos sistemáticos do território nacional, 
• 1969: Surgem os primeiros compêndios de pedologia com enfoque brasileiro, 
• 1972: Publicação do levantamento exploratório-reconhecimento de solos do estado da Paraíba, 
• 1977: Criação da Revista Brasileira de Ciência do Solo (RBCS), 
 6
• 1997: A sede da SBCS vai para Viçosa-MG e permanece lá até hoje, a qual publica seis 
números por ano da RBCS. 
Atualmente, a pedologia brasileira é uma das melhores do mundo, particularmente na 
pesquisa, ensino e conhecimento de solos tropicais. 
 
 
“A humanidade depende do solo e, até certo ponto, bons solos 
dependem do homem e do uso que deles faz” (Brady, 1989) 
 
 
“Os solos funcionam como alicerces da vida 
em ecossistemas terrestres” (Lepsch, 2002) 
 
 
“Solo: Alicerce dos Sistemas de Produção” (XXIX CBCS, 2003) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 
 
NOÇÕES SOBRE ROCHAS E MINERAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8
II. NOÇÕES SOBRE ROCHAS E MINERAIS 
 
1. INTRODUÇÃO 
É importante estudar as rochas e minerais porque, em última análise, as rochas são 
constituídas de minerais e são os substratos dos quais se originam praticamente todos os solos. 
 
2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
2.1. LITOSFERA OU CROSTA TERRESTRE 
É a camada mais externa do globo terrestre e tem uma espessura média de 35 km. É 
composta principalmente de O (45,2 %), Si (27,2 %), Al (8,0 %), Fe (5,8 %), Ca (5,1 %), Mg (2,8 %), 
Na (2,3 %) e K (1,7 %). A crosta terrestre é diferenciada em: 
a) Crosta continental 
Capa superior da terra, coincidindo com os continentes. A parte superior da crosta 
continental é constituída principalmente de granitos e granodioritos, rochas ricas em Si e Al. 
b) Crosta oceânica 
Capa superior da terra, presente sob os oceanos. A crosta oceânica, assim como a parte 
inferior da crosta continental é composta essencialmente por gabros e basaltos, rochas ricas 
em Si, Mg e Fe. 
2.2. ROCHA 
É um agregado natural formado por um ou mais minerais, de composição mais ou menos 
constante, claramente individualizado e que faz parte essencial da crosta terrestre. 
2.3. MINERAL 
É um sólido homogêneo, formado por processos inorgânicos, com composição química 
definida, apresentando arranjo atômico ordenado e que ocorre naturalmente na crosta terrestre. 
 
3. ROCHAS 
As rochas que formam a crosta terrestre são classificadas em Magmáticas ou Ígneas, 
Metamórficas e Sedimentares. As rochas magmáticas e metamórficas compreendem mais de 95 % 
da crosta terrestre, mas cobre somente cerca de 25 % de sua superfície. 
Embora as rochas sedimentares representem menos de 5 % da crosta terrestre, elas cobrem 
cerca de 75 % da superfície da terra, sendo mais importantes na formação dos solos. 
 9
 
 3.1. ROCHAS MAGMÁTICAS OU ÍGNEAS 
São aquelas resultantes do esfriamento e solidificação do magma, que é um material em 
estado de fusão que se encontra no interior da terra. 
3.1.1. CLASSIFICAÇÃO 
As rochas magmáticas são classificadas com base em vários critérios, mas aqui só 
serão abordados os critérios de composição química e mineralógica. 
a) Critério de composição química 
De acordo com o teor de sílica (SiO2) total, as rochas magmáticas são classificadas em: 
• Ácidas → Teor de SiO2 > 65 % 
• Intermediárias → Teor de SiO2 entre 65 e 52 % 
• Básicas → Teor de SiO2 entre 52 e 45 % 
• Ultrabásicas → Teor de SiO2 < 45 %. 
As rochas ácidas apresentam coloração clara (Leucocráticas). Apresentam como 
constituintes essenciais, minerais claros (Félsicos), como o quartzo e os feldspatos. 
Ex.: Granitos, granodioritos, etc. 
As rochas intermediárias geralmente são de coloração média (Mesocráticas). São 
constituídas mais ou menos em partes iguais por minerais claros e escuros (Máficos). 
Ex.: Diorito. 
As rochas básicas apresentam coloração escura, devido a predominância de 
minerais escuros em relação aos minerais claros. Ex.: Basalto, diabásio, gabro, etc. 
As rochas ultrabásicas também apresentam coloração escura, sendo constituídas 
essencialmente por minerais escuros. Ex.: Peridotito, jacupiranguito, etc. 
b) Critério de composição mineralógica 
Diz respeito à presença de minerais que aparecem nas rochas: 
• Minerais essenciais → São aqueles que aparecem obrigatoriamente na rocha, 
• Minerais acessórios → Podem ocorrer, ou não, na rocha. 
Os minerais mais comuns das rochas ígneas também podem ser classificados em: 
• Minerais félsicos → São minerais ricos em Si e Al e de cor clara, como os 
feldspatos, o quartzo e a muscovita, 
• Minerais máficos → Também chamados de ferromagnesianos, são minerais 
ricos em Mg e Fe e de cor escura, como os anfibólios, piroxênios, olivina e biotita. 
Os minerais félsicos são mais resistentes ao intemperismo que os minerais máficos. 
 10
3.1.2.. PRINCIPAIS ROCHAS MAGMÁTICAS OU ÍGNEAS 
• Rochas graníticas 
Possuem o quartzo e os feldspatos como minerais essenciais e normalmente a 
biotita como mineral acessório. De maneira geral, as rochas graníticas são rochas 
ácidas, possuem coloração clara ou acinzentada e são muito encontradas no Brasil. 
O granito, principal rocha desse grupo, faz parte, associado com o gnaisse, dos 
“escudos cristalinos” ou do chamado “embasamento cristalino” brasileiro. 
• Basalto 
O basalto é a rocha efusiva mais comum, sendo uma rocha básica e máfica. 
Derrames e intrusões de magma ocorridos no Terciário nos estados do RS, SC, PR, 
SP, MG e MT têm sido responsáveis pela formação de rochas tipo basalto e diabásio, 
que deram origem às famosas “Terras Roxas”, que são solos de excelente qualidade. 
 3.2. ROCHAS SEDIMENTARES 
São as rochas que mais fornecem materiais de origem para a formação dos solos, por cobrir 
cerca de 75 % da superfície da crosta continental. Resultam da transformação de rochas pré-
existentes, graças à ação do intemperismo. 
Etapas de formação de uma rocha sedimentar: 
• Destruição/intemperismo 
• Transporte dos detritos pelas águas e ventos 
• Sedimentação dos detritos 
• Diagênese (Compactação e cimentação dos grãos). 
3.2.1. IMPORTÂNCIA DAS ROCHAS SEDIMENTARES 
São as que mais fornecem materiais de origem para a formação dos solos, por cobrir 
cerca de 75 % da superfície da crosta continental. As rochas sedimentares mais importantes 
são as Epiclásticas, que são depósitos de material detrítico consolidado. A consolidação 
pode ser por simples compressão, em se tratando de partículas finas, ou porcimentação 
dos elementos texturais, quando são partículas grossas. 
Conforme o tamanho das partículas (Elementos texturais) que as compõem, as 
rochas sedimentares podem ser divididas em Rochas Pelíticas e Rochas Psamíticas. As 
rochas pelíticas são formadas por partículas finas (< 0,05 mm) e tendem a originarem solos 
argilosos. Ex.: Argilitos, siltitos e folhelhos. 
 11
 
As rochas psamíticas são formadas por partículas grossas (∅ entre 0,05 e 2 mm) que 
são unidas por um tipo de cimento e tendem a originarem solos arenosos. Ex.: Arenito. Solos 
derivados de arenito terão maior ou menor fertilidade, dependendo do tipo de cimento. Solos 
derivados de arenito calcário são mais férteis que solos derivados de arenito silicoso ou 
ferruginoso. 
 3.3. ROCHAS METAMÓRFICAS 
São rochas que surgem do metamorfismo (Transformação) de outras rochas, sejam elas 
magmáticas, sedimentares ou mesmo metamórficas. Principais agentes do metamorfismo: pressão, 
temperatura, fluidos gasosos (CO2 e H2O) e fortes atritos. 
No metamorfismo, a composição mineralógica da rocha poderá ou não ser mudada, mas a 
textura mudará obrigatoriamente. Graças às condições de pressão dirigida num determinado 
sentido, a textura resultante mais comum é a orientada ou xistosa, caracterizada pelo arranjo de 
todos ou de alguns dos minerais segundo planos paralelos. 
Formação de algumas rochas metamórficas: 
Rocha original Rocha metamórfica correspondente 
Pelítica: argilito, folhelho, siltito Ardósia → filito → micaxisto 
Granitos, arenitos, quartzitos Gnaisses e quartzitos 
Calcário Mármore 
 
3.3.1. IMPORTÂNCIA DAS ROCHAS METAMÓRFICAS 
As principais rochas metamórficas são o quartzito, ardósia, mármore, filito, micaxisto e 
gnaisse. Dentre as metamórficas, o gnaisse é a rocha mais importante, porque juntamente 
com o granito ela forma a quase totalidade do embasamento cristalino brasileiro. O gnaisse 
é constituído principalmente de quartzo, feldspatos e biotita. 
 
4. MINERAIS 
Cerca de 93 % dos minerais que compõem as rochas da crosta terrestre são minerais 
silicatados. Minerais primários são aqueles que se originam a partir do resfriamento do magma e não 
sofreram nenhuma alteração química. Os minerais primários estão presentes nas rochas e nas 
frações areia e silte dos solos. Minerais secundários são os originados a partir da decomposição dos 
minerais primários durante o intemperismo e estão presentes principalmente na fração argila dos solos. 
 
 12
 4.1. PRINCIPAIS MINERAIS PRIMÁRIOS 
• Feldspatos 
São muito abundantes nas rochas, constituindo cerca de 60 % das rochas magmáticas. 
São aluminossilicatos que apresentam também Na, K e Ca em sua estrutura, os quais são 
facilmente liberados durante o intemperismo. Em condições tropicais úmidas, o principal 
produto da decomposição química dos feldspatos é a caulinita. 
• Quartzo 
É um dos minerais mais abundantes da crosta terrestre, estando presente na maioria das 
rochas. Ao contrário de outros minerais, o quartzo não se decompõe, apenas se fragmenta, 
sofrendo desgaste físico sem se alterar quimicamente. Devido a sua resistência, o quartzo é muito 
abundante na fração areia dos solos e tem mais influência nas suas características físicas. 
• Micas 
As principais micas são a biotita, que é uma mica preta ferromagnesiana, e a muscovita, que é 
uma mica branca que não apresenta nem ferro e nem magnésio em sua composição. 
• Anfibólios e Piroxênios 
De modo geral são classificados como minerais máficos e estão presentes nas rochas 
ígneas básicas. Os minerais do grupo dos anfibólios e dos piroxênios são de fácil 
intemperização e são ricos em elementos essenciais às plantas, principalmente Ca e Mg, 
que aparecem na sua composição. 
• Olivina 
É um dos representantes típicos dos minerais máficos ou ferromagnesianos e componente 
de algumas rochas básicas e ultrabásicas de importância na formação dos solos. É um 
mineral de fácil decomposição pelo intemperismo, liberando nutrientes para o solo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 
 
INTEMPERISMO DAS ROCHAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14
III. INTEMPERISMO DAS ROCHAS 
 
1. INTRODUÇÃO 
De modo geral, a formação de um solo passa pelas etapas de intemperismo da rocha e de 
pedogênese. 
Etapa de intemperismo da rocha: 
 
 
 
 
Etapa de pedogênese: 
 
 
 
 
 
Não existe uma nítida separação entre as duas etapas, pois os processos de intemperismo 
caminham sem solução de continuidade durante a pedogênese. 
 
Manto inconsolidado de 
rochas intemperizadas 
INTEMPERISMO 
SAPROLITO 
Material de 
origem do solo 
PEDOGÊNESE 
Processos Pedogenéticos 
que dependem dos Fatores 
de Formação do Solo 
Solo 
ROCHA SAPROLITO 
Material de 
origem do solo 
 15
 
2. INTEMPERISMO 
As rochas são formadas em um ambiente muito diferente daquele encontrado na interface 
litosfera-atmosfera, sob condições de pressão e temperatura muito elevadas e na ausência de ar e 
água. As condições de instabilidade no ambiente da interface litosfera-atmosfera provocam o 
intemperismo das rochas. 
Intemperismo é o conjunto de processos físicos e químicos que atuam sobre as rochas 
expostas na interface litosfera-atmosfera, desagregando-as e decompondo-as quimicamente. 
2.1. TIPOS DE INTEMPERISMO 
2.1.1. INTEMPERISMO FÍSICO 
O intemperismo físico consiste na desintegração ou desagregação física da rocha, 
subdividindo-a em fragmentos menores, mas conservando quase inalterada sua 
composição química. 
Esse tipo de intemperismo é mais importante em regiões frias e em regiões secas, 
onde normalmente o intemperismo químico não é acentuado. A fragmentação das rochas 
aumenta a superfície de contato das rochas com os agentes intempéricos, o que favorece o 
intemperismo químico. 
a) Agentes de Intemperismo Físico: 
• Temperatura 
Ciclos repetidos de aquecimento diurno e resfriamento noturno causam fraturas 
e desagregação das rochas, por causa da expansão diferencial dos minerais. Na 
região semi-árida nordestina a insolação é grande e as rochas aquecidas, quando 
expostas a uma chuva repentina, podem sofrer quebramento brusco, às vezes 
com estalo. 
• Água 
A água contribui para o intemperismo físico de várias maneiras: 
o Impacto das gotas de água da chuva, 
o Efeito abrasivo das águas dos mares, rios, riachos, córregos e cursos de água 
em geral, contra as rochas, contendo materiais sólidos em suspensão, 
o Ciclos repetidos de umedecimento e secagem também podem causar 
expansão e contração das rochas, podendo fragmentá-las, 
 16
o Congelamento da água no interior de fendas das rochas e a ação abrasiva 
pelo deslocamento de geleiras. Ao congelar-se, a água aumenta seu volume 
em 9,2 % e exerce uma pressão de 150 kg/cm2 sobre as rochas. 
• Raízes dos vegetais 
Ao crescerem no interior das fendas das rochas, as raízes dos vegetais agem 
como verdadeira cunha, causando desagregação das mesmas. A ação das raízes 
sobre as rochas aumenta quando os ventos balançam as copas das árvores. 
• Alívio de pressão 
Muitas rochas (ex.: granitos) possuem propriedades elásticas e acham-se 
comprimidas a grandes profundidades pelo peso das rochas superpostas. Quando 
as rochas de cima são intemperizadas e erodidas, a pressão exercida é aliviada. 
Assim, as rochas expandem-se e provocam fraturas. 
• Cristalização de sais 
A cristalização de sais dissolvidos nas águas que preenchem as fendas das rochas 
e posterior crescimento desses cristais (minerais) exerce pressão sobre as rochas. 
• Fauna do solo 
Vários animais,como minhocas, formigas, cupins e vários roedores cavam buracos 
e desagregam rochas. 
 
2.1.2. INTEMPERISMO QUÍMICO 
O intemperismo químico consiste basicamente na decomposição química de minerais 
primários e na síntese de minerais secundários. 
É facilitado pelo intemperismo físico, pelo aumento da superfície específica. O 
intemperismo químico ocorre porque as rochas e minerais presentes na interface litosfera-
atmosfera estão em desequilíbrio com as novas condições ambientais (temperatura, água e 
pressão) a que estão expostas, diferentes das que existiam nas maiores profundidades 
onde se formaram. 
Os principais agentes de decomposição química das rochas são a água e o ar. A água 
se torna mais ativa quando enriquecida naturalmente com CO2, O2, e íons H+ provenientes 
da ionização de ácidos orgânicos e inorgânicos. 
 17
 
a) Principais tipos de reações químicas responsáveis pelo intemperismo químico : 
• Dissolução 
Geralmente é o primeiro estágio de intemperismo químico e depende da 
quantidade e qualidade da água que passa em contato com os minerais e da 
solubilidade desses minerais. Minerais como a halita (NaCl), gipsita (CaSO4.2H2O) 
e os carbonatos (CaCO3 e MgCO3) estão entre os mais solúveis. 
Solubilização de carbonatos: 
CaCO3 ←→ Ca2+ + CO32- (Reação muito lenta) 
CO2(g) + H2O ←→ H2CO3 ←→ H+ + HCO3- 
CaCO3 + H+ ←→ Ca2+ + HCO3- (Reação rápida) 
• Hidratação 
Consiste na adsorção de moléculas de água ou de hidroxilas à superfície do 
mineral sem que ocorra qualquer reação química, como, por exemplo, na transformação 
da anidrita em gipsita: 
CaSO4 + 2H2O → CaSO4.2H2O 
e na transformação da Muscovita em Ilita: 
Muscovita + H2O → Ilita (Mica hidratada) 
A hidratação se constitui numa ponte ou porta de entrada para os íons H+ 
atacarem a estrutura dos silicatos, decompondo-os quimicamente. 
• Hidrólise 
Na hidrólise ocorre a reação química entre os íons H+ da água e os elementos 
químicos da estrutura do mineral. É muito importante na decomposição dos 
silicatos e ocorre na faixa de pH entre 5 e 9. O agente ativo é o H+ proveniente 
principalmente da ionização de ácidos orgânicos e do ácido carbônico: 
R-COOH ←→ R-COO- + H+ 
CO2(g) + H2O ←→ H2CO3 ←→ H+ + HCO3- 
 
 
 18
Quando o íon H+ é proveniente da ionização do CO2, a reação de hidrólise é 
chamada de carbonatação: 
4CO2(g) + 4H2O ←→ 4H2CO3 ←→ 4H+ + 4HCO3- 
Mg2SiO4 + 4H+ + 4HCO3- → 2Mg2+ + 4HCO3- + H4SiO4o 
(Olivina) 
2KAlSi3O8 + 2H+ + 2HCO3- + H2O → Al2Si2O5(OH)4 + 2K+ + 2HCO3- + 4SiO2 
 (Feldspato-K) (Caulinita) 
Os íons H+ atacam as estruturas dos minerais e liberam Na+, K+, Ca2+, Mg2+, 
H4SiO4o (sílica na forma de ácido silícico) e Al3+ para a solução. A intensidade da 
hidrólise depende do grau de eliminação dos elementos ou substâncias 
dissolvidas, da precipitação pluviométrica do local e da drenagem do perfil. 
TIPOS DE HIDRÓLISE: 
� PARCIAL → parte da sílica permanece no perfil (“Sialitização”) 
# Monossialitização → formação de argila 1:1 
# Bissialitização → formação de argila 2:1 
� TOTAL → toda sílica é removida do perfil (“Ferralitização”). 
• Oxidação 
O ferro e o manganês são os elementos que se oxidam mais facilmente durante 
o intemperismo. O enxofre, tanto na forma elementar como na forma de sulfetos, 
também se oxida durante o intemperismo, formando ácido sulfúrico. 
O Fe2+ da estrutura dos minerais se oxida a Fe3+ na presença de O2, causando 
enfraquecimento da estrutura do mineral: 
2FeS2 + 2H2O + 7O2 → 2FeSO4 + 2H2SO4 
 (Pirita) (Sulfato Ferroso) (Ácido Sulfúrico) 
 
2FeSiO3 + 5H2O + 2
1 O2 → 2FeO.OH + 2H4SiO4o 
 (Piroxênio) (Goethita) (Sílica) 
• Quelação 
Substâncias húmicas do solo complexam cátions como Fe2+, Fe3+, Al3+ e Ca2+ e 
remove-os da solução, favorecendo a decomposição dos minerais. 
 19
 
2.1.3. INTEMPERISMO BIOLÓGICO 
Não existe um intemperismo biológico propriamente dito. Na realidade, o que existe 
são ações físicas (“intemperismo físico-biológico”) e químicas (“intemperismo químico-
biológico”) que os organismos exercem sobre as rochas, causando intemperismo físico e 
químico das mesmas. 
 
3. ESTABILIDADE DAS ROCHAS AO INTEMPERISMO 
A estabilidade das rochas ao intemperismo depende da: 
• Natureza física da rocha (Compacta ou solta) 
• Composição mineral da rocha 
• Estrutura da rocha (Grau de cristalinidade) 
• Clivagem, estratificação e esfoliação da rocha 
• Tipo de agente cimentante (Carbonato < argila < óxidos de Fe e Al). 
 
4. INTEMPERISMO DOS PRINCIPAIS MINERAIS PRIMÁRIOS 
4.1. Feldspatos 
A substituição isomórfica de Si por Al na camada de tetraedros de silício diminui a resistência 
dos feldspatos aos agentes intempéricos e durante o intemperismo liberam os metais alcalinos 
(Na, K) e alcalino-terrosos (Ca). Em condições tropicais úmidas, o principal produto da 
decomposição química dos feldspatos é a caulinita. 
4.2. Anfibólios e Piroxênios 
São minerais ferromagnesianos escuros de fácil intemperização, devido em parte à oxidação 
do Fe2+ das estruturas desses minerais. Por terem íons metálicos ligando suas cadeias 
longitudinais, eles sofrem clivagem relativamente fácil. 
4.3. Quartzo 
Ao contrário de outros minerais, o quartzo não se decompõe; apenas se fragmenta, sofrendo 
desgaste físico sem se alterar quimicamente. Devido a sua resistência, o quartzo é muito 
abundante na fração areia dos solos e tem muita influência nas suas características físicas. 
 
 
 
 20
4.4. Micas 
As micas podem dar origem a diversos minerais 2:1 expansíveis mediante a redução de 
carga e a perda de potássio estrutural e a conseqüente troca por um cátion trocável. A menor 
resistência da biotita ao intemperismo, quando comparada com a muscovita, se deve à: 
• Presença de Fe2+ que se oxida facilmente a Fe3+, o que destrói a neutralidade elétrica da 
estrutura, 
• Substituição isomórfica de Al3+ por Mg2+ na camada de octaedros de Al, o que expõe a 
estrutura da mica a maior ataque das reações químicas de hidrólise, ao contrário do que 
ocorre com a muscovita. 
Em geral, é possível estabelecer a seguinte seqüência de intemperismo das micas: 
Mica → ilita → vermiculita → montmorilonita → caulinita → gibsita 
 
5. ESTABILIDADE DOS MINERAIS AO INTEMPERISMO 
Para um mesmo tamanho de partículas, a série geral de estabilidade decrescente dos 
minerais primários ao intemperismo é a seguinte: 
Quartzo > muscovita > feldspatos > biotita > anfibólios > piroxênios > olivina > calcita > gipsita 
Para os minerais secundários da fração argila dos solos, a ordem crescente do grau de 
intemperismo seria a seguinte: 
Argila 2:1 (Vermiculita, montmorilonita) < argila 1:1 (Caulinita) < 
< óxidos de ferro (Goethita, hematita) < óxido de alumínio (Gibsita). 
 
6. AVALIAÇÃO DO GRAU DE INTEMPERISMO DE UM SOLO 
O grau de intemperismo de um solo pode ser avaliado de várias maneiras: 
• Mediante a proporção de minerais mais estáveis ao intemperismo, em relação àqueles 
menos estáveis. 
• É muito comum se avaliar o grau de intemperismo dividindo-se a percentagem de silte pela 
percentagem de argila. Quanto maior esse valor, menos intemperizado será o solo. 
• Índice Ki ou relação molar entre SiO2 e Al2O3 (SiO2/Al2O3): 
o Se o valor de Ki for alto, isso indica que há predominância de argilas “jovens” ou pouco 
intemperizadas (Vermiculita, montmorilonita, etc.); caso contrário, haverá predominância 
de argilas “velhas” ou muito intemperizadas(Caulinita, gibsita). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 4 
 
PEDOGÊNESE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22
IV. PEDOGÊNESE 
 
1. INTRODUÇÃO 
De modo geral, a formação de um solo passa pelas etapas de intemperismo da rocha e de 
pedogênese, conforme foi visto no capítulo anterior. Nem todo material proveniente do intemperismo 
das rochas é utilizado na formação dos solos. 
A pedogênese é a etapa de formação do solo propriamente dito, na qual o material de origem 
do solo sofre a ação dos Processos Pedogenéticos que depende dos Fatores de Formação do Solo, 
transformando-o em solo. Neste capítulo serão abordados os Processos Pedogenéticos e no 
capítulo seguinte os Fatores de Formação do Solo. 
Os principais processos pedogenéticos são: transformação, translocação, remoção e adição 
 
2. PROCESSOS PEDOGENÉTICOS 
2.1. TRANSFORMAÇÃO 
a) DECOMPOSIÇÃO E SÍNTESE DE MINERAIS 
As transformações sofridas pela matéria mineral sólida são de natureza física ou 
mecânica e de natureza química. Primeiramente ocorre diminuição de tamanho causada 
pela quebra dos materiais e depois a decomposição química dos minerais primários e 
síntese de minerais secundários. 
Partícula grande ↔ Conjunto de minerais 
primários 
↔ Cascalho 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
Partícula pequena ↔ Minerais primários 
individuais 
↔ Areia + silte 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
 
 ↓ 
Partícula coloidal ↔ Minerais secundários ↔ Argila 
 
 23
 
b) DECOMPOSIÇÃO E SÍNTESE DE MATERIAIS ORGÂNICOS 
As principais transformações sofridas pelos materiais orgânicos são a mineralização e a 
humificação. Na mineralização ocorre a oxidação ou destruição da matéria orgânica do solo 
e na humificação ocorre a conservação ou acúmulo da matéria orgânica no solo. 
c) GLEIZAÇÃO 
A principal transformação é a redução do Fe3+ a Fe2+ em alguns horizontes ou em todo o 
perfil do solo, decorrente da falta de oxigênio causada pela condição de alagamento. A 
redução do Fe3+ causa a modificação das cores vermelhas ou amarelas dos óxidos de ferro 
para colorações cinzentas no solo. 
d) SULFURIZAÇÃO (TIOMORFISMO) 
Consiste na oxidação de sulfetos (ex.: pirita – FeS2) presentes em certos sedimentos de 
alagadiços litorâneos, quando são drenados. Essa oxidação produz ácido sulfúrico que 
acidifica o solo (pH < 3,5), promovendo dissolução de minerais e causando danos às plantas. 
O tiomorfismo leva a formação dos Gleissolos Tiomórficos e dos Organossolos Tiomórficos. 
e) TURBAÇÃO 
Consiste na mistura dos materiais do solo pela atividade da fauna do solo ou pelos ciclos 
de umedecimento e secagem. 
• Bioturbação → ocorre mistura de horizontes devido ao transporte de materiais realizado 
por pequenos mamíferos, formigas, térmitas, minhocas, etc. 
• Hidroturbação → ocorre mistura de camadas de solo devido à contração e expansão de 
argilas expansíveis, formando o microrelevo gilgai e as superfícies de 
fricção (“slickensides”). 
f) FORMAÇÃO DE ESTRUTURA 
Arranjo de partículas primárias do solo (areia, silte e argila) formando unidades estruturais 
compostas chamadas de agregados. 
Etapas de formação dos agregados: 
• Floculação → aproximação das partículas. 
• Estabilização → cimentação por matéria orgânica, óxidos de Fe e Al, carbonatos, sílica 
e a própria argila. 
 
 24
2.2. TRANSLOCAÇÃO 
Diz respeito ao transporte ou redistribuição de materiais e substâncias de um ponto para 
outro dentro do perfil do solo. As principais formas de translocação são 
a) TRANSLOCAÇÃO DE ARGILA (LESSIVAGEM ≈ ELUVIAÇÃO-ILUVIAÇÃO) 
Translocação de argila silicatada em suspensão, para fora de um horizonte (Horizonte eluvial, 
onde ocorreu eluviação), pelo movimento descendente ou lateral de água, acumulando-se 
geralmente em um horizonte inferior (Horizonte iluvial, onde ocorreu iluviação). Essa 
translocação é principalmente da fração argila fina (< 2 µm), podendo formar cerosidade no 
horizonte B textural. 
b) TRANSLOCAÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA 
É feita por meio de pequenos animais do solo (Ex.: minhocas), por carregamento em 
suspensões através de poros, fendas e também por quelatos com cátions do solo que são 
solúveis. A translocação de matéria orgânica pode ser de horizontes superficiais para 
horizontes subsuperficiais, ou pode ser para fora do solum. 
c) TRANSLOCAÇÃO DE ÓXIDOS DE Fe, Al e Mn 
• De forma direta, em suspensão 
Eluviação e iluviação de óxidos Fe, Al e Mn no interior do perfil do solo. 
• Por reações de oxirredução (Exceto para Al) 
Óxidos de Fe3+ ou de Mn4+ são reduzidos e dissolvidos, liberando Fe2+ ou Mn2+ que 
migram na solução do solo até alcançarem zonas de oxidação onde precipitam 
novamente como óxidos de Fe3+ ou de Mn4+. 
• Na forma de quelatos 
Os íons Fe2+, Fe3+, Mn2+ e Al3+ são complexados por substâncias orgânicas, 
translocam-se para os horizontes inferiores do perfil e novamente forma óxidos pela 
destruição do quelato. 
d) TRANSLOCAÇÃO DE SAIS SOLÚVEIS 
Translocação de sais solúveis formados pelos íons Na+, Ca2+, Mg2+, K+, Cl-, SO42-, HCO3- 
e CO32- no interior do solo e posterior acúmulo em horizontes salinos. Ocorre 
preferencialmente sob clima árido e semi-árido, em solos situados em depressões, 
argilosos e de baixa permeabilidade. 
 25
 
Na translocação de sais solúveis no interior do solo, merece destaque àquela realizada 
por ascensão capilar do lençol freático, muito comum na formação dos Solos Halomórficos 
(Solos afetados por sais). Durante o período chuvoso os sais são translocados para o lençol 
freático, mas no período seco eles são translocados para a superfície do solo por ascensão 
capilar, onde precipitam e formam eflorescências. 
e) TRANSLOCAÇÃO CARBONATOS 
Translocação de Ca(HCO3)2 em solução dentro do solo, provocando acumulação de 
CaCO3 em alguma parte do perfil do solo ou sendo removido totalmente do sistema solo em 
regiões quentes e úmidas. 
2.3. ADIÇÃO 
As adições consistem em ganhos de diversos materiais orgânicos ou minerais pelo solo, 
trazidos por meio das águas de chuva, do vento ou da vegetação, como um acréscimo vertical 
descendente. Também ocorrem adições por acréscimos laterais de soluções provenientes de 
outros solos ou mesmo verticais ascendentes a partir do lençol freático ou ainda dentro do 
próprio solo por evaporação. As principais formas de adição são: 
• De nutrientes e sais dissolvidos a solos das partes baixas, provenientes dos solos 
vizinhos das posições mais altas na paisagem, 
• Acúmulo de nutrientes nas camadas mais superficiais do solo, devido à ciclagem de 
nutrientes pelas plantas, 
• De material mineral sólido, proveniente dos processos erosivos que atuam em outros locais, 
• De materiais aluviais depositados em áreas planas pelos rios, 
• Adição e, ou, acúmulo de matéria orgânica na superfície dos solos, favorecida pela baixa 
temperatura, pelo excesso de água e pelo tipo de vegetação (Ex.: Porte da vegetação, 
relação C/N, etc.). 
� Paludização 
o Consiste na adição/acumulação de materiais orgânicos em áreas alagadiças, 
originando turfeiras e Organossolos. 
 
 
 
 26
2.4. REMOÇÃO 
De modo geral, a remoção de materiais diversos do solo ocorre em local onde a 
precipitação pluviométrica média anual é maior que a evapotranspiração média anual, fazendo 
com que a água atravesse todo o perfil do solo (Lixiviação) ou escorra superficialmente formando 
enxurradas (Erosão). As principais formas de remoção são:a) LIXIVIAÇÃO 
As substâncias mais facilmente lixiviadas são a sílica solúvel (H4SiO4o) e os carbonatos, 
bem como os metais alcalinos (Na+, K+), alcalino-terrosos (Ca2+, Mg2+) e os quelatos, que 
normalmente apresentam mobilidade muito grande no perfil e são facilmente removidos 
para fora do solum pelas águas de drenagem. A lixiviação ocorre mais em áreas planas. 
b) EROSÃO 
Remoção de partículas sólidas superficiais do solo pela ação de enxurradas, ventos ou 
outros processos de perda de solo. A erosão ocorre mais em áreas com maior declividade. 
 
3. TIPOS DE FORMAÇÃO DE SOLOS 
Embora todos os processos pedogenéticos atuem na formação de praticamente todos os 
solos, a predominância de um deles atuando conjuntamente com os fatores de formação do solo 
permite que sejam distinguidos diferentes tipos de formação de solos. Os tipos de formação de 
solos mais importantes no Brasil são Podzolização, Latolização, Hidromorfismo, Halomorfismo e 
Calcificação. 
3.1. PODZOLIZAÇÃO 
Consiste na translocação de materiais do horizonte A, acumulando-se no horizonte B. Se o 
material translocado for alumínio e, ou, matéria orgânica e, ou, ferro, tem-se um horizonte B 
Espódico (Antigo B podzol), diagnóstico dos Espodossolos. Se o material translocado for argila 
silicatada que se deposita nas superfícies dos agregados do horizonte B formando cerosidade, 
tem-se um horizonte B textural, diagnóstico dos Argissolos e Luvissolos. 
Os solos formados a partir da podzolização apresentam horizontes bem definidos, causados 
pela translocação. Os Luvissolos e os Argissolos em geral são mais férteis que os Espodossolos, 
devido à composição química do material de origem desses solos. 
Os Argissolos, Luvissolos e Espodossolos se estão sob relevo movimentado, tendem a ser 
facilmente erodíveis, por causa do material arenoso e menos estruturado do horizonte A. No 
 27
 
caso dos Argissolos e dos Luvissolos, principalmente se apresentam mudança textural abrupta, a 
diferença de textura entre os horizontes A e B dificulta a infiltração de água imediatamente abaixo do 
horizonte A, favorecendo a erosão. 
O horizonte B Plânico dos Planossolos é um tipo especial de horizonte B textural que fica 
subjacente a um horizonte A arenoso, apresentando mudança textural abrupta, e é de baixa 
permeabilidade. Nesse caso é mais rara a perda de solo por erosão por que os Planossolos se 
formam preferencialmente sob relevo plano. 
3.2. LATOLIZAÇÃO 
Nesse tipo de formação do solo predomina a remoção, na forma de lixiviação, de sílica 
solúvel (H4SiO4o) e de metais alcalinos (Na+, K+) e alcalino-terrosos (Ca2+, Mg2+), após a 
transformação quase completa de todos os minerais primários em minerais secundários. 
Na Latolização não há translocação de materiais do horizonte A para o horizonte B como na 
Podzolização. Esse tipo de formação de solo origina o horizonte B Latossólico, diagnóstico dos 
Latossolos. 
Os Latossolos são solos profundos, com pouca diferenciação entre sub-horizontes, 
bastante intemperizados, apresentam muitas argilas de atividade baixa (Caulinita, hematita, 
goethita e gibsita), baixa capacidade de troca de cátions e ausência de minerais primários 
facilmente intemperizáveis. Em geral os Latossolos são solos bem estruturados e de excelentes 
qualidades físicas, mas são ácidos e pobres em nutrientes. 
3.3. HIDROMORFISMO 
Tipo de formação do solo no qual a condição climática em conjunto com o relevo e, ou, 
material de origem faz com que o solo se torne sob condição de saturação de água ou 
alagamento que pode ser temporário ou permanente. O hidromorfismo ocorre principalmente nas 
partes mais baixas da paisagem (depressões) e em locais de baixa permeabilidade. 
O arejamento deficiente condiciona decomposição lenta da matéria orgânica, provocando 
seu acúmulo na superfície do solo e um ambiente de redução, que transforma Fe e Mn em 
formas reduzidas (solúveis), facilitando sua migração ou toxidez para as plantas. 
A ausência de Fe3+ (Fe oxidado) ou a presença de Fe2+ (Fe reduzido) faz com que o solo 
tenha o aspecto acinzentado, esverdeado ou azulado (gleizado) abaixo da camada de matéria 
orgânica, formando o Horizonte Glei, característico dos Gleissolos. 
 
 
 28
3.4. HALOMORFISMO 
No halomorfismo a combinação de clima, relevo e material de origem, em conjunto com a 
atuação dos processos pedogenéticos de adição e, ou translocação, pode originar solos 
halomórficos, que são solos cuja gênese foi afetada pelo excesso de sais. 
Os solos halomórficos estão em depressões onde possa ocorrer excesso de sais e de água, 
temporariamente. Os sais são trazidos das elevações circunvizinhas por lixiviação, pela enxurrada 
ou pelo lençol freático. Muitas vezes o local é rico em sais por causa de depósitos marinhos. 
Nessas depressões, com excesso de água (pelo menos temporário) e de sais solúveis, são 
formados os solos salinos (4 ≤ CEes < 7 dS/m) ou sálicos (CEes ≥ 7 dS/m). Se o excesso de 
sais é removido, principalmente pela precipitação de carbonatos de Ca e de Mg, predominando 
em solução o Na2CO3 e ficando muitos íons Na+ adsorvidos nas argilas, tem-se um solo 
sódico (PST ≥ 15 %). Se o Na+ é removido e substituído pelo H+, forma-se o solo solódico 
(6 ≤ PST < 15 %). Quando a remoção de Na+ ocorre mais completamente no horizonte A do que 
no horizonte B, nesta fase intermediária, há formação do solo sódico-solódico. 
3.5. CALCIFICAÇÃO 
Tipo de formação de solo que consiste na dissolução de carbonato de cálcio (CaCO3) e 
translocação de bicarbonato de cálcio Ca(H2CO3)2 no perfil, com posterior precipitação do cálcio 
na forma de CaCO3. 
A calcificação ocorre principalmente em regiões onde a precipitação pluviométrica é menor 
que a evapotranspiração potencial durante a maior parte do ano e a vegetação é de pastos de 
gramíneas (pradaria). Normalmente há a formação do horizonte A chernozêmico (Horizonte 
espesso, escuro, rico em matéria orgânica e com alta saturação por bases), diagnóstico da 
ordem dos Chernossolos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 5 
 
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30
V. FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO 
 
1. INTRODUÇÃO 
Os solos são resultantes da ação combinada de diversos “Fatores de Formação do Solo”: 
 
 
 
Equação de formação do solo: 
SOLO = f (Material de Origem, Clima, Organismos, Relevo e Tempo) 
O clima e os organismos são fatores ativos, e material de origem, relevo e tempo são fatores 
passivos. 
 
2. MATERIAL DE ORIGEM 
O material de origem do solo é o “estado do sistema solo no tempo zero de sua formação”. 
Essa definição amplia o conceito de material de origem e deixa claro que ele não fica restrito 
apenas às rochas, mas também se estende às massas alteradas de rochas ou até mesmo um solo. 
2.1. GRUPOS DE MATERIAL DE ORIGEM 
a) Rochas decompostas “in situ” 
São aquelas que sofrem intemperismo e pedogênese no mesmo local. Podem ser 
magmáticas (ígneas), metamórficas ou sedimentares. 
b) Manto de rochas alteradas “in situ” 
Em regiões tropicais úmidas, a presença de relevo plano e vegetação protetora 
possibilitaram, em tempos pretéritos, a formação de espessas camadas de alteração, 
principalmente em rochas menos resistentes. 
RELEVO 
MATERIAL 
DE ORIGEM 
DO SOLO 
TEMPO 
SOLO 
CLIMA 
+ 
ORGANISMOS 
 31
 
Essas camadas formam hoje os “mantos de intemperismo”, muito comuns em certas 
regiões, como no litoral nordestino. 
c) Sedimentos transportados 
São materiais provenientes da intemperização de qualquer rocha na superfície da crosta 
terrestre e transportados,principalmente, por erosão. Podem ser simplesmente o produto 
de alteração das rochas ou podem ser materiais superficiais que já sofreram atuação 
pedogenética. 
d) Depósitos orgânicos (Turfeiras) 
Condições de baixa temperatura e, ou, falta de oxigênio favorecem o acúmulo de matéria 
orgânica. Importante na formação dos Organossolos. 
 
3. CLIMA 
A importância do clima na formação do solo pode ser evidenciada pelo fato de que solos 
semelhantes podem ser provenientes de materiais de origem diferentes, se forem formados sob 
condições climáticas similares. O mesmo material de origem pode formar solos completamente 
diferentes, se sofrerem pedogênese em condições climáticas diferentes. 
Nos solos mais jovens a influência do material de origem é bastante visível, mas à medida 
que o solo evolui e acelera o seu desenvolvimento, há predominância de outros fatores de 
formação, notadamente o clima. 
Principalmente por meio da precipitação pluviométrica e da temperatura, o clima age 
diretamente na transformação do material de origem e indiretamente na determinação da flora e 
fauna e na dinâmica da matéria orgânica do solo. 
3.1. TEMPERATURA 
a) Depende da latitude e da altitude, 
b) Influencia o intemperismo físico, 
c) Acelera o intemperismo químico, 
d) Influencia positivamente o crescimento e a atividade dos organismos, 
e) Aumenta a velocidade de decomposição da matéria orgânica. 
3.2. ÁGUA 
a) A atuação da água é regulada pelo balanço hídrico, 
b) Tem grande influência no tipo de vegetação de uma região, 
c) Promove o intemperismo das rochas, 
 32
d) Serve como meio de transporte dos produtos do intemperismo, 
e) Essencial na atuação dos processos pedogenéticos, 
f) Influencia a decomposição da matéria orgânica. 
 
4. ORGANISMOS 
Os principais organismos que atuam na formação dos solos são as algas, bactérias, fungos, 
liquens, musgos, actinomicetes, vegetação, fauna e o homem. Os liquens, musgos e outros vegetais 
inferiores podem viver diretamente sobre a rocha promovendo o intemperismo e criando condições 
para fixação dos vegetais superiores. Microrganismos como bactérias e fungos são os principais 
agentes que atuam na decomposição e síntese de materiais orgânicos. 
A vegetação tem uma importância muito grande na formação dos solos, a qual pode ser 
evidenciada pelas seguintes atuações: 
• As raízes exercem ações físicas e químicas sobre as rochas e o material de origem, 
promovendo o intemperismo, 
• Ciclagem de nutrientes, acumulando-os na superfície do solo, 
• Principal fonte de matéria orgânica do solo, 
• Protege a superfície do solo contra erosão, favorecendo a formação de solos mais 
profundos. 
Cupins, formigas, minhocas, tatus e roedores constantemente cavam buracos no solo, 
trituram restos de vegetais, cavam galerias e misturam materiais dos diversos horizontes do solo. 
Práticas de desmatamento, preparo do solo, cultivo e adubações realizadas pelo homem promovem 
mudanças significativas nos solos. 
 
5. RELEVO 
O relevo redireciona a energia da água, a qual é dirigida a diferentes partes da paisagem. Ele 
controla o tempo de exposição da rocha e do material de origem aos agentes bioclimáticos. 
Quanto maior a declividade do terreno maior será a taxa de erosão em relação à de 
pedogênese, favorecendo a formação de solos rasos e pouco desenvolvidos. Em relevo plano e em 
condições de boa drenagem o grau de intemperismo e pedogênese é maior, favorecendo a 
formação de Latossolos. Se o relevo for plano, mas a drenagem for deficiente, o acúmulo de água 
em excesso favorece a formação de solos hidromórficos. 
 
 33
 
6. TEMPO 
A espessura dos horizontes e a profundidade do solo são as características do solo mais 
influenciadas pelo tempo. Quanto maior o número de horizontes e maiores suas espessuras, mais 
maduro será o solo. Por outro lado, solos jovens são normalmente mais rasos que solos velhos. Na 
estimativa da idade de um solo, a idade relativa é mais importante que a idade absoluta. 
Desenvolvimento do perfil do solo com o tempo: 
 
 
 
O tempo necessário para que um solo passe do estágio jovem para o maduro varia com o 
tipo de material de origem, condições climáticas e grau de erosão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
R 
A A 
Bi 
R 
A 
E 
R 
Bt 
C 
A 
R 
Bw 
C 
R ou 
TEMPO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 6 
 
PERFIL DO SOLO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35
 
VI. PERFIL DO SOLO 
 
1. CONCEITOS 
1.1. SOLO 
É um corpo natural dinâmico constituído de materiais minerais e orgânicos e que contém 
matéria viva, é diferenciado em horizontes de profundidade variável, que diferem do material do 
qual eles foram originados em morfologia, propriedades físicas e químicas, composição e em 
características biológicas. 
1.2. PEDON 
É o menor volume que pode ser chamado de solo. 
 
1.3. PERFIL DO SOLO 
É uma seção vertical do pedon, englobando a sucessão de horizontes ou camadas mais ou 
menos paralelas, desde o manto superficial de resíduos orgânicos até o material mineral 
subjacente pouco ou nada transformado pelo intemperismo e pelos processos pedogenéticos. 
 
 36
1.4. SOLUM 
É formado pelos horizontes superiores do perfil do solo onde atuaram os fatores e 
processos pedogenéticos, contendo a maioria das raízes das plantas. Compreendem os 
horizontes A e B. 
1.5. REGOLITO 
Termo mais utilizado pelos geólogos para se referir a todo e qualquer material solto de terra 
ou rocha decomposta acima da rocha sólida. Compreendem os horizontes A, B e C. 
1.6. SAPROLITO ou SAPRÓLITO 
Material resultante do intemperismo mais ou menos intenso da rocha e que ainda mantém a 
textura e estrutura original da mesma, comumente reconhecido como um produto de alteração 
da rocha “in situ” e denominado de horizonte C. O saprolito é a parte do regolito que se situa 
abaixo do solum e acima da rocha sã. 
 
2. NOMECLATURA DE HORIZONTES E CAMADAS DE SOLOS 
2.1. HORIZONTES E CAMADAS PRINCIPAIS 
Letras maiúsculas são usadas para designar horizontes ou camadas principais, horizontes 
transicionais ou combinações destes: 
 
SÍMBOLO CRITÉRIOS 
O 
Horizonte ou camada superficial de cobertura, de constituição orgânica, 
sobreposto a alguns solos minerais, podendo estar ocasionalmente saturado 
com água. 
H 
Horizonte ou camada de constituição orgânica, superficial ou não, composto de 
resíduos orgânicos acumulados ou em acumulação sob condições de 
prolongada estagnação de água, salvo se artificialmente drenado. 
A 
Horizonte mineral, superficial ou em seqüência a horizonte ou camada O ou H, 
de concentração de matéria orgânica decomposta e perda ou decomposição 
principalmente de componentes minerais. (Fe, Al e argila silicatada) 
AB ou AE 
Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte A e 
algumas características de horizonte B (ou E). 
A/B ou A/E 
Ou A/C 
Horizonte mesclado com partes de horizonte A e de horizonte B (ou A e E ou A 
e C), porém com predomínio de material de A. 
AC 
Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte A e 
algumas características de horizonte C. 
 37
 
SÍMBOLO CRITÉRIOS 
E 
Horizonte mineral, cuja característica principal é a perda de argilas silicatadas, 
óxidos de ferro e alumínio ou matéria orgânica, individualmente ou em 
conjunto, com resultante concentração residual de areia e silte constituídos de 
quartzo ou outros minerais resistentes e/ou resultante descoramento. 
EA ou EB 
Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte E e 
algumascaracterísticas de horizonte A (ou B). 
E/A 
Horizonte mesclado com partes de horizonte E e de horizonte A, porém com 
predomínio de material de E. 
BA ou BE 
Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte B e 
algumas características de horizonte A (ou E). 
B/A ou B/E 
Horizonte mesclado com partes de horizonte B e de horizonte A (ou E), porém 
com predomínio de material de B. 
B 
Horizonte subsuperficial de acumulação de argila, Fe, Al, Si, húmus, CaCO3, 
CaSO4, ou de perda de CaCO3, ou de acumulação de óxidos; ou com bom 
desenvolvimento estrutural. 
BC 
Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte B e 
algumas características de horizonte C. 
B/C 
Horizonte mesclado com partes de horizonte B e de horizonte C, porém com 
predomínio de material de B. 
CB ou CA 
Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte C e 
algumas características de horizonte B (ou A). 
C/B ou C/A 
Horizonte mesclado com partes de horizonte C e de horizonte B (ou A), porém 
com predomínio de material de C. 
C 
Horizonte ou camada mineral de material inconsolidado sob o solum, pouco 
afetado por processos pedogenéticos, a partir do qual o solum pode ou não ter 
se formado, sem ou com pouca expressão de propriedades identificadoras de 
qualquer outro horizonte principal. 
F 
Horizonte ou camada de material mineral consolidada, à superfície, sob A, E, B 
ou C, rico em ferro e/ou alumínio e pobre em matéria orgânica, proveniente do 
endurecimento irreversível da plintita, ou originado de formas de concen-tração 
possivelmente não derivadas de plintita, inclusive promovidas por translocação 
lateral de ferro e/ou alumínio. 
R 
Camada mineral de material consolidado, que constitui substrato rochoso 
contínuo ou praticamente contínuo, a não ser pelas poucas e estreitas fendas 
que pode apresentar. 
FONTE: http://www.cnps.embrapa.br/sibcs/index.html (Consultado em 10/06/2004). 
 
 
 
 38
2.2. DESIGNAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DE HORIZONTES E CAMADAS SUBORDINADAS 
Para designar características específicas de horizontes e camadas principais, usam-se, 
como sufixos, letras minúsculas. Exemplos: 
 
Sufixo Critérios 
a 
Usado com A, B, C para designar constituição dominada por material amorfo, de 
natureza mineral, oriundo de transformações de materiais vulcanoclásticos. 
b 
Usado com H, A, E, B, F para designar horizontes enterrados, se suas 
características pedogenéticas principais puderem ser indentificadas como tendo 
sido desenvolvidas antes do horizonte ser enterrado. 
c 
Usado com A, E, B, C para designar acumulação significativa de concreções ou nódulos 
não-concrecionários, cimentados por material outro que não seja sílica. 
d 
Usado com O, H para designar muito intensa ou avançada decomposição do 
material orgânico, do qual pouco ou nada resta de reconhecível da estrutura dos 
resíduos de plantas, acumulados conforme descrito nos horizontes O e H. 
e 
Usado com B e parte inferior de horizontes A espessos, para designar horizontes 
mais escuros que os contíguos, podendo ou não ter teores mais elevados de 
matéria orgânica, não associada com sesquióxidos, do que o horizonte sobrejacente. 
f 
Usado com A, B, C para designar concentração localizada (segregação) de 
constituintes secundários minerais ricos em ferro e/ou alumínio, em qualquer caso, 
pobre em matéria orgânica e em mistura com argila e quartzo. 
g 
Usado com A, E, B, C para designar desenvolvimento de cores cinzentas, azuladas, 
esverdeadas ou mosqueamento bem expresso dessas cores, decorrentes da 
redução do ferro, com ou sem segregação. 
h 
Usado exclusivamente com B para designar relevante acumulação iluvial, 
essencialmente de matéria orgânica ou de complexos orgânico-sesquioxídicos 
amorfos dispersíveis. 
i Incipiente desenvolvimento de horizonte B. 
j 
Usado com H, A, B, C para designar material palustre, permanente ou 
periodicamente alagado, de natureza mineral ou orgânica, rico em sulfetos (material 
sulfídrico). 
k 
Usado com A, B, C para designar presença de carbonatos alcalino-terrosos, 
remanescentes do material originário, sem acumulação, comumente carbonato de 
cálcio. 
k 
Usado com A, B, C para designar horizonte de enriquecimento com carbonato de 
cálcio secundário. 
m 
Usado com B, C para designar cimentação pedogenética extraordinária e 
irreversível (mesmo sob prolongada imersão em água), contínua ou quase contínua. 
n 
Usado com H, A, B, C, para designar acumulação de sódio trocável, expresso por 
PST > 6%, acompanhada ou não de acumulação de magnésio trocável. 
 39
 
Sufixo Critérios 
o 
Usado com O, H para designar incipiente ou nula decomposição do material 
orgânico. 
do Material orgânico intermediário entre d e o com predomínio de d. 
od Material orgânico intermediário entre d e o com predomínio de o. 
p 
Usado com H ou A para indicar modificações da camada superficial pelo cultivo, 
pastoreio, ou outras pedoturbações. 
q 
Usado com B ou C para designar acumulação de sílica secundária (opala e outras 
formas de sílica). 
qm 
Usado com B ou C para designar acumulação de sílica secundária, em caso de 
ocorrer cimentação contínua por sílica. 
r 
Usado com C para designar presença de camada de rocha subjacente, 
intensamente ou pouco alterada, desde que branda ou semibranda. 
s 
Usado exclusivamente com horizonte B para indicar relevante acumulação iluvial ou 
de translocação lateral interna no solo de complexos organo-sesquioxídicos amorfos 
dispersíveis. 
t 
Usado exclusivamente com B para designar relevante acumulação ou concentração 
de argila. 
u 
Usado com A e H para designar horizonte formado ou modificado pelo uso 
prolongado do solo. 
v Usado com B, C, para designar características vérticas. 
w 
Usado exclusivamente com B para designar intensa alteração com inexpressiva 
acumulação de argila, com ou sem concentração de sesquióxidos. 
x 
Usado com B, C e ocasionalmente E, para designar cimentação aparente, 
reversível. 
Y Usado com B ou C para indicar acumulação de sulfato de cálcio. 
Z 
Usado com H, A, B, C para indicar acumulação de sais mais solúveis em água fria 
que sulfato de cálcio. 
FONTE: http://www.cnps.embrapa.br/sibcs/index.html (Consultado em 10/06/2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 40
2.3. OUTROS MODIFICADORES DE HORIZONTES 
Prefixos numéricos (ex. 2, 3, etc) – usados para denotar descontinuidade litológica. Por 
convenção o 1 não é mostrado, ex. A, E, Bt1, 2Bt2, 2BC, 3C1, 3C2. 
Sufixos numéricos – são usados para subdivisão de horizontes principais em profundidade. 
A divisão é feita a partir da parte superior do horizonte, de forma sucessiva, sendo o símbolo 
numérico colocado após todas as letras usadas para designar o horizonte. Ex. A1, A2, E, Bt1, Bt2, 
Bt3, BC e C. 
A numeração é reiniciada sempre que houver mudança de simbolização alfabética na 
seqüência vertical de horizontes. Ex.: Bt1, Bt2, Btx1, Btx2; C1, C2, Cg1, Cg2. Para horizonte A ou H 
qualificados com sufixo p, a numeração não é reiniciada. 
OBSERVAÇÕES: 
• Prefixo numérico pode ser usado em R, se admitido que o material originário do solo não 
foi produzido por rocha da mesma natureza da subjacente. 
• Em caso de Solo Orgânico, não se usa os prefixos numéricos para expressar material 
contrastante. 
• Em caso de ocorrer dois ou mais horizontes com a mesma designação, separados por 
horizontes ou camadas de natureza diversa, usa-se o símbolo ( ’ ) posposto à letra 
maiúscula designativa do segundo horizonte repetido na seqüência, como no exemplo: A, 
E, BE, Bhs, E’, BC, ou Hd, C, H’d, C 
• Caso raros de três horizontes com a mesma designação, usa-se o símbolo duplo, ( " ) 
posposto à letra maiúscula designativa do 3o horizonte. 
• Quando cabívelo uso de mais de um sufixo, as letras d, i, o, h, s, t, u, r, w têm 
precedência sobre os demais sufixos necessários para completar a designação integral 
do horizonte ou camada. 
• Sufixo b, conotativo de horizonte enterrado, deve ser precedido de outro sufixo, quando 
em notação binária, como por exemplo Btb. 
 
 
 
 
 41
 
Para fins de correlação, é dada a seguir uma síntese comparativa entre as designações 
atuais e as anteriores de horizontes e camadas principais. 
 
SNLCS 
(Anterior a 1986) 
Embrapa Solos 
(Atual) 
SNLCS 
(Anterior a 1986) 
Embrapa Solos 
(Atual) 
O O B1 BA ou BE 
O1 Oo, Ood B/A 
O2 Od, Odo B & A B/E 
 H B2 B 
A A B3 BC 
 A/O B/C 
A1 A B/R 
A2 E F 
A3 AB ou EB C C 
AB C1 CB 
 A/B C/B 
A & B E/B C/R 
AC AC R R 
A/C A/C B/C/R 
B B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 7 
 
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DOS HORIZONTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 43
 
VII. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DOS HORIZONTES 
 
1. INTRODUÇÃO 
Na descrição morfológica dos horizontes que compõem um perfil de solo primeiramente se 
determina a espessura e arranjamento dos horizontes, depois a transição entre os horizontes e, por 
fim, o estudo das características morfológicas dos horizontes. 
No exame de um perfil de solo, devem-se descrever pormenorizadamente as características 
morfológicas de todos os horizontes ou camadas que compõem o perfil. São apresentadas, a 
seguir, as principais características morfológicas que são analisadas em cada horizonte do solo. 
 
2. COR 
A matéria orgânica e os compostos de ferro são os principais agentes responsáveis pela cor 
dos solos. Esses pigmentos atuam, em geral, num fundo de cor branca dado pelos silicatos. 
As várias tonalidades existentes no perfil são muito úteis à identificação e delimitação dos 
horizontes e, às vezes, ressaltam certas condições de extrema importância: 
• Cor escura → indicativo de alto teor de matéria orgânica 
• Cores vermelhas e amarelas → indicativas de alto teor de óxido de ferro e boa drenagem 
• Cores acinzentadas → revelam condições de hidromorfismo. 
A cor do solo é muito utilizada na classificação para identificar classes de solos no segundo 
nível categórico dos: 
• Latossolos → bruno, amarelo, vermelho-amarelo e vermelho 
• Argissolos → acinzentados, amarelo, vermelho-amarelo e vermelho 
• Alissolos → crômico e hipocrômico 
• Luvissolos → crômico e hipocrômico. 
Em uma amostra indeformada do solo, se determina a cor dessa amostra úmida, úmida 
amassada, seca e seca triturada, comparando-a com as cores da escala Munsell. Na determinação 
da cor do solo na escala Munsell, anota-se três informações: matiz, valor e croma. 
2.1. MATIZ (“Hue”) 
Cor “pura” ou fundamental do arco-íris, determinada pelos comprimentos de onda da luz que 
são refletidos na amostra. Os matizes usados estão entre o R (de red = vermelho), significando 
100 % de vermelho, Y (de yellow = amarelo), significando 100 % de amarelo e YR (de Yellow-
Red = vermelho-amarelo), significando uma mistura de 50 % de vermelho e 50 % de amarelo. 
 44
Contribuição da cor vermelha (“Red” – R) e amarela (“Yellow” – Y) nos matizes: 
 
Contribuição da cor: 
Cores Matiz 
Vermelha Amarela 
 ----------------------------- % ----------------------------- 
5 R 100 0 
7,5 R 87,5 12,5 
10 R 75 25 
Mais vermelho 
2,5 YR 62,5 37,5 
Vermelho Amarelo 
5 YR 50 50 
7,5 YR 37,5 62,5 Mais amarelo 
10 YR 25 75 
2,5 Y 12,5 87,5 
Bruno 
5Y 0 100 
 
2.2. VALOR (“Value”) 
Medida do grau de claridade da luz ou tons de cinza presentes (entre branco e preto) 
variando de 0 (para o preto absoluto) a 10 (para o branco puro). Portanto, o valor de uma cor 
indica a tonalidade ou proporção de preto e de branco. 
2.3. CROMA (“Chroma”) 
Proporção da mistura da cor fundamental com a tonalidade de cinza, também variando de 0 
a 10. Portanto, o croma de uma cor indica a intensidade de saturação ou contribuição do matiz. 
2.4. EXEMPLO DE INTERPRETAÇÃO DA COR DE UM SOLO: 
10R 3/4 = Vermelho escuro acinzentado (“dusky red”) 
Sendo 10R o matiz indicador da cor fundamental vermelha e a fração 3/4 que este vermelho 
está misturado com o valor 3 (cinza composto de três partes de preto e 7 de branco) e croma 4 
(indicando que aquele cinza contribui em 6 partes e o vermelho em 4 partes). 
 
3. TEXTURA 
A textura do solo refere-se à proporção relativa das frações granulométricas que compõem a 
massa do solo. No campo, a textura pode ser estimada por meio do tato, pela sensação ao esfregar 
um pouco de solo úmido entre os dedos. A areia provoca sensação de aspereza, o silte de 
sedosidade e a argila de pegajosidade. No laboratório, a análise textural é feita na terra fina seca 
ao ar (Frações granulométricas ≤ 2 mm), determinando-se os teores de argila, silte, areia fina e 
areia grossa. 
 45
 
A textura do solo é uma característica muito influenciada pela granulometria do material de 
origem do solo: 
• Rochas psamíticas → originam solos arenosos 
• Rochas pelíticas → originam solos argilosos 
3.1. TAMANHO DAS FRAÇÕES GRANULOMÉTRICAS 
 
FRAÇÃO GRANULOMÉTRICA LIMITES DE DIÂMETRO 
Matacão > 20 cm 
Calhau 20 a 2 cm 
Cascalho 2 cm a 2 mm 
Areia grossa 2 a 0,2 mm 
Areia fina 0,2 a 0,05 mm 
Silte 0,05 a 0,002 
Argila < 0,002 mm 
 
3.2. FRAÇÃO AREIA 
Constituída basicamente por minerais primários resistentes ao intemperismo, principalmente 
o quartzo. Embora a fração areia não seja muito importante do ponto de vista químico, ela é 
muito importante do ponto de vista físico, com muita influência na porosidade, aeração, 
permeabilidade, erosão etc. 
3.3. FRAÇÃO SILTE 
Constituída de minerais primários facilmente intemperizáveis (Feldspatos, micas, anfibólios, 
etc.), quartzo, agregados de argila não dispersa, etc. Somente os solos mais novos apresentam 
teor de silte relativamente elevado, que é mínimo nos Latossolos, os solos mais intemperizados. 
Solos ricos em silte tendem a apresentar problemas de encrostamento superficial causado 
pelo impacto das gotas de chuva e dos ciclos de umedecimento e secagem, com reflexos 
negativos na infiltração de água no solo e na emergência das plântulas. 
3.4. FRAÇÃO ARGILA 
Constituída de minerais secundários, podendo-se encontrar maior proporção de argilas 2:1 
em solos menos intemperizados e maior proporção de argilas 1:1 (Caulinita) e óxidos de ferro 
(Goetita e hematita) e, ou, alumínio (Gibsita) em solos mais intemperizados. 
A fração argila é a fração ativa do solo, por apresentar grande superfície específica e cargas 
elétricas (Negativas e, ou, positivas) de superfície. Apresenta capacidade de reter cátions, 
ânions e água, expansão, contração, plasticidade e pegajosidade. 
 46
Todos os fenômenos químicos e físico-químicos do solo dependem não somente do teor de 
argila do solo, mas também do mineral predominante na fração argila. 
 
4. ESTRUTURA 
As partículas primárias (Areia, silte e argila) do solo geralmente se encontram agrupadas, 
formando partículas maiores (Agregados), dando ao solo a sua estrutura. Os agregados que 
apresentam formas e tamanhos definidos, comportando-se como partes individualizadas, são 
chamados de unidades estruturais. 
Três características fundamentam a designação da estrutura: forma, tamanho e grau de 
desenvolvimento das unidades estruturais. 
A forma define o tipo de estrutura: 
• Laminar 
• Prismática 
• Colunar 
• Blocos angulares ou blocos subangulares 
• Granular 
• Grumos. 
Exemplos de tipos de estrutura: a) Laminar; ba) prismática; bb) Colunar; ca) Blocosangulares; cb) Blocos subangulares e d) Granular. 
 
 
 47
 
O tamanho define a classe de estrutura: 
• Muito pequena 
• Pequena 
• Média 
• Grande 
• Muito grande. 
O grau de desenvolvimento da estrutura refere-se à manifestação das condições de coesão 
dentro e fora dos agregados: 
• Sem estrutura 
o Grão simples → Se a massa de solo for solta ou não coerente 
o Maciça → Se a massa de solo for coerente e não apresentar estrutura definida. 
• Com estrutura 
o Fraca 
o Moderada 
o Forte. 
Principais tipos de estrutura e suas ocorrências típicas: 
 
TIPO DE 
ESTRUTURA 
OCORRÊNCIA TÍPICA 
Blocos Em solos com horizonte B textural, B nítico, B plânico e B incipiente. 
Prismática Em solos com horizontes B nítico, B textural e B plânico. 
Colunar Em solos com horizonte B plânico. 
Granular Em solos com horizonte B latossólico e horizonte A rico em matéria orgânica. 
Grão simples Em solos arenosos (Horizontes A e C). 
 
 
5. CONSISTÊNCIA 
Consistência é o termo usado para designar as manifestações das forças físicas de coesão e 
adesão entre as partículas do solo, conforme variação da umidade do solo. 
• Força de coesão → força de atração entre moléculas de mesma substância ou partículas 
de mesma natureza. No solo, refere-se à atração que as partículas do 
solo exercem entre si. 
 48
• Força de adesão → força de atração entre superfícies de contato de substâncias diferentes. 
No solo, atração entre partículas do solo e a superfície de um material 
de qualquer natureza, como a superfície de implementos agrícolas. 
A consistência do solo deve ser avaliada em três níveis de umidade: 
• CONSISTÊNCIA DO SOLO QUANDO SECO, avaliada pela dureza ou tenacidade 
o Solta 
o Macia 
o Ligeiramente dura 
o Dura 
o Muito dura 
o Extremamente dura. 
• CONSISTÊNCIA DO SOLO QUANDO ÚMIDO, caracterizada pela friabilidade 
o Solta 
o Muito friável 
o Friável 
o Firme 
o Muito firme 
o Extremamente firme. 
• CONSISTÊNCIA DO SOLO QUANDO MOLHADO, caracterizada pela: 
o Plasticidade (capacidade do solo se moldar) 
� Não plástica 
� Plástica 
� Ligeiramente plástica 
� Muito plástica. 
o Pegajosidade (capacidade do solo se aderir a outros objetos) 
� Não pegajosa 
� Ligeiramente pegajosa 
� Pegajosa 
� Muito pegajosa. 
 
 49
 
Solos muito plásticos e muito pegajosos apenas podem ser trabalhados (Arados, gradeados, 
etc.) em amplitude estreita de umidade. Quanto mais argiloso for um solo, maiores serão as 
manifestações das forças de coesão e adesão. Para o mesmo teor de argila, as forças de adesão e 
coesão serão maiores em solos ricos em argilas mais ativas, como a montmorilonita. 
 
6. POROSIDADE 
Entende-se por porosidade, o volume do solo ocupado pela água e pelo ar. No campo, a 
porosidade deve ser avaliada quanto ao tamanho e quanto à quantidade de macroporos, de acordo 
com Santos et al. (2005). 
Comparado com os solos arenosos, os solos argilosos apresentam maior porosidade total, 
maior proporção microporos/macroporos, maior retenção de água, menor taxa de infiltração de água 
no perfil do solo, menor friabilidade e maior resistência à penetração de máquinas e raízes no solo. 
 
7. CEROSIDADE 
Cerosidade é um revestimento brilhante e ceroso que ocorre por vezes na superfície das 
unidades estruturais, apresentando aspecto lustroso e brilho matizado. É decorrente de película de 
material coloidal (argila silicatada e óxidos de ferro) depositado nas superfícies das unidades 
estruturais. A cerosidade ocorre tipicamente em horizonte B textural e B nítico. 
Quanto ao grau de desenvolvimento, a cerosidade pode ser classificada como fraca, moderada 
ou forte, de acordo com a maior ou menor nitidez e contraste mais ou menos evidente com as 
partes sem cerosidade. Quanto à quantidade, são usados os termos: pouco, comum e abundante. 
 
8. SUPERFÍCIES DE FRICÇÃO OU SLIKENSIDES 
Superfície alisada e lustrosa, apresentando na maioria das vezes estriamento marcante, 
produzido pelo deslizamento e atrito da massa do solo causados por movimentação devido à forte 
expansibilidade do material argiloso por umedecimento. São superfícies tipicamente inclinadas, em 
relação ao prumo dos perfis. 
 
9. CIMENTAÇÃO 
Refere-se à consistência quebradiça e dura do material do solo, determinada por qualquer 
agente cimentante que não seja mineral de argila, tais como: carbonato de cálcio, sílica, óxidos ou sais 
de ferro e, ou, alumínio. Tipicamente, a cimentação não sofre alteração com o umedecimento, persistindo a 
dureza ou quebrajosidade quando molhado. 
 50
10. NÓDULOS E CONCREÇÕES 
São corpos cimentados que podem ser removidos intactos do solo e ocorrem principalmente 
em horizontes subsuperficiais. As concreções mais comuns são as de acumulação de: 
• Óxidos de ferro ou ferro e alumínio → cor ferruginosa 
• Óxidos de manganês → cor preta 
• Carbonato de cálcio → cor branca. 
 
11. CONTEÚDO DE CARBONATOS 
O conteúdo de carbonatos é avaliado no campo pela efervescência dos carbonatos presentes 
no solo quando em contato com HCl 10 %. Essa efervescência pode ser classificada como ligeira, 
forte ou violenta. 
 
12. CONTEÚDO DE MANGANÊS 
O conteúdo de manganês é avaliado no campo pela efervescência dos compostos de 
manganês presentes no solo quando em contato com água oxigenada. Essa efervescência também 
pode ser classificada como ligeira, forte ou violenta. 
 
13. EFLORESCÊNCIAS 
São ocorrências de sais cristalinos sob forma de revestimentos, crostas e bolsas, após 
período seco, nas superfícies dos agregados, nas fendas ou na superfície do solo, podendo ter 
aspecto pulverulento, como pó de giz. 
São constituídas principalmente por cloreto de sódio (que pode ser identificado pelo sabor 
salgado), sulfatos de cálcio, magnésio e sódio e, mais raramente, por carbonatos de cálcio. 
As eflorescências de sais na superfície do solo são mais comuns em solos afetados por sais 
da região semi-árida brasileira, seja por um processo natural ou causada pelo manejo inadequado 
da irrigação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 8 
 
ATRIBUTOS DIAGNÓSTICOS DOS HORIZONTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 52
VIII. ATRIBUTOS DIAGNÓSTICOS DOS HORIZONTES 
 
1. INTRODUÇÃO 
Os horizontes que compõe o perfil do solo podem ser classificados em horizontes 
pedogenéticos e horizontes diagnósticos. 
O horizonte pedogenético corresponde a cada uma das camadas mais ou menos paralelas à 
superfície do terreno, resultantes dos processos pedogenéticos, as quais, por isso, guardam 
relações genéticas entre si. Ex.: Horizontes H, O, A, E, B e C. 
O horizonte diagnóstico, por sua vez, corresponde a uma seção do solo que apresenta 
determinadas características morfológicas e atributos diagnósticos previamente estabelecidos por 
um sistema de classificação, fazendo com que esse horizonte seja utilizado como critério para 
separar classes de solo de um sistema de classificação. Ex.: Horizontes A chernozêmico, A hístico, 
B textural, B latossólico e B plânico, horizonte vértico, horizonte glei e horizonte plíntico. 
Nem todo horizonte pedogenético é um horizonte diagnóstico. Cada horizonte diagnóstico é 
identificado e distinguido dos demais por meio de características morfológicas e atributos 
diagnósticos. 
 
2. ATRIBUTOS DIAGNÓSTICOS DOS HORIZONTES 
2.1. MATERIAL ORGÂNICO 
É aquele constituído essencialmente por materiais orgânicos em diversos estágios de 
decomposição, podendo estar associados a material mineral em proporções variáveis, de modo 
que os constituintes orgânicos impõem preponderância

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