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Unidade 06

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Desenvolvendo a Pesquisa de 
Campo
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Pesquisa de Campo
1. Introdução
Com essa unidade, iniciamos mais uma etapa da pesquisa: a execução da pesquisa.
Na unidade anterior você viu com que instrumentos se podem coletar os dados de uma 
pesquisa e como elaborá-los. Já com os instrumentos definidos e elaborados, o próximo 
passo é desenvolver o trabalho de campo, isto é, aplicar na população e amostra 
definidas tais instrumentos e em seguida, analisar os dados obtidos.
A análise corresponde à interpretação das informações coletadas de modo a dar um 
sentido aos dados fazendo a ligação entre eles e o conhecimento existente.
O conteúdo dessa unidade é exatamente este:
• A coleta dos dados
• A tabulação e análise dos dados
Portanto, após o desenvolvimento dos conteúdos da presente unidade, espera-se que 
você seja capaz de
• desenvolver corretamente uma pesquisa de campo;
• fazer a tabulação e análise dos dados de uma pesquisa.
2 . A coleta de dados
A coleta dos dados inicia-se com a aplicação dos instrumentos elaborados e das 
técnicas estabelecidas na etapa anterior. Portanto, nesta etapa da pesquisa, já se tem os
 instrumentos de coleta de dados elaborados, a população e amostras definidas.
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Na investigação, de maneira geral, os dados são coletados pela observação ou pelas 
respostas e declarações de pessoas capazes de fornecer informações que sejam úteis 
aos propósitos da pesquisa. As técnicas utilizadas para a coleta de dados garantem o 
registro das informações, o controle e a análise dos dados coletados.
A coleta de dados constitui uma etapa muito importante da pesquisa de campo, mas 
não deve ser confundida com a pesquisa propriamente dita. Assim, todas as etapas 
devem ser esquematizadas, a fim de facilitar o desenvolvimento da pesquisa, bem como 
assegurar uma ordem lógica na execução das atividades. Os dados coletados serão 
posteriormente elaborados, analisados, interpretados e representados graficamente. 
Posteriormente, será feita a discussão dos resultados da pesquisa, com base na análise e 
interpretação dos dados.
Já dissemos anteriormente que uma pesquisa pode ser caracterizada pelo tipo de dados 
coletados e pela análise que se fará de tais dados. Assim temos a pesquisa:
• quantitativa: que prevê a mensuração de varáveis preestabelecidas, procurando veri-
ficar e explicar sua influência sobre outras variáveis, mediante a análise da freqüên-
cia de incidência e de correlações estatísticas. Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador 
descreve, explica e prediz;
• qualitativa: fundamenta-se em dados coletados nas interações interpessoais, na co-
participação das situações dos informantes, analisadas a partir da significação que 
estes informantes dão aos seus atos. Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador participa, 
compreende e interpreta. 
Após a coleta, antes da análise e interpretação, os dados são elaborados e classificados 
de forma sistemática. 
Considerando que os dados brutos não fornecem espontaneamente muitas informações, 
é necessário colocá-los em ordem, transformar sua apresentação, reunindo as 
informações de maneira organizada a fim de permitir sua análise e interpretação.
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Essa primeira parte do tratamento constitui a elaboração dos dados que se compõe das 
seguintes fases:
Seleção:
De posse do material coletado, o pesquisador deve submetê-lo a uma verificação crítica, 
a fim de detectar falhas ou erros, evitando informações confusas, distorcidas, incomple-
tas, que podem prejudicar o resultado da pesquisa. É o exame detalhado dos dados 
coletados, também chamado crítica dos dados.
A seleção cuidadosa pode apontar tanto o excesso como a falta de informações e con-
tribui para evitar posteriores problemas de codificação.
Codificação:
É a técnica utilizada para categorizar os dados que se relacionam, isto é, os dados são 
agrupados em categorias e depois codificados.
Codificar pode significar também transformar o que é qualitativo em quantitativo, para 
facilitar não só a tabulação dos dados, mas também sua comunicação.
Tabulação:
Consiste na disposição dos dados em tabelas, possibilitando maior facilidade na verifi-
cação das inter-relações entre eles o que facilita a sua compreensão e a interpretação.
Os dados são classificados pela divisão em subgrupos e reunidos de modo que as hipó-
teses possam ser comprovadas ou refutadas.
A tabulação pode ser feita manualmente ou com o auxílio do computador.
3 . Tabulação e análise de dados
Tabulação é a padronização e codificação das respostas obtidas através dos instrumen-
tos de coleta de dados. É a maneira ordenada de dispor os resultados numéricos para 
que a leitura e análise sejam facilitadas.
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A análise dos dados é a descrição do quadro de tabulação referente aos valores rel-
evantes. Na análise deve-se dar ênfase nos pontos relacionados ao problema, às hipó-
teses e aos objetivos da pesquisa.
Tabulação de questões fechadas com respostas simples:
O pesquisado só pode dar uma resposta, assim, o número de respostas é igual ao 
número de pesquisados.
Exemplo:
Fonte: Pesquisa Os jovens e o consumo sustentável – Construindo o próprio futuro?, 
realizada pelo Instituto Akatu e pela Indicator Opinião Pública.
A manipulação não é um sentimento decorrente do esforço de venda das empresas. 
Somente 27% declaram sentir-se manipulado ou muito manipulado.
A maioria (66%) diz sentir-se livre ou muito livre para escolher os produtos que compra e 
61% consideram-se consumidores informados.
Do total, 39% sentem-se maravilhados com a propaganda das empresas.
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Os jovens pesquisados parecem não se incomodar com a publicidade que as empresas 
fazem de seus produtos, considerando-a importante para obter informação e garantir-
lhe a liberdade para escolher os produtos que mais lhe convierem, segundo critérios que 
priorizam qualidade e preço.
Tabulação questões fechadas com respostas múltiplas:
O pesquisado pode indicar mais de uma alternativa como resposta, neste caso, o núme-
ro de resposta é diferente do número de pesquisados.
Exemplo: 
O que você considera importante na escolha do supermercado para fazer compras 
mensais?
 preços baixos
 variedade de produtos
 localização
 atendimento
 outros ____________
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O item considerado de maior importância na escolha de um supermercado para a real-
ização de compras mensais pelos pesquisados é preços baixos (45%), seguido da varie-
dade de produtos (25%). O atendimento correspondeu a apenas 9% das respostas. 
Os pesquisados apontaram como outros motivos (8%): existência de estacionamento e 
de manobristas, aceitar cheque pré-datado, aceitar cartão de crédito e qualidade dos 
produtos horti-fruti-grangeiros.
Tabulação de perguntas abertas:
Padronizam-se as respostas por categoria e procede-se à tabulação como a tabulação 
simples ou múltipla.
Exemplo 1:
Por que você compra roupas da marca “Y”?
Número de pesquisados: 100
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A análise dos dados demonstra que a maioria dos pesquisados (45%) compra roupa 
da marca “Y” em função de sua qualidade. Dos respondentes, apenas 20%, compram 
roupas marca “Y”, em função da grife.
As perguntas abertas também podem ser analisadas de maneira descritiva (qualitativa) 
sem que haja a preocupação com a quantificação.
Exemplo 2:
Em um questionário aplicado aos alunos do Curso de Design com o objetivo de traçar o 
seu perfil, foi formulada a seguinte pergunta aberta:
Quais as razõesque o levaram a escolher a Universidade Anhembi Morumbi e o Curso 
de Design?
Após a análise de todas as repostas dadas pelos alunos a esta pergunta foi elaborado o 
seguinte texto:
Os alunos do Curso de Design têm bastante clareza das razões que os levaram a es-
colher o curso e a Universidade Anhembi Morumbi: a proposta do curso e o gosto e/
ou interesse pela área de criação artística e informática, ou ainda, por já ter feito algum 
curso na área.
Os alunos apontam também como fator de decisão pela escolha do curso a valoriza-
ção do profissional no mercado de trabalho ou por já estarem atuando no mercado de 
trabalho.
A imagem da Anhembi Morumbi no mercado, sua localização e infra-estrutura oferecida 
também foram fatores preponderantes na escolha, entretanto existiram alguns poucos 
alunos que afirmaram ser a Anhembi a única Universidade na qual foi aprovado no 
processo seletivo.
Poucos são aqueles que escolheram o curso sem ter clareza do perfil profissional de seu 
egresso, afirmando simplesmente: para obter seu diploma de curso superior.
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Se o pesquisador tivesse a intenção de quantificar as respostas, ele deveria primeiro 
estabelecer as categorias para as respostas dadas. Assim, poderia ter chegado aos 
seguintes resultados:
Tabulação de perguntas com escala de Likert:
A tabulação é feita ponderando as respostas.
Exemplo:
Indique o nível de concordância para cada item assinalando o número que melhor 
exprime a sua opinião a respeito das condições oferecidas pela Universidade.
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Tabulação do item Biblioteca:
Utilizei com freqüência a biblioteca.
Média: 4,18 (é obtida dividindo-se a 
soma de f.p 820, pelo total da amostra 196)
Os serviços prestados pela Biblioteca 
satisfizeram minhas necessidades.
Média: 3,95
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O acervo da Biblioteca atendeu às 
minhas necessidades.
Média: 2,89
Análise dos resultados:
O item Biblioteca foi bem avaliado pelos alunos, se destacando na utilização (4,18), 
seguido dos serviços prestados (3,95); a pior avaliação foi dada ao acervo (2,89).
Análise a partir da observação:
Como já foi dito anteriormente, a pesquisa sempre é um processo intencional. Desta 
forma, a coleta de dados, independentemente do instrumento a ser utilizado, deve ser 
sempre planejada. Portanto, ao realizar uma observação, o pesquisador deve ter clareza 
do que será observado, em outras palavras, deve ter elaborado o roteiro da observação.
Exemplo:
Em uma pesquisa que envolvia a observação de uma aula de Matemática na 5ª. série, o 
pesquisador fez o seguinte registro:
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Após o sinal os alunos se dirigem para a sala e aguardam o professor, que, ao entrar, 
cumprimenta-os, dirigindo-se à mesa. Os alunos estão sempre conversando, e na turma 
de 5ª. série, eles nunca estão em suas carteiras, a desordem é maior.
O professor senta-se e aguarda o silêncio, que na maioria das vezes demora, até que os 
próprios alunos pedem aos colegas que parem de conversar.
Somente depois que todos os alunos estão em suas carteiras e em silêncio é que se inicia 
a chamada.
A sistemática de trabalho destes professores em sala de aula é normalmente a mesma: 
explicam a matéria (definições, conceitos, propriedades, regras etc.), basicamente tran-
screvendo para o quadro-negro o que consta no livro-texto, dão alguns exemplos re-
forçando o que fora explicado, em seguida resolvem uma série de exercícios para os 
alunos.
Quando resolver os exercícios, o professor sempre dirige perguntas para a classe e não 
para um determinado aluno, o que impede as respostas individuais e dá margem às 
brincadeiras e conseqüentemente provoca distrações.
4 . Síntese
A coleta de dados é a etapa da pesquisa que exige tempo e trabalho para se reunir 
informações que venham atender aos objetivos da pesquisa e comprovar as hipóteses 
formuladas inicialmente. 
Na pesquisa quantitativa, a análise dos dados implica na quantificação dos fenômenos 
para submetê-los à classificação, mensuração e análise. O que se busca é uma explica-
ção do conjunto de dados reunidos a partir de uma conceitualização da realidade per-
cebida ou observada.
Já na pesquisa qualitativa, todos os fenômenos e sujeitos são igualmente importantes, 
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assim, procura-se compreender as relações existentes entre eles.
Você deve ter percebido pelo conteúdo dessa unidade que é através da análise dos da-
dos que fazemos o confronto entre a teoria (desenvolvida na Fundamentação Teórica) e 
a realidade (definida na Metodologia). 
5 . Bibliografia
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 1997.
LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos e metodologia 
científica. São Paulo: Atlas, 1996.
LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas, 
Belo Horizonte: UFMG, 1999.
RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. São 
Paulo: Atlas, 1999.

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