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Roteiro 11

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Prévia do material em texto

NOME DO ALUNO
	Camila Fragozo Vargas
Radharani Bertazzo da Silva
	DATA
	ESTUDO DIRIGIDO
	DIREITO PENAL 1
	TEORIA GERAL DO DELITO:
DO NEXO CAUSAL
	DIRETRIZES PARA CONFECÇÃO E FORMATAÇÃO DO TRABALHO:
1. Preencha os tópicos abaixo, (a) utilizando ao menos TRÊS autores diferentes; (b) fazendo as devidas citações dos autores utilizados, em notas de rodapé, a cada ponto; (c) escrevendo, por fim, um parágrafo, com suas próprias palavras sobre cada tópico; e, (d) referindo exemplos esclarecedores (se tirados dos autores, deve haver a competente nota de rodapé.
2. Ao final, CRIE UMA questão objetiva, que abranja todo o conteúdo do presente estudo, e UMA questão objetiva sobre cada conteúdo específico, destacando-as com a resposta correta. O critério para avaliação deste item será a ORIGINALIDADE (e o não envolvimento do nome do Professor.).
3. Coloque os nomes da dupla, mantendo o destaque em amarelo, e obedecendo a ordem alfabética. Ambos devem postar o seu trabalho. Não serão aceitos trabalhos em trincas ou grupos. As mesmas regras valem para os trabalhos individuais.
4. Ao final, cole ao menos uma jurisprudência sobre cada o tema tratado, explicando, na sequência os motivos que o levaram a escolher o julgado e sua relação com a matéria em estudo. Atentem à formatação exigida para a colagem da jurisprudência.
5. O trabalho deverá ser entregue em formato PDF, com o corpo do texto em fonte Calibri, tamanho 12, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e recuo de 1,25cm na primeira linha. As notas de rodapé em fonte Calibri, tamanho 9, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e Hanging de 0,5cm. O documento deverá ter margem direita em 1,5cm e as demais em 2,0cm. O nome do arquivo deverá ser: NOME.SOBRENOME – Roteiro 11.pdf
6. Além disto, o documento deve conter as referências completas dos autores utilizados, nos moldes descritos no item Bibliografia. Atenção: Segue um modelo de como fazer a correta referência bibliográfica. As informações entre colchetes “[]” não devem constar da versão final, por óbvio. DE TAL, Fulano. Nome do livro. [número da edição] 2.ed. Vol. X [se houver] Cidade: Editora, ano. XXp. [número total de páginas]. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. In: TRANO, BEL. (Org.) Nome do livro em que está o artigo consultado. 2.ed. [número da edição] Cidade: Editora, ano. XXp. [número total de páginas]. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. Nome da Revista. Cidade da Publicação, ano [de vida da revista] XX, n. XX, p. XX-XX [página inicial-página final], mês.-mês., [jan.-fev.,] ano de publicação. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. Nome do Sítio Virtual. Disponível em <http://www.copie o endereço url>, acesso em XX-XX-XXX [data o acesso]. Por fim, nas notas de rodapé, por fim, deve haver a indicação da página que consta o texto referido; nas referências bibliográficas, o total de páginas do livro.
7. A única citação direta permitida é a da(s) ementa(s) dos acórdãos, que devem ter a seguinte formatação: a fonte deve ser Calibri, tamanho 10, o parágrafo justificado com recuo à direita de 3,5cm, e 18 pontos “antes” e “depois”. (Coloque na sequência da ementa e entre parênteses, os dados fundamentais, como no modelo que segue: [Nome do Tribunal destacado em negrito] TJRS. [Nome do Recurso] HCnº 123234. [Indicação do Desembargador Relator] Rel. Des. Fulano de Tal. [Indicação do órgão julgador] Primeira Câmara Criminal. [Data do julgamento] Julgado em XX-XX-XXXX. [Indicação da veiculação da publicação do acórdão] DJ de XX-XX-XXXX, p. XXX. Disponível em (endereço simplificado – www. tjrs.gov.br). Acesso em XX-XX-XXXX).
8. Não esqueçam que CADA PONTO DEVE SER SUCEDIDO POR UMA NOTA DE NOTA DE RODAPÉ COM A REFERÊNCIA COMPLETA DA OBRA UTILIZADA E A PÁGINA CORRESPONDENTE À IDEIA TRABALHADA, NAS DEVIDAS NORMAS DA ABNT (sugeridas para a bibliografia nos moldes do item 6).
9. Bom trabalho!!
A RELAÇÃO DE CAUSALIDADE NOS CRIMES (COMISSIVOS) MATERIAIS
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Em relação à ação não há maior dificuldade em se estabelecer o nexo de causalidade, porque há algo sensorialmente perceptível, que é o movimento corpóreo do agente, a sua atividade. O problema é diferente quando o agente permanece inativo, isto é, quando o agente não coloca em andamento um determinado processo causal. Estamos nos referindo aos crimes omissivos, sem ignorar que nem todos esses crimes envolvem o problema da causalidade, como é o caso dos omissivos próprios. Os crimes omissivos próprios, repisando, consistem simplesmente numa desobediência a uma norma mandamental, norma esta que determina a prática de uma conduta, que não é realizada. Há somente a omissão de um dever de agir, imposto normativamente, por isso, via de regra, os delitos omissivos próprios dispensam a investigação sobre a relação de causalidade, porque são delitos de mera atividade, ou melhor, inatividade, que não produzem qualquer resultado naturalístico. Há, no entanto, outro tipo de crime omissivo, como já afirmamos, o comissivo por omissão ou omissivo impróprio, no qual o dever de agir é para evitar um resultado concreto. Nesses crimes, o agente não tem simplesmente a obrigação de agir, mas a obrigação de agir para evitar um resultado, isto é, deve agir com a finalidade de impedir a ocorrência de determinado evento. Nos crimes comissivos por omissão há, na verdade, um crime material, isto é, um crime de resultado, exigindo, consequentemente, a presença de um nexo causal entre a ação omitida (esperada) e o resultado.”[footnoteRef:1] [1: BITENCOUT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Parte Geral. 17ª ed. Revista. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2012. P 124.] 
Conforme as palavras de Celso Delmanto: “Causalidade normativa na omissão: Alcance: A regra do § 29 - é aplicável aos crimes omissivos impróprios, também chamados comissivos por omissão. Noção: Não se pode dizer que a omissão produza um resultado, pela lógica razão de que "o nada nada causa". Daí o motivo deste § 22, estabelecendo que a relação de causalidade nos crimes omissivos impróprios é normativa: não há nexo de causalidade entre a omissão (abstenção) e o resultado, mas, sim, entre o resultado e o comportamento que o agente estava juridicamente obrigado a fazer, mas se omitiu. Ou seja, não se pune o comportamento físico negativo em si, mas a omissão ilegal, isto é, o não tero agente cumprido um dever legal. Foi a fórmula inserida neste § 22: a omissão (conduta humana negativa ou abstenção de agir) é penalmente relevante quando o omitente (a pessoa que deixa de agir) devia e podia agir para evitar o resultado. E necessária, portanto, a conjugação de dois fatores: que aquele que se omitiu tivesse o dever de agir e pudesse de fato agir (dever legal + possibilidade real). Tanto a consciência da obrigação de agir como a possibilidade real de fazê-lo, sem risco pessoal, devem estar presentes. Então, se não agir para evitar o resultado, poderá ser responsável por este, a título de dolo ou de culpa.”[footnoteRef:2] [2: DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado... [et al]. — 6. ed. atual. e ampl. — Rio de Janeiro: Renovar, 2002. P 22. ] 
Conforme as palavras de Paulo César Busato: “Segundo o que descreve o tipo penal, os delitos podem ser classificados, quanto à conduta, em comissivos – praticados mediante uma ação – e omissivos – praticados mediante uma omissão. Estes últimos se subdividem em omissivos próprios – cuja descrição típica é a de um não fazer – e omissivos impróprios ou comissivos por omissão – que correspondem a tipos penais descritivos de um fazer, porém, realizados por uma prática ontológica omissiva. A proteção dos bens jurídicos realizada pelo Direito penal inclui o castigo de condutas que possam lesar ou colocar em perigo bens jurídicos fundamentais para o desenvolvimento social do ser humano. Essa prática de aflição aos bens jurídicos pode dar-se tanto mediante um fazer quanto mediante um não fazer. Claro está que, em uma relação entre a norma e a atuação ontológica, gerando sentidos diversosde ação e omissão, somente é possível identificar um tipo de ação ou um tipo de omissão, segundo a descrição prévia que dele faça o legislador. Assim, existem situações em que a decisão político-criminal do legislador é de castigar comportamentos comissivos, por exemplo, roubar, falsificar, injuriar, lesionar. Outras vezes, o legislador pretende compelir as pessoas a atuarem positivamente, dando suma importância à expressão de determinação da norma. Pune-se, então, condutas omissivas, tais como deixar de prestar socorro, deixar de prover a subsistência de cônjuge, deixar de prover à instrução primária de filho em idade escolar. Além disso, o legislador ainda prevê a possibilidade de castigo quando alguma realização prevista como crime comissivo é realizada mediante uma omissão.”[footnoteRef:3] [3: BUSATO, Paulo César Direito penal: parte geral / Paulo César Busato. – 2. ed. – São Paulo: Atlas, 2015. P 334. ] 
Deste modo compreendemos que, a relação de causalidade nos crimes (comissivos) materiais quando proíbem condutas, estamos	diante de normas proibitivas, existentes nos chamados crimes comissivos. Neles, existe a previsão	de um	comportamento positivo que, se realizado, importará, em tese, na configuração	do tipo	penal. Assim, por exemplo, no art. 121 do	Código Penal,	que diz	matar alguém, o tipo	penal prevê um comportamento positivo, comissivo, isto	é, o ato de matar. Por outro lado, pode o tipo penal conter mandamentos, imposições, ou seja, determinações de condutas que, se não	realizadas, caracterizarão uma infração penal. As normas,	 portanto, existentes nesses tipos penais que contêm imposições de comportamentos são chamadas mandamentais, características dos crimes	omissivos próprios. Veja-se	o exemplo do	art. 269, que prevê o	delito	de omissão de notificação de	doença, assim	redigido: Deixar o médico de	 denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória. Pela	análise	da referida figura típica, conseguimos entender que a lei penal, nesse caso, está determinando que o médico traga	ao conhecimento da autoridade pública doença cuja notificação é compulsória, sob	pena de, não o fazendo, ser responsabilizado criminalmente. Nesse caso,	a norma está	determinando	um comportamento,	está mandando que o agente	faça alguma coisa (denunciar à autoridade pública doença	cuja notificação é compulsória). Caso não obedeça ao comando legal, será responsabilizado criminalmente.
 EX: O salva-vidas de um clube que deliberadamente não socorre uma criança banhista se afogando na piscina; a mãe que, no afã de matar o próprio filho, recém-nascido, deixa de amamentá-lo. Trata-se aqui efetivamente de uma omissão, porque o que é relevante para o Direito penal segue sendo a conduta ordenada que não foi cumprida pelo agente. Como consequência, aparece a figura da ação esperada, ou seja, a ação que se esperava fosse realizada para evitar a responsabilização. O sujeito deixa de fazer aquilo que é ordenado pelo direito. A omissão, aqui, é equivalente à ação, em termos de desvalor jurídico, pois figura no mesmo tipo legal: causar um aborto, lesionar, matar.
Jurisprudência. Nexo de causalidade: Sem que haja relação de causa e efeito entre a ação ou docaput omissão do agente e o resultado morte, não pode ele ser responsabilizado por esta (TACrSP, Julgados 78/210; RT529/368), sendo inadmissível, no Direito Penal, a culpa presumida ou a responsabilidade objetiva (STF, RTJ 111/619). Se é incerta a relação de causalidade entre a atividade do agente e a morte do ofendido, absolve-se (TACrSP, Julgados 66/227). Se a vítima, para escapar à agressão, feriu-se na fuga, responde pela lesão o agente que a quis agredir, pois há relação de causa e efeito (TACrSP, Julgados 86/311, 69/327). Conduta: Não há caso fortuito se o motorista que desmaia, em virtude de baixa pressão arterial, tinha conhecimento da doença de que era portador (TAMG, RJTAMG 51/295).
Observa-se que o TAMG-RJTAMG julgou conforme a relação da causalidade no crime comissivo e material.
QUESTÃO. Assinale a alternativa correta.
a) Crimes comissivos são os cometidos por intermédio de uma comissão. (sua resposta) 
b) Crimes comissivos são os cometidos por intermédio de uma omissão. 
c) Crimes comissivos são os cometidos por intermédio de uma ação. (CERTA)
d) Nenhuma está correta. 
Definição de causa
Conforme as palavras de Bruno Aníbal “Considera-se causa toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. O resultado é o temo final de uma cadeia de condições sucessivas ou concomitantes. O homem que concorre com uma dessas condições sob a forma de ação ou omissão reputa-se ter produzido o resultado, desde que sem ela este não pudesse ocorrer.”[footnoteRef:4] [4: ANÍBAL Bruno. Direito Penal – Parte Geral 2ªed.vol.1,Rio de Janeiro:FORENCE,P322.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “Significa toda ação ou omissão indispensável para a configuração do resultado concreto, por menor que seja o seu grau de contribuição. Não há qualquer diferença entre causa, condição (aquilo que permite à causa produzir o seu efeito) e ocasião (circunstância acidental que favorece a produção da causa), para fins de aplicação da relação de causalidade.”[footnoteRef:5] [5: NUCCI, Guilherme de Souza, Curso de Direito Penal Vol1. Rio de Janeiro:Forense,p482.] 
Conforme as palavras do site Jus.com: “Causa é tudo que pode modificar o resultado do mundo exterior. É qualquer alteração naturalística entre um fato e o resultado. Abrange a condição e motivação. Este resultado, no campo jurídico-penal, pode ser um resultado material (físico) nos crimes materiais ou absolutamente valorativo no sentido jurídico para os crimes formais e os de mera conduta. De qualquer forma, considera-se não o resultado material unicamente, mas a ofensabilidade ao bem jurídico protegido pela norma.”[footnoteRef:6] [6: Disponível em: https://jus.com.br/artigos/4932/relacao-de-causalidade, acesso em 08/06/2020 ás 14:00.] 
Deste modo compreendemos que a definição de causa é toda ação ou omissão indispensável para a configuração do resultado concreto, por menor que seja o seu grau de contribuição. Não há qualquer diferença entre causa, condição (aquilo que permite à causa produzir o seu efeito) e ocasião (circunstância acidental que favorece a produção da causa), para fins de aplicação da relação de causalidade. Para apurar se alguma circunstância fática é causa do crime, deve-se utilizar o critério do juízo hipotético de eliminação, ou seja, abstrai-se determinado fato do contexto e, se ainda assim o resultado se produzisse, não seria ele causa do resultado.
EX: Fulano foi alvejado por um disparo de arma de fogo realizado por Sicrano, que tinha a intenção de mata-lo. Fulano foi internado em estado grave no hospital.
Jurisprudência: JULGAMENTO CONJUNTO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS POR AMBAS AS PARTES. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU ERRO MATERIAL. FORNECIMENTO DE FÁRMACO. ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO SE PRESTAM À REDISCUSSÃO DA CAUSA. PREQUESTIONAMENTO. DESNECESSIDADE DO ENFRENTAMENTO DE CADA UM DOS DISPOSITIVOS LEGAIS REFERIDOS POR UMA DAS PARTES EMBARGANTE. Não padece de omissão e contradição o acórdão que, ponderando a necessidade de reforma da sentença no que tange ao arbitramento dos honorários advocatícios de sucumbência, mesmo a vingar o critério de que ela se valeu - fixação de percentual sobre o valor da causa -, e isso porque a essa base de cálculo haveria de preceder o proveito econômico, que se teria representado, na hipótese, pelo tempo de sobrevida (reduzido) da parte (ao que se restringiu o tratamento médico), conclui pela definição do valor da verba advocatícia por critérios de equidade, na forma prevista no artigo 85, § 8º, do CPC, à consideração de que interesse material preponderante era a preservação da saúde e vida da autora, valores inestimáveis, assumindo papel secundário o aspecto econômico subjacente na demanda. Fixação do valor dos honorários mediante avaliação das circunstânciaspreconizadas nos incisos do § 2º do artigo 85 do CPC. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO ACOLHIDOS.(Embargos de Declaração Cível, Nº 70084198712, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marcelo Bandeira Pereira, Julgado em: 03-06-2020). 
Observa-se que o TJ-SP julgou conforme a definição da causa neste processo levando em consideração que os embargos de declaração não se prestam à rediscussão da causa.
QUESTÃO. De acordo com o Código Penal, “o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa”. Ainda de acordo com o Código Penal, considera-se causa: 
A) A ação ou omissão, mesmo que incapaz de causar o resultado previsto no tipo penal.
B) A ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (CERTA)
C) A ação ou omissão imaginada pelo sujeito, mesmo que sem efetiva materialização ou exteriorização.
D) Apenas a ação pode ser considerada causa, pois a omissão não pode gerar resultado penalmente punível. 
Teoria da equivalência das condições
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “É uma teoria que não distingue como prevalente ou preponderante nenhum dos diversos antecedentes causais de um determinado resultado. Todo fator — seja ou não atividade humana — que contribui de alguma forma, para a ocorrência do evento é causa desse evento. Causa, para essa teoria, é a soma de todas as condições, consideradas no seu conjunto, produtoras de um resultado.”[footnoteRef:7] [7: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal — parte geral. 17ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2012. P466.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “A teoria da equivalência dos antecedentes (teoria da equivalência das condições ou teoria da condição simples ou generalizadora), como exposto em item anterior, é a teoria adotada pelo Código Penal (art. 13), concentrando-se num juízo naturalístico dos antecedentes causais do evento criminoso. Desse modo, por essa teoria, qualquer das condições que compõem a totalidade dos antecedentes é causa do resultado, pois a sua inocorrência impediria a produção do evento. É a teoria denominada conditio sine qua non (sem o antecedente, não há resultado), que sustenta que a “Causa da causa também é causa do que foi causado” (causa causae est causa causati).”[footnoteRef:8] [8: Nucci, Guilherme de Souza, Curso de Direito Penal Vol1. Rio de Janeiro:Forense,p484.] 
Conforme as palavras de Bruno Aníbal: “Causa não é o conjunto individual das condições, mas qualquer delas, desde necessária a produção do resultado uma vez que todas as equivalem, e pôr uma delas importa em assumir um nexo causal com o resultado. Só em por essa condição, o atuar do agente se faz causa do fato ocorrido.”[footnoteRef:9] [9: Aníbal Bruno. Direito Penal – Parte Geral 2ªed.vol.1,Rio de Janeiro:FORENCE,P309.] 
Deste modo compreendemos que a Teoria da equivalência das condições Teoria relativa à relação de causalidade material entre a ação e o resultado; considera como antecedente do resultado (mas distingue entre causa e condição) tudo o que, de qualquer forma, concorre para o evento. O mesmo que equivalência das causas. É a teoria adotada pelo Código Penal brasileiro.
Ex: Para a teoria da equivalência dos antecedentes causais, se uma pessoa mata outra com um martelo, aquele que vendeu a pedra que compõe o martelo, aquele que produziu o martelo, aquele que transportou o martelo, aquele que vendeu o martelo e assim por diante, todos esses seriam causa do resultado criminoso, eis que contribuíram para esse resultado.
Jurisprudência: TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DAS CONDIÇÕES. A doença que se origina de múltiplos fatores não deixa de ser enquadrada como patologia ocupacional se o exercício da atividade laborativa houver contribuído direta, mas não decisivamente, para a sua eclosão ou agravamento, nos termos do dispositivo legal supracitado. Aplica-se para a verificação da concausa a teoria da equivalência das condições, segundo a qual se considera causa, com valoração equivalente, tudo o que concorre para o adoecimento.(Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região TRT-12 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA : RO 0003055-10.2015.5.12.0022 SC 0003055-10.2015.5.12.0022). 
Observa-se que o TJ-SP julgou conforme a definição da Teoria da equivalência das condições.
Questão. Diante do atropelamento e consequente morte de um pedestre, a teoria que considera como causa tanto a imperícia do condutor, como a constituição débil da vítima, a natureza do pavimento sobre o qual a vítima foi projetada, a demora de seu transporte para o hospital, a falta de meios adequados para o seu tratamento, sem a qual o resultado morte não teria ocorrido, é a: 
a)Teoria da causalidade adequada.
b)Teoria da equivalência das condições. (CERTA)
c)Teoria da causalidade imediata. 
d)Teoria dos danos diretos.
Teoria da causalidade adequada
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “A teoria da causalidade adequada fundamenta-se originalmente no juízo de possibilidade ou de probabilidade da relação causal, formulados por Von Bar e Von Kries9. Ela parte do pressuposto de que causa adequada para a produção de um resultado típico (aspecto objetivo) não é somente a causa identificada a partir da teoria da equivalência das condições, mas, sim , aquela que era previsível ex ante, de acordo com os conhecimentos experimentais existentes e as circunstâncias do caso concreto, conhecidas ou cognoscíveis pelo sujeito cuja conduta se valora (aspecto subjetivo). Martínez Escamilla e López Peregrín destacam que essa teoria permitiria excluir do âmbito da responsabilidade penal os cursos causais irregulares e aqueles resultados valorativos insatisfatórios10. Imaginemos, por exemplo, que uma pessoa morra em decorrência de uma ferida leve causada intencionalmente por um terceiro. Sob a perspectiva estritamente causal, não é possível negar o nexo entre a conduta de quem realizou a lesão leve e o resultado morte (embora o aspecto subjetivo afaste essa consequência). Entretanto, por meio da teoria da adequação, seria possível excluir o resultado morte do nexo de imputação quando faltasse para o autor da lesão a previsibilidade objetiva da possibilidade de produção daquele resultado concreto (imaginemos que o autor da lesão dolosa não saiba que a vítima era hemofílica). Essa teoria apresenta, sem embargo, a inconveniência do alto grau de indefinição acerca dos parâmetros valorativos necessários para medir algo como previsível ou imprevisível11. Como veremos mais adiante, com a evolução da dogmática penal, essa teoria passou a ser complementada por outros institutos, como as noções de risco permitido e risco tipicamente relevante. É bem verdade que, no caso da hemofilia, desconhecida pelo agente, estamos diante de uma condição preexistente, pois existia antes da conduta do sujeito, facilitando a ocorrência do resultado.”[footnoteRef:10] [10: BITENCOUT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Parte Geral. 17ª ed. Revista. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2012. P 125.] 
Conforme as palavras de Paulo César Busato: “A teoria diferenciadora reconhecida como a mais importante é a chamada teoria da causalidade adequada, cuja paternidade é atribuída pela doutrina ao médico e estudioso de lógica Johannes von Kries e que, mesmo estando em franco declínio, ainda modernamente conta com importantes defensores. Para essa teoria, causa é o antecedente não apenas necessário como adequado para a produção do resultado. Um comportamento somente poderá ser considerado causa do resultado em sentido jurídico penal se for tendente à provocação do resultado típico. A partir dessa teoria, ficavam excluídas como causa do resultado as ocorrências extraordinárias, fora do normal, ainda que elas estivessem relacionadas com o resultado. A relação de causalidade se estabelecia com base em regras de probabilidade. Somente aquilo que, pelas regras normais da experiência, segundo a análise do julgador, poderia conduzir ao resultado seria considerado causa. Uma de suas principais vantagens em relação à teoria da equivalênciados antecedentes causais é que impediria o regresso ao infinito sem ter que se socorrer da análise do dolo e da culpa, o que serviria, por exemplo, para rechaçar a responsabilidade penal dos ancestrais do criminoso, em face do delito por este cometido, sem necessidade de justificá-lo subjetivamente. Além disso, também permitia negar o caráter de “causa” às condições que imprevisivelmente, e sem culpa do autor, tivessem provocado o resultado mais grave. A teoria da causalidade adequada também recebeu veementes críticas, sendo que uma das principais foi a de que ultrapassa os limites da causalidade para ingressar em seara da responsabilidade penal por valer-se de um aspecto axiológico.”[footnoteRef:11] [11: BUSATO, Paulo César Direito penal: parte geral / Paulo César Busato. – 2. ed. – São Paulo: Atlas, 2015. P 328. ] 
Conforme as palavras de Paulo José da Costa Júnior: “Considera-se a conduta adequada quando é idônea a gerar o efeito. A idoneidade baseia-se na regularidade estatística. Donde se conclui que a conduta adequada (humana	e concreta) funda-se no quod plerumque accidit, excluindo acontecimentos extraordinários, fortuitos, excepcionais, anormais. Não são levadas em conta todas as circunstâncias necessárias, mas somente aquelas que, além de indispensáveis, sejam idôneas à causação	do evento.”[footnoteRef:12] [12: COSTA	JÚNIOR,	Paulo José da. Curso de direito penal – Parte geral, p. 61.] 
Deste modo compreendemos que a Teoria da Causalidade Adequada é a teoria segundo a qual para que um fato seja considerado como causador, no sentido de responsável de outro, é mister não só que realmente haja sido o motivo da verificação do segundo como que normalmente assim suceda.
Ex: Uma ambulância que socorre vítima de tentativa de homicídio e envolve-se em acidente fatal no trajeto ao hospital, o que está consignado no artigo 13, §1º, do Código Penal.
Jurisprudência: TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA.INAPLICABILIDA DE. Culpa aquiliana indemonstrada em nao havendo prova da culpa,nao ha responsabilidade indenizatoria descabida inovacao na esfera recursal da'Teoria da Causalidade Adequada' absolutamente inaplicavel a especie. Desprovimento do recurso, confirmada a sentenca que julgou improcedente o pedido indenizatorio. Para que haja obrigacao de indenizar, tratando-se de culpa STRICTO SENSU (culpa aqui liana), e inafastavel que o agente causador do dano tenha agido por meio de ação ou omissao volunta ria. Negligencia, impericia ou imprudencia: Código Civil, art. 159. De acordo com a narracao dos fatos constantes da peticao inicial, estes nao ocorrem dentro da previsibilidade normal, portanto, inadequados para a producao do dano, afastando a invoca caó da denominda 'Teoria da Causalidade Adequada'. (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJ-RJ - APELACAO : APL 0002419-33.1996.8.19.0000 RJ 0002419-33.1996.8.19.0000).
Observa-se que o TJ-SP julgou conforme a definição da Teoria da causalidade adequada.
Questão. Segundo a teoria da causalidade adequada, quando inúmeras e sucessivas causas contribuem para a produção do evento danoso, todas as concausas são consideras adequadas a produzir esse evento, uma vez que, sem elas, o resultado não teria ocorrido, imputando-se o dever de reparar o dano a todas ou a qualquer das pessoas que o provocaram. 
a)Certo
b) Errado (CERTO)
A causalidade do Código Penal 
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “A doutrina penal moderna sugere que deve ficar a seu cargo a solução dos problemas referentes à relação de causalidade objetiva, recomendando a não inclusão de disposição a respeito dessa matéria no CP. O que a doutrina vem preconizando é a disciplina legislativa da conduta negativa nos crimes omissivos impróprios. É o que ficou decidido na Segunda Reunião da Comissão Redatora do Código Penal Tipo para a América Latina, realizada no México em 196515. Informava Heleno Cláudio Fragoso que “o fundamento da responsabilidade, nesses casos, tem sentido muito diverso do que ocorre nos crimes comissivos, motivo pelo qual os códigos e projetos mais recentes procuram disciplinar expressamente a matéria”16. Isso não significa regulamentação da relação de causalidade entre a omissão e o resultado, mas sim de “dispor sobre a relevância da omissão, ou da equiparação desta à ação”, “de reconhecer o conteúdo normativo desta e disciplinar os seus limites”17. O CP, no art. 13, § 2.º, regulamentando a relação de causalidade normativa nos delitos comissivos por omissão (ou omissivos impróprios) e, assim, adotando a teoria da omissão normativa, determina: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado”. Dessa forma, nos delitos omissivos impróprios só responde pelo resultado quem tinha o dever jurídico de agir, impedindo-o pela ação esperada. Nota-se, contudo, que o caput da disposição, ao estatuir que se considera causa não só a ação como também a omissão, sem a qual não teria ocorrido o resultado, adotou a teoria naturalística ou mecanicista da omissão, em contradição com o § 2.º, que prevê a doutrina normativa. Heleno Cláudio Fragoso já havia notado o mesmo no Anteprojeto do CP de 1969, que, segundo ele, não considerou que a equiparação normativa da omissão à ação não se coaduna com a teoria da condição negativa, que foi acolhida no caput da disposição. Ou a omissão é causa, como condição negativa do resultado, ou só é relevante como causa nas hipóteses em que o agente tem o dever jurídico de impedir o resultado.”[footnoteRef:13] [13: JESUS, Damásio de. Direito Penal Parte Geral. 32ª ed. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 292] 
Conforme as palavras de Francisco de Assis Toledo: “Dentro de uma concepção “jurídica” da ação, que acolhe também o princípio da causalidade, como acima ficou exposto, o correlato “problema causai” (causalidade entre a ação e o resultado), sobre o qual tanto se tem escrito, poderá ser visto de um ângulo igualmente jurídico. Corretamente, a nosso ver, acentua Maurach que a “teoria jurídico-penal da causalidade” (strafrechtliche Kausal- lehre) procura interrogar por um “vínculo de conhecimento” entre a ação do agente e o resultado por ela produzido, o que não se compraz com uma noção puramente filosófica ou científica de causa. Segundo Wessels, o conceito de causalidade jurídico-penal “é um conceito de relação jurídico-social, que conduz a conteúdos ontoló- gicos e normativos, não sendo, portanto, idêntico nem aos conceitos causais das ciências naturais nem aos filosóficos...”. Assim, também, Baumann, para quem o conceito penalístico de causalidade “é um conceito jurídico”. Considere-se o que, entre nós, dispõe o Código Penal, in verbis: “Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável -a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. § 1.° A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. § 2.° A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado”. De um ponto de vista naturalístico, ou científico, não se poderá, obviamente, reputar “causa” da morte de um doente a “omissão” da enfermeira em ministrar-lhe o remédio na hora certa. Nessa hipótese, a necrópsia apontará como causa mortis algum fenômeno relacionado com a própria doença. Não obstante, não violenta o pensamento jurídico nem a lei penal, dizer-se que a omissão da enfermeira pode ser igualmente reputada uma causa do resultadomorte. Note-se que, no exemplo em exame, o direito penal põe entre parên- tesis inúmeros antecedentes físicos do evento morte para, sem desconhecê-los, emprestar especial relevância à violação de um dever por parte da enfermeira. E, com isso, transforma um “nada”, para o mundo físico (a omissão), em algo dotado de relevância jurídico-social diante de um resultado físico (a morte de um ser humano). A esse desfecho conduz a denominada teoria da equivalência, ou da condido, acolhida pelo nosso legislador penal, como consta da Exposição de Motivos do Min. Francisco Campos: “...11. Seguindo o exemplo do Código italiano, o projeto entendeu de formular, no art. 11, um dispositivo geral sobre a imputação física do crime. Apresenta-se, aqui, o problema da causalidade, em torno do qual se multiplicam as teorias. Ao invés de deixar o problema às elucubrações da doutrina, o projeto pronunciou-se expressis verbis, aceitando a advertência de Rocco, ao tempo da construção legislativa do atual Código italiano: ‘...adossare la responsabilità delia resoluzione di problemi gravissimi alia giurisprudenza è, da parte del legislatore, una vegliaccheria intellettuale’ (Lav. prep., IV, 2.°, 117). O projeto adotou a teoria chamada da equivalência dos antecedentes ou da conditio sine qua non. Não distingue entre causa e condição: tudo quanto contribui, in concreto, para o resultado é causa. Ao agente não deixa de ser imputável o resultado, ainda quando, para a produção deste, se tenha aliado à sua ação ou omissão uma con- causa, isto é, uma outra causa preexistente, concomitante ou superveniente. Somente no caso em que se verifique uma interrupção de causalidade, ou seja, quando sobrevêm uma causa que, sem cooperar propriamente com a ação ou omissão, ou representando uma cadeia causai autônoma, produz, por si só, o evento, é que este não poderá ser atribuído ao agente, a quem, em tal caso, apenas será imputado o evento que se tenha verificado por efeito exclusivo da ação ou omissão" 43. Tem-se criticado a teoria da Gnditio sine qua non, atribuindo- se-lhe o perigo de um regresso ao infinito, na cadeia causai. Se “tudo quanto contribui, in concreto, para o resultado é causa”, não se poderá, por exemplo, negar, em um homicídio cometido por meio de um tiro de revólver, que a venda do revólver é igualmente causa desse homicídio; mas a fabricação da arma também o seria, e assim, sempre regredindo, não se chegaria jamais a um fim, na cadeia causai. Se, todavia, aceitarmos a idéia de que, na esfera jurídica, trabalhamos com conceitos jurídicos, ainda quando elaborados sob influência de concepções construídas em outras áreas, não será difícil aceitar a advertência de Baumann, para evitar interpretações errôneas, de que, quando falamos em problemas da causalidade, queremos significar “somente a relação existente entre a ação e o resultado típico” 44. Isso revela, com efeito, que o direito reconstrói a noção de causalidade que lhe é oferecida pelas outras ciências e a amplia ou limita, sem violentar o id quod plerumque accidit, para ajustá-la às suas próprias exigências.”[footnoteRef:14] [14: TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. 5ª. Ed. Vol.1. São Paulo: Saraiva. 1994. P.110-111.
] 
Conforme as palavras de E. Magalhães Noronha: “A ação e a omissão causais. Após o que dissemos, no n. 51, acerca da ação, cremos desnecessárias outras considerações, desde que não tratem de seu caráter de causa. Interessa, contudo, acrescentar que ela há de ser acompanhada do contingente subjetivo. Existente a ação, mas ausente a vontade, como nos estados de inconsciência, não há falar em ação. Igualmente, inexistirá esta, na coação absoluta, quando se pode dizer que ela é do coator, sendo o coagido mero instrumento. Piante do art. 13 do Código, a ação é causa quando sem ela o resultado .não teria ocorrido, ou, em outras palavras, entre a ação e o resultado deve V existir uma relação de causa e efeito. Acerca da omissão, já dissemos também no mesmo parágrafo. Ela é tão | real como a ação, pois é expressão da vontade do omitente, porque é recoI nhecível e verificável no tempo e no espaço, e porque não é um não-ser, porém modo de ser do autor. E, se tem um conteúdo real, não é um nada, mas ' alguma coisa suscetível de determinação e percepção. Como tal, pode dar lugar a um processo causai'. Mas quando a omissão deve ser considerada causa no terreno jurídico? A resposta é que só é causai a omissão quando há o dever de impedir o evento, o dever de agir, O § 2.° do art. 13 cuida da relevância da omissão, estabelecendo as três hipóteses, isto é, quando o agente: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e c) com seu comportamento anterior criou o risco da ocorrência do resultado. O dever de impedir o resultado, de agir, pode advir de uma norma jurídica, de submissão particular do agente a esse dever, ou de comportamento seu que lhe imponha obstar aquele2. O dever proveniente da norma de direito (letra a) pode provir da lei, de mandamento equivalente à lei ou do direito costumeiro. Aí se compreendem, por exemplo, os deveres de proteção e assistência de um para outro cônjuge, dos pais para com os filhos, o que Schõnke classifica como deveres resultantes do vínculo natural entre duas pessoas3. A aceitação particular do dever pelo agente (letra b) pode resultar de relação contratual, função, profissão ou situação análoga, como a do banhista profissional, encarregado de velar pela segurança dos que se banham no * mar, a do guia de alpinistas etc. Quanto ao dever oriundo de comportamento anterior (letra c), o princípio dominante é: quem criou o perigo de um resultado tem a obrigação de impedir que ele se realize, como acontece, v. g., no fato de alguém inscientemente provocar um incêndio; corre-lhe o dever de impedir que se propague. São as situações em que a omissão é causal.”[footnoteRef:15] [15: NORONHA, E. Magalhães Direito penal, volume 1 : introdução e parte geral-38. ed. rev. e atual, São Paulo : Saraiva, 2004. P 117-118. ] 
Deste modo compreendemos que a Causalidade do Código Penal, passa-se à análise da forma como o CP trata a relação de causalidade, em seu art. 13, verbis: "O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido." Ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, nota-se que Código adotou a teoria da equivalência das condições ou conditio sine qua non. Nossa jurisprudência é pacífica nesse sentido. Confiram-se, nesse sentido, recentes acórdãos do E. Superior Tribunal de Justiça, verbis:
Ex: Uma ambulância que socorre vítima de uma tentativa de suicídio e envolve-se em acidente fatal no trajeto ao hospital, o que está consignado no artigo 13, §1º, do Código Penal.
Jurisprudência: ÚRI. PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO FUNDAMENTADA NAS LETRAS "C" E "D" DO DISPOSITIVO LEGAL PERTINENTE, MAS AMPLIADA NAS RAZÕES QUE INVOCAM, TAMBÉM. A LETRA "A". As apelações contra as decisões do Tribunal do Júri são sempre limitadas, não devolvendo ao juízo ad quem o conhecimento pleno da causa decidida pelos Juízes Leigos. Os limites do inconformismo são fixados no momento da interposição do apelo , não podendo a parte amplia-lo depois do qüinqüídeo legal, como no caso. , DECISÃO CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. A) NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A AÇÃO DO ACUSADO E O RESULTADO MORTE. Consoante a regra insculpida no art.13 do CP, segundo a qual " o resultado de que depende a existência do crime, só é imputável a quem lhe deu causa", compreendendo-se como tal "a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”, afigura-se presente no caso dos autos o nexo de causalidade entre a ação criminosa do acusado e o resultado morte decorrente de tal conduta delituosa. B) NÃO-ACOLHIMENTO, PELOS JUÍZES DE FATO, DO LAUDO DO IPF QUE CONCLUI PELA SEMI-IMPUTABILIDADE DO ACUSADO. Segundo estabelece o art.182 do CPP,não está o juiz adstrito as conclusões dos exames periciais, por ser o peritus peritorum. Com efeito, se o Juiz pode repelir o laudo pericial, também podem fazê-lo os jurados, nos crimes de sua competência. C) NÃO-ACOLHIMENTO DA TESE DO HOMICÍDIO PRIVILEGIADO. Para configurar-se a privilegiadora , além da violenta emoção e imediata reação, é necessária a injusta provocação , requisito ausente, na hipótese. D) RECONHECIMENTO DA QUALIFICADORA DO MOTIVO TORPE. A confissão do acusado, afirmando que matou a vítima porque ela se recusou a manter com ele relações sexuais, basta, por si só, para caracterizar dita qualificadora. APELO MINISTERIAL. REGIME INTEGRALMENTE FECHADO. Se o crime foi cometido na vigência da Lei n° 8930/94, que alterou a Lei n°8072/90, catalogando como hediondo o homicídio qualificado, o regime de cumprimento da pena deve ser o integral fechado. Apelo defensivo não conhecido pela letra "a" e improvido pelas letras "c" e "d" do dispositivo legal pertinente. Apelo ministerial provido para modificar-se o regime de cumprimento da pena para o integral fechado. (Apelação-Crime, Nº 699241725, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Eugênio Tedesco, Julgado em: 26-08-1999). Referência legislativa: CP-13. CPP-182. LF-8930 DE 1994. LF-8072 DE 1990. Referência Legislativa: CP-13. CPP-182. LF-8930 DE 1994. LF-8072 DE 1990.
Observa-se que o TJ-SP julgou conforme a definição da Teoria da equivalência das condições, pois é esta a teoria adotada para destacar a causa do processo.
Questão. No tocante à relação de causalidade, prevista no art. 13 do Código Penal, pode-se afirmar que: 
a) a superveniência de causa relativamente dependente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado.
b) a omissão é penalmente relevante quando o omitente não podia e não devia agir para evitar o resultado.
c) a superveniência de causa relativamente independente não exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado.
d) o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. (CERTA)
e) se considera causa somente a ação sem a qual o resultado teria ocorrido.
Limitação da causalidade
“Mas a teoria da equivalência das condições tem a desvantagem de levar ad infinitum a pesquisa do que seja causa: todos os agentes das condições anteriores responderiam pelo crime! Na verdade, se remontarmos todo o processo causal, vamos descobrir que uma série de antecedentes bastante remotos foram condições indispensáveis à ocorrência do resultado. No exemplo clássico do homicida que mata a vítima com um tiro de revólver, evidentemente que sua conduta foi necessária à produção do evento; logo, é causa. Mas o comerciante que lhe vendeu a arma também foi indispensável na ocorrência do evento; então, também é causa. Se remontarmos ainda mais, teríamos de considerar causa a fabricação da arma, e até os pais do criminoso, que o geraram , seriam causadores. Mas essa conclusão, evidentemente, se tornaria inconciliável com os propósitos do Direito Penal. Em vista disso, procura-se limitar o alcance dessa teoria, utilizando-se outros critérios que permitam identificar, entre as contribuições causais do resultado, aquelas que sejam , desde uma perspectiva normativa, relevantes para a proteção do bem jurídico6. Esses critérios poderão ser estabelecidos de distintas formas: a) por institutos do estudo dogmático-penal, como, por exemplo, os elementos subjetivos do tipo, com o objetivo de aferir se havia pelo menos previsibilidade de que a conduta realizada poderia produzir um resultado típico; b) por considerações valorativas acerca da causalidade, como, por exemplo, as concausas absolutamente independentes, ou a superveniência de causas relativamente independentes que, por si sós, produzem o resultado, como veremos a seguir; c) ou por postulados das teorias da imputação objetiva, que serão analisados mais adiante. Em qualquer caso, a concepção puramente naturalística funcionará — e não se pode ignorar esse aspecto — como limite mínimo do nexo causal, e não como critério definitivo de imputação jurídica. Assim , a exclusão da causalidade física impedirá o posterior reconhecimento de um vínculo de imputação normativo.”[footnoteRef:16] [16: BITENCOUT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Parte Geral. 17ª ed. Revista. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2012. P 121.] 
“No Brasil a referência normativa desse modelo está no art. 13 do Código Penal, que oferece apenas critérios mínimos para imputação do tipo objetivo. A única baliza legal é o paradigma da causalidade que carece de critérios concretos, uma vez que a única limitação é a da causa relativamente independente que apenas exclui a imputação "quando, por si só, produziu o resultado". Daí conclui-se que há um problema de aplicabilidade do dispositivo legal, que depende da construção de critérios limitadores pela jurisprudência. Com o objetivo de fomentar o debate público de forma que, nos termos propostos por Klaus Günther, esses critérios sejam questionados, deliberados publicamente e, se for o caso, reconstruídos, foi realizada uma pesquisa em 2009 que deu origem ao Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Direito de São Paulo, na Fundação Getulio Vargas, sob orientação da professora. Dra. Marta Rodriguez de Assis Machado, que será relatada neste artigo.”[footnoteRef:17] [17: Disponível em : https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1808-24322011000100010&script=sci_arttext , acesso em 09/06/2020, às 22:40. ] 
Deste modo compreendemos que o nexo de causalidade necessita de limites. Vária teorias pretendem esse papel. Não fossem elas, poder-se-ia conduzir a cadeia causal de maneira infinita e absurda. No âmbito penal, aplica-se a teoria da equivalência das condições, expressamente prevista no art. 13 do Código Penal. Já na esfera cível, em que não há disposição expressa acolhendo uma ou outra doutrina, admite-se que a teoria prevalente é a da causalidade adequada, em que pese a existência de posicionamentos em sentido contrário. A teoria da equivalência das condições considera causa qualquer evento sem o qual o dano não teria ocorrido.Seu espectro é bem amplo. É o que se infere do art. 13 do Código Penal, cuja redação é a seguinte: “Art. 13: o resultado, de que depende a existência do crime, só é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. Não há distinção entre causa (aquilo de que uma coisa depende quanto à existência) e condição (o que permite à causa produzir seus efeitos negativos ou positivos). Se várias causas e condições concorreram para idêntico resultado, todas elas conservam igual valor e relevância, não se indagando qual delas foi mais ou menos eficaz, mais ou menos adequada. Gustavo Tepedino aponta que o inconveniente dessa doutrina está no fato de que amplia demasiadamente as hipóteses de responsabilização. É por isso que na esfera penal foram elaborados alguns limitadores da cadeia causal para se evitar o alcance, como já dito, do infinito. A priori, como no Direito Penal não se admite a responsabilidade objetiva (sem o elemento anímico do agente) não há de se falar em responsabilização sem dolo ou culpa, elementos que se impõem e limitam a corrente causal. Em seguida, outro limitador da teoria da equivalência das condições, aduz que a conduta que interessa ao Direito Penal tem de estar tipificada na legislação penal, sob pena de não haver crime e, portanto, não há de se falar em nexo de causalidade e em responsabilização penal. É importante salientar ainda que, toda vez que ocorrer uma causa relativamente independente, que, por si só, provocar o resultado, o nexo causal se romperá, e o agente ensejador da causa primária, será responsável somente pelos atos anteriores por ele praticados. O exemplo clássico desta hipóstese é aquele referente ao crime de lesões corporais em que a vítima é transportada ao hospital em uma ambulância, a qual vem a colidir com outro veículo durante o trajeto. Com a colisão, a vítima cai, fatoque lhe causa a morte. Trata-se de causa relativamente independente que, por si só, produziu o resultado morte. O agente primitivio responderá somente pelo crime de lesões corporais. Contudo, quando a causa superveniente, por si só não der causa ao resultado, não rompe o nexo causal. Seria, por exemplo, o caso de a vítima ser levada ao hospital e falecer em decorrência de infecção hospitalar. O agente será responsabilizado pelo evento morte. A teoria da conditio sine qua non (equivalência das condições), com os limitadores supramencionados, é aplicada no âmbito penal, conforme já referido. Porém, a sua transposição pura e simples para o âmbito do direito civil, em especial para o plano da responsabilidade civil objetiva, conduziria a exageros. Isso porque, elevando ao patamar de causa toda e qualquer condição, permitiria a responsabilização solidária de todos os participantes na causação de um dano, ainda que sua participação tenha sido mínima ou quase inexpressiva, pois não há o limite do elemento da culpa. Em razão disso, desenvolveram-se outras teorias que atenuaram a amplitude da teoria da conditio sine qua non, como veremos a seguir.
Ex: Os ancestrais de uma pessoa que tenha cometido um determinado crime, nessa linha de raciocínio, poderiam também ser acusados do mesmo delito porque, se não fosse o relacionamento amoroso havido entre eles, o agente não teria nascido e o fato delituoso não teria se dado. Daí a necessidade de as teorias jurídicas elaboradas no campo da responsabilidade civil restringirem as condutas hábeis a provocar a responsabilização de seu agente.
Jurisprudência: RECURSO INOMINADO. DETRAN. PRETENSÃO DE NULIDADE DO PSDD. AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADES. SENTENÇA MANTIDA. Conforme cópia do PCDD e demais documentos acostados pelo requerido, não há qualquer irregularidade na tramitação do mesmo, pelo que não há que ser declarado nulo, tal como requer a parte autora. Além disso, não há qualquer vício que motive anulação do processo administrativo. Atenta-se que, diversamente do que afirma a parte autora, o PACDD n.º 2016/1215505-7 foi instaturado em razão de o autor ter conduzido com seu direito de dirigir suspenso em 09/12/2015, autuado pelo DETRAN/RS de Porto Alegre-RS, que gerou o AIT n.º 121100/D002541436. Logo, a penalidade de cassação do seu direito de dirigir decorreu da prática de infração de trânsito ocorrida em oportunidade diversa daquela indicada na inicial. A alegação do autor no sentido de que conduziu o automotor em via rural e não em rodovia, não o isenta das sanções administrativas cabíveis. ocorrência de abalo moral passível de indenização, se limitando a descrever os fatos e a afirmar a ocorrência de danos. Assim, considerando a inexistência de nexo de causalidade entre a conduta da ré e os danos sofridos pelo autor, não há falar em dever de indenizar. Assim, na forma do artigo 46 da Lei nº 9.099/95 e em atenção aos critérios de celeridade, simplicidade, informalidade e economia processual elencados no artigo 2º da mesma lei, confirma-se a sentença em segunda instância, constando apenas da ata, com fundamentação sucinta e dispositivo, servindo de acórdão a súmula do julgamento. RECURSO INOMINADO DESPROVIDO. UNÂNIME.(Recurso Cível, Nº 71009225368, Segunda Turma Recursal da Fazenda Pública, Turmas Recursais, Relator: Mauro Caum Gonçalves, Julgado em: 29-05-2020)
Observa-se que o TJ-SP julgou conforme a limitação da causalidade da ação.
Questão. Não consegui fazer. 
Concausas
Conforme as palavras de Fernando Capez: [footnoteRef:18]“Tendo nosso CP adotado a teoria da equivalência dos antecedentes, não tem o menor sentido tentar estabelecer qualquer diferença entre causa, concausa, ocasião ou condição. Qualquer conduta que, de algum modo, ainda que minimamente, tiver contribuído para a eclosão do resultado deve ser considerada sua causa. Aplicando-se, assim, o critério da eliminação hipotética, se, desaparecido um fato, o resultado também desaparecer, aquele deverá ser considerado como causa deste. As concausas são, no entanto, aquelas causas distintas da conduta principal, que atuam ao seu lado, contribuindo para a produção do resultado. Podem ser anteriores, concomitantes ou posteriores à ação e concorrem com esta para o evento naturalístico.” [18: CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 15ª. Ed. vol.1.São Paulo: Saraiva. 2011. P. 186.] 
Conforme as palavras de Damásio de Jesus:[footnoteRef:19] “O CP não admite a concausa, que é a condição que concorre para a produção do resultado com preponderância sobre a conduta do sujeito. O Código de 1890 atribuía privilégio ao homicídio doloso concausal, reduzindo a pena quando, para a produção do evento morte, tivessem concorrido condições personalíssimas da vítima ou inobservância, por parte desta, do regime médico-higiênico reclamado pelo seu estado3. As concausas eram preexistentes ou supervenientes. As condições personalíssimas do ofendido eram concausas preexistentes. As supervenientes decorriam da inobservância, por parte da vítima, do regime médico e higiênico indispensável a seu estado. Provada uma concausa, a pena do homicídio era atenuada. O art. 295, caput, considerava mortal não só a lesão que por si mesma fosse a causa da morte do ofendido — causa eficiente da morte por sua natureza e sede — como aquela que, associada à constituição do indivíduo ou ao seu estado mórbido, produzisse a morte4. Do confronto do caput e do § 1.º do art. 295 surgiram dúvidas sobre se o legislador tinha ou não desejado estabelecer diferença entre constituição ou estado mórbido anterior e o que denominou condições personalíssimas. Para alguns, eram diferentes, sendo que como condições personalíssimas se entendiam os estados transitórios em que se encontrava o ofendido no instante da produção da lesão, como a cólera excessiva, a embriaguez aguda, o estômago sobrecarregado de alimentos etc. Para outros, eram a mesma coisa, porque é justamente o estado mórbido que acarreta a condição personalíssima5.” [19: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol.1. São Paulo: Saraiva. 2011. P. 289 e 290.] 
Conforme as palavras de Antonio José Miguel Feu Rosa:[footnoteRef:20] “Define Baliseu Garcia que a concausa “é um elemento causal a concorrer com outro, de modo a determinarem, em influência conexa, o resultado”. A concausa mantém o nexo causal. Seria como que a intromissão de um outro fator, naquela já desencadeado pelo agente, alterando o resultado. Sebastián Soler diz que é o “fenômeno que, ao atuar conjuntamente com a ação do sujeito, leva a consequências que não correspondem ao curso normal ordinário dos processos desse tipo” [20: ROSA, Antonio Jose Miguel Feu. Direito Penal: Parte Geral. P. 292.] 
Observa-se que concausa é um elemento causal, a concausa de divide em preexistentes, concomitantes, supervenientes, concausa relativamente independente, concausa absolutamente independente, e entre outras. Formando um conjunto, que são capazes de produzir o resultado.
Exemplo esclarecedor: 
Conforme o exemplo de Antonio José Miguel Feu Rosa:[footnoteRef:21] “Exemplos: 1) a vítima de atropelamento, devido à idade, ocorre em consequência de aneurisma e complicações pulmonares comuns em pessoas idosas, quando se vêm obrigadas à imobilização e a permanecerem muito tempo deitadas; 2) “A” agride “B”, que vem a falecer em consequência de pneumonia contraída no hospital, pela imobilidade em que a mesma se encontrava; 3) “A” dá um tiro em “B”, atingindo-o em região não perigosa, mas “B” morre em consequência de um ataque cardíaco. Nos exemplos 1 e 2 restou tipificando o homicídio (doloso ou culposo), de acordo com as circunstâncias a serem examinadas. Já no número 3, ficará dependendo de se averiguar se “A” sabia que “B” era cardíaco. Na hipótese de ter conhecimento prévio dessa particularidade, o crime é homicídio. Do contrário responde por tentativa.” [21: ROSA, Antonio Jose Miguel Feu. Direito Penal: Parte Geral. P. 292.] 
Exemplo da nossa Jurisprudência:
PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO.PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO. HABEAS CORPUS. LEGITIMIDADE DO MP. SÚMULA 7/STJ. NÃO INCIDÊNCIA. DOLO EVENTUAL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. INFECÇÃO HOSPITALAR. CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE SUPERVENIENTE. AGRAVO DESPROVIDO. 1. "Ainda que a instância de origem não tenha feito menção expressa aos dispositivos de lei tidos por violados no apelo nobre, é certo que o objeto do recurso foi devidamente deliberado no acórdão recorrido, circunstância que indica a devolutividade da matéria a esta Corte Superior de Justiça, tendo em vista a ampla admissão do chamado prequestionamento implícito." (EDcl nos EDcl no REsp 1.457.131/PE, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 22/11/2016, DJe 30/11/2016). 2. "O Ministério Público, como titular da ação penal, tem legitimidade para interpor recurso especial de acórdão concessivo de habeas corpus que implique trancamento de ação penal." (AgRg no REsp 1.509.144/PE, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 20/10/2015, DJe 27/10/2015). 3. A mera revaloração de provas não encontra óbice na Súmula n. 7/STJ. 4. Nos termos do art. 13, § 1º, do CP, para que a causa relativamente independente superveniente exclua a imputação penal, é necessário que ela, por si só, tenha produzido o resultado. Impossibilidade de trancamento da ação penal, ante a necessidade de instrução processual. 5. Agravo regimental desprovido.
(STJ - AgRg no REsp: 1678232 SE 2017/0147828-4, Relator: Ministro RIBEIRO DANTAS, Data de Julgamento: 24/10/2017, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 31/10/2017)
Observamos que no julgado, foi afastada a concausa, isto porque se definiu que a infecção hospitalar não ocasionou, por si só, a morte, ou seja, não houve rompimento do nexo causal da primeira ação, que foi considerada única e derradeira para a ocorrência do fato. Foi a causa determinante do homicídio. 
Questão:
As concausas são divididas em três partes, são elas:
a) Preexistente, superveniente e omissivas ( )
b) Supervenientes, concomitantes e comissivas ( )
c) Preexistentes, concomitantes e omissivas ( )
d) Preexistentes, concomitantes e supervenientes (x)
e) Nenhuma das alternativas ( )
Concausa absolutamente independentes:
Conforme as palavras de Fernando Capez: [footnoteRef:22]“não se origina da conduta e comporta-se como se por si só tivesse produzido o resultado, não sendo uma decorrência normal e esperada. Não tem, portanto, nenhuma relação com a conduta;” (...) “são aquelas que têm origem totalmente diversa da conduta. O advérbio de intensidade “absolutamente” serve para designar que a causa não partiu da conduta, mas de fonte totalmente distinta. Além disso, por serem independentes, tais causas atuam 188 como se tivessem por si sós produzido o resultado, situando-se fora da linha de desdobramento causal da conduta. Espécies de causas absolutamente independentes a) Preexistentes: existem antes de a conduta ser praticada e atuam independentemente de seu cometimento, de maneira que com ou sem a ação o resultado ocorreria do mesmo jeito. Exemplo: o genro atira em sua sogra, mas ela não morre em consequência dos tiros, e sim de um envenenamento anterior provocado pela nora, por ocasião do café matinal. O envenenamento não possui relação com os disparos, sendo diversa a sua origem. Além disso, produziu por si só o resultado, já que a causa mortis foi a intoxicação aguda provocada pelo veneno e não a hemorragia interna traumática produzida pelos disparos. Por ser anterior à conduta, denomina-se preexistente. Assim, é independente porque produziu por si só o resultado; é absolutamente independente porque não derivou da conduta; e é preexistente porque atuou antes desta. b) Concomitantes: não têm qualquer relação com a conduta e produzem o resultado independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que a ação é realizada. Exemplo: no exato momento em que o genro está inoculando veneno letal na artéria da sogra, dois assaltantes entram na residência e efetuam disparos contra a velhinha, matando-a instantaneamente. Essa conduta tem origem totalmente diversa da do genro desalmado, estando inteiramente desvinculada de sua linha de desdobramento causal. É independente porque por si só produziu o resultado; é absolutamente independente porque teve origem diversa da conduta; e é concomitante porque, por uma dessas trágicas coincidências do destino, atuou ao mesmo tempo da conduta. c) Supervenientes: atuam após a conduta. Exemplo: após o genro ter envenenado sua sogra, antes de o veneno produzir efeitos, um maníaco invade a casa e mata a indesejável senhora a facadas. O fato posterior não tem qualquer relação com a conduta do rapaz. É independente porque produziu por si só o resultado; é absolutamente independente porque a facada não guarda nenhuma relação com o envenenamento; e é superveniente porque atuou após a conduta. Consequências das causas absolutamente independentes: rompem totalmente o nexo causal, e o agente só responde pelos atos até então praticados. Em nenhum dos três exemplos o genro deu causa à morte de sua sogra; logo, se não a provocou, não pode ser responsabilizado por homicídio consumado. Responderá apenas por tentativa de homicídio, com a qualificadora do veneno ou não, conforme a hipótese.” [22: CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 15ª. Ed. vol.1. São Paulo: Saraiva. 2011. P. 187 e 188.] 
Conforme as palavras de Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo:[footnoteRef:23] “causas absolutamente independentes Nas três hipóteses abaixo, a conduta do agente não possui relação com o resultado. Este é produzido exclusivamente por outra causa. 4.1.1. Causa preexistente absolutamente independente em relação à conduta do agente (CP, art. 13, caput) A causa que produz o resultado existia antes da conduta do agente. Exemplo: o agente 'A'fere a vítima 'B', que vem a morrer exclusivamente pelos efeitos do veneno que havia ingerido antes da conduta. Não há nenhuma relação da conduta do agente com a morte da vítima. No entanto, a conduta do agente tem relevância penal. Se a intenção de 'A' era matar, responderá por tentativa de homicídio (art. 121 c/c art. 14, li). Se a sua intenção fosse apenas de causar ofensa à integridade física, responderá por lesões corporais (art. 129). Causa concomitante absolutamente independente em relação à conduta do agente (CP, art. 13, caput) A causa que produziu o resultado surge no mesmo instante da conduta do agente. Exemplo: 'K fere 'B' no mesmo momento em que este vem a falecer exclusivamente pelo disparo de arma de 'C', que, por sua vez, desconhecia a conduta de 'K. O agente 'A' não responderá pelo resultado morte. 'K responderá por tentativa de homicídio ou lesão corporal, dependendo da intenção. 4.1.3. Causa superveniente absolutamente independente em relação à conduta do agente (CP, art. 13, caput) A causa que produziu o resultado surge posteriormente à conduta do agente. Exemplo: 'K, com a intenção de matar, ministra veneno na refeição de 'B'. Entretanto, antes de o veneno produzir o efeito letal, 'B' vem a morrer exclusivamente de um colapso cardíaco. 'A' respon~ derá por tentativa de homicídio (art. 121 c/c art. 14, 11).” [23: SALIM, Alexandre e AZEVEDO, Marcelo André de. Direito Penal: Parte Geral. 7ª. Ed. Salvador: Juspodivm. 2017. P. 183 e 184.] 
Conforme as palavras de Damásio de Jesus:[footnoteRef:24] “Quando a causa é absolutamente independente da conduta do sujeito, o problema é resolvido pelo caput do art. 13: há exclusão da causalidade decorrente da conduta. Nos exemplos, a causa da morte não tem ligação alguma com o comportamento do agente. Em face disso, ele não responde pelo resultado morte, mas sim pelos atos praticados antes de sua produção. Se a causa, preexistente, concomitante ou superveniente, produz por si mesma o resultado, não se ligando de forma alguma com a conduta, em relação ao evento ela é uma não causa.” [24: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol.1. São Paulo: Saraiva. 2011. P. 294.] 
Observa-se que a concausa absolutamentese divide em concausa preexistente, concomitante e superveniente. A concausa absolutamente independente, não se origina do comportamento (conduta).
Exemplo esclarecedor: 
Conforme o exemplo de Damásio de Jesus:[footnoteRef:25] “A fere mortalmente o barqueiro B, mas este antes que sobrevenha a morte em consequência do ferimento, perece afogado, porque um tufão fez soçobrar o barco”. Em face do antigo art. 11, caput, que corresponde ao atual art. 13, caput, dizia: “É claro que a A não pode ser imputada a morte de B, pois, ainda que suposta inexistente a sua ação, tal resultado teria igualmente ocorrido”.” [25: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol.1. São Paulo: Saraiva. 2011. P. 294 e 295.] 
Exemplo da nossa Jurisprudência:
CRIME DE TRÂNSITO - Alegação de ausência de relação de causalidade entre o acidente de trânsito e a morte da vítima - Descabimento -Laudo de exame necroscópico que atestou que a morte da vítima decorreu de broncopneumonia no decurso do tratamento das lesões traumáticas geradas pelo acidente provocado pelo réu -Apelante que não comprovou que o êxito letal deveu-se a causa absolutamente independente -Suficiência da conclusão pericial.Homicídio culposo - Condenação confirmada quanto ao mérito, adotados os fundamentos da sentença, nos termos do art. 252, do R. I.Apelo desprovido.
(TJ-SP - APL: 990080817906 SP, Relator: Ericson Maranho, Data de Julgamento: 29/07/2010, 6ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 12/08/2010)
Observamos que o TJ-SP analisou o caso e o relator negou provimento ao caso, pois o laudo necroscópico, mostrou a materialidade do delito, o apelante demonstrou a causa independente, que teria levado ao agravo de estado de saúde da vítima. A vítima morreu de broncopneumonia, quando estava internada no hospital, para se recuperar das lesões causadas do acidente. 
Questão:
As concausas absolutamente independentes são divididas em três partes, preexistentes (antes), concomitantes (durante), e superveniente (depois). 
Analise a questão e assinale a alternativa que melhor se encaixa: 
Pedro, faz um almoço na sua casa e convida seus supostos “amigos”, depois do almoço, ele ofereceu uma xícara de café, por um descuido ele deixa seu café em cima da mesa e João coloca veneno no café de Pedro, duas horas depois o veneno começa a fazer efeito, e Carlos com a mesma intenção de Pedro, dá um tiro no mesmo, que acaba falecendo. Horas depois a equipe de perícia foi até o local e fizeram o exame de necroscópico, que constou que Pedro morreu, por causa do veneno. Neste conexto pode-se afirmar que a conduta de Carlos em relação a envenenamento foi:
a) Concausa absolutamente independente preexistente ( )
b) Concausa absolutamente independente superveniente (x)
c) Concausa absolutamente independente concomitante ( )
d) Consausa relativamente independente ( )
e) Nenhuma das alternativas ( )
Concausas relativamente independentes
Conforme as palavras de Fernando Capez:[footnoteRef:26] “: origina-se da conduta e comporta-se como se por si só tivesse produzido o resultado, não sendo uma decorrência normal e esperada. Tem relação com a conduta apenas porque dela se originou, mas é independente, uma vez que atua como se por si só tivesse produzido o resultado.” (...) “como são causas independentes, produzem por si sós o resultado, não se situando dentro da linha de desdobramento causal da conduta. Por serem, no entanto, apenas relativamente independentes, encontram sua origem na própria conduta praticada pelo agente. Espécies a) Preexistentes: atuam antes da conduta. “A” desfere um golpe de faca na vítima, que é hemofílica e vem a morrer em face da conduta, somada à contribuição de seu peculiar estado fisiológico. No caso, o golpe isoladamente seria insuficiente para produzir o resultado fatal, de modo que a hemofilia atuou de forma independente, produzindo por si só o resultado. O processo patológico, contudo, só foi detonado a partir da conduta, razão pela qual sua independência é apenas relativa. Como se trata de causa que já existia antes da agressão, denomina-se preexistente. b) Concomitantes: “A” atira na vítima, que, assustada, sofre um ataque cardíaco e morre. O tiro provocou o susto e, indiretamente, a morte. A causa do óbito foi a parada cardíaca e não a hemorragia traumática provocada pelo disparo. Trata-se de causa que por si só produziu o resultado (indepen dente), mas que se originou a partir da conduta (relativamente), tendo atuado ao mesmo tempo desta (concomitante). c) Supervenientes: a vítima de um atentado é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo, por esse motivo, a falecer. A causa é independente, porque a morte foi provocada pelo acidente e não pelo atentado, mas essa independência é relativa, já que, se não fosse o ataque, a vítima não estaria na ambulância acidentada e não morreria. Tendo atuado posteriormente à conduta, denomina-se causa superveniente. Outros exemplos, colhidos na jurisprudência: a morte da vítima que, em resultado do choque do ônibus com um poste de iluminação, sai ilesa do veículo e recebe uma descarga elétrica, que lhe causa a morte; o falecimento da vítima em decorrência de cirurgia facial, que não tinha por objetivo afastar perigo de vida provocado pela lesão, mas tão só corrigir o defeito por esta causado; a morte da vítima ao descer do veículo em movimento, embora tivesse o motorista aberto a porta antes do ponto de desembarque. Nessas hipóteses, as causas geradoras do resultado somente atuaram devido à conduta anterior, sem a qual não existiriam. Originaram-se, assim, daquele comportamento. Entretanto, atuaram de modo inesperado, inusitado, como se por si mesmas tivessem produzido o resultado, pois a morte não é decorrência normal de quem desce de um veículo em movimento ou 190 de quem se submete a uma cirurgia plástica, apenas para lembrar alguns dos exemplos acima citados. Por essa razão, são causas independentes, embora relativamente independentes (originam-se da conduta, mas atuam de modo independente). A consequência dessas causas, se fôssemos aplicar a teoria adotada como regra pelo Código Penal (equivalência dos antecedentes), seria a manutenção do nexo causal. Ora, experimentemos aplicar o critério da eliminação hipotética: sem a conduta não existiria a causa superveniente, que dela se originou, logo, não haveria o resultado; a conduta é, por conseguinte, causa desse resultado, não tendo que se falar em eliminação do nexo causal. O sujeito que feriu a vítima com um soco foi um dos que causaram sua morte no acidente com a ambulância, pois sem aquele ela não estaria no veículo. Seu soco, portanto, pela teoria da equivalência dos antecedentes, provocou a morte do ofendido. No caso das causas supervenientes relativamente independentes, contudo, o legislador adotou outra teoria, como exceção, qual seja, a da condicionalidade adequada, pois o art. 13, § 1º, determina a ruptura do nexo causal183. Assim, embora pela regra geral a conduta seja causa, por opção do legislador, fica rompido o nexo de causalidade, pois, isoladamente, ela não teria idoneidade para produzir o resultado. Como resultado dessa teoria, no exemplo que acabamos de ver, o agressor deixa de ser considerado causador da morte da vítima na ambulância. Convém lembrar, porém, que isso é uma exceção que só se aplica às causas supervenientes relativamente independentes; o § 1º do art. 13 do CP é bastante claro ao limitar o seu alcance a elas. Nos demais casos de independência relativa (causas anteriores e concomitantes) fica mantido o nexo causal, aplicando-se a regra geral da equivalência dos antecedentes.” [26: CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 15ª. Ed. vol.1. São Paulo: Saraiva. 2011. P. 187, 189 e 190.] 
Conforme as palavras de Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo:[footnoteRef:27] “Duas causas interligadas produzem o resultado (uma causa não produzida pelo agente + a conduta deste). A causa relativamente independente encontra-se na mesma linha de desdobramento natural da conduta. Muito emboraaliado à outra causa, o agente contribui (com sua conduta) para a causação do resultado, de forma que este lhe será imputado, salvo na hipótese do art. 13, § l', do CP.” [27: SALIM, Alexandre e AZEVEDO, Marcelo André de. Direito Penal: Parte Geral. 7ª. Ed. Salvador: Juspodivm. 2017. P. 184.] 
Conforme as palavras de Francisco Assis de Toledo: [footnoteRef:28]“Cuida o Código, no § 1.° do art. 13, da causa superveniente, relativamente independente, que “por si só” produz o resultado. Nessa hipótese o agente responde pelos fatos anteriores ao início do novo curso causai.” [28: TOLEDO, Francisco Assis de. Princípios Básicos de Direito Penal. 5ª. Ed. São Paulo: Saraiva. 1994. P. 115.] 
Observa-se que a concausa relativamente independente, produzem por si só o resultado. Origina-se da conduta e do resultado produzido. A concausa relativamente independente, também se divide em preexistentes, concomitante e superveniente. 
Exemplo esclarecedor: 
Conforme o exemplo de Francisco Assis de Toledo:[footnoteRef:29] “Tício, ferido mortalmente por Mévio, é levado ao hospital onde morre por efeito de substância tóxica ministrada por engano pela enfermeira. A nova causa que “por si só” provocou a morte, considerando-se que sem a ação de Tício não teria sido Mévio levado ao hospital, ensejando o erro da enfermeira, é relativamente independente, mas instaurou um novo curso causai, em substituição ao primeiro, acarretando a morte por sua exclusiva atuação. Tício responde por tentativa de homicídio, não por homicídio consumado.” [29: TOLEDO, Francisco Assis de. Princípios Básicos de Direito Penal. 5ª. Ed. São Paulo: Saraiva. 1994. P. 115] 
Jurisprudência: PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. 1.
TRIBUNAL DO JÚRI. OFENSA AO ART. 482, P. ÚNICO, DO CPP. NÃO OCORRÊNCIA. QUESITAÇÃO QUANTO AO NEXO CAUSAL. CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE. RELEVÂNCIA APENAS SE, POR SI SÓ, CAUSAR O RESULTADO.
ART. 13, § 1º, DO CP. 2. VIOLAÇÃO DO ART. 497, III, DO CPP.
INTERVENÇÃO INDEVIDA DO JUIZ. NÃO VERIFICAÇÃO. MERO ESCLARECIMENTO.
3. OFENSA AO ART. 387, § 2º, DO CPP. NÃO OCORRÊNCIA. PEDIDO DE PROGRESSÃO DE REGIME. IMPROPRIEDADE. 4. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. Júri. Quesitação. - A defesa reconheceu os fatos, mas sustentou que a morte da vítima decorreu de causa relativamente independente, que, por si só, produziu o resultado.
- O quesito referente ao nexo causal (3. Os ferimentos acima descritos causaram a morte da vítima?) não excluiu a tese defensiva, uma vez que a resposta negativa a este quesito já revelaria o acolhimento da tese de ausência de nexo causal, quer por causa absolutamente independente, quer por causa relativamente independente, que, por si só, tenha produzido o resultado. Lado outro, a resposta positiva, conforme se verificou na hipótese dos autos, denota que os ferimentos provocados pelo agravante foram causa do resultado morte. Assim, mesmo que se considere haver causa superveniente relativamente independente, esta não foi apta a romper o nexo causal, sendo desnecessária, dessarte, sua quesitação, na presente situação. Não se verifica, portanto, ofensa ao art. 482, p.
único, do CPP, porquanto o quesito questionado foi redigido em proposição simples, de modo claro, abrangendo efetivamente a tese defensiva, a qual se referia à ausência de nexo causal entre o resultado morte e o disparo de arma de fogo, em virtude da superveniência de causa relativamente independente (insuficiência respiratória), a qual, por si só, teria produzido o resultado. Tese afastada com a resposta afirmativa ao quesito "3". - Doutrina e Precedentes.
2. Atuação Judicial. Esclarecimento aos jurados. Imparcialidade.
- Conforme corretamente esclarecido pela Corte local, não houve "intervenção do magistrado em favor da acusação, tampouco quebra de neutralidade ou influência na decisão dos jurados", mas apenas "uma intervenção, a requerimento da parte, apontando qual documento seria hábil a indicar o nexo de causalidade, nos termos das redações dos quesitos", haja vista o quesito "3" fazer referência aos "ferimentos acima descritos", os quais dizem respeito ao quesito "1", em que consta "os ferimentos descritos no laudo de fls. 272/273 e esclarecimentos de fls. 469/470".
3. Detração e Progressão - Como é de conhecimento, "o § 2º do art.
387 do Código de Processo Penal - CPP, acrescentado pela Lei n.
12.736/2012, determina que o tempo de segregação cautelar deve ser considerado na pena imposta, para o estabelecimento do regime prisional fixado pela sentença condenatória, não se confundindo com o instituto da progressão de regime, próprio da execução penal".
(AgRg no HC n. 498.570/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, Quinta Turma, julgado em 6/6/2019, DJe 21/6/2019).
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 1809059/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 05/09/2019, DJe 16/09/2019)
Observamos que o STJ negou provimento ao recurso, pois a defesa não achou uma tese para sustentar a causa relativamente independente. 
Questão:
“A” atira na vítima, que, assustada, sofre um ataque cardíaco e morre. O tiro provocou o susto e, indiretamente, a morte. A causa do óbito foi a parada cardíaca e não a hemorragia traumática provocada pelo disparo.
Assinale a alternativa correta: 
a) Concausa absolutamente independente concomitante ( )
b) Concausa relativamente independente concomitante (x)
c) Concausa relativamente independente preexistente ( )
d) Concausa absolutamente independente preexistente ( )
e) Nenhuma das alternativas ( )
Complicações cirúrgicas e infecção hospitalar
Conforme as palavras de Fernando Capez: [footnoteRef:30]“se a causa superveniente está na linha do desdobramento físico ou anátomo-patológico da ação, o resultado é atribuído ao agente. Trata-se de causa dependente. Exemplos colhidos na jurisprudência: choque anestésico por excesso de éter ou imprudência dos médicos operadores; parada cardiorrespiratória durante cirurgia ortopédica a que se submeteu a vítima para reparação de fratura decorrente de atropelamento; broncopneumonia em virtude de internação em decorrência de lesões sofridas pela vítima. Em tais hipóteses, ao autor é atribuído o resultado final (morte), já que a segunda causa guarda relação com a primeira, num desdobramento causal obrigatório. Inserem-se, assim, dentro da linha de desdobramento causal da conduta, classificando-se como causas dependentes desta. Não rompem, portanto, o nexo causal, e o agente responderá pelo resultado se o tiver causado por dolo ou culpa. Tratando-se, contudo, de causa inesperada e inusitada, fato que somente as peculiaridades de cada caso concreto podem ditar, ficará rompido o nexo causal, passando a concausa a ser considerada superveniente relativamente independente.” [30: CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 15ª. Ed. vol.1. São Paulo: Saraiva. 2011. P. 191.] 
Conforme as palavras do site books,google.com.br: [footnoteRef:31]“nos casos de infecção hospitalar e complicações cirúrgicas, doutrina e jurisprudência, calcadas na teoria da causalidade simples adotada pelo CP, entendem que o agente responde pelo resultado (por crime consumado), pois tais fatos estão na linha de desdobramento físico da conduta do agente. Ex.: A desfere um soco no olho de B, que é levado ao hospital e morre em razão de infecção hospitalar ou complicação cirúrgica.” [31: Disponível em https://books.google.com.br/books?id=JYVnDwAAQBAJ&pg=PT76&lpg=PT76&dq=complica%C3%A7%C3%B5es+cirurgicas+e+infec%C3%A7%C3%A3o+hospitalar+nexo+causal+penal&source=bl&ots=4Dc3OGMZVy&sig=ACfU3U0piaRVsIzL_zYGzt0c0-QlTZBd-Q&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwjI7e2w4sXpAhXPGLkGHbCmBjMQ6AEwBXoECAsQAQ#v=onepage&q=complica%C3%A7%C3%B5es%20cirurgicas%20e%20infec%C3%A7%C3%A3o%20hospitalar%20nexo%20causal%20penal&f=false, acesso em: 21/05/2020] 
Conforme as palavras do site passeidireto.com:[footnoteRef:32] “Complicações cirúrgicas e infecção hospitalar: se a causa superveniente está na linha do desdobramento físico ou anátomo-patalógico

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