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GeografiadaIndústria, ComércioeServiços 1 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços 2 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços copyright © FTC EaD Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância. www.ead.ftc.br ♦PRODUÇÃO ACADÊMICA♦ Gerente de Ensino ♦ Jane Freire Coordenação de Curso ♦ Gisele das Chagas Autor (a) ♦ Camila Xavier Nunes Supervisão ♦ Ana Paula Amorim ♦PRODUÇÃO TÉCNICA ♦ Revisão Final ♦ Carlos Magno Brito Almeida Santos Coordenação ♦ João Jacomel Equipe ♦ Alexandre Ribeiro, Angélica de Fátima, Cefas Gomes, Clauder Filho, Delmara Brito, Diego Doria Aragão, Diego Maia, Fabio Gonçalves, Francisco França Júnior, Hermínio Vieira, Israel Dantas, Lucas do Vale, Marcio Serafim, Mariucha Ponte, Ruberval da Fonseca e Tatiana Coutinho. Editoração ♦ Mariucha Silveira Ponte Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource Ilustrações ♦ Mariucha Silveira Ponte e Ruberval da Fonseca EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO: Presidente ♦ Vice-Presidente ♦ Superintendente Administrativo e Financeiro ♦ Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦ Superintendente de Desenvolvimento e>> Planejamento Acadêmico ♦ SOMESB Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda. Gervásio Meneses de Oliveira William Oliveira Samuel Soares Germano Tabacof Pedro Daltro Gusmão da Silva FTC - EaD Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância Diretor Geral ♦ Diretor Acadêmico ♦ Diretor de Tecnologia ♦ Gerente Acadêmico ♦ Gerente de Ensino ♦ Coord. de Softwares e Sistemas ♦ Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦ Coord. de Produção de Material Didático ♦ Reinaldo de Oliveira Borba Roberto Frederico Merhy Jean Carlo Nerone Ronaldo Costa Jane Freire Luis Carlos Nogueira Abbehusen Romulo Augusto Merhy Osmane Chaves João Jacomel Gerente de Suporte Tecnológico ♦ 3 SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO 07 07 07 08 09 15 15 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 23 21 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 11○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 25 14 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 27○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 29 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ GEOGRAFIA DA INDÚSTRIA: CONCEITOS, ESTRUTURA ORGANIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS INDÚSTRIA, TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Introdução à Geografia da Indústria A industrialização e suas repercussões Classificação das indústrias Fatores locacionais e teorias de localização Atividade complementar EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS INDÚSTRIAS E DO SETOR TERCIÁRIO NO CONTEXTO DA ENCONOMIA GLOBAL Evolução tecnológica da indústria e as relações de trabalho Transição do capitalismo industrial para o capitalismo financeiro e informacional A fragmentação do processo produtivo A expansão do setor terciário Atividade complementar INDÚSTRIA, ORGANIZAÇÃO ESPACIAL, SOCIEDADE E AMBIENTE 4 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços Atividade Orientada Glossário Referências Bibliográficas 29 29 38 31 51 51 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 65 60○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 44○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 50○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 73○ ○ ○ 78 82 84 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ INDÚSTRIA E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL Organização e distribuição da indústria no mundo Estrutura industrial brasileira Distribuição espacial da indústria brasileira A industrialização na Bahia Atividade complementar INDÚSTRIA, QUALIDADE DE VIDA, AMBIENTE E EDUCAÇÃO ○ ○ ○ ○ Problemas ambientais impulsionados pela industrialização Qualidade de vida e evolução técnico-industrial Sociedade, ambiente e temas educacionais Sociedade e ambiente: o papel transformador da escola Atividade complementar 76○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 5 Prezado aluno! Esta disciplina tem como objetivo conduzi-lo à construção de bases teóricas referentes ao processo de industrialização nas mais diversas escalas e suas repercussões sócio-espaciais, assim como demonstrar a importância da Geografia como instrumento de investigação desse fenômeno que reestruturou a organização do espaço e da sociedade como um todo. A análise de conceitos e teorias, pertinentes à Geografia da Indústria, bem como a compreensão dos fatores de localização industrial, da estrutura do espaço industrial e da relação com os recursos naturais, permitirá entender porque a Geografia da Indústria está intimamente relacionada com o estudo dos comportamentos do consumo. Por fim, a discussão será conduzida a partir da interface dos conteúdos abordados até então e a prática pedagógica que propõe a análise e o entendimento dos diferentes impactos (sociais, econômicos, ambientais e/ou culturais) resultantes do fenômeno industrial. Bons estudos! Camila Xavier Nunes Apresentação da Disciplina 6 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços 7 INDÚSTRIA, TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO O primeiro bloco busca apresentar a Geografia da Indústria a partir de alguns conceitos e do processo de desenvolvimento do fenômeno industrial, nas diversas escalas, da mundial à local. As diferentes fases da industrialização que acentuaram as disparidades regionais, a indústria como setor importante na economia, mesmo em tempos de aceleração do capitalismo financeiro, serão temáticas também discutidas. GEOGRAFIA DA INDÚSTRIA: CONCEITOS, ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS Nesse primeiro tema você estará em contato com informações introdutórias acerca da Geografia da Indústria a partir de alguns conceitos e fatores explicativos sobre o desenvolvimento do processo de industrialização, bem como suas repercussões sócio- espaciais e a classificação e localização do fenômeno industrial. Introdução à Geografia da Indústria A disciplina de Geografia da Indústria está muito associada a diversas outras disciplinas, como Geografia Econômica, Geografia Política e Geografia da População, devido o fenômeno industrial ter reestruturado não somente a economia mundial, mas também toda uma configuração espacial. A maneira que essa disciplina se organiza tem como objetivo tornar o conteúdo melhor assimilado e compreendido no que tange às especificidades do fenômeno industrial e das repercussões sociais e espaciais nas mais diversas escalas; todavia, sem perder a noção do todo. A indústria pode ser conceituada como o conjunto de atividades produtivas que se caracteriza pela transformação de matérias primas de modo manual ou com auxílio de má- quinas e ferramentas para a fabricação de mercadorias. A indústria moderna surgiu com a Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX) como resultado de um longo processo que iniciou com o artesanato medieval; passando pela produção manufatureira (primeiro momento da organização fabril) e posteriormente, pela inserção de novas tecnologias. A indústria contemporânea caracteriza-sepela produção em massa nas fábricas, pela intensa mecanização e automação do processo produtivo e a denominada racio- nalização do trabalho (produtividade ao máximo). A atividade industrial pode se materializar em diferentes espaços, desde uma empresa de pequeno porte, até uma fábrica de qualquer tamanho inserida num parque industrial, que trabalhe com atividade de transformação, que usem maquinários, que tenham como objetivo criar um terceiro produto, pode ser considerada indústria. Interessante salientar que a indústria não está somente na cidade, ultimamente a indústria também está no campo, através das denominadas agroindústrias. A humanidade, historicamente, necessita transformar os elementos da natureza para poder utilizá-los e a indústria é o setor da economia que congrega esse processo de trans- formação dos recursos em matéria-prima e em vários tipos de bens. A atividade industrial continua sendo o motor da economia apesar de todo o desenvolvimento dos outros setores. 8 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços A Industrialização e suas Repercussões O processo de industrialização foi responsável por grandes transformações no espaço da cidade. Se essas transformações caracterizavam-se por suas atividades comerciais, a atividade industrial inseria-se com grande velocidade e intensidade que gerava mudanças significativas na organização e estruturação das cidades, sendo o fator que mais acelerou o processo de urbanização. Pode-se afirmar que um fator está intrinsecamente associado ao outro. A mecanização da agricultura e a elevação da produtividade agrícola provocaram o êxodo rural e novos hábitos de consumo, produziram também uma nova relação sociedade/ natureza e criou novas profissões no mercado de trabalho. A produção industrial cria novos produtos e acaba atingindo também, os hábitos, os padrões culturais e de consumo, criando sucessivamente, novas necessidades de consumo. Isso viria mudar radicalmente a organização social, onde consumir não é apenas uma atividade necessária de sobrevivência, mas sim também de status social, muito se discute acerca de estarmos vivendo na denominada sociedade do consumo (assunto que ainda será abordado mais detalhadamente). A produção industrial está altamente associada à multiplicação de diversos ramos de serviços que caracterizam a denominada cidade moderna e diretamente associada ao desenvolvimento tecnológico dos meios de transporte e comunicação, que, nas mais diversas escalas interligam as regiões, por isso as repercussões do fenômeno industrial são tão amplas que não atingem somente o lugar onde se localizam, pois estão presentes em todos os pro- cessos produtivos e nos produtos consumidos pela população nas mais diversas escalas. Por isso, não é exagero afirmar que a industrialização foi responsável por profundas transformações espaciais em extensas áreas do planeta. A indústria deve ser entendida como atividade integrante da cultura do homem e que esta última é tão antiga quanto o surgimento do homo sapiens. O modo de vida atual é, direta ou indiretamente, fruto das transformações trazidas pela tecnologia industrial. A Revolução Industrial As origens da Revolução Industrial podem ser encontradas nos séculos XVI e XVII, com a política de incentivo ao comércio, política essa utilizada pelos países absolutistas. Assim, a acumulação de capitais nas mãos dos comerciantes burgueses e a abertura dos mercados (devido a expansão marítima) incitaram o crescimento da produção - maior produtividade e preços mais baixos. Gradativamente, passou-se do artesanato disperso para a produção em oficinas e destas para a produção mecanizada nas fábricas. A mecanização da produção criou o proletariado rural e urbano, composto de homens, mulheres e crianças, submetidos a um 9 trabalho diário exaustivo, no campo ou nas fábricas. Importante lembrar que com a Revolução Industrial, consolidou-se o sistema capitalista, baseado no capital e no trabalho assalariado. O desenvolvimento da Revolução Industrial está dividido em três grandes fases: Revolução Industrial: novas relações de trabalho • A primeira fase da Revolução Industrial (1760-1860) Essa fase acontece na Inglaterra, o pioneirismo se deve a vários fatores, como o acúmulo de capitais e grandes reservas de carvão. O país com seu poderio naval abre mercados na África, Índia e nas Américas para exportar produtos industrializados e importar matérias-primas. • A segunda fase da Revolução (de 1860 a 1900) Ocorre a difusão dos princípios de industrialização na França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão. Do mesmo modo cresce a concorrência e a in- dústria de bens de produção. Nessa fase as principais mudanças no processo produtivo são a utilização de novas formas de energia (elétrica e derivada de petróleo), o aparecimento de novos produtos químicos e a substituição do ferro pelo aço. • A terceira fase da Revolução Industrial (de 1900 até os dias atuais) Caracteriza-se pelo surgimento de grandes complexos industriais e empresas multi- nacionais e pela automação da produção. Desenvolvem-se a indústria química e a eletrônica. Os avanços da robótica e da engenharia genética também são incorporados ao processo produtivo, que depende cada vez menos de mão-de-obra e mais de alta tecnologia. Nos países de economia mais desenvolvida surge o desemprego estrutural, o mercado se globa- liza apoiado na expansão dos meios de comunicação e de transporte, o que Santos (2002) denomina de período técnico-científico-informacional. Classificação das Indústrias As indústrias podem ser classificadas com bases em vários critérios, sendo que o mais utilizado é o que leva em consideração o tipo e destino do bem produzido: Indústrias de base: são aquelas que trabalham com matéria-prima bruta, transfor- mando-a em matéria-prima para outros tipos de indústria, tem-se como exemplo a indústria siderúrgica e a indústria petroquímica. A siderurgia dedica-se à fabricação e ao tratamento do aço, importante destacar que a metalurgia é o conjunto de técnicas que o homem adquiriu com o decorrer do tempo que lhe permitiu extrair e manipular metais e gerar ligas metálicas. Já a indústria petroquímica é a fonte da maior parte dos artigos de consumo dispo- níveis no mundo moderno: como o plástico, em todas as suas variações, os tecidos e fibras sintéticas, como a microfibra, são produzidos com matérias-primas petroquímicas. A química fina, base para medicamentos e insumos agrícolas, também vem da petroquímica, por substituir matérias-primas de origem animal (couro, lã, marfim). A indústria petroquímica possibilita maior acesso a bens de consumo ao baixar o valor dos produtos, antes cons- tituídos por vidro, madeira, algodão, celulose e metais. 10 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços A indústria petroquímica brasileira tem suas origens no Governo Militar, quando foram construídos no país o Pólo Petroquímico de São Paulo em 1972, posteriormente o Pólo de Industrial de Camaçari (BA) em 1978 e logo em seguida, já na década de 80, foi construído o Pólo Petroquímico do Sul (Triunfo - RS) em 1982. • Indústrias de bens de capital ou intermediárias: produzem equipamentos necessários para o funcionamento de outras indústrias, como as de máquinas; • Indústrias de bens de consumo: são aquelas que produzem produtos voltados ao grande mercado consumidor (população em geral). Como, por exemplo, a indústria têxtil, que tem como objetivo a transformação de fibras em fios, e de fios em tecidos para abastecer as confecções (vestuário em geral). EX: Fábricas de lãs, tecidos, etc. A indústria alimentícia também faz parte desse tipo de indústria, que preparam ingredientes ou alimentos para serem comercializados e consumidos. Os bens variam tanto de alimentos frescos como carnes (abatedouros) e vegetais, conservas, temperos para outros alimentos a aqueles prontos parao consumo (pizzas, lasanhas, tortas). Subdividem-se em: • Bens duráveis: as que produzem bens para consumo a longo prazo, como automóveis; • Bens não duráveis: as que produzem bens para consumo em geral imediato, como as de alimentos. Todavia, outros critérios podem ser levados em consideração, como: Maneira de produzir: • Indústrias extrativas; • Indústrias de processamento ou beneficiamento; • Indústrias de construção; • Indústrias de transformação ou manufatureira. Quantidade de matérias-primas e energias utilizadas: • Indústrias leves; • Indústrias pesadas. Tecnologia empregada: • Indústrias tradicionais; • Indústrias dinâmicas. 11 Setores da Indústria: • Setor primário: compõe atividades econômicas que produzem matérias-primas, geralmente na transformação de recursos naturais em produtos primários para transformá- lo em produtos industrializados. O setor é composto de seis atividades econômicas: agri- cultura; pecuária; extrativismo vegetal; caça; pesca e mineração. • Setor secundário: transforma produtos naturais produzidos pelo setor primário em produtos de consumo ou então, em maquinário. Nesse setor, a matéria-prima é trans- formada em um produto manufaturado; • Setor terciário: constitui a comerciali- zação de produtos em geral, e o oferecimento de serviços comerciais, pessoais ou comunitários, a terceiros. É o setor que mais cresce, quase que desordenadamente. É a principal fonte de renda dos países desenvolvidos. Atualmente, o setor terciário encontra-se extremamente diversificado devido à intensa industrialização que vem ocorrendo, praticamente no mundo inteiro, nos últimos dois séculos. Fatores Locacionais e Teorias de Localização Uma série de fatores pode favorecer o desenvolvimento industrial de uma região, tais como: • Capital; • Energia; • Mão-de-obra; • Matéria-prima; • Mercado consumidor; • Meios de transportes. A análise da disponibilidade e estrutura de cada um desses fatores é que orienta a instalação das indústrias em determinados lugares e outros não. Atualmente, além dos fatores já citados acima, o incentivos fiscais oferecidos por alguns governos também são grandes atrativos para a instalação de indústrias em regiões economicamente frágeis. Teorias de Localização Industrial Dentre as bases teóricas comumente utilizadas na Geografia e na Economia para determinar fatores locacionais, destacam-se as seguintes teorias de localização industrial: • Teoria Clássica da Localização Industrial, de Alfred Weber (1909); • Teoria das Localidades Centrais, de Walter Cristaller (1930); • Teoria do Equilíbrio Espacial Geral, de August Lösch (1940); • Teoria de Pólos de Desenvolvimento e Crescimento, de François Perroux (1955). 12 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços A Teoria Clássica da Localização Industrial de Alfred Weber Esta teoria define fatores locacionais imprescindíveis para a localização de indústrias. Para Weber é primordial saber onde se situa um determinado empreendimento, dando ênfase à relação entre os custos de transporte, fontes de matérias-primas, a distância aos insumos e ao mercado. O autor divide esses fatores em específicos e gerais, os específicos dizem respeito a econo- mias de custos que podem ser alcançadas por um número pequeno de indústrias, já os gerais podem ser alcançados por qualquer indústria e podem ser subdivididos em regionais (que influenciam a escolha de uma região) e aglomerativos ou desaglomerativos (provocam concentração ou dispersão em uma região). Weber destaca entre os fatores locacionais: o transporte (regional), a mão-de-obra (regional) e as ofertas de serviços (como energia elétrica e água, por exemplo). Fatores que refletem o desenvolvimento urbano e social de uma determinada região também devem ser levados em consideração. Deve-se atentar para o aumento do valor agregado industrial, a elevação do nível de emprego e redistribuição da população (dimi- nuindo, dessa forma, as diferenças entre regiões), na utilização dos recursos locais, na criação de uma estrutura industrial diversificada e com capacidade de crescimento auto- sustentado e, por fim, visar o aumento da competitividade e da quantidade de exportações da empresa e da região, impulsionando ainda mais o desenvolvimento local. A Teoria das Localidades Centrais de Walter Cristaller Trata especificamente do nível de hierarquização das cidades, que varia em função do tipo de serviço oferecido e do grau de importância econômica das mesmas. Desse modo, pode-se tornar extremamente vantajosa e lucrativa a instalação da empresa em determinado lugar. A teoria foi desenvolvida por Cristaller e mais especificada por Lösch. Baseia-se numa extensão simples da análise de áreas de mercado, essas que variam de uma indústria para a outra, dependendo de economias de escala e demanda per capita. Desse modo, cada indústria tem um padrão de localização diferente. A teoria das localidades centrais mostra como esses padrões de localização de diferentes indústrias surgem para formar um sistema regional de cidades. A Teoria do Equilíbrio Espacial Geral de August Lösch Acerca de referências sobre a localização industrial pode-se incluir August Lösch, um nome de destaque na literatura sobre o tema. A teoria de Lösch apresenta grande impor- tância por considerar a hierarquia das cidades, as barreiras alfandegárias, os efeitos dos preços e sua variação em função da localização das fontes de matérias-primas e das áreas de mercado. A sua principal preocupação era desenvolver um modelo de equilíbrio geral do espaço que servisse tanto para a análise de projetos empresariais como públicos. Seu primeiro instrumento de análise para problemas de localização industrial foi desenvolvido na Itália, no começo da década de 70, com o objetivo de enquadrar, num mesmo cenário, as necessidades dos investidores, que procuravam a localização ideal para seus empreen- dimentos e dos administradores públicos, que visavam obter um melhor aproveitamento do território administrativo e desenvolver uma política industrial que refletisse o que as regiões pudessem oferecer. 13 Você Você Você Você Você SabiaSabiaSabiaSabiaSabia????? A Teoria de Pólos de Crescimento e Pólos de Desenvolvimento de François Perroux Através de sua teoria Perroux procurou distinguir as várias noções de espaços e suas implicações. Segundo suas idéias, as atividades econômicas não são localizáveis com precisão, por isso o espaço não podia ter um sentido meramente físico, também não poderia ser definido como um território delimitado pelos acidentes geográficos ou pelo livre arbítrio do homem, ao contrário, considerava as divisões vulgares e sem valor analítico para a economia. Perroux defendia a idéia que os espaços são conjuntos abstratos, constituídos de relações econômicas realizadas por agentes econômicos, conceitua o espaço econômico em duas perspectivas: inicialmente, examinando e descrevendo o relacionamento e a distri- buição das atividades econômicas no espaço geográfico, atividades que podem ser localizadas através de suas coordenadas ou mapeamento; posteriormente, analisando o espaço econômico que corresponde as relações conceituais mais amplas – por exemplo, uma empresa, uma indústria, ou um grupo delas, pode localizar sua produção em uma determinada área, porém seu mercado de insumos, ou de produto, pode estar localizada dentro ou fora do mesmo espaço geográfico. O autor parte do pressuposto que o crescimento não surge em todos os lugares ao mesmo tempo, manifestando-se com intensidades variáveis, em pontos ou pólos de cres- cimento (pontos ou áreas que exercem influência sobre uma região). Revisando...Revisando...Revisando...Revisando...Revisando... Os fatores locacionais devem ser entendidos como as vantagens que um determinado local pode oferecer para a instalação de uma indústria, dentre esses destacam-se: • Matéria prima abundantee barata; • Mão de obra abundante e barata; • Energia abundante e barata; • Mercados consumidores; • Infra-estrutura; • Vias de transporte e comunicações; • Incentivos fiscais; • Legislações fiscais, tributárias e ambientais amenas. Os modelos de localização industrial atuais aproveitam-se do desen- volvimento tecnológico avançado e utilizam ferramentas de geoprocessa- mento para obter informações das mais variadas sobre um determinado local. A utilização destes sistemas produz informações que permitem tomar de- cisões para colocar em pratica ações, os mesmos se aplicam a qualquer tema que manipule dados ou informações vinculadas a um determinado lugar no espaço, e cujos elementos possam ser representados em um mapa, como casas, escolas, hospitais, etc. CONTINUA 14 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços Levantadas as características do território em estudo, deve- se realizar também um estudo do empreendimento a ser lançado, levando-se em consideração características como a identificação das atividades realizadas naquele determinado local, informações quanto a planta, produtos, processos, matéria-prima e insumos, equipamentos, recursos humanos, tecnologia e escala de produ- ção e uma seleção dos fatores de localização que serão determi- nantes no processo de escolha, como infra-estrutura básica, trans- portes, serviços e insumos; características físico-geográficas; aspectos sócio-econômicos; restrições ambientais e legais e diretri- zes e políticas de incentivo implantadas em determinadas regiões. CONTINUAÇÃO 1..... Afirma-se que estamos vivendo uma Terceira Revolução Industrial. Manifeste sua opinião acerca desta questão. AtividadesAtividadesAtividadesAtividadesAtividades ComplementaresComplementaresComplementaresComplementaresComplementares 2..... Alguns fatores são imprescindíveis para a instalação de uma indústria, aponte quais são esses fatores e faça uma hierarquização dos mesmos, começando pelo qual você considera mais importante. 3..... O critério mais utilizado para a classificação das indústrias é em relação ao tipo de produto produzido, porém, quais outros tipos de classificação podem ser empregados? 15 Este tema aborda as constantes mutações que o processo produtivo sofreu ao longo da história, principalmente, por meio do desenvolvimento tecnológico que possibilitou transformações significativas no modo-de-produção e nos produtos desenvolvidos, devido a transição do capitalismo industrial para o capitalismo financeiro, num período denominado de tecnico- científico-informacional, em que as mudanças são tão voláteis quanto o consumo da produção e a conseqüente fragmentação do processo produtivo. Evolução Tecnológica da Indústria e as Relações de Trabalho Revolução Industrial e as Mudanças Tecnológicas A evolução progressiva do homem como ser social mostra que, quanto mais ele evolui tecnicamente, menos se submete às imposições da natureza, desse modo, se, por um lado, o homem como animal é parte integrante da natureza e necessita dela para continuar sobrevivendo, por outro, como ser social, cada dia mais sofistica os mecanismos de extrair da natureza recursos que, ao serem aproveitados, podem alterar de modo profundo os ambientes naturais. Ao passar de simples coletor de frutos e caçador para agricultor, criador de rebanhos e construtor de abrigos e de equipamentos cada vez mais complexos, o ser humano passou a alterar o equilíbrio e a funcionalidade dos ambientes naturais, privilegiando a expansão de um pequeno número de espécies animais e vegetais e eliminando uma grande quantidade de outras, que não eram de interesse imediato para satisfazer às suas necessidades. 4..... No que se baseia a Teoria das Localidades Centrais de Walter Cristaller? 5..... François Perroux defendia a idéia que os espaços são conjuntos abstratos, constituídos de relações econômicas realizadas por agentes econômicos e conceitua o espaço econômico em duas perspectivas, quais são elas? Justifique-as. EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS INDUSTRIAS E DO SETOR TERCIÁRIO NO CONTEXTO DA ENCONOMIA GLOBAL 16 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços A mudança de simples agricultores e criadores de subsistência para um estágio de agricultores-criadores com finalidades comerciais implementou uma significativa alteração de comportamento das sociedades humanas na relação com a natureza. A partir do momento em que os animais criados, os cereais cultivados e os vegetais coletados no campo ou nas florestas são explorados para a comercialização, deixam de ser simplesmente alimentos para se transformarem em mercadorias que levam à riqueza de alguns e à pobreza de outros. As necessidades de sobrevivência e a grande criatividade humana têm possibilitado aos homens aproveitar cada vez mais os recursos disponíveis na natureza. A intensificação comercial, com o acúmulo de reservas monetárias, fez surgir a ideologia do capital, ou seja, da concentração de riquezas através do ganho pela troca de mercadorias e moedas entre diferentes sociedades humanas. O Desenvolvimento Técnico A Revolução Industrial ao desenvolver novas tecnologias revolucionou o modo produtivo e as relações de trabalho. A invenção mais considerável do começo da revolução foi obra do operário inglês James Watt. Em 1768 ele criou a primeira máquina a vapor realmente eficaz (não criou a máquina a vapor e sim a aprimorou). A idéia básica era colocar o carvão em brasa pra aquecer a água até que ela produzisse muito vapor, a máquina girava por causa da expansão e da contração do vapor posto dentro de um cilindro de metal. As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII e, graças a essas máquinas a produção de mercadorias aumentou muito, a Inglaterra se tornou a maior exportadora mundial de tecidos. Os lucros dos burgueses donos de fábricas cresceram na mesma proporção, por isso, os empresários ingleses começaram a investir na instalação de indústrias. As fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra e provocaram mudanças muito profundas no modo de vida de milhões de pessoas. Nas primeiras décadas do século XIX, as máquinas a vapor equiparam navios e locomotivas; países como a Inglaterra, a França, a Alemanha e os EUA instalaram milhares de quilômetros de ferrovias e desenvolveram espetacularmente as indústrias de ferro e de máquinas. Assim sendo, a evolução dos meios de transporte está diretamente associado ao desenvolvimento da industrialização e vice-versa. Principais Avanços da Maquinofatura • 1733 – John Kay inventa a lançadeira volante; • 1740 – Benjamin Huntsman desenvolve o processo de produzir aço tipo “crucible”; • 1767 – James Hargreaves inventa a spinning jenny, que permitia a um só artesão fiar 80 fios de uma única vez; • 1768 – James Watt inventa a máquina a vapor; • 1769 – Richard Arkwright inventa a water frame; • 1779 – Samuel Crompton inventa a mule, uma combinação da water frame com a spinning jenny” com fios finos e resistentes; • 1785 – Edmond Cartwright inventa o tear mecânico. O Motor a Explosão e o Uso do Petróleo A máquina a vapor mostra-se limitada quanto ao uso, potência e, principalmente, ao rendimento. A descoberta do motor a explosão (a energia é liberada pela combustão da gasolina - ou álcool, diesel, querosene, gás, etc.) e da eletricidade fizeram ampliar a capa- 17 Você Você Você Você Você SabiaSabiaSabiaSabiaSabia????? CONTINUA , cidade dos maquinários e novas fontes de energias puderam ser utilizadas na produção industrial, a exemplo do petróleo, que gradativamente foi substituindo o carvão mineral. Embora fosse conhecido desde a Antiguidade, o petróleo só foi obtido pela primeira vez através de perfuração de poços em 1859. É hoje um dos responsáveis pela movimentação de motores de explosão devido às características de seus derivados. O petróleo, no século XX, passou a alimentar o sistemaindustrial e alguns modos de transporte, entretanto, por constituir-se de energia fóssil não renovável (assim como o gás natural e o carvão mineral), as limitações começaram a surgir. Conflitos de caráter político, econômico e social marcaram países em que o petróleo era importante elemento econômico, algumas guerras foram travadas, a exemplo da Guerra do Golfo (1991). Fontes de Energia Utilizadas na Indústria • O carvão mineral O carvão mineral foi fundamental para a primeira Revolução Industrial, ocorrida na Grã-Bretanha no século XVIII, representando a fonte de energia básica para o desenvol- vimento de dois setores industriais importantes: o siderúrgico e o têxtil. De todos os combustíveis fósseis, o carvão é, sem dúvida, o com maior reserva no mundo. Se o nível de exploração mundial continuar como atualmente, as reservas são sufi- cientes para durar aproximadamente 250 anos. É importante ressaltar que o carvão já foi usado como forma de energia durante anos, o mesmo não só forneceu a energia que abasteceu toda a Revolução Industrial no século XIX como também impulsionou toda a era da eletricidade no século XX. Atualmente aproximadamente 40% da eletricidade gerada mundialmente é produzida através do carvão. Alguns desses países que dependem da energia elétrica gerada pelo carvão são: Dinamarca, China, Grécia, Alemanha e Estados Unidos. A indústria de ferro e aço mundial também é fortemente dependente do uso do carvão. • Gás natural O gás natural é freqüentemente encontrado associado ao petróleo, pois forma-se do mesmo modo e acumula-se no mesmo tipo de terreno. O gás natural oferece algumas vantagens em relação ao petróleo: é menos poluente, as reservas conhecidas podem durar cerca de 60 anos e estão distribuídas em diversos continentes. Apesar de existência de consideráveis reservas de gás natural, o Brasil importa gás da Bolívia. A idéia de construir um gasoduto entre Bolívia e Brasil tem sido objeto de discussão por quase meio século; contudo, por várias razões, os diversos projetos não se apresentaram viáveis no passado. Por isso, durante este período de negociações, a Bolívia passou a exportar gás para a Argentina. Mas, no final dos anos 70, a Argentina tornou-se auto-suficiente em gás, podendo prescindir do gás boliviano. A partir daí as negociações entre Brasil e Bolívia começaram a tomar novo rumo com o final do contrato de importação de gás boliviano por parte da Argentina em 1992. A Bolívia é fortemente dependente da exportação de gás natural e o Brasil aparece, naturalmente, como o principal mercado consumidor para o gás boliviano. 18 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços Na indústria são utilizadas técnicas de verificação da qualidade de equipamentos, esterilização de materiais médicos e cirúrgicos; técnicas nucleares são utilizadas também para monitorar poluentes e identificar recursos aqüíferos. No entanto, problemas decorrentes dessa fonte de “energia do futuro”, como proliferação de armas, problemas ambientais, a questão do lixo atômico e os riscos de acidentes. • A energia nuclear: urânio O beneficiamento do urânio passa a ser difundido após o final da Segunda Guerra Mundial, pretensamente como substituto às fontes não-renováveis. O urânio tem amplas aplicações no campo da medicina, agricultura, proteção ao meio ambiente e indústria em geral. Na medicina ele propicia utilização de técnicas avançadas de diagnóstico e de tratamento de inúmeras doenças; já na agricultura ela é utilizada na irradiação de alimentos, permitindo que os mesmos durem por mais tempo. Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir! A região de Angra dos Reis, no sul Rio de Janeiro, foi escolhida para a ins-talação do complexo nuclear brasileiro (Angra 1 e 2) pela proximidade dos grandes centros consumidores, a Usina fica (em linha reta) a 220km de São Paulo, 130 km do Rio e 350 km de Belo Horizonte, que são grandes consumidores de energia elétrica. A implantação da Usina é mais um resultado da confusa e contraditória política nuclear brasileira, que se inicia na década de 1940. Nessa política, misturam-se os mais diversos interesses de militares, políticos, grandes potências, empresários e cientistas. Na maior parte das vezes as razões energéticas foram meras justificativas para esconder estratégias militares ou interesses econômicos. Intensificação das Diferenças Regionais Nesse processo acelerado de tec- nificação das sociedades humanas, algumas regiões do planeta foram palco de maiores alterações. Para produzir merca- dorias e equipamento foi necessário instalar extensos complexos industriais e, para alimentá-los, foi exigida a extração de matérias-primas e a exploração de fontes energéticas do mundo todo. A evolução das técnicas na indústria significou novas formas de relações entre os homens e destes com o território. A batalha pelo domínio da técnica e sua apropriação 19 pelas empresas e Estados, em alguns momentos com interesses convergentes, em outros divergentes, acabou gerando sérios conflitos tanto em nível nacional quanto internacional. A luta pelo controle da energia nuclear, do carvão e do petróleo está na origem da maioria das grandes guerras e de toda dominação externa. Podendo-se afirmar que o desenvolvimento das técnicas e as mudanças na conjuntura econômica internacional intensificaram as formas de apropriação dos recursos naturais dentro e fora dos territórios nacionais. A posição de alguns países desenvolvidos - mesmo possuindo abundância de recursos em seus territórios - foi a de explorá-los em regiões do mundo subdesenvolvido. O avanço técnico e científico e o crescente processo de industrialização, seja nos países ricos ou nos pobres, nos capitalistas ou nos socialistas, vêm progressivamente interferindo, agredindo e alterando a natureza, em benefício dos interesses imediatos dos homens. Profundas Transformações Sociais O principal desdobramento da Revolução Industrial, na esfera social, foi a transfor- mação das condições de vida nos países industriais em relação aos outros países da época, havendo, pois, uma mudança progressiva das necessidades de consumo da população conforme novas mercadorias foram sendo produzidas. As condições de vida do trabalhador braçal foram fortemente modificadas provo- cando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades1. Durante o início da Revolução Industrial os operários viviam em condições muito ruins - se com- paradas às condições dos trabalhadores do século seguinte – trabalhavam muitas horas por semana2, o salário era medíocre e tanto mulheres como crianças também recebiam um salário ainda menor. Dentre esses movimentos, podemos destacar como os mais significativos: Movimento Catequista (1811-12) Reclamações contras as máquinas inventadas após a revolução para poupar a mão- de-obra já eram normais. Mas foi em 1811 que o estopim estourou e surgiu o movimento também conhecido como ludita3. Chamaram muita atenção pelos seus atos e sua forma mais 1 Londres, por exemplo, cresceu de 800 000 habitantes em 1780 para mais de 5 milhões em 1880. 2 Os trabalhadores adultos da indústria têxtil trabalharam cerca de 80 horas por semana em 1870, 67 horas em 1820 e 53 horas em 1860. 3 O nome do movimento deriva de Ned Ludd, um dos líderes. Os denominados luditas A produção em larga escala e dividida em etapas iria distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final - já que cada grupo de trabalhadores passava a dominar apenas uma etapa da produção - entretanto, sua produtividade ficava maior. Algumas melhorias só vieram à medida que os trabalhadores pressionaram os seus patrões para tal, ou seja, se o salário e as condições de vida melhoraram com o tempo, foi por meio dos movi- mentos organizados pelos trabalhadores. 20 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços radical de protesto(ficaram lembrados como “os quebradores de máquinas”). Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram condenados à prisão, à deportação e até à forca. Posteriormente, operários ingleses mais experientes adotaram métodos mais eficientes de luta, como a greve. Movimento Cartista (1837-1848) Considerado o primeiro movimento independente da classe trabalha- dora britânica, exerceu forte influência sobre o pensamento político - o nome do movimento teve origem na Carta do Povo, principal documento de reivindicação dos operários. Esse movimento se destacou por sua organização, e por sua forma de atuação, pela via política, chegando a conquistar diversos direitos políticos para os trabalhadores. A estratégia utilizada pelos cartistas girava em torno, principalmente, da coleta de assinaturas, realizadas nas oficinas, nas fábricas e em reuniões públicas, através de uma série de Petições Nacionais enviadas à Câmara dos Comuns, que reivindicavam: • Limitação de 10 horas (diárias) da jornada de trabalho; • Regulamentação do trabalho feminino; • Extinção do trabalho infantil; • Folga semanal; • Salário mínimo. As Trade-Unions Na segunda metade do século XIX, as Trade Unions evoluíram para os sindicatos, forma de organização dos trabalhadores com um considerável nível de ideologização e organização e obtiveram conquistas, embora lentas, de suas reivindicações. O século XIX foi uma época bastante promissora para a luta da classe operária, seja para obtenção de conquistas na relação com o capitalismo, seja na organização de movimentos revolucionários. As Conseqüências da Revolução Industrial A Revolução Industrial alterou completamente a maneira de viver das populações dos países que se industrializaram. As cidades atraíram os camponeses e artesãos, e se tornaram cada vez maiores e mais importantes. Na Inglaterra, por volta de 1850, pela primeira vez em um grande país, havia mais pessoas vivendo em cidades do que no campo. Nas cidades, as pessoas mais pobres se aglomeravam em subúrbios de casas velhas e desconfortáveis, se comparadas com as habitações dos países industrializados hoje em dia. Conviviam com a falta de água encanada, com os ratos, o esgoto formando riachos nas ruas esburacadas. O trabalho do operário era muito diferente do trabalho do camponês: tarefas monó- tonas e repetitivas. A vida na cidade moderna significava mudanças incessantes, a cada instante. Surgiam novas máquinas, novos produtos, novos gostos, novas modas; surge a denominada sociedade do consumo. A ciência, no estágio atual, está estreitamente ligada à atividade industrial e às outras atividades econômicas: agricultura, pecuária, serviços. É um componente fundamental, pois, para as empresas, o desenvolvimento científico e tecnológico é revertido em novos produtos e em redução de custos, permitindo a elas maior capacidade de competição num mercado cada vez mais disputado. As grandes multinacionais possuem seus próprios centros de pesquisa e o investimento científico, em relação ao conjunto da atividade produtiva, tem sido crescente. 21 O Capitalismo A inserção do sistema capitalista na economia mundial por meio do intensivo processo de industrialização faz com que se definam as relações assalariadas de produção, trazendo a nítida separação entre os detentores dos meios de produção e do capital e os que só possuem a força de trabalho. Averiguar como o capitalismo inseriu-se na economia mundial e quais as mudanças decorrentes desse processo, bem como as mudanças socais e tecnológicas também ocorridas faz-se necessário nesse contexto. De sua origem até os dias atuais o capitalismo apresentou-se de diferentes formas: o investimento em atividades de comércio deu vida ao Capitalismo Comercial, a Revolução Industrial impôs o Capitalismo Industrial e por fim, o Capitalismo Financeiro se insere através do comércio de ações e da globalização econômica. Podemos decompor o capitalismo nas seguintes fases: •Pré-capitalismo: período caracterizado pela economia mercantil, onde a produção se destina as trocas e não apenas a uso imediato. Não se generalizou o trabalho assalariado; trabalhadores independentes que vendiam o produto de seu trabalho, ou seja, os artesãos eram donos de suas oficias, ferramentas e matéria-prima; •Capitalismo Comercial: apesar de predominar o produtor independente (artesão), gene- raliza-se o trabalho assalariado. A maior parte do lucro concentrava-se na mão dos co- merciantes, intermediários, não nas mãos dos produtores. Lucrava mais quem comprava e vendia a mercadoria, não quem produzia; •Capitalismo Industrial: O trabalho assalariado se instala, em prejuízo dos artesãos, sepa- rando claramente os possuidores de meios de produção e o exército de trabalhadores; •Capitalismo Financeiro ou Monopolista: contexto atual, onde sistema bancário e grandes corporações financeiras tornam-se dominantes e passam a controlar as demais atividades. Origem do pré-capitalismo A emergência do capitalismo relaciona-se à crise do Feudalismo, que deu sinais de esgotamento, basicamente, do descompasso entre as necessidades crescentes da nobreza feudal e a estrutura de produção, assentada no trabalho servil. O impacto sobre o feudalismo foi fulminante, já que o sistema tinha potencialidade mercantil, isto é, a possibilidade de desenvolvimento do comércio em seus limites. As feiras medievais ganharam novo dina- mismo, foram perdendo o caráter temporário, estabilizaram-se, transformaram-se em centros permanentes, as cidades mercantis. Surge, a partir das primeiras fortunas entre os burgueses de Idade Média, um novo sistema econômico e social baseado na iniciativa particular, na propriedade privada dos meios de produção, e gosto pelo investimento de capitais com fins lucrativos. Transição do Capitalismo Industrial Para o Capitalismo Financeiro e Informacional 22 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços O Capitalismo Comercial O projeto de alcançar uma passagem para o Índico que possibilitasse o controle das riquezas existentes nas costa oeste/leste da África, passou a ser um problema geral dos países europeus. Com isso, inicia-se a chamada Revolução Comercial; Espanha e Portugal tiveram amplo e imediato proveito do pacto colonial sujeitando as populações coloniais aos preços e as condições de negócios que lhes eram impostos. Os países ibéricos ao lado da riqueza obtida com a venda de vários produtos, (a exemplo do açúcar brasileiro) passaram a ter posse de enormes quantidades de metais preciosos (prata e ouro) acumulados pelas culturas indígenas do novo mundo (incas, maias e ascetas que foram exterminados). Já a França, a Inglaterra e a Holanda forçam sua aceitação nas matas atlânticas, buscando oportunidade para fendas coloniais inclusive atacando-as e promovendo piratarias. O Capitalismo Industrial A constante expansão dos negócios mantém em crescimento a procura de produtos industrializados e, com ela, o progresso das atividades industriais e desenvolvimentos técnico. Observa-se radical transformação na indústria graças ao rápido incremento da mecanização alicerçado pelo uso generalizado do ferro, carvão e força de expansão do vapor. A Inglaterra na metade do século XVIII contava com um poderoso capital a disposição e controlavam o amplo mercado representado pelo seu imenso domínio colonial. Instaura- se nessa nação um regime de acentuada liberdade econômica. O sucesso financeiro das primeiras atividades industriais mecanizadas e as facilidades surgidas pela fabricação e a operação de máquinas levaram a mecanização de diversos ramos da indústria, gerando a denominada Revolução Industrial. O Capitalismo Financeiro ou Monopolista O desenvolvimento do capitalismo industrial aumenta significativamente o número de bancos comerciais e surgem os bancos de investimento voltado para o financiamento da produção. A sociedade anônima além de facilitar a obtenção decapitais e, a ampliação dos investimentos, possibilita o jogo financeiro puro através do comércio de ações. A procura de sempre maiores lucros e a da crença na livre concorrência levou a formação grupos monopolistas, através de trustes que controlam todas as etapas da produção desde a retirada da matéria-prima da natureza passando pela transformação em produtos, até a distribuição das mercadorias. Também se criam os cartéis, resultantes de livre associação de concorrentes, que fazem acordo entre si, estabelecendo preços comuns, dividindo os mercados, mas sem perda da autonomia particular. Neoliberalismo Os neoliberais acreditam que o Estado cresceu muito e que, portanto, deve diminuir sua participação na economia. As diretrizes básicas que orientam os caminhos das privatizações e da desregulamentação econômica. Privatizar, naturalmente, significa vender as empresas estatais como siderúrgicas, hidrelétricas, companhias de transporte, minas e companhias telefônicas, e passá-las ao controle de empresas particulares. Além disso, o neoliberalismo prevê a diminuição de impostos, para que os empresários tenham mais recursos para investir, a liberação das importações e a abertura ao capital estrangeiro. Às associações econômicas regionais com diminuição ou eliminação dos pro- tecionismos e atração de investimentos internacionais, acrescentou-se a limitação dos gastos 23 governamentais, com a prevalência da economia de mercado e a busca de um “Estado mínimo”, redirecionando sua atuação e tamanho, especialmente com as privatizações. Se por um lado o neoliberalismo modernizou a economia, também é verdade que ele ampliou problemas sociais como a fome, o desemprego e a pobreza. Aliados a esses fatores, percebe-se um conseqüente aumento no mercado informal e na criminalidade. A tão propalada globalização econômica e a Nova Ordem Mundial (a queda do bloco socialista e ampliação da integração entre as economias anteriormente isoladas do mundo ocidental) são difusoras dos interesses da única potência existente, e, sem dúvida, aceleraram esse processo de implantação das teorias neoliberais, impulsionadas pela derrubada do obstáculo socialista, estimularam a formação de blocos econômicos, associações regionais de livre mercado que derrubaram antigas barreiras protecionistas. A Fragmentação Do Processo Produtivo É de extrema importância analisar também as técnicas do processo produtivo. Atual- mente, os computadores são capazes de orientar e avaliar a qualidade dos produtos no interior das linhas de produção, assim como em alguns setores, os robôs estão substituindo a força de trabalho dos homens. Tendências na evolução das técnicas associadas à cultura do consu- mo tornam-se importantes fatores na análise do processo de distribuição espacial de indústria pelo mundo, na produção de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, automóveis, etc.). O artesão além de possuir os meios de produção, participava de todo o processo produtivo, assim como os trabalhadores manufatureiros (apesar de não possuírem os meios de produção, mas somente sua força de trabalho). Contudo, mudanças profundas na divisão e nas relações de trabalho ocorrem com o surgimento do taylorismo, fordismo e toyotismo (just-in-time). Taylorismo No início do século XX, o engenheiro industrial norte-americano Frederick Winslow Taylor desenvolveu um sistema para aumentar a produtividade, instituindo uma maior divisão de tarefas no interior das fábricas, os trabalhadores deixaram de confeccionar o produto inteiro e cada operário passou a exercer apenas algumas tarefas específicas. Taylor acreditava que oferecendo instruções sistemáticas e adequadas aos traba- lhadores, haveria possibilidade de fazê-los produzir mais e com melhor qualidade, que achava que todo e qualquer trabalho necessita, preliminarmente, de um estudo para que seja deter- minada uma metodologia própria visando sempre o seu máximo desenvolvimento, cujo resultado refletiria em menores custos, salários mais elevados e, principalmente, em aumentos de níveis de produtividade. Com o objetivo de que o trabalho fosse executado de acordo com uma seqüência e um tempo pré-programados, de modo a não haver desperdício operacional, inseriu a super- visão funcional, estabelecendo que todas as fases de um trabalho deviam ser acompanhadas de modo a verificar se as operações estão sendo desenvolvidas em conformidades com as instruções programadas. Finalmente, apontou que estas instruções programadas devem, sistematicamente, ser transmitidas a todos os empregados. Fordismo Henry Ford, outro engenheiro industrial dos Estados Unidos, aplicou uma nova maneira de organizar o trabalho na sua fábrica de automóveis, criou a denominada linha de montagem: em vez dos trabalhadores se deslocarem pela fábrica, cada um realizava uma única tarefa repetidas vezes: um encaixava o motor, outro parafusava o motor na carroceria, outro encai- 24 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços xava os bancos, e assim por diante. As mudanças implantadas permitiram reduzir o esforço humano na montagem, aumentar a produtividade e diminuir os custos proporcionalmente à elevação do volume produzido e facilidade de operação e manutenção. O conceito-chave da produção em massa não é a idéia de linha contínua, mas sim a completa e consistente comunicação de partes e a simplicidade de montagem. Esta combinação de vantagens competitivas elevou a Ford à condição de maior indústria automobilística do mundo e virtualmente sepultou a produção manual. Entretanto, o contraste com o que ocorria no sistema de produção manual, o trabalhador da linha de montagem tinha apenas uma tarefa, o mesmo não comandava componentes, não preparava ou reparava equipamentos, nem inspecionava a qualidade, nem mesmo entendia o que o seu vizinho fazia. Com o fordismo, o trabalho se tornou repetitivo e monótono e os operários perderam o controle sobre o ritmo e os resultados de seu trabalho. O Toyotismo (just-in-time) É um modo de organização da produção capitalista que se desenvolveu a partir da globalização do capitalismo na década de 19804, também conhecido como modelo japonês. O país foi o berço da automação flexível, pois, apresentava um cenário diferente, possuía um pequeno mercado consumidor, capital e matéria-prima escassos, e grande dispo- nibilidade de mão-de-obra não-especializada. A solução veio por meio da fabricação de pequenas quantidades de numerosos modelos de produtos, voltados para o mercado externo, de modo a gerar divisas tanto para a obtenção de matérias-primas e alimentos, quanto para importar os equipamentos e bens de capital necessários para a sua reconstrução pós-guerra e para o desenvolvimento da própria industrialização. Esse sistema pode ser teoricamente caracterizado por quatro aspectos: • mecanização flexível; • processo de multifuncionalização de sua mão-de-obra; • Implantação de sistemas de controle de qualidade total; • Sistema just in time (menores estoques e maior diversidade produtos). A partir de meados da década de 1970, as empresas toyotistas assumiriam a supre- macia produtiva e econômica, principalmente pela sua sistemática produtiva que consistia em produzir bens pequenos, que consumissem pouca energia e matéria-prima, ao contrário do padrão norte-americano. Com o choque do petróleo e a consequente queda no padrão de consumo, os países passaram a demandar uma série de produtos que não tinham capacidade, e, a princípio, nem interesse em produzir, o que favoreceu o cenário para as empresas ja- ponesas toyotistas. A razão para esse fato é que devido à crise, o aumento da produtividade, embora continuasse importante, perdeu espaço para fatores tais como a qualidade e a di- versidade de produtos para melhor atendimento dos consumidores. 4 Surgiu no Japão após a II Guerra Mundial, porém, só a partir da crise capitalista da década de 1970 ele foi amplamente aplicado.25 A Automatização da Produção A automação dos processos produtivos na indústria e nos serviços é uma mudança definitiva na forma de produzir bens e prestar serviços das sociedades modernas. Entende- se por automação industrial o conjunto de tecnologias relacionadas com a aplicação de equipamentos (sejam eles mecânicos, eletrônicos ou informacionais) em sistemas industriais de produção visando o aumento da produtividade e menores custos de produção, o que na maioria das vezes significa redução de custos de pessoal. A automatização permite um melhor planejamento e controle da produção, todavia, além de exigir um quadro reduzido de trabalhadores, torna também necessário a demanda de mão-de-obra especializada, produzindo o que chamamos de desemprego estrutural. Esse tipo de desemprego acontece em função de mudanças definitivas na própria estrutura da sociedade tornando necessário a constante requalificação do trabalhador para poder estar inserido no mercado de trabalho. Se até então, a luta era pelo aumento dos salários, hoje a grande reivindicação dos trabalhadores passou a ser um emprego. A Expansão Do Setor Terciário Eliminação de Empregos nos Setores Primário e Secundário A crescente automatização do processo produtivo, redução dos custos de mão-de- obra e a flexibilização da economia acarretou o aumento do desemprego no setor secun- dário. O setor terciário procura absorver parte desse contingente de desempregados. O setor secundário, que foi talvez o grande empregador de mão-de-obra durante a maior parte do século XX, encontra-se atualmente num processo de eliminação de força de trabalho humana, num ritmo até mesmo mais acelerado que o setor primário. Todo país bastante industrializado possui, ou chegou a possuir, um mínimo de 30% de sua população economicamente ativa no setor secundário. Todavia, a maior parte das economias já industrializadas — especialmente os líderes da Terceira Revolução Industrial: Estados Unidos, Japão, Alemanha e outros — vem apresentando, desde os anos 1970, uma rápida diminuição do número de operários. O único setor em que atualmente há um sensível crescimento de empregos e de novas atividades é o terciário, que, estima-se, será o grande empregador, pois os outros dois setores irão ocupar juntos, no máximo, 20% da força de trabalho nos países industrializados. Em virtude da mecanização do campo e da urbanização, a percentagem da população ocupada no setor primário tende a diminuir no mundo inteiro, até atingir uma média de 5% a 6% da população ativa. Algumas características permeiam a automação industrial: • A redução de custos de pessoal; • Redução de custos do estoque (intermédios e terminais); • Aumento da qualidade dos produtos; • Maior disponibilidade dos produtos; • Ágil desenvolvimento tecnológico; • Aumento da flexibilidade da produção: 26 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços Atenção Atenção Atenção Atenção Atenção !!!!! O setor terciário é muito amplo e diversificado, de maneira que alguns autores até propõem dividi-lo: o comércio em geral seria o setor terciário e os serviços passariam a constituir um novo setor, o quaternário. Mas, por enquanto, essa nova classificação ainda não é utilizada pela imensa maioria dos institutos de pesquisas e estatísticas e, dessa forma, continuamos a colocar o comércio e os serviços juntos no setor terciário. Novos Empregos e o Desemprego no Setor Terciário A Diversificação do Setor Terciário O fato de agregar uma gama muito ampla de atividades, muitas delas derivadas do setor produtivo, faz com que a característica predominante do setor de serviços seja a heterogeneidade. Tal característica transcende o aspecto relativo ao número e variação das atividades, aplicando-se também ao modo como elas surgem e interagem com as atividades pertinentes aos demais setores; não só do ponto de vista econômico, mas também do ponto de vista social e cultural. Pelo fato de muitas de suas atividades exigirem apti- dões típicas dos seres humanos e difíceis de serem mecani- zadas -tais como criatividade, liderança, iniciativa, resolução de situações imprevistas, inteligência emocional, etc. -, uma parte significativa do setor terciário não tende a esvaziar-se com a automação e robotização, tal como vem ocorrendo com os ou-]tros dois setores. Pelo contrário, graças aos avanços recentes na globalização e na revolução técnico-científica, uma série de novas atividades ou empregos está surgindo no setor terciário: novos tipos de comércio, expansão do turismo, da informática, das telecomunicações, das pesquisas científicas e tecnológicas, etc. Esse crescimento, no entanto, não ocorre em todas as atividades do setor terciário, mas somente em algumas delas, pois, existem inúmeros empregos desse setor que também estão sendo esvaziados pela automatização das tarefas: uma parte dos bancários, funcionários de escritório, datilógrafos, arquivistas, recepcionistas, etc. Pode-se perceber que dos três setores de atividades e no transcorrer das duas últimas décadas, o terciário é o setor que mais vem crescendo. Nos países mais in- dustrializados e urbanizados, ele cresce bem mais, porém, até mesmo nas sociedades predominantemente agrárias e pouco urbanizadas ele também vem se expandindo, mesmo que, às vezes, a um ritmo ainda lento. Nota-se que é muito importante estabelecer uma distinção entre um setor terciário mais avançado ou moderno, formado por serviços espe- cializados - seguros, assessorias, educação e pesquisa, firmas que desenvolvem softwares para computadores, bancos, comércio mais bem equipado, etc. -, e um setor terciário tradicional - camelôs ou comércio ambulante, serviços domésticos ou de consertos, oficinas de fundo de quintal, guardadores de carros nas ruas, etc. —, que predomina nos países e regiões menos desenvolvidos. 27 Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir! O Mercado Informal e Subemprego no Setor Terciário A OIT (Organização Internacional do Trabalho) considera trabalhadores informais aqueles que exercem atividades econômicas à margem da lei e desprovidas de proteção ou regulamentação pública, e cuja produção acontece em pequena escala. O aumento do setor terciário e dos serviços nos países subdesenvolvidos intensificou o que se denomina de mercado informal. Em países, como o Brasil, a informalidade cresce devido ao alto índice de desemprego, a miséria e a desigualdade social. Para a OIT - Organização Internacional do Trabalho - o trabalho informal também se caracteriza pela ausência das relações contratuais. Essa crescente categoria de traba- lhadores constitui uma rede de pessoas envolvidas, composta por fornecedores, inter- mediários, distribuidores, fiscais da prefeitura, vigia de rua, etc. A constante reorganização do mercado de trabalho faz com que novas formas de divisão do trabalho apareçam. Se anteriormente, o trabalhador desenvolvia sua tarefa de forma reduzida em uma empresa, ao se inserir, por exemplo, no comércio ambulante terá de planejar sua atividade, quanto à escolha dos produtos que irá oferecer, como negociará com os fornecedores, como irá atrair uma clientela que garantirá o seu negócio. Aparentemente a distância entre o planejamento e execução do trabalho, proveniente da divisão do trabalho é acirrada pelos modelos de organização de Taylor e Ford é reduzida quando o trabalhador atua como camelô podendo desconhecer completamente todo o processo produtivo pelo qual passou o produto e qual sua origem. Os trabalhadores informais dividem-se entre aqueles que trabalham por conta própria e estão empregados, porém sem carteira assinada; empregam até cinco pessoas ou trabalham sem remuneração. Aí está o problema da excessiva terceirização das atividades, a falta de perspectiva de emprego formal, a baixa remuneração e as péssimas condições de trabalho. A educação está sendo vista como uma importante atividadeterciária, através dos seus mais variados níveis: fundamental, médio, superior, técnico ou profissionalizante e o de reciclagem ou atualização profissional, transfor- mando-se em negócio lucrativo e de grande procura face ao sucateamento e o descaso com que o ensino é tratado pelo poder público. Qual sua opinião acerca disso? 1..... O processo produtivo passou por mudanças significativas desde o século XIX. Quais as principais características do fordismo e quais as “herdadas” do taylorismo? AtividadesAtividadesAtividadesAtividadesAtividades ComplementaresComplementaresComplementaresComplementaresComplementares 28 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços 3..... Quais as principais características da automatização industrial e as repercussões nas relações de trabalho? 2..... O capitalismo pode ser dividido basicamente em três fases; comente as características mais marcantes de cada uma delas. 4..... O setor terciário é o que mais cresce na economia; quais as principais causas dessa hipertrofia? Quais as consequências disso nos países subdesenvolvidos? 5..... A Bolívia é fortemente dependente da exportação de gás natural, e o Brasil aparece, naturalmente, como o principal mercado consumidor para o gás boliviano. Dê sua opinião acerca dos últimos acontecimentos envolvendo as negociações do gás natural com a Bolívia. 29 INDÚSTRIA, ORGANIZAÇÃO ESPACIAL, SOCIEDADE E AMBIENTE Este bloco aborda as conseqüências sócio-espaciais do fenômeno industrial nos mais diversos aspectos: urbanização, qualidade de vida, impactos ambientais e papel integrador da educação. A dispersão da indústria no mundo, as grandes mudanças na organização espacial, a intensificação do processo de urbanização, assim como a estrutura industrial brasileira e a industrialização e suas repercussões no Estado da Bahia, constituem-se em temáticas a serem estudadas nesse tema. Organização e Distribuição da Indústria no Mundo A Industrialização do Espaço Mundial As origens do processo de industrialização remontam ao século XVlll, quando na sua segunda metade, emergem na Inglaterra, grande potência daquele período, uma série de transformações de ordem econômica, política, social e técnica, que convencionou-se chamar de Revolução Industrial. A Industrialização na Europa: A industrialização começou no continente europeu por volta de 1815. A Inglaterra até 1850, continuou dominando o primeiro lugar entre os países industrializados. Outros países já contavam com suas fábricas e equipamentos modernos, porém, esses eram considerados uma “miniatura de Inglaterra”, a exemplo, os vales de Ruhr e Wupper na Alemanha, que eram bem desenvolvidos, porém não possuíam a tecnologia das fábricas inglesas. Na Europa, os maiores centros de desenvolvimento industrial, na época, eram as regiões mineradoras de carvão, lugares como o norte da França, nos vales do Rio Sambre e Meuse, na Alemanha, no vale de Ruhr, e também em algumas regiões da Bélgica. A Expansão da Industrialização pelo Mundo Após 1850, a produção industrial se descentralizou da Inglaterra e se expandiu rapidamente pelo mundo, principalmente para o noroeste europeu, e para o leste dos Estados Unidos. Porém, cada país se desenvolveu em um ritmo diferente baseado nas condições econômicas, sociais e culturais de cada lugar. A seguir, os exemplos mais significativos: • Alemanha – como resultado da Guerra Franco-prussiana, em 1870, houve a Unificação Alemã, que, liderada por Bismarck, impulsionou a Revolução Industrial no país que já estava ocorrendo desde 1815 (foi a partir dessa época que a produção de ferro fundido começou a aumentar de forma exponencial). INDÚSTRIA E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL 30 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços • Itália – a unificação política realizada em 1870, à semelhança do que ocor- reu na Alemanha, impulsionou, mesmo que atrasada, a industrialização do país. Essa que só atingiu ao norte da Itália, pois o sul continuou basicamente agrário. • Rússia – começou o processo de industrialização muito mais tarde, nas últimas décadas do século XIX. Os principais fatores para que ela aconte- cesse foi a grande disponibilidade de mão-de-obra, intervenção governamental na economia através de subsídios e investimentos estrangeiros à indústria. • EUA – a industrialização relativamente tardia em relação a Inglaterra pode ser explicada pelo fato de que nos EUA existia muita terra per capita e assim, uma vantagem comparativa na agricultura em relação a Inglaterra e em virtude disso, demorou bastante tempo para que a indústria ficasse mais importante que a agricultura. Outro fator é que os Estados do Sul eram escravagistas, o que retardava a acumulação de capital, como tinham muita terra, eram essencialmente agrários, impedindo a total industrialização do país que até a segunda metade do século XIX era constituído só pelos Estados da faixa leste do atual Estados Unidos. • Japão – a modernização data do início da era Meiji, em 1867, quando a super- ação do feudalismo unificou o país. A propriedade privada foi estabelecida, a autoridade política foi centralizada, possibilitando a intervenção estatal do governo central na economia, o que resultou no subsídio à indústria. E como a mão-de-obra ficou livre dos senhores feudais, ocorreu assimilação da tecnologia ocidental e o Japão passou de um dos países mais atrasados do mundo a um país industrializado. A Industrialização nos Países Subdesenvolvidos A partir do século XX, especialmente após a 2ª Guerra Mundial, países subdesen- volvidos - também chamados de países em desenvolvimento - passaram por processos de industrialização. Nesses países foi muito marcante a presença do Estado nacional no processo de industrialização, e das empresas multinacionais (empresas estrangeiras), que impulsionaram esse processo, e fizeram com que alguns países da periferia do mundo hoje fossem potências industriais. De maneira avessa a ocorrida nos países do mundo desenvolvido, a industrialização não resultou necessariamente na melhoria de vida das populações, ou no desenvolvimento do país, pelo contrário; esse processo nos países subdesenvolvidos se deu de forma dependente de capitais internacionais, o que gerou um aprofundamento da dependência externa, perpetuando essa relação até a atualidade. As indústrias que se instalaram nesses países já vieram com sua estrutura praticamente organizada não gerando o número de empregos neces-sários para absorver a mão de obra cada vez mais numerosa que vinha do campo para as cidades, provocando um processo de urba- nização desordenado, sem a devida infra-estrutura e oferta de empregos necessária para absorver essa mão- de-obra. 31 Estrutura Industrial Brasileira Após analisar como a industrialização se expandiu pelo mundo, agora é o momento de nos determos, mais especificamente, na industrialização brasileira. Primeiramente, antes de adentrar pela estrutura da indústria brasileira, é importante conhecer a industrialização em nosso país, a partir das seguintes fases: 1a fase: 1822 a 1930 Esse período caracteriza-se por uma reduzida atividade industrial, devido a característica agrário-exportadora do país. Nessa fase, no entanto, ocorrem dois fatos que facilitam a industrialização futura: a Abolição da Escravatura e a entrada de imigrantes, que vão servir e mão-de-obra. 2a fase: 1830 a 1956 Muitos autores consideram o ano de 1930 como o ano da “Revolução Industrial” no Brasil, ele marca o início do processo de industrialização no país. A crise do café determinada por uma crise maior, a Crise de 1929, fez com que na região Sudeste o capital fosse transferido para a indústria e se concentrasse mais especificamente em São Paulo. Nessa fase, existiu quase a exclusividade de indústrias de bens de consumo não duráveis (denominado período de “Substituição de importações”), todavia, o Governo de Getúlio Vargasinvestiu na criação de empresas estatais do setor de base como a CSN - Companhia de Siderurgia Nacional - siderurgia, PETROBRÁS (extração e refino de petróleo e a CVRD – Companhia Vale do Rio Doce - mineração. 3a fase: 1956 a 1989 Constitui o período de maior crescimento industrial do país em todos os tipos de indústria, tendo como base a aliança entre o capital estatal e o capital estrangeiro. O governo Juscelino Kubitschek dá início a chamada “Internacionalização da Economia”, com a entrada de empresas transnacionais, notadamente do setor automotivo. O processo iniciado por J.K. teve continuidade durante a Ditadura Militar (1964 a 1985), destacando-se o Governo Médici, período do “Milagre Brasileiro”, que determinou crescimento econômico, mas também aumento da dívida externa e concentração de renda. 4a fase: 1989 à atualidade Fase iniciada no Governo Collor com continuidade até o Governo atual, marca o avanço do Neoliberalismo no país, com sérias repercussões no setor secundário da economia, devido a grande flexibilização da mesma. O modelo econômico adotado determinou a privatização de quase todas as empresas estatais, tanto no setor produtivo, como as siderúrgicas e a CVRD, quanto no setor da infra-estrutura e serviços, como o caso do sistema Telebrás. Além disso, os últimos anos marcaram a abertura do mercado brasileiro, com expressivas reduções na alíquota de importação. Por outro lado, houve brutal aumento do desemprego, devido a falência de empresas e as inovações tecnológicas adotadas, com a utilização de máquinas e equipamentos industriais de última geração, necessários para aumentar a competitividade e resistir à concorrência internacional. 32 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços A partir do século XIX em meio à política econômica predominantemente agrária (sobressaindo-se a agricultura do café) e após a revogação da lei que proibia a implantação de manufaturas no país, a implantação da Tarifa Alves Branco (ano de 1844), a tentativa de implantação de um desenvolvimento industrial através de uma política protecionista, que estabelecia mediante o aumento das tarifas alfandegárias, foi favorecida. As iniciativas do Barão de Mauá Foi o caso das tentativas de implantação de uma infra-estrutura para o desenvolvimento da indústria realizada por Irineu Evangelista de Souza, mais conhecido como Barão de Mauá: este foi o responsável pela fundação do segundo Banco do Brasil (a falência do primeiro Banco do Brasil ocorreu no ano de 1829) além do Banco Mauá. O Barão de Mauá também construiu estradas de ferro (Mauá construiu a primeira ferrovia do Brasil, estabelecendo comunicação viária entre as cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis) e implantou a iluminação urbana a gás também na cidade do Rio. No ano de 1846, Mauá instalou o Estaleiro da Ponta da Areia, inaugurando assim a indústria naval brasileira. Porém, suas tentativas falharam justamente ao serem bloqueadas pela própria orientação econômica do país naquele período, pois Mauá não recebeu apoio das elites agrárias, e ainda pela grande concorrência com as empresas estrangeiras. Os empreendimentos de Mauá foram à total falência, porém as atividades industriais no Segundo Reinado tiveram assim seu primeiro impulso: os bens de consumo no país eram predominantemente importados, porém a incipiente indústria no Brasil se orientava inicialmente para a tentativa de substituição de alguns produtos importados pelos similares nacionais. A concorrência entre os produtos nacionais e importados foi amenizada com o estabelecimento da Tarifa Alves Branco, porém a indústria de bens de produção praticamente inexistia no Brasil deste período, sendo que todos os insumos e maquinarias industriais ainda eram importados. Compreendendo a industrialização brasileira A industrialização no Brasil, inicialmente, esbarrava no caráter essenci- almente agrário da economia e da política adotada no país. A economia era dominada pela antiga classe de latifundiários, assim como toda a política do país se via sob forte controle desta classe. Deste modo, todas as leis apro- vadas sempre terminavam por favorecer a ampliação e perpetuação da classe de latifundiários no poder e a predominância das atividades agrárias enquanto principal eixo econômico. Governo Getúlio Vargas e a Implantação da Indústria de Base Damos agora um grande salto no tempo chegando ao governo de Getúlio Vargas, pois o mesmo foi imprescindível para a implantação de uma indústria de base nacional que pas- sou a ser empreendida a partir da grande crise mundial de 1929 e após a Revolução de 30. 33 Vargas avançou no controle estatal das atividades ligadas ao petróleo e ao com- bustível por meio da criação do Conselho Nacional do Petróleo, em 1938, criando a Petrobras - Petróleo Brasileiro S/A (1953). Estimulou a indústria de base com a fundação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, em 1941, e obteve financiamento norte-americano para instalação da Fábrica Nacional de Motores, no Rio de Janeiro, em 1943. Inaugurou, também, a Companhia do Vale do Rio Doce, com o fito de explorar minérios. A fim de contribuir com a formação de mão-de-obra especializada para o setor industrial, instalou o Serviço Nacional da Indústria (Senai), em 1942, e o Serviço Social da Indústria (Sesi), em 1943. Com o intuito de fiscalizar o sindicalismo operário, foram ampliados os serviços estatais de aposentadoria, criados em 1940, o imposto sindical e o salário mínimo, e posta em vigor a Consoli- dação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943. Ao lado dessa política de concessões aos trabalha- dores - auxílio-natalidade, salário-família, licença para gestante, estabilidade no emprego (após 10 anos), descanso semanal remunerado - extinguiu- se o direito de greve e a independência dos sindi- catos, os quais passaram a ser dirigidos por “pele- gos”, falsos líderes sindicais ancorados no governo. O Governo Juscelino Kubitschek: “Cinqüenta anos em cinco” A administração de Juscelino Kubischek foi marcada por um cunho modernizador e desenvolvimentista, apoiado no famoso slogan “Cinqüenta anos em cinco”. Implantou o Plano Nacional de Desenvolvimento (conhecido como “Plano de Metas”) estimulou o crescimento e a diversificação da economia e abrangia vários setores de atuação: • Energia; • Transporte; • Alimentação; • Educação; • Implantação de indústria automobilística; • Incentivos à industrialização. O governo passou a investir na indústria de base, na agricultura, nos transportes e no fornecimento de energia. Através do planejamento estatal instalou empresas nas áreas automobilísticas, eletrodomésticas e siderúrgicas. Como resultado, a produção industrial aumentou em 80% e no final do seu mandato como Presidente, o Brasil apresentava pela primeira vez um PIB (Produto Interno Bruto) industrial maior do que o PIB agrícola. Em seu período presidencial, o Brasil viveu um forte crescimento econômico, mas também um significativo aumento da dívida pública, interna e externa. 34 Geografia da Indústria, Comércio e Serviços Governo Militar e o “Milagre Econômico” Durante o Governo Militar, o Brasil entra numa fase de grande crescimento em todos os setores econômicos, ao lado da grande concentração de bens nas mãos de uma classe privilegiada. Esse período é chamado de “milagre econômico” por muitos historiadores e economistas, compreende os anos de 1967-1973, em que as taxas do PNB (Produto Nacional Bruto) cresceram vertiginosamente. Grande quantidade de capital estrangeiro era aplicada no país, ao passo que as exportações brasileiras, ao serem grandemente amplificadas, possibilitaram a entrada de capitais para o investimento em máquinas. No entanto, as desigualdades sociais também foram acentuadas a partir deste período e, passados estes anos do “Milagre”, o Brasil entraria em uma de suas mais graves crises de sua história. Na
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