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1 2 3 A AUTORA Ivna Olimpio Lauria - Mestra pelo curso de Desenvolvimento e Planejamento Territorial, da PUC-Goias(2014). Possui graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (1998) e especialização em Gestão Empresarial (2010), Direito Administrativo e Constitucional (2017) e Advocacia Cível com ênfase em Docência (2015). Bilíngue. Foi Assessora Jurídica e Coordenadora de Ciência e Tecnologia na Secretaria de Indústria, Comércio, Trabalho e Tecnologia da Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia, até 2012. Atualmente é diretora de assuntos civis pela Secretaria de Governo da mesma prefeitura e professora na área de Direito Ambiental, Legislação da Publicidade e Propaganda, Direito Administrativo e Constitucional, História Contemporânea e Gestão e Excelência do Serviço Publico pela Faculdade Araguaia. Tem experiência na área de Divulgação Científica, Inovação e Tecnologia, com ênfase em Inovação. Tem especial interesse em desenvolvimento e planejamento ligado a questões ambientais, distritos Industriais, gestão estratégica, gestão de qualidade e conhecimento, direito público, civil e empresarial e direitos da mulher, diversidade e acessibilidade. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP L384d Lauria, Ivna Olimpio Direito empresarial / Ivna Olimpio Lauria – Goiânia: NUTEC, 2018. 124 p. : il. - (Educação a distância Araguaia). Possui bibliografia. 1. Direito empresarial. 2. Educação à distância – Direito empresarial. I. Faculdade Araguaia. II. Título. ISBN: 978-85-98300-56-6 CDU: 347.7(07) Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marta Claudino de Moraes CRB-1928 4 FACULDADE ARAGUAIA - FARA 1º Edição - 2018 É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer fim. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais DIRETORIA GERAL Professor Mestre Arnaldo Cardoso Freire DIRETORIA FINANCEIRA Professora Adriana Cardoso Freire DIRETORIA ACADÊMICA Professora Ana Angélica Cardoso Freire DIRETORIA ADMINISTRATIVA Professor Hernalde Menezes DIRETORIA PEDAGÓGICA: Professora Mestra Rita de Cássia Rodrigues Del Bianco VICE-DIRETORIA PEDAGÓGICA Professor Mestre Hamilcar Pereira e Costa COORDENAÇÃO GERAL DO NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Professor Mestre Leandro Vasconcelos Baptista COORDENAÇÃO GERAL DOS CURSOS TÉCNICOS Professor Doutor Ronaldo Rosa Júnior REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA Professor Rafael Souza Simões COORDENAÇÃO E REVISÃO TÉCNICA DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO EM VÍDEO E WEB Professora Doutora Tatiana Carilly Oliveira Andrade DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL Bruno Adan Vieira Haringl FACULDADE ARAGUAIA Unidade Centro – Polo de Apoio Presencial Endereço: Rua 18 nº 81 - Centro - Goiânia-GO, CEP: 74.030.040 Fone: (62) 3224-8829 Unidade Bueno Endereço: Av. T-10 nº 1.047, Setor Bueno - Goiânia-GO, CEP: 74.223.060 Fone: (62) 3274-3161 Unidade Passeio das Águas Av. Perimetral Norte, nº 8303, Fazenda Caveiras - Goiânia-GO, CEP: 74445-360 Fone: (62) (62) 3604-9500 Site Institucional www.faculdadearaguaia.edu.br NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Polo Goiânia: Unidade Centro Correio eletrônico: coord.ead@faculdadearaguaia.edu.br 5 SUMÁRIO Unidade I Origem e evolução histórica e natureza do Direito Comercial. ............................. 8 1. O Direito Comercial no mundo e no Brasil. ............................................................. 8 2. Das Pessoas Jurídicas .......................................................................................... 11 3. Extinção da Pessoa Jurídica ................................................................................ 16 ATIVIDADES ............................................................................................................. 19 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 20 Unidade II O empresário e os tipos de empresa .................................................................... 21 Empresa, seu perfil Subjetivo ................................................................................... 21 1. O Empresário e seu conceito à luz do Código Civil ............................................... 22 2. Tipos de Empresa ................................................................................................. 25 2.1 ME - Microempresa ............................................................................................ 25 2.2 EPP - Empresa de Pequeno Porte ..................................................................... 28 2.3 EIRELI Empresa Individual de Responsabilidade Limitada ................................ 28 2.4 MEI Microempreendedor Individual .................................................................... 29 3. Empresa Patrimônio .............................................................................................. 29 3.1. Do estabelecimento empresarial ........................................................................ 30 3.2. Do nome empresarial ......................................................................................... 31 4. Empresa – Perfil Coorporativo .............................................................................. 34 ATIVIDADES ............................................................................................................. 38 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39 Unidade III Direito Societário ..................................................................................................... 40 1. Conceito e Teorias sobre a personalidade jurídica dos entes coletivos ................ 40 2. Classificação e Tipos societários .......................................................................... 43 3. Grupos Societários ................................................................................................ 48 ATIVIDADES ............................................................................................................. 51 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52 Unidade IV Sociedade Limitada, Desconsideração de Personalidade Jurídica e das Sociedades Cooperativas ....................................................................................... 53 1. Sociedade Limitada ............................................................................................... 53 1.1. Contrato Social ................................................................................................... 53 1.2. A Responsabilidade e deliberação dos Sócios ................................................... 55 1.3. A administração da Sociedade Limitada ............................................................ 58 1.4. A responsabilidade do administrador e do Conselho Fiscal ............................... 59 1.5. Da liquidação e dissolução ................................................................................. 61 6 2. Da Desconsideração da Personalidade Jurídica ................................................... 63 2.1. Conceito ............................................................................................................ 63 2.2. Do incidente de desconsideração da personalidade jurídica no CPC ................ 63 3. A Sociedade Cooperativa ...................................................................................... 64 ATIVIDADES............................................................................................................. 71 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72 Unidade V Sistema Falimentar, Títulos de Crédito, Propriedade Industrial e Responsabilidade Sócio Ambiental da Empresa 1. Sistema Falimentar................................................................................................ 73 1.1 Falência .............................................................................................................. 74 1.2 Recuperação Judicial e Extrajudicial ................................................................... 77 2. Títulos de Crédito .................................................................................................. 82 2.1 Títulos de Crédito em Espécie ............................................................................ 85 3. Propriedade Industrial ........................................................................................... 89 4. Responsabilidade Socioambiental da Empresa .................................................... 91 ATIVIDADES ............................................................................................................. 96 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 98 7 APRESENTAÇÃO Apostar no seu sucesso é o objetivo deste curso prático, envolvente e necessário ao estudante brasileiro. O Brasil é um país que cria empresas o tempo todo, pois o sentimento do empreendedorismo é nato ao brasileiro e, uma vez que o empresário abre o primeiro negócio, dificilmente desiste. A todo o momento, estamos realizando compras, fechando contratos, iniciando negociações presenciais ou online. São milhões de produtos transitando via terra, agua e ar; são milhões de serviços prestados a cada segundo. A busca de novos mercados nacionais e internacionais é cada vez maior. As configurações de criação de empresas e formas de gerir a atividade empresarial sofreram grandes alterações nas últimas décadas. Desta forma, o presente material vem trazer desde a história e evolução do Direito Empresarial à criação de empresas, o empresário, a personificação jurídica, o direito societário, constituição e dissolução das empresas e sociedades, entre outros. Esta disciplina permitirá a você agir com maior tranquilidade ao lidar com a empresa, seja você o empresário ou administrador, entendendo os conceitos, princípios, responsabilidades, obrigações, contratos e muito mais. Portanto aproveite o momento e o aprendizado. Boa sorte a todos. 8 UNIDADE I ORIGEM, EVOLUÇÃO HISTÓRICA E NATUREZA DO DIREITO COMERCIAL. 1. Direito Comercial no Mundo e no Brasil A atividade mercantil sempre foi necessária e surgiu com as primeiras civilizações, sua história se mistura à história da humanidade, aparecendo com as primeiras trocas (escambo) e atualmente com os grandes polos industriais e empresariais. Platão fala em seu livro “A República” sobre a origem da justiça, do Estado e do comércio, que vem a surgir com a vontade do ser humano em atender suas necessidades, e dessas “vontades”, surge a necessidade dos grupos sociais, até então dispersos, se aproximarem com o objetivo de trocar os excedentes, ou seja, o que sobrava de seus trabalhos rurais. Desta forma, surge o comércio e o Estado. A atividade empresarial existe, possivelmente desde a época da Mesopotâmia há mais de seis mil anos atrás. Com o crescimento populacional e as limitações ocasionadas pelo escambo, ocorre a evolução para a economia de mercado e depois a criação da moeda, visando promover e facilitar o escambo. No início, as produções eram somente para a subsistência do produtor. Com a evolução do sistema para o comércio, passa-se a produzir um excedente de forma a trocar por mais coisas e, posteriormente, para também vender seus produtos. ROCCO (1931) conceituou comércio como “ramo de produção econômica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposição entre produtos e consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias”. Conforme PALMA aponta, os fenícios, por volta dos séculos X e IX a.C., conseguiram se organizar e avançar no campo comercial e foram responsáveis pela prosperidade do oriente como podemos verificar: “... a Fenícia vivia em absoluto estado de esplendor, graças ao intenso comércio e à dedicação às navegações marítimas, que legaram à sua gente uma sólida reputação nesse campo. Com muita habilidade e coragem ímpar, os fenícios ousaram singrar os oceanos a bordo de embarcações bem construídas. Fundaram colônias no Norte da África, dentre as quais Cartago...” (PALMA, 2011). 9 As primeiras noções de direito do comércio surgiram com o direito romano e, embora não houvesse legislação específica, era possível notar o assunto, primeiramente em códigos que disciplinavam relações civis e comerciais entre escravos romanos e estrangeiros, o “ius gentio”; o código que disciplinava as relações civis e comerciais entre romanos, era direcionado somente aos cidadãos romanos era conhecido como o “ius civile”; e então, mais tarde, com o crescente avanço destas relações comerciais, foi elaborado o “ius commercie” que dispunha sobre a prática de negócios jurídicos e a capacidade jurídica daqueles que tinham direito de exercer atividade empresarial (SARHAN JUNIOR, 2015). Alguns autores relatam que nas regiões de Ur e Lagash surgiram os primeiros sinais do direito comercial e do ramo do direito privado e, então, o aparecimento dos primeiros burgos (cidades burguesas); outros autores afirmam que o direito comercial surgiu na Idade Média; alguns outros na época romana, pelos fenícios, assírios, babilônicos e os gregos. Desde então, dois códigos continham normas comerciais, o Código de Hamurabi, que data de 2000 anos a.C., e que ainda pode ser visto no Museu do Louvre, esculpido em pedra, e o Código de Manu, que foi utilizado na Índia, que data de 1.000 anos a.C. escrito em sânscrito e é tido como a legislação mais antiga da Índia (SARHAN JUNIOR, 2015). Entretanto, grande parte do direito comercial e de elaboração de contratos surge com o Direito Romano organizado. Já com a Revolução Francesa e Napoleão, ocorre, com a ascenção das burguesias, o crescimento da atividade mercantil, o que exigiu melhores regras jurídicas, sendo então criado o chamado Código Napoleônico, em 1804, que previa noções de segurança e universalismo jurídico e ainda, racionalismo. Em 1808, foi criado o Código Comercial Francês, seguindo a Teoria dos Atos do Comércio, que definia que qualquer pessoa que praticasse atos de mercancia deveria cumprir todo o ordenamento legal, mas foi considerado limitado, não cobrindo atividades importantes como a questão imobiliária, rural e de prestação de serviços. O Código Napoleônico tinha como objetivo romper com o sistema aristocrático feudal e consolidar o poder da burguesia emergente. No Brasil, com a vinda da Família Real, o Rei Dom João VI decretou, assim que chegou na Bahia, a abertura dos portos brasileiros às nações amigas de Portugal, excluindo a França, com quem estava em guerra. Antes da abertura dos 10 portos, Portugal taxava altamente as mercadorias que vinham para o Brasil e agia como intermediário de toda atividade empresarial (SARHAN JUNIOR, 2015). Neste mesmo ano, foram criados o Banco do Brasil e a Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, que visava fomentar a produção e comercio de insumos brasileiros, marcando avanços econômicos e financeiros no país. A Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação tinha como objetivo operar como agente alfandegário, constituir as frotas,fiscalizar o comércio e interferir nas falências, pagar os marinheiros, determinar fretes, capacidades e preços dos navios e de suas mercadorias, fiscalizar a carga e descarga de produtos nos navios, entre outros. Após a Proclamação da Independência, adotou-se a Lei da Boa Razão, para cobrir as falhas na lei brasileira e se utilizar da legislação comercial das nações mais evoluídas e da jurisprudência. Conforme Alejarra (2013), toda a legislação comercial brasileira foi baseada no Código Francês de 1807, o Código Comercial Espanhol de 1829 e, por fim, o de Portugal de 1833 (SARHAN JUNIOR, 2015). No Brasil, quase 50 anos depois do Código Napoleônico, surge o Código Comercial Brasileiro, datado de 1850, inspirado nestas diversas legislações como a portuguesa, espanhola e, claro, a francesa. Esse dispositivo abordou apenas conceitos da atividade profissional do comerciante, sem citar ou determinar quais seriam os “atos de comércio”, por meio do Regulamento 737, de 25 de novembro de 1850, deliberando no artigo 19 o que eram esses atos: Artigo 19. Considera-se mercancia: §1º - A compra e venda ou troca de efeitos móveis ou para vendê-los por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso; §2º - As operações de câmbio, banco e corretagem; §3º - As empresas de fábricas, de comissões, de depósitos, de expedição, consignação e transporte de mercadorias, de espetáculos públicos; §4º - Os seguros, fretamentos, risco e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo; §5º - A armação e expedição de navios (BRASIL, 1850). Em 1942, surge na Itália um novo Código Civil que cobria o direito empresarial que, embora unificado, não perdeu sua autonomia e poder de 11 regulamentação. Tal código conceituava toda a atividade empresarial, adotando a Teoria da Empresa, a qual aceita conceitos subjetivos e abre a pauta para a discussão dos quatro fatores de produção, que são o capital, os insumos, a mão de obra e a tecnologia. Importante salientar que só então as atividades mercantis, empresariais ou comerciais passam a ser realizadas de forma organizada (SARHAN JUNIOR, 2015). A Teoria da Empresa aparece no direito brasileiro somente em 1960, buscando uma forma de incluir atividades importantes ao desenvolvimento econômico nacional, como a atividades rural, a prestação de serviços, e negociação de imóveis. Como não havia no Brasil, código ou regulamento inspirado pela teoria da empresa que era adotada pela legislação italiana, ao perceber tamanha discrepância, os Tribunais e juízes brasileiros começam a adotar conceitos apresentados pela codificação italiana, gerando jurisprudências e julgados, até que em 2002, o Novo Código Civil Brasileiro passa a cobrir esses conceitos e novas formas de atividades econômicas, dando respaldo àquelas decisões (SARHAN JUNIOR, 2015). Outra grande discussão em torno do Direito Empresarial versa sobre sua autonomia, haja vista que o Código Civil de 2002 praticamente esvaziou a matéria contida no Código Comercial, que ainda é de 1850 (Lei nº 556, de 25 de junho de 1850), sendo este derrogado em muitos pontos inutilizados. Embora o Código Civil de 2002 em seu Livro II, trate do “Direito de Empresa” em seus artigos 966 e seguintes, ele não retirou a autonomia do Direito Empresarial ou Comercial, uma vez que a legislação brasileira obedece a um sistema hierárquico em que a lei maior é a Constituição Federal (1988), que é clara em determinar em seu artigo 22, inciso I que: “Compete privativamente à União, legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;”, demonstrando, assim, que não há o que se falar em perda de autonomia do direito comercial, atualmente chamado de Direito Empresarial. 2. Das Pessoas Jurídicas O mundo vivia de uma agricultura de subsistência. Com o início do escambo (troca de mercadorias), as pessoas passaram a se unir para aumentar a produção e 12 garantir sua sobrevivência frente às novas relações de negócios que foram se alterando com o tempo. Quando as pessoas começaram a trabalhar em conjunto, a aumentar a produção e dividir seus ganhos, formaram-se as primeiras pessoas jurídicas. No entanto, para falarmos sobre pessoa jurídica, precisamos conceituar primeiro “Pessoa”. Maria Helena Diniz (2002) afirma que “Pessoa” é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito; e que “sujeito de direito” é o sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica. Por isso, quando se atribui personalidade jurídica a uma pessoa, as qualificamos como pessoa física (natural) ou jurídica. Sarhan Junior (2015) afirma que pessoas jurídicas são a “aglutinação de pessoas, capital, ou bens, dotados de autonomia jurídica e personalidade própria, para a obtenção de um fim específico, seja ele social, filantrópico, assistencial ou empresarial. ” O autor ainda alega existir uma Teoria Negativista, a qual afirmava que as pessoas jurídicas não podiam ser consideradas entes personalizados, uma vez que eram apenas a reunião de pessoas ou bens, individualizados, que tinham um objetivo comum; e a Teoria da Realidade Técnica, atualmente utilizada, que afirma que a personalidade da Pessoa Jurídica é real, uma vez que é aferida por lei (SARHAN JUNIOR, 2015) . O Código Civil, em seu artigo 45, explicita exatamente o que é Pessoa Jurídica: “Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. ” (BRASIL, 2002) Portanto, podemos afirmar que pessoa jurídica é conjunto de pessoas ou bens, dotados de personalidade jurídica própria e constituídos na forma da lei. Classificação das Pessoas Jurídicas 13 O atual Código Civil-CC ainda classifica as Pessoas Jurídicas que, segundo nossa legislação, podem ser de direito público, externo ou interno, e de direito privado. As pessoas jurídicas de direito público são as que se subdividem em pessoas jurídicas de direito público externo (art. 42, CC) que são os estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público como os Estados soberanos, União Europeia, Mercosul e a ONU; e as de direito público interno que “são aquelas civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo” (art. 43, CC) e são compostos pela União, Estados-membros, DF e municípios, autarquias, empresas públicas e demais entidades formadas em caráter público (art. 41, CC) (BRASIL, 2002). Já as Pessoas Jurídicas de direito privado são aquelas de livre criação, estrutura, funcionamento e organização, originadas de um ato constitutivo, e quando necessário for, autorização do poder público, estando previstas no art. 44 do CC e dividem-se em associações, fundações, sociedades, as organizações religiosas e os partidos políticos e empresas individuais de responsabilidade limitada. Esta última só aparece no Código Civil em 2011 (BRASIL, 2002). As associações têm como objetivo fins culturais, beneficentes, esportivos, não fazendo parte de sua natureza obter fins lucrativos a serem repartidos entre os associados; esse conjunto de pessoas se reúnem em associação e não possuem finalidade lucrativa (arts. 53 a 61 do CC). As associações nascem de pessoas naturais, através de vontades semelhantes para sua criação e definição das finalidades e têm como característica fundamental não tirar proveito econômico ou realizar divisão de ganhos.As fundações se caracterizam pela existência de um patrimônio ou acervo econômico, instituído como instrumento para a realização de determinado fim; são pessoas jurídicas de direito público ou privado (arts. 62 a 69, CC). A lei atribui à Fundação, personalidade jurídica, mesmo que os bens que compõe a pessoa jurídica sejam objetos e não sujeitos de direitos. Tais bens, uma vez separados dos bens das pessoas, não pode mais retornar a seu patrimônio, o ato é irrevogável, ou seja, uma vez o bem constitua o patrimônio de uma fundação, ele nunca mais 14 retornará à posse de uma pessoa natural. Normalmente, são constituídas por ato jurídico unilateral, inter vivos ou causa mortis, escritura pública ou testamento, com intervenção do Ministério Público, o qual deverá aprovar o estatuto, além de verificar a destinação dos recursos necessários para a finalidade indicada nos atos de constituição. As sociedades são pessoas jurídicas que buscam fins lucrativos, com a finalidade de repartir os ganhos entre seus sócios ou membros. Na sociedade civil, há a prestação de serviços, como uma sociedade formada por profissionais liberais, enquanto na comercial predominam os negócios que envolvem a troca de riquezas. A sociedade civil pode ser definida como um agrupamento de pessoas com fins econômicos ou de lucro, através de racionalização de serviços técnicos ou do exercício profissional em conjunto com finalidade lucrativa. A lei inclui nesse bloco as cooperativas (ex. Sociedade de Advogados). A sociedade comercial pode ser definida como agrupamento de pessoas, visando lucro através de atividades mercantis e do comércio, podendo ser: sociedade em nome coletivo (firma social onde todos os sócios incluem o nome e respondem ilimitadamente), sociedade de capital e indústria (duas espécies de sócios: os que entram com o capital e os que entram com o trabalho), sociedade em comandita, sociedade em conta de participação (onde pelo menos um dos sócios é comerciante), sociedade de responsabilidade limitada (responsabilidade limitada a cota de participação de cada um), e sociedade anônima ou por ações. Organizações religiosas são as igrejas ou entidades destinadas exclusivamente à profecia vocacional, a tratar e cuidar apenas de religião, crença e fé, realizando também, se convier, assistência social. Os Partidos Políticos têm como finalidade assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal, sendo pessoas jurídicas de direito privado regidos pelo art. 1º da Lei 9,096/85, art. 16, III do CC; CF, art. 17, I e IV; §§ 1º e 4º. Ainda na Constituição Federal, em seu art. 17, § 2º, os partidos têm natureza de associação civil, devendo registrar seus estatutos no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) foi instituída pela Lei 12.441, de 11 de julho de 2011, que acrescentou o inciso VI ao art. 44, e o 15 art. 980-A, ao Livro II da Parte Especial do Código Civil, alterando o parágrafo único do art. 1.033 deste diploma legal. A EIRELI é pessoa jurídica de direito privado, constituída por um único titular (pessoa física), com responsabilidade limitada. Logo, as dívidas contraídas pela empresa recairão apenas na pessoa jurídica, não importando os bens do titular. O Enunciado 468 da V Jornada de Direito Civil esclarece que a EIRELE só pode ser formada por pessoa física: “A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por pessoa natural”. Responsabilidade Civil Aquele que, por ação ou omissão, imprudência ou negligencia, comete ato ilícito deverá reparar o dano que causou a terceiro, ainda que seja um dano moral, através do instituto da responsabilidade civil. É importante salientar que a responsabilidade civil não exclui a responsabilidade penal ou administrativa, uma vez que uma independe da outra e as penas podem ser cumulativas. A especificidade da responsabilidade civil é que deverá ser provada a culpa da empresa, ou seja, caso não seja comprovada a culpa da empresa, ela não será obrigada à reparação do dano ou indenização. Dessa forma, podemos entender que a responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito privado é subjetiva, isto é, ela é obrigada a reparar o dano se houver a prova do nexo de causalidade, respondendo pela culpa a empresa e seu representante. Diferentemente da responsabilidade da pessoa jurídica de direito público, que tem responsabilidade objetiva, uma vez que abarca a Teoria do Risco Administrativo em que não há a necessidade de presença da culpa para haver a obrigação de indenizar aos administrados. Basta que a pessoa jurídica gere lesão ao administrado (SARHAN JUNIOR, 2015). Desconsideração da Personalidade jurídica A Desconsideração da Personalidade Jurídica está prevista no artigo 50 do Código Civil e é definida na seguinte forma: Art. 50 Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas 16 relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Também foi prevista no Código do Consumidor (Lei nº 8.078/90), em seu artigo 28: Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. Tal instituto vem para demonstrar que, quando houver a utilização fraudulenta ou desvio de finalidade da pessoa jurídica, o juiz poderá fazer com que o patrimônio pessoal dos sócios seja alcançado e fique disponível ao pagamento de dívidas ou indenização à terceiros, quando houver má gerência da empresa ou for caracterizada a mistura dos bens da pessoa jurídica e de seus sócios (SARHAN JUNIOR, 2015). 3. Extinção da Pessoa Jurídica A extinção da pessoa jurídica é o fim da sua existência ou perecimento da sua organização, desvinculando-se os elementos humanos e materiais que suportavam sua existência. É extinta a pessoa jurídica somente após a finalização do processo de liquidação. A dissolução da pessoa jurídica é o ato pelo qual se manifesta a vontade ou se constata a obrigação de encerrar a existência de uma firma individual ou sociedade. Pode ser definida como o momento em que se decide a sua extinção, passando-se, imediatamente, à fase de liquidação. A extinção também pode ser chamada de dissolução total e significa o fim de uma sociedade ou entidade. Sarhan Junior (2015) afirma haver três tipos de extinção, a convencional, a administrativa e a judicial. A convencional é àquela em que os sócios decidem finalizar a sociedade ou entidade por motivos diversos como falta de lucratividade ou por não haver 17 envolvimento das partes envolvidas ou qualquer outro. É de caráter deliberativo e os sócios ou associados estão livres para optar pela extinção da pessoa jurídica. Na extinção administrativa não se fala de deliberação ou de liberalidade para extinguir a empresa. É, na verdade, uma cassação da autorização de funcionamento da empresa, quando esta desvia de sua finalidade e vai contra interesses públicos. Já na extinção judicial é aquela realizada pelo juiz que, quando a pedido de um dos sócios e após realizar análise da lei ou estatuto de criação, requer sua extinção. A extinção só é averbada e a empresa só é consideradadissolvida totalmente caso todas as verbas trabalhistas, tributárias e outras forem totalmente quitadas. Nas próximas unidades, entraremos nas partes mais práticas do Estudo de Direito Empresarial. RESUMO Na antiguidade, as produções eram somente para a subsistência do produtor, mas com a evolução do sistema para o comércio, ele passa a produzir um excedente de forma a trocar por mais coisas e, posteriormente, para também vender. As primeiras noções de atividades mercantis foram registradas pelos fenícios por volta dos séculos X e IX a.C.; o direito romano foi um dos grandes influenciadores em todo mundo ainda na Idade Média, os fenícios, assírios, babilônicos e os gregos já tinham relações negociais e mantinham regras para o comércio. Dois códigos continham normas comerciais, o Código de Hamurabi, que data de 2000 anos a.C., e que ainda pode ser vista no Museu do Louvre esculpido em pedra, e o Código de Manu, que foi utilizado na Índia, que data de 1.000 anos a.C. escrito em sânscrito e é tido como a legislação mais antiga da Índia. O Código Napoleônico surge em 1804 e previa noções de segurança e universalismo jurídico e ainda, racionalismo. Em 1808, foi criado o Código Comercial Francês, seguindo a Teoria dos Atos do Comércio No Brasil, com a vinda da Família Real, o Rei Dom João VI decretou, assim que chegou à Bahia, a abertura dos portos brasileiros às nações amigas de Portugal, excluindo a França, com quem estava em guerra. Antes da abertura dos portos, 18 Portugal taxava altamente as mercadorias que vinham para o Brasil e agia como intermediário de toda atividade empresarial. Toda a legislação comercial brasileira dessa época foi baseada no Código Francês de 1807, no Código Comercial Espanhol de 1829 e, por fim, no de Portugal de 1833. Em 1942, surge na Itália um novo Código Civil que cobria o direito empresarial que, embora unificado, não perdeu sua autonomia e poder de regulamentação. O Brasil começou a julgar a relações negociais com base no Código Italiano e criou, assim, julgados e jurisprudência, onde o Código Comercial Brasileiro não legislava. Em 2002, o Código Civil passa a legislar sobre o Direito de Empresa, mas não tira a autonomia do Direito Empresarial, que continua sendo disciplina autônoma. Pessoa é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito, e que “sujeito de direito” é o sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica. Pessoa jurídica é conjunto de pessoas ou bens, dotados de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei. O atual Código civil classifica as Pessoas Jurídicas como de direito público, externo ou interno, e de direito privado. A Desconsideração da personalidade jurídica ocorre quando houver a utilização fraudulenta ou desvio de finalidade da pessoa jurídica. O juiz poderá fazer com que o patrimônio pessoal dos sócios seja alcançado e fique disponível ao pagamento de dívidas ou indenização a terceiros. A Responsabilidade Civil se refere àquele que por ação ou omissão, imprudência ou negligencia, comete ato ilícito. Deverá reparar o dano que causou a terceiro, ainda que seja um dano moral. A dissolução da pessoa jurídica é o ato pelo qual se manifesta a vontade ou se constata a obrigação de encerrar a existência de uma firma individual ou sociedade, existindo três tipos de extinção: a convencional, a administrativa e a judicial. 19 ATIVIDADES 1- (FCC – TCE- AP- 2010) É pessoa jurídica de direito público: a) partido político. b) associação pública. c) fundação. d) organização religiosa. e) empresa pública. 2- (FCC – TCE/RO – 2010) Para o Código Civil, o sistema da responsabilidade civil: a) depende da prova da culpa, como regra geral, excepcionalmente admitindo a responsabilidade objetiva pelo risco atividade. b) depende, como regra geral, da prova da ação ou omissão voluntária, nexo causal e dano, somente. c) exclui o abuso do direito como ato ilícito objetivo. d) implica a ausência total da responsabilidade dos incapazes, respondendo por eles seus representantes legais. e) importa a responsabilidade subjetiva dos empresários individuais e das empresas pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. 3- (FCC/MA – 2017) A extensão, pelo juiz, da responsabilidade de uma personalidade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social, bem como quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica, provocados por má administração, dá-se o nome de: a) responsabilidade ampliada da personalidade jurídica. b) desconsideração da personalidade jurídica. c) responsabilização a maior da personalidade jurídica. d) extensão da personalização da pessoa jurídica. e) alteração temporária da personalidade jurídica. 20 REFERÊNCIAS ALEJARRA, Luis Eduardo Oliveira. História e evolução do Direito Empresarial. Disponivel em: https://jus.com.br/artigos/23971/historia-e-evolucao-do-direito- empresarial. Acesso em 27/12/2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 1a edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. V.1, 18 ed, Saraiva: São Paulo, 2002. (p.116). PALMA, Rodrigo Freitas. História do Direito. 4ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ROCCO, Alfredo. Princípios do Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 1931. SARHAN JUNIOR, Suhel. Direito Empresarial: Manual Teórico e Prático. Belo Horizonte: DelRey, 2015. https://jus.com.br/artigos/23971/historia-e-evolucao-do-direito-empresarial https://jus.com.br/artigos/23971/historia-e-evolucao-do-direito-empresarial 21 UNIDADE II - EMPRESA, SEU PERFIL SUBJETIVO Em 2002, o novo Código Civil justapôs a Teoria da Empresa, indo contra a Teoria de Atos de Comércio instalada pelo Código Comercial de 1850, que, de maneira satisfatória, decorre sobre as relações jurídicas que acontecem quando pessoas de direito privado realizam atividades empresariais entre si. Ainda que alguns dispositivos do Código de 1850 estejam em vigor, o Direito Empresarial passou a partir de 2002, a ser abrangido pelo novo Código Civil. Na teoria da empresa não há divisão entre atos em civis ou mercantis, pois é a forma que a atividade econômica é exercida que importa. A finalidade do estudo da teoria da empresa não é o ato econômico em si, mas sim o modo como a atividade econômica é exercida. O perfil subjetivo da empresa entende que a pessoa natural (empresário Individual ou pessoa física) ou pessoa jurídica (EIRELI ou sociedade empresária) é a empresa. Define assim, que a empresa é o empresário, ou seja, é aquela pessoa que exerce a atividade econômica organizada continuamente, podendo esta ser uma pessoa física ou jurídica, titular de direitos e obrigações (art. 966 e seguintes do Código Civil). (SARHAN JUNIOR, 2015) Outros perfis são estudados pela Teoria da Empresa: - O perfil funcional, que é atividade que a empresa desenvolve o exercício desta atividade, desde a contabilidade diária até a exclusão de um sócio; - O perfil objetivo, que é o conjunto de bens, o patrimônio, que forma a empresa, se preocupa com o estabelecimento empresarial (art. 1142 até 1149, Código Civil-CC); - e o perfil coorporativo, que é o formado pelo capital humano, empresário e funcionários, onde se avalia a posição da empresa frente à sociedade. Perfil Figura Legislação Subjetivo Empresário Art. 966 e seguintes CC Objetivo Estabelecimento Art. 1.142 e 1.149 CC Funcional Atividadeeconômica - Coorporativo Empresário e Funcionário Art. 1.169 a 1.195 22 1. O Empresário e seu conceito à luz do Código Civil De acordo com o que vimos na Teoria da Empresa, o art. 966 do Código Civil de 2002, define o que seja empresário: "Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. (grifo nosso) Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa". (BRASIL, 2002) Analisando o artigo em questão, vimos que é necessário à pessoa física ou natural, para ser considerada empresário, atender a três requisitos: exercer atividade econômica, de forma organizada e com profissionalismo. Portanto, é preciso que, além de estar desenvolvendo atividade econômica com produção ou circulação de bens e serviços, é necessário que esteja envolvido o profissionalismo de quem exercerá a atividade na forma de conhecimento, habitualidade e pessoalidade, e ainda da organização que é a parte em que o empresário reúne seu capital1, a mão de obra2, a matéria prima3 (insumos) e aplica o uso de tecnologia4. Fazzio Junior (2016) afirma que a qualificação profissional do empresário unipessoal depende de cinco elementos: Capacidade Jurídica, ausência de impedimento legal, efetivo exercício profissional, regime jurídico regulador da insolvência e registro. a- Capacidade Jurídica – somente um agente capaz poderá realizar atos de empresa. Portanto, deve o empresário possuir capacidade civil para tanto. A menoridade cessa, de acordo com art. 5º do CC, aos 18 anos, mas abre exceção ao maior de 16 anos que possua “economia própria” de se emancipar, através da abertura de estabelecimento comercial. 1 É qualquer investimento financeiro utilizado na abertura da empresa. 2 Profissionais contratados para exercer a atividade econômica. No MEI – Micro empreendedor individual o empresário pode exercer sua atividade empresarial sozinho, a legislação não obriga a contratação de um terceiro para que seja considerado empresário. 3 Todo material necessário ao desenvolvimento da atividade econômica. 4 Tudo aquilo que agregar facilidade ao desenvolvimento da produção ou prestação de serviços 23 “Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: [...] V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.” A pessoa natural pode ser considerada capaz, incapaz e relativamente capaz conforme podemos ver a seguir (Figura 1). Figura 1: Tipos de capacidade e incapacidade da pessoa natural. Fonte: Notas de Aula, 2009. b- Ausência de impedimento legal para exercício da empresa – é imprescindível que, para ser um empresário não haja nenhum impedimento legal para exercer a figura da empresa. A legislação brasileira prevê para algumas 24 pessoas capazes, o impedimento ao exercício de atividade econômica. Desse modo, alguns profissionais ficam legalmente impedidos de exercer o comércio por ser incompatível. Portanto, não se deve confundir incapacidade para exercer atividade empresária com a incompatibilidade entre a atividade empresária e outras atividades, o que gera o impedimento legal. Vejamos agora os casos de impedimento legal (Figura2): Figura 2: Incompatibilidade para exercício de atividade econômica. Fonte: Notas de Aula, 2009. c - Exercício profissional da Empresa – é considerado empresário quem exercer, profissionalmente, atividade econômica com objetivo de obtenção de lucro. Isso quer dizer que a atividade não pode ser exercida às vezes, mas sim regularmente, de forma organizada e com fins lucrativos. d - Regime jurídico peculiar regulador de insolvência – esse regime jurídico garante ao empresário o direito à falência e à sua recuperação, através do sistema falimentar. Somente o empresário no exercício da empresa tem direito a falir. e- Registro obrigatório – O primeiro ato a ser realizado pela pessoa física ou natural, que deseja realizar atividade econômica, é registrar a empresa que 25 pretender manter. Os artigos 967 e 968 do CC relatam a obrigatoriedade e os requisitos para o registro público da empresa antes do início de suas atividades. O empresário ainda deve ser diferenciado do sócio da empresa e do administrador, os quais não devem ser considerados como tal. O sócio nem sempre exerce a atividade econômica. Desse modo, ele pode ser sócio, mas não agir como empresa, apenas como empreendedor ou investidor, e o administrador é apenas o executor, o mandatário da empresa, e não empresário. Passaremos agora discorrer sobre os tipos de empresas. 2. Tipos de Empresa Existem três tipos de empresa exercidas pelo empresário a qual ele não precisará de sócios: o Microempreendedor Individual-MEI, o Empresário Individual - EI e a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada-EIRELI. Importantíssimo que durante todo nosso estudo, o formato, o porte e o regime tributário (Figura 3) das empresas sejam sempre lembrados. O empresário deve analisar e formular bem seu negócio para que não se registre uma empresa em um formato inconveniente, gerando custos, taxas e até mais impostos do que é realmente necessário. Figura 3: Formato, porte e regime tributário das empresas. Formato Jurídico Porte da Empresa Regime Tributário MEI Empresário Individual EIRELI Sociedade Limitada Sociedade Anônima Microempresa - ME Empresa de Pequeno Porte - EPP Sem Enquadramento Simples Nacional Lucro Presumido Lucro Real 2.1 ME - Microempresa e EPP - Empresa de Pequeno Porte Os empresários individuais, empresas individuais de responsabilidade limitada-EIRELI, as sociedades simples e sociedades empresárias registrados podem requerer o enquadramento como ME ou EPP e gozar dos benefícios concedidos às empresas deste porte. O Art. 179 da Constituição Federal-CF determina estes benefícios: 26 “Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.” (Brasil, 1988) Em 2006 a Lei Complementar 123/20065 disciplinou um tratamento simplificado, excepcional e mais favorecido às MEs e EPPs com base em suas receitas brutas anuais. (FAZZIO JUNIOR, 2016) Para que se enquadrem neste tratamento simplificado alguns fatores devem ser observados e serão indispensáveis para enquadramento em ME e EPP, sendo estas inscritas ou não no Sistema Simples Nacional de Tributação: teto de faturamento delimitado pela lei; não haver participação de outra pessoa jurídica no capital, nem participar do capital de outra; não exercer atividade de banco comercial, de investimento e desenvolvimento, de sociedade de crédito e correlatas. A diferença entre as MEs e as EPPs está tão somente no porte da empresa, o que impacta na alíquota de tributação. O art. 3º da lei complementar 123 menciona que as microempresas MEs são aquelas que possuem faturamento anual de até R$ 360.000,00, e as empresas de pequeno porte devem ter faturamento entre R$ 360.000,00 e R$ 4.800.000,006. (FAZZIO JUNIOR, 2016) O porte da empresa será alteradode acordo com seu faturamento, ou seja, se um faturamento supera o teto, a ME se torna uma EPP no exercício seguinte à superação desse faturamento. Da mesma forma acontece com a EPP se não alcança R$ 360.000,00, ela enquadra de EPP para ME no exercício subsequente, mas se a EPP extrapola o valor de R$ 4.800.000,00, ela deixará de gozar do tratamento excepcional e diferenciado concedido pela legislação logo no mês seguinte à superação do faturamento (LENZA, 2017). 5 A Lei Complementar LC nº 123/06 que disciplina tratamento diferenciado para as Microempresas-ME e Empresas de Pequeno Porte-EPP foi modificada pela LC nº 139/11, pela LC nº 147/14 e por último pela LC nº 155/16. 6 Valor atualizado pela LC nº 155/2016 em vigor a partir de 2018. 27 Referente à escolha adequada da forma de tributação, as MEs e EPPs poderão optar por lucro real, do lucro presumido ou pelo sistema Simples Nacional7, o qual só pode ser usufruído por elas. Com as alterações da Lei Complementar nº 123, foram incluídas algumas atividades da área de prestação de serviços, como advogados e médicos, no Simples Nacional, onde para a empresa optante desta tributação deverá ser avaliada a atividade desenvolvida e o faturamento da empresa. A Microempresa e a Empresa de Pequeno Porte estão previstas na Constituição Federal e regulamentada por Lei Complementar, o que demonstra sua importância. Embora seus faturamentos sejam considerados baixos, a quantidade de empresas enquadradas neste regime contabiliza mais de 50% das empresas instaladas no Brasil, sendo assim, imprescindíveis à economia brasileira. (SARHAN JUNIOR, 2015) Em 2016, foi aprovada a Lei Complementar nº155/16 que promoveu várias alterações na Lei Complementar nº123/06 e modificou os valores e outros tratamentos do Simples Nacional que passaram a vigorar a partir de janeiro de 2018. Figura 4 – Resumo sobre enquadramento de acordo com o faturamento. Tipo MEI ME EPP Observações Empresário Individual Até R$ 81 mil Um sócio Registro no Portal do Empreendedor Patrimônio pessoal e da empresa se misturam. Optante do Simples Nacional Pagamento de Guia Valor Fixo (DAS) Até 360 mil Até 4,8 milhões Um sócio Registro na Junta Comercial Optante do Simples, Lucro Presumido ou real 7 O Simples Nacional é uma opção tributária para empresas que faturam até R$ 4,8 milhões por ano e não se enquadram em alguma atividade impeditiva. Já o Lucro Presumido é uma opção para empresas que faturam até R$ 78 milhões de reais por ano. E, por exclusão, todas as demais empresas que não estão no perfil do Lucro Presumido ou Simples Nacional são empresas tributadas no Lucro Real. Vale ressaltar que mesmo que não seja obrigatório, qualquer empresa pode voluntariamente optar pelo Lucro Real. 28 Patrimônio pessoal e da empresa se misturam EIRELLI Até 360 mil Até 4,8 milhões Um sócio Registro na Junta Comercial Optante do Simples, Lucro Presumido ou real Patrimônio pessoal e da empresa NÃO se misturam Sociedade LTDA Até 360 mil Até 4,8 milhões Dois ou mais sócios Registro na Junta Comercial Optante do Simples, Lucro Presumido ou real Não existe valor mínimo de capital. Patrimônio pessoal e da empresa NÃO se misturam Fonte: Capital Social, 2015. 2.2 Empresário Individual - EI O Empresário Individual - EI se difere do MEI em relação à restrição de atividades permitidas, ao número de obrigações acessórias e ao faturamento anual. O Empresário Individual é um profissional que trabalha para si mesmo e pode ter um faturamento anual máximo até a R$ 360 mil, sendo considerado ME (Microempresa), ou até 4,8 milhões, sendo EPP (Empresa de Pequeno Porte). O Empresário Individual precisa registrar a empresa em seu nome, a Firma Individual, ou seja, para registro da empresa precisa usar seu nome: “Fulano da Silva Neto”; ou abreviar o nome e colocar a atividade que exerce “FS Neto Comércio de Alimentos”. 2.3 EIRELI Empresa Individual de Responsabilidade Limitada A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI foi instituída pela Lei nº 12.441/2011 e art. 980-A do CC, de forma a tornar empreendedores informais em formais, não limitando o capital social máximo. Para tanto, são exigidos três requisitos: capital social integralizado; valor do capital social não inferior a 100 vezes o salário mínimo vigente no país e; nome empresarial acrescido da expressão EIRELI. O EIRELI pode se enquadrar como ME e EPP e ainda solicitar o enquadramento no Simples Nacional, sendo, de certa forma, mais conveniente que 29 o EI, no entanto a grande dificuldade é o valor mínimo do capital social que deve ser de 100 vezes o salário mínimo vigente. A EIRELI é uma empresa constituída por apenas uma pessoa, possuidora de 100% do capital, e que, nessa modalidade, protege o patrimônio pessoal do empresário, estabelecendo um patrimônio social da empresa na qual, em caso de dividas ou falência, somente o patrimônio da empresa seria atingido. Desta forma, o empresário responde de forma limitada, separando o patrimônio da pessoa física e da pessoa jurídica. (FAZZIO JUNIOR, 2016) 2.4 Microempreendedor Individual - MEI O MEI é aquele profissional autônomo e/ou microempresário, inserido na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06 com suas atividades certificadas pela Lei Complementar 128/08). Uma vez registrado no MEI, o empresário não poderá ter sócios, poderá contratar apenas um funcionário e sua receita bruta anual não poderá ultrapassar R$ 81 mil8. Sendo enquadrado no Simples Nacional, fica isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). O MEI tem como obrigação pagar uma Guia de Valor Fixo Mensal por meio do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), sendo: MEI de Comércio: R$ 47,85; MEI de Serviço: R$ 51,85 e, MEI de Comércio e Serviço na mesma empresa paga o valor de: R$ 52,859. 3. Empresa Patrimônio Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculado a uma pessoa ou a uma entidade. Tudo que uma pessoa tem é chamado de bens e direitos 8Lei Complementar 155/2016, Art. 18-A, § 1º “Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI o empresário individual que se enquadre na definição do art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou o empreendedor que exerça as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural, que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais), que seja optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo.” 9 Valor correspondentes ao recolhimento do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) do ano de 2017. 30 e tudo que a pessoa deve têm a terminologia de obrigações e todos devem ser avaliados em moeda. Os bens e direitos constituem a parte positiva do patrimônio, chamada ativo, enquanto as obrigações representam a parte negativa do Patrimônio, chamada passivo. Os bens podem ser móveis ou imóveis, tangíveis ou intangíveis. Os bens móveis são aqueles que podem ser movidos por força própria ou alheia e que são palpáveis como carros, motos, mercadoria e animais, e etc. Os bens imóveis são aqueles que, como o nome bem explica, não podem se mover sem que sofram algum tipo de dano, como casas, prédios, arvores e terrenos, entre outros. Os bens tangíveis compõem uma forma física, concreta, como terrenos, dinheiro, veículos, móveis e utensílios, mercadorias, enquanto os bens intangíveis não têm formafísica, concreta e são impalpáveis, mas ainda assim são bens, como, por exemplo, nome comercial (marca), patente de invenção, ponto comercial, o nome na internet (domínio), entre outros. (SARHAN JUNIOR, 2015) Já os Direitos são recursos que a empresa tem a direito a receber e que trarão benefícios ou benfeitorias à vista ou a prazo como, por exemplo, contas, duplicatas e títulos a receber, aluguel a receber, e outros. Por fim, as Obrigações são tudo que a empresa deve, são as dívidas ou valores que são devidos a um terceiro. A empresa adquire mercadorias que são integradas aos seus bens (ativo). No entanto, gera obrigações, aumentando suas dívidas (passivo). (LENZA, 2017) Pedro Lenza (2017) afirma ser Imprescindível para o exercício da atividade empresarial o gerenciamento do patrimônio da empresa correspondente ao conjunto de direitos, bens e obrigações, em todo em que se especificará o patrimônio ativo e patrimônio passivo, sendo possível estimar o denominado patrimônio líquido do empreendimento, do confronto do ativo com o passivo. A partir desse entendimento básico sobre bens, direitos e obrigações seguiremos para a sequência de estabelecimento e nome empresarial. 3.1. Do estabelecimento empresarial O Estabelecimento empresarial é o conjunto de bens tangíveis e intangíveis da empresa, utilizados para alcançar a finalidade e exercício de seu objeto social e 31 que é conceituado pelo art. 1.142 do Código Civil que define estabelecimento como “todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”. Para se entender o que é estabelecimento, é preciso compreender que este não se confunde com a empresa, pois uma única empresa pode possuir inúmeros estabelecimentos, que é o caso de lojas que possuem a matriz e diversas filiais, mas todas são apenas uma empresa. A empresa possui direitos. O estabelecimento é um desses direitos, não possuindo natureza jurídica, mas uma universalidade de fato. Sahran Junior (2015) afirma, baseado em outros autores, que estabelecimento “é uma universalidade de fato, pois, muito embora a lei preveja seu conceito, não estipula os bens que devem compor a sua formação deixando a cargo do empresário ou da sociedade empresária essa escolha”. O estabelecimento também não pode se confundir com ponto comercial ou ponto do negócio, ele é composto pelos bens móveis e imóveis como o prédio onde está estabelecido e o mobiliário utilizado, assim como pelo nome e marca do estabelecimento, sendo estes bens corpóreos ou não. O ponto comercial é um elemento corpóreo do estabelecimento empresarial, sendo ele o local físico onde a atividade econômica é exercida. Portanto, de extrema importância para o desenvolvimento da atividade. Quando o ponto comercial tem uma localização boa, seu valor aumenta, mas se a localização não for prática ou acessível, por exemplo, o valor patrimonial do ponto comercial é menor. Quando o ponto comercial for locado, deverão ser observadas as proteções legais ao locador e locatário (FAZZIO JUNIOR, 2016). 3.2. Do nome empresarial O nome é a forma ou instituto pela qual a pessoa física ou jurídica é identificada, tornando-a única, em meio às universalidades existentes, não estando sujeito à alienação. No direito empresarial, fica demonstrado que, embora não haja consenso sobre a natureza jurídica do nome empresarial, ele compõe o estabelecimento. Requião (2009) afirma que “O Código Civil segue o padrão da legislação mais recente e adota a expressão nome empresarial, pois o faz para designar o exercício da empresa”. 32 O art. 1.155 do Código Civil estabelece duas formas de nomear a empresa: a firma e a denominação: Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações. (Brasil, 2002) Fazzio Junior (2016) assegura que o nome empresarial deve representar a verdade da atividade comercial exercida e de quem a exerce, deve ainda ser entendida como novidade e ter exclusividade. O autor ainda divide em três tipos o nome empresarial como sendo: Firma Individual é o nome usado pelo empreendedor individual. Firma Social designa a sociedade contratual, quer dizer, a sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples e, em caráter opcional, a sociedade limitada e a comandita por ações. A denominação é o nome da sociedade anônima ou companhia e, também em caráter opcional, da sociedade limitada e da comandita em ações. A firma individual é constituída pelo nome do empresário, abreviado ou não, não podendo ser abreviado os nomes “Filho, Neto, Junior”, nem usados apelidos. Não poderá existir dentro de uma mesma unidade federativa (Estado) nomes empresariais iguais, encontrando nome igual já registrado na Junta comercial poderá ser acrescentado ao final do nome a atividade econômica. Ex: Fulano de Tal da Silva Neto Comércio de Alimentos ou F.T.S Neto Comercio de Alimentos. Na sociedade empresária, o nome empresarial pode ser uma firma social ou denominação, a sociedade em nome coletivo deverá ter o nome de um sócio acrescido de “e Companhia” (e Cia), podendo ser substituído por “e filhos” ou “e irmãos”. Ex. Fulano de Tal da Silva e Cia ou Fulano de Tal e Silva & Filhos. Na sociedade em comandita simples, o nome empresarial será apresentado como o nome de pelo menos um dos sócios acrescido de “e Companhia” (e Cia). Na sociedade Limitada, as empresas podem optar pela Firma Social ou pela Denominação, acrescentando a palavra “Limitada” (LTDA) ao final do nome, se escolher usar a firma social deverá ser usado o nome de um dos sócios. Ex. Fulano de Tal e Cia. Ltda. ou Empreendimentos Barão de Oz Ltda. 33 Na sociedade anônima, é usada a denominação, utilizando ou não a atividade exercida e a expressão Sociedade Anônima (SA), no início ou fim do nome. Ex. Industrias Barão de Oz S.A. ou Sociedade Anônima Barão de Oz. Na sociedade comandita por ações, o nome empresarial será composto pelo nome de um ou mais sócios, acrescido de “e companhia” e da expressão “comandita por ações”. Ex. Fulano de Tal e Cia Comandita por Ações. Um resumo das espécies de nome empresarial e seu regime jurídico pode ser observado na Figura 5, especificando o uso de firma ou denominação e a legislação pertinente. Figura 5: Espécies de Nome Empresarial no Código Civil ESPÉCIES DE NOME EMPRESARIAL NO CÓDIGO CIVIL Empreendedor Individual ou Coletivo Espécie de Nome Empresarial Regime Jurídico MEI-Microempreendedor Individual Firma (dispensável) Art. 968, caput, inc I e § 5º do CC EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada Firma ou Denominação Art. 980-A, § 1º do CC EI - Empresário Individual (Que não seja MEI ou Eirelli) Firma Individual Art. 968, caput, inc I e art. 1.156 do CC LTDA – Sociedade Limitada Firma Social ou Denominação Art. 1.158 do CC S/A Sociedade Anônima Denominação Art. 160 do CC e art. 3º da Lei nº 6.404/76 Sociedade em Nome Coletivo Firma Social Art. 1.157 c/c art. 1.039, ambos do CC Sociedade em Comandita Simples Firma Social Art. 1.157 c/c art. 1.045, ambos do CC Sociedade em Comandita por Ações Firma Social ou Denominação Art. 1.090 do Código Civil Cooperativa Denominação Art. 1.155, parágrafo único c/c art. 1.159, ambos do CC Sociedade em Conta de Participação Não poderá utilizar nem firma, nem denominação Art. 1.162 do CC Fonte: Lenza, 2017, pag. 102 O Registro do nome empresarial deverá ser realizado na Junta Comercial do Estado, respeitando sempre os princípios da novidade e veracidade, protegido pela 34 Lei nº 8.934/94,Lei de Registro Público de Empresas Mercantis-RPEM, que regulamenta o registro empresarial, a proteção ao nome empresarial, o titulo de estabelecimento, e o nome empresarial, segundo Lenza (2017). A Redesim, existente em todo território nacional, tem como objetivo simplificar o registro e legalização de empresas, realizando desde a abertura, alterações até a baixa das empresas na Junta Comercial reduzindo processos burocráticos e unificando os atos e registros de dados empresariais. 4. Empresa – Perfil Coorporativo O perfil coorporativo da empresa deve ser entendido como a contribuição realizada à empresa pelos colaboradores subordinados ou não subordinados, ou seja, os empregados registrados da empresa e os terceirizados como advogados, contadores e outros. A legislação prevê os colaboradores do empresário nos artigos 1.169 a 1.195 do Código Civil, inclusive determinando que o preposto da empresa é aquele que substitui o empresário na administração da empresa, agindo em seu nome e nos limites dos poderes a ele conferido, sob pena, inclusive, de responsabilidade pessoal. A contabilidade da empresa deverá ser realizada formalmente por um profissional de contabilidade, com exceção ao MEI e às MEs ou EPPs não optantes do SIMPLES. De acordo com Pedro Lenza (2017) A aferição dos custos do objeto social, antes e durante a execução do empreendimento, compões ponto sensível de seu gerenciamento. A contabilidade forma, assim, projetará a saúde financeira do empreendimento ou sinalizará a necessidade de sua recuperação judicial ou extrajudicial. A escrituração dos livros contábeis pelo contador pode ser facultativa ou obrigatória. Esses últimos devem ser realizados de acordo com a legislação pertinente, como, por exemplo, o livro de Registros de Duplicatas. Recentemente foi criado o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), que permite que a escrituração de livros contábeis seja realizada digitalmente, de forma a facilitar o registro e fiscalização desses livros, fornecendo segurança jurídica, desburocratização e evitando perda de documentos contábeis (Lenza, 2017). 35 DICAS IMPORTANTES Principais Alterações conferidas pela Lei Complementar nº 155/1610: – aumenta de R$ 3.600.000,00 para R$ 4.800.000,00 o limite máximo de receita bruta para as empresas participarem do regime de tributação do Simples Nacional. No entanto, para efeito de recolhimento do ICMS e do ISS no Simples Nacional, o limite máximo de receita bruta será de R$ 3.600.000,00; – poderão se enquadrar no Simples Nacional as micro e pequenas cervejarias, destilarias, vinícolas e produtores de licores, desde que registradas no Ministério da Agricultura e obedecida a regulamentação da Anvisa, no que se refere à produção e comercialização das bebidas alcoólicas; – altera as tabelas de apuração do Simples Nacional, que passará a ser apurado através de alíquota efetiva. As novas tabelas passarão a ter novas faixas e alíquotas, bem como uma parcela a deduzir em cada faixa; – realoca o enquadramento de determinados prestadores de serviços nas tabelas de apuração do Simples Nacional, bem como estabelece, para algumas atividades, a migração da tabela do Anexo III para a tabela do Anexo V, caso a relação entre a folha de salários e a receita bruta seja inferior ao limite de 28%; – aumenta o limite de receita bruta do MEI (microempreendedor individual) de R$ 60.000,00 para R$ 81.000,00; – poderá se enquadrar como MEI o empreendedor que exerça as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural, garantida a condição de segurado especial da Previdência Social; – os Estados cuja participação no PIB brasileiro seja de até 1% poderão optar pela aplicação de sublimite para efeito de recolhimento do ICMS na forma do Simples Nacional nos respectivos territórios, para empresas com receita bruta anual de até R$ 1.800.000,00. Os Estados que não tenham adotado sublimite de até R$ 1.800.000,00 e aqueles cuja participação no PIB seja superior a 1%, observarão o 10 Informações retiradas do site Contabeis, disponível em http://www.contabeis.com.br/noticias/30174/nova- lei-altera-norma-sobre-seguro-desemprego-e-mei . Acesso em 14/01/2018 http://www.contabeis.com.br/noticias/30174/nova-lei-altera-norma-sobre-seguro-desemprego http://www.contabeis.com.br/noticias/30174/nova-lei-altera-norma-sobre-seguro-desemprego 36 sublimite no valor de R$ 3.600.000,00 para efeito de recolhimento do ICMS e do ISS; – os valores repassados aos profissionais contratados por meio de parceria em salões de beleza, nos termos da legislação civil, não integrarão a receita bruta da empresa contratante para fins de tributação no Simples Nacional, cabendo ao contratante a retenção e o recolhimento dos tributos devidos pelo contratado; Além disso, a Lei Complementar 155 estabeleceu as seguintes disposições em relação ao seguro-desemprego e ao e-Social: – dispõe que, para fins de percepção do seguro-desemprego, o registro como MEI não caracterizará perda do benefício, exceto se demonstrada renda própria para sua manutenção e de sua família na declaração anual simplificada da microempresa individual; e – o Ministro da Fazenda e o Ministro do Trabalho definirão, em ato conjunto, a forma, a periodicidade e o prazo de recolhimento do FGTS, das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a terceiros, por meio de declaração unificada. RESUMO O Perfil Subjetivo da empresa externa que o empresário é aquela pessoa que exerce a atividade econômica organizada continuamente, podendo esta ser uma pessoa física ou jurídica, titular de direitos e obrigações. O perfil funcional, que é atividade que a empresa desenvolve o exercício desta atividade, desde a contabilidade diária até a exclusão de um sócio; O perfil objetivo, que é o conjunto de bens, o patrimônio que forma a empresa, se preocupa com o estabelecimento empresarial (art. 1142 até 1149, Código Civil-CC); O perfil coorporativo, que é o formado pelo capital humano, empresário e funcionários, onde se avalia a posição da empresa frente à sociedade. Para ser empresário, é preciso que além de estar desenvolvendo atividade econômica com produção ou circulação de bens e serviços, é necessário que esteja envolvido o profissionalismo de quem exercerá a atividade na forma de 37 conhecimento, habitualidade e pessoalidade, e ainda da organização que é a parte em que o empresário reúne seu capital, a mão de obra, a matéria prima (insumos) e aplica o uso de tecnologia. As MEs (Microempresa), e EPPs (Empresa de Pequeno Porte) possuem um tratamento simplificado, excepcional e mais favorecido às com base em suas receitas brutas anuais e para que se enquadrem neste tratamento simplificado alguns fatores devem ser observados e serão indispensáveis para esse enquadramento, sendo estas inscritas ou não no Sistema Simples Nacional de Tributação. O Empresário Individual - EI é um profissional que trabalha para si mesmo e pode ter um faturamento anual máximo até a R$ 360 mil, sendo considerado ME, ou até 4,8 milhões, sendo EPP. O EIRELI pode se enquadrar como ME e EPP e ainda solicitar o enquadramento no Simples Nacional, é uma empresa constituída por apenas uma pessoa, possuidora de 100% do capital e que, nessa modalidade, protege o patrimônio pessoal do empresário, estabelecendo um patrimônio social da empresa, pois o empresário responde de forma limitada, separando o patrimônio da pessoa física e da pessoa jurídica. O MEI é aquele profissional autônomo e/ou microempresário, o empresário não poderá ter sócios, poderá contratar apenas um funcionário e sua receita bruta anual não poderá ultrapassar R$ 81 mil. Sendo enquadrado no Simples Nacional, fica isento dos tributos federais(Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). O Estabelecimento empresarial é o conjunto de bens tangíveis e intangíveis da empresa. É todo complexo de bens organizado para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. O nome empresarial é a forma ou instituto pela qual a pessoa física ou jurídica é identificada, tornando-a única, em meio às universalidades existentes, sendo dividido em Firma Individual, Firma Social e Denominação, não estando sujeito à alienação. O perfil coorporativo da empresa deve ser entendido como a contribuição realizada à empresa pelos colaboradores subordinados ou não subordinados, 38 ou seja, os empregados registrados da empresa e os terceirizados como advogados, contadores e outros. ATIVIDADES 1. (FCC – TRT – 2015) Antônio é empresário individual, como tal inscrito no Registro de Empresas e no CNPJ há mais de dez anos. Com exceção daqueles legalmente impenhoráveis, respondem pelas dívidas contraídas por Antônio no exercício da atividade empresarial a) somente seus bens afetados à atividade empresarial, mas limitadamente ao valor do capital da empresa. b) todos os seus bens, inclusive os não afetados à atividade empresarial, desde que deferida, judicialmente, a desconsideração da personalidade jurídica da empresa. c) todos os seus bens. d) todos os seus bens, mas limitadamente ao valor do capital da empresa. e) somente os seus bens afetados à atividade empresarial. 2. (FCC-TJPE-2015) Acerca do nome empresarial, é correto afirmar: a) o nome do sócio que vier a falecer pode ser conservado na firma social. b) é vedada a alienação do nome empresarial. c) a inscrição do nome empresarial somente será cancelada a requerimento de seu titular, mesmo quando cessado o exercício da atividade para que foi adotado. d) independentemente de previsão contratual, o adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode usar o nome empresarial do alienante precedido do seu próprio, com a qualificação do sucessor. e) a sociedade por conta de participação pode ter firma ou denominação. 3. Explique a diferença entre incapacidade jurídica e impedimento legal no exercício da empresa. 39 REFERÊNCIAS ALEJARRA, Luis Eduardo Oliveira. História e evolução do Direito Empresarial. Disponivel em: https://jus.com.br/artigos/23971/historia-e-evolucao-do-direito- empresarial. Acesso em 27/12/2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 1a edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. V.1, 18 ed, Saraiva: São Paulo, 2002. (p.116). PALMA, Rodrigo Freitas. História do Direito. 4ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ROCCO, Alfredo. Princípios do Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 1931. SARHAN JUNIOR, Suhel. Direito Empresarial: Manual Teórico e Prático. Belo Horizonte: DelRey, 2015. https://jus.com.br/artigos/23971/historia-e-evolucao-do-direito-empresarial https://jus.com.br/artigos/23971/historia-e-evolucao-do-direito-empresarial 40 Unidade III - Direito Societário O direito societário estuda os tipos de sociedade, e sociedade pode ser conceituada como um acordo de vontades de duas ou mais pessoas, que reúnem capital e trabalho com fins lucrativos, registrando no órgão competente a pessoa jurídica. O art. 982 do CC conceitua a sociedade empresarial como “sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito ao registro”. Pedro Lenza (2017) afirma que “a comunhão de esforços, pessoais e patrimoniais, constitui elemento nuclear do conceito de sociedade empresária”. Essas sociedades ainda podem ser divididas entre sociedade empresária, a qual é conduzida pelo direito empresarial e as sociedades não empresárias (cooperativas-sociedade simples), regulamentada pelo direito civil. As sociedades empresariais normalmente possuem dois ou mais sócios (pessoa Física ou Jurídica), mas são aceitos alguns tipos de sociedade unipessoais como as S.A. reduzida a sócio único, as subsidiárias integral, outras sociedades reduzidas a sócio único e as Eireli superveniente. 1. Conceito e Teorias sobre a personalidade jurídica dos entes coletivos Como já falamos anteriormente, a personalidade jurídica se forma a partir da universalidade de bens e pessoas. Se há uma reunião de coisas ou pessoas, a personalidade jurídica pode existir e agitar a economia com a perspectiva de lucros ou ganhos. Desta forma, é fácil compreender a importância das pessoas jurídicas para a sociedade civil organizada. Portanto, importante haver proteção legal, que só poderá existir se houver uma personificação do ente coletivo. (LENZA, 2017) Através dos milênios, vimos a força do comércio alimentado pelo capital privado construir e destruir nações, sociedade familiares se voltarem para grandes empreitadas, o comércio entre continentes, o início da produção em série, a revolução industrial e, hoje, os grandes polos industriais e empresariais. (LENZA, 2017) Algumas teorias foram discutidas, as negativistas, que não reconhecem a pessoa jurídica, afirmavam que, como demonstra Lenza (2017), “o cerne da 41 associação se reduziria a um conjunto de bens a proporcionar fim especifico” ou que “o ente coletivo, como pessoa autônoma, mais uma vez, são um mero conjunto de bens em copropriedade”. Diversos autores se opuseram à personificação da pessoa jurídica, ou seja, da personificação do ente coletivo. A teoria afirmativista é defendida por autores que compreendiam que o ente coletivo tinha por direito ser reconhecido em relação a seus direitos de personalidade, reputação, nome, confiabilidade, solidez, inclusive para poder concorrer de forma justa e igualitária, podendo inclusive sofrer dano moral, conforme o Enunciado da Sumula 227 do Superior Tribunal de Justiça - STJ, existente antes do novo Código Civil, que prevê esse reconhecimento nos artigos 11 e 21 c/c art. 52. Institui o Código Civil em seu art. 52, que “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade” (BRASIL, 2002). Por fim, surge a teoria da realidade que, conforme afirma Lenza (2017), constata que “os entes coletivos são organismos vivos, perceptíveis no cotidiano, com necessidades próprias e que, por isso, merecem ser considerados sujeitos de direito e não de simples abstração”. Várias teorias da realidade surgiram. Entre elas, a teoria da realidade objetiva ou orgânica, de Gierke (1841-1921) que entende a personificação do ente coletivo como fenômeno ou realidade sociológica capaz de realizar trabalhos coletivos, com vontade própria e não somente a vontade das pessoas naturais que a organizou. Entretanto, encontrou resistência já que assim, representaria apenas a ficção de que a pessoa jurídica pode tomar decisões (LENZA, 2017). No entanto, a vontade da pessoa jurídica, ainda que passe pela vontade de seus administradores, reflete que o que ente coletivo almeja, é funcional. O ente coletivo pode visar lucros quando privada, visar à filantropia quando instituição beneficente ou visar o bem-estar comum, quando pública. Ainda assim, atende a finalidade e objetivo que a pessoa jurídica possui e pode em juízo defender suas pretensões ou responder por elas, sendo desta forma, considerado sujeito de direito autônomo (LENZA, 2017). Já a Teoria da Realidade Técnica é a que melhor assevera que a forma de legislar sobre o ente coletivo é o que lhe assegura sua personificação a partir do momento que reconhece seus direitos e estabelece deveres, sendo o art. 45 do CC o que melhor demonstra como tal teoria funciona: 42 Art. 45. Começa a existência legal das pessoas
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