10. Domínios Morfoclimáticos

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AS GRANDES PAISAGENS NATURAIS DO BRASIL
- Os Domínios Morfoclimáticos e fitogeográficos (Aziz A’Saber)
Conceito: “É um certo espaço relevante em áreas continentais, onde através da ação dos climas, sobretudo os mais recentes, houve o ‘modelar’que reflete as atividades climáticas regionais” (Ab’Saber, 1998, p. 1).
- De acordo com Ab’Saber (1998, p.1) “a expressão ‘morfoclimático’ significa o clima influindo na morfologia regional em íntima associação com a hidrologia e ações dos sistemas ecológicos implantados no espaço total da região. É evidente que a gente tem que ter uma noção sobre as coberturas vegetais […] razão pela qual sempre falamos em Domínios morfoclimáticos e fitogeográficos”.
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Zonas morfoclimáticas são aquelas que se estendem em latitude, englobando áreas de continentes diferentes;
- Domínios morfoclimáticos são parcelas de uma zona que interessa a um só continente , visto isoladamente.
-Pode-se ter dentro de um domínio um ecossistema muito amplo e depois reconhecer vários ecossitemas, por exemplo, as Planícies Aluviais.
- Dentro dos domínios pode ocorrer grandes diferenças relacionadas ao mosáico geológico e litológico regional, existindo assim, uma grande diferenciação de solos.
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De acordo com Ab’Saber (1998) a primeira aproximação bem feita sobre os domínios da Natureza do Brasil foi feita por Martius que chegou no Brasil em 1818. Esse pequeno mapa, sintético, funcionou até 1950, como uma verdade absoluta. Ele definiu a Amazônia, a Caatinga, Os cerrados, as Matas Atlânticas e o Sul do Brasil. Entre 1948 e 1953, Ab’Saber revisou todos os seus escritos.
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Domínio dos Morros de Morros Florestados
- Possui extensão espacial de aproximadamente 650.000 km2 em sua área nuclear.
- Envolve o Leste de SP, o Sul e SE de MG, o RJ e ES, o Sul da Bahia e todo o corredor de terras baixas sublitorâneas da zona da mata nordestina. Para o Sul do País possui termições bruscas na serra do Mar em SC.
- Nessas áreas predominavam coberturas florestas, em 85 a 90% do espaço total.
- Possui um arranjo marcadamente azonal.
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Mamelonização quase universal das vertentes (desde 515m até 800 e 900m ou mesmo até 1.000 e 1.700m de altitude);
- decomposição profunda e quase universal das rochas cristalinas, desde 3 e 8m até 40 e 60m, atingindo localmente mais de 100m em alguns micaxistos e biotita-gnaisses, onde a decomposição química pode ultrapassar o próprio nível dos talvegues mais próximos. Apenas os pães de açúcar, assim como os “espinhaços” quartziticos e as serras quartzitícas-itabiríticas (Quadriláterro Ferrífero), campos de matacões constituem áreas a escapo da decomposição química profunda.
- presença extensiva de Argissolos Vermelho-Amarelos nas vertentes e interflúvios de morros arredondados, até níveis de 1.100m de altitude.Tais solos podem ter se formado diretamente sobre regolito, na vertente dos morros, ou em depósitos de cobertura que escondem alguns paleopavimentos detríticos (stone lines) de fins do Pleistoceno. 
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 Presença tbm de latossolos. Onde eles têm origem direta sobre rochas decompostas, sem sinais de superposição de solos, podem ser identificados refúgios de florestas originadas anteriormente nos períodos secos do fim do pleistoceno.
- superposição de solos devido às flutuações climáticas do Quaternário Antigo, com o aparecimento frequente de linhas de pedras (stone lines) enterradas a 0,80m até 2m de profundidade. Tais linhas de pedra representam certamente antigos “chãos pedregosos”(paleopavimentos detríticos) que atapetavam a superfície de paisagens semi-áridas, em condições climáticas menos quentes mas muito mais secas que as atuais.
- presença de pães de açúcar ou agrupamento deles pertencentes aos chamados domos de esfolição. Ocorrem somente onde o espaçamento das diáclases tectônicas é muito grande. Alguns geomorfólogos levantam a hipóteses de muitos pães de açúcar terem sido inselbergs no passado.
- Presença marcante de planícies alveolares e de terraços fluviais;
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DOMÍNIO DAS TERRAS BAIXAS DA AMAZÔNIA
- constitui um complexo paisagístico e geoecológico, de tipo marcadamente zonal.
- florestas equatoriais vinculadas a climas quentes e úmidos de baixas amplitudes térmicas. Região de grande homogeneidade climática, definida pelas condições atmosféricas e pelo aporte de umidade da vegetação.
- No interior do grande complexo florestal amazônico existem acidentes orográficos locais em que a massa florestal alcança níveis de até 1.700 a 1.800m.
- Abrange em território brasileiro 2,8milhões km2 .
- terrenos modelados dominantemente sobre rochas sedimentares, que criam feições morfológicas condicionadas pela estrutura. 
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os terrenos cristalinos (além dos limites das bacias) é que são capazes de sofrer um marcante impacto dos climas quentes e úmidos;
- a tendência a convexização é bem menor do que no domínio dos Mares de Morros;
- nas áreas sedimentares, que são predominantes, ocorrem diversos tipos de alterações, envolvendo pedogênese atual, subatual e pouco mais antiga. A última fase de convexização das vertentes esteve associada à formação de latossolos e de argissolos.
- relevante tendência à lixiviação que conduz a formação de solos areno-quartzosos.
- ocorrência de manchas de areia branca – interfluviais, de terraços ou várzeas – com ecossistemas diferenciados, ocupadas por campinas ou campinaramas.
- presença de paleossolos muito pobres em nutrientes, dotados de laterita.
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Domínio das caatingas semiáridas do Nordeste do Brasil;
- constitui um dos três núcleos de regiões secas da América do Sul;
- Região semi-árida subequatorial e tropical, de posição azonal;
- é menos complexo do que a chamada “diagonal arreica”do Cone Sul e bem mais diversificado e amplo do que a região semi-árida Guajira, da fachada caribeana da Venezuela e Colômbia (Ab’Saber, 1974).
- possui uma área nuclear de 750.000 a 850.000 km2, abrangendo 10 a 12% do território nacional
- foi a primeira grande região paisagística a ser delimitada como um polígono, em função da necessidade de se avaliarem os limites relativos da incidência regional das secas: “o polígono das Secas”
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Região semi-árida muito quente, com drenagens abertas para o Atlântico, sujeitas a intermitência saznal;
- precipitações variando de 300 a 800mm anuais, temperaturas médias superiores a 26 graus C.
- Predominam chuvas de verão e outuno, com 4 meses principais de precipitações;
- Faz transições rápidas e complexas para faixas de clima sub-úmido;
- Se distribuem de novembro a março no sudoeste e Sul e fevereiro a maio no norte;
- o semi-árido nordestino é um dos raros exemplos de domínios morfoclimáticos intertropicais quentes;
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Em função: 
a) da escassez das chuvas durante o ano;
b) dos altos níveis de temperatura média annual;
c) alta amplitude térmica diária;
d) da forte incidência de anos secos ou da alta variabilidade pluviométrica;
-existe uma tendência de colocar certos trechos do semíárido na categoria dos climas desérticos moderados.
- muito embora não haja eolização atual ou marcas de arreismo regional;
- tbm não sujeita a processos areolares de salinização ou fortes concrecionamentos cálcicos;
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Os fatos que caracterizam as paisagens do NE semi-árido podem ser discriminadas da seguinte maneira:
a) predomínio de depressões interplanálticas;
b) convexização quase imperceptível (largas planuras);
c) fraca decomposição química das rochas – 0 a 3m, sendo em alguns pontos 1 a 7m (áreas mais altas) – brejos úmidos.
d) presença de vertissolos, planossolos e
 neossolos litólicos (serras secas e caatingas rochosas)
e) ocorrência frequente de lajedos, campos de matacões e agrupamentos de inselberg (quartzitos ou granitos pouco diaclasados);
f) ocorrência relativamente limitada de solos salinos, os quais se restringem sobretudoaos baixos vales dos rios norte-riograndenses e cearenses;
g) Formação de lâminas de sedimentos aluviais com fortes concentrações de cloretos e carbonatos de sódio.
h) presença da vegetação xerófita - caatinga 
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Ab‘Saber (1998) menciona que a semi-aridez hoje restrita ao NE seco já foi muito mais ampla no país – no decorrer do quaternário, por ocasião dos períodos glaciários.
- Pode-se dizer que o atual polígono das secas é o núcleo de retração espacial da semi-aridez (Ab’Saber, 1977);
- Há motivos para se pensar que após o máximo da expansão dos climas secos pela América Tropical (AB ‘SABER, 1977), ocorrida entre 13.000 e 18.000 anos (antes do presente), houve uma retropicalização do conjunto a excessão do Nordeste semi-árido. Para o referido autor, na área nuclear do NE SA, a semi-aridez já existia há dezenas de centenas de milhares de anos, no quaternário antigo.
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DOMINIO DOS CERRADOS
O domínio do cerrado é dividido pelas formações de chapadas que existem ao longo de sua extensão territorial, formando “gigantescos degraus” cujas altitudes se apresentam com mais de 500 metros formadas em geologia Pré-Cambriana (rochas metamórficas, metasedimentares e sedimentares antigas).
A vegetação é constituída por árvores herbáceas, arbustivas e arbóreas, tortuosas, devido à composição do solo, deficiente em nutrientes e com altas concentrações de alumínio.
A região passa por dois períodos sazonais de precipitação, os secos e os chuvosos – as chuvas iniciam final de setembro e terminam no início de abril. (ZCAS).
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Também auxiliado pela importante rede hidrográfica da região, de onde são oriundas nascentes das três maiores bacias hidrográficas do Brasil. Isto lhe dá uma imensa responsabilidade ambiental, pois denota a sua significativa conservação natural. 
Com um solo formado principalmente por Latossolos, Neossolos quartzarênicos e Argissolos constituem assim um solo carente em nutrientes, necessitando de correção para compor uma terra viável à agricultura. Observa-se também, que este mesmo solo apresenta características à fácil erosividade devido às estações chuvosas que ali ocorrem e principalmente a degradação ambiental descontrolada, Estes processos fazem a remoção da vegetação nativa que tornam frágeis os horizontes “A” frente aos problemas ambientais existentes, como a voçorocas.
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O cerrado atraiu muita atenção para a agricultura, o que lhe tornou uma região de grande produção de grãos como a soja e agropastoril, com a ótima adaptação dos gados zebu, nelore, dentre outros.
 Nesse sentido, faz-se muito pouco pela preservação e conservação das matas nativas – a não ser nas áreas demarcadas como reservas bio-ecológicas. 
Outra exploração ativa é a mineral, como o ouro e o diamante, donde decorre uma grande devastação à natureza. 
Dessa forma, os governos, tanto federal, estadual ou municipal, deverão tomar decisões imediatas quanto à proteção do meio natural, pois deve ocorrer, sim, a exploração pastoril, agrícola e mineral dessa região, porém não se deve esquecer que para a efetiva existência dessas economias o ambiente deverá ser prudentemente conservado.
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Domínio das Pradarias
 
- Zona das coxilhas , Campanha gaúcha;
 
- Região dos Pampas (literário);
 
- distribuição zonal (área de zona temperada cálida), subúmida, sujeita a uma pequena estiagem de fim de ano); 
 
- colinas pluriconvexizadas – coxilhas a perder de vista;
 
- drenagem perene com calhas dos rios largas e meândricas;
 
- sangas (pequeno regato que seca facilmente);
 
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- abrange terrenos sedimentares, metamórificos e basálticos;
 
- planícies aluviais com mata galeria (capões), incluindo a Araucária angustifólia.
 
- presença de muitos banhados;
 
- pequenos açudes foram construídos para a irrigação de arroz;
 
- pecuária extensiva e arroz são atividades econômicas mais importantes.
 
- é a área do RS onde há maior presença de latifúndios e por outro lado, de maiores problemas associados à pobreza.
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Domínio dos planaltos subtropicais com Araucárias
 
- presença da única conífera do Brasil;
 
- muito homogênea;
 
- a araucária constitui a formação menos tropical do Brasil;
 
- é considerada a árvore símbolo do Paraná;
 
- ocorre nos três estados do sul, sendo o limite inferior entre 500-600m de altitude. Nos estados de SP, MG e RJ é encontrada apenas acima de 1200m;
 
- encontra-se sob climas com temperaturas moderadas e baixas no inverno. A precipitação está acima de 1400mm. 
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Curitiba é considerada a área de clima ótimo para o desenvlvimento da Araucária;
 
- Formada por litologias cristalinas, sedimentares e basálticas, essas últimas da Bacia Sedimentar do Paraná, com a presença de solos férteis (Nitossolos; Latossolos roxos);
 
- Drenagem perene, com uma densa rede de canais;
 
- as matas de araucária ocorrem em transição com as matas subtropicais nas regiões mais baixas do relevo. Isso levou alguns autores a considerar essa duas formações como ecótonos, ou seja, sob determinadas temperaturas e umidade a floresta de araucária tende a se expandir, ocupando os espaços da floresta subtropical. Há interpretações de que durante os períodos glaciais as temperaturas no Sul foram mais baixas, favorecendo a expansão dessas florestas.
 
 
Ecótono = zona de transição entre duas comunidades e que contém espécies características de cada uma delas.
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