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Tendências e Incertezas Estratégica de Desenvolvimento de MG

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1
parceiro
estraté ico:
Análise Prospectiva: 
Tendências e Incertezas
Relevantes para a Estratégia
de Desenvolvimento
de Minas Gerais
análise prospectiva: 
tendências e incertezas
relevantes para a estratégia
de Desenvolvimento
de Minas Gerais
sumário
Apresentação	
Introdução	
1.	O	contexto	global	
	 1.1	 	Crescimento	da	população	e	da	renda	dos	países	em	desenvolvimento,	com	
o	ingresso	de	milhões	de	novos	consumidores	à	economia	de	mercado,	em	
especial	na	China	e	Índia	
	 1.2	 	Emergência	de	um	novo	paradigma	de	competitividade	econômica	
industrial	em	nível	global:	larga	escala	de	produção,	baixo	custo	e	inovação	
tecnológica	
	 1.3	 	Intensificação	da	globalização:	aumento	dos	fluxos	comerciais	e	financeiros	
e	integração	da	produção	mundial,	por	meio	da	configuração	de	redes	de	
valor	distribuídas	internacionalmente	
	 1.4	 	Consolidação	do	conhecimento	como	principal	motor	da	economia	
mundial,	com	a	emergência	e	convergência	de	novas	tecnologias
	 1.5	 	Aumento	das	pressões	para	ajustes	fiscais	e	no	papel	do	Estado	e	por	
inovações	visando	políticas	públicas	mais	eficazes
	 1.6	 Mudanças	climáticas,	certeza	com	mitigação	incerta
	 1.7	 Emergência	da	economia	de	baixo	carbono
2.	O	contexto	nacional
	 2.1	 	Emergência	da	nova	classe	média	brasileira:	estabilidade	monetária,	amplo	
acesso	ao	crédito	e	diminuição	da	desigualdade	social	ampliam	o	consumo	
de	massa
	 2.2	 	Reconfiguração	econômica	e	espacial:	interiorização	do	desenvolvimento,	
ampliação	do	agronegócio,	desconcentração	industrial	e	da	urbanização	e	
constituição	de	novos	polos	de	dinamismo	econômico
	 2.3	 	Universalização	das	telecomunicações	e	forte	expansão	da	conectividade,	
incluindo	a	massificação	dos	computadores	e	do	acesso	à	internet
	 2.4	 	Abertura	crescente	do	Brasil	em	relação	à	economia	mundial	e	maior	
relevância	da	inovação	como	fator	de	competitividade	
	 2.5	 Expansão	da	produção	de	biocombustíveis
	 2.6	 	Modernização	da	economia	rural:	mecanização	e	automação	agrícola,	
melhoramentos	genéticos,	novos	modelos	de	negócios
5
6
7
10
13
15
20
23
26
29
32
35
38
42
45
49
52
3.	Condicionantes	endógenos:	tendências	de	Minas	Gerais
	 3.1	 	Manutenção	da	relevância	do	agronegócio	e	do	setor	minero-metalúrgico	
para	o	crescimento	econômico
	 3.2	 	Transição	demográfica:	redução	da	participação	relativa	da	população	jovem	
e	grande	aumento	da	população	em	idade	produtiva	e	da	população	idosa
	 3.3	 Continuidade	do	processo	de	urbanização
	 3.4	 	Aumento	das	pressões	para	a	conservação,	preservação	e	recuperação	
sustentável	dos		recursos	naturais
	 3.5	 	Pressões	crescentes	da	sociedade	pelo	aumento	da	eficiência	administrativa,	
da	transparência		e	de	maior	capacidade	de	resposta	do	Estado	e	dos	
municípios	às	suas	demandas
	 3.6	 	Emergência	de	atividades	de	densidade	técnico-científicas	e	articuladas	com	
a	economia	do	conhecimento
4.	 	Impacto	das	tendências	nas	questões	críticas	para
	 o	desenvolvimento	de	Minas	Gerais
5.	 	Incertezas	para	Minas	Gerais	e	seu	contexto	no	
horizonte	2010-2030
	 5.1	 Incertezas	críticas	exógenas:	o	contexto	mundial
	 5.2	 Incertezas	críticas	exógenas:	o	contexto	nacional
	 5.3	 Incertezas	críticas	endógenas:	Minas	Gerais
Anexo.	Resultados	da	pesquisa	exploratória	de	
expectativas	relativas	ao	futuro	(Survey)
	 1.	 Resumo	do	método
	 2.	 Resultados
55
57
61
64
67
70
72
75
78
80
82
85
89
90
95
sumário
apresentação
O	Projeto	Agenda	de	Melhorias	apresenta-se	como	um	movimento	pela	
inovação	na	gestão	pública.	Inovar	no	sentido	de	criar	maior	valor	pú-
blico,	 de	buscar	 a	 consolidação	de	boas	práticas	 e	 disseminá-las	 no	
âmbito	da	gestão	de	governo.
Essa	ousada	criação	somente	se	viabilizou	pela	atitude	republicana	e	
pelo	espírito	empreendedor	de	dois	governadores	do	Estado	de	Minas	
Gerais,	Aécio	Neves	e	Antonio	Anastasia,	lideranças	mineiras	e	nacio-
nais	que	desenvolveram	e	consolidaram	um	ambiente	inovador	no	qual	
prevalecem	a	governança,	a	responsabilidade	e	o	rigor	técnico	e	ético.
Ter	como	objeto	de	análise	a	experiência	mineira	de	oito	anos	em	que	
se	 revigorou	 a	 importância	 de	 uma	 gestão	 eficiente	 e	 orientada	 para	
resultados	foi	essencial	para	a	construção	das	propostas	aqui	contidas.	
Desse	patamar	vislumbram-se	avanços	relevantes	que	devem	ser	bus-
cados	pelas	lideranças	desse	País.	Tudo	isso,	sem	abrir	mão	da	ênfase	
no	equilíbrio	fiscal,	pressuposto	de	qualquer	avanço	na	gestão	pública.
É	com	a	expectativa	de	um	futuro	promissor,	que	já	se	faz	presente	hoje,	
que	se	oferece	à	sociedade	uma	estratégia	de	desenvolvimento	para	Mi-
nas	Gerais	e	propostas	para	um	efetivo	sistema	de	entrega	de	resultados	
para	a	gestão	pública.	
Agradecemos	aos	coordenadores	técnicos	desse	projeto,	a	todos	os	par-
ticipantes	da	Rede	por	uma	Gestão	Pública	Inovadora,	do	Comitê	Ges-
tor,	aos	 facilitadores,	às	consultorias	parceiras	McKinsey	&	Company,	
Macroplan	e	Fundação	Dom	Cabral	e	ao	MBC.	Destacamos,	particular-
mente,	o	papel	decisivo	do	presidente	do	BDMG,	Paulo	Paiva,	que,	de	
primeira	hora,	apoiou	essa	iniciativa.	
Tadeu	Barreto	Guimarães
Fernando	Lage	de	Melo
Diretores	do	projeto
Este é um dos documentos
complementares, elaborado no âmbito
do Projeto Agenda de Melhorias. Os demais 
documentos do Projeto estão disponíveis
no site www.agendademelhorias.org.br
6
O	desenvolvimento	de	Minas	Gerais	nos	próximos	20	anos	não	é	 to-
talmente	incerto	nem	tampouco	obra	do	acaso.	De	um	lado,	depende	
de	fatores	estruturais	já	consolidados	ao	longo	da	história	mineira.	De	
outro	lado,	há	uma	série	de	mudanças	externas	(mundiais	e	nacionais)	
e	transformações	endógenas	em	curso	que	terão	influência	relevante	na	
trajetória	do	Estado	no	horizonte	desta	e	da	próxima	década.	
A	 observação	 atenta	 desses	 fatores	 possibilita	 o	 aproveitamento	 das	
oportunidades	que	cada	 tendência	 reserva	à	 trajetória	mineira.	Esses	
fatores	condicionantes	estão,	portanto,	referenciados	ao	contexto	mun-
dial,	nacional	e	também	ao	próprio	espaço	mineiro,	cabendo	ressaltar	
que	a	seleção	das	tendências	expostas	a	seguir	atende	aos	critérios	de	
relevância	e	potencial	de	impacto	(positivo	ou	negativo)	para	Minas	Ge-
rais.1
Este	documento	tem	caráter	executivo	e	é	um	insumo	para	a	elabora-
ção	e	aprimoramento	de	um	conjunto	de	questões	críticas,	desafios	de	
alta	relevância	e	de	elevado	potencial	de	impacto	quanto	ao	desenvolvi-
mento	econômico,	social	e	ambiental	de	Minas	Gerais	no	horizonte	dos	
próximos	20	anos.	
É	oportuno	e	necessário	 ressaltar	que	este	é	um	estudo	prospectivo,	
elaborado	pela	Macroplan,	mas	que	não	representa,	sob	qualquer	hipó-
tese,	opinião	ou	posicionamento	oficial	do	governo	do	Estado	de	Minas	
Gerais	ou	do	BDMG,	a	respeito	de	qualquer	um	dos	temas	abordados.
introdução
1. A seleção das tendências expostas neste 
capítulo baseou-se em estudos prospectivos 
elaborados pela Macroplan e foi subsidiada 
por pesquisa realizada, via internet,
junto aos integrantes da RGPI, BDMG, EpR 
e especialistas convidados. Um resumo dos 
resultados dessa pesquisa está apresentado 
em anexo. 
1
o contexto global
8
A	 crise	 econômica	 global	 de	 2008	 está	 redesenhando	 o	 mapa	
econômico	mundial	e	suas	consequências	se	farão	sentir	por	longos	
anos.	 Uma	 delas	 é	 que	 o	 mundo	 provavelmente	 experimentará	
um	 patamar	 de	 crescimento	menor,	 pelo	menos	 nesta	 década,	 em	
comparação	 com	 os	 anos	 pré-crise.	 Outra	 ainda	 mais	 relevante	 é	
que	a	reacomodação	dos	atores	na	nova	economia	global	tende	a	ser	
duradoura,	redefinindo	o	mapa	de	produção	e	consumo.	O	mundo	terá	
de	se	adaptar	a	novas	economias	líderes.	A	tese	de	que	a	economia	
global	 passará	 a	 depender	 crescentemente	 de	 novas	 locomotivas	
ganhou	dimensão	nova	eainda	mais	verdadeira	depois	da	eclosão	da	
recente	crise:	acentua-se	a	percepção	de	que	os	países	emergentes	
liderarão	o	crescimento	econômico	global	nesta	década2.	
Nesse	contexto,	apesar	das	muitas	 incertezas	e	da	volatilidade	que	
ainda	dominam	o	cenário	econômico	global,	algumas	tendências	estão	
consolidadas.	Para	o	horizonte	dos	próximos	20	anos	e	tendo	em	vista	
o	escopo	deste	trabalho,	três	delas	são	particularmente	relevantes:	
I.	 	o	 crescimento	 da	 população	 e	 da	 renda	 dos	 países	 em	
desenvolvimento,	 com	 o	 ingresso	 de	 milhões	 de	 novos	
consumidores	 à	 economia	 de	 mercado,	 em	 especial	 China	 e	
Índia;	
II.	 	a	 disseminação	 de	 uma	 nova	 estratégia	 de	 competitividade	
econômica,	 em	 nível	 global,	 baseada	 em	 larga	 escala	 de	
produção,	baixo	custo	e	inovação	tecnológica;
III.	 	a	 intensificação	 da	 globalização,	 com	 aumento	 dos	 fluxos	
comerciais	e	de	serviços	e	a	 integração	da	produção	mundial,	
através	 da	 configuração	 de	 redes	 de	 valor	 distribuídas	
internacionalmente.
Ao	mesmo	tempo,	duas	outras	tendências	encontram-se	em	fase	de
maturação	 e	 seus	 efeitos	 e	 desdobramentos	 serão	 cada	 vez	 mais	
intensos	em	médio	prazo:
a)	 	de	um	lado,	um	processo	técnico-econômico	que	está	em	plena	
marcha:	a	consolidação	do	conhecimento	como	principal	motor	
da	 economia	 mundial,	 com	 a	 emergência	 e	 convergência	 de	
novas	tecnologias;	
b)	 	de	 outro	 lado,	 um	 fenômeno	 de	 natureza	 política	 e	 financeira	
que	está	ganhando	relevância	crescente	nos	desdobramentos	da	
crise:	o	aumento	das	pressões	para	ajustes	fiscais	e	no	papel	do	
Estado	e	por	inovações	visando	políticas	públicas	mais	eficazes.
2. BARROS, Octavio; GIAMBIAGI, Fabio 
(2008). Brasil globalizado. Rio de Janeiro: 
Campus; e BARROS, Octavio; GIAMBIAGI, 
Fabio (2008). – Brasil pós-crise: seremos 
capazes de dar um salto? In: Barros & Giam-
biagi (Org.) Brasil pós-crise – agenda para 
a próxima década. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2009.
9
E	 por	 fim,	 duas	 tendências	 estão	 emergindo	 com	 grande	 força	 e	
potencial	para	moldar	decisões	e	escolhas	políticas	e	econômicas	nos	
próximos	20	anos:
a)		 as	mudanças	climáticas;
b)		 	o	desenvolvimento	da	economia	de	baixo	carbono.
A	 evolução	 dessas	 tendências,	 com	 distintos	 graus	 de	 maturidade,	
antecipa	importantes	implicações	para	a	estratégia	de	desenvolvimento	
de	longo	prazo	de	Minas	Gerais,	seja	sob	a	forma	de	oportunidades,	
seja	como	ameaças	ou	desafios	para	a	sociedade,	em	especial	para	as	
lideranças,	sejam	da	esfera	pública,	privada	ou	do	terceiro	setor.	
As	características	e	as	implicações	dessas	tendências	mundiais	
são	tratadas	a	seguir.
10
A	 população	mundial	 dobrou	 nos	 últimos	 45	 anos	 e	 deverá	 atingir	
8,3	bilhões	de	habitantes	em	2030.3	Esse	crescimento	será	oriundo,	
basicamente,	dos	países	menos	desenvolvidos	ou	em	desenvolvimento,	
em	especial	China	e	Índia.	Esses	países	não	só	tiveram	sua	população	
aumentada,	como	têm	suas	economias	em	forte	expansão:	a	economia	
indiana	tem	média	de	crescimento	superior	a	7%	por	ano,	desde	1997	
e	a	China	acumula	três	décadas	de	expansão	contínua,	com	taxa	anual	
próxima	a	10%	e,	provavelmente,	ocupará	o	posto	de	segunda	maior	
economia	do	mundo	ainda	em	2010.
A	tendência	demográfica,	somada	à	crescente	renda	per capita	nesses	
países	e	consequente	ampliação	da	classe	média	mundial,	resultará	
no	aumento	da	demanda	mundial	por	bens	de	consumo,	em	especial	
alimentos,	commodities	industriais	e	energia.
A	expectativa	é	de	aumento	crescente	da	renda	per capita	dos	emergentes	
que	 compõem	 os	 BRIC.	 Em	 20	 anos,	 a	 renda	 per	 capita	 brasileira	 e	
chinesa	 se	aproximará	dos	US$	20.000,	 a	 indiana	dos	US$	4.000	e	a	
russa	dos	US$	35.000,	de	acordo	com	previsões	da	Goldman	Sachs.4
crescimento da população
e da renda dos países
em desenvolvimento,
com o ingresso de milhões
de novos consumidores
à economia de mercado,
em especial na china e Índia
1.1
Gráfico 1
Evolução	da	população	
mundial	1950-2050
(em	milhares	de	
habitantes).
Fonte:
Population Division of the Department of 
Economic and Social Affairs of the United 
Nations Secretariat, World Population 
Prospects: The 2008 Revision.
10.000.000
9.000.000
8.000.000
7.000.000
6.000.000
5.000.000
4.000.000
3.000.000
2.000.000
1.000.000
0
1950 19901970 2010 20401960 2000 20301980 2020 2050
2010
6,9 bilhões
2030
8,3 bilhões
Regiôes	mais	desenvolvidas
Regiôes	menos	desenvolvidas
3. US Census Bureau - Total Midyear Popula-
tion for the World: 1950-2050, disponível em 
http://www.census.gov/ipc/www/idb/worldpop.
php.
4. The BRICs as Drivers of Global Con-
sumption. Goldman Sachs Global Econom-
ics, Commodities and Strategy Research, 
06/08/2003.
11
Nesse	cenário,	 a	 classe	média	mundial	 passará	de	1,85	bilhões	de	
habitantes	em	2009	(27%	da	população	total)	para	4,88	bilhões	em	
2030	(59%	da	população).5	A	região	que	mais	contribuirá	para	esse	
crescimento	será	o	Pacífico	Asiático,	cuja	classe	média	deverá	saltar	
dos	atuais	525	milhões	de	habitantes	para	1,74	bilhões	em	2020	e	
3,23	bilhões	em	2030,	respondendo	por	54%	e	66%	da	classe	média	
mundial	 em	 2020	 e	 2030,	 respectivamente.	 No	mesmo	 período,	 a	
Europa	e	a	América	do	Norte,	que	hoje	abrigam	54%	dessa	classe,	
passarão	a	representar	32%	em	2020	e	21%	em	2030.6
China	e	Índia	serão	os	grandes	responsáveis	pelo	crescimento	da	classe	
média	mundial	dos	próximos	40	anos.	Esse	aumento	é	acompanhado	
por	 um	 forte	 crescimento	 no	 consumo.	 Esses	 dois	 países	 somados	
passarão	 dos	 atuais	 5%	 para	 40%	 do	 total	 do	 consumo	 da	 classe	
média	mundial	e	os	primeiros	 indícios	desse	aumento	 já	podem	ser	
vistos	 atualmente,	 com	 o	 posto	 que	 a	 China	 assumiu	 em	 2009	 de	
maior	mercado	mundial	de	veículos,	superando	pela	primeira	vez	os	
EUA,	com	a	comercialização	de	13,5	milhões	de	automóveis.	
Gráfico 2
População	com	renda	entre	
U$6.000	e	US$30.000	
(bilhões	de	pessoas)	–	
Mundo,	China	e	Índia.
Fonte:
The Expanding Middle: The Exploding 
World Middle Class and Falling Global 
Inequality, Goldman Sachs Global Eco-
nomics Paper No: 170, 07/07/2008.	
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
500
0
19901970 2010 20401960 2000 20301980 2020 2050
Mundo
Índia
China
Mundo, exceto
China e Índia
5. Existem diversos estudos com projeções 
para a classe média que se diferenciam basi-
camente por adotarem em suas classificações 
faixas de renda ou padrões de consumo dis-
tintos, como os da McKinsey From ‘Made in 
China’ to ‘Sold in China’: The rise of the Chi-
nese urban consumer (2006) e The ‘Bird of 
Gold’: The Rise of Indian’s Consumer Market 
(2007), o da Goldman Sachs The Expanding 
Middle: the Exploding World Middle Class 
and Falling Global Inequality (Goldman Sachs 
Global Economics Paper, No: 170, 2008) e o 
da UBS Back to the Middle Class (2007). O 
estudo utilizado, OECD Development Centre 
Working Paper Nº 285, classifica como classe 
média as famílias com gastos diários entre 
US$ 10 e US$ 100 em termos de PPP. 
6. The emerging middle class in developing 
countries. OECD Development Centre Work-
ing Paper Nº 285, Janeiro de 2010.
12
Para	Minas	Gerais	essa	tendência	traz	as	implicações	destacadas	
a	seguir:		
IMPlICAçõES	PARA	MInAS	GERAIS:	
•		aumento	global	da	demanda	por	alimentos	e	por	commodities	
industriais,	minerais	e	energia;
•		mudança	 nos	 termos	 de	 troca	 em	 favor	 dos	 produtores	 de	
commodities	(vis à vis	produtores	de	manufaturas);
•		complementaridade	 entre	 a	 produção	 mineira	 de	 insumos	
industriais	e	produção	asiática	de	bens	manufaturados;
•		risco	 de	 perda	 de	 competitividade	 das	 indústrias	 mineiras	
frente	à	oferta	de	produtos	e/ou	dos	novos	modos	de	produção	
dos	chineses	e	dos	demaispaíses	asiáticos;
•		risco	de	especialização	excessiva	da	economia	mineira,	com	
aumento	 da	 vulnerabilidade	 às	 oscilações	 dos	 mercados	
internacionais	de	commodities.
Gráfico 3
Participação	da	classe
média	de	países	no
consumo	mundial	total.
Fonte:
OECD Development Centre Working Paper 
Nº 285, 2010. 
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 
10%
0%
2000 03 06 09 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48
Outros
Europa
Japão
EUA
Demais	países	da	Ásia
Índia
China
13
Ao	longo	das	últimas	décadas,	o	desenvolvimento	científico	e	tecnológico	
tem	se	acelerado	intensamente.	Sua	contribuição	ao	desenvolvimento	
econômico	e	social	tem	se	tornado	cada	vez	mais	relevante,	de	forma	
que	 não	 apenas	 economias	 tradicionais,	 como	 EUA	 e	 Japão,	 mas	
países	em	desenvolvimento,	como	China,	 Índia	e	Coreia	do	Sul	 têm	
priorizado	a	inovação	–	especialmente	com	a	agregação	de	tecnologia	
a	produtos	oferecidos	a	uma	grande	massa	de	consumidores	–	como	
um	dos	motores	para	seu	crescimento.	
Como	consequência,	a	oferta	de	bons	produtos	se	dá	a	preços	cada	
vez	mais	baixos	e	engloba	uma	gama	cada	vez	mais	diversificada.	Os	
preços	reduzidos,	que	há	20	anos	estavam	restritos	a	produtos	de	baixa	
qualidade,	passaram,	a	partir	da	última	década,	a	incluir	bens	de	mais	
alta	complexidade	como	computadores,	bens	de	capital	e	automóveis.	
Esses	países,	notadamente	a	China,	estão	rapidamente	redesenhando	
produtos,	processos	e	modelos	de	negócios	com	o	objetivo	de	produzir	
e	 entregar	 melhor	 e	 mais	 rápido.7	 Nesse	 novo	 cenário,	 as	 redes	
logísticas	de	alta	capacidade	e	abrangência	global	passam	a	ter	papel	
cada	vez	mais	relevante	na	competição.
Um	novo	modelo	de	competitividade	global	que	está	emergindo	uti-
liza	as	vantagens	geradas	pelo	avanço	 tecnológico	de	 forma	distinta	
do	usual:	 se	no	passado	a	solução	 tecnológica	permitia	ganhos	nas	
margens	de	lucro,	restringindo	o	mercado,	a	tendência	recente	aponta	
para	uma	produção	em	larga	escala,	com	a	prática	de	preços	baixos	
para	 se	 ganhar	 em	 volume	 conseguindo,	 assim,	 capturar	 a	 grande	
massa	consumidora.	Como	resultado,	a	produção	conquista	mercados	
globais	rapidamente.	A	China	tornou-se	em	2009	o	maior	exportador	
do	mundo,	com	um	total	vendido	ao	exterior	de	US$	1,2	trilhão,	en-
quanto	a	Índia	atingiu	US$	165	bilhões	em	exportações.	
emergência de um novo paradigma 
de competitividade econômica
industrial em nível global:
larga escala de produção,
baixo custo e inovação tecnológica 
1.2
7. The new masters of management. The 
Economist, 15 de Abril de 2010.
14
Hoje,	está	claro	que	o	grande	diferencial	chinês	provém	não	da	criação	
de	novos	produtos,	mas	da	capacidade	de	barateá-los	drasticamente.	
Quando	um	fabricante	chinês	consegue	reduzir	o	preço	de	um	aparelho	
de	DVD	de	300	para	30	dólares,	ele	passa	a	ser	capaz	de	vendê-lo	não	
só	na	China,	mas,	também,	na	África,	na	América	Latina	e	no	restante	
da	Ásia.	“O	DVD	se	tornou	um	símbolo.	É	algo	análogo	ao	que	Henri	Ford	
fez	quando,	em	1906,	lançou	um	automóvel	simples	e	barato	o	bastante	
para	estar	ao	alcance	do	trabalhador	americano.	A	China	multiplicou	a	
ideia	do	Modelo	T	e	o	expandiu	nas	mais	diversas	direções.”8		
Outro	 fenômeno	 importante	 que	 também	 tem	 impactos	 nesse	
novo	 paradigma	 de	 competição	 é	 o	 que	 está	 sendo	 chamado	 por	
“inovação	reversa”,	que	é	a	transferência	dos	esforços	de	pesquisa	e	
desenvolvimento	de	grandes	corporações	para	os	mercados	emergentes,	
mudando	o	seu	centro	gravitacional	para	onde	a	inovação	acontecerá,	
mais	próxima	do	cliente	final.	Com	isso,	é	possível	o	desenvolvimento	de	
novos	produtos,	mais	adequados	às	características	locais	dos	mercados	
de	massa	e	posterior	introdução	nos	países	desenvolvidos.	Esse	já	é	um	
movimento	que	está	sendo	adotado	pela	General	Electric	e	um	exemplo,	
nesse	 sentido,	 é	 o	 desenvolvimento	 do	 aparelho	 de	 ultrassonografia	
com	 alta	 portabilidade	 e	 com	 baixo	 custo	 para	 atender	 ao	mercado	
indiano,	que	é	caracterizado	por	uma	população	predominantemente	
pobre	e	que	não	consegue	se	deslocar	até	os	hospitais.9
Essa	 onda	 de	 inovação	 de	 baixo	 custo	 deve	 gerar	 uma	 revisão	 na	
vantagem	 competitiva	 do	 mundo	 rico,	 o	 principal	 centro	 inovador,	
trazendo	grande	competição	por	preço	a	suas	empresas,	desafiadas	a	
praticar	ainda	mais	e	melhor	a	inovação.10
IMPlICAçõES	PARA	MInAS	GERAIS:	
•		risco	 de	 perda	 de	 competitividade	 das	 indústrias	 mineiras,	
frente	à	oferta	de	produtos	e/ou	dos	novos	modos	de	produção	
dos	chineses	e	dos	demais	países	asiáticos;
•		risco	de	perda	de	competitividade	da	estrutura	produtiva	e	da	
capacidade	 de	 inserção	 dos	 produtos	 mineiros	 no	 mercado	
global	 por	 deficiências	 e	 gargalos	 na	 infraestrutura	 e	 nos	
sistemas	logísticos;
•		necessidade	 de	 redirecionamento	 do	 sistema	 mineiro	 de	
inovação	para	acelerar	a	inovação	nas	empresas;
•		risco	 de	 especialização	 excessiva	 da	 economia	 mineira	 na	
produção	 e	 comercialização	 de	 commodities,	 com	 aumento	
da	vulnerabilidade	externa.
8. Antônio Barros de Castro, entrevista à Re-
vista Época Negócios, Edição 18 – Setembro 
de 2008.
9. Vijay Govindaraja, entrevista à HSM Ma-
nagement denominada Verso e Reverso, HSM 
Management
Edição 80 - maio-junho 2010.
10. The new masters of management. The 
Economist, 15 de Abril de 2010.
15
Nos	últimos	20	anos,	vivenciamos	uma	ampliação,	com	 intensidade	
sem	 precedentes,	 dos	 fluxos	 de	 pessoas,	 informação,	 tecnologia,	
produtos,	 serviços	 e	 capitais	 em	 todo	 o	mundo.	 Esse	 processo	 é	 o	
principal	 condicionante	 do	 crescimento	 econômico	 mundial,	 sendo	
responsável	 pela	 modificação	 do	 padrão	 de	 inserção	 externa	 e	 de	
inter-relação	dos	países.	O	 fenômeno	da	globalização	 tem	 influência	
sobre	a	economia	nas	duas	dimensões	que	a	compõem:	o	chamado	
lado	 real	 da	 economia	 –	 responsável	 pelo	 processo	 de	 produção	
e	 comercialização	de	bens	 e	 serviços	 –	 e	 o	 lado	monetário,	 que	 se	
relaciona	 à	 movimentação	 do	 capital	 financeiro	 que	 decorre	 do	
processo	produtivo.
intensificação da globalização:
aumento dos fluxos comerciais
e financeiros e integração da 
produção mundial, por meio da
configuração de redes de valor
distribuídas internacionalmente
1.3
Gráfico 4
Exportações	mundiais
de	mercadorias	e	serviços
a	preços	correntes
(US$	bilhões)	–
1948	a	2008.
Fonte:
World Trade Organization
Statistics Database.
20.000
18.000
16.000
14.000
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
19
48
19
51
19
54
19
57
19
60
19
63
19
66
19
69
19
72
19
75
19
78
19
81
19
84
19
87
19
90
19
93
19
96
19
99
20
02
20
05
20
08
16
No	lado	real	da	economia,	a	globalização	possibilita	o	estabelecimento	
de	 processos	 produtivos	 de	 âmbito	 global	 que	 respondem	 pela	
movimentação	 de	 bens	 e	 serviços	 ao	 redor	 do	 mundo,	 seja	 para	
consumo	final,	seja	para	utilização	como	insumo	em	outras	unidades	
produtivas.	 Contribui,	 portanto,	 para	 a	 formação	 de	 redes	 de	 valor	
integradas,	 operando	 em	 escala	 mundial	 e	 envolvendo	 parceiros,	
fornecedores	 e	 distribuidores.	 Esse	 fenômeno	 é	 visível	 no	 aumento	
da	 terceirização	 e	 do	 offshoring,	 que	 vem	 oferecendo	 crescentes	
oportunidades	de	negócios	para	países,	cidades	e	regiões	dotados	de	
vantagens	 competitivas	 para	 a	 atração	 de	 investimentos	 produtivos,	
entre	 as	 quais	 se	 destacam	 a	 capacitação	 da	 força	 de	 trabalho,	 a	
qualidade	da	infraestrutura	e	dos	sistemas	logísticos	e	a	confiabilidade	
do	ambiente	de	negócios.	
A	 internacionalização	 das	 etapas	 do	 processo	 de	 produção	 pode	
ser	 ilustrada	com	o	exemplo	do	 recém-lançado	Apple	 Ipad,	em	queo	 aparelho	 é	 exportado	 da	 China	 para	 os	 Estados	Unidos	 ao	 preço	
de	custo	(US$	290).	Entretanto,	apenas	5%	desse	valor	é	realmente	
agregado	 na	 China.	 A	 maioria	 dos	 componentes	 eletrônicos	 são	
fabricados	 na	 Coreia	 do	 Sul,	 Japão	 e	 Estados	Unidos,	 enquanto	 as	
baterias	do	aparelho	são	fabricadas	em	Hong	Kong,	por	uma	empresa	
japonesa.	Cabe	ressaltar	que	as	parcerias	entre	empresas	de	diversos	
países	para	a	produção	de	bens	não	se	restringe,	apenas,	aos	setores	
econômicos	 emergentes.	 O	 avião	 Airbus	 380,	 embora	 fabricado	 na	
Europa,	tem	seus	motores	produzidos	nos	Estados	Unidos.		A	Airbus,	
fabricante	do	avião,	possui	mais	de	1.500	empresas	fornecedoras	em	
27	países.11
Assim	como	a	produção	é	 internacionalizada,	 o	mesmo	ocorre	com	
o	consumo	de	bens	e	serviços.	Seja	para	consumo	final,	seja	para	a	
sua	utilização	como	insumos,	é	crescente	o	comércio	internacional	de	
bens	e	serviços.	Entre	1990	e	2009,	as	exportações	mundiais	de	bens	
e	serviços	cresceram	264%,	passando	de	US$	4,3	trilhões	para	US$	
15,7	trilhões.	Entre	2002	e	2007,	o	volume	do	comércio	internacional	
de	bens	e	serviços	cresceu,	em	média,	7,3	anuais.	No	mesmo	período,	
o	crescimento	médio	do	PIB	mundial	foi	de	4,2%	por	ano.	
A	 intensificação	dos	fluxos	globais	de	 investimentos	produtivos	que,	
entre	1990	e	2009,	aumentaram	de	US$	207	bilhões	para	US$	1,1	
trilhões,	 também	 ilustra	 esse	 processo	 de	 internacionalização	 da	
produção	e	do	consumo.	A	UNCTAD	espera	que	os	fluxos	globais	de	
Investimento	Estrangeiro	Direto	(IED)	atinjam	mais	de	US$	1,2	trilhões	
em	2010,	crescendo	ainda	mais	em	2011	(US$	1,3	a	US$	1,5	trilhões)	
e	2012	(US$	1,6	a	US$	2	trilhões).12
11. Jara urges another way of looking at 
trade statistics. World Trade Organization 
International Trade Statistics, 26/05/2010. 
Disponível em http://www.wto.org/english/
news_e/news10_e/devel_26may10_e.htm.
12. UNCTAD, World Investment Report 2010.
17
As	economias	em	desenvolvimento	receberam,	em	2010,	metade	de	
todo	o	fluxo	global	de	capitais	para	investimento,	enquanto	investiram	
apenas	 ¼	 do	 IED	 global.	 Essse	 grupo	 de	 países	 vem	 liderando	 a	
recuperação	dos	fluxos	no	pós-crise	e	aparece	como	principal	destino	
dos	investimentos	para	os	próximos	anos.	
Gráfico 5
Fluxo	de	Investimentos	
Globais	(IED),	
1990-2009,
e	expectativa	para
2010-2012	(US$	bilhões).
Fonte:
UNCTAD, World Investment Report 2010.
A	 intensificação	 da	 globalização	 esperada	 para	 os	 próximos	 anos	
também	será	vista	sob	a	óptica	financeira.	De	 fato,	o	movimento	de	
internacionalização	 da	 produção	 e	 de	 multiplicação	 dos	 fluxos	 de	
comércio	de	bens	e	serviços,	acelerado	nos	anos	90	foi,	nesse	mesmo	
período,	 acompanhado	 por	 um	 processo	 de	 desregulamentação	
dos	 mercados	 financeiros.	 Esse	 processo,	 aliado	 à	 revolução	 das	
Tecnologias	 da	 Informação	 e	 do	Conhecimento	 (TICs),	 culminou	na	
chamada	globalização	financeira.	Essa	 se	caracteriza,	notadamente,	
por	uma	drástica	intensificação	dos	fluxos	de	capitais	internacionais	–	
isto	é,	uma	elevação	de	seu	volume	e	de	sua	velocidade	de	circulação.	
Em	1980,	a	relação	entre	o	tamanho	do	mercado	financeiro	(US$	12	
trilhões)	e	o	PIB	mundial	(US$	10	trilhões)	era	de	1,2.	Em	2006,	essa	
mesma	 relação	havia	saltado	para	3,6	–	um	crescimento	de	200%.	
Entre	1980	e	2006,	o	total	de	ativos	financeiros	cresceu	1.300%,	ao	
passo	que	o	PIB	mundial	se	expandiu	em	380%.
2500
2000
1500
1000
500
0
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
22
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
18
A	intensificação	dos	fluxos	financeiros	–	empréstimos,	financiamentos,	
inversões	 em	 portfólio,	 entre	 outros	 –	 ao	 redor	 do	 mundo	 tende	
a	 constituir	 um	 único	mercado	 global	 de	moedas	 e	 de	 crédito.	 De	
fato,	 o	 processo	 de	 globalização	 financeira	 que,	 por	 muitos	 anos,	
se	 concentrava	 nos	 principais	 centros	 financeiros	 das	 chamadas	
economias	avançadas	é,	cada	vez	mais,	um	fenômeno	efetivamente	
mundial.	 O	 fluxo	 líquido	 de	 capitais	 financeiros	 privados	 para	 as	
economias	emergentes	que,	entre	1999	e	2001	era	de	US$	162	bilhões,	
alcançou	US$	440	bilhões	em	2008.	Mesmo	com	a	queda	decorrente	
da	crise	financeira	 internacional	 (redução	para	US$	275	bilhões	em	
2009),	 espera-se	a	 retomada	desse	movimento	nos	anos	 seguintes:	
o	FMI	projeta	para	2011	um	fluxo	líquido	de	capitais	financeiros	para	
economias	emergentes	da	ordem	de	US$	323	bilhões.
Para	 o	 Brasil	 e	 para	 Minas	 Gerais	 essa	 abundância	 de	 capitais,	
conjugada	 à	 propensão	 de	 muitos	 investidores	 internacionais	 por	
ativos	 reais	de	baixo	 risco,	 tem	o	potencial	de	abrir	boas	 janelas	de	
oportunidades	para	atração	de	investimentos	privados	em	projetos	de	
infraestrutura,	por	exemplo.
Gráfico 6
Relação	entre
a	economia	financeira
e	a	economia	real
no	mundo	(US$	trilhões)	–	
1980	e	2006.
Fonte:
PORTO,	Claudio;	VEnTURA,	Rodrigo	-
Cenários	focalizados	na	crise	e	pós-crise	
econômica	-	ensaios	prospectivos	de	curto	
e	longo	prazo	para	o	mundo	e	o	Brasil	-
Macroplan	Prospectiva,	Estratégia	&	
Gestão,	Setembro,	2009.
170
150
130
110
90
70
50
30
10
0
1980
10
48
2006
12
170
Ati
vos
	fin
anc
eir
os
PIB	Mun
dial
19
IMPlICAçõES	PARA	MInAS	GERAIS:
•		ampla	disponibilidade	mundial	de	capitais	para	investimentos	
produtivos;
•		necessidade	de	atuação	mais	competitiva	e	global	na	atração	de	
investimentos	produtivos	para	Minas	Gerais	e	de	consolidação	
de	ambiente	de	negócios	eficiente	e	receptivo;
•		acirramento	da	concorrência	no	mercado	doméstico	em	virtude	
do	aumento	da	oferta	de	produtos	importados,	em	especial	em	
setores	ligados	à	indústria	tradicional;
•		oportunidade	de	adensamento	das	cadeias	produtivas	mineiras	
por	meio	 da	 promoção	 e	 atração	 de	 investimentos	 nos	 elos	
mais	inovadores	de	suas	redes	de	valor.
20
O	mundo	está	experimentando	um	processo,	cada	vez	mais	forte,	de	
transição	de	um	modo	de	produção	e	criação	de	valor	 intensivo	em	
energia	e	materiais,	para	a	geração	de	valor	com	produtos	intensivos	
em	conhecimento	e	inovação.
Nesse	contexto,	a	chamada	‘economia	do	conhecimento’	 tende	a	se	
consolidar	como	o	principal	motor	da	economia	mundial	ao	longo	deste	
século	o	que,	por	sua	vez,	conferirá	maior	importância	aos	investimentos	
dos	ativos	intangíveis	das	empresas	como	pessoal	altamente	qualificado;	
capacidade	de	inovação;	inserção	em	redes	nacionais	e	internacionais	
de	 pesquisa	 &	 desenvolvimento,	 fornecimento	 e	 distribuição;	 e	
reputação	da	marca.	
Os	 setores	 intensivos	 em	 tecnologia	 e	 conhecimento	 liderarão	 a	
economia	do	século	XXI.	São	os	setores	mais	dinâmicos,	detentores	
das	empresas	mais	rentáveis	e	das	marcas	mais	valiosas.	Segundo	a	
Forbes13,	dentre	as	5	marcas	mais	valiosas	do	mundo,	4	pertencem	a	
setores	de	alta	tecnologia:	a		Apple	ocupa	a	primeira	posição,	seguida	
pela	Microsoft,	a		Coca-Cola	(a	exceção),	IBM	e	Google.
Os	 investimentos	em	P&D	são	crescentes	nos	países	desenvolvidos.	
Embora	o	ritmo	de	crescimento	tenha	diminuído	com	os	efeitos	da	crise	
econômica,	as	taxas	de	variação	continuam	positivas	e	expressivas.14	
Conforme	o	gráfico	abaixo,	a	intensidade	de	P&D,	na	média	da	OCDE,	
passou	de	2%,	no	início	dos	anos	1990,	para	2,4%,	em	2007,	sendo	
mais	elevada	no	Japão.	No	Brasil,	a	intensidade	de	P&D	da	indústria	
ainda	pode	ser	considerada	baixa	em	relação	aos	países	da	OCDE,	mas,	
também,	 registrou	 acréscimo:	 entre	 2000	 e	 2005,	 subiu	 de	 0,64%	
para	 0,77%,	 segundo	 os	 dados	 da	Pesquisa	 Industrial	 de	 Inovação	
Tecnológica	(Pintec/IBGE).15
consolidação do conhecimento como 
principal motor daeconomia mundial, 
com a emergência e convergência
de novas tecnologias
1.4
13. The World’s Most Valuable Brands, 
Forbes, 28 de julho de 2010. Disponível em: 
www.forbes.com
14. The 2009 EU industrial R&D invest-
ment scoreboard. European Commission. 
Directorate General Research. Institute for 
Prospective Technological Studies. 2009.
15. FURTADO, A. QUADROS, R. 
DOMINGUES, S. A. Intensidade de P&D 
das empresas brasileiras. Inovação Uniemp. 
2007, vol. 3, nº 6, pp. 26-27. 2007.
21
Nesse	 contexto,	 emergem	 e	 convergem	 três	 novas	 tecnologias	 com	
grande	potencial	 de	mudanças	disruptivas	 e	 forte	 geração	de	 valor:	
a	 biotecnologia,	 a	 nanotecnologia	 e	 a	 tecnologia	 da	 informação.	 A	
perspectiva	é	de	que	esse	processo	de	convergência	tecnológica	seja	
cada	vez	mais	visível,	disseminando-se,	inclusive,	entre	os	países	em	
desenvolvimento.
A	aplicação	em	escala	industrial	e	empresarial	dos	avanços	científicos	
e	 tecnológicos	 advindos	 da	 pesquisa	 biológica	 constitui	 o	 chamado	
setor	de	biotecnologia.	O	desenvolvimento	da	ciência	seguiu	gerando	
novas	descobertas	que	aperfeiçoaram	a	compreensão	dos	mecanismos	
celulares	e	se	 ramificaram	em	novos	campos	do	conhecimento.	Em	
paralelo,	 o	 reconhecimento	 legal	 dos	 produtos	 das	 novas	 técnicas	
como	 invenções	 passíveis	 de	 serem	 patenteadas	 e,	 com	 isso,	
potencialmente	lucrativas,	abriu	caminho	para	o	surgimento	de	novas	
empresas	 de	 base	 científica,	 direcionadas	 ao	 desenvolvimento	 de	
aplicações	 comerciais	 ou	 prestação	 de	 serviços.	 As	 potencialidades	
de	 aplicação	 da	 biotecnologia	 são	muitas	 e	 têm	 atraído	 o	 interesse	
não	apenas	de	cientistas,	mas,	também,	da	indústria,	de	investidores	
privados	e	dos	gestores	de	políticas	públicas	em	 todo	o	mundo.	Os	
novos	campos	científicos	da	biotecnologia	têm	aplicações	transversais	
e	entre	os	principais	setores	impactados	destacam-se	agropecuária	e	
alimentos,	a	indústria	química	e	a	farmacêutica.16
A	nanotecnologia	corresponde	à	capacidade	de	criar	agrupamentos	de	
átomos	ou	moléculas,	cujo	arranjo	espacial	e	composição	são	usados	
para	 obter	 estruturas	 com	 novas	 propriedades	 mecânicas,	 óticas,	
eletrônicas	ou	magnéticas	e,	portanto,	novos	produtos	industriais.	De	
Gráfico 7
Intensidade	de	P&D	(gasto	
em	P&D/valor	adicionado)	
1993-2007	–	regiões	e	
países	selecionados.
Fonte:
OECD (2009), OECD Science,
Technology and Industry Scoreboard 
2009, OECD Publishing.
16. Biotecnologia para Saúde Humana: 
Tecnologias, Aplicações e Inserção na Indús-
tria Farmacêutica. BNDES Setorial, Rio de 
Janeiro, n. 29, p. 359-392, mar. 2009.
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
%
1993 20011993 1997 20051995 20031999 2007
EU27
EUA
OECD
JAPÃO
22
acordo	com	o	Center for Technology Foresight	(APEC),	a	nanotecnologia	
beneficiou	todas	as	áreas	científicas	conhecidas	hoje.	
Por	outro	lado,	os	gastos	com	tecnologia	da	informação	são	crescentes	
especialmente	nos	países	asiáticos,	quando	consideradas	as	compras	
de	 hardware	 (computadores,	 dispositivos	 de	 armazenamento,	
impressoras	e	outros	periféricos),	de	software	(sistemas	operacionais,	
ferramentas	de	programação,	utilitários,	aplicativos	e	desenvolvimento	
interno	 de	 software),	 de	 serviços	 de	 informática	 (consultoria	 de	
tecnologia	da	informação,	informática	e	rede	integração	de	sistemas,	
web hosting	e	outros	serviços)	de	serviços	de	comunicação	(serviços	de	
voz	e	de	comunicações	de	dados)	e	de	equipamentos	de	comunicações	
com	fio	e	sem	fio.17
A	capacidade	de	uma	sociedade	e	de	sua	economia	gerar	e	assimilar	
mudanças	 tecnológicas	 é,	 cada	 vez	mais,	 um	 fator-chave	 para	 a	 o	
crescimento	 econômico.	 Isso	 traz	 uma	 grande	 preocupação	 com	
a	 disseminação	 do	 conhecimento	 e	 com	 a	 educação	 da	 população	
nos	países	que	buscam	avanços	tecnológicos	para	fomentar	os	seus	
decorrentes	ganhos	em	produtividade	e	competitividade.	
IMPlICAçõES	PARA	MInAS	GERAIS:	
•		intensificação	 da	 pressão	 do	 mercado	 por	 profissionais	
qualificados	e	com	maior	escolaridade,	objetivando	ganhos	de	
qualidade	e	produtividade;
•		ampliação	de	oportunidades	de	negócios	associadas	à	inovação,	
ao	desenvolvimento	das	novas	tecnologias	e	sua	incorporação	
aos	sistemas	produtivos;
•		necessidade	 de	 acelerar	 a	 melhoria	 da	 educação	 e	 da	
qualificação	profissional;
•		necessidade	de	adequar	os	sistemas	logísticos,	a	infraestrutura	
e	 a	 conectividades	 das	 redes	 de	 cidades	 às	 exigências	 da	
economia	baseada	no	conhecimento.
17. World Bank Information and communi-
cation technology expenditure, disponível em 
http://data.worldbank.org/indicator/IE.ICT.
TOTL.GD.ZS.
23
Maiores	pressões	por	ajustes	fiscais	e	exigências	de	maior	eficácia	e	
eficiência	das	políticas	públicas	são	tendências	mundialmente	presentes	
desde	os	anos	1980,	que	foram	reforçadas	pela	crise	global	de	2008.18
Com	a	implantação	de	políticas	anticíclicas	a	partir	de	setembro	de	2008,	
os	governos	das	20	maiores	economias	globais	(G-20)	gastaram	2%	do	PIB	
mundial	com	socorros	e	estímulos	fiscais	visando	revigorar	a	demanda.19
aumento das pressões para
ajustes fiscais e no papel do estado
e por inovações visando
políticas públicas mais eficazes
1.5
Gráfico 8
Déficit	fiscal	nos	países	do	
G20	(%	PIB).
Fonte:
The Economist,	01/07/2010.
18. O retorno (duradouro ou não) do ativismo 
econômico estatal em escala global é uma 
incerteza que está emergindo no bojo dos 
desdobramentos desta crise. A propósito, 
esse é o tema central da edição da revista
The Economist, edição de 7 a 13 de agosto –
“Leviathan Inc – Tha state goes back into 
business”. Esta incerteza é abordada no 
Capítulo 5 deste documento.
19. Austerity alarm. The Economist. 1 de 
Julho de 2010.
0
2
4
6
8
10
20092005 2007 20102006 2008
24
Diante	 da	 perspectiva	 de	 aguçamento	 da	 crise	 financeira	 do	
Estado,	 o	 setor	 público	 passa	 por	 uma	 redefinição.	 A	 situação	 a	
ser	enfrentada	combina	a	necessidade	de	 reerguer	as	economias	
afetadas	 com	 a	 preocupação	 com	 os	 gastos.	 Sendo	 assim,	 um	
desafio	 fundamental	 é	 compatibilizar	 a	 limitação	 dos	 recursos	 do	
Estado	 com	 a	 demanda	 crescente	 por	maior	 quantidade	 e	melhor	
qualidade	dos	serviços	públicos.	
A	reunião	do	G-20,	ocorrida	em	junho	de	2010,	resultou	na	proposição	
de	corte	pela	metade	do	déficit	nos	países	desenvolvidos	até	2013	e	
estabilização	ou	redução	do	seu	endividamento	até	2016.	Os	pacotes	
de	 estímulos	 econômicos	 serão	 trocados	 por	 medidas	 de	 ajuste	
fiscal	e	por	reformas,	para	dar	maior	competitividade	às	economias,	
sendo	que	os	aspectos	específicos	de	cada	país	e	região	devem	ser	
considerados	na	elaboração	de	suas	políticas	econômicas.	
Com	efeito,	[...]	“o	mundo	econômico	está	mudando.	A	governança	
pública	 e	 corporativa	 terá	 de	 ser	 transformada	 [...]	 A	 aversão	 ao	
risco	condicionará	investimentos	em	todos	os	planos	[...]	a	regulação	
prudencial	 adquirirá	 contornos	mais	 rígidos	 [...]	 e	maior	 disciplina	
será	 requerida	 para	 os	 gestores,	 inclusive	 os	 públicos,	 o	 que	
implica	em	menor	 tolerância	com	a	 ineficiência	e	os	desequilíbrios	
macroeconômicos”.20
Um	 fato	 portador	 de	 futuro	 foi	 a	 aprovação,	 pelo	 Congresso	
Americano,	de	uma	reforma	financeira	com	o	objetivo	de	prevenir	
riscos	 sistêmicos	 e	 eliminar	 causas	da	 crise	 econômica	de	2008.	
Foi	criado	um	poderoso	serviço	federal	de	proteção	ao	consumidor	
de	produtos	financeiros.	Foi,	também,	estabelecida	uma	supervisão	
federal	 sobre	 o	 mercado	 de	 derivativos,	 além	 de	 terem	 sido	
impostas	restrições	às	transações	de	tesouraria	feitas	pelos	bancos	
comericiais.	 Diante	 da	 crise	mundial,	 a	 proposição	 de	 uma	 nova	
regulação	financeira	está	na	pauta	das	próximas	reuniões	do	G-20,	
indicandotransformações	estruturais	nas	principais	instituições	de	
governança	 global,	 como	 o	 Banco	Mundial	 e	 o	 Fundo	Monetário	
Internacional.	
Em	resposta	a	esse	conjunto	de	desafios,	haverá	pressão	cada	vez	
maior	por	reformas	e	inovações	que	possibilitem	políticas	públicas	
mais	 eficazes	 que	 atendam	 às	 demandas	 da	 sociedade,	 com	
custos	suportáveis	e	que	garantam	equilíbrio	fiscal.	Nesse	campo,	
o	fortalecimento	da	regulação	(notadamente	na	área	financeira),	a	
disseminação	de	métodos	e	boas	práticas	de	gestão	para	resultados,	
as	parcerias	público-privadas,	o	uso	das	tecnologias	de	informação,	
as	 possibilidades	 abertas	 pelo	 chamado	 ‘governo	 eletrônico’,	 a	
20. BARROS, Octavio; GIAMBIAGI, Fabio 
(2008). Brasil globalizado. Rio de Janeiro: 
Campus; e BARROS, Octavio; GIAMBIAGI, 
Fabio (2008). – Brasil pós-crise: seremos 
capazes de dar um salto? In: Barros & Gi-
ambiagi (org.) Brasil pós-crise – agenda para 
a próxima década. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2009.
25
IMPlICAçõES	PARA	MInAS	GERAIS
	 	 	 	 	 	 			OPORTUnIDADES	
•		oportunidade	de	diferenciação	de	Minas	Gerais	pela	qualidade	
e	eficiência	de	sua	gestão	pública;
•		ampliação	 da	 oferta	 e	 da	 qualidade	 de	 serviços	 públicos	 e	
redução	 dos	 seus	 custos	 por	 meio	 de	 inovações,	 parcerias,	
redução	da	execução	direta	e	ampliação	do	“governo	eletrônico”;	
•		oportunidade	de	consolidação	do	papel	e	da	imagem	de	Minas	
Gerais	como	protagonista	da	nova	gestão	pública	no	Brasil.
emergência	de	novos	canais	e	formas	de	transparência	e	participação	
da	sociedade	e	do	cidadão	na	formulação	e,	sobretudo,	na	avaliação	
das	 políticas	 públicas	 e	 de	 iniciativas	 governamentais,	 oferecem	
caminhos	promissores.
26
Durante	 a	 última	 década,	 foram	 formados	 alguns	 consensos	
na	 comunidade	 científica	 mundial	 com	 relação	 ao	 processo	 de	
aquecimento	 global	 derivado	 das	 emissões	 antrópicas	 de	 Gases	 de	
Efeito	Estufa	(GEE):	
1.	 	de	 que	 haverá	 aquecimento	 global	motivado	 por	 emissões	 de	
GEE	em	qualquer	cenário,	e	que	esse	é	irreversível	neste	século;	
2.	 	que	 a	 grande	 incerteza	 reside	 na	 intensidade	 das	 mudanças	
climáticas,	a	qual	está	diretamente	condicionada	à	celeridade,	
tempestividade	e	abrangência	dos	esforços	de	sua	mitigação	e	
de	 transição	para	uma	economia	de	baixo	carbono	em	âmbito	
mundial.	
Alguns	países	e	regiões,	entre	eles	o	Brasil	e	Minas	Gerais,	poderão	
ser	impactados	negativamente,	ao	longo	prazo,	no	tocante	à	produção	
agrícola	e	esforços	de	adaptação	serão	necessários.	Com	relação	ao	
aquecimento	 inevitável,	 a	 comunidade	 científica	 trabalha	 com	 dois	
cenários	extremos;	o	primeiro	parte	da	suposição	de	que	não	haverá	
alteração	no	funcionamento	da	economia,	sendo	mantida	a	tendência	
de	 emissões;	 e	 o	 segundo	 considera	 uma	 mudança	 positiva	 com	
trajetória	de	diminuição	das	emissões	de	GEE.	
No	 cenário	 de	 continuidade	 (business as usual),	 no	 qual	 não	
ocorrem	mudanças	na	economia	mundial,	as	emissões	partem	de	40	
gigatoneladas	de	CO²	por	ano,	em	2000,	para	se	estabilizar	em	cerca	
de	70	gigatoneladas	de	CO²	por	ano.	Espera-se	que,	nessa	trajetória,	
a	intensidade	das	emissões	modifique	o	clima	da	terra,	com	impactos	
na	elevação	do	nível	dos	oceanos,	mudanças	nos	ciclos	de	chuvas,	
das	secas	e	descongelamento	dos	polos,	entre	outros.	Ao	longo	prazo,	
Mudanças climáticas,
certeza com mitigação incerta 
1.6
27
o	clima	poderá	impactar	diretamente	na	produtividade	agrícola,	com	
ganhos	 para	 as	 regiões	 frias	 e	 perdas	 para	 regiões	 temperadas	 e	
tropicais,	inclusive	no	Brasil.
Já	no	cenário	mais	otimista,	busca-se	atingir	uma	 faixa	“segura”	de	
concentração	de	350	a	400	ppm	de	CO²	na	atmosfera	–	correspondente	
a	um	aumento	de	temperatura	de	2	a	2,4ºC	em	relação	ao	período	pré-
industrial.	Ou	seja,	os	efeitos	do	aquecimento	são	menos	impactantes,	
com	menor	descontrole	do	clima	mundial.	Os	esforços	e	custos	para	
a	manutenção	das	mudanças	climáticas	em	níveis	seguros	ao	 longo	
prazo	 serão	muito	 intensos.	 É	 fundamental	 ressaltar	 que,	 para	 que	
esse	ou	qualquer	cenário	seguro	para	o	século	ocorra,	os	principais	
emissores	globais	devem	se	mover	rapidamente	ainda	nesta	década,	
uma	vez	que	a	curva	de	emissões	encontra-se	em	rápida	ascensão.	O	
cenário	de	referência	da	Agência	Internacional	de	Energia	apresenta,	
no	entanto,	uma	expectativa	de	crescimento	da	demanda	por	fontes	
fósseis	 (emissoras	 de	 GEE)	 até	 2030,	 como	 carvão,	 petróleo	 e	 gás	
natural.
Caso	os	esforços	de	mitigação	avancem,	espera-se	que	um	dos	principais	
vetores	de	implantação	seja	um	aparato	regulatório	que	gere	mudança	
nos	preços	relativos	na	economia,	que	se	tornariam	crescentemente	
mais	caras	as	 fontes	de	energia	de	origem	fóssil	e	outras	atividades	
geradoras	 de	 emissões	 de	GEE.	 É	 dessa	 forma	 que	 a	 preocupação	
com	a	questão	ambiental	global	deixa	de	ser	exclusividade	da	agenda	
da	comunidade	científica	e	passa	a	constar	nas	agendas	econômica	e	
política	dos	principais	países	do	mundo.	A	necessidade	de	redução	da	
emissão	dos	gases	causadores	do	efeito	estufa	já	influencia	inúmeras	
Figura 1
Mudanças	climáticas	–	
possíveis	reduções	
na	produtividade	agrícola	de	
países	em	2050	
(considerando	as	atuais	
práticas	agrícolas	
e	sementes).
Fonte:
Muller	e	Outros	2009;	
Banco	Mundial	2008	apud	
World Development Report 2010 –
Development and Climate Change, 
World Bank.
Variação	percentual	do	rendimento	entre	o	presente	e	2050
-55 -20 0 20 50 100
Sem
dados
28
IMPlICAçõES	PARA	MInAS	GERAIS:
•		necessidade	de	 intensificação	da	pesquisa,	 desenvolvimento	
e	 inovação	 na	 agricultura	 e	 pecuária,	 para	 fazer	 face	 às	
oportunidades	 e	 ameaças	 das	 mudanças	 climáticas	 e	
emergência	da	economia	de	baixo	carbono;
•		mudanças	no	mapa	agrícola	do	Estado,	 com	provável	perda	
de	 produtividade	 para	 algumas	 culturas	 agrícolas	 e/ou	 seu	
deslocamento	para	outras	regiões;
•		necessidade	de	adequação	às	metas	de	redução	de	emissões	
(especialmente	 saneamento	 ambiental/lixo,	 transportes	 e	
atividades	industriais)	e	estímulo	à	eficiência	energética	e	eco-
eficiência;
•		necessidade	de	 intensificação	da	pesquisa,	 desenvolvimento	
e	 inovação	 na	 agricultura	 e	 pecuária	 para	 fazer	 face	 às	
oportunidades	 e	 ameaças	 das	 mudanças	 climáticas	 e	
emergência	da	economia	de	baixo	carbono;
•		aumento	 dos	 custos	 relativos	 das	 fontes	 energia	 de	 origem	
fóssil;
•			necessidade	 de	 aumentar	 a	 capacidade	 de	 resiliência	 das	
cidades	a	eventos	climáticos	críticos	(tempestades,	enchentes,	
deslizamentos,	etc.).
discussões	entre	líderes	mundiais,	que	definem	ambiciosas	metas	de	
redução	da	emissão,	embora	muitas	vezes	ainda	sem	ações	focadas	
e	coordenadas.
29
No	bojo	dos	desafios	associados	às	mudanças	climáticas,	mas	sem	
depender	exclusivamente	delas,	está	emergindo	uma	nova	abordagem	
em	relação	ao	meio	ambiente.	A	visão	do	meio	ambiente,	enquanto	
entrave	ao	desenvolvimento	econômico,	 está	 sendo	 substituída	pela	
convicção	de	que	as	preocupações	com	a	sustentabilidade	ambiental	
emergem	múltiplas	oportunidades	de	negócio.
Estudos	 indicam	 três	 áreas	 que	 se	 destacarão	 na	 transição	 para	
uma	economia	global	verde,	por	suas	oportunidades	de	baixo	custo:	
eficiência	 energética,	 fornecimento	 de	 energia	 de	 baixo	 carbono	 e	
carbono	terrestre,	responsáveis	por	um	terço	de	todo	o	potencial	global	
de	mudança.21
emergência da economia
de baixo carbono 
1.7
Figura 2
Mundo	-	categorias
principais	das
oportunidades	de	
redução	de	emissões.
Fonte:
Pathways to a Low-Carbon Economy –
Version 2 of the Global Green-
house Gas Abatement Cost Curve, 
McKinsey&Company, 2009.
21. Pathways to a Low-Carbon Economy –
Version 2 of the Global Greenhouse Gas 
Abatement Cost Curve, McKinsey&Company.2009.
Principais	categorias	para	redução	de	emissões
Emissões globais de
gases do efeito estufa
Gigatoneladas de CO2
(GtCO2) por ano
Business as usual
70
60
50
40
30
20
10
0
2005 1510 2020 25 2030
-14
-12
-12
-4
-5
Eficiência	energética
Fornecimento	de
energia	de	baixo	carbono
Sumidouros
naturais	de	carbono
Mudanças	de	comportamento
Medidas	técnicas
30
A	 área	 de	 eficiência	 energética	 compreende	 o	 grande	 número	 de	
oportunidades	para	melhorar	o	desempenho	de	veículos,	construções	
e	 equipamentos	 industriais:	 motores	 de	 carros	 mais	 eficientes	 em	
seu	 consumo	 de	 combustível,	 melhor	 isolamento	 de	 construções	 e	
controles	 de	 eficiência	 dos	 equipamentos	 produtivos,	 são	 algumas	
possibilidades.
O	 segmento	 de	 carbono	 terrestre	 compreende	 o	 potencial	 que	 as	
florestas	 e	 os	 solos	 têm	de	 serem	 sumidouros	naturais	 de	 carbono.	
Suspender	o	desmatamento	tropical	atualmente	em	curso,	reflorestar	
áreas	marginais	 de	 terra,	 cultivar	 florestas	 energéticas	 e	 sequestrar	
mais	 gás	 carbônico	 nos	 solos,	 através	 de	 mudanças	 em	 práticas	
agrícolas,	iriam	contribuir	para	essa	frente	e	gerar	novas	oportunidades	
de	negócios.
Quanto	ao	 fornecimento	de	energia	de	baixo	carbono,	 são	várias	as	
oportunidades	 para	mudança	 da	 fonte	 de	 energia	 de	 combustíveis:	
a	produção	de	energia	elétrica	através	de	usinas	eólicas,	nucleares	e	
hidráulicas	(inclusive	pequenas	centrais	hidrelétricas),	assim	como	a	
implantação	de	equipamentos	de	captura	e	armazenagem	de	carbono	
nas	usinas	de	energia	fóssil,	ou	a	mudança	do	combustível	convencional	
de	transporte	para	os	biocombustíveis.	Se	essas	alternativas	de	baixo	
carbono	 forem	 implantadas	 em	 sua	 totalidade,	 estima-se	 que	 elas	
tenham	o	potencial	de	fornecer	cerca	de	70%	do	abastecimento	global	
de	eletricidade	em	2030,	comparado	com	apenas	30%	em	2005.	O	
estudo	estima,	também,	que	os	biocombustíveis	poderiam	fornecer	até	
25%	dos	combustíveis	para	transporte	em	2030.	
As	 pressões	 por	 substituição	 dos	 combustíveis	 fósseis	 resultará	 no	
aumento	mundial	da	procura	por	fontes	de	energia	de	baixo	carbono.	
É	 esperado,	 por	 exemplo,	 um	 grande	 aumento	 na	 demanda	 e	 na	
produção	mundial	do	etanol.	O	Brasil,	provavelmente,	se	consolidará	
como	o	maior	exportador	e	os	Estados	Unidos	irá	manter-se	como	o	
maior	 produtor,	 com	 um	 total	 de	 65,4	 bilhões	 de	 litros	 produzidos,	
sendo	o	maior	comprador	do	etanol	brasileiro.	
31
Gráfico 9
Produção	e	consumo
de	etanol	em	2009
e	projeção	para	2019	
(bilhões	de	litros)	–	
países	selecionados.
Fonte:
U.S. and World Agricultural Outlook, 
Food and Agricultural Policy Research 
Institute, Janeiro de 2010.	
Elaboração	Macroplan.
IMPlICAçõES	PARA	MInAS	GERAIS:
•		oportunidade	de	desenvolvimento	da	produção	de	energia	de	
biomassa	(etanol,	carvão	vegetal,	entre	outras).	Ampliação	do	
parque	de	pequenas	centrais	hidrelétricas	e	de	produção	de	
energia	eólica;
•		pressões	 internacionais	 por	 parte	 do	 mercado,	 de	 ONGs,	
de	 governos	 nacionais	 e	 de	 instituições	 multilaterais,	 que	
condicionam	 investimentos,	 financiamentos	 e	 transações	
comerciais	à	lógica	da	produção	sustentável	de	bens	e	serviços;
•		necessidade	de	redução	das	emissões	de	gases	de	efeito	estufa	
em	Minas	Gerais;
•		multiplicação	 de	 novos	 negócios	 associados	 à	 economia	 de	
baixo	carbono.
2009 2019
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0
B
ra
si
l
Ch
in
a
EU
A
Eu
ro
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Ín
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Ca
na
dá
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ge
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a
26
,1
24
,1
51
,4
35
,8
2,
0
1,
9
2,
8
2,
83,
0
4,
1 6,
9 9
,4
1,
1
1,
7
1,
7
2,
9
1,
1
1,
8
2,
4
2,
7
1,
2
0,
0
1,
8
0,
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B
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A
Eu
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pa
Ín
di
a
Ca
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dá
Ar
ge
nt
in
a
40
,4
41
,2
65
,4
74
,7
PRODUçÃO
COnSUMO
2
o contexto nacional
33
A	 crise	 econômica	 mundial	 também	 produziu	 impactos	 sobre	 o	
Brasil,	mas	o	nosso	País	 foi	um	dos	menos	afetados.	Após	um	ano	
de	crescimento	zero	(2009),	a	economia	brasileira	voltou	a	acelerar,	
sendo	que	a	maioria	dos	cenários	de	médio	prazo	 traz	expectativas	
positivas.	
De	fato,	o	Brasil	possui	alguns	ativos	estratégicos	que	o	tornam	bem	
posicionado	neste	momento:	diversidade	e	abundância	de	fontes	de	
energia,	inclusive	renováveis;	grande	disponibilidade	de	água	e	solos	
agricultáveis;	mercado	 nacional	 integrado	 e	 de	 grande	 escala,	 com	
segmentos	econômicos	mundialmente	competitivos;	solidez	e	elevado	
desempenho	 do	 sistema	 financeiro	 nacional;	 dimensão	 e	 pujança	
do	 mercado	 interno;	 dinamismo	 do	 mercado	 acionário;	 acúmulo	
de	 reservas	 internacionais;	 diversificação	 de	 mercados	 externos	 e	
instituições	sólidas	em	comparação	com	países	em	nível	semelhante	
de	desenvolvimento.22
Por	 outro	 lado,	 o	País	 acumula	deficiências	 estruturais	 que,	 se	não	
forem	superadas	ou	minimizadas	ao	longo	desta	década,	provavelmente	
impedirão	 um	 crescimento	 econômico	 sustentado	 a	 taxas	 elevadas:	
baixo	nível	de	escolaridade	e	de	capacitação	da	população;	violência	
urbana;	 gargalos	 na	 infraestrutura	 e	 nos	 sistemas	 logísticos;	 carga	
tributária	elevada,	sistema	tributário	distorcido	e	má	qualidade	do	gasto	
público;	déficit	da	previdência	e	pressões	crescentes	sobre	o	sistema	
previdenciário;	excesso	de	burocracia;	elevada	pressão	antrópica	por	
desmatamento	e	baixo	desempenho	em	pesquisa,	desenvolvimento	e	
inovação.	Além	disso,	analistas	apontam	a	acentuação	dos	riscos	de	
deterioração	acelerada	do	quadro	fiscal	em	caso	de	arrefecimento	das	
taxas	de	crescimento	econômico.
Dependendo	de	como	evoluirão	essas	potencialidades	e	deficiências,	
o	Brasil	poderá	alcançar,	nos	próximos	20	anos,	padrões	equivalentes	
aos	de	países	desenvolvidos,	ou,	 inversamente,	manter	ou	acentuar	
suas	defasagens.	
Para	 as	 finalidades	 deste	 trabalho	 importa,	 primeiramente,	 mapear	
e	antecipar	tendências	nacionais	que,	acrescidas	às	mundiais,	terão	
impacto	sobre	o	desenvolvimento	mineiro	nos	próximos	20	anos.	Nesse	
campo,	destacam-se	as	seguintes:
I.	 	emergência	 da	 nova	 classe	 média	 brasileira:	 estabilidade	
monetária,	amplo	acesso	a	crédito	e	diminuição	da	desigualdade	
social	ampliam	o	consumo	de	massa; 22.	PORTO,	Claudio;	VENTURA,	Rodrigo	-
Cenários focalizados na crise e pós-crise 
econômica - ensaios prospectivos de curto 
e longo prazo para o mundo e o Brasil	-	
Macroplan	Prospectiva,	Estratégia	&	Gestão,	
Setembro,	2009.
34
II.	 	reconfiguração	 econômica	 e	 espacial:	 interiorização	 do	
desenvolvimento,	 ampliação	 do	 agronegócio,	 desconcentração	
industrial	 e	 da	 urbanização	 e	 constituição	 de	 novos	 polos	 de	
dinamismo	econômico;	
III.	 	universalização	 das	 telecomunicações	 e	 forte	 expansão	 da	
conectividade,	incluindo	a	massificação	dos	computadores	e	do	
acesso	à	internet;	
IV.	 	abertura	crescente	do	Brasil	em	relação	à	economia	mundial	e	
maior	relevância	da	inovação	como	fator	de	competitividade;	
V.	 expansão	da	produção	de	biocombustíveis;	
VI.	 	modernização	 da	 economia	 rural:	 robotização,	 mecanização	
agrícola,	melhoramentos	genéticos	e	novos	modelos	de	negócios.
As	 três	 primeiras	 tendências	 já	 se	 encontram	 em	 processo	 de	
consolidação	 e	 é	 bastante	 provável	 que	 seus	 efeitos	 se	 ampliem	 a	
curto	prazo	e	se	mantenham	por	longo	tempo.	As	três	seguintes,	em	
fase	de	maturação,	produzirão	os	principais	impactos	a	médio	e	longo	
prazos.	Todas	elas,	no	entanto,	trazem	relevantes	implicações	para	o	
desenvolvimento	de	Minas	Gerais	como	se	verá	a	seguir.
35
No	Brasil,	entre	2003	e	2008,	32	milhões	de	pessoas	ingressaram	na	
classe	C(famílias	que	recebem	entre	R$	1.115	e	R$	4.807	por	mês)	
e	6	milhões	na	classe	AB	(famílias	que	recebem	mais	de	R$	4.807	
por	mês).	Pela	primeira	vez,	a	classe	C	passou	a	deter	a	maior	fatia	da	
renda	nacional.23
23. O conceito de classe social empregado é 
o definido pela Fundação Getulio Vargas.
emergência da nova classe média
brasileira: estabilidade monetária, 
amplo acesso ao crédito e diminuição
da desigualdade social ampliam
o consumo de massa
2.1
Gráfico 10
População	brasileira
segundo	as	classes	de	
renda	–	(2001–2008).	
Fonte:
Consumidores, Produtores
e a Nova Classe Média	–	FGV;
IBGE	–	Projeção	da	População
(revisão	2008).
Gráfico 11
Brasil	–	evolução	da
classe	C	(2001–2008)
valores	absolutos
em	milhões.		
Fonte:
Consumidores, Produtores
e a Nova Classe Média	–	FGV;
IBGE	–	Projeção	da	População
(revisão	2008).
66,17
76,67
67,14
88,00
68,12
83,39
71,95
93,33
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
38,1%
49,2%
27,5%
26,1%
24,4%
8,3%
10,4%
16,0%
Classe C R$	1.115	a	R$	4.807
Renda	domiciliar
Classe D R$	804	a	R$	1.115
Classe AB R$	4.807	ou	mais
Classe E R$	0	a	R$	804
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Evolução	da	população	brasileira	segundo	as	
classes	de	renda	–	percentual	(2001-2008)
36
Os	fatores	que	levaram	ao	crescimento	da	classe	C	foram:	o	período	
recente	 de	 estabilidade	 monetária,	 que	 possibilitou	 o	 planejamento	
financeiro,	 encorajando	 financiamentos	 a	 prazos	 mais	 longos;	 a	
expansão	 do	 crédito	 e	 do	 aceso	 ao	 sistema	 bancário;	 a	 geração	
de	 empregos	 e	 consequente	 aumento	 da	 renda	 das	 famílias	 e	 os	
programas	de	transferência	de	renda	condicionada.
A	classe	média,	com	seus	novos	consumidores,	tem	feito	do	mercado	
interno	 brasileiro	 o	 motor	 do	 crescimento	 econômico.	 O	 comércio	
varejista	avança	a	taxas	elevadas	e	as	perspectivas	de	que	a	demanda	
seguirá	forte	nos	próximos	anos	estimulam	muitas	empresas	a	investir	
no	aumento	da	capacidade	produtiva.	O	aumento	da	renda	e	queda	
nos	 juros	 levaram	 a	 uma	 forte	 expansão	 do	 crédito	 pessoal	 para	 o	
consumo,	que	 saiu	do	 volume	de	5%	do	PIB,	em	2002,	para	15%	
do	 PIB	 em	 2009,	 o	 que	 então	 representou	 uma	 massa	 monetária	
estimada	 em	R$	 487,5	 bilhões.	 Com	 essa	 alta,	 esse	 segmento	 dos	
empréstimos,	que	exclui	o	crédito	imobiliário,	já	atinge	nível	próximo	
ao	dos	Estados	Unidos,	maior	sociedade	de	consumo	do	planeta.	Em	
2009,	o	crédito	para	consumo	pessoal	nos	EUA	foi	de	17,2%	do	PIB	e	
no	Brasil,	atingiu	15%	do	PIB24.	
	
24. Vale ressaltar que a relação crédito total/
PIB no Brasil ainda está bem longe das 
economias avançadas, existindo ainda ampla 
margem para crescimento, notadamente no 
crédito imobiliário.
25. A classe média brasileira. Souza, A. e 
Lamounier, B, Elsevier, 2010. Dados com 
base na “Pesquisa sobre Classe Média de 
2008”.
Gráfico 12
Brasil	-	evolução	de	crédito	
pessoal	para	consumo	em	
porcentual	do	PIB.
Fonte:
Federal Reserve (FED), 
Bureau of Economic Analysis (BEA) 
e Banco Central (BC).
Segundo	dados	da	Anatel,	o	Brasil	já	é	o	quinto	colocado	no	ranking	
mundial	de	acesso	à	telefonia	celular,	atrás	apenas	de	China,	Estados	
Unidos,	Índia	e	Rússia.	Atualmente,	60%	da	classe	C	tem	computador	
em	casa,	quase	o	dobro	dos	33%	registrados	em	2005,	89%	possui	
celular	 e	 55%	 possui	 automóvel.25	 Projeções	 da	 LCA	 Consultoria	
estimam	que,	em	2020,	os	brasileiros	vão	gastar	R$	5	trilhões,	130%	
a	mais	que	atualmente	e	já	em	2014	o	Brasil	passará	a	ser	o	quinto	
maior	 mercado	 consumidor	 do	 mundo	 atrás	 apenas	 de	 	 Estados	
Unidos,	Japão,	China	e	Alemanha.
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
EUA
BRASIl
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
17,2
15
37
Além	 disso,	 segundo	 o	 Instituto	 de	 Pesquisas	 Data	 Popular26,	 pela	
primeira	vez	no	Brasil	a	massa	de	renda	das	famílias	da	classe	D	(cerca	
de	43	milhões	de	pessoas)	vai	ultrapassar,	em	2010,	a	das	famílias	da	
classe	B.	A	classe	D	terá	uma	participação	de	28%	na	massa	total	de	
rendimentos	(estimada	em	R$	1,4	trilhão)	enquanto	a	classe	B	deterá	
24%	desse	montante.
O	momento	 do	 Brasil	 é	 favorável	 por	 conciliar	 expansão	mais	 forte	
da	 atividade	 econômica	 com	 redução	 da	 desigualdade.	 Há	 uma	
possibilidade	significativa	do	atual	ciclo	de	consumo	se	sustentar	nos	
próximos	 anos.	 Entre	 2003	 e	 2008,	 32	 milhões	 de	 pessoas	 foram	
incorporadas	ao	mercado	consumidor	e	mais	36	milhões	deverão	se	
juntar	a	elas,	entre	2010	e	2014,	nas	classes	A,	B	e	C.27
26. www.datapopular.com.br
27. A Pequena Grande Década: Crise, 
Cenários e a Nova Classe Média. Centro de 
Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas 
(CPS/FGV), 2010.
IMPlICAçõES	PARA	MInAS	GERAIS
	 	 	 	 	 	 			OPORTUnIDADES	
•		ampliação	 significativa	 do	 mercado	 interno,	 com	 um	 forte	
crescimento	da	demanda	por	habitação;
•		oportunidade	 de	 dinamização	 econômica	 das	 regiões	
menos	 desenvolvidas	 de	Minas	Gerais,	 em	 especial	 aquelas	
compreendidas	nas	Regiões	Norte	e	Nordeste.
38
Nas	 duas	 últimas	 décadas,	 ocorreram	 alterações	 significativas	 nos	
padrões	de	localização	das	atividades	produtivas	no	território	brasileiro.	
Se	 historicamente	 os	 investidores	 buscaram	 os	 grandes	 centros	
urbanos,	 motivados	 pelas	 economias	 de	 aglomeração	 (proximidade	
ao	mercado	e	fornecedores,	melhor	infraestrutura	e	maior	acesso	aos	
avanços	tecnológicos),	essa	preferência	reduziu-se	progressivamente,	
provocando	a	desconcentração	espacial	da	base	produtiva.		
Essa	 tendência	pode	ser	verificada	na	evolução	da	participação	das	
regiões	no	PIB	nacional.	Entre	1985	e	2007,	as	Regiões	Sudeste	e	Sul	
tiveram,	na	ordem,	uma	queda	de	4,6%	e	0,5%,	enquanto	as	Regiões	
Norte	 e	 Centro-Oeste	 tiveram,	 inversamente,	 aumentos	 de	 1,3%	 e	
4,3%,	respectivamente.	
Ainda	existe	uma	forte	concentração	de	unidades	empresariais	e	de	
pessoal	assalariado	na	Região	Sudeste,	cuja	participação	supera	50%	
no	total	das	empresas	no	Brasil,	em	ambas	as	variáveis,	tanto	em	2000	
como	em	2006.	Porém,	houve	aumento	da	participação	relativa	das	
Regiões	Norte,	Centro-Oeste	e	Nordeste,	 tanto	em	empresas	quanto	
em	pessoal	assalariado.28
Vale	destacar,	contudo,	que	as	modificações	nos	padrões	de	localização	
das	indústrias	não	ocorrem	de	forma	homogênea	para	todos	os	setores	
industriais.	O	setor	de	bens	de	consumo	pouco	duráveis	se	direciona	
para	o	Nordeste,	enquanto	o	setor	de	bens	duráveis	experimenta	uma	
desconcentração	 restrita	 dentro	 da	 Região	 Sul-Sudeste.	 Já	 outros	
setores,	 como	 o	 de	 química,	 mantêm-se	 concentrados	 nos	 centros	
econômicos	 e,	 em	 alguns	 casos,	 até	 acontece	 uma	 intensificação	
dessa	concentração,	como	nas	telecomunicações	e	informática.	O	caso	
do	agronegócio	é	uma	exceção	nesse	padrão	de	desconcentração	de	 28. IBGE - Demografia das Empresas 2006 –
Rio de Janeiro, 2008.
reconfiguração econômica e espacial: 
interiorização do desenvolvimento, 
ampliação do agronegócio,
desconcentração industrial
e da urbanização e constituição de
novos polos de dinamismo econômico
2.2
39
pouco	valor	agregado,	pois	ao	longo	dos	eixos	econômicos	Araguaia-
Tocantins	 e	 Oeste,	 esse	 tem	 se	 tornado	 cada	 vez	mais	 intenso	 em	
tecnologia	 e	 inovação,	 com	 a	 atuação	 no	 agronegócio	 de	 grandes	
empresas,	 elevada	 automação	 no	 cultivo	 e	 colheita,	 emprego	 de	
equipamentos	 sofisticados	 e	 acesso	 a	 logística	 de	 alta	 capacidade	
(incluindo	hidrovias	e	ferrovias).
Atrelado	 a	 esse	 movimento	 de	 interiorização	 do	 desenvolvimento	
e	 desconcentração	 da	 base	 produtiva,	 tem	 ocorrido	 um	 processo	
de	 descentralização	 da	 rede	 urbana	 nacional,	 com	 a	 ascensão	 das	
cidades	brasileiras	de	médioporte	e	a	criação	de	metrópoles	no	interior	
do	País.	Em	2002,	as	cidades	com	população	entre	100	mil	 e	500	
mil	habitantes	representavam,	aproximadamente,	23%	da	população	
total	 nacional.	 Já	 em	 2005,	 esse	 percentual	 elevou-se	 para	 25%	 e	
continuará	crescendo	nos	próximos	anos	(ver	gráfico	13).	O	mesmo	
pode	 ser	 percebido	 em	 relação	 à	 dimensão	 econômica.	As	 cidades	
médias	 e	 pequenas,	 que	 representavam	 56%	 do	 PIB	 nacional	 em	
2002,	foram	responsáveis	por	60%	de	toda	a	economia	brasileira	em	
2005.
Figura 3
Interiorização	do
desenvolvimento	nacional.
Fonte:
Cenários Exploratórios de Minas Gerais 
2007-2023 (2006).
Biodiversidade
•		Adensamento	de	
cadeias	produtivas
•	Inclusão	social
Agropecuária
Agroindústria
logística	de
alta	capacidade
Terciário	avançado
Difusão	de	competitividade
Agregação
de	valor
Em	parte	em	consequência	dessa	 interiorização	do	desenvolvimento	
econômico,	verifi	ca-se	uma	evolução	positiva	na	qualidade	de	vida	da	
população.	A	dinâmica	do	Índice	de	Desenvolvimento	Humano29	dos	
municípios	brasileiros	nas	últimas	décadas,	confi	rma	essa	tendência	
de	interiorização,	conforme	mostra	a	fi	gura	4.			
Gráfi co 13
Brasil	-	desconcentração	
econômica	-	participação	
das	cidades	no	PIB	
nacional,	segundo	o	porte.
Fonte:
IBGE / Contas Regionais (2007).
Figura 4.
Dinâmica	territorial	do	
desenvolvimento	humano	
no	Brasil	1970	-	2000.
Fonte:
Índice de Desenvolvimento Humano 
Municipal, PNUD (2003).
Maior de 
500 mil habitantes
Entre 100 mil
e 500 mil
Menor que 100 mil 
habitantes
45%
40%
35%
30%
25%
1970
1991
1981
2000
2002
2005
0,000	a	0,299
0,500	a	0,650
0,801	a	1,000
0,300	a	0,499
0,651	a	0,800
40
29. Indicador que agrega indicadores de 
educação, longevidade e renda, o IDH-M é 
calculado pelo PNUD.
41
IMPlICAçõES	PARA	MInAS	GERAIS:
•		intensificação	 da	 disputa	 por	 atração	 de	 investimentos	
industriais	entre	os	Estados.	Minas	precisará	garantir	uma	boa	
infraestrutura,	assim	como	um	ambiente	institucional	favorável	
ao	desenvolvimento	de	negócios;
•		ameaça	de	acentuação	de	perda	de	investimentos	destinados	
à	 agropecuária,	 em	 face	 da	 maior	 concorrência	 originada	
pela	expansão	da	fronteira	agrícola,	pelo	alto	desempenho	do	
Centro-Oeste	no	setor;
•		necessidade	 de	 implantação	 ou	 ampliação	 de	 infraestrutura	
e	 de	 sistemas	 logísticos	 de	 alta	 capacidade	 para	 assegurar	
inserção	 competitiva	 de	 Minas	 Gerais	 no	 movimento	 de	
interiorização	do	agronegócio;
•		possibilidade	 de	 atração	 de	 novos	 investimentos	 para	 o	
segmento	minerometalúrgico	nas	regiões	onde	já	se	concentra,	
devido	às	competências	e	capacidades	industriais	já	instaladas;
•		forte	aumento	da	demanda	por	segurança	pública	nas	cidades	
médias.
42
Nos	últimos	anos,	houve	uma	grande	expansão	no	número	de	usuários	
de	 internet	 no	Brasil,	 passando	de	pouco	menos	de	7	milhões,	 em	
1999,	para	63	milhões,	em	2009,	apresentando	um	crescimento	de	
800%	no	período.30	Quanto	ao	número	de	aparelhos	celulares,	estamos	
próximos	da	universalização:	em	2009	existiam	174	milhões	de	linhas	
segundo	informações	da	Anatel.
 30. Pesquisa conduzida pela empresa de 
consultoria TELECO. Foi considerado usuário 
de internet a população de 10 anos ou mais 
de idade que acessou a internet, pelo menos 
uma vez, por meio de computador, em 
algum local nos 90 dias que antecederam à 
entrevista.
Universalização das telecomunicações 
e forte expansão da conectividade,
incluindo a massificação
dos computadores
e do acesso à internet 
2.3
Gráfico 14
Brasil	-	massificação	das	
telecomunicações	e	da	
conectividade.
Fonte:
Celulares e banda larga: Anatel e ABTA 
com Elaboração Teleco. Computadores: 
CIA - FGV EAESP.
100
90
80
70
60
50
40
30 
20
10
0
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
(por	100	mil
habitantes)
em	milhares
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
em	milhares
computadores	vendidos	no	Brasil
total	de	conexões	banda	larga
(por	100	mil	habitantes)
acesso	ao	serviço	telefônico	móvel
43
Essa	 dinâmica	 afeta,	 significativamente,	 o	 cenário	 de	 negócios	 no	
Brasil.	 Desde	 transformações	 em	 setores	 tradicionais,	 por	 meio	 da	
adoção	de	novas	formas	de	transação	comerciais	(como	B2B	e	B2C)	e	
acesso	a	novos	mercados,	até	a	viabilização	e	consolidação	de	setores	
anteriormente	restritos,	como	o	ensino	a	distância	e	a	telemedicina.
Segundo	a	Ecommerce,	o	comércio	eletrônico	de	bens	de	consumo	
no	 Brasil	 deve	 atingir	 faturamento	 de	 R$	 13,6	 bilhões	 em	 2010,	
apresentando	um	crescimento	de	30%	frente	a	2009.	Para	um	setor	
que	 faturava	algo	ao	 redor	de	R$	500	milhões	em	2001,	esse	valor	
representa	 um	 extraordinário	 crescimento	 de	 mais	 de	 2.600%	 em	
10	 anos.31	 Por	 trás	 desse	 forte	 incremento	 do	 comércio	 eletrônico,	
encontra-se	 o	 aumento	 do	 número	 de	 consumidores.	 Em	 2010,	
espera-se	que	23	milhões	de	consumidores	já	participem	do	comércio	
eletrônico,	 aumento	 expressivo	 quando	 comparado	 ao	 1,1	 milhão	
registrado	em	2001.32
A	 internet	 tornou-se	o	canal	de	atendimento	bancário	mais	utilizado	
no	Brasil,	em	2009.	Pela	internet	foram	iniciadas	31%	das	transações	
de	 pagamento	 de	 contas,	 de	 tributos	 e	 de	 transferência	 de	 crédito,	
ultrapassando	 os	 terminais	 de	 auto-atendimento,	 num	 total	 de	 8,3	
bilhões	 de	 transações	 por	 acesso	 remoto	 (internet,	 home	 e	 office 
banking),	de	acordo	com	o	anuário	estatístico	do	BC	sobre	o	sistema	
de	pagamentos	de	varejo	no	Brasil	de	2009.33
O	setor	de	telecomunicações,	por	sua	vez,	cresceu	acima	da	média	da	
economia,	mostrando	uma	expansão	que	entre	6%	e	8%,	de	acordo	
com	 dados	 preliminares	 da	 Associação	 Brasileira	 das	 Empresas	 de	
TI	 e	 Comunicação	 (Brasscom).	 Estima-se	 que	 somente	 o	 setor	 de	
TI,	excluindo	 telecomunicações,	 faturou	cerca	de	US$	65	bilhões,	o	
que	faz	do	Brasil	o	oitavo	maior	mercado	de	TI	do	mundo.	Incluindo	
telecomunicações,	o	faturamento	do	setor	deve	se	aproximar	de	US$	
140	bilhões,	representando	de	7%	a	8%	do	PIB	brasileiro.	
Os	desafios	a	enfrentar	são	infraestrutura	e	capacitação.	Por	enquanto,	
o	Brasil	tem	um	sistema	de	internet	em	alta	velocidade	caro,	lento	e	
mal	distribuído	por	seu	 território.	O	gasto	médio	da	parcela	de	21%	
dos	domicílios	com	acesso	à	banda	larga	chegou	a	4,58%	da	renda	
mensal	per capita	 em	 2009,	 quase	 dez	 vezes	mais	 que	 em	 países	
desenvolvidos.	Os	altos	preços	se	dão	pelo	baixo	nível	de	competição	
entre	as	operadoras	e	elevada	carga	tributária.
Embora	em	todas	as	cidades	brasileiras,	com	mais	de	um	milhão	de	
habitantes,	haja	banda	larga,	a	faixa	dos	pequenos	municípios	concentra	
mais	de	92%	da	população	sem	acesso:	39,2	milhões	de	pessoas.34
31. Estatísticas eCommerce, disponível em 
http://www.e-commerce.org.br/stats.php.
32. http://www.ebitempresa.com.br/
33. Diagnóstico do Sistema de Pagamentos 
de Varejo do Brasil – Adendo Estatístico – 
2009, versão preliminar, julho/2010.
34. Comunicado do IPEA n° 46. Análise e 
recomendações para as políticas públicas de 
massificação de acesso à internet em banda 
larga. 2010.
44
Apesar	 das	dificuldades	 e	 obstáculos,	 o	 crescimento	provavelmente	
continuará	 bastante	 acelerado,	 sendo	 que	 há	 previsões,	 segundo	 o	
Plano	Nacional	de	Banda	Larga,	de	massificação	da	oferta	de	acesso	
a	 internet	banda	 larga	e	promoção	do	crescimento	da	 infraestrutura	
de	telecomunicações	do	País,	com	a	incorporação	de	30	milhões	de	
acessos	 a	 banda	 larga	 fixa	 e	 60	milhões	 de	 acessos	 a	 banda	 larga	
móvel	até	2014.35	
Por	 último,	 mas	 não	 menos	 importante,	 a	 incorporação	 das	 novas	
tecnologias	no	sistema	educacional	e	de	formação	de	mãode	obra	no	
Brasil	poderá	contribuir	para	a	expansão	da	cobertura	e	da	qualidade	
dos	serviços	educacionais.
35. Plano Nacional para Banda Larga, 2009. 
Ministério das Comunicações. Disponível em: 
http://www.mc.gov.br/plano-nacional-para-
banda-larga
Gráfico 15
Brasil	-	projeção	de	acessos	
por	banda	larga	-	fixos	e	
móveis	(em	milhões).
Fonte:
Anatel. Plano Nacional para
Banda Larga, 2009.
IMPlICAçõES	PARA	MInAS	GERAIS:
•		aumento	 da	 importância	 das	 tecnologias	 de	 informação	 e	
comunicação	para	a	gestão	e	operação	das	cidades	(“cidades	
inteligentes”)	 e	 para	 a	 conectividade	 das	 redes	 de	 cidades	
mineiras;
•		mudanças	 significativas	 nos	 processos	 de	 negócio,	 desde	
novas	formas	de	transações	comerciais	(como	B2B	e	B2C)	e	
acesso	a	novos	mercados	até	a	viabilização	e	consolidação	de	
atividades	anteriormente	restritos,	como	o	ensino	a	distância	e		
a	telemedicina,	dentre	outras;
•		aumento	 da	 importância	 da	 infraestrutura	 de	 comunicação	
para	a	competitividade	urbana	(“cidades	inteligentes”);
•		multiplicação	de	redes	sociais	e	maior	participação	do	cidadão	
nas	 questões	 de	 interesse	 público.	 Possibilidade	 de	 maior	
transparência	nas	ações,	dados	e	registros	do	Poder	Público.
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Banda	larga	Fixa
Banda	larga	Móvel
45
O	Brasil	está	ampliando	sua	inserção	na	economia	global.	As	reformas	
econômicas	 orientadas	 para	 o	mercado,	 promovidas	 por	 sucessivos	
governos,	fizeram	com	que	o	País	adentrasse	o	patamar	das	economias	
moderamente	abertas,	a	partir	dos	anos	1990,	e	que	lá	se	mantivesse	
até	a	década	atual.	Essa	abertura	não	se	dá	apenas	pela	corrente	de	
comércio.	 Ao	 longo	 da	 década,	 o	 País	 vem	 atraindo	 Investimentos	
Estrangeiros	 Diretos	 (IED)	 em	montantes	 crescentes.	 Potencializado	
pelas	 estratégias	 de	 internacionalização	 das	 empresas,	 o	 montante	
global	de	 investimentos	entre	países	cresceu	da	média	de	US$	100	
bilhões	no	final	da	década	de	1980	para	cerca	de	US$	600	bilhões	
nos	anos	2000.	Cerca	de	30%	desse	volume	é	destinado	a	países	em	
desenvolvimento	e	o	Brasil	 conseguiu	se	colocar	entre	os	principais	
recebedores	desses	recursos.36	
36. LACERDA, Antonio Correa -
Internacionalização das empresas brasileiras, 
in Portal Terra, 2008.
abertura crescente do Brasil
em relação à economia mundial
e maior relevância da inovação
como fator de competitividade
2.4
Gráfico 16
Brasil	-	Investimento
Estrangeiro	Direto	(IED)
e	grau	de	abertura	da	
economia,	1990-2009.
Fonte:
Base dados da SECEX e
Séries Temporais do BCB
(2010). 2009.
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
50
40
30 
20
10
0
30
25
20
15
10
5
IED
(U$	bilhões)
Grau	de	Abertura
da	Economia	(%)*
* O grau de abertura da economia é medido pela participação da corrente de comércio: 
Exportações + Importações/PIB.
46
Por	outro	 lado,	há	um	movimento	em	curso	de	 internacionalização	de	
empresas	 brasileiras	 que	 deve	 ser	 ampliado	 nas	 próximas	 décadas.	
Essa	 abertura	 crescente	 e	 a	 inserção	 do	 Brasil	 em	mercados	 globais	
intensificam	a	concorrência	entre	as	empresas,	sendo	uma	das	estratégias	
competitivas	 mais	 eficazes	 a	 aceleração	 das	 inovações	 de	 produtos,	
serviços,	processos,	modelos	de	negócios	e	organizacionais,	entre	outros.	
Tem-se	verificado	uma	correlação	cada	vez	maior	entre	IED,	comércio	
exterior	 e	 inovação.	 As	 mesmas	 empresas	 líderes	 no	 comércio	
internacional	são	aquelas	que	lideram	a	geração	de	inovações.	Ou	seja,	
a	capacidade	de	inovar	passou	a	ser	determinante	para	a	supremacia	
em	um	mercado	global	cada	vez	mais	competitivo.
No	entanto,	apesar	de	diversos	casos	de	sucesso,	o	Brasil	ainda	está	
longe	dos	países	líderes	em	matéria	de	inovação.	De	fato,	mesmo	com	
esforços	 recentes,	 o	 País	 ainda	 está	 em	 posição	 inferior	 no	 ranking	
de	 patentes	 e,	 pior	 ainda,	 não	 está	 ganhando	 posições.	 Em	1994,	 o	
País	pediu	registro	de	60	patentes	no	USPTO.	No	ano	passado	foram	
106	 pedidos.	 Entretanto,	 a	 produção	 do	 País	 nesses	 dois	momentos	
representou	apenas	0,06%	do	total	mundial.	No	mesmo	período,	a	Coreia	
do	 Sul	 saltou	 de	 0,93%	para	 5,24%.	 Fenômeno	 semelhante	 ocorreu	
como	China,	Espanha,	Rússia	e	Índia,	como	indica	o	quadro	abaixo.
Figura 5
Patentes	concedidas	pelo	
USPTO*	para	alguns	países	
(%	sobre	o	total	mundial).
Fonte:
FAPESP, OMPI, INPI e Fiocruz.
*Sigla em inglês para escritório de patentes e marcas dos Estados Unidos.
Coréia	do	Sul
Índia	
Rússia
China
Espanha
Brasil
0,930,93
2,72,7
2,322,32
5,245,24
1994 1999 2004 20091994 1999 2004 2009
0,03
0,22
0,07
0,41
1994 1999 2004 20091994 1999 2004 2009
0,04 0,10,12 0,12
1994 1999 2004 2009
0,05
0,25
0,06
0,99
1994 1999 2004 2009
0,14 0,160,14 0,19
1994 1999 2004 20091994 1999 2004 2009
0,06 0,060,06 0,06
1994 1999 2004 2009
47
37. Análise da Penetração das Importações 
Chinesas no Mercado Brasileiro, Departa-
mento de Competitividade e Tecnologia, 
FIESP. 2010.
38. Balanço Social Embrapa, 2009.
A	alta	tecnologia	respondeu	por	apenas	5,4%	(US$	11,1	bilhões)	das	
exportações	brasileiras	em	2008,	enquanto	chegou	a	22,5%	(US$	435	
bilhões)	das	vendas	externas	da	China,	segundo	a	FIESP.	Especialistas	
atribuem	o	bom	desempenho	da	China	aos	investimentos	em	P&D	e	às	
transferências	de	multinacionais	para	o	país	em	busca	de	custos	mais	
baixos.	O	gasto	da	China	com	P&D	foi	de	1,42%	do	PIB	em	2007,	no	
Brasil	1,11%	em	2008.	Os	países	da	OCDE	investem	2,2%	e	os	EUA	
2,77%.37
De	todo	modo,	temos	casos	de	sucesso	que	evidenciam	a	relevância	
da	inovação	como	fator	de	inserção	competitiva	do	Brasil	na	economia	
global.	Dois	desses	casos	são	referidos	sumariamente	a	seguir.
A	Empresa	Brasileira	de	Pesquisa	Agropecuária	(Embrapa)	se	destaca	
pela	 realização	 de	 pesquisas	 pioneiras	 que	 tornaram	 o	 cerrado	 um	
celeiro	para	a	produção	de	alimentos,	apesar	do	solo	ácido	e	de	baixa	
fertilidade	da	região.	Em	2007,	a	Embrapa	possuía	8.619	funcionários,	
2.221	pesquisadores	(45%	com	mestrado	e	53%	com	doutorado)	e	
uma	rede	com	41	unidades	em	todas	as	regiões	do	País.38	A	Empresa	
apresentava	ainda	cooperação	tecnológica	com	64	instituições	em	37	
países.	Novas	tecnologias	foram	desenvolvidas,	atingindo-se	resultados	
expressivos	de	produtividade.	
Gráfico 17
Produtividade	da	soja
brasileira.
Fonte:
Embrapa, 2010.
1.089
1.721
2.507
1.439
2.112
2.823 2.820
Área	(milhões	de	HA)
Produtividade	(Kg/HA)
Produção	(milhões	de	toneladas)
0,4
4,9
9,5 11,3
18,6
20,7 21,2
0,5
7,3
16,4
24,0
46,1
58,4 59,8
1960/69 1970/79 1980/89 1990/99 2000/06 2007 2008
48
39. Relatório Anual Embraer, 2009. 
40. PETROBRAS - PLANO DE NEGÓCIOS 
2010 – 2014 – Webcast – Slides de
apresentação de José Sergio Gabrielli –
Presidente e de Almir Barbassa – Diretor 
Financeiro e de Relações com Investidores. 
In www.petrobras.com.br.
41. Programa de Mobilização da Indústria 
Nacional de Petróleo e Gás Natural - Dis-
ponível em www.prominp.com.br. 
A	Embraer	(Empresa	Brasileira	de	Aeronáutica	S.A.)	é	uma	das	maiores	
empresas	 aeroespaciais	 do	 mundo,	 a	 maior	 exportadora	 brasileira,	
entre	os	anos	de	1999	e	2001,	e	a	segunda	maior	exportadora	nos	
anos	de	2002,	2003	e	2004.	Em	2009,	a	empresa	 registrou	receita	
líquida	 de	R$	 10.812,7	milhões,	 ano	 em	que	 foram	 entregues	 244	
aeronaves	e	investidos	R$	353	milhões	em	P&D.39
Por	 outro	 lado,	 não	 se	 deve	 deixar	 de	 considerar	 a	 ‘janela	 de	
oportunidades’	 que	 se	 abre	 para	 o

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