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NEGÓCIO JURÍDICO -É uma espécie de ato jurídico lícito. - O negócio jurídico pode ser conceituado como sendo toda a ação humana, de autonomia privada, com a qual os particulares regulam por si os próprios interesses, havendo uma composição de vontades, cujo conteúdo deve ser lícito. -Negócio jurídico é o acordo de vontades, que surge da participação humana e projeta efeitos desejados e criados por ela, tendo por fim a aquisição, modificação, transferência ou extinção de direitos. Há, nesse passo, uma composição de interesses (é o exemplo típico dos contratos), tendo a declaração de vontades um fim negocial. - O negócio jurídico típico é o contrato. O casamento é um negócio jurídico especial ou sui generis. - O negócio jurídico é o principal instrumento que as pessoas têm para realizar seus interesses. - O Código Civil de 2002 não conceitua o negócio jurídico. E referido diploma apenas demonstra quais são os seus elementos estruturais (art. 104, CC). - O cerne principal do negócio, a manifestação da vontade, sofreu um verdadeiro impacto, apontando alguns autores que é praticamente impossível hoje a sua manifestação inequívoca e plena. - Hoje se tornaram raras as manifestações de vontade plenas e inequívocas nos contratos em geral. - O contrato estanque concebido à luz do pacta sunt servanda, da regra de que o mesmo sempre faz lei entre as partes, simplesmente não existe mais. Os princípios contratuais, caso da função social e da boa-fé objetiva, trouxeram uma nova forma de visualização dos contratos. Planos (dimensões) do negócio jurídico. A Escada Ponteana Para compreender o fenômeno jurídico é necessário o estudo dos três diferentes planos: existência, validade e eficácia. A teoria da Escada Ponteana ou Escada Pontiana foi criada pelo grande jurista Pontes de Miranda. Plano da existência – relativo ao ser, isto é, à sua estruturação, de acordo com a presença de elementos básicos, fundamentais, para que possa ser admitido, considerado. Neste plano, estão os seus elementos mínimos, enquadrados por alguns autores dentro dos elementos essenciais do negócio jurídico. Constituem, portanto, o suporte fático do negócio jurídico. Estão presentes somente os substantivos, sem qualquer qualificação, ou seja, substantivos sem adjetivos. Eis os substantivos: partes (ou agentes), vontade, objeto e forma. Caso algum dos elementos citados acima não exista, também, não existirá o negócio jurídico. Plano da validade – diz respeito à aptidão do negócio frente ao ordenamento jurídico para produzir efeitos concretos. Neste plano, os substantivos recebem adjetivos, a saber: partes ou agentes capazes, vontade livre, sem vícios, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita e não defesa em lei. Art. 104, Código Civil. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. Obs.: O negócio jurídico que não se enquadra nesses elementos de validade é, por regra, nulo de pleno direito, ou seja, haverá nulidade absoluta. Há, também, casos de anulabilidade do negócio jurídico. Nulidade do negócio jurídico – arts. 166 e 167 do Código Civil. Anulabilidade do negócio jurídico – art. 171 do Código Civil. Plano da eficácia – tem pertinência com a sua capacidade de produzir, desde logo, efeitos jurídicos ou ficar submetido a determinados elementos acidentais que podem conter ou liberar tal eficácia. Neste plano estão os efeitos gerados pelo negócio em relação às partes e em relação a terceiros, ou seja, as suas conseqüências jurídicas e práticas. Flávio Tartuce tece os seguintes comentários sobre os três planos do negócio jurídico: “Sobre os três planos, ensina Pontes de Miranda que „existir, valer e ser eficaz são conceitos tão inconfundíveis que o fato jurídico pode ser, valer e não ser eficaz, ou ser, não valer e ser eficaz. As próprias normas jurídicas podem ser, valer e não ter eficácia (H. Kelsen, Hauptprobleme, 14). O que se não pode dar é valer e ser eficaz, ou valer, ou ser eficaz, sem ser; porque não há validade, ou eficácia do que não é‟ (Tratado de direito privado ..., 1974, tomo 3, p.15)”. PLANO DA EXISTÊNCIA Requisitos de existência Os requisitos da existência do negócio jurídico são os seus elementos estruturais. Ou seja, analisa-se o preenchimento das condições mínimas do negócio jurídico para que possa produzir efeitos. Obs.: O negócio jurídico inexistente é o que não possui os elementos fáticos que a sua natureza supõe e exige como condição existencial, conduzindo a sua falta à impossibilidade de sua formação. Portanto, se frustrados os elementos de existência, não existe na órbita jurídica, não podendo produzir, por conseguinte, qualquer efeito jurídico. É o não-ato. Não há uniformidade sobre a enumeração destes requisitos. São eles: a) declaração ou manifestação de vontade; b) agente emissor da vontade; c) objeto; d) forma. Manifestação de vontade A vontade quando não exteriorizada não produz nenhum efeito no plano concreto. Por isso se fala em manifestação ou declaração da vontade. Desta forma, é imprescindível que se exteriorize a vontade. É a declaração de vontade que constitui requisito de existência do negócio jurídico e, não a vontade em si. A manifestação ou declaração de vontade pode ser expressa – através da palavra escrita ou falada, gestos ou sinais. A manifestação ou declaração de vontade pode, também, ser tácita. Esta é a que resulta de um comportamento implícito do agente que importe em concordância ou anuência. Ex.: aceitação da herança, que se infere da prática de atos próprios da qualidade de herdeiro, da aquisição de propriedade móvel pela ocupação. Deve-se atentar que a manifestação da vontade só pode ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa. Obs.: O emprego de meios que neutralizam a manifestação volitiva, como a violência física (vis absoluta), estupefacientes ou, até mesmo, a hipnose, tornam inexistente o negócio jurídico. A manifestação de vontade precisa ser consciente. Declaração receptícia da vontade – á que se dirige a pessoa determinada, com o escopo de levar ao seu conhecimento a intenção do declarante, sob pena de ineficácia. Ou seja, são receptícias por se dirigirem a uma outra pessoa, que dela deve ter ciência do ato, para produzirem efeitos. Ex.: revogação do mandato, proposta de contrato e outras. Declaração não receptícia da vontade – é a que se efetiva com a manifestação do agente, não se dirigindo a destinatário especial. Produz efeitos independentemente da recepção e de qualquer declaração de outra pessoa. Ex.: promessa de recompensa, aceite da letra de câmbio, revogação de testamento. Silêncio Art. 111, Código Civil. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. O silêncio, em regra, é a ausência de manifestação de vontade, e como tal, não produz efeitos. Ou seja, o silêncio nada significa, por constituir total ausência de manifestação de vontade e, não produz efeitos. Porém, há situações em que a abstenção do agente ganha juridicidade, produzindo efeitos. O silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando a lei conferir a ele tal efeito. Ex.: art. 539- doação puraO silêncio pode ser igualmente interpretado como consentimento quando tal efeito ficar convencionado em um pré-contrato ou ainda resultar dos usos e costumes. Deve o juiz analisar caso a caso para verificar se o silêncio traduz ou não vontade. Agente Emissor da Vontade A participação do sujeito de direito (pessoa natural ou jurídica) é indispensável para a configuração existencial do negócio jurídico. Objeto A declaração da vontade deverá recai sobre coisa fungível, sem a qual o negócio simplesmente não se concretizará. Forma A forma é o meio pelo qual a declaração se exterioriza, ou seja, tipo de manifestação através do qual a vontade chega ao mundo exterior.
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