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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CARUARU PERNAMBUCO.
 
 
 
 
 
 
 
Processo nº 001131-35.2016.8.17.2480
 
 
 
MARIA LEIDIJANE DE OLIVEIRA, já qualificada nestes autos da AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C CANCELAMENTO CONTRATUAL COM PLEITO LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, que move em face da QUALICORP S/A, pessoa jurídica de direito privado, por seu representante, também qualificada, e UNIMED – NORTE NORDESTE, pessoa jurídica de direito privado, por seu representante, também já qualificada, vem, com o devido respeito e acatamento, perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado que a esta subscreve apresentar Impugnação à Contestação proferida pela UNIMED - NORTE NORDESTE, pelas razões que passa a expor:
Introdutoriamente, cumpre arguir sobre a malograda tentativa da parte Ré em tentar desvirtuar a realidade dos fatos, quando da apresentação de sua peça contestatória, que por meio de falácias descompassadas, procurou descaracterizar o direito líquido e certo da autora.
	I – Resumo das Alegações
Em Agosto de 2013, a autora firmou contrato de serviços médicos com a Unimed Norte - Nordeste por meio da empresa QUALICORP saúde, gerando o contrato de adesão, proposta nº 4921129. 
Ao realizar o contrato do plano de saúde, a Autora pagou a primeira mensalidade no valor de R$ 141,84. No começo do mês de setembro de 2013, ao solicitar 2ª via de boleto, surpreendeu-se com a notícia de que o plano em questão seria cancelado por não mais oferecer cobertura ao Estado de Pernambuco, e foi informada que a quantia paga no ato da contratação iria ser devolvida em até 5 dias úteis direto em sua conta bancária. 
Não houve o cumprimento do prazo para a devolução da quantia supracitada. Após o fato, várias foram às tentativas de contato para efetivar o estorno, entretanto, sempre usavam de medidas procrastinatórias para delongar o pagamento em questão.
A autora tentou contato por telefone várias vezes e não conseguiu solucionar a devolução da quantia. Devido a não efetivação do plano de saúde em tela, A autora foi obrigada a fazer outro plano de saúde com a mesma operadora, desta vez com a unidade de Recife/PE.
Conforme dito, a autora cumpriu suas obrigações contratuais, em especial ao princípio Pacta Sunt Servanda, o que não ocorreu por parte das rés.
A priori, cumpre esclarecer que a autora realizou o contrato com a referente Qualicorp e o cartão foi expedido em Nome da Unimed restando comprovado a responsabilidade entre as duas. 
Em setembro de 2015 a autora procurou a CDL – Câmara dos Dirigentes Lojistas, após ter sido negado um crédito para realização de uma compra em uma loja de sapatos, pela primeira vez não conseguiu realizar um crediário no comércio local, com o nome negativado indevidamente. 
Então, a autora voltou a procurar a Qualicorp que se negou a informar que no sistema continha débitos, referente ao plano de saúde nunca efetivado, e consequentemente ignorou a negativação indevida. Na ocasião, foram passadas as informações para a Unimed que também se negou em resolver o conflito. 
Diante do descaso das empresas, a Autora ficou com restrições no comércio, impedindo-a de realizar operações comerciais em virtude do equívoco cometido pelas demandadas. 
Não foi reavido em favor da Demandante o valor da adesão ao plano de saúde por meio da 1ª (primeira) demandada, que prometeu devolução do valor em virtude da não cobertura da segunda demandada ao Estado de Pernambuco. 
Por necessidade, a Autora veio a realizar um novo contrato com Unimed Recife/PE, estando o mesmo em vigor e agora sendo realmente bem atendida por vários profissionais do plano de saúde. 
Foi instruída a enviar os boletos do novo plano para a 1ª Demandada, e que essa resolveria o problema da autora no prazo de 05 (cinco) dias, conforme protocolo de nº 100973556. Findo o prazo em 12 de agosto de 2014, mais uma vez não obteve êxito e tentou novamente, só que mais uma vez pediram-lhe que esperasse por mais 05(cinco) dias. Porém, mais uma vez não teve resposta alguma, embora não tenha deixado de realizar novas tentativas.
Com relação ao PLEITO LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS, requerido na peça inaugural, o Excelentíssimo Julgador, em 10.03.2016,, proferiu seu Decisum deferindo em favor da Autora a retirada das restrições impostas pela QUALICORP, com pena por descumprimento (astreintes) no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
	II - Preliminar de Mérito - Da Ilegitimidade Passiva AD CAUSAM - Resolução Normativa nº 196/2009, da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS
Preliminarmente a Demandada pede que seja reconhecida a sua ilegitimidade para a causa, devendo ser excluída do pólo passivo da presente demanda, imputando a responsabilidade absoluta para a outra parte Ré a QUALICORP.
Na tentativa vã de fugir do debate ora instaurado, a UNIMED - NORTE NORDESTE, menciona que a outra Demandada é que detém os poderes para incluir e excluir beneficiários por força contratual existente entre elas. 
Trata a QUALICORP como administradora de Plano de Saúde, e que responde pelos atos praticados em face dos consumidores, conforme preza a cláusula 14 do contrato celebrado por ambas, que assim se expressa:
CLÁUSULA 14 - CONDIÇÕES DA PERDA DE QUALIDADE DO BENEFICIÁRIO:
14.3 Caberá tão somente à pessoa jurídica contratante solicitar a suspensão ou exclusão de beneficiários.
As arguições preliminares dessa Demandada buscam sem qualquer receio, atribuir total responsabilidade para a QUALICORP, que seria na sua concepção a empresa responsável por todas as ações praticadas em relação aos seus beneficiários. 
Ora, Excelentíssimo Julgador, percebemos que se trata de uma artimanha jurídica e consolidada por ambas, como forma de tutelar os interesses da UNIMED, e em contrapartida os vícios ocorridos em desfavor dos beneficiários do plano de saúde, ficam a cargo da QUALICORP. 
A UNIMED busca se isentar da responsabilidade a todo custo, ivocando um contrato particular celebrado com a QUALICORP, como se esse vínculo existente pudesse se sobrepor aos interesses da beneficiária ora prejudicada. Ainda que fosse o caso de haver supremacia contratual sobre a relação de consumo (CDC) - que é o segmento do direito cabível na presente demanda - a celebração jurídica entre ambas, nos mostra já a partir do preâmbulo, que os ditames contratuais são impostos pela UNIMED (Contratada).
Observa-se no instrumento, que após as devidas qualificações, há na página 2, um aceite da QUALICORP (Contratante), declarando que recebeu o MANUAL DE ORIENTAÇÃO PARA CONTRATAÇÃO DE PLANOS DE SAÚDE (MPS), a CARTA DE ORIENTAÇÃO AO BENEFICIÁRIO E DECLARAÇÃO DE SAÚDE, além da GUIA DE LEITURA CONTRATUAL (GLC), estes fornecidos pela UNIMED.
Ora, Douto Julgador, resta inequívoco que trata-se de uma terceirização de serviços, e que inexoravelmente se desenha uma tentativa de fuga de responsabilidade da parte Demandada em tela. Todavia, como não deverá ser considerada em desfavor da Autora essa relação contratual entre ambas, já que não há dúvidas de que esse vínculo foi criado como forma de causar danos aos direitos dos beneficiários, a tutela jurídica que deve ser trazida para resolver o conflito em debate é o codex consumerista, como já levantado na peça inaugural.
A relação de consumo é inegável para o caso, já que a Autora é cliente das demandadas Prestadoras de Serviços ou Empresas do mesmo grupo, que valendo-se do poder econômico, não realizaram o cancelamento do plano, feito esse acordado após o cancelamento do atendimento da UNIMED para a região. A doutrina, jurisprudência e a legislação, consolidam a relação de consumo entre empresas de plano de saúde e clientes. 
E nessa senda, não se torna oneroso reiterar o que diz o Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal no 8.078/90), já mencionado na peça inicial, em seu artigo 3º, in verbis:
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
§ 1º. Omissis
§ 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. (grifamos)
Portanto, Excelentíssimo Julgador, as arguições utilizadas pela Demandada, não devem prosperar, pois a essa cabe responsabilidade objetiva nessa relação de consumo. 
A responsabilidade civil é intrínseca às empresas de administração de benefícios e solução em saúde e plano de saúde, quando, independentemente da existência de culpa, a atividade causar prejuízo a alguém, cliente ou não e houver nexo de causalidade. As empresas dessa modalidade de prestação de serviços, assumem essa responsabilidade por diversas razões, entre elas, o fato de terem maior poder econômico, em relação ao cliente. 
Esse poder desestabiliza a relação jurídica, na medida em que lhes confere posição jurídica mais vantajosa na contratação de clientes. Assumir riscos é assumir a obrigação de vigilância, garantia e segurança sobre o objeto do negócio jurídico. As empresas exercem atividades que podem pôr em risco a incolumidade dos clientes e de outrem. Na medida em que a fazem, desde o início, assume os riscos do dano que, a despeito da diligência, se verifique. 
A adoção da responsabilidade pelo critério puramente objetivo fundamenta-se na justiça distributiva e na necessidade da completa proteção da vítima. Assim, basta que suas atividades normalmente desenvolvidas causem danos, porquanto esses danos eram riscos previsíveis em razão da própria natureza dessas operações. Se previsíveis, assumiram-nos, desde o início, o que justifica a responsabilização pelos danos irradiados. 
A esse respeito, importa registrar novamente o que diz o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. (grifamos)
Os fundamentos ora mencionados, remetem para o fato, de que as empresas da modalidade de Planos de Saúde vendem seus serviços, e que, portanto, se o serviço é mal prestado ou funciona mal, trazendo danos ao consumidor, à instituição deverá responder pelos prejuízos causados ao consumidor, independentemente da existência de culpa. 
Há de se ressaltar, ainda, que no caso ora discutido, há comprovação de culpa exclusiva das empresas Demandadas, não se excluindo a UNIMED do pólo passivo, como essa pleiteia, por figurar como responsável direto na relação de consumo. 
Dessa forma, ensina a corrente majoritária, que se trata tecnicamente, de responsabilidade objetiva, dispensando a comprovação da culpa, cabendo somente a Beneficiária a demonstração de que o serviço foi mal prestado, que sofreu os prejuízos e que há relação entre o defeito no serviço e o dano causado.
Ainda no mesmo contexto, objetivando convencer quanto a ilegitimidade Ad Causam para estar no pólo passivo desta ação cível, a parte Ré em baila, menciona dispositivo da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mais precisamente a resolução normativa 196/2009, em seu artigo 2º, tentando imputar a sua terceirizada (QUALICORP), toda a responsabilidade pelas ações promovidas em desfavor da Autora.
Assume que houveram transtornos em face da Demandante, mas atribui tais fatos contra a outra empresa Demandada, e que em virtude dessa má conduta, se considera ilegitima para participar do debate em questão, por não ser responsável pelos descaminhos provocados por sua parceira, e pede a extinção do processo sem resolução do mérito, somente com relação a ela, pois segundo seus argumentos, quem praticou os equívocos foi a QUALICORP. 
Assim, Excelentíssimo Julgador, ao suscitar a questão na presente demanda, a parte Ré, já demonstra querer fazer uma defesa sem consistência, com falácias, e com meios meramente protelatórios, que não devem ser considerados, pois resta cristalino in casu, que há um jogo jurídico entre às partes passivas, com intuito de confundir vossa decisão acerca do direito da Autora.
Ademais, a respectiva resolução normativa da Agência reguladora, em momento algum menciona que a estipulante estaria isenta de responsabilidade por danos causados aos seus beneficiários. O normativo apenas retrata a forma operacional com que esta deve conduzir suas contratadas, delegando para essas, diversas atribuições. 
De toda sorte, o mencionado dispositivo da ANS, foi feliz em seu teor, pois apenas recomenda funções das estipulantes para as contratadas, sem contudo, ferir o Código Consumerista, que visa proteger os interesses dos consumidores, que é o caso ora patrocinado.
Em face do exposto, deve-se manter a Demandada no pólo passivo da presente ação promovida pela beneficiária, responsabilizando-a também pelos feitos praticados em desfavor da Autora.
	III - Mérito - 
Do Repositório da Verdade
Quanto a realidade dos fatos, a Requerida sustenta em sua contestação que a legislação é contundente no sentido de que a administradora é responsável pela gestão dos planos de saúde em suas diversas funções, e que a respeito da lide, a Autora em sua peça vestibular, sempre se dirigiu a QUALICORP no intuito de resolver os equívocos acontecidos, e que se comunicou com a ora contestante, depois de várias tentativas frustradas com aquela demandada e que foi informada que apenas ela seria a responsável para resolução do caso.
Quanto a essas primeiras alegações, insta afirmar que a QUALICORP não é administradora dos planos, conforme já alegado anteriormente. Trata-se tão somente de uma empresa terceirizada, para prestar serviços em favor da real administradora que é a UNIMED. Quanto ao fato da Autora se dirigir inicialmente a empresa que vendeu o plano de saúde, não vislumbra-se nesse ato, uma questão volitiva da Demandante em querer atribuir responsabilidade única para aquela. Apenas denota-se que foi tal empresa que comercializou o produto e que é natural que o contato se firme entre ambos. 
Logo, percebe-se que a UNIMED, tenta se retirar da linha de confronto, com subterfúgios que em nada contribui para esse valoroso debate. 
A UNIMED prossegue com sua contestação, alegando que praticamente nada do que foi dito na exordial condiz com a realidade. Alega ainda, que não há provas das menções feitas pela Autora em respeito às comunicações recebidas da QUALICORP, que deveriam citar a data e horário destas, e afirma que tais alegações são frutos de falsidade, não bastasse os absurdos do seu teor.
Ressalta, ainda, que estaria havendo conduta duvidosa da Autora em face do Judiciário, que ao procurar essa esfera da justiça, estaria se utilizando de afirmações inócuas, com objetivo de se beneficiar da inversão do ônus da prova. 
Ora, a respeito desse teor contestatório da UNIMED, só há uma conclusão a ser tirada de tais asseverações: o reconhecimento de sua responsabilidade direta. Cabe ressaltar, que na peça inaugural, houve pedido quanto a inversão do ônus da prova, pois como direito básico do consumidor, o dispositivo que tutela seus direitos, prevê no artigo 6º, inciso VIII, esse instituto que visa facilitar a defesa da consumidora, por ser essa a parte vulnerável da relação. 
Dessa forma, o fato negativo atribuído a empresa Ré, pode ser provado em seu favor ou não, haja vista, que esta detém em seus arquivos eletrônicos, às gravações efetuadas com sua clientela. 
Em seguida, a Contestante tenta desvirtuar a real situação vivida pela cliente, tentando imputar para a mesma a responsabilidade pelo inadimplemento das demais mensalidades, e que o não pagamento dessas, teria sido o motivo para a negativação de seu nome. Após essa breve defesa em favor da QUALICORP, volta a se eximir
quanto aos atos da negativação da Autora, atribuindo tal responsabilidade para a parceira, que seria na verdade a gestora do plano, e que para a UNIMED caberia tão somente prestar os serviços médicos-hospitalares. 
Ora, Douto Julgador, acerca de tais afirmações, percebe-se que em dado momento, a Demandada não obstante todo o tempo procurar se esquivar da responsabilidade que lhe é objetiva, acusa a Autora pelos fatos acontecidos, ensaiando uma breve defesa em favor de sua parceira também Ré na presente ação. Porém, recua e afirma que a negativação do nome da autora não seria de sua responsabilidade, mas da outra empresa, que na verdade é sua terceirizada, conforme já enfatizamos em momento anterior. 
Denota-se, e de forma nítida, que há um interesse jurídico nesse vínculo, onde as demandas judiciais caberão sempre em desfavor da QUALICORP, como forma de tutelar a razão UNIMED, que não nos cabe aqui mensurar às razões que se levou a esse “acordo de cavalheiros”, mas que se configura como danoso aos beneficiários dos seus planos.
Destarte, o mérito que deve prosperar, são os alegados pela Autora, e que as empresas Rés, e exclusivamente a UNIMED, apresente as provas que possam isentá-la da responsabilidade que pesa contra essa.
	IV - Da Improcedência do Pedido de Indenização por Danos Morais - 
Da Ausência dos Pressupostos da Obrigação de Indenizar
A parte Ré, ao questionar o direito de indenização solicitado pela Autora na inicial, faz um relato acerca do assunto, buscando explanar o que seria de fato uma dor ou constrangimento sofrido por qualquer cidadão, que viesse a merecer o pleito requerido. E tenta com tais arguições, desqualificar o pedido da Requerente, que segundo a Contestante não passaram de mero dissabor.
Prossegue mencionando, que sempre atendeu aos requerimentos e atendimentos médicos solicitados pela promovente, e que não foi a responsável pela negativação do nome da beneficiária, atribuindo tal conduta em prol da QUALICORP. 
Assim sendo, e como não praticou qualquer ato ilicito contra a Autora, não vislumbra qualquer possibilidade de reparar moralmente aquela, haja vista, que nunca deixou de atender às suas necessidades.
Portanto, pede a parte Ré, que seja rejeitada o pedido da Autora quanto aos danos morais, pela falta de provas daquilo que foi alegado na inicial.
Observa-se, que durante todo o teor contestatório, a real Administradora do Plano de Saúde, transfere a responsabilidade para sua empresa terceirizada pelos danos causados, o que de certa forma já é um reconhecimento que houve prejuízo em face da sua beneficiária.
O que estranhamos na sua peça de defesa, é que essa sustenta de que sempre atendeu as necessidades da Demandante, o que de plano afirmamos no mínimo ser um equívoco proferido pela empresa Ré. Ora, o plano nunca foi efetivado, a Autora pagou o valor de adesão e sequer chegou a quitar a primeira mensalidade, por imposição da empresa que ofereceu o serviço, alegando que Operadora não cobriria mais os serviços no Estado de Pernambuco e que sua taxa de adesão seria devolvida com crédito em conta corrente no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
Talvez, a Demandada queira se apropriar do atendimento dispensado à Autora, pela razão do novo plano adquirido por ela, junto a mesma empresa, por ocasião das negativas já tratadas nessa peça de impugnação. Todavia, não é o caso ora em discussão. 
O que sabe-se, é que houve dano para a beneficiária, que nunca se utilizou do plano contratado, que não recebeu o valor investido a título de adesão e ainda teve seu nome incluído no Cadastro de Restrição aos consumidores.
Às provas estão acostadas nos autos. Há o extrato de balcão e carta emitidos pelo órgão de Proteção ao Crédito, asseverando a restrição contra a Autora.
Ademais, a partir do momento que a empresa informou a cliente que o plano não iria se efetivar e que o valor inicial seria restituído, não haveria porque se instituir novas mensalidades, que gerariam o inadimplemento e consequentemente a restrição ao seu nome. A Requerida não mencionou que diante da necessidade da beneficiária em obter o plano de saúde, aderiu a um novo plano da mesma empresa, dessa vez, a unidade Recife/PE, pagando uma mensalidade majorada se comparada ao plano originário.
Destarte, Culto Julgador, houve lesão ao direito da Demandante, já reconhecido por Vossa Excelência em sede de liminar, determinando a exclusão restritiva provocada pelas Demandadas. Embora essa decisão não tenha um caráter definitivo acerca desse debate, de todo modo, é preliminarmente um reconhecimento de que houve um ato lesivo a parte Autora. 
Diante dos fatos apresentados desde a inicial, considerando-se o descaso promovido pela Empresa Ré em sua fútil peça de defesa, a indenização pleiteada pela Autora, é medida que se impõe, como forma de garantir o seu direito líquido e certo, e sobretudo de buscar com essa decisão - caso Vossa Excelência entenda que deve ser favorável a parte promovente - coibir a reiteração dessas práticas abusivas por parte das Demandadas.
	V - Da Impossibilidade de Inversão do Ônus Probandi no Caso em Tela
A parte Contestante, tenta em sua tese de defesa, refutar a inversão do ônus da prova, requerido na Exordial, argumentando que para o liame ora instaurado, não estariam presentes alguns requisitos para se requerer o instituto, que é intrínseco ao Código de Defesa do Consumidor. 
Para a parte Ré, como não há verossimilhança quanto aos fatos alegados pela Autora, e por não ser esta hipossuficiente nesta relação, as hipóteses apresentadas, não seriam suficientes, para que o magistrado pudesse reconhecer o pedido.
Ora, Excelentíssimo Julgador, a pretensão da Requerida em querer que não seja atribuída esse ônus para si, é por demais questionável. Foram produzidas provas pela Autora e que foram trazidas aos autos. Não se trata de ação aventureira da Requerente com intuitos de se beneficiar gratuitamente de algo que não lhe tenha acontecido. 
A Requerente veio ao Judiciário, porque exaustivas foram as tentativas de resolução do problema. E munida de documentos comprobatórios dos danos sofridos, apresentou-os a esse Estado-Juiz, para que fossem apurados com o objetivo de solucionar a lide em questão.
Para tanto, cabe para as Demandadas provarem que não houveram os danos em desfavor da Requerente, que com tanto ênfase asseguram não ter havido. 
Os requisitos para a inversão do ônus da prova, estão presentes nessa valorosa ação, por serem verossímeis as alegações trazidas pela parte Autora, e como define bem o artigo 6º do Código Protecionista dos consumidores, e que não é excessivo mencionarmos:
Art. 6º, CDC. São direitos básicos do consumidor: 
I - [...];
VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.
 Portanto, o instituto da inversão que é propagado pelo Diploma Consumerista, deve ser procedente para o caso em tela, como forma de proteger o direito da Autora, tão lesado pelas empresas Demandadas.
Nos autos consta tudo o que aconteceu, com as devidas fases de todo o processo da relação, havendo provas suficientes para atestar os fatos trazidos para a via judicial, merecendo prosperar os pleitos solicitados, ao contrário, da parte Ré, que em sua fase contestatória não apresentou nada de novo, ou que viesse a modificar ou extinguir o alegado pela Autora da ação.
Destarte, o pedido inicial deve prosperar por tudo o que foi alegado, e pelas provas apresentadas, impugnando-se os argumentos da contestação, e dando-se provimento a todos os pedidos postulados na peça inaugural.
 Termos em que,
Pede e espera deferimento.
 
Caruaru/PE, 16 de setembro de 2016.
 
 
Lorena Uchôa dos Santos 	Ricardo Lúcio Silva de Carvalho
OAB/PE nº. 34.654 	 	OAB/PE nº. 36.944
 
 
Rômulo Nascimento Ramos 	Ramiro Batista de Oliveira
OAB/PE nº 32.686 	 Bacharel em Direito

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