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05 GeografiadaIndustriaComercioeServicos

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GeografiadaIndústria,
ComércioeServiços
1
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
2
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
copyright © FTC EaD
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito,
da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância.
www.ead.ftc.br
♦PRODUÇÃO ACADÊMICA♦
Gerente de Ensino ♦ Jane Freire
Coordenação de Curso ♦ Gisele das Chagas
Autor (a) ♦ Camila Xavier Nunes
Supervisão ♦ Ana Paula Amorim
♦PRODUÇÃO TÉCNICA ♦
Revisão Final ♦ Carlos Magno Brito Almeida Santos
Coordenação ♦ João Jacomel
Equipe ♦ Alexandre Ribeiro, Angélica de Fátima, Cefas
Gomes, Clauder Filho, Delmara Brito, Diego Doria Aragão,
Diego Maia, Fabio Gonçalves, Francisco França Júnior,
Hermínio Vieira, Israel Dantas, Lucas do Vale, Marcio Serafim,
Mariucha Ponte, Ruberval da Fonseca e Tatiana Coutinho.
Editoração ♦ Mariucha Silveira Ponte
Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource
Ilustrações ♦ Mariucha Silveira Ponte e Ruberval da Fonseca
EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO:
Presidente ♦
Vice-Presidente ♦
Superintendente Administrativo e
Financeiro ♦
Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦
Superintendente de Desenvolvimento e>>
Planejamento Acadêmico ♦
SOMESB
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Gervásio Meneses de Oliveira
William Oliveira
Samuel Soares
Germano Tabacof
Pedro Daltro Gusmão da Silva
FTC - EaD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância
Diretor Geral ♦
Diretor Acadêmico ♦
Diretor de Tecnologia ♦
Gerente Acadêmico ♦
Gerente de Ensino ♦
Coord. de Softwares e Sistemas ♦
Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦
Coord. de Produção de Material Didático ♦
Reinaldo de Oliveira Borba
Roberto Frederico Merhy
Jean Carlo Nerone
Ronaldo Costa
Jane Freire
Luis Carlos Nogueira Abbehusen
Romulo Augusto Merhy
Osmane Chaves
João Jacomel
Gerente de Suporte Tecnológico ♦
3
SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO
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GEOGRAFIA DA INDÚSTRIA: CONCEITOS, ESTRUTURA
ORGANIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
INDÚSTRIA, TECNOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Introdução à Geografia da Indústria
A industrialização e suas repercussões
Classificação das indústrias
Fatores locacionais e teorias de localização
Atividade complementar
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS INDÚSTRIAS E DO SETOR
TERCIÁRIO NO CONTEXTO DA ENCONOMIA GLOBAL
Evolução tecnológica da indústria e as relações de trabalho
Transição do capitalismo industrial para o capitalismo
 financeiro e informacional
A fragmentação do processo produtivo
A expansão do setor terciário
Atividade complementar
INDÚSTRIA, ORGANIZAÇÃO ESPACIAL,
SOCIEDADE E AMBIENTE
4
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
Atividade Orientada
Glossário
Referências Bibliográficas
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50○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
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INDÚSTRIA E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL
Organização e distribuição da indústria no mundo
Estrutura industrial brasileira
Distribuição espacial da indústria brasileira
A industrialização na Bahia
Atividade complementar
INDÚSTRIA, QUALIDADE DE VIDA, AMBIENTE E EDUCAÇÃO ○ ○ ○ ○
Problemas ambientais impulsionados pela
industrialização
Qualidade de vida e evolução técnico-industrial
Sociedade, ambiente e temas educacionais
Sociedade e ambiente: o papel transformador da escola
Atividade complementar 76○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
5
Prezado aluno!
Esta disciplina tem como objetivo conduzi-lo à construção de bases
teóricas referentes ao processo de industrialização nas mais diversas escalas
e suas repercussões sócio-espaciais, assim como demonstrar a importância
da Geografia como instrumento de investigação desse fenômeno que
reestruturou a organização do espaço e da sociedade como um todo.
A análise de conceitos e teorias, pertinentes à Geografia da Indústria,
bem como a compreensão dos fatores de localização industrial, da estrutura
do espaço industrial e da relação com os recursos naturais, permitirá entender
porque a Geografia da Indústria está intimamente relacionada com o estudo
dos comportamentos do consumo. Por fim, a discussão será conduzida a
partir da interface dos conteúdos abordados até então e a prática pedagógica
que propõe a análise e o entendimento dos diferentes impactos (sociais,
econômicos, ambientais e/ou culturais) resultantes do fenômeno industrial.
Bons estudos!
Camila Xavier Nunes
Apresentação da Disciplina
6
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
7
INDÚSTRIA, TECNOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
O primeiro bloco busca apresentar a Geografia da Indústria a partir de alguns
conceitos e do processo de desenvolvimento do fenômeno industrial, nas diversas escalas,
da mundial à local. As diferentes fases da industrialização que acentuaram as disparidades
regionais, a indústria como setor importante na economia, mesmo em tempos de aceleração
do capitalismo financeiro, serão temáticas também discutidas.
GEOGRAFIA DA INDÚSTRIA: CONCEITOS, ESTRUTURA,
ORGANIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
Nesse primeiro tema você estará em contato com informações introdutórias acerca
da Geografia da Indústria a partir de alguns conceitos e fatores explicativos sobre o
desenvolvimento do processo de industrialização, bem como suas repercussões sócio-
espaciais e a classificação e localização do fenômeno industrial.
Introdução à Geografia da Indústria
A disciplina de Geografia da Indústria está muito associada a diversas outras
disciplinas, como Geografia Econômica, Geografia Política e Geografia da População,
devido o fenômeno industrial ter reestruturado não somente a economia mundial, mas também
toda uma configuração espacial. A maneira que essa disciplina se organiza tem como objetivo
tornar o conteúdo melhor assimilado e compreendido no que tange às especificidades do
fenômeno industrial e das repercussões sociais e espaciais nas mais diversas escalas;
todavia, sem perder a noção do todo.
A indústria pode ser conceituada como o conjunto de atividades produtivas que se
caracteriza pela transformação de matérias primas de modo manual ou com auxílio de má-
quinas e ferramentas para a fabricação de mercadorias. A indústria moderna surgiu com a
Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX) como resultado de um longo processo que iniciou
com o artesanato medieval; passando pela produção manufatureira (primeiro momento da
organização fabril) e posteriormente, pela inserção de novas tecnologias.
A indústria contemporânea caracteriza-sepela produção em massa nas fábricas,
pela intensa mecanização e automação do processo produtivo e a denominada racio-
nalização do trabalho (produtividade ao máximo). A atividade industrial pode se materializar
em diferentes espaços, desde uma empresa de pequeno porte, até uma fábrica de qualquer
tamanho inserida num parque industrial, que trabalhe com atividade de transformação, que
usem maquinários, que tenham como objetivo criar um terceiro produto, pode ser considerada
indústria. Interessante salientar que a indústria não está somente na cidade, ultimamente a
indústria também está no campo, através das denominadas agroindústrias.
A humanidade, historicamente, necessita transformar os elementos da natureza para
poder utilizá-los e a indústria é o setor da economia que congrega esse processo de trans-
formação dos recursos em matéria-prima e em vários tipos de bens. A atividade industrial
continua sendo o motor da economia apesar de todo o desenvolvimento dos outros setores.
8
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
 A Industrialização e suas Repercussões
O processo de industrialização foi responsável por grandes transformações no espaço
da cidade. Se essas transformações caracterizavam-se por suas atividades comerciais, a
atividade industrial inseria-se com grande velocidade e intensidade que gerava mudanças
significativas na organização e estruturação das cidades, sendo o fator que mais acelerou
o processo de urbanização. Pode-se afirmar que um fator está intrinsecamente associado
ao outro. A mecanização da agricultura e a elevação da produtividade agrícola provocaram
o êxodo rural e novos hábitos de consumo, produziram também uma nova relação sociedade/
natureza e criou novas profissões no mercado de trabalho.
A produção industrial cria novos produtos e acaba atingindo também, os hábitos, os
padrões culturais e de consumo, criando sucessivamente, novas necessidades de consumo.
Isso viria mudar radicalmente a organização social, onde consumir não é apenas uma
atividade necessária de sobrevivência, mas sim também de status social, muito se discute
acerca de estarmos vivendo na denominada sociedade do consumo (assunto que ainda
será abordado mais detalhadamente).
A produção industrial está altamente associada à multiplicação de diversos ramos de
serviços que caracterizam a denominada cidade moderna e diretamente associada ao
desenvolvimento tecnológico dos meios de transporte e comunicação, que, nas mais diversas
escalas interligam as regiões, por isso as repercussões do fenômeno industrial são tão amplas
que não atingem somente o lugar onde se localizam, pois estão presentes em todos os pro-
cessos produtivos e nos produtos consumidos pela população nas mais diversas escalas.
Por isso, não é exagero afirmar que a industrialização foi responsável por
profundas transformações espaciais em extensas áreas do planeta.
A indústria deve ser entendida como atividade integrante da cultura do
homem e que esta última é tão antiga quanto o surgimento do homo sapiens.
O modo de vida atual é, direta ou indiretamente, fruto das transformações
trazidas pela tecnologia industrial.
A Revolução Industrial
As origens da Revolução Industrial podem ser encontradas nos séculos XVI e XVII,
com a política de incentivo ao comércio, política essa utilizada pelos países absolutistas.
Assim, a acumulação de capitais nas mãos dos comerciantes burgueses e a abertura dos
mercados (devido a expansão marítima) incitaram o crescimento da produção - maior
produtividade e preços mais baixos.
Gradativamente, passou-se do artesanato disperso para a produção em oficinas e
destas para a produção mecanizada nas fábricas. A mecanização da produção criou o
proletariado rural e urbano, composto de homens, mulheres e crianças, submetidos a um
9
trabalho diário exaustivo, no campo ou nas fábricas. Importante lembrar que com a Revolução
Industrial, consolidou-se o sistema capitalista, baseado no capital e no trabalho assalariado.
O desenvolvimento da Revolução Industrial está dividido em três grandes fases:
Revolução Industrial: novas relações de trabalho
• A primeira fase da Revolução Industrial
(1760-1860)
Essa fase acontece na Inglaterra, o pioneirismo se deve a
vários fatores, como o acúmulo de capitais e grandes reservas de
carvão. O país com seu poderio naval abre mercados na África,
Índia e nas Américas para exportar produtos industrializados e
importar matérias-primas.
• A segunda fase da Revolução
(de 1860 a 1900)
Ocorre a difusão dos princípios de industrialização na França, Alemanha, Itália,
Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão. Do mesmo modo cresce a concorrência e a in-
dústria de bens de produção. Nessa fase as principais mudanças no processo produtivo
são a utilização de novas formas de energia (elétrica e derivada de petróleo), o aparecimento
de novos produtos químicos e a substituição do ferro pelo aço.
• A terceira fase da Revolução Industrial
(de 1900 até os dias atuais)
Caracteriza-se pelo surgimento de grandes complexos industriais e empresas multi-
nacionais e pela automação da produção. Desenvolvem-se a indústria química e a eletrônica.
Os avanços da robótica e da engenharia genética também são incorporados ao processo
produtivo, que depende cada vez menos de mão-de-obra e mais de alta tecnologia. Nos
países de economia mais desenvolvida surge o desemprego estrutural, o mercado se globa-
liza apoiado na expansão dos meios de comunicação e de transporte, o que Santos (2002)
denomina de período técnico-científico-informacional.
Classificação das Indústrias
As indústrias podem ser classificadas com bases em vários critérios, sendo que o mais
utilizado é o que leva em consideração o tipo e destino do bem produzido:
Indústrias de base: são aquelas que trabalham com matéria-prima bruta, transfor-
mando-a em matéria-prima para outros tipos de indústria, tem-se como exemplo a indústria
siderúrgica e a indústria petroquímica. A siderurgia dedica-se à fabricação e ao tratamento
do aço, importante destacar que a metalurgia é o conjunto de técnicas que o homem adquiriu
com o decorrer do tempo que lhe permitiu extrair e manipular metais e gerar ligas metálicas.
Já a indústria petroquímica é a fonte da maior parte dos artigos de consumo dispo-
níveis no mundo moderno: como o plástico, em todas as suas variações, os tecidos e fibras
sintéticas, como a microfibra, são produzidos com matérias-primas petroquímicas. A química
fina, base para medicamentos e insumos agrícolas, também vem da petroquímica, por
substituir matérias-primas de origem animal (couro, lã, marfim). A indústria petroquímica
possibilita maior acesso a bens de consumo ao baixar o valor dos produtos, antes cons-
tituídos por vidro, madeira, algodão, celulose e metais.
10
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
A indústria petroquímica brasileira tem suas
origens no Governo Militar, quando foram
construídos no país o Pólo Petroquímico de São
Paulo em 1972, posteriormente o Pólo de
Industrial de Camaçari (BA) em 1978 e logo em
seguida, já na década de 80, foi construído o Pólo
Petroquímico do Sul (Triunfo - RS) em 1982.
• Indústrias de bens de capital ou intermediárias: produzem equipamentos
necessários para o funcionamento de outras indústrias, como as de máquinas;
• Indústrias de bens de consumo: são aquelas que produzem produtos voltados
ao grande mercado consumidor (população em geral). Como, por exemplo, a indústria têxtil,
que tem como objetivo a transformação de fibras em fios, e de fios em tecidos para abastecer
as confecções (vestuário em geral). EX: Fábricas de lãs, tecidos, etc. A indústria alimentícia
também faz parte desse tipo de indústria, que preparam ingredientes ou alimentos para
serem comercializados e consumidos. Os bens variam tanto de alimentos frescos como
carnes (abatedouros) e vegetais, conservas, temperos para outros alimentos a aqueles
prontos parao consumo (pizzas, lasanhas, tortas).
Subdividem-se em:
• Bens duráveis: as que produzem bens para consumo a longo prazo, como
automóveis;
• Bens não duráveis: as que produzem bens para consumo em geral imediato,
como as de alimentos.
Todavia, outros critérios podem ser levados em consideração, como:
Maneira de produzir:
• Indústrias extrativas;
• Indústrias de processamento ou beneficiamento;
• Indústrias de construção;
• Indústrias de transformação ou manufatureira.
Quantidade de matérias-primas e energias utilizadas:
• Indústrias leves;
• Indústrias pesadas.
Tecnologia empregada:
• Indústrias tradicionais;
• Indústrias dinâmicas.
11
Setores da Indústria:
• Setor primário: compõe atividades econômicas que produzem matérias-primas,
geralmente na transformação de recursos naturais em produtos primários para transformá-
lo em produtos industrializados. O setor é composto de seis atividades econômicas: agri-
cultura; pecuária; extrativismo vegetal; caça; pesca e mineração.
• Setor secundário: transforma produtos naturais produzidos pelo setor primário
em produtos de consumo ou então, em maquinário. Nesse setor, a matéria-prima é trans-
formada em um produto manufaturado;
• Setor terciário: constitui a comerciali-
zação de produtos em geral, e o oferecimento de
serviços comerciais, pessoais ou comunitários,
a terceiros. É o setor que mais cresce, quase que
desordenadamente. É a principal fonte de renda
dos países desenvolvidos. Atualmente, o setor
terciário encontra-se extremamente diversificado
devido à intensa industrialização que vem
ocorrendo, praticamente no mundo inteiro, nos
últimos dois séculos.
Fatores Locacionais e Teorias de Localização
Uma série de fatores pode favorecer o desenvolvimento industrial de uma região, tais como:
• Capital;
• Energia;
• Mão-de-obra;
• Matéria-prima;
• Mercado consumidor;
• Meios de transportes.
A análise da disponibilidade e estrutura de cada um desses fatores é que orienta a
instalação das indústrias em determinados lugares e outros não. Atualmente, além dos fatores
já citados acima, o incentivos fiscais oferecidos por alguns governos também são grandes
atrativos para a instalação de indústrias em regiões economicamente frágeis.
Teorias de Localização Industrial
Dentre as bases teóricas comumente utilizadas na Geografia e na Economia para
determinar fatores locacionais, destacam-se as seguintes teorias de localização industrial:
• Teoria Clássica da Localização Industrial, de Alfred Weber (1909);
• Teoria das Localidades Centrais, de Walter Cristaller (1930);
• Teoria do Equilíbrio Espacial Geral, de August Lösch (1940);
• Teoria de Pólos de Desenvolvimento e Crescimento, de François Perroux (1955).
12
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
A Teoria Clássica da Localização Industrial
de Alfred Weber
Esta teoria define fatores locacionais imprescindíveis para a localização
de indústrias. Para Weber é primordial saber onde se situa um determinado
empreendimento, dando ênfase à relação entre os custos de transporte, fontes
de matérias-primas, a distância aos insumos e ao mercado. O autor divide
esses fatores em específicos e gerais, os específicos dizem respeito a econo-
mias de custos que podem ser alcançadas por um número pequeno de indústrias, já os
gerais podem ser alcançados por qualquer indústria e podem ser subdivididos em regionais
(que influenciam a escolha de uma região) e aglomerativos ou desaglomerativos (provocam
concentração ou dispersão em uma região). Weber destaca entre os fatores locacionais: o
transporte (regional), a mão-de-obra (regional) e as ofertas de serviços (como energia elétrica
e água, por exemplo).
Fatores que refletem o desenvolvimento urbano e social de uma determinada região
também devem ser levados em consideração. Deve-se atentar para o aumento do valor
agregado industrial, a elevação do nível de emprego e redistribuição da população (dimi-
nuindo, dessa forma, as diferenças entre regiões), na utilização dos recursos locais, na
criação de uma estrutura industrial diversificada e com capacidade de crescimento auto-
sustentado e, por fim, visar o aumento da competitividade e da quantidade de exportações
da empresa e da região, impulsionando ainda mais o desenvolvimento local.
A Teoria das Localidades Centrais
de Walter Cristaller
Trata especificamente do nível de hierarquização das cidades, que varia em função
do tipo de serviço oferecido e do grau de importância econômica das mesmas. Desse
modo, pode-se tornar extremamente vantajosa e lucrativa a instalação da empresa em
determinado lugar. A teoria foi desenvolvida por Cristaller e mais especificada por Lösch.
Baseia-se numa extensão simples da análise de áreas de mercado, essas que variam de
uma indústria para a outra, dependendo de economias de escala e demanda per capita.
Desse modo, cada indústria tem um padrão de localização diferente. A teoria das
localidades centrais mostra como esses padrões de localização de diferentes indústrias
surgem para formar um sistema regional de cidades.
A Teoria do Equilíbrio Espacial Geral
de August Lösch
Acerca de referências sobre a localização industrial pode-se incluir August Lösch,
um nome de destaque na literatura sobre o tema. A teoria de Lösch apresenta grande impor-
tância por considerar a hierarquia das cidades, as barreiras alfandegárias, os efeitos dos
preços e sua variação em função da localização das fontes de matérias-primas e das áreas
de mercado. A sua principal preocupação era desenvolver um modelo de equilíbrio geral do
espaço que servisse tanto para a análise de projetos empresariais como públicos. Seu
primeiro instrumento de análise para problemas de localização industrial foi desenvolvido
na Itália, no começo da década de 70, com o objetivo de enquadrar, num mesmo cenário,
as necessidades dos investidores, que procuravam a localização ideal para seus empreen-
dimentos e dos administradores públicos, que visavam obter um melhor aproveitamento do
território administrativo e desenvolver uma política industrial que refletisse o que as regiões
pudessem oferecer.
13
Você Você Você Você Você SabiaSabiaSabiaSabiaSabia?????
A Teoria de Pólos de Crescimento e Pólos de Desenvolvimento
de François Perroux
Através de sua teoria Perroux procurou distinguir as várias noções de espaços e suas
implicações. Segundo suas idéias, as atividades econômicas não são localizáveis com
precisão, por isso o espaço não podia ter um sentido meramente físico, também não poderia
ser definido como um território delimitado pelos acidentes geográficos ou pelo livre arbítrio do
homem, ao contrário, considerava as divisões vulgares e sem valor analítico para a economia.
Perroux defendia a idéia que os espaços são conjuntos abstratos, constituídos de
relações econômicas realizadas por agentes econômicos, conceitua o espaço econômico
em duas perspectivas: inicialmente, examinando e descrevendo o relacionamento e a distri-
buição das atividades econômicas no espaço geográfico, atividades que podem ser
localizadas através de suas coordenadas ou mapeamento; posteriormente, analisando o
espaço econômico que corresponde as relações conceituais mais amplas – por exemplo,
uma empresa, uma indústria, ou um grupo delas, pode localizar sua produção em uma
determinada área, porém seu mercado de insumos, ou de produto, pode estar localizada
dentro ou fora do mesmo espaço geográfico.
O autor parte do pressuposto que o crescimento não surge em todos os lugares ao
mesmo tempo, manifestando-se com intensidades variáveis, em pontos ou pólos de cres-
cimento (pontos ou áreas que exercem influência sobre uma região).
Revisando...Revisando...Revisando...Revisando...Revisando...
Os fatores locacionais devem ser entendidos como as vantagens que um determinado
local pode oferecer para a instalação de uma indústria, dentre esses destacam-se:
• Matéria prima abundantee barata;
• Mão de obra abundante e barata;
• Energia abundante e barata;
• Mercados consumidores;
• Infra-estrutura;
• Vias de transporte e comunicações;
• Incentivos fiscais;
• Legislações fiscais, tributárias e ambientais amenas.
Os modelos de localização industrial atuais aproveitam-se do desen-
volvimento tecnológico avançado e utilizam ferramentas de geoprocessa-
mento para obter informações das mais variadas sobre um determinado local.
A utilização destes sistemas produz informações que permitem tomar de-
cisões para colocar em pratica ações, os mesmos se aplicam a qualquer tema
que manipule dados ou informações vinculadas a um determinado lugar no
espaço, e cujos elementos possam ser representados em um mapa, como
casas, escolas, hospitais, etc.
CONTINUA
14
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
Levantadas as características do território em estudo, deve-
se realizar também um estudo do empreendimento a ser lançado,
levando-se em consideração características como a identificação
das atividades realizadas naquele determinado local, informações
quanto a planta, produtos, processos, matéria-prima e insumos,
equipamentos, recursos humanos, tecnologia e escala de produ-
ção e uma seleção dos fatores de localização que serão determi-
nantes no processo de escolha, como infra-estrutura básica, trans-
portes, serviços e insumos; características físico-geográficas;
aspectos sócio-econômicos; restrições ambientais e legais e diretri-
zes e políticas de incentivo implantadas em determinadas regiões.
CONTINUAÇÃO
1..... Afirma-se que estamos vivendo uma Terceira Revolução Industrial. Manifeste sua
opinião acerca desta questão.
AtividadesAtividadesAtividadesAtividadesAtividades
ComplementaresComplementaresComplementaresComplementaresComplementares
2..... Alguns fatores são imprescindíveis para a instalação de uma indústria, aponte quais
são esses fatores e faça uma hierarquização dos mesmos, começando pelo qual você
considera mais importante.
3..... O critério mais utilizado para a classificação das indústrias é em relação ao tipo de
produto produzido, porém, quais outros tipos de classificação podem ser empregados?
15
Este tema aborda as constantes mutações que o processo produtivo sofreu ao longo
da história, principalmente, por meio do desenvolvimento tecnológico que possibilitou
transformações significativas no modo-de-produção e nos produtos desenvolvidos, devido
a transição do capitalismo industrial para o capitalismo financeiro, num período denominado
de tecnico- científico-informacional, em que as mudanças são tão voláteis quanto o consumo
da produção e a conseqüente fragmentação do processo produtivo.
Evolução Tecnológica da Indústria e as Relações de Trabalho
Revolução Industrial e as Mudanças Tecnológicas
A evolução progressiva do homem como ser social mostra que, quanto mais ele
evolui tecnicamente, menos se submete às imposições da natureza, desse modo, se, por
um lado, o homem como animal é parte integrante da natureza e necessita dela para continuar
sobrevivendo, por outro, como ser social, cada dia mais sofistica os mecanismos de extrair
da natureza recursos que, ao serem aproveitados, podem alterar de modo profundo os
ambientes naturais.
Ao passar de simples coletor de frutos e caçador para agricultor, criador de rebanhos
e construtor de abrigos e de equipamentos cada vez mais complexos, o ser humano passou
a alterar o equilíbrio e a funcionalidade dos ambientes naturais, privilegiando a expansão
de um pequeno número de espécies animais e vegetais e eliminando uma grande quantidade
de outras, que não eram de interesse imediato para satisfazer às suas necessidades.
4..... No que se baseia a Teoria das Localidades Centrais de Walter Cristaller?
5..... François Perroux defendia a idéia que os espaços são conjuntos abstratos, constituídos
de relações econômicas realizadas por agentes econômicos e conceitua o espaço
econômico em duas perspectivas, quais são elas? Justifique-as.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS INDUSTRIAS E DO SETOR
TERCIÁRIO NO CONTEXTO DA ENCONOMIA GLOBAL
16
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
 A mudança de simples agricultores e criadores de subsistência para
um estágio de agricultores-criadores com finalidades comerciais implementou
uma significativa alteração de comportamento das sociedades humanas na
relação com a natureza. A partir do momento em que os animais criados, os
cereais cultivados e os vegetais coletados no campo ou nas florestas são
explorados para a comercialização, deixam de ser simplesmente alimentos
para se transformarem em mercadorias que levam à riqueza de alguns e à
pobreza de outros.
As necessidades de sobrevivência e a grande criatividade humana têm possibilitado
aos homens aproveitar cada vez mais os recursos disponíveis na natureza. A intensificação
comercial, com o acúmulo de reservas monetárias, fez surgir a ideologia do capital, ou seja,
da concentração de riquezas através do ganho pela troca de mercadorias e moedas entre
diferentes sociedades humanas.
O Desenvolvimento Técnico
A Revolução Industrial ao desenvolver novas tecnologias revolucionou o modo produtivo
e as relações de trabalho. A invenção mais considerável do começo da revolução foi obra do
operário inglês James Watt. Em 1768 ele criou a primeira máquina a vapor realmente eficaz
(não criou a máquina a vapor e sim a aprimorou). A idéia básica era colocar o carvão em
brasa pra aquecer a água até que ela produzisse muito vapor, a máquina girava por causa da
expansão e da contração do vapor posto dentro de um cilindro de metal.
As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII
e, graças a essas máquinas a produção de mercadorias aumentou muito, a Inglaterra se
tornou a maior exportadora mundial de tecidos. Os lucros dos burgueses donos de fábricas
cresceram na mesma proporção, por isso, os empresários ingleses começaram a investir
na instalação de indústrias. As fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra e
provocaram mudanças muito profundas no modo de vida de milhões de pessoas.
Nas primeiras décadas do século XIX, as máquinas a vapor equiparam navios e
locomotivas; países como a Inglaterra, a França, a Alemanha e os EUA instalaram milhares
de quilômetros de ferrovias e desenvolveram espetacularmente as indústrias de ferro e de
máquinas. Assim sendo, a evolução dos meios de transporte está diretamente associado
ao desenvolvimento da industrialização e vice-versa.
Principais Avanços da Maquinofatura
• 1733 – John Kay inventa a lançadeira volante;
• 1740 – Benjamin Huntsman desenvolve o processo de produzir aço tipo “crucible”;
• 1767 – James Hargreaves inventa a spinning jenny, que permitia a um só artesão fiar 80
fios de uma única vez;
• 1768 – James Watt inventa a máquina a vapor;
• 1769 – Richard Arkwright inventa a water frame;
• 1779 – Samuel Crompton inventa a mule, uma combinação da water frame com a spinning
jenny” com fios finos e resistentes;
• 1785 – Edmond Cartwright inventa o tear mecânico.
O Motor a Explosão e o Uso do Petróleo
A máquina a vapor mostra-se limitada quanto ao uso, potência e, principalmente, ao
rendimento. A descoberta do motor a explosão (a energia é liberada pela combustão da
gasolina - ou álcool, diesel, querosene, gás, etc.) e da eletricidade fizeram ampliar a capa-
17
Você Você Você Você Você SabiaSabiaSabiaSabiaSabia?????
CONTINUA
,
cidade dos maquinários e novas fontes de energias puderam ser utilizadas na produção
industrial, a exemplo do petróleo, que gradativamente foi substituindo o carvão mineral.
Embora fosse conhecido desde a Antiguidade, o petróleo só foi obtido pela primeira vez
através de perfuração de poços em 1859. É hoje um dos responsáveis pela movimentação
de motores de explosão devido às características de seus derivados. O petróleo, no século
XX, passou a alimentar o sistemaindustrial e alguns modos de transporte, entretanto, por
constituir-se de energia fóssil não renovável (assim como o gás natural e o carvão mineral),
as limitações começaram a surgir.
Conflitos de caráter político, econômico e social marcaram países em que o petróleo
era importante elemento econômico, algumas guerras foram travadas, a exemplo da Guerra
do Golfo (1991).
Fontes de Energia Utilizadas na Indústria
• O carvão mineral
O carvão mineral foi fundamental para a primeira Revolução Industrial, ocorrida na
Grã-Bretanha no século XVIII, representando a fonte de energia básica para o desenvol-
vimento de dois setores industriais importantes: o siderúrgico e o têxtil.
De todos os combustíveis fósseis, o carvão é, sem dúvida, o com maior reserva no
mundo. Se o nível de exploração mundial continuar como atualmente, as reservas são sufi-
cientes para durar aproximadamente 250 anos.
É importante ressaltar que o carvão já foi usado como forma de energia durante
anos, o mesmo não só forneceu a energia que abasteceu toda a Revolução Industrial no
século XIX como também impulsionou toda a era da eletricidade no século XX. Atualmente
aproximadamente 40% da eletricidade gerada mundialmente é produzida através do carvão.
Alguns desses países que dependem da energia elétrica gerada pelo carvão são: Dinamarca,
China, Grécia, Alemanha e Estados Unidos. A indústria de ferro e aço mundial também é
fortemente dependente do uso do carvão.
• Gás natural
O gás natural é freqüentemente encontrado associado ao petróleo, pois forma-se do
mesmo modo e acumula-se no mesmo tipo de terreno. O gás natural oferece algumas
vantagens em relação ao petróleo: é menos poluente, as reservas conhecidas podem durar
cerca de 60 anos e estão distribuídas em diversos continentes. Apesar de existência de
consideráveis reservas de gás natural, o Brasil importa gás da Bolívia.
A idéia de construir um gasoduto entre Bolívia e Brasil tem sido objeto
de discussão por quase meio século; contudo, por várias razões, os diversos
projetos não se apresentaram viáveis no passado. Por isso, durante este
período de negociações, a Bolívia passou a exportar gás para a Argentina.
Mas, no final dos anos 70, a Argentina tornou-se auto-suficiente em gás,
podendo prescindir do gás boliviano. A partir daí as negociações entre Brasil
e Bolívia começaram a tomar novo rumo com o final do contrato de importação
de gás boliviano por parte da Argentina em 1992. A Bolívia é fortemente
dependente da exportação de gás natural e o Brasil aparece, naturalmente,
como o principal mercado consumidor para o gás boliviano.
18
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
Na indústria são utilizadas técnicas de verificação da qualidade de equipamentos,
esterilização de materiais médicos e cirúrgicos; técnicas nucleares são utilizadas também
para monitorar poluentes e identificar recursos aqüíferos. No entanto, problemas decorrentes
dessa fonte de “energia do futuro”, como proliferação de armas, problemas ambientais, a
questão do lixo atômico e os riscos de acidentes.
• A energia nuclear: urânio
O beneficiamento do urânio passa a ser difundido após o final da Segunda
Guerra Mundial, pretensamente como substituto às fontes não-renováveis.
O urânio tem amplas aplicações no campo da medicina, agricultura,
proteção ao meio ambiente e indústria em geral. Na medicina ele propicia
utilização de técnicas avançadas de diagnóstico e de tratamento de inúmeras
doenças; já na agricultura ela é utilizada na irradiação de alimentos, permitindo
que os mesmos durem por mais tempo.
Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!
A região de Angra dos Reis, no sul Rio de
Janeiro, foi escolhida para a ins-talação do complexo
nuclear brasileiro (Angra 1 e 2) pela proximidade dos
grandes centros consumidores, a Usina fica (em linha
reta) a 220km de São Paulo, 130 km do Rio e 350 km
de Belo Horizonte, que são grandes consumidores de
energia elétrica. A implantação da Usina é mais um
resultado da confusa e contraditória política nuclear
brasileira, que se inicia na década de 1940. Nessa
política, misturam-se os mais diversos interesses de
militares, políticos, grandes potências, empresários e
cientistas. Na maior parte das vezes as razões
energéticas foram meras justificativas para esconder
estratégias militares ou interesses econômicos.
Intensificação das Diferenças Regionais
Nesse processo acelerado de tec-
nificação das sociedades humanas,
algumas regiões do planeta foram palco de
maiores alterações. Para produzir merca-
dorias e equipamento foi necessário instalar
extensos complexos industriais e, para
alimentá-los, foi exigida a extração de
matérias-primas e a exploração de fontes
energéticas do mundo todo.
A evolução das técnicas na indústria
significou novas formas de relações entre os
homens e destes com o território. A batalha
pelo domínio da técnica e sua apropriação
19
pelas empresas e Estados, em alguns momentos com interesses convergentes, em outros
divergentes, acabou gerando sérios conflitos tanto em nível nacional quanto internacional.
A luta pelo controle da energia nuclear, do carvão e do petróleo está na origem da maioria
das grandes guerras e de toda dominação externa. Podendo-se afirmar que o desenvolvimento
das técnicas e as mudanças na conjuntura econômica internacional intensificaram as formas
de apropriação dos recursos naturais dentro e fora dos territórios nacionais.
A posição de alguns países desenvolvidos - mesmo possuindo abundância de
recursos em seus territórios - foi a de explorá-los em regiões do mundo subdesenvolvido. O
avanço técnico e científico e o crescente processo de industrialização, seja nos países ricos
ou nos pobres, nos capitalistas ou nos socialistas, vêm progressivamente interferindo,
agredindo e alterando a natureza, em benefício dos interesses imediatos dos homens.
Profundas Transformações Sociais
O principal desdobramento da Revolução Industrial, na esfera social, foi a transfor-
mação das condições de vida nos países industriais em relação aos outros países da época,
havendo, pois, uma mudança progressiva das necessidades de consumo da população
conforme novas mercadorias foram sendo produzidas.
As condições de vida do trabalhador braçal foram fortemente modificadas provo-
cando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades1. Durante
o início da Revolução Industrial os operários viviam em condições muito ruins - se com-
paradas às condições dos trabalhadores do século seguinte – trabalhavam muitas horas
por semana2, o salário era medíocre e tanto mulheres como crianças também recebiam
um salário ainda menor.
Dentre esses movimentos, podemos destacar como os mais significativos:
Movimento Catequista (1811-12)
Reclamações contras as máquinas inventadas após a revolução para poupar a mão-
de-obra já eram normais. Mas foi em 1811 que o estopim estourou e surgiu o movimento
também conhecido como ludita3. Chamaram muita atenção pelos seus atos e sua forma mais
1 Londres, por exemplo, cresceu de 800 000 habitantes em 1780 para mais de 5 milhões em 1880.
2 Os trabalhadores adultos da indústria têxtil trabalharam cerca de 80 horas por semana em 1870, 67
horas em 1820 e 53 horas em 1860.
3 O nome do movimento deriva de Ned Ludd, um dos líderes. Os denominados luditas
A produção em larga escala e dividida em
etapas iria distanciar cada vez mais o trabalhador
do produto final - já que cada grupo de trabalhadores
passava a dominar apenas uma etapa da produção
- entretanto, sua produtividade ficava maior.
Algumas melhorias só vieram à medida que
os trabalhadores pressionaram os seus patrões
para tal, ou seja, se o salário e as condições de vida
melhoraram com o tempo, foi por meio dos movi-
mentos organizados pelos trabalhadores.
20
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
radical de protesto(ficaram lembrados como “os quebradores de máquinas”).
Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram condenados à prisão,
à deportação e até à forca. Posteriormente, operários ingleses mais experientes
adotaram métodos mais eficientes de luta, como a greve.
Movimento Cartista (1837-1848)
Considerado o primeiro movimento independente da classe trabalha-
dora britânica, exerceu forte influência sobre o pensamento político - o nome do movimento
teve origem na Carta do Povo, principal documento de reivindicação dos operários. Esse
movimento se destacou por sua organização, e por sua forma de atuação, pela via política,
chegando a conquistar diversos direitos políticos para os trabalhadores. A estratégia utilizada
pelos cartistas girava em torno, principalmente, da coleta de assinaturas, realizadas nas
oficinas, nas fábricas e em reuniões públicas, através de uma série de Petições Nacionais
enviadas à Câmara dos Comuns, que reivindicavam:
• Limitação de 10 horas (diárias) da jornada de trabalho;
• Regulamentação do trabalho feminino;
• Extinção do trabalho infantil;
• Folga semanal;
• Salário mínimo.
As Trade-Unions
Na segunda metade do século XIX, as Trade Unions evoluíram para os sindicatos,
forma de organização dos trabalhadores com um considerável nível de ideologização e
organização e obtiveram conquistas, embora lentas, de suas reivindicações. O século XIX
foi uma época bastante promissora para a luta da classe operária, seja para obtenção de
conquistas na relação com o capitalismo, seja na organização de movimentos revolucionários.
As Conseqüências da Revolução Industrial
A Revolução Industrial alterou completamente a maneira de viver das populações
dos países que se industrializaram. As cidades atraíram os camponeses e artesãos, e se
tornaram cada vez maiores e mais importantes. Na Inglaterra, por volta de 1850, pela primeira
vez em um grande país, havia mais pessoas vivendo em cidades do que no campo.
Nas cidades, as pessoas mais pobres se aglomeravam em subúrbios de casas velhas
e desconfortáveis, se comparadas com as habitações dos países industrializados hoje em
dia. Conviviam com a falta de água encanada, com os ratos, o esgoto formando riachos nas
ruas esburacadas.
O trabalho do operário era muito diferente do trabalho do camponês: tarefas monó-
tonas e repetitivas. A vida na cidade moderna significava mudanças incessantes, a cada
instante. Surgiam novas máquinas, novos produtos, novos gostos, novas modas; surge a
denominada sociedade do consumo.
A ciência, no estágio atual, está estreitamente ligada à atividade industrial e às
outras atividades econômicas: agricultura, pecuária, serviços. É um componente
fundamental, pois, para as empresas, o desenvolvimento científico e tecnológico é revertido
em novos produtos e em redução de custos, permitindo a elas maior capacidade de
competição num mercado cada vez mais disputado. As grandes multinacionais possuem
seus próprios centros de pesquisa e o investimento científico, em relação ao conjunto da
atividade produtiva, tem sido crescente.
21
O Capitalismo
A inserção do sistema capitalista na economia mundial por meio do intensivo processo
de industrialização faz com que se definam as relações assalariadas de produção, trazendo
a nítida separação entre os detentores dos meios de produção e do capital e os que só
possuem a força de trabalho. Averiguar como o capitalismo inseriu-se na economia mundial
e quais as mudanças decorrentes desse processo, bem como as mudanças socais e
tecnológicas também ocorridas faz-se necessário nesse contexto. De sua origem até os
dias atuais o capitalismo apresentou-se de diferentes formas: o investimento em atividades
de comércio deu vida ao Capitalismo Comercial, a Revolução Industrial impôs o Capitalismo
Industrial e por fim, o Capitalismo Financeiro se insere através do comércio de ações e da
globalização econômica.
Podemos decompor o capitalismo nas seguintes fases:
•Pré-capitalismo: período caracterizado pela economia mercantil, onde a produção se
destina as trocas e não apenas a uso imediato. Não se generalizou o trabalho assalariado;
trabalhadores independentes que vendiam o produto de seu trabalho, ou seja, os artesãos
eram donos de suas oficias, ferramentas e matéria-prima;
•Capitalismo Comercial: apesar de predominar o produtor independente (artesão), gene-
raliza-se o trabalho assalariado. A maior parte do lucro concentrava-se na mão dos co-
merciantes, intermediários, não nas mãos dos produtores. Lucrava mais quem comprava
e vendia a mercadoria, não quem produzia;
•Capitalismo Industrial: O trabalho assalariado se instala, em prejuízo dos artesãos, sepa-
rando claramente os possuidores de meios de produção e o exército de trabalhadores;
•Capitalismo Financeiro ou Monopolista: contexto atual, onde sistema bancário e grandes
corporações financeiras tornam-se dominantes e passam a controlar as demais atividades.
Origem do pré-capitalismo
A emergência do capitalismo relaciona-se à crise do Feudalismo, que deu sinais de
esgotamento, basicamente, do descompasso entre as necessidades crescentes da nobreza
feudal e a estrutura de produção, assentada no trabalho servil. O impacto sobre o feudalismo
foi fulminante, já que o sistema tinha potencialidade mercantil, isto é, a possibilidade de
desenvolvimento do comércio em seus limites. As feiras medievais ganharam novo dina-
mismo, foram perdendo o caráter temporário, estabilizaram-se, transformaram-se em centros
permanentes, as cidades mercantis.
Surge, a partir das primeiras fortunas entre os burgueses de Idade Média, um novo
sistema econômico e social baseado na iniciativa particular, na propriedade privada dos
meios de produção, e gosto pelo investimento de capitais com fins lucrativos.
 Transição do Capitalismo Industrial Para o Capitalismo
Financeiro e Informacional
22
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
O Capitalismo Comercial
O projeto de alcançar uma passagem para o Índico que possibilitasse o
controle das riquezas existentes nas costa oeste/leste da África, passou a ser
um problema geral dos países europeus. Com isso, inicia-se a chamada
Revolução Comercial; Espanha e Portugal tiveram amplo e imediato proveito
do pacto colonial sujeitando as populações coloniais aos preços e as condições
de negócios que lhes eram impostos. Os países ibéricos ao lado da riqueza
obtida com a venda de vários produtos, (a exemplo do açúcar brasileiro) passaram a ter
posse de enormes quantidades de metais preciosos (prata e ouro) acumulados pelas culturas
indígenas do novo mundo (incas, maias e ascetas que foram exterminados). Já a França, a
Inglaterra e a Holanda forçam sua aceitação nas matas atlânticas, buscando oportunidade
para fendas coloniais inclusive atacando-as e promovendo piratarias.
O Capitalismo Industrial
A constante expansão dos negócios mantém em crescimento a procura de produtos
industrializados e, com ela, o progresso das atividades industriais e desenvolvimentos
técnico. Observa-se radical transformação na indústria graças ao rápido incremento da
mecanização alicerçado pelo uso generalizado do ferro, carvão e força de expansão do
vapor. A Inglaterra na metade do século XVIII contava com um poderoso capital a disposição
e controlavam o amplo mercado representado pelo seu imenso domínio colonial. Instaura-
se nessa nação um regime de acentuada liberdade econômica. O sucesso financeiro das
primeiras atividades industriais mecanizadas e as facilidades surgidas pela fabricação e a
operação de máquinas levaram a mecanização de diversos ramos da indústria, gerando a
denominada Revolução Industrial.
O Capitalismo Financeiro ou Monopolista
O desenvolvimento do capitalismo industrial aumenta significativamente o número
de bancos comerciais e surgem os bancos de investimento voltado para o financiamento
da produção. A sociedade anônima além de facilitar a obtenção decapitais e, a ampliação
dos investimentos, possibilita o jogo financeiro puro através do comércio de ações. A procura
de sempre maiores lucros e a da crença na livre concorrência levou a formação grupos
monopolistas, através de trustes que controlam todas as etapas da produção desde a
retirada da matéria-prima da natureza passando pela transformação em produtos, até a
distribuição das mercadorias. Também se criam os cartéis, resultantes de livre associação
de concorrentes, que fazem acordo entre si, estabelecendo preços comuns, dividindo os
mercados, mas sem perda da autonomia particular.
Neoliberalismo
Os neoliberais acreditam que o Estado cresceu muito e que, portanto, deve diminuir
sua participação na economia. As diretrizes básicas que orientam os caminhos das
privatizações e da desregulamentação econômica. Privatizar, naturalmente, significa vender
as empresas estatais como siderúrgicas, hidrelétricas, companhias de transporte, minas e
companhias telefônicas, e passá-las ao controle de empresas particulares. Além disso, o
neoliberalismo prevê a diminuição de impostos, para que os empresários tenham mais
recursos para investir, a liberação das importações e a abertura ao capital estrangeiro.
Às associações econômicas regionais com diminuição ou eliminação dos pro-
tecionismos e atração de investimentos internacionais, acrescentou-se a limitação dos gastos
23
governamentais, com a prevalência da economia de mercado e a busca de um “Estado
mínimo”, redirecionando sua atuação e tamanho, especialmente com as privatizações. Se
por um lado o neoliberalismo modernizou a economia, também é verdade que ele ampliou
problemas sociais como a fome, o desemprego e a pobreza. Aliados a esses fatores,
percebe-se um conseqüente aumento no mercado informal e na criminalidade.
A tão propalada globalização econômica e a Nova Ordem Mundial (a queda do
bloco socialista e ampliação da integração entre as economias anteriormente isoladas do
mundo ocidental) são difusoras dos interesses da única potência existente, e, sem dúvida,
aceleraram esse processo de implantação das teorias neoliberais, impulsionadas pela
derrubada do obstáculo socialista, estimularam a formação de blocos econômicos,
associações regionais de livre mercado que derrubaram antigas barreiras protecionistas.
A Fragmentação Do Processo Produtivo
É de extrema importância analisar também as técnicas do processo produtivo. Atual-
mente, os computadores são capazes de orientar e avaliar a qualidade dos produtos no interior
das linhas de produção, assim como em alguns setores, os robôs estão substituindo a força
de trabalho dos homens. Tendências na evolução das técnicas associadas à cultura do consu-
mo tornam-se importantes fatores na análise do processo de distribuição espacial de indústria
pelo mundo, na produção de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, automóveis, etc.).
O artesão além de possuir os meios de produção, participava de todo o processo produtivo,
assim como os trabalhadores manufatureiros (apesar de não possuírem os meios de produção,
mas somente sua força de trabalho). Contudo, mudanças profundas na divisão e nas relações de
trabalho ocorrem com o surgimento do taylorismo, fordismo e toyotismo (just-in-time).
Taylorismo
No início do século XX, o engenheiro industrial norte-americano Frederick Winslow
Taylor desenvolveu um sistema para aumentar a produtividade, instituindo uma maior divisão
de tarefas no interior das fábricas, os trabalhadores deixaram de confeccionar o produto
inteiro e cada operário passou a exercer apenas algumas tarefas específicas.
Taylor acreditava que oferecendo instruções sistemáticas e adequadas aos traba-
lhadores, haveria possibilidade de fazê-los produzir mais e com melhor qualidade, que achava
que todo e qualquer trabalho necessita, preliminarmente, de um estudo para que seja deter-
minada uma metodologia própria visando sempre o seu máximo desenvolvimento, cujo
resultado refletiria em menores custos, salários mais elevados e, principalmente, em aumentos
de níveis de produtividade.
Com o objetivo de que o trabalho fosse executado de acordo com uma seqüência e
um tempo pré-programados, de modo a não haver desperdício operacional, inseriu a super-
visão funcional, estabelecendo que todas as fases de um trabalho deviam ser acompanhadas
de modo a verificar se as operações estão sendo desenvolvidas em conformidades com
as instruções programadas. Finalmente, apontou que estas instruções programadas devem,
sistematicamente, ser transmitidas a todos os empregados.
Fordismo
Henry Ford, outro engenheiro industrial dos Estados Unidos, aplicou uma nova maneira
de organizar o trabalho na sua fábrica de automóveis, criou a denominada linha de montagem:
em vez dos trabalhadores se deslocarem pela fábrica, cada um realizava uma única tarefa
repetidas vezes: um encaixava o motor, outro parafusava o motor na carroceria, outro encai-
24
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
xava os bancos, e assim por diante. As mudanças implantadas permitiram
reduzir o esforço humano na montagem, aumentar a produtividade e diminuir
os custos proporcionalmente à elevação do volume produzido e facilidade de
operação e manutenção. O conceito-chave da produção em massa não é a
idéia de linha contínua, mas sim a completa e consistente comunicação de
partes e a simplicidade de montagem.
Esta combinação de vantagens competitivas elevou a Ford à condição
de maior indústria automobilística do mundo e virtualmente sepultou a produção
manual. Entretanto, o contraste com o que ocorria no sistema de produção manual, o
trabalhador da linha de montagem tinha apenas uma tarefa, o mesmo não comandava
componentes, não preparava ou reparava equipamentos, nem inspecionava a qualidade,
nem mesmo entendia o que o seu vizinho fazia. Com o fordismo, o trabalho se tornou repetitivo
e monótono e os operários perderam o controle sobre o ritmo e os resultados de seu trabalho.
O Toyotismo (just-in-time)
É um modo de organização da produção capitalista que se desenvolveu a partir da
globalização do capitalismo na década de 19804, também conhecido como modelo japonês.
O país foi o berço da automação flexível, pois, apresentava um cenário diferente, possuía
um pequeno mercado consumidor, capital e matéria-prima escassos, e grande dispo-
nibilidade de mão-de-obra não-especializada. A solução veio por meio da fabricação de
pequenas quantidades de numerosos modelos de produtos, voltados para o mercado externo,
de modo a gerar divisas tanto para a obtenção de matérias-primas e alimentos, quanto
para importar os equipamentos e bens de capital necessários para a sua reconstrução
pós-guerra e para o desenvolvimento da própria industrialização. Esse sistema pode ser
teoricamente caracterizado por quatro aspectos:
• mecanização flexível;
• processo de multifuncionalização de sua mão-de-obra;
• Implantação de sistemas de controle de qualidade total;
• Sistema just in time (menores estoques e maior diversidade produtos).
A partir de meados da década de 1970, as empresas toyotistas assumiriam a supre-
macia produtiva e econômica, principalmente pela sua sistemática produtiva que consistia
em produzir bens pequenos, que consumissem pouca energia e matéria-prima, ao contrário
do padrão norte-americano. Com o choque do petróleo e a consequente queda no padrão de
consumo, os países passaram a demandar uma série de produtos que não tinham capacidade,
e, a princípio, nem interesse em produzir, o que favoreceu o cenário para as empresas ja-
ponesas toyotistas. A razão para esse fato é que devido à crise, o aumento da produtividade,
embora continuasse importante, perdeu espaço para fatores tais como a qualidade e a di-
versidade de produtos para melhor atendimento dos consumidores.
4 Surgiu no Japão após a II Guerra Mundial, porém, só a partir da crise capitalista da década de 1970
ele foi amplamente aplicado.25
A Automatização da Produção
A automação dos processos produtivos na indústria e nos serviços é uma mudança
definitiva na forma de produzir bens e prestar serviços das sociedades modernas. Entende-
se por automação industrial o conjunto de tecnologias relacionadas com a aplicação de
equipamentos (sejam eles mecânicos, eletrônicos ou informacionais) em sistemas industriais
de produção visando o aumento da produtividade e menores custos de produção, o que na
maioria das vezes significa redução de custos de pessoal.
 A automatização permite um melhor planejamento e controle da produção, todavia,
além de exigir um quadro reduzido de trabalhadores, torna também necessário a demanda
de mão-de-obra especializada, produzindo o que chamamos de desemprego estrutural.
Esse tipo de desemprego acontece em função de mudanças definitivas na própria estrutura
da sociedade tornando necessário a constante requalificação do trabalhador para poder
estar inserido no mercado de trabalho. Se até então, a luta era pelo aumento dos salários,
hoje a grande reivindicação dos trabalhadores passou a ser um emprego.
A Expansão Do Setor Terciário
Eliminação de Empregos nos Setores Primário e Secundário
A crescente automatização do processo produtivo, redução dos custos de mão-de-
obra e a flexibilização da economia acarretou o aumento do desemprego no setor secun-
dário. O setor terciário procura absorver parte desse contingente de desempregados. O
setor secundário, que foi talvez o grande empregador de mão-de-obra durante a maior
parte do século XX, encontra-se atualmente num processo de eliminação de força de trabalho
humana, num ritmo até mesmo mais acelerado que o setor primário.
Todo país bastante industrializado possui, ou chegou a possuir, um mínimo de 30%
de sua população economicamente ativa no setor secundário. Todavia, a maior parte das
economias já industrializadas — especialmente os líderes da Terceira Revolução Industrial:
Estados Unidos, Japão, Alemanha e outros — vem apresentando, desde os anos 1970,
uma rápida diminuição do número de operários. O único setor em que atualmente há um
sensível crescimento de empregos e de novas atividades é o terciário, que, estima-se, será
o grande empregador, pois os outros dois setores irão ocupar juntos, no máximo, 20% da
força de trabalho nos países industrializados. Em virtude da mecanização do campo e da
urbanização, a percentagem da população ocupada no setor primário tende a diminuir no
mundo inteiro, até atingir uma média de 5% a 6% da população ativa.
Algumas características permeiam a automação industrial:
• A redução de custos de pessoal;
• Redução de custos do estoque
(intermédios e terminais);
• Aumento da qualidade dos produtos;
• Maior disponibilidade dos produtos;
• Ágil desenvolvimento tecnológico;
• Aumento da flexibilidade da produção:
26
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
Atenção Atenção Atenção Atenção Atenção !!!!!
O setor terciário é muito amplo e diversificado, de maneira que alguns autores até
propõem dividi-lo: o comércio em geral seria o setor terciário e os serviços passariam a
constituir um novo setor, o quaternário. Mas, por enquanto, essa nova classificação ainda
não é utilizada pela imensa maioria dos institutos de pesquisas e estatísticas e, dessa
forma, continuamos a colocar o comércio e os serviços juntos no setor terciário.
Novos Empregos e o Desemprego no Setor Terciário
A Diversificação do Setor Terciário
O fato de agregar uma gama muito ampla de atividades, muitas delas
derivadas do setor produtivo, faz com que a característica predominante do
setor de serviços seja a heterogeneidade. Tal característica transcende o
aspecto relativo ao número e variação das atividades, aplicando-se também
ao modo como elas surgem e interagem com as atividades pertinentes aos
demais setores; não só do ponto de vista econômico, mas também do ponto
de vista social e cultural.
Pelo fato de muitas de suas atividades exigirem apti-
dões típicas dos seres humanos e difíceis de serem mecani-
zadas -tais como criatividade, liderança, iniciativa, resolução
de situações imprevistas, inteligência emocional, etc. -, uma
parte significativa do setor terciário não tende a esvaziar-se
com a automação e robotização, tal como vem ocorrendo com
os ou-]tros dois setores. Pelo contrário, graças aos avanços
recentes na globalização e na revolução técnico-científica, uma
série de novas atividades ou empregos está surgindo no setor
terciário: novos tipos de comércio, expansão do turismo, da
informática, das telecomunicações, das pesquisas científicas
e tecnológicas, etc.
Esse crescimento, no entanto, não ocorre em todas as atividades do setor terciário,
mas somente em algumas delas, pois, existem inúmeros empregos desse setor que também
estão sendo esvaziados pela automatização das tarefas: uma parte dos bancários,
funcionários de escritório, datilógrafos, arquivistas, recepcionistas, etc.
Pode-se perceber que dos três setores de atividades e no transcorrer das duas
últimas décadas, o terciário é o setor que mais vem crescendo. Nos países mais in-
dustrializados e urbanizados, ele cresce bem mais, porém, até mesmo nas sociedades
predominantemente agrárias e pouco urbanizadas ele também vem se expandindo, mesmo
que, às vezes, a um ritmo ainda lento.
Nota-se que é muito importante estabelecer uma distinção entre um
setor terciário mais avançado ou moderno, formado por serviços espe-
cializados - seguros, assessorias, educação e pesquisa, firmas que
desenvolvem softwares para computadores, bancos, comércio mais bem
equipado, etc. -, e um setor terciário tradicional - camelôs ou comércio
ambulante, serviços domésticos ou de consertos, oficinas de fundo de quintal,
guardadores de carros nas ruas, etc. —, que predomina nos países e regiões
menos desenvolvidos.
27
Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!
O Mercado Informal e Subemprego no Setor Terciário
A OIT (Organização Internacional do Trabalho) considera trabalhadores
informais aqueles que exercem atividades econômicas à margem da lei e desprovidas
de proteção ou regulamentação pública, e cuja produção acontece em pequena escala.
O aumento do setor terciário e dos serviços nos países subdesenvolvidos intensificou
o que se denomina de mercado informal. Em países, como o Brasil, a informalidade cresce
devido ao alto índice de desemprego, a miséria e a desigualdade social.
Para a OIT - Organização Internacional do Trabalho - o trabalho informal também se
caracteriza pela ausência das relações contratuais. Essa crescente categoria de traba-
lhadores constitui uma rede de pessoas envolvidas, composta por fornecedores, inter-
mediários, distribuidores, fiscais da prefeitura, vigia de rua, etc.
A constante reorganização do mercado de trabalho faz com que novas formas de
divisão do trabalho apareçam. Se anteriormente, o trabalhador desenvolvia sua tarefa de
forma reduzida em uma empresa, ao se inserir, por exemplo, no comércio ambulante terá
de planejar sua atividade, quanto à escolha dos produtos que irá oferecer, como negociará
com os fornecedores, como irá atrair uma clientela que garantirá o seu negócio.
Aparentemente a distância entre o planejamento e execução do trabalho, proveniente
da divisão do trabalho é acirrada pelos modelos de organização de Taylor e Ford é reduzida
quando o trabalhador atua como camelô podendo desconhecer completamente todo o
processo produtivo pelo qual passou o produto e qual sua origem.
Os trabalhadores informais dividem-se entre aqueles que trabalham por conta própria
e estão empregados, porém sem carteira assinada; empregam até cinco pessoas ou trabalham
sem remuneração. Aí está o problema da excessiva terceirização das atividades, a falta de
perspectiva de emprego formal, a baixa remuneração e as péssimas condições de trabalho.
A educação está sendo vista como uma importante atividadeterciária,
através dos seus mais variados níveis: fundamental, médio, superior, técnico
ou profissionalizante e o de reciclagem ou atualização profissional, transfor-
mando-se em negócio lucrativo e de grande procura face ao sucateamento
e o descaso com que o ensino é tratado pelo poder público.
Qual sua opinião acerca disso?
1..... O processo produtivo passou por mudanças significativas desde o século XIX. Quais
as principais características do fordismo e quais as “herdadas” do taylorismo?
AtividadesAtividadesAtividadesAtividadesAtividades
ComplementaresComplementaresComplementaresComplementaresComplementares
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Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
3..... Quais as principais características da automatização industrial e as repercussões
nas relações de trabalho?
2..... O capitalismo pode ser dividido basicamente em três fases; comente
as características mais marcantes de cada uma delas.
4..... O setor terciário é o que mais cresce na economia; quais as principais causas dessa
hipertrofia? Quais as consequências disso nos países subdesenvolvidos?
5..... A Bolívia é fortemente dependente da exportação de gás natural, e o Brasil aparece,
naturalmente, como o principal mercado consumidor para o gás boliviano. Dê sua opinião
acerca dos últimos acontecimentos envolvendo as negociações do gás natural com a Bolívia.
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INDÚSTRIA, ORGANIZAÇÃO ESPACIAL,
SOCIEDADE E AMBIENTE
Este bloco aborda as conseqüências sócio-espaciais do fenômeno industrial nos
mais diversos aspectos: urbanização, qualidade de vida, impactos ambientais e papel
integrador da educação.
A dispersão da indústria no mundo, as grandes mudanças na organização espacial,
a intensificação do processo de urbanização, assim como a estrutura industrial brasileira e
a industrialização e suas repercussões no Estado da Bahia, constituem-se em temáticas a
serem estudadas nesse tema.
Organização e Distribuição da Indústria no Mundo
A Industrialização do Espaço Mundial
As origens do processo de industrialização remontam ao século XVlll, quando na
sua segunda metade, emergem na Inglaterra, grande potência daquele período, uma série
de transformações de ordem econômica, política, social e técnica, que convencionou-se
chamar de Revolução Industrial.
A Industrialização na Europa:
A industrialização começou no continente europeu por volta de 1815. A Inglaterra até
1850, continuou dominando o primeiro lugar entre os países industrializados. Outros países
já contavam com suas fábricas e equipamentos modernos, porém, esses eram considerados
uma “miniatura de Inglaterra”, a exemplo, os vales de Ruhr e Wupper na Alemanha, que
eram bem desenvolvidos, porém não possuíam a tecnologia das fábricas inglesas.
Na Europa, os maiores centros de desenvolvimento industrial, na época, eram as
regiões mineradoras de carvão, lugares como o norte da França, nos vales do Rio Sambre
e Meuse, na Alemanha, no vale de Ruhr, e também em algumas regiões da Bélgica.
A Expansão da Industrialização pelo Mundo
Após 1850, a produção industrial se descentralizou da Inglaterra e se expandiu
rapidamente pelo mundo, principalmente para o noroeste europeu, e para o leste dos Estados
Unidos. Porém, cada país se desenvolveu em um ritmo diferente baseado nas condições
econômicas, sociais e culturais de cada lugar. A seguir, os exemplos mais significativos:
• Alemanha – como resultado da Guerra Franco-prussiana, em 1870, houve a
Unificação Alemã, que, liderada por Bismarck, impulsionou a Revolução Industrial no país
que já estava ocorrendo desde 1815 (foi a partir dessa época que a produção de ferro
fundido começou a aumentar de forma exponencial).
INDÚSTRIA E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL
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Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
• Itália – a unificação política realizada em 1870, à semelhança do que ocor-
reu na Alemanha, impulsionou, mesmo que atrasada, a industrialização do país.
Essa que só atingiu ao norte da Itália, pois o sul continuou basicamente agrário.
• Rússia – começou o processo de industrialização muito mais tarde,
nas últimas décadas do século XIX. Os principais fatores para que ela aconte-
cesse foi a grande disponibilidade de mão-de-obra, intervenção governamental
na economia através de subsídios e investimentos estrangeiros à indústria.
• EUA – a industrialização relativamente tardia em relação a Inglaterra pode ser
explicada pelo fato de que nos EUA existia muita terra per capita e assim, uma vantagem
comparativa na agricultura em relação a Inglaterra e em virtude disso, demorou bastante
tempo para que a indústria ficasse mais importante que a agricultura. Outro fator é que os
Estados do Sul eram escravagistas, o que retardava a acumulação de capital, como tinham
muita terra, eram essencialmente agrários, impedindo a total industrialização do país que
até a segunda metade do século XIX era constituído só pelos Estados da faixa leste do
atual Estados Unidos.
• Japão – a modernização data do início da era Meiji, em 1867, quando a super-
ação do feudalismo unificou o país. A propriedade privada foi estabelecida, a autoridade
política foi centralizada, possibilitando a intervenção estatal do governo central na economia,
o que resultou no subsídio à indústria. E como a mão-de-obra ficou livre dos senhores feudais,
ocorreu assimilação da tecnologia ocidental e o Japão passou de um dos países mais
atrasados do mundo a um país industrializado.
A Industrialização nos Países Subdesenvolvidos
A partir do século XX, especialmente após a 2ª Guerra Mundial, países subdesen-
volvidos - também chamados de países em desenvolvimento - passaram por processos de
industrialização. Nesses países foi muito marcante a presença do Estado nacional no
processo de industrialização, e das empresas multinacionais (empresas estrangeiras), que
impulsionaram esse processo, e fizeram com que alguns países da periferia do mundo hoje
fossem potências industriais.
De maneira avessa a ocorrida nos países do mundo desenvolvido, a industrialização
não resultou necessariamente na melhoria de vida das populações, ou no desenvolvimento
do país, pelo contrário; esse processo nos países subdesenvolvidos se deu de forma
dependente de capitais internacionais, o que gerou um aprofundamento da dependência
externa, perpetuando essa relação até a atualidade.
As indústrias que se instalaram
nesses países já vieram com sua
estrutura praticamente organizada
não gerando o número de empregos
neces-sários para absorver a mão de
obra cada vez mais numerosa que
vinha do campo para as cidades,
provocando um processo de urba-
nização desordenado, sem a devida
infra-estrutura e oferta de empregos
necessária para absorver essa mão-
de-obra.
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Estrutura Industrial Brasileira
Após analisar como a industrialização se expandiu pelo mundo, agora é o momento
de nos determos, mais especificamente, na industrialização brasileira. Primeiramente, antes
de adentrar pela estrutura da indústria brasileira, é importante conhecer a industrialização
em nosso país, a partir das seguintes fases:
1a fase: 1822 a 1930
Esse período caracteriza-se por uma reduzida atividade industrial, devido a
característica agrário-exportadora do país. Nessa fase, no entanto, ocorrem dois fatos que
facilitam a industrialização futura: a Abolição da Escravatura e a entrada de imigrantes, que
vão servir e mão-de-obra.
2a fase: 1830 a 1956
Muitos autores consideram o ano de 1930 como o ano da “Revolução Industrial” no
Brasil, ele marca o início do processo de industrialização no país. A crise do café determinada
por uma crise maior, a Crise de 1929, fez com que na região Sudeste o capital fosse
transferido para a indústria e se concentrasse mais especificamente em São Paulo. Nessa
fase, existiu quase a exclusividade de indústrias de bens de consumo não duráveis
(denominado período de “Substituição de importações”), todavia, o Governo de Getúlio
Vargasinvestiu na criação de empresas estatais do setor de base como a CSN - Companhia
de Siderurgia Nacional - siderurgia, PETROBRÁS (extração e refino de petróleo e a CVRD
– Companhia Vale do Rio Doce - mineração.
3a fase: 1956 a 1989
Constitui o período de maior crescimento industrial do país em todos os tipos de
indústria, tendo como base a aliança entre o capital estatal e o capital estrangeiro. O governo
Juscelino Kubitschek dá início a chamada “Internacionalização da Economia”, com a entrada
de empresas transnacionais, notadamente do setor automotivo. O processo iniciado por
J.K. teve continuidade durante a Ditadura Militar (1964 a 1985), destacando-se o Governo
Médici, período do “Milagre Brasileiro”, que determinou crescimento econômico, mas
também aumento da dívida externa e concentração de renda.
4a fase: 1989 à atualidade
Fase iniciada no Governo Collor com continuidade até o Governo atual, marca o
avanço do Neoliberalismo no país, com sérias repercussões no setor secundário da
economia, devido a grande flexibilização da mesma. O modelo econômico adotado
determinou a privatização de quase todas as empresas estatais, tanto no setor produtivo,
como as siderúrgicas e a CVRD, quanto no setor da infra-estrutura e serviços, como o caso
do sistema Telebrás.
Além disso, os últimos anos marcaram a abertura do mercado brasileiro, com
expressivas reduções na alíquota de importação. Por outro lado, houve brutal aumento do
desemprego, devido a falência de empresas e as inovações tecnológicas adotadas, com a
utilização de máquinas e equipamentos industriais de última geração, necessários para
aumentar a competitividade e resistir à concorrência internacional.
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Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
A partir do século XIX em meio à política econômica predominantemente agrária
(sobressaindo-se a agricultura do café) e após a revogação da lei que proibia a implantação
de manufaturas no país, a implantação da Tarifa Alves Branco (ano de 1844), a tentativa de
implantação de um desenvolvimento industrial através de uma política protecionista, que
estabelecia mediante o aumento das tarifas alfandegárias, foi favorecida.
As iniciativas do Barão de Mauá
Foi o caso das tentativas de implantação de uma infra-estrutura para o desenvolvimento
da indústria realizada por Irineu Evangelista de Souza, mais conhecido como Barão de
Mauá: este foi o responsável pela fundação do segundo Banco do Brasil (a falência do
primeiro Banco do Brasil ocorreu no ano de 1829) além do Banco Mauá. O Barão de Mauá
também construiu estradas de ferro (Mauá construiu a primeira ferrovia do Brasil,
estabelecendo comunicação viária entre as cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis) e
implantou a iluminação urbana a gás também na cidade do Rio.
No ano de 1846, Mauá instalou o Estaleiro da Ponta da Areia, inaugurando assim a
indústria naval brasileira. Porém, suas tentativas falharam justamente ao serem bloqueadas
pela própria orientação econômica do país naquele período, pois Mauá não recebeu apoio
das elites agrárias, e ainda pela grande concorrência com as empresas estrangeiras.
Os empreendimentos de Mauá foram à total falência, porém as atividades industriais
no Segundo Reinado tiveram assim seu primeiro impulso: os bens de consumo no país
eram predominantemente importados, porém a incipiente indústria no Brasil se orientava
inicialmente para a tentativa de substituição de alguns produtos importados pelos similares
nacionais. A concorrência entre os produtos nacionais e importados foi amenizada com o
estabelecimento da Tarifa Alves Branco, porém a indústria de bens de produção praticamente
inexistia no Brasil deste período, sendo que todos os insumos e maquinarias industriais
ainda eram importados.
Compreendendo a industrialização brasileira
A industrialização no Brasil, inicialmente, esbarrava no caráter essenci-
almente agrário da economia e da política adotada no país. A economia era
dominada pela antiga classe de latifundiários, assim como toda a política do
país se via sob forte controle desta classe. Deste modo, todas as leis apro-
vadas sempre terminavam por favorecer a ampliação e perpetuação da classe
de latifundiários no poder e a predominância das atividades agrárias enquanto
principal eixo econômico.
Governo Getúlio Vargas e a Implantação da Indústria de Base
Damos agora um grande salto no tempo chegando ao governo de Getúlio Vargas, pois
o mesmo foi imprescindível para a implantação de uma indústria de base nacional que pas-
sou a ser empreendida a partir da grande crise mundial de 1929 e após a Revolução de 30.
33
Vargas avançou no controle estatal das atividades ligadas ao petróleo e ao com-
bustível por meio da criação do Conselho Nacional do Petróleo, em 1938, criando a Petrobras
- Petróleo Brasileiro S/A (1953). Estimulou a indústria de base com a fundação da Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN) de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, em 1941, e obteve
financiamento norte-americano para instalação da Fábrica Nacional de Motores, no Rio de
Janeiro, em 1943.
Inaugurou, também, a Companhia do Vale do Rio Doce, com o fito de explorar
minérios. A fim de contribuir com a formação de mão-de-obra especializada para o setor
industrial, instalou o Serviço Nacional da Indústria (Senai), em 1942, e o Serviço Social da
Indústria (Sesi), em 1943.
Com o intuito de fiscalizar o sindicalismo
operário, foram ampliados os serviços estatais de
aposentadoria, criados em 1940, o imposto sindical
e o salário mínimo, e posta em vigor a Consoli-
dação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943. Ao
lado dessa política de concessões aos trabalha-
dores - auxílio-natalidade, salário-família, licença
para gestante, estabilidade no emprego (após 10
anos), descanso semanal remunerado - extinguiu-
se o direito de greve e a independência dos sindi-
catos, os quais passaram a ser dirigidos por “pele-
gos”, falsos líderes sindicais ancorados no governo.
O Governo Juscelino Kubitschek: “Cinqüenta anos em cinco”
A administração de Juscelino Kubischek foi marcada por um cunho modernizador e
desenvolvimentista, apoiado no famoso slogan “Cinqüenta anos em cinco”. Implantou o Plano
Nacional de Desenvolvimento (conhecido como “Plano de Metas”) estimulou o crescimento
e a diversificação da economia e abrangia vários setores de atuação:
• Energia;
• Transporte;
• Alimentação;
• Educação;
• Implantação de indústria automobilística;
• Incentivos à industrialização.
O governo passou a investir na indústria de base, na agricultura, nos transportes e no
fornecimento de energia. Através do planejamento estatal instalou empresas nas áreas
automobilísticas, eletrodomésticas e siderúrgicas. Como resultado, a produção industrial
aumentou em 80% e no final do seu mandato como Presidente, o Brasil apresentava pela
primeira vez um PIB (Produto Interno Bruto) industrial maior do que o PIB agrícola. Em seu
período presidencial, o Brasil viveu um forte crescimento econômico, mas também um
significativo aumento da dívida pública, interna e externa.
34
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
Governo Militar e o “Milagre Econômico”
Durante o Governo Militar, o Brasil entra numa fase de grande
crescimento em todos os setores econômicos, ao lado da grande concentração
de bens nas mãos de uma classe privilegiada. Esse período é chamado de
“milagre econômico” por muitos historiadores e economistas, compreende
os anos de 1967-1973, em que as taxas do PNB (Produto Nacional Bruto)
cresceram vertiginosamente. Grande quantidade de capital estrangeiro era
aplicada no país, ao passo que as exportações brasileiras, ao serem grandemente
amplificadas, possibilitaram a entrada de capitais para o investimento em máquinas. No
entanto, as desigualdades sociais também foram acentuadas a partir deste período e,
passados estes anos do “Milagre”, o Brasil entraria em uma de suas mais graves crises de
sua história. Na

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