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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ICM – FACULDADE DE DIREITO Direito Público das Relações Internacionais I - Giovanna Frisso ALUNO: Luidgi Silva Almeida – 112084023 A Proteção Internacional do Meio Ambiente (resumo) Nas três últimas décadas do século XX foi crescente o aumento da preocupação dos países ditos “desenvolvidos” para a diminuição e respectivamente a proteção internacional do meio ambiente. Tal pensamento era inovador, pois estes mesmos países, por volta da segunda revolução industrial promoveram um aumento jamais visto na história da humanidade, referente à queima de gás carbono, desmatamento, poluição dos mananciais dos rios através do derramamento de produtos químicos, além do crescimento exacerbado da população mundial. Os países “em desenvolvimento” não tinham sequer ainda entrado contundentemente na segunda revolução industrial e se viram diante de tais políticas protecionistas ambientais. O pensamento crítico nos faz refletir se inicialmente estes países quiseram realmente proteger o meio ambiente, ou frear o desenvolvimento dos países em desenvolvimento? Em 1972, ocorreu na Suécia, mais precisamente em Estocolmo, a primeira convenção mundial das nações unidas com o tema voltado para o meio ambiente humano. O assunto na época não era de grande interesse, principalmente dos países em desenvolvimento, uma parte do relatório brasileiro que traduz esse sentimento é: 1 “A melhoria da qualidade ambiental dos países em desenvolvimento dependeria da obtenção de melhores considerações de saúde, educação, nutrição e habitação, apenas alcançáveis através do desenvolvimento econômico. As considerações ambientais deveriam, portanto, ser incorporadas ao processo de desenvolvimento integral.” 1 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 43. Nota de rodapé n.7 Apesar da desconfiança que rondava os países em desenvolvimento, o fato é que a primeira Conferencia Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente em 1972 deixou um legado para as políticas de preservação do meio ambiente no cenário mundial, a “Declaração sobre o Meio Ambiente Humano” que tem o mesmo valor internacional para as práticas de conservação do meio ambiente que a Declaração Universal do Direitos do Homem tem para a diplomacia internacional e à dignidade da pessoa humana. 2 Mais um avanço importante da conferencia foi o estímulo para o aumento do número de tratados multilaterais a serem ratificados, tal acontecimento nunca ocorrido antes na história da humanidade. No âmbito doméstico houve a criação da secretaria especial do meio ambiente 3 , que “acabou por provocar no Brasil, que pudemos ter uma legislação interna bastante desenvolvida e ver consagrados os ideias preservacionistas do meio ambiente na sua mais elevada forma normativa, que é a CF/88” 4. Mais tarde houve a necessidade de mais uma conferencia das nações unidas sobre o meio ambiente, dessa vez realizada no Rio de Janeiro, em 1992. A motivação se deu principalmente pelos grandes desastres ambientais ocorridos neste intervalo de vinte anos que fizeram a ONU entrar em alerta. Tais acidentes além de obter respaldo por parte da tendenciosa prática midiática de sentimentalizar e comover o público para exercer mais tarde pressão da opinião pública, “aliadas aos resultados alarmantes de cientistas sobre a situação de desequilíbrio no meio ambiente”5. As principais catástrofes naturais foram: 6 a) O acidente industrial na cidade italiana de Seveso, na Lombardia, em 10 de julho de 1976, tipo como o maior acidente industrial da Europa, causado num país desenvolvido por uma empresa de outro país desenvolvido (uma empresa suíça).[...] b) O acidente com o satélite artificial soviético de telecomunicações Cosmos 924, em 24 de janeiro de 1978, cuja queda em território canadense nele despejou grande quantidade de material radioativo. c) O tristemente famoso desastre com o superpetroleiro Amoco Cadiz em 16 de março de 1978, que se partiu ao meio, no mar do norte. 2 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 45. 3 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 47. 4 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 48. 5 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 52. 6 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 48-50. d) O desastre de proporções catastróficas ocorrido entre 2 e 3 de dezembro de 1984, na cidade de Bhopal, na Índia, de grande repercussão internacional, por ter envolvido uma poderosa empresa multinacional. e) O acidente nuclear com a usina núcleo-elétrica da cidade de Tchernobyl, na Ucrânia, em 1986, resultada de uma falha no sistema de refrigeração de um reator nuclear, com o vazamento de uma nuvem com alta radioatividade ao meio ambiente. f) O caso do incêndio ocorrido na Suíça (país até então apontado como modelo na regulamentação de seu meio ambiente doméstico), na empresa química Sandoz em 1º de novembro de 1986. A chamada Eco-92 foi organizada logo após a queda muro de Berlim e foi evidente a mudança da perspectiva internacional, onde antes se via através do leste-oeste (capitalistas e socialistas), agora passou a se ver norte-sul (industrializados e em desenvolvimento) 7 . O importante legado deixado pela Eco-92 foi criação da comissão de desenvolvimento sustentável, na qual eles controlavam “as condições de concessão de pedidos de recursos financeiros, relacionado com atividades ambientais encaminhadas pelo Estado”8. A maior potência mundial da época, os Estados Unidos da América recusam a ratificar o tratado , pois não vislumbrava garantias as propriedades intelectuais das pesquisas feitas através da exploração das “propriedades químicas existentes nas espécies vegetais e animais protegidas pela convenção”9. Os Estados em desenvolvimento por sua vez demonstraram total apoio as práticas e as efetivas demandas para a diminuição, não só da poluição, mas também da preservação dos seres vivos presentes nestes meio ambientes. Um fato importante a ser lembrando desta conferencia foi o direito positivado para os países em desenvolvimento, que era: 10 “O Direito ao progresso em todos os níveis da sociedade, e não meramente em termos econômicos (o direito subjetivo ao desenvolvimento). Isto ocorre quando a Declaração expressa à luta contra a pobreza, a formulação racional de uma política demográfica e o reconhecimento formal do meio ambiente global, sendo eles os principais causadores dos danos históricos já ocorridos no meio ambiente mundial.” 7 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 52. 8 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 58. 9 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 61. 10 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 63. Um importante documento ratificado na Eco-92 foi a agenda 21. Que eram prioridades paras se obter mais efetividade nas políticas de preservação ambiental. A agenda 21 criava imposições as Estados que ratificaram o tratado através da configuração soft law 11 que impunha obrigações aos países, mas com um sanções leves. A agenda 21 é considerado um documento do mais alto quilate, com um representação histórica imensa, a agenda 21 representou um marco nas políticas de combate a degradação ao meio ambiente. As seguintes categorias eram: 12 - Atingir um crescimento sustentável,pela integração dos conceitos de meio ambiente e desenvolvimento, dentro dos processos decisórios; - Propugnar pelo fortalecimento de um mundo de equidade, pelo combate à pobreza e pela proteção da saúde humana; - Tornar o mundo habitável, por meio da disciplina relativa a questões de suprimento de água às cidades, de administração de rejeitos sólidos e da poluição urbana; - Encorajar o eficiente uso dos recursos, categoria que inclui o gerenciamento de recursos energéticos, o cuidado e uso de água doce, o desenvolvimento florestal, a administração de ecossistemas frágeis, a conservação da biodiversidade e a administração dos recursos da terra; - proteger os recursos regionais e globais, incluindo a atmosfera, os oceanos e mares e os recursos vivos marinhos; e - Propiciar um efetivo gerenciamento dos resíduos químicos e perigosos e de resíduos nucleares. A Eco-92 foi mais que um simples encontro para se discutir o meio ambiente, houve a necessidade de “construir as condições para estabelecer-se uma igualdade jurídica entre os Estados”13, onde criou-se de fato um vínculo de reciprocidade entre os países membro, seja no campo, regional ou global. O dever jurídico e obrigatório formalizou o compromisso e deu um impulso às práticas firmadas até então. Outro fator importante foi o reconhecimento, por parte dos países industrializados, das reais desigualdades entre eles, cabendo estabelecer “mecanismos diferenciados entre países industrializados 11 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 67. 12 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 68-69. 13 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 73. e países em desenvolvimento, para atingir-se uma situação de igualdade jurídica entre eles.” 14 As inovações advindas da Eco-92 e da Agenda 21, além de um notório desenvolvimento no campo das relações internacionais de direito ambiental, teve o maior ganho para o Brasil e a América Latina, “além de construir inegável prova da vitalidade daquele ramo do direito internacional”15. O conceito de “desenvolvimento sustentável” se deu após este evento, pois através da positivação dos objetivos e as sanções, apesar de brandas, tornou-se referencia do combate ao desenvolvimento sem precedentes, sendo assim adjetivado o país que segue as determinações da Agenda 21. 14 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 74. 15 GFS, Soares. A proteção Internacional Do Meio Ambiente. Cap.2, pg. 76.
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