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EMPRESA INDIVIDUAL E EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

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A Sabedoria é a única arma invencível de um povo. 
1 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE 
DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE 
DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA E COMERCIAL 
PROFESSOR: ALBERTO SOARES 
 
 
EMPRESA INDIVIDUAL E 
EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITDADA 
 
 
SUMÁRIO 
1 EMPRESA INDIVIDUAL - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.1 Empresário individual - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.1.1 Nome empresarial - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 1.1.2 Responsabilidade patrimonial primária e secundária - - 
 1.1.3 Responsabilidade patrimonial do empresário individual 
2 EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA - - - - - 
 2.1 Requisitos de constituição da Eireli - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 2.2 Nome empresarial da Eireli - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
3 DIFERENÇA ENTRE MEI, EI, ME e EPP - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 3.1 MEI – microempreendedor individual - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 3.2 EI – empresa individual - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 3.3 ME – microempresa - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 3.4 EPP – empresa de pequeno porte - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo. 
2 
1 EMPRESA INDIVIDUAL 
As empresas individuais e as empresas individuais de responsabilidade limitada são, em regra, 
pequenos negócios, integrantes das diversas áreas econômicas, constituídas por uma única 
pessoa física, (empresário) e, por serem assim, consideravelmente pequenas, revestem-se 
tributariamente da condição de microempreendedor individual, microempresário e empresas 
de pequeno porte. 
 
Ressalta-se o fato de que a lei não estabelece que uma microempresa ou empresa de pequeno 
porte tenha que ser individual; o que se enfatiza, nesse contexto, é a lógica econômica para tal 
condição, presumindo-se que uma empresa individual, trata, em regra, de um negócio de 
pequeno porte. 
 
A esse respeito, tem-se que, qualquer brasileiro pode iniciar uma atividade empresarial 
individualmente, em nome próprio, com a finalidade de auferir lucros, muitas vezes, o que não é 
raro, como fonte única de renda. Para tanto, basta a sua inscrição na Junta Comercial da sede 
onde vai exercer a sua atividade mercantil. 
 
Essa prática é comum no Brasil, principalmente nos pequenos negócios, ainda mais, diante da 
flagrante falta de empregos. Nesse contexto, Coelho (2003, p. 20), afirma que empresário 
individual, em regra, não explora atividade economicamente importante. E prossegue dizendo: 
 
Em primeiro lugar, porque negócios de vulto exigem naturalmente grandes 
investimentos. Além disso, o risco de insucesso, inerente a empreendimento de 
qualquer natureza e tamanho, é proporcional às dimensões do negócio: quanto 
maior e mais complexa a atividade, maiores os riscos. Em consequência, as 
atividades de maior envergadura econômica são exploradas por sociedades 
empresárias anônimas ou limitadas, que são os tipos societários que melhor 
viabilizam a conjugação de capitais e limitação de perdas. Aos empresários 
individuais sobram os negócios rudimentares e marginais, muitas vezes 
ambulantes. Dedicam-se a atividades como varejo de produtos estrangeiros 
adquiridos em zonas francas (sacoleiros), confecção de bijuterias, de doces para 
restaurantes ou bufês, quiosques de miudezas em locais públicos, bancas de 
frutas ou pastelarias em feiras semanais etc. 
 
A essas empresas, é muito comum, outros tipos de denominações, que decorrem da 
classificação delas para efeito de enquadramento ou de benefício tributário. Assim, têm-se o 
microempreendedor individual ou MEI, a microempresa ou ME e a empresa de pequeno porte ou 
EPP. Essa classificação obedece aos valores explícitos na tabela 1, que, tributariamente, 
servem para classificar as empresas, sobretudo, na área federal. 
 
Microempresa RBA
1 ≤ $360.000 
Empresa de pequeno porte $360.000 < RBA ≤ $3.600.000 
 Tabela 1 – Tabela de classificação das empresas, segundo a legislação tributária 
 Fonte: elaboração do autor. 
 
A lei uniformizou o conceito de ME e EPP com base na receita bruta anual, destacando: 
a) microempresa ou ME será a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa 
individual e a empresa individual de responsabilidade limitada, devidamente registrada nos 
órgãos competentes, que aufira em cada ano calendário, a receita bruta igual ou inferior a 
$360.000,00; 
 
b) empresa de pequeno porte ou EPP se a receita bruta anual for maior de $360.000,00 e 
menor ou igual a $ 3.600.000,00; nesse grupamento é bem provável que seja marcado pela 
presença de sociedades contratuais, pois apesar de valores pequenos no contexto 
econômico, acabam por serem relevantes no contexto individual e, assim, materializa-se a 
necessidade de mais de uma pessoa investir recursos na condição de sócia; 
 
 
1
 RBA – receita bruta anual 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo. 
3 
c) microempreendedor individual ou MEI - a lei também abordou essa categoria, definindo 
como a pessoa que trabalha por conta própria e se legaliza como pequeno empresário, 
optante pelo Simples Nacional, com receita bruta anual de até $60.000,00. 
 
Os pequenos negócios respondem por mais de um quarto do produto interno bruto (PIB) 
brasileiro. São cerca de nove milhões de micro e pequenas empresas no País, que representam 
27% do PIB. Ressalta-se o fato de que é cada vez mais crescente o número de pessoas que 
constituem um pequeno negócio para trabalhar e, dessa forma, fugir da crise de desemprego, 
que mesmo quando a economia do País está mais tranquila, ainda assim, é tão alarmante a falta 
de emprego no Brasil. (SEBRAE, 2011). 
 
Em valores absolutos, a produção gerada pelas micro e pequenas empresas quadruplicou em 
dez anos (2003-2012), de sorte que essas categorias são as principais geradoras de riqueza no 
comércio brasileiro, uma vez que representam 53,4% do PIB desse setor. (SEBRAE, 2013). 
Esses dados demonstram a importância dos empreendimentos de pequeno porte, incluindo-se 
os microempreendedores individuais, que não param de crescer em quantidade como também 
na participação da economia nacional; pois, sabe-se hoje que mais da metade, 52% dos 
empregos formais (carteira assinada), está alocada nesses empreendimentos. 
 
O vertiginoso crescimento dos empreendedores individuais tem ligação direta com a 
flexibilização da legislação, tais como: 
 a homologação e publicação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa em 2006, que 
conseguiu melhorar muito o ambiente legal para os pequenos negócios; entre os benefícios 
dessa lei, destaca-se criação do Simples, que reduz em média 40% a carga tributária para 
pequenos negócios e unifica oito tributos em um único boleto; 
 a criação em 2007 do Simples Nacional, um regime tributário diferenciado aplicável aos 
micro e pequenos empresários; 
 por fim, a homologação e publicação da Lei nº 12.441/11 que institui as regras sobre a 
constituição e legalização da empresa individual de responsabilidade limitada – Eireli. 
 
1.1 Empresário individual 
O empresário individual é aquele que exerce em nome próprio, atividade empresarial. Trata-se 
de uma empresa que é titulada por uma só pessoa física, que integraliza bens próprios à 
exploração do negócio. Um empresário em nome individual atua sem separação jurídica entre os 
seus bens pessoais e os seus negócios, ou seja, não vigora o princípioda separação do 
patrimônio (princípio da entidade). 
 
O proprietário responde de forma ilimitada pelas dívidas contraídas no exercício da sua atividade 
perante os seus credores, com todos os bens pessoais que integram o seu patrimônio (casas, 
automóveis, terrenos etc.) e os do seu cônjuge (se for casado num regime de comunhão de 
bens), respeitada a responsabilidade subsidiária. 
 
O inverso também acontece, ou seja, o patrimônio integralizado para a exploração da atividade 
comercial também responde pelas dívidas pessoais do empresário e do cônjuge. A 
responsabilidade é, portanto, ilimitada nos dois sentidos. 
 
1.1.1 Nome empresarial 
O nome empresarial deve ser composto a partir do nome civil do proprietário, no todo ou em 
parte, podendo haver abreviaturas, inclusive o acréscimo de designação mais precisa da sua 
pessoa ou do gênero de atividade, conforme autoriza o art. 1.156 do Código Civil. Se tiver 
adquirido a empresa por sucessão, poderá acrescentar a expressão: "Sucessor de" ou "Herdeiro 
de". Por exemplo, em meados do século XIX, uma editora estabeleceu-se na Rua do Ouvidor, no 
Rio de Janeiro, sendo responsável pela publicação das obras de José de Alencar, Gonçalves 
Dias, Joaquim Nabuco, entre outras. Essa empresa era uma firma individual: B. L. Garnier – 
Livreiro-Editor, nome empresarial formado a partir do nome civil Baptiste Louis Garnier, seu 
titular, um francês que se radicou no Brasil e que mudou a história literária nacional, bastando 
citar ter sido o pioneiro na publicação de Machado de Assis. 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo. 
4 
A firma poderia ser apenas 
 
Baptiste Louis Garnier ou 
Baptiste Louis Garnier – Livreiro-Editor ou 
Baptiste L Garnier – Livreiro-Editor etc. 
 
Além do nome empresarial, registra-se também a assinatura, isto é, a forma como o titular 
deverá assinar os atos que digam respeito à empresa: notas promissórias, contratos, recibos, 
admissão de pessoal, abertura de conta corrente e outros. No entanto, quando se tratar de ato 
estranho à empresa, assina-se o nome civil, tal qual a assinatura constante do documento de 
registro geral. 
 
1.1.2 Responsabilidade patrimonial primária e secundária 
A princípio, importante lembrar que a responsabilidade surge como consequência do não 
cumprimento de uma obrigação, caso em que o credor pode mover a execução contra o 
devedor, operando-se a possibilidade de alcançar os bens daquele até a satisfação total do 
crédito. 
 
No ordenamento jurídico brasileiro, estão previstas as seguintes espécies de responsabilidade 
patrimonial: a primária e a secundária. A responsabilidade primária, prevista no artigo 591 do 
CPC, in verbis: art. 591. “O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com 
todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.” O efeito da 
responsabilidade primária sujeita os bens presentes e futuros do devedor de forma ilimitada, ou 
seja, sem restrições, até o cumprimento integral da dívida contraída. 
 
As restrições estabelecidas em lei são aquelas previstas no art. 649 do CPC, entre outras. Por 
exemplo, o bem essencialmente necessário ao conforto da família, é legalmente um bem 
impenhorável, ou seja, não pode ser apreendido, judicialmente, pelo fato de existir expressa 
vedação legal. Em uma linguagem mais contundente, não podem ser apreendidos os bens que 
não podem ser vendidos nem aqueles que, por ato voluntário, forem declarados que não poder 
ser vendidos, de sorte que, nesse caso, o credor não poderá executar o devedor. 
 
Em complemento do parágrafo acima, faz-se referência ao bem de família instituído pela Lei nº 
8.009/90, que revela em seu art. 1º “O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade 
familiar, é impenhorável por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária, ou de 
outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e 
nele residam, salvo as hipóteses previstas nesta lei.” Uma das hipóteses previstas é, por 
exemplo, os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos, entre outros bens. 
 
A responsabilidade secundária prevista no artigo 592 do CPC é aquela que sujeita o 
patrimônio de determinada pessoa às obrigações do responsável primário. Os bens do sócio se 
enquadram nessa hipótese, ressalvando-se que na hipótese da constituição societária, há 
expressa previsão legal de que os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da 
sociedade, senão nos casos previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento da dívida, 
tem direito a exigir que sejam primeiro executados os bens da sociedade (artigo 596 do CPC2). 
 
A doutrina tem denominado essa regra de responsabilidade subsidiária, na qual o sócio pode 
invocar o benefício de ordem, o mesmo previsto para o fiador, para o fim de indicar bens da 
sociedade empresarial antes que seu patrimônio pessoal seja afetado. De igual modo, em 
harmonia a esse princípio, o artigo3 1024 do novo Código Civil também estabelece esse 
beneficium excussionis personalis, (ou benefício de ordem) que, sem dúvidas, garante a 
segurança jurídica ao sócio. 
 
 
2
 Art. 596. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade senão nos casos 
previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento da dívida, tem direito a exigir que sejam primeiro 
executados os bens da sociedade. 
 
3
 Art. 1024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão 
depois de executados os bens sociais. 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo. 
5 
1.1.3 Responsabilidade patrimonial do empresário individual 
O empresário individual, denominado, costumeiramente, de firma individual, não é considerado 
pessoa jurídica pelos temos da lei civil (artigo 44 do Código Civil), e, portanto, conforme será 
visto adiante, não possui autonomia patrimonial. 
 
Para efeitos tributários, o empresário individual é equiparado a pessoa jurídica ex vi do artigo4 
150 do Decreto nº 3000/99 (Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer 
Natureza), cabendo-lhe, portanto, a garantia da expedição do CNPJ (cadastro nacional de 
pessoas jurídicas), a cargo da Secretaria da Receita Federal. Neste sentido, Fabretti (2003, p. 
38) comenta que 
 
Não obstante pertencerem exclusivamente a uma pessoa física, as atividades 
econômicas da empresa individual recebem o mesmo tratamento tributário das 
pessoas jurídicas. Portanto, sujeita às mesmas obrigações tributárias, ou seja, a 
principal (pagamento dos impostos, taxas e contribuições) e às acessórias (dever 
de escriturar livros contábeis e fiscais; conservar livros e documentos até que 
ocorra a prescrição ou a decadência; prestar informações etc). 
 
De fato, essas inúmeras obrigações administrativas, muitas delas previstas no atual Código Civil, 
e fiscais, são idênticas às cabíveis à sociedade empresária. Contudo, esse viés não lhe permite, 
pela legislação brasileira atual, invocar a sua responsabilidade secundária (subsidiária). Com 
efeito, a responsabilidade por dívidas contraídas por seu negócio alcança seu patrimônio 
particular de forma ilimitada e solidária. E esse é o entendimento da jurisprudência pátria, sem 
ressalvas5. 
 
A situação exposta no parágrafo anterior amedronta as pessoas que imaginam criar seu negócio 
próprio. Conforme afirma Roque (2003, p.107), “[...] não surgem mais empresas individuais, 
pois será uma temeridade alguém arriscar seu nome pessoal num empreendimento que poderá 
sofrer abalos. No caso de falência dessa empresa, não só o patrimônio particular, mas o nome 
patronímico de seu titular será atingido e poderá prejudicá-lo pelo resto da vida.” 
 
A insegurança do empresário individual,perante credores, portanto, é evidente, isso inibe a sua 
constituição como prática comercial, salvo naquelas hipóteses onde o risco do empreendimento 
é pequeno e o negócio não demanda tamanha complexidade. 
 
2 EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA 
Até a homologação e publicação da Lei nº 12.441/11, o indivíduo que quisesse desenvolver 
atividade empresarial pessoalmente e não por meio de uma sociedade empresária, seu 
patrimônio pessoal necessariamente respondia pelas dívidas decorrentes de seu negócio. Isso 
pelo fato de até aquela época (2011), a legislação brasileira não permitia a criação de uma 
pessoa jurídica por um único indivíduo. 
 
Com o intuito de proteger o patrimônio particular do risco inerente à atividade empresarial, os 
empresários que objetivavam desenvolver seus negócios individualmente, sem a colaboração de 
terceiros, frequentemente criavam as chamadas sociedades de palha, convidando um familiar 
ou pessoa próxima para ser seu sócio com uma parte mínima do capital social de uma 
sociedade empresária, geralmente uma sociedade limitada. Com esse subterfúgio, preenchia o 
requisito de pluralidade de sócios e conseguia obter o benefício de separar a parcela de seu 
patrimônio que colocaria à disposição da atividade empresarial daquela outra parte que não 
estaria ao alcance dos credores daquela atividade. 
 
4
 Art. 150. As empresas individuais, para os efeitos do imposto de renda, são equiparadas às pessoas 
jurídicas (Decreto-Lei nº 1.706, de 23 de outubro de 1979, artigo 2º). 
 
5
 A seguinte ementa bem demonstra a posição majoritária da jurisprudência: “Falência – quando se 
reclama a falência do empresário individual objetiva-se abertura de concurso de seus credores, com 
arrecadação dos bens do patrimônio da sociedade (individuais e o próprio estabelecimento comercial), 
e, para esse fim, não é relevante o modo como o devedor é qualificado na inicial (como empresário ou 
empresário de responsabilidade limitada), porque, no fundo, de uma ou de outra maneira, está se 
convocando a figura do empresário, para responder pelas obrigações assumidas (Rel. Des. Ênio 
Santarelli Zuliani J. 03.12.2002)” 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo. 
6 
 
Com o advento da Lei nº 12.441/11, inseriu-se no ordenamento jurídico do Brasil, a empresa 
individual de responsabilidade limitada (Eireli). A partir de então, os empresários podem 
desenvolver sua atividade empresarial individualmente e, ao mesmo tempo, separar do seu 
patrimônio afetado à atividade empresária. 
 
A Eireli é uma figura jurídica que surgiu com o objetivo de limitar a responsabilidade daquele 
empreendedor que deseja iniciar um negócio sem se unir a outras pessoas. Trata-se de uma 
empresa individual de responsabilidade limitada, ou, para vários doutrinadores, que não aceitam 
essa terminologia, tem-se a chamada sociedade unipessoal. 
 
A ideia de uma sociedade de um único sócio é, por muitos, considerada uma heresia jurídica, 
pelo fato de o patrimônio do empresário individual se confundir com seu patrimônio particular, 
não havendo a possibilidade de se firmar a autonomia patrimonial, que é a essência das 
sociedades empresárias, mesmo porque possuem personalidade jurídica própria, desvinculada 
do patrimônio particular dos sócios. 
 
Gonçalves Neto (2004, p. 28) considera a autonomia patrimonial como um dos efeitos da 
personificação das pessoas jurídicas, pelo fato de o patrimônio vinculado a essas pessoas ser 
distinto e inconfundível com o de seus sócios; ou seja, os sócios não são condôminos ou 
coproprietários dos bens que formam o patrimônio social. Os bens que os sócios trazem para a 
formação do patrimônio social deixam de lhes pertencer, pois se transferem à sociedade a título 
de propriedade. 
 
2.1 Requisitos de constituição da Eireli 
Conforme a redação do art. 980-A do CC, inserido pela Lei nº 12.441/11, “a empresa individual 
de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa [sic] titular da totalidade do 
capital social [sic], devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior 
salário mínimo vigente no país”. 
 
Ressalta-se também o fato de que essa lei alterou a redação do parágrafo único do artigo 1.033 
do CC/02, que diz: “A sociedade não se dissolverá por falta de pluralidade de sócios se, dentro 
de 180 (cento e oitenta) dias for requerida no Registro Público de Empresas Mercantis, a 
transformação do registro da sociedade para empresa individual ou Eireli.” 
 
A IN DNRC nº 118 determina a transferência do registro de empresário individual em sociedade 
empresária contratual ou em empresa individual de responsabilidade limitada e vice-versa, 
ressaltando-se que as disposições do art. 980-A do CC/02 e seus incisos, a Eireli deverá 
observar, no que couber, as regras previstas para sociedades limitadas. 
 
Apesar do referido artigo apenas dispor que a Eireli será constituída por uma única pessoa, sem 
mencionar se essa pessoa é física ou jurídica, tendo em vista as suas características intrínsecas, 
sedimentou-se o entendimento de que ela somente pode ser formada por pessoa natural. Corrobora 
tal afirmação o item 1.2.11 da IN DNC 117, que estabelece que “Não pode ser titular de Eireli a 
pessoa jurídica, bem assim a pessoa natural impedida por norma constitucional ou lei especial”. 
 
Em relação ao capital social [sic], a pessoa natural que constitui a Eireli deve ser detentora da 
totalidade do capital social [sic], o qual deve ser constituído por um valor igual ou superior a 100 
(cem) salários mínimos. Considera-se o valor do maior salário mínimo vigente no país no 
momento do registro, não havendo a necessidade de alterar o capital social a cada reajuste do 
salário mínimo. 
 
Ressalta-se o fato de que cada pessoa pode constituir apenas uma Eireli, pois conforme dispõe 
o § 2º do art. 980-A do CC, a pessoa natural que constituir uma empresa individual de 
responsabilidade limitada, somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. 
 
A Eireli não pode ter como objeto social o desenvolvimento de atividade intelectual, de natureza 
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, por não 
serem essas atividades consideradas atividades empresariais, salvo se o exercício dessas 
atividades constituírem elemento de empresa, consoante art. 966 do CC/02. 
 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo. 
7 
2.2 Nome empresarial da Eireli 
O nome empresarial da empresa individual de responsabilidade limitada deve ser formado pela 
inclusão da sigla “Eireli”, após a firma ou denominação social, sendo que, a firma deverá ser 
composta pelo nome da pessoa natural que constituiu a empresa, podendo ser por extenso ou 
de forma abreviada, sendo seguido, necessariamente, da expressão “Eireli”. 
 
Já a denominação social é formada, em regra, por expressões de fantasias seguidas pelo nome 
do ramo de atividade empresarial e da expressão “Eireli”. A título exemplificativo, José da Silva 
constituiu uma empresa dessa natureza, cujo ramo de atividade seja alimentos. Destarte, pode 
adotar como nome empresarial tanto “José da Silva Eireli” (firma) quanto à denominação 
social: “Delícias Alimentos Eireli”. 
 
3 DIFERENÇA ENTRE MEI, EI, ME E EPP 
A legislação civil empresarial do Brasil tem-se modernizado bastante, e vem oferecendo cada 
vez mais, melhores possibilidades para a formalização de negócios e incentivos para os 
empreendedores. Para os gestores que querem lançar novas ideias no mercado, é necessário 
que o empresariado e profissionais de contabilidade e administração entendam as diferenças 
entre cada enquadramento ou classificação empresarial. Isso porque há vantagens e regras bem 
diferentes para cada tipo de pessoajurídica, e só será possível aproveitá-las a partir da 
adequada compreensão das características e da ideia que reveste cada um desses tipos 
empresariais. 
 
As siglas do título à epígrafe são muito importantes no estudo da empresa individual, sobretudo, 
as três primeiras: MEI, EI, e ME. É que a quarta sigla, a EPP, por se tratar de uma empresa 
pequena, mas bem maior em relação às três primeiras, é comum que muitas delas não sejam 
mais empresa individual, assumindo, portanto, a natureza societária. 
 
3.1 MEI – microempreendedor individual 
Essa é a sigla para o microempreendedor individual. Trata-se de uma empresa individual, 
voltada para a formalização e legalização das pessoas que trabalham por conta própria. O tipo 
foi criado pela Lei Complementar nº 123/06, devendo ter faturamento anual de até R$ 60.000,00, 
podendo-se ajustar ao Simples Nacional. O MEI não pode ter participação em outra empresa 
como sócio ou titular. Em contrapartida, pode ter um empregado que receba salário-mínimo ou o 
piso da categoria. 
 
A abertura da empresa e o registro no cadastro nacional de pessoas jurídicas (CNPJ) são 
efetuados rapidamente - tudo pela internet. Há diversas vantagens tributárias, com pagamentos 
mensais fixos e baixos, além de acesso a específicos benefícios previdenciários. 
 
Tornou-se tão relevante a presença do MEI no mercado brasileiro, de sorte que essa presença 
marcante fez com órgãos públicos, tais como os serviços sociais autônomos, a exemplo do 
Sebrae – (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) desenvolvessem cursos 
sobre empreendedorismo, contribuindo, dessa forma, significativamente na formação 
empreendedora daqueles que objetivam desenvolver um negócio econômico. 
 
3.2 EI – empresário individual 
Essa é a sigla para aquele que desenvolve individualmente uma atividade, sem se associar com 
outra(s) pessoa(s). É o empresário individual, que pela lógica comercial e econômica, sempre se 
caracteriza como uma empresa de pequeno porte. O próprio MEI, abordado na seção anterior é 
um EI, economicamente, o menor dos empresários individuais. 
 
3.3 ME - microempresa 
ME é a sigla para microempresa, ou seja, empreendimentos que visam ao lucro e que 
apresentam um faturamento anual de até R$ 360.000,00. Sua constituição ou legalização deve 
ser feita na Junta Comercial, e o titular seleciona o enquadramento tributário pelo Simples 
Nacional, assim como o MEI. Apenas possui um maior limite financeiro para suas operações. 
 
A legislação brasileira assinala como requisito ao enquadramento como ME (e também como 
EPP) simplesmente o faturamento da empresa. Nesse sentido, apesar de, em geral, ter menos 
 
 
A Sabedoria é a única arma invencível de um povo. 
8 
funcionários do que uma corporação de grande porte, não é a quantidade de empregados que 
vai apontar a sua classificação, a receita bruta anual. 
 
3.4 EPP – empresa de pequeno porte 
As empresas que tenham faturamento bruto anual maior de R$ 360.000,00 e menor ou igual a 
R$ 3.600.000,00 podem ser registradas como empresas de pequeno porte, cuja sigla comum é 
EPP. A constituição, legalização e o enquadramento tributário seguem as mesmas indicações da 
microempresa. Sua legislação é a Lei Complementar nº 139/11, a mesma do ME. 
 
Cada uma dessas siglas conferem a sua empresa um tratamento perante o fisco e a legislação, 
para se ter um exemplo as empresas ME e EPP são dispensadas da contratação de Jovem 
Aprendiz e podem ser beneficiadas em licitações públicas. Portanto, na hora de realizar o melhor 
enquadramento da empresa e garantir o seu investimento é importante contar com ajuda 
especializada de um profissional contador ou advogado. 
 
REFERÊNCIAS 
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