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Propriedades emergentes das comunidades Ecologia de Populações e Comunidades Milton Mendonça Jr. Aristóteles - “O todo é mais que a soma das partes”. A interação entre as partes de um sistema dá características e dinâmica do “todo”. Para populações: Coletivas: tamanho, densidade; Emergentes: taxas básicas, estrutura etária e genética, razão sexual, distribuição espacial. Propriedades emergentes. Conceitos de comunidade. Conjunto de populações de diferentes espécies que interagem com o ambiente externo e entre si, no tempo e no espaço. Uma comunidade é mais que a soma das populações, pois considera as interações entre os organismos componentes destas. Interações nas comunidades. Já vimos! Positivas e negativas; Tróficas e não-tróficas; Diretas e indiretas... Propriedades emergentes em comunidades. Que tipo de coisa existe ou acontece numa comunidade que não poderia acontecer numa população? Propriedades da comunidade biológica. propriedade coletivas (simples adição de componentes): riqueza de spp.; biomassa (kg/m2 ou m3); produtividade (kg/m2-m3 por ano). Riqueza de espécies. número bruto de spp. convivendo em dada comunidade; como delimitamos uma comunidade no espaço? não nos diz nada sobre as diferenças ou similaridades biológicas entre as espécies; plantas, fungos, insetos e mamíferos num mesmo balaio! Riqueza de espécies. moeda básica das avaliações de biodiversidade: útil em comparações no tempo e espaço; busca de padrões (descritivo). valor intuitivo; valoração de comunidades - quanto mais spp. (mais rica): + “interessante” (como cabem tantas spp.?); + fácil preservar (otimiza os esforços); + difícil de amostrar! Composição de espécies. mais que contar, listar; descreve, ainda não mostra estrutura; revela padrões no espaço e tempo (similaridade); valoração de comunidades - complementaridade na composição entre áreas: critério para designar unidades de conservação: maximiza riqueza spp. preservada. Biomassa. peso conjunto dos organismos de diferentes spp. presentes numa comunidade ≈ densidade; Produtividade. dinâmica do peso conjunto dos organismos de diferentes spp. presentes numa comunidade no tempo; ecologia de ecossistemas! Propriedades da comunidade biológica. propriedades emergentes interação entre componentes: funções ecológicas (produtores, consumidores e decompositores) organização das funções ecológicas entre espécies (redes de interações, teias tróficas, guildas) dinâmica das funções ecológicas no conjunto de espécies (estabilidade, resistência/ resiliência, invasibilidade) limites à similaridade ecológica (nicho) das espécies competidoras modificação das funções ecológicas por coevolução As 3 funções tróficas. produtores (autotróficos): sintetizam compostos orgânicos a partir de inorgânicos (CO2, H2O, minerais) usando fonte energética externa (fotoautotróficos, quimioautotróficos); consumidores (heterotróficos): obtém seus compostos orgânicos a partir de outros organismos vivos; decompositores (heterotróficos): obtém seus compostos orgânicos a partir de organismos ou partes de organismos mortos (MOM). Representando a estrutura das comunidades. Pirâmides tróficas (Elton, 1927) - cada degrau representa números, biomassa ou produtividade. produtores consumidores 1ários consumidores 2ários cons. topo decompositores Representando a estrutura das comunidades. energia H2 H2S CH4 * *Ex.: 12H2S + 6CO2 → C6H12O6 + 6H2O + 12S OU retro- alimentação Teias tróficas. níveis tróficos, espécies, relações interespecíficas: Teias tróficas. especialização: monofagia oligofagia polifagia “onivoria” conectividade modularidade centralidade Lewinsohn & Cagnolo, Science 23 March 2012 Dawah, H.A., B.A. Hawkins, and M.F. Claridge. 1995. Structure of the parasitoid communities of grass-feeding chalcid wasps. Journal of Animal Ecology, vol. 64, pp. 708-720. Teias tróficas. 24 sítios de amostragem campos Inglaterra e Gales (1980-1992), 164.215 ramos de planta dissecados para identificar táxons e relações alimentares. Teias tróficas. comunidade intertidal, fundos lodosos do Porto de Otago http://www.otago.ac.nz/parasitegroup/projects.html vermelho: parasitas Teias tróficas no espaço. 400 km sul de Buenos Aires; sierras, morros isolados; alt=500 m; 12 teias polinizador-planta, 268 espécies; 10 plots circulares (1m ) por sierra, angiospermas idtf., 15 min de obs. de visitantes florais; 318h de obs.total! Sabatino, Malena, Néstor Maceira, and Marcelo A. Aizen. 2010. Direct effects of habitat area on interaction diversity in pollination webs. Ecological Applications 20:1491–1497 Teias tróficas e filogenia. (Ingram & Shurin 2009, Ecology) Cascatas de extinção e conservação. Sahasrabudhe & Motter 2011. Rescuing ecosystems from extinction cascades through compensatory perturbations. Nature Communications 2, Article number: 170. doi:10.1038/ncomms1163 Redes de interações. outros tipos de interação (não-tróficas) podem ser tão ou mais importantes; engenheiros do ecossistema: direta/indiretamente modulam disponibilidade de recursos para outras spp. modificando o meio físico-quimicamente; modificam, mantém ou criam habitats usados por outras spp.; autogênicas ou alogênicas. Redes de interações. tróficas interagem com não-tróficas!!! extinção de Amphipoda intertidal (construtor de “tocas”) por parasito Trematoda no Mar de Wadden (Dinamarca). extinção de boa parte dos componentes da comunidade após tempestades!!! Mouritsen & Poulin, 2002 Importância relativa das espécies. todas são importantes, mas algumas espécies são mais importantes que outras...? espécies-chave: mantém a estrutura da comunidade através de suas ações (tróficas ou não-tróficas); inclui engenheiros de ecossistema. Estes, J.A. and D.O. Duggins. 1995. Sea otters and kelp forests in Alaska: generality and variation in a community ecological paradigm. Ecological Monographs 65: 75-100. Dinâmica das comunidades. estabilidade: manutenção da estrutura e tamanho da comunidade no tempo múltiplos aspectos! contrasta com a ação de distúrbios ambientais resiliência: taxa de retorno ao estado original resistência: capacidade da comunidade de evitar mudança de estado estabilidade pode ser local ou regional Distúrbio: mudança temporária em condições ambientais mudança na comunidade biológica (profunda?) remoção de biomassa e/ou mortalidade elevada dos componentes da comunidade Pare & Pense... escolher um tipo de comunidade escolher um distúrbio ambiental como distúrbio afeta estabilidade? o que é resistência ao distúrbio nessa comunidade? o que é resiliência ao distúrbio nessa comunidade? Como representar? (desenhe!) invasibilidade é forma de resistência: porque spp. se tornam invasoras? estabilidade em termos de que? riqueza, composição, produtividade, estrutura trófica???? Begon, Townsend & Harper. 2006. Ecology. Blackwell Publ. Em suma... comunidades são estudadas por suas propriedades coletivas! riqueza, biomassa, produtividade comunidades são estudadas por suas propriedades emergentes! redes de interação (tróficas e não) importância de espécies individuais estabilidade temporal processos evolutivos... cautela e crítica científicas: complexidade em repassar info a atores envolvidos (governos, ONGs, população); efeitos antrópicos = experimentos (distúrbios) artificiais! mensurar estabilidade das comunidades para entender, mitigar efeitos antrópicos... Lições para a Conservação... Lições para a Conservação... indo além da riqueza e composição de spp. (“biodiversidade”): paradigma ultrapassado? conservação das interações conservação das funções ecológicas foco no funcionamento dos ecossistemas (serviços do ecossistema)... fala a língua da economia, aproxima da ecologia... Limites à similaridade ecológica entre spp. spp. com necessidades de recursos similares convivendo competiriam entre si; 2 processospodem ocorrer: tendência que uma excluísse a outra, ou seja, uma se extinguiria localmente: princípio da exclusão competitiva. indivíduos menos similares aos da outra espécie levariam vantagem (sobrevivência e/ou reprodução) = tenderiam a deixar + descendentes = espécies + distintas (longo prazo) = menos competição: processo evolutivo de liberação competitiva.
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