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Desenvolvendo a Pesquisa de Campo Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo2 Pesquisa de Campo 1. Introdução Com essa unidade, iniciamos mais uma etapa da pesquisa: a execução da pesquisa. Na unidade anterior você viu com que instrumentos se podem coletar os dados de uma pesquisa e como elaborá-los. Já com os instrumentos definidos e elaborados, o próximo passo é desenvolver o trabalho de campo, isto é, aplicar na população e amostra definidas tais instrumentos e em seguida, analisar os dados obtidos. A análise corresponde à interpretação das informações coletadas de modo a dar um sentido aos dados fazendo a ligação entre eles e o conhecimento existente. O conteúdo dessa unidade é exatamente este: • A coleta dos dados • A tabulação e análise dos dados Portanto, após o desenvolvimento dos conteúdos da presente unidade, espera-se que você seja capaz de • desenvolver corretamente uma pesquisa de campo; • fazer a tabulação e análise dos dados de uma pesquisa. 2 . A coleta de dados A coleta dos dados inicia-se com a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas estabelecidas na etapa anterior. Portanto, nesta etapa da pesquisa, já se tem os instrumentos de coleta de dados elaborados, a população e amostras definidas. Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo3 Na investigação, de maneira geral, os dados são coletados pela observação ou pelas respostas e declarações de pessoas capazes de fornecer informações que sejam úteis aos propósitos da pesquisa. As técnicas utilizadas para a coleta de dados garantem o registro das informações, o controle e a análise dos dados coletados. A coleta de dados constitui uma etapa muito importante da pesquisa de campo, mas não deve ser confundida com a pesquisa propriamente dita. Assim, todas as etapas devem ser esquematizadas, a fim de facilitar o desenvolvimento da pesquisa, bem como assegurar uma ordem lógica na execução das atividades. Os dados coletados serão posteriormente elaborados, analisados, interpretados e representados graficamente. Posteriormente, será feita a discussão dos resultados da pesquisa, com base na análise e interpretação dos dados. Já dissemos anteriormente que uma pesquisa pode ser caracterizada pelo tipo de dados coletados e pela análise que se fará de tais dados. Assim temos a pesquisa: • quantitativa: que prevê a mensuração de varáveis preestabelecidas, procurando veri- ficar e explicar sua influência sobre outras variáveis, mediante a análise da freqüên- cia de incidência e de correlações estatísticas. Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador descreve, explica e prediz; • qualitativa: fundamenta-se em dados coletados nas interações interpessoais, na co- participação das situações dos informantes, analisadas a partir da significação que estes informantes dão aos seus atos. Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador participa, compreende e interpreta. Após a coleta, antes da análise e interpretação, os dados são elaborados e classificados de forma sistemática. Considerando que os dados brutos não fornecem espontaneamente muitas informações, é necessário colocá-los em ordem, transformar sua apresentação, reunindo as informações de maneira organizada a fim de permitir sua análise e interpretação. Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo4 Essa primeira parte do tratamento constitui a elaboração dos dados que se compõe das seguintes fases: Seleção: De posse do material coletado, o pesquisador deve submetê-lo a uma verificação crítica, a fim de detectar falhas ou erros, evitando informações confusas, distorcidas, incomple- tas, que podem prejudicar o resultado da pesquisa. É o exame detalhado dos dados coletados, também chamado crítica dos dados. A seleção cuidadosa pode apontar tanto o excesso como a falta de informações e con- tribui para evitar posteriores problemas de codificação. Codificação: É a técnica utilizada para categorizar os dados que se relacionam, isto é, os dados são agrupados em categorias e depois codificados. Codificar pode significar também transformar o que é qualitativo em quantitativo, para facilitar não só a tabulação dos dados, mas também sua comunicação. Tabulação: Consiste na disposição dos dados em tabelas, possibilitando maior facilidade na verifi- cação das inter-relações entre eles o que facilita a sua compreensão e a interpretação. Os dados são classificados pela divisão em subgrupos e reunidos de modo que as hipó- teses possam ser comprovadas ou refutadas. A tabulação pode ser feita manualmente ou com o auxílio do computador. 3 . Tabulação e análise de dados Tabulação é a padronização e codificação das respostas obtidas através dos instrumen- tos de coleta de dados. É a maneira ordenada de dispor os resultados numéricos para que a leitura e análise sejam facilitadas. Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo5 A análise dos dados é a descrição do quadro de tabulação referente aos valores rel- evantes. Na análise deve-se dar ênfase nos pontos relacionados ao problema, às hipó- teses e aos objetivos da pesquisa. Tabulação de questões fechadas com respostas simples: O pesquisado só pode dar uma resposta, assim, o número de respostas é igual ao número de pesquisados. Exemplo: Fonte: Pesquisa Os jovens e o consumo sustentável – Construindo o próprio futuro?, realizada pelo Instituto Akatu e pela Indicator Opinião Pública. A manipulação não é um sentimento decorrente do esforço de venda das empresas. Somente 27% declaram sentir-se manipulado ou muito manipulado. A maioria (66%) diz sentir-se livre ou muito livre para escolher os produtos que compra e 61% consideram-se consumidores informados. Do total, 39% sentem-se maravilhados com a propaganda das empresas. Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo6 Os jovens pesquisados parecem não se incomodar com a publicidade que as empresas fazem de seus produtos, considerando-a importante para obter informação e garantir- lhe a liberdade para escolher os produtos que mais lhe convierem, segundo critérios que priorizam qualidade e preço. Tabulação questões fechadas com respostas múltiplas: O pesquisado pode indicar mais de uma alternativa como resposta, neste caso, o núme- ro de resposta é diferente do número de pesquisados. Exemplo: O que você considera importante na escolha do supermercado para fazer compras mensais? preços baixos variedade de produtos localização atendimento outros ____________ Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo7 O item considerado de maior importância na escolha de um supermercado para a real- ização de compras mensais pelos pesquisados é preços baixos (45%), seguido da varie- dade de produtos (25%). O atendimento correspondeu a apenas 9% das respostas. Os pesquisados apontaram como outros motivos (8%): existência de estacionamento e de manobristas, aceitar cheque pré-datado, aceitar cartão de crédito e qualidade dos produtos horti-fruti-grangeiros. Tabulação de perguntas abertas: Padronizam-se as respostas por categoria e procede-se à tabulação como a tabulação simples ou múltipla. Exemplo 1: Por que você compra roupas da marca “Y”? Número de pesquisados: 100 Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo8 A análise dos dados demonstra que a maioria dos pesquisados (45%) compra roupa da marca “Y” em função de sua qualidade. Dos respondentes, apenas 20%, compram roupas marca “Y”, em função da grife. As perguntas abertas também podem ser analisadas de maneira descritiva (qualitativa) sem que haja a preocupação com a quantificação. Exemplo 2: Em um questionário aplicado aos alunos do Curso de Design com o objetivo de traçar o seu perfil, foi formulada a seguinte pergunta aberta: Quais as razõesque o levaram a escolher a Universidade Anhembi Morumbi e o Curso de Design? Após a análise de todas as repostas dadas pelos alunos a esta pergunta foi elaborado o seguinte texto: Os alunos do Curso de Design têm bastante clareza das razões que os levaram a es- colher o curso e a Universidade Anhembi Morumbi: a proposta do curso e o gosto e/ ou interesse pela área de criação artística e informática, ou ainda, por já ter feito algum curso na área. Os alunos apontam também como fator de decisão pela escolha do curso a valoriza- ção do profissional no mercado de trabalho ou por já estarem atuando no mercado de trabalho. A imagem da Anhembi Morumbi no mercado, sua localização e infra-estrutura oferecida também foram fatores preponderantes na escolha, entretanto existiram alguns poucos alunos que afirmaram ser a Anhembi a única Universidade na qual foi aprovado no processo seletivo. Poucos são aqueles que escolheram o curso sem ter clareza do perfil profissional de seu egresso, afirmando simplesmente: para obter seu diploma de curso superior. Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo9 Se o pesquisador tivesse a intenção de quantificar as respostas, ele deveria primeiro estabelecer as categorias para as respostas dadas. Assim, poderia ter chegado aos seguintes resultados: Tabulação de perguntas com escala de Likert: A tabulação é feita ponderando as respostas. Exemplo: Indique o nível de concordância para cada item assinalando o número que melhor exprime a sua opinião a respeito das condições oferecidas pela Universidade. Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo10 Tabulação do item Biblioteca: Utilizei com freqüência a biblioteca. Média: 4,18 (é obtida dividindo-se a soma de f.p 820, pelo total da amostra 196) Os serviços prestados pela Biblioteca satisfizeram minhas necessidades. Média: 3,95 Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo11 O acervo da Biblioteca atendeu às minhas necessidades. Média: 2,89 Análise dos resultados: O item Biblioteca foi bem avaliado pelos alunos, se destacando na utilização (4,18), seguido dos serviços prestados (3,95); a pior avaliação foi dada ao acervo (2,89). Análise a partir da observação: Como já foi dito anteriormente, a pesquisa sempre é um processo intencional. Desta forma, a coleta de dados, independentemente do instrumento a ser utilizado, deve ser sempre planejada. Portanto, ao realizar uma observação, o pesquisador deve ter clareza do que será observado, em outras palavras, deve ter elaborado o roteiro da observação. Exemplo: Em uma pesquisa que envolvia a observação de uma aula de Matemática na 5ª. série, o pesquisador fez o seguinte registro: Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo12 Após o sinal os alunos se dirigem para a sala e aguardam o professor, que, ao entrar, cumprimenta-os, dirigindo-se à mesa. Os alunos estão sempre conversando, e na turma de 5ª. série, eles nunca estão em suas carteiras, a desordem é maior. O professor senta-se e aguarda o silêncio, que na maioria das vezes demora, até que os próprios alunos pedem aos colegas que parem de conversar. Somente depois que todos os alunos estão em suas carteiras e em silêncio é que se inicia a chamada. A sistemática de trabalho destes professores em sala de aula é normalmente a mesma: explicam a matéria (definições, conceitos, propriedades, regras etc.), basicamente tran- screvendo para o quadro-negro o que consta no livro-texto, dão alguns exemplos re- forçando o que fora explicado, em seguida resolvem uma série de exercícios para os alunos. Quando resolver os exercícios, o professor sempre dirige perguntas para a classe e não para um determinado aluno, o que impede as respostas individuais e dá margem às brincadeiras e conseqüentemente provoca distrações. 4 . Síntese A coleta de dados é a etapa da pesquisa que exige tempo e trabalho para se reunir informações que venham atender aos objetivos da pesquisa e comprovar as hipóteses formuladas inicialmente. Na pesquisa quantitativa, a análise dos dados implica na quantificação dos fenômenos para submetê-los à classificação, mensuração e análise. O que se busca é uma explica- ção do conjunto de dados reunidos a partir de uma conceitualização da realidade per- cebida ou observada. Já na pesquisa qualitativa, todos os fenômenos e sujeitos são igualmente importantes, Universidade Anhembi MorumbiDesenvolvendo a Pesquisa de Campo13 assim, procura-se compreender as relações existentes entre eles. Você deve ter percebido pelo conteúdo dessa unidade que é através da análise dos da- dos que fazemos o confronto entre a teoria (desenvolvida na Fundamentação Teórica) e a realidade (definida na Metodologia). 5 . Bibliografia GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987. KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 1997. LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos e metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1996. LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artes Médicas, Belo Horizonte: UFMG, 1999. RICHARDSON, Roberto Jarry e Colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
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