Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADES INTEGRADAS DO TAPAJÓS RESPONSABILIDADE CIVIL NEXO DE CAUSALIDADE E CAUSAS EXTINTIVAS DA RESPONSABILIDADE Professor MSc. Handerson Bentes Santarém – Pará 2016 Nexo de Causalidade • Após passarmos em revista os dois primeiros elementos da responsabilidade civil - a conduta humana e o dano -, cuidaremos de estudar o último: o nexo de causalidade. Nexo de Causalidade • Assim como no Direito Penal. a investigação deste nexo que liga o resultado danoso ao agente Infrator e indispensável para que se possa concluir pela responsabilidade Jurídica deste último. • Trata-se. pois, do elo etiológico. do liame. que une a conduta do agente (positiva ou negativa) ao dano. TEORIAS EXPLICATIVAS DO NEXO DE CAUSALIDADE a) teoria da equivalência de condições; b) a teoria da causalidade adequada; c) a teoria da causalidade direta ou Imediata (interrupção do nexo causal). Teoria da equivalência das condições ("conditio sine qua non") • Elaborada pelo jurista alemão VON BURI na segunda metade do século XIX. esta teoria não diferencia os antecedentes do resultado danoso. de forma que tudo aquilo que concorra para o evento será considerado causa. Teoria da equivalência das condições ("conditio sine qua non") • Com isso quer-se dizer que esta teoria é de espectro amplo, considerando elemento causal todo o antecedente que haja participado da cadeia de fatos que desembocaram no dano. Teoria da equivalência das condições ("conditio sine qua non") • É, inclusive, a teoria adotada pelo Código Penal brasileiro, segundo a interpretação dada pela doutrina ao seu art. 13: • "Art. 13, CP - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se a causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido" Teoria da equivalência das condições ("conditio sine qua non") • Observe que, da última parte do dispositivo, pode- se extrair uma fórmula de eliminação hipotética (de Thyren), segundo a qual causa seria todo o antecedente que, se eliminado, faria com que o resultado desaparecesse. • Imagine, pois, um sujeito que arremessa, bêbado, uma garrafa contra um transeunte, causando-lhe a morte, Se nós abstrairmos a conduta antecedente (arremesso da garrafa), a morte desaparecera. Teoria da equivalência das condições ("conditio sine qua non") • Problema apresentado pela teoria: • Por considerar causa todo o antecedente que contribua para o desfecho danoso, a cadeia causal, seguindo esta linha de intelecção, poderia levar a sua investigação ao infinito. Teoria da equivalência das condições ("conditio sine qua non") Para GUSTAVO TEPEDINO: (...) inconveniência desta teoria, logo apontada, está na desmesurada ampliação, em infinita espiral de concausas, do dever de reparar, Imputado a um sem-número de agentes. Afirmou-se, com fina Ironia, que a fórmula tenderia a tornar cada homem responsável por todos os males que atingem a humanidade (...) Teoria da equivalência das condições ("conditio sine qua non") • Nessa linha, se o agente saca a arma e dispara o projétil, matando o seu desafeto. sena considerado causa, não apenas o disparo. mas também a compra da arma, a sua fabricação. a aquisição do ferro e da pólvora pela indústria etc., o que envolveria, absurdamente, um numero ilimitado de agentes na situação de ilicitude. Teoria da equivalência das condições ("conditio sine qua non") • A despeito de tudo isso, grande parte dos penalistas adotou-a, sustentando que a análise do dolo ou da culpa do infrator poderia limitá-la, vale dizer, os agentes que apenas de forma Indireta Interferiram na cadeia causal por não terem a necessária previsibilidade (dolo ou culpa) da ocorrência do dano, não poderiam ser responsabilizados, o fabricante da arma, por exemplo, ao produzi-la, não poderia imaginar a utilização criminosa do seu produto Teoria da causalidade adequada • Para os adeptos desta teoria, não se poderia considerar causa "toda e qualquer condição que haja contribuído para a efetivação do resultado", conforme sustentado pela teoria da equivalência, mas sim. segundo um Juízo de probabilidade, apenas o antecedente abstratamente idôneo á produção do efeito danoso, Teoria da causalidade adequada • Causa. para ela, é o antecedente, não só necessário, mas, também adequado à produção do resultado. Logo. nem todas as condições serão causa, mas apenas aquela que for mais apropriada para produzir o evento. • Note-se. então. que, para se considerar urna causa "adequada", esta deverá, abstratamente. e segundo uma apreciação probabilística, ser apta â efetivação do resultado. Teoria da causalidade adequada • Na hipótese do disparo por arma de fogo, mencionado anteriormente, a compra da arma e a sua fabricação não seriam "causas adequadas" para a efetivação do evento morte. Teoria da causalidade adequada • O ponto central para o correto entendimento desta teoria consiste no fato de que somente o antecedente abstratamente apto a determinação do resultado, segundo um Juízo razoável de probabilidade, em que conta a experiência do Julgador, poderá ser considerado causa. Teoria da causalidade adequada • Problema apresentado pela teoria: • Se a teoria anterior peca por excesso, admitindo uma ilimitada investigação da cadeia causal, esta outra, a desperto de mais restrita, apresenta o inconveniente de admitir um acentuado grau de discricionariedade do julgador, a quem incumbe avaliar, no plano abstrato, e segundo o curso normal das coisas, se o fato ocorrido no caso concreto pode ser considerado, realmente, causa do resultada danoso. Teoria da causalidade direta ou imediata • Também denominada teoria da interrupção do nexo causal ou teoria da causalidade necessária, foi desenvolvida, no Brasil, por AGOSTINHO ALVIM, na obra Da Inexecução das Obrigações e suas consequências. • Causa, para esta teoria, seria apenas o antecedente fático que, ligado por um vinculo de necessariedade ao resultado danoso, determinasse este último como uma consequência sua, direta e imediata. Teoria da causalidade direta ou imediata • Exemplo doutrinário: • Caio e ferido por Tício (lesão corporal), em uma discussão apos a final do campeonato de futebol. Caio, então, e socorrido por seu amigo Pedro, que dirige, velozmente, para o hospital da cidade. No trajeto, o veiculo capota e Caio falece. Ora, pela morte da vítima, apenas poderia responder Pedro, se não for reconhecida alguma excludente em seu favor. Tício, por sua vez, não responderia pelo evento fatídico, uma vez que o seu comportamento determinou, como efeito direto e imediato, apenas a lesão corporal. Teoria da causalidade direta ou imediata • Da análise do caso: • Note-se, portanto, que a Interrupção do nexo causal por uma causa superveniente, ainda que relativamente independente da cadeia dos acontecimentos (capotagem do veiculo) impede que se estabeleça o elo entre o resultado morte e o primeiro agente, Tício, que não poderá ser responsabilizado. TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CML BRASILEIRO • Respeitável parcela da doutrina, nacional e estrangeira, tende a acolher a teoria da causalidade adequada, por se afigurar, aos olhos destes juristas, a mais satisfatória para a responsabilidade civil. TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CML BRASILEIRO A jurisprudência por vezes adota a Teoria da Causalidade Adequada: • "Ementa: Apelação cível Responsabilidade Civil. Cheque falso. Falsificação grosseira. Devolução por insuficiência de fundos. Encerramento da conta.Aplicação da teoria da causalidade adequada. A conduta negligente do banco foi a causa direta e Imediata para o evento danoso, razão pela qual ê exclusivamente responsável pelo pagamento dos cheques falsos. Inexistência de culpa concorrente do correntista. Dano moral configurado. Critérios para a fixação de um valor adequado. Juízo de equidade atribuído ao prudente arbítrio do Juiz. Compensação â vítima pelo dano suportado. Punição ao infrator, consideradas as condições econômicas e socais do agressor, bem como a gravidade da falta cometida, segundo um critério de atenção subjetivo. Apelo provido (Apelação Cível n. 70003131589, Sexta Câmara Cível, Tribunal de justiça do RS, Relator: Des. Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, Julgado em 17/04/12)". TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CML BRASILEIRO • Outra corrente: • O Código Civil brasileiro adotou a teoria da causalidade direta ou Imediata (teoria da interrupção do nexo causal), na vertente da causalidade necessária. • "Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.” CAUSAS CONCORRENTES • Quando a atuação da vítima também favorece a ocorrência do dano, somando-se ao comportamento causal do agente, fala-se em "concorrência de causas ou de culpas", caso em que a indenização deverá ser reduzida. na proporção da contribuição da vítima. • Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. CC CAUSAS CONCORRENTES • No campo do Direito do Consumidor, a teoria da concorrência de causas não tem essa mesma amplitude, isso porque, nos termos do art. 12, § 3.°. da Lei n. 8.078 de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), somente a culpa exclusiva da vítima tem o condão de interferir na responsabilidade civil do fornecedor, excluindo-a. Em outras palavras, a culpa simplesmente concorrente (de ambos os Sujeitos da relação jurídica), por não haver sido prevista pela lei, não exime o fornecedor de produto ou serviço de indenizar integralmente o consumidor. CONCAUSAS • Utiliza-se a expressão "concausa" para caracterizar o acontecimento que, anterior, concomitante ou superveniente ao antecedente que deflagrou a cadeia causal, acrescenta-se a este, em direção ao evento danoso. CONCAUSAS • Se esta segunda causa for absolutamente independente em relação a conduta do agente - quer seja preexistente, concomitante ou superveniente – o nexo causal originário estará rompido e o agente não poderá ser responsabilizado. CONCAUSAS • Por exemplo, a hipótese de um sujeito ser alvejado por um tiro, que o conduziria a morte, e, antes do seu passamento por esta causa, um violento terremoto matou-o. Por óbvio, esta causa superveniente, absolutamente independente em face do agente que deflagrou o tiro, rompeu o nexo causal. O mesmo raciocínio aplica-se às causas preexistentes (a ingestão de veneno antes do tiro) e concomitantes (um derrame cerebral fulminante por força de diabetes, ao tempo que é atingido pelo projétil). CONCAUSAS • Diferentemente. em se tratando de uma causa relativamente independente - aquela que incide no curso do processo naturalístico causal, somando-se a conduta do agente -, urge distinguirmos se a mesma é preexistente, concomitante ou superveniente. CONCAUSAS • Em geral, essas concausas, quando preexistentes ou concomitantes, não excluem o nexo causal, e, consequentemente, a obrigação de indenizar. Exemplo • Caio, portador de deficiência congênita e diabetes, é • atingido por Tício. Em face da sua situação clínica debilitada (anterior) a lesão é agravada e a vítima vem a falecer. No caso, o resultado continuará Imputável ao Sujeito, eis que a concausa preexistente relativamente independente não interrompeu a cadeia causal. O mesmo Ocorre se o sujeito, em razão do disparo de arma de fogo. vem a falecer de susto (parada cardíaca), e não propriamente do ferimento causado. Também nesta hipótese. a concausa concomitante relativamente independente não impede que o agente seja responsabilizado pelo que cometeu. CONCAUSAS • Entretanto, se se tratar de concausa superveniente - ainda que relativamente independente em relação a conduta do sujeito -, o nexo de causalidade poderá ser rompido se esta causa, por si só, determinar a ocorrência do evento danoso. A TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA E A RESPONSABILIDADE CIVIL • No dizer do Professor LUIZ FLÁVIO GOMES: "A teoria da Imputação objetiva consiste basicamente no seguinte: só pode ser responsabilizado penalmente por um fato (leia- se: a um sujeito só pode ser Imputado o fato), se ele criou ou incrementou um risco proibido relevante e, ademais, se o resultado Jurídico decorreu desse risco“. Causas Excludentes de Responsabilidade Civil e Cláusula de Não Indenizar 1. Estado de necessidade: 2. legítima defesa; 3. exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal: 4. caso fortuito e força maior,: 5. culpa exclusiva da vítima: 6. fato de terceiro. Causas Excludentes de Responsabilidade Civil e Cláusula de Não Indenizar • o estado de necessidade tem assento legal no art. 188 do CC. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. ESTADO DE NECESSIDADE • O estado de necessidade consiste na Situação de agressão a um direito alheio, de valor Jurídico Igualou menor aquele que se pretende proteger, para remover perigo Iminente, quando as circunstâncias do fato não autorizarem outra forma de atuação. • Diz-se. comumente. na hipótese, haver uma "colisão de interesses jurídicostutelados". ESTADO DE NECESSIDADE • Perceba-se que o parágrafo único do referido artigo de lei prevê que o estado de necessidade "somente será considerado legítimo quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo" • Com isso, quer-se dizer que o agente, atuando em estado de necessidade, não está Isento do dever de atuar nos estritos limites de sua necessidade, para a remoção da situação de perigo. Será responsabilizado, pois, por qualquer excesso que venha a cometer. ESTADO DE NECESSIDADE • É o caso do sujeito que desvia o seu carro de uma criança, para não atropelá-la. e atinge o muro da casa, causando danos materiais. Atuou, nesse caso, em estado de necessidade. • se o terceiro atingido não for o causador da situação de perigo, poderá exigir indenização do agente que houvera atuado em estado de necessidade. cabendo a este ação regressiva contra o verdadeiro culpado ESTADO DE NECESSIDADE • Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. • Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Legítima defesa • Também excludente de responsabilidade civil,a legítima defesa tem fundamento no mesmo art. 188 do Código Civil, inciso I, primeira parte. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; Legítima defesa • Diferentemente do estado de necessidade, na legítima defesa o individuo encontra-se diante de uma situação atual ou Iminente de injusta agressão, dirigida a si ou a terceiro, que não e obrigado a suportar. Legítima defesa • A desnecessidade ou imoderação dos meios de repulsa poderá caracterizar o excesso, proibido pelo Direito. • Vale lembrar que, se o agente, exercendo a sua lídima prerrogativa de defesa, atinge terceiro inocente, terá de indenizá-lo, cabendo-lhe, outrossim, ação regressiva contra o verdadeiro agressor. Legítima defesa • Na mesma linha, anote-se que a legítima defesa putativa não isenta o seu autor da obrigação de indenizar. Nesse caso, mesmo em face do próprio sujeito que suporta a agressão - não apenas do terceiro Inocente - o agente deverá ressarcir o dano. pois essa espécie de legítima defesa não excluí o caráter ilícito da conduta. interferindo apenas na culpabilidade penal. Exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal • Não poderá haver responsabilidade civil se o agente atuar no exercício regular de um direito reconhecido (art. 188, I, segunda parte). • Se alguém atua escudado pelo Direito, não poderá estar atuando contra esse mesmo Direito. Exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal • Tal como ocorre quando recebemos autorização do Poder Público para o desmatamento controlado de determinada área rural para o plantio de grãos. Atua-se, no caso, no exercício regular de um direito. Da mesma forma, quando empreendemos algumas atividades desportivas, como o futebol e o boxe, podem surgir violações a integridade física de terceiros, que são admitidas, se não houver excesso Exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal • Por outro lado, se o sujeito extrapola os limites racionais do lídimo exercício do seu direito, fala-se em abuso de direto, situação desautorizada pela ordem Jurídica, que poderá repercutir inclusive na seara criminal (excesso punível). • O abuso de direito é o contraponto do seu exercício regular. Exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso punível Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. Exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal • O Código Civil atual, é expresso a respeito do tema, disciplinando, o abuso de direito: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Caso fortuito e força maior • Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. • Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Caso fortuito e força maior • Segundo MARIA HELENA DINIZ. "na força maior conhece-se o motivo ou a causa que dá origem ao acontecimento, pois se trata de um fato da natureza, como, p. ex., um raio que provoca um incêndio, inundação que danifica produtos ou intercepta as vias de comunicação, Impedindo a entrega da mercadoria prometida, ou um terremoto que ocasiona grandes prejuízos etc.". Caso fortuito e força maior • No caso fortuito, o acidente que acarreta o dano advém de causa desconhecida, como o cabo elétrico aéreo que se rompe e cal sobre fios telefônicos, causando incêndio, explosão de caldeira de usina, e provocando morte. Caso fortuito e força maior • A característica básica da força maior e a sua inevitabilidade, mesmo sendo a sua causa conhecida (um terremoto, por exemplo, que pode ser previsto pelos cientistas); ao passo que o caso fortuito, por sua vez, tem a sua nota distintiva na sua imprevisibilidade, segundo os parâmetros do homem médio. Nessa última hipótese, portanto, a ocorrência repentina e até então desconhecida do evento atinge a parte incauta, impossibilitando o cumprimento de uma obrigação (um atropelamento, um roubo). Caso fortuito e força maior • E o que dizer sobre a incidência de tal excludente nas hipóteses de responsabilidade civil objetiva? Exemplo doutrinário: • se uma determinada empresa celebra um contrato de locação de gerador com um dono de boate, nada Impede que se responsabilize pela entrega da maquina, no dia convencionado, mesmo na hipótese de suceder um fato imprevisto ou inevitável que, naturalmente, a eximiria da obrigação (um incêndio que consumiu todos os seus equipamentos). Nesse caso. assumirá o dever de indenizar o contratante, se o gerador que seria locado houver sido destruído pelo fogo, antes da efetiva entrega. Esta assunção • do risco, no entanto, para ser reputada eficaz, deverá constar de cláusula expressa do contrato. Culpa Exclusiva da Vítima • A exclusiva atuação culposa da vítima tem também o condão de quebrar o nexo de causalidade, eximindo o agente da responsabilidade civil. • Imagine a hipótese do sujeito que, guiando o seu veiculo segundo as regras de trânsito. depara-se com alguém que, visando suicidar-se, arremessa- se sob as suas rodas. Nesse caso, o evento fatídico, obviamente, não poderá ser atribuído ao motorista (agente), mas sim, e tão somente, ao suicida (vítima). Fato de terceiro • Se, por exemplo, o sujeito estiver ultrapassando. com o seu carro, pelo lado esquerdo da pista, um caminhão, e o motorista deste, imprudentemente, arremessá-lo para fora da estrada, será obrigado (o agente que guiava o carro) a indenizar o pedestre que atropelou? Ou poderia alegar o fortuito, para o efeito de se eximir da obrigação de ressarcir? • Em tese seria fato de terceiro, mas questão não é pacífica. Fato de terceiro • em situações como essa, o ônus da prova e do causador material do dano, que deve demonstrar que sua participação no evento danoso foi como mero instrumento da atuação do efetivo responável. CLÁUSULA DE NÃO INDENIZAR • Trata-se, pois. de convenção por melo da qual as partes excluem o dever de indenizar, em caso de inadimplemento da obrigação. CLÁUSULA DE NÃO INDENIZAR • Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 25. veda cláusula que impossibilite ou exonere ou atenue a responsabilidade Civil do fornecedor. • E o motivo e simples: a vulnerabilidade do consumidor aconselha a Intervenção estatal no domínio da autonomia privada, para considerar abusiva a cláusula que beneficie a parte economicamente mais forte, principalmente em se tratando de contratos de adesão, em que a manifestação livre de vontade do aderente é mais reprimida.
Compartilhar