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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS Disciplina: Direito do Trabalho II Professora: Cláudia Glênia JUR: MATERIAL APENAS PARA ROTEIRO DISCIPLINAR, NÃO DEVE SER USADO COMO CONTEÚDO DE ESTUDO, NÃO DEVE SER USADO SEM AS DOUTRINAS E AS LEGILAÇÕES PERTINENTES SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO O instituto da segurança e medicina do trabalho é tratado nos artigos 154 a 201 da CLT. É fato que as doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho causam desequilíbrio ao empregado, ao empregador e ao órgão previdenciário. Precário ainda são os estudos de análise das doenças e moléstias profissionais, mas pior ainda são as tentativas de aplicabilidade das normas de segurança e medicina do trabalho, pois o trabalho deve ser não só um meio de subsistência do empregado, mas também um local onde ele possa se sentir ser humano, digno e feliz. Assim, devem ser feitos esforços no sentido de normatizar cada vez mais sobre segurança e medicina do trabalho, fiscalizar os locais de trabalho orientando, controlando e realizando campanhas de prevenção ao acidente do trabalho e doenças ocupacionais, tudo com o intuito de diminuir o alto índice de acidentes de trabalho ocorridos no Brasil, para tanto existem obrigações a serem cumpridos por todas as partes envolvidas no processo produtivo em forma de um tripé. . Caberá a Superintendência Regional do Trabalho a fiscalização do cumprimento das normas, podendo adotar medidas para a melhora das condições da segurança do trabalho e impondo sanções ao descumprimento dessas normas. As empresas por sua vez, devem cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho, instruindo seus empregados não medindo esforços para evitar os acidentes do trabalho e das doenças ocupacionais. Já os empregados, por sua vez, devem observar as normas e colaborar na aplicação dos dispositivos legais, constituindo, inclusive, ato faltoso o empregado que guilh Typewriter http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/14304/material/Seguran%C3%A7a%20e%20Medicina%20do%20Trabalho.pdf 2 se recusar de forma injustificada a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s) e dos Equipamentos de Proteção Coletiva de Trabalho(EPC´s) Ao empregador, por sua vez, que não fiscalizar o uso dos equipamentos, poderá se ver condenado ao pagamento de indenização por culpa “ in vigilandum”. INSPENÇÃO Todo estabelecimento comercial deverá ser inspecionado antes de iniciar suas atividades, só podendo ser aberto após aprovação das suas respectivas instalações pela autoridade regional competente de Segurança e Medicina do Trabalho, que com vistas de um laudo técnico poderá autorizar ou interditar o estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou ainda embargar a obra, indicando inclusive as providências que deverão ser tomadas para prevenir acidentes. Tanto a Superintendência, entidade sindical quanto o agente de inspeção do trabalho podem requerer a interdição ou o embargo do estabelecimento, cabendo recurso no prazo de 10 dias da decisão emitida pela Superintendência. Vale lembrar que caso o estabelecimento estivesse em funcionamento antes do embargo ou interdição os empregados deverão receber seus salários normalmente como se estivessem trabalhando. CIPA – COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES A comissão de prevenção de acidentes é composta de representante da empresa (por ela designada) e dos empregadores (por eleição), com mandato de 1 ano para os seus membros, permitida uma reeleição, onde o empregador designa o presidente da CIPA e os empregados elegem o Vice-Presidente. Tem a missão de prevenir acidentes e doenças do trabalho, preservando a vida, a integridade física e a saúde dos trabalhadores. As CIPAs devem ser formadas e mantidas de acordo com o artigo 163 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Norma Regulamentadora 5, aprovada pela Portaria nº 08/99. Todas as empresas (públicas, privadas, sociedades de economia mista, ou quaisquer outras instituições que admitam trabalhadores como empregados), com vinte (20) ou mais funcionários, são obrigadas a ter uma CIPA. A empresa que tiver menos de vinte (20) empregados deve designar um responsável, com o treinamento específico, para desempenhar as atribuições da Comissão. São atribuições de uma CIPA • Elaborar e avaliar planos de trabalho para prevenção em segurança e saúde no trabalho; • Verificar situações de risco; • Participar da elaboração de mapas de risco; • Divulgar todas as informações sobre segurança; 3 • Promover modificações nos ambientes de trabalho e implementar medidas de prevenção e avaliação de prioridades; • Requerer paralisações de trabalho em situações com riscos graves. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL e OUTRAS MEDIDAS PREVENTIVAS DE MEDICINA DO TRABALHO O empregado deverá utilizar equipamentos de proteção individual adequado ao risco de sua atividade, que serão distribuídos gratuitamente e em ótimo estado de conservação. O empregador deverá ter uma lista de entrega dos EPIS´s e sempre que solicitado deverá apresenta-la tanto administrativamente quanto judicialmente. Outras medidas que devem ser utilizadas com intuito de prevenir acidentes no trabalho: - obrigatoriedade de exames médicos, por conta do empregador tanto na admissão quanto na demissão, podendo a critério do médico serem exigidos exames complementares. - exames periódicos, que devem ser exigido levando-se em consideração o risco da atividade laboral e a exposição a eles. - o empregador deverá ter dentro do estabelecimento material de primeiros socorros, conforme o risco da atividade. DOS ESTABELECIMENTOS - As edificações: Os locais de trabalho devem ter no mínimo 3 metros de pé-direito, podendo ser reduzida desde que atendidas às condições de iluminação e conforto térmico compatíveis com a natureza do trabalho. Os pisos devem não apresentar saliências ou depressões, sendo que qualquer abertura(piso e paredes) deve ser protegida impedindo a queda de pessoas ou objetos. -O conforto témico Os locais de trabalho devem ter ventilação natural, sendo obrigada a artificial sempre que a natural não preencher as condições de conforto, devendo ser obrigado o uso de vestimentas adequadas quando o local produzir desconforto térmico, protegendo, assim, o empregado contra radiações térmicas. 4 A iluminação A iluminação deve ser adequada a cada tipo de trabalho, podendo ser artificial ou natural, uniformemente distribuída, geral e difusa, para não provocar incômodos oculares. Instalações elétricas Somente profissional qualificado (com curso) poderá instalar, operar reparar instalações elétricas, deve estar familiarizado com os métodos de socorro a acidentados por choque elétricos. Máquinas e equipamentos Devem passar por manutenções periódicas, lembrando que seus reparos devem ocorrer somente após serem desligadas e estarem paradas, devendo possuir em cada uma dispositivo de partida e parada para prevenir acidentes. Quanto se tratar de caldeiras ou equipamentos que operam sob pressão, estes devem dispor de válvulas e outros dispositivos de segurança, devendo ser inspecionadas periodicamente por empresa ou engenheiro especializado. Toda caldeira deverá ter seu prontuário, com as especificações técnicas, desenhos, testes realizados, montagem e características, sendo que os projetos de instalações devem ser submetidos à aprovação do órgão regional competente em matéria de segurança do trabalho.. ATIVIDADES INSALUBRES Aostrabalhadores que prestam serviços em atividades ou operações consideradas insalubres, de acordo com a sua natureza, condições ou métodos de trabalho, têm direito ao adicional de insalubridade (Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 192). Essas atividades e operações, bem como os agentes insalubres, estão elencadas nos anexos da Norma Regulamentadora nº 15, da Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego. De forma resumida são considerados insalubres os seguintes agentes: 1) níveis de ruído contínuo ou intermitente superiores ao limite de tolerância, como exposição a níveis de 90 decibéis dB(A) por tempo superior ao limite de quatro horas; 2) níveis de ruído de impacto superiores ao limite de tolerância, como exposição a ruído de impacto superior ao limite de 130 decibéis (dB); 3) exposição ao calor excessivo, como exposição a temperatura superior a 30ºC em atividade contínua pesada (a lei prevê que, em atividade pesada, o trabalhador só pode se expor a temperatura de 25º C em trabalho contínuo). A insalubridade é verificada dependendo do tipo de atividade (leve, moderada e pesada) e do nível de calor. 5 Dependendo do tipo de atividade (moderada) e do nível de calor (26,8ºC a 28,0ºC), o trabalhador tem direito a um descanso de, por exemplo, 15 minutos, a cada 45 minutos de trabalhados, no próprio local de trabalho; 4) exposição a radiações ionizantes com radioatividade, superiores aos limites de tolerância fixados na lei, como trabalho com aparelho de raio-X; 5) trabalho sob condições hiperbáricas, que exige, por exemplo, o uso de escafandros e equipamentos de mergulho autônomo; 6) exposição a radiações não-ionizantes, sem a proteção adequada, é considerada insalubre, em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. São radiações não- ionizantes as microondas, ultravioletas e laser; 7) vibrações — são consideradas insalubres as atividades ou operações que exponham os trabalhadores às vibrações localizadas ou de corpo inteiro, sem a proteção adequada, como o trabalho com britadeiras; 8) frio — trabalho executado no interior de câmaras frigoríficas ou em locais que apresentem condições similares, expondo os trabalhadores ao frio (10ºC, 12ºC ou 15ºC, dependendo da zona climática do mapa oficial do Ministério do Trabalho e Emprego), sem a proteção adequada. O artigo 253 da CLT assegura ao trabalhador que presta serviços no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1h45 de trabalho contínuo, um período de 20 minutos de repouso, computado esse intervalo como o de trabalho efetivo. 9) umidade — atividade ou operação executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capaz de produzir danos à saúde dos trabalhadores; 10) agentes químicos cujas concentrações sejam superiores aos limites de tolerância fixados na lei (acetona, gás cianídrico, gás amoníaco, álcool etílico); 11) poeiras minerais asbesto, exposição à sílica livre cristalizada; 12) atividades ou operações envolvendo agentes químicos considerados insalubres, como manipulação de arsênico, fabricação de esmaltes e vernizes, fabricação e emprego de chumbo, pintura a pistola, pintura a pincel com tintas contendo hidrocarbonetos aromáticos, manuseio de álcalis cáusticos, fabricação e transporte de cal e cimente nas fases de grande exposição a poeiras, benzeno; 13) agentes biológicos, em função do trabalho em esgotos (galerias e tanques), cemitérios (exumação de corpos), coleta e industrialização de lixo urbano, contato com pacientes em isolamento em razão de doenças infecto-contagiosas, atividade em estábulos e cavalariças e com resíduos de animais deteriorados. A perícia se faz imprescindível para a caracterização e classificação da insalubridade, lembrando que se o contato com o agente insalubre é eventual, não há direito ao adicional de insalubridade. Se o contato é habitual ou intermitente (descontínuo), há o direito ao adicional de insalubridade respectivamente de 40%, 20% e 10% do salário 6 mínimo, segundo classificação nos graus máximos, médio e mínimo, conforme artigo 192, da CLT. Caso o trabalhador se exponha a mais de um agente insalubre, será apenas considerado o de grau mais elevado, pois não há direito à percepção cumulativa de dois ou mais adicionais. ATIVIDADES PERIGOSAS O adicional de periculosidade é um valor devido ao empregado exposto a atividades periculosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. São consideradas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: • Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; • Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. • por exposição à radiação ionizante e substâncias radioativas São periculosas as atividades ou operações, onde a natureza ou os seus métodos de trabalhos configure um contato com substâncias inflamáveis ou explosivos, substâncias radioativas, ou radiação ionizante, ou energia elétrica, em condição de risco acentuado. O valor do adicional de periculosidade será o salário do empregado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios Um trabalhador dos Correios que tem como atividade a inspeção de correspondências com aparelhos de raio-X e espectrômetros de massa deve receber adicional de periculosidade. O benefício deverá representar 30% do salário básico mensal do empregado. Segundo os desembargadores da 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), o trabalhador recebe radiações ionizantes emitidas pelos equipamentos e, portanto, sua atividade deve ser enquadrada como perigosa. A decisão reforma sentença da 16ª Vara do Trabalho de Porto Alegre. Cabe recurso ao Tribunal Superior do Trabalho (TST). De acordo com informações do processo, o empregado foi admitido pelos Correios como Operador de Equipamento de Segurança Postal. As suas atividades diárias consistem em inspecionar os volumes em aparelhos de raio-X para verificar a presença de explosivos, armas, drogas, animais, produtos contrabandeados, entre outros. Caso, por exemplo, sejam detectadas drogas ou explosivos, o empregado deve passar a correspondência também pelo espectrômetro de massa, para confirmar a suspeita. Conforme explicou o perito em laudo presente nos autos, há periculosidade quando a atividade desenvolvida traz riscos à integridade física do trabalhador. Segundo o especialista, a legislação elenca cinco agentes capazes de gerar o direito ao adicional de 7 periculosidade: explosivos, inflamáveis, energia elétrica, radiações ionizantes ou risco de violência física. No caso das tarefas desenvolvidas pelo reclamante, o perito concluiu pela exposição a radiações ionizantes devido à operação do aparelho de raios-X, prevista como perigosa pela Norma Regulamentadora nº 16 (NR-16) do Ministério do Trabalho e Emprego. Entretanto, no julgamento de primeira instância, o juízo da 16ª Vara do Trabalho de Porto Alegre considerou que os equipamentos utilizados pelo empregado emitem radiações ionizantes "em índices ínfimos", insuficientes para gerar o direito ao adicional de periculosidade. Para embasar este entendimento, foram referidos documentos que indicam que a quantidade de radiação emitida pelos aparelhos está abaixo dos limites de tolerância previstos pela legislação. Descontente com a sentença, o trabalhador recorreu ao TRT-RS. Adicional devido Segundo a relatora do recurso na 9ª Turma, desembargadora Maria da Graça Ribeiro Centeno, a avaliação quanto ao pagamento do adicional de periculosidade, nestecaso, baseia-se na presença do empregado em área considerada de risco, conforme a Norma Regulamentadora nº 16 (NR-16). Ainda de acordo com a magistrada, a Portaria nº 518 do Ministério do Trabalho e Emprego, que trata de operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas, enquadra a atividade de operação com aparelhos de raios-X como perigosa, sem mencionar tempo de exposição ou limites de tolerância. A relatora também mencionou a Súmula 364 do Tribunal Superior do Trabalho, segundo a qual "Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco". Do ponto de vista da desembargadora, a condição do trabalhador dos Correios é compatível com o exigido pela Súmula e também no contexto previsto pela Orientação Jurisprudencial 345 do TST, que trata especificamente da exposição a radiações ionizantes ou substâncias radioativas. Os demais integrantes da Turma Julgadora concordaram com este entendimento. Processo 0020056-82.2014.5.04.0016 (Recurso Ordinário) Por Juliano Machado - Secom/TRT4, Fonte: http://www.trt4.jus.br/portal/portal/trt4/comunicacao/noticia/info/NoticiaWindo w?cod=1115053∾t... BIBLIOGRAFIA BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. BASILE, César Reinaldo Offa. Duração do trabalho a direito de greve. CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das leis do Trabalho. CASSAR, Vólia Bonfim. Direito do Trabalho. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Direito do trabalho MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Direito do trabalho NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho VENEZIANO, André Horta. Direito e processo do trabalho. 8 Site TRT, TST e outros
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