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Aline Sayuri Kazari Direito - USJT Direito Processual Civil III Professor: Geórgios Alexandrids quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016 TUTELA JURISDICIONAL A tutela jurisdicional, numa definição sintética, é a função do Estado de dirimir, pacificar e, por conseguinte, resolver conflitos que surgem no seu âmbito de atuação político-jurídico, seguindo um procedimento de aplicação de leis aos casos concretos de modo a aproximar-se o máximo possível de um decisum justo. Tal procedimento pode ser comum (art. 318) ou especial (a partir do art. 539). O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos procedimentos especiais e também ao processo de execução, naquilo que for cabível. “Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei. Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução.” 1. Procedimento comum As fases do procedimento comum podem ser analisadas sobre uma perspectiva horizontal (nascedouro e os seus consequentes atos) ou vertical. I – Perspectiva horizontal Analisando-se o procedimento comum segundo uma perspectiva horizontal, pode ser classificada em fase postulatória, saneadora ou ordinatória, instrutória, decisória, fase de liquidação e fase de cumprimento. Aline Sayuri Kazari Direito - USJT a) Fase postulatória A fase postulatória é o início da relação processual, onde o autor vai provocar o judiciário através da petição inicial (vazão do direito de ação, por parte do autor - art. 5, XXXV da CF). Divide-se em distribuição e citação válida. 1. Distribuição Distribuição é a propositura da petição inicial, ou seja, o protocolo da petição inicial (art. 312). “Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.” Onde houver mais de um juízo competente para o conhecimento de determinada ação, haverá distribuição (CPC, art. 284); a partir dela, considera-se prevento o juízo (CPC, art. 59). “Art. 284. Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz.” “Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.” “Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.” A distribuição poderá ser feita por dependência, conforme previsto nos três incisos do art. 286 do CPC (conexão ou continência, reiteração de pedido de ação julgada anteriormente sem a resolução do mérito, e nos casos de reunião de processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias); e livremente, que caberá sempre que não existir razão para a dependência. “Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir” Aline Sayuri Kazari Direito - USJT “Art. 56. Dar-se-á continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.” 2. Citação válida Os efeitos da citação válida vêm enumerados no art. 240 do CPC: “Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).” A citação está ligada, ainda, ao direito de defesa do réu e à reconvenção (art. 5, LV da CF), prevendo a possibilidade de conciliação (art. 334 CPC): “Art. 5°, LV da CF. aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” “Art. 334, CPC. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.” b) Fase saneadora (ou ordinatória, organizatória) É a fase de solução de questões processuais alegadas na contestação que podem impedir o prosseguimento do feito (art. 357). c) Fase instrutória Instruir o processo com relação a produção de provas (produção probatória) - audiência de instrução, prova pericial. Aline Sayuri Kazari Direito - USJT d) Fase decisória É a fase da prolação da sentença (prestação jurisdicional propriamente dita). Pode acarretar a extinção do processo sem resolução de mérito ou com resolução de mérito (art. 485 e 487 respectivamente). e) Fase de liquidação A fase de liquidação consiste no ato preliminar da execução de sentença ilíquida, que tem por fim apurar a quantidade certa do valor da condenação. Só existirá se a sentença prolatada for genérica. f) Fase de cumprimento de sentença (ou execução) Restringe-se a atos necessários à satisfação do direito do credor e, consequentemente a compelir o devedor a adimplir a obrigação, seja o de pagar quantia, entregar coisa, fazer ou não fazer. II – Perspectiva vertical Numa análise vertical, o procedimento comum pode ser ordinário ou extraordinário. a) Fase ordinária A fase ordinária compõem recursos que vão oportunizar a revisão (reforma ou anulação) da decisão do juiz de primeiro grau (apelação – art. 1.009 e agravo de instrumento – art. 1.015). b) Fase extraordinária Compreendem a fase extraordinária os recursos destinados aos Tribunais Superiores (Recurso Extraordinário ao STF - art. 102, III da CF e Recurso Especial ao STJ - art. 105, III da CF). sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016 Aline Sayuri Kazari Direito - USJT FASE POSTULATÓRIA 1. PETIÇÃO INICIAL A petição inicial é o ato inaugural do processo, e define os contornos objetivos e subjetivos da lide, dos quais o juiz não poderá desbordar. Em respeito ao princípio do impulso oficial, uma vez proposta a demanda, a ação caminhará para a sentença, independentemente da vontade das partes. A propositura da petição inicial forma a relação jurídica processual entre autor e juiz (demanda), autor e réu (pedido) e entre o juiz e o réu (citação válida). “Art. 2°. O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.” Requisitos da petição inicial Os requisitos da petição inicial vêm enumerados nos arts. 319 e 320 do CPC. O primeiro indica quais são os requisitos intrínsecos da própria petição inicial; o segundo diz respeito a eventuais documentos que devam necessariamente acompanhá-la. “Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação oude mediação.” Aline Sayuri Kazari Direito - USJT “Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.” I – o juízo a que é dirigida Trata-se da competência do juízo. Como a petição inicial contém um requerimento dirigido ao Poder Judiciário, e este é composto por inúmeros órgãos, entre os quais é dividia a competência, o autor deve indicar para quem a sua petição é dirigida. Um eventual erro não ensejará o indeferimento da petição inicial, mas tão somente a remessa da inicial ao correto destinatário. Com relação à competência da comarca Estadual de São Paulo, esta é divida em foro central e regional. Será de competência do foro central sempre que versar sobre testamento ou o valor da causa tiver ultrapassado 500 salários mínimos, com exceção das ações de família e sucessões. Ex.: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara ____ do Foro Central/Regional da Comarca de São Paulo. II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu. A petição inicial deverá conter a qualificação das partes: autor(es) réu(s). A identificação das partes possibilita, também, analisar a sua legitimidade (aquele que possui o direito material e processual). Os nomes e prenomes servirão para identificar as partes. O estado civil e a existência de união estável, além de auxiliar a identificação poderão ter relevância naquelas ações em que se exige outorga uxória (exigência legal do consentimento do cônjuge para a prática de determinados atos). A inscrição no cadastro também facilitará a identificação, seja da pessoa física, seja da jurídica. E os endereços são relevantes para que possam ser localizadas, quando da necessidade da comunicação pessoal dos atos processuais. “Art. 319 §1°. Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na Aline Sayuri Kazari Direito - USJT petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. §2°. A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. §3°. A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.” É possível que o réu, no momento da propositura, não esteja qualificado ou seja incerto. Isso não impedirá o recebimento da inicial caso o juiz verifique que não há meios para tal identificação. A citação será, então, feita por edital, na forma do art. 256, I. “Art. 256. A citação por edital será feita: I – quando desconhecido ou incerto o citando” III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido A petição inicial deve conter a causa de pedir remota (fato essencial) que originou a necessidade do autor ingressar com uma ação judicial, ou seja, a narrativa fática. Deve conter, também, a causa de pedir próxima (fundamento jurídico do pedido) que estabelecerá nexo entre a causa e o pedido, ou seja, é o motivo que justifica a existência da ação, baseado na lei ou nos princípios de ordem jurídica; especifica qual o enquadramento jurídico dos fatos narrados (v.g.: o autor expõe que o inquilino não pagou 2 meses de aluguéis, incorrendo em infração contratual e legal, permitindo, com isso, o despejo). Os fundamentos jurídicos do pedido não se confundem com a fundamentação legal, pois esta é o artigo da lei em que se baseia para estabelecer algo em um caso particular. Adota-se, no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da substanciação segundo o qual é preciso declinar completamente na petição inicial os fundamentos que levam o autor a ingressar com a ação judicial, diferentemente do princípio da individuação, onde basta que a parte afirme a que titulo está em juízo. Aline Sayuri Kazari Direito - USJT quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016 IV – o pedido com as suas especificações É a pretensão que o autor leva à apreciação do juiz. Pedido é a consequência da causa de pedir, e é preciso que o autor indique com clareza o pedido imediato, o tipo de provimento jurisdicional (condenatório, constitutivo, declaratório); e o mediato (bem da vida almejado). Pedido imediato: É a forma processual de analisar o pedido. Pedido imediato é aquele destinado ao juiz, ou seja, que este declare, condene, mande, execute etc. a) Sentença declaratória "Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica; II - da autenticidade ou da falsidade de documento." b) Sentença constitutiva: criação, alteração ou extinção de uma determinada relação jurídica; c) Sentença condenatória: responsabilização, condenação pelo pagamento de uma quantia; d) Sentença mandamental: o juiz ordene a prática de algo, pelo réu. "Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente." e) Sentença executiva: busca o cumprimento de uma determinada obrigação. "Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação." Aline Sayuri Kazari Direito - USJT Pedido mediato: É a forma material de analisar o pedido. Pedido mediato é aquele destinado ao réu, é o chamado bem da vida que está sendo objeto de tutela perante o judiciário (ex. condene ao pagamento). 1. Regramentos do pedido O art. 322 e o art. 324 do CPC determinam que o pedido seja certo e determinado. Excepcionalmente, porém, o pedido poderá ser genérico, isto é, certo, mas não determinado. O autor indica o bem da vida pretendido, mas não a quantidade. Certo "Art. 322. O pedido deve ser certo." O pedido certo (o que) é o pedido expresso na inicial e de forma especificada. “Art. 322, §2°. A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé.” Ainda que o pedido não esteja totalmente especificado, o juiz poderá interpretá-lo analisando a causa de pedir. "Art. 322, §1°. Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios." "Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las." Os pedidos são, em regra, interpretados restritivamente; não se considera incluído aquilo que não tenha sido expressamente postulado. Aline Sayuri Kazari Direito - USJT Mas há alguns pedidos que se reputam implícitos. O art. 322, §1°, menciona os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. Os juros de mora incluem-se na liquidação, ainda que tenha sido omisso o pedido de condenação (Súmula 254, do STF). Também se reputa implícito o pedido de incidência de correção monetária, que não é acréscimo, mas atualização do valor nominal da moeda. O pedido de condenação do réu ao pagamento das custas, despesase honorários advocatícios também (Súmula 256, do STF). Por fim, considerar-se-ão incluídas no pedido, independentemente de requerimento expresso na inicial, as prestações sucessivas a que se refere o art. 323 do CPC, o que abrange as que vencerem enquanto durar a obrigação, se não forem pagas no curso do processo. Determinado "Art. 324. O pedido deve ser determinado." Em regra, o pedido deve ser dimensionado, quantificado monetariamente. Com exceção aos pedidos genéricos, impossíveis de serem quantificados. “Art. 324, §1°. É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.” “Art. 323, §2°. O disposto neste artigo aplica- se à reconvenção.” I – nas ações universais: Entende-se por ações universais, aquele que possui como objeto uma universalidade de bens (não se consegue determinar a quantificação dos bens na inicial - ex. partilha de bens); II – quando não for possível determinar as consequências do ato ou do fato: Quando, na petição inicial, as consequências do ato ou fato não puderem ser determinadas (ex. quantidade de cirurgias plásticas necessárias para a reparação de cicatrizes causadas por um vício de Aline Sayuri Kazari Direito - USJT qualidade de um produto - pedido: custear todo o tratamento, com vistas a eliminar as cicatrizes); III – quando a determinação depender de ato que deva ser praticado pelo réu: Hipótese em que a condenação deva ser quantificada na própria sentença. É o que ocorre, por exemplo, nas ações de exigir contas, em que, só depois que o réu as prestar, se poderá verificar se há saldo em favor do autor. “A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial." (art. 552). Ex.: Requeiro a prestação de contas do réu e a condenação no pagamento do valor que vier a ser apurado. quinta-feira, 03 de março de 2016 2. Pedido alternativo “Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo. Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.” “Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.” O pedido alternativo decorre da obrigação alternativa, não se confundindo, portanto, com a cumulação alternativa de pedido, em que o autor estabelece mais de uma possibilidade a satisfazer a sua pretensão, conferindo ao juiz diante das suas preferências estabelecidas, o acolhimento de qualquer um deles: “Art. 326, Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles.” Aline Sayuri Kazari Direito - USJT 3. Cumulação de pedidos Por questões de economia processual, é permitido formular mais de um pedido na mesma demanda. Denomina-se cumulação de pedidos. “Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.” Requisitos Caberá ao juiz, de ofício, verificar se os requisitos para a cumulação de pedido estão presentes. Não sendo possível a cumulação, o juiz verificará se é caso de indeferir a petição inicial, ou de reduzir os limites objetivos da lide, determinando prosseguimento apenas de um ou alguns dos pedidos formulados. “Art. 327, §1°. São requisitos de admissibilidade da cumulação que: I - os pedidos sejam compatíveis entre si; II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.” I- Os pedidos sejam compatíveis entre si Será necessário apenas para as cumulações próprias (art. 327, §3°), simples e sucessivas, em que se pretende que juiz acolha todos os pedidos. Mas não na imprópria (art. 326), em que o acolhimento de um exclui os demais. “Art. 327, §3°. O inciso I do §1° não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.” “Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não colher o anterior.” Caso a cumulação seja própria e o autor formule pedidos incompatíveis entre si, com exceção das cumulações impróprias, o juiz concederá prazo para que ele opte por um pedido ou outro, sob pena de indeferimento da inicial. Aline Sayuri Kazari Direito - USJT II- Seja competente para conhecer deles o mesmo juízo Indispensável para todas as espécies de cumulação. Como o autor pretende que o juiz acolha todas as pretensões, ou pelo menos alguma delas, o juiz tem de ser competente para todas. Em caso de incompetência absoluta para alguma das pretensões, ele indeferirá o pedido para o qual é incompetente, cabendo à parte postulá-la perante o juízo competente. Na hipótese de incompetência relativa, se houver a modificação, por prorrogação, conexão, continência ou derrogação (cláusula de foro de eleição), o juiz poderá examinar todos os pedidos. III- Seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento Como haverá um único processo, é preciso que o procedimento seja adequado para todos os pedidos. “Art. 327, §2°. Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.” O §2° do art. 327 autoriza a cumulação se, conquanto os procedimentos sejam diferentes, o autor adotar o comum para todos eles. Isso não impedirá o emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum. Espécies de cumulação A doutrina costuma fazer a distinção entre a cumulação em que o autor pretende do juiz que acolha todos os pedidos; e em que, conquanto o autor formule várias pretensões, pretende que acolha apenas uma. A primeira espécie é denominada cumulação própria, que pode ser de dois Aline Sayuri Kazari Direito - USJT tipos: simples ou sucessiva; e a segunda é a imprópria, que pode ser alternativa ou subsidiária. I- Cumulação própria Cumulação simples É aquela em que o autor formula vários pedidos, postulando que todos sejam acolhidos pelo juiz. O que a distingue da cumulação sucessiva é que os pedidos formulados não dependem uns dos outros, isto é, não há relação de prejudicialidade entre uns e outros, sendo possível que o juiz acolha uns e não os demais. Os pedidos cumulados são independentes entre si (autonomia entre os pedidos). A concessão de um dos pedidos não vincula os demais, bem como a não concessão de um deles não vincula os demais (ex.: dano patrimonial e dano moral). Cumulação sucessiva Haverá um pedido principal e pedidos dependentes do principal. A concessão do pedido principal vincula, obrigatoriamente, os demais pedidos dependentes (ex. reconhecimento de paternidade e prestação de alimentos). II- Cumulação imprópria Cumulação alternativa É aquela em que o autor formula mais de um pedido, mas pede aojuiz o acolhimento de apenas um, sem manifestar preferência por este ou por aquele. O acolhimento de um dos pedidos exclui os demais: é uma coisa ou outra, e não uma coisa e outra, como na cumulação própria. Cumprirá ao juiz verificar, em caso de procedência, qual dos pedidos deve ser acolhido. Cumulação subsidiária (art. 326, CPC) Assemelha-se à alternativa porque o autor formula mais de um pedido, com a pretensão de que só um deles seja acolhido, mas distingue- se delas porque o autor manifesta a sua preferência por um, podendo-se dizer que há o pedido principal e o subsidiário, que só deverá ser examinado se o primeiro não puder ser acolhido. Se o juiz acolher o Aline Sayuri Kazari Direito - USJT principal, o autor não poderá recorrer; mas se acolher o subsidiário, sim, pois terá sucumbido, uma vez que a pretensão preferencial não foi acolhida. “Art. 326, CPC. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior.” 4. Modificações da causa de pedir e do pedido “Art. 329. O autor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu; II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva causa de pedir.” Até a citação do réu Poderá o autor aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu. Obs.: Aditamento é o acréscimo voluntário na petição inicial. Emenda é a correção da petição inicial mediante determinação judicial. Até o saneamento do processo O aditamento ou a alteração apenas poderá ser realizado mediante consentimento do réu, que terá prazo de no mínimo 15 dias para se manifestar, facultado o requerimento de prova suplementar. Após o despacho saneador Não existe a possibilidade de aditamento ou alteração de pedido, tendo em vista que o despacho saneador estabiliza a demanda. Aline Sayuri Kazari Direito - USJT sexta-feira, 04 de março de 2016 5. Negócio jurídico processual “Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.” Pode ser negociado entre as partes, antes ou durante o processo, um contrato processual que pode afastar determinadas regras processuais, com exceção aos direitos indisponíveis, aos contratos de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. A essa negociação, denomina-se negócio jurídico processual. De acordo com esse dispositivo, se o processo versar sobre direitos que admitam autocomposição, as partes poderão, desde que capazes em sua plenitude, estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da demanda, isto é, àquilo que de especial e, portanto, merecedor de destaque, exista na questão de direito material a ser veiculada no processo. Nesse novo contexto normativo, as partes poderão convencionar, dentre outros temas, a respeito de ônus da prova, inversão cronológica de atos processuais, poderes, faculdades e deveres. E, como já afirmado, poderão pactuar sobre essas matérias antes mesmo do processo, o que significa inserir em contrato, público ou privado, negócio jurídico de natureza processual, que vai muito além da mera eleição de foro. Se, no curso ou depois de extinta a relação jurídica, houver necessidade de ir a juízo, os contratantes, agora partes, irão submeter-se a procedimento, que deverá ser processado na forma e nos moldes ali pactuados. Aline Sayuri Kazari Direito - USJT Diz a regra do parágrafo único do art. 190 que, de ofício ou a requerimento da parte prejudicada, o juiz aferirá a validade das convenções previstas no art. 190, recusando-lhes aplicação se houver nulidade ou inserção abusiva, na hipótese específica de contrato de adesão, ou, ainda, naquelas situações em que a parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. V – valor da causa A toda causa será atribuída um valor certo, ainda que ela não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível: “Art. 291, CPC. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível.” O valor da causa deve refletir, sempre que possível, o valor econômico do objeto da ação. O valor da causa pode definir a competência (Juizado de Pequenas Causas: 40 salários mínimos – competência relativa; Juizado Especial Federal: até 60 salários mínimos – competência absoluta). 1. Critérios para fixação do valor da causa O art. 292 do CPC fornece alguns critérios para fixação do valor da causa: “Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; Aline Sayuri Kazari Direito - USJT VI - na ação em que há cumulação de pedidos (cumulação simples), a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; VII - na ação em que os pedidos são alternativos (cumulação alternativa), o de maior valor; VIII - na ação em que houver pedido subsidiário (cumulação subsidiária), o valor do pedido principal. Quando o pedido for genérico, o valor da causa deve ser estimado pelo autor, que cuidará para que mantenha proporcionalidade com o conteúdo econômico da pretensão. “Art. 292. §1° Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras. §2° O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações. §3° O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes.” Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, serão calculadas as prestações vencidas com juros e multas, mais as vincendas para determinar o valor da causa. Se as vincendas derivar de uma prestação por tempo indeterminado ou superior a 12 meses, será igual a uma prestação anual. Se inferior a 12 meses, será igual à soma das prestações. Poderá haver um valor estimado, caso nãose enquadre em nenhuma dessas hipóteses. O juiz deve corrigir o valor da causa, arbitrando o valor ou solicitar a emenda da petição inicial. “Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o Aline Sayuri Kazari Direito - USJT juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas.” quinta-feira, 10 de março de 2016 VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados Para alcançar o pedido o autor deve provar o alegado, assim, deve demonstrar a verdade dos fatos alegados, na petição inicial, mediante provas que pretende produzir (prova testemunhal, documental, pericial) de forma genérica. Na petição inicial não se faz necessário o detalhamento das provas que o autor pretende produzir, por exemplo, se desejar utilizar de prova testemunhal, não será necessária a indicação do rol de testemunhas. Ex.: “Espera provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, sem exceção de nenhum, por mais especial que possa ser, inclusive a oitiva de testemunhas, depoimento pessoal da parte contrária, prova pericial e outros documentos que vierem a ser necessários.” “Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: (...) II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos.” Somente após a contestação do réu, em decisão de saneamento, o juiz delimitará quais serão as provas que deverão ser produzidas. VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação O autor, na petição inicial, promoverá a opção pela realização ou não de uma audiência de conciliação. Trata-se de uma busca consensual da solução de conflitos (transação). Aline Sayuri Kazari Direito - USJT “Art. 3.º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. §1.º (...) §2.º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.” “Art. 334, §5.º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência.” Não se trata, propriamente, de um requisito da inicial, mas da oportunidade que o autor tem de manifestar desinteresse na audiência inicial de tentativa de conciliação, que se realiza no procedimento comum, antes da contestação do réu. Essa audiência deve, obrigatoriamente, ser designada, salvo se o processo for daqueles que não admite autocomposição, ou se ambas as partes manifestarem desinteresse na sua realização. A inicial é a oportunidade que o autor tem para manifestá- lo. Mas ainda que o faça, o juiz deve designá-la, pois somente se o réu também o fizer, ela será cancelada. Ele deve fazê-lo por petição, apresentada com 10 dias de antecedência, contados da data marcada para a audiência. Se o autor silenciar a respeito de sua opção, presume-se que ele concorda com a realização, já que ela só não será marcada se o desinteresse for expressamente manifestado por ambas as partes (art. 334, §2°). sexta-feira, 11 de março de 2016 2. DESPACHO DA PETIÇÃO INICIAL A primeira atuação do juiz no processo é o juízo de admissibilidade da petição inicial. Haverá três alternativas: pode encontrá-la em termos, caso em que determinará a citação do réu (ou até com o julgamento imediato, nas hipóteses do art. 332); pode constatar a necessidade de algum esclarecimento, ou a solução de algum defeito ou omissão, caso em que concederá prazo ao autor para emendá-la; pode verificar que há um vício insanável, ou que não foi sanado pelo autor, no prazo que lhe foi Aline Sayuri Kazari Direito - USJT anteriormente concedido, caso em que proferirá a sentença de indeferimento da inicial. Indeferimento da petição inicial A petição inicial será indeferida quando não reúne condições para que haja o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal, etc. Tem como consequência a extinção sem resolução do mérito. A expressão “indeferimento da inicial” deve ficar reservada às hipóteses em que o juiz põe fim ao processo antes mesmo de determinar que o réu seja citado, no momento em que faz os primeiros exames de admissibilidade. O art. 330 do CPC trata do tema, apresentando numerosas hipóteses de indeferimento. “Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.” I – For inepta A inépcia traz em si como consequência uma dificuldade do exercício do contraditório e ampla defesa pelo réu; é a inaptidão da inicial de produzir os resultados almejados, seja por falta de pedidos seja por falta de fundamentação. “Art. 330, §1° Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.” O §1° do art. 330 considera inepta a inicial quando não contiver pedido ou causa de pedir; o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; ou contiver pedidos incompatíveis entre si quando da cumulação simples. Aline Sayuri Kazari Direito - USJT “Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: (...) §2° Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. §3° Na hipótese do §2°, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.” Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, deverá ser indicado na petição inicial, o valor incontroverso (valor que as partes reconhecem como pago) e qual a parte que pretende ser controvertida. Isto se deve ao fato de que não se pode partir da premissa de que todos os contratos de empréstimo, financiamento ou de alienação de bens deve ser revisto. Caso o credor se recuse a receber o valor incontroverso, poderá ser realizado mediante consignação em pagamento. II – A parte for manifestamente ilegítima Legitimidade é a pertinência subjetiva para a ação. Deve ser analisada a legitimidade tanto do autor quanto do réu. “Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.” A legitimidade ativa pode ser ordinária (pleitear direito próprio em nome próprio) ou extraordinária (pleitear direito alheio em nome próprio, quando autorizado pelo ordenamento jurídico). A legitimidade passiva será sempre ordinária. “Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.” Aline Sayuri Kazari Direito - USJT III – O autor carecer de interesse processual "Existe interesse processual quando a parte tem necessidade de ir a juízo para alcançar a tutela pretendida e, ainda, quando essa tutela jurisdicional pode trazer-lhe alguma utilidade do ponto de vista prático."(Nelson Nery Junior). Assim, o interesse processual é formado pelo binômio necessidade e adequação. Normalmente se caracteriza o interesse de agir quando existem provas inequívocas de que todos os meios de resolução administrativa e amigável foram tentados, porém sem sucesso. IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 “Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.” “Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado: I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimações; II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço. §1° Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento da petição. §2° Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as intimações enviadas por carta registrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos autos.” Aline Sayuri Kazari Direito - USJT quinta-feira, 17 de março de 2016 1. Juízo de retratação “Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. §1° Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. §2° Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334. Redação adequada do Art. 331, §2°: Sendo a sentença reformada pelo Tribunal, com o retorno dos autos ao 1° grau, observar-se-á o disposto no art. 334 (conciliação). §3° Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.” Indeferida a petição inicial, poderá o autor interpor recurso de apelação (recurso utilizado para anular ou reformar a sentença). Trata-se de apelação dotada de efeito regressivo, em que o juiz tem a possibilidade de, ponderando os argumentos apresentados pelo autor no recurso, reconsiderar a sua decisão e determinar a citação do réu (art. 331, §1°). Sempre que houver extinção sem resolução do mérito, a apelação terá esse efeito, com a particularidade de que no caso do indeferimento da inicial o réu ainda não foi citado, e precisará sê-lo, para oferecer contrarrazões e acompanhar o recurso. Se o juiz a reconsiderar, a sentença de indeferimento da inicial ficará sem efeito e será determinada a citação do réu; do contrário, mantida a sentença, será o réu citado para responder o recurso. Caso ele seja provido, com o retorno dos autos, o juiz designará audiência prévia de tentativa de conciliação, e só depois de sua realização é que fluirá o prazo para contestação. O prazo só correrá efetivamente da intimação do retorno dos autos se a audiência não for designada, nos casos em que o processo não admite autocomposição (§2°, art. 331). Aline Sayuri Kazari Direito - USJT sexta-feira, 18 de março de 2016 Emenda à petição inicial “Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.” “Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.” Sentença liminarmente improcedente Quando o juiz verificar que a inicial preenche todos os requisitos, determinará a citação do réu, para que este possa ser integrado ao processo. Mas há uma situação especial em que, recebida a inicial, o juiz passará de imediato ao julgamento, sem a citação. Trata-se do art. 332, que autoriza o juiz a proferir sentença de total improcedência, nos casos nele previstos: “Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; Aline Sayuri Kazari Direito - USJT III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.” Trata-se de sentença que julgará liminarmente o mérito, quando não se faz necessária a fase instrutória/probatória (questão de mérito exclusivamente de direito), sendo necessariamente improcedente, nas formas do art. 487, I do CPC. Julgada liminarmente a sua improcedência, devendo o réu ser citado da decisão que julgou liminarmente improcedente o pedido do autor. “Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção.” I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça A Súmula reflete o posicionamento de um órgão sobre determinado assunto já pacificado através da jurisprudência. Assim, se o pedido contrariar súmula do STF ou STJ deverá o juiz julgar liminarmente improcedente (apontamento passível de questionamento constitucional, já que vincula obrigatoriamente as decisões, tanto às súmulas vinculantes quanto às súmulas simples, impedindo que se tenha uma reforma de posicionamento dos Tribunais em relação às súmulas simples). II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos “Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.” Recursos, extraordinário ou especial, repetitivos são casos idênticos que versam sobre a mesma questão de direito, permitindo aos tribunais superiores realizarem o julgamento por amostragem. São os denominados Aline Sayuri Kazari Direito - USJT recursos afetados. Quando um recurso extraordinário ou especial, entre tantos repetitivos, é escolhido para ser processado e julgado por amostragem, o tribunal superior, além de ter a vantagem de não receber uma grande quantidade de casos, há de analisar a situação com parcimônia, porquanto irá ali firmar um precedente, que servirá de paradigma aos demais casos. Assim, o acórdão proferido pelos tribunais superiores no julgamento dos recursos repetitivos, terá a mesma força das súmulas vinculantes, já que será julgado liminarmente improcedente pelo juiz de 1° grau. III - entendimentofirmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência “Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando houver, simultaneamente: I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito; II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.” O cabimento do incidente de resolução de demanda repetitiva dar- se-á nos casos onde seja observado o risco de controvérsia no julgamento de demandas que versem sobre questão de direito e nas demandas em que seja observado o risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica. Trata-se da junção de demandas repetitivas para que tenham representação e julgamento único. Difere-se dos recursos repetitivos, pois estes se referem a apelações com questões de direito idênticas aos tribunais superiores, enquanto o incidente de resolução de demanda repetitiva são processos, propostos diretamente nos tribunais superiores ou no juiz de 1ª instância. “Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande Aline Sayuri Kazari Direito - USJT repercussão social, sem repetição em múltiplos processos.” Assunção de competência é evocar para si a competência para o julgamento, devido a relevância da questão de direito, com grande repercussão. A decisão proferida em assunção de competência vinculará as demais ações que vierem a ser propostas, devendo ser julgadas liminarmente improcedentes pelo juiz de 1° grau se o seu pedido a esta contrariar. IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local Súmula do Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal sobre direito local, vincula as demais ações. Existe uma discussão doutrinária quanto à aplicação de tal dispositivo às súmulas do TRF, já que o mesmo se refere à questão de direito local e ter o TRF competência sobre mais de um Estado, ou ainda, partes de um Estado. 1. Decadência ou prescrição “Art. 332, §1° O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.” Redação adequada: Ocorrendo a decadência ou a prescrição, o juiz poderá reconhecê-las independentemente da citação do réu, ainda que fosse necessária a fase instrutória, julgando com resolução de mérito a demanda na forma do art. 487, II da Lei 13.105/15. Enquanto a prescrição é a perda da pretensão (de reivindicar esse direito por meio da ação judicial cabível), a decadência é a perda do direito em si por não ter sido exercido num período de tempo razoável. Tanto a prescrição, quanto a decadência buscam reprimir a inércia dos titulares dos direitos, e assim, fixam prazos razoáveis para que estes direitos sejam exercidos. O art. 332, §1° traz uma hipótese de julgamento nos moldes do art. 487, II: Aline Sayuri Kazari Direito - USJT “Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição.” quinta-feira, 31 de março de 2016 2. Apelação “Art. 332 (...) §2°. Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241. §3°. Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. §4°. Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.” “Art. 241. Transitada em julgado a sentença de mérito proferida em favor do réu antes da citação, incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria comunicar-lhe o resultado do julgamento.” Da sentença de total improcedência, cabe recurso de apelação, pelo autor. Esse recurso terá efeito regressivo, com a possibilidade de o juiz retratar-se no prazo de cinco dias, tornando sem efeito a sentença proferida, para determinar a citação do réu. Esse é o único caso em que o juiz poderá retratar-se de uma sentença de mérito. Das sentenças de extinção sem resolução de mérito, o juiz, havendo apelação, poderá sempre retratar-se. Caso não haja retratação, o réu será citado para apresentar contrarrazões. Se houver retratação, ele será citado para apresentar contestação. Com a subida do recurso, o Tribunal poderá: Manter a sentença de total improcedência, quando verificar que o juiz tinha razão para proferi-la. O acórdão condenará Aline Sayuri Kazari Direito - USJT o autor ao pagamento de honorários advocatícios dos quais ele estaria dispensado se não tivesse recorrido, pois o réu nem sequer teria comparecido aos autos; Verificar que não era hipóteses de aplicação do art. 332, seja porque ausentes as hipóteses previstas no dispositivo, seja porque o processo não é daqueles que dispensa instrução, caso em que o Tribunal anulará a sentença e determinará o retorno dos autos à primeira instância para que o réu tenha oportunidade de contestar, prosseguindo-se daí por diante. Se o autor não apelar, a sentença de total improcedência transitará em julgado, sem que o réu tenha sido, ao menos, citado. Por isso, é importante que o juiz determine a sua intimação, para que dela possa tomar conhecimento (art. 332, §2°). Citação do réu “Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual.” “Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. §1°. O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução.” Verificando que a petição inicial está em termos, o juiz determinará a citação do réu, excetuado ou interessado. Trata-se de ato de comunicação fundamental, por meio do qual eles tomam conhecimento da existência do processo e têm a primeira oportunidade de se manifestar. A citação é um pressuposto/requisito de validade do processo. Logo, sem citação válida, não se pode falar em decisão válida, excetuando Aline Sayuri Kazari Direito - USJT o indeferimento da petição inicial e as hipóteses previstas no art. 332 (caput do art. 239). Como ato fundamental do processo, a citação há de ser feita na forma e com as formalidades determinadas por lei. O descumprimento dos requisitos formais poderá invalidar o ato, tornando necessária a sua repetição. Mas, se apesar do vício ou da falta de citação, o réu comparecer, o ato terá alcançado a sua finalidade, não sendo necessário realiza-lo ou repeti-lo (art. 239, §1°). a) Alegação de nulidade Alegando, o réu, a nulidade de citação e esta for rejeitada, será o réu considerado revel no processo de conhecimento ou, o feito terá seguimento se for o processo de execução. “Art. 239. §2°. Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de: I - conhecimento, o réu será considerado revel; II - execução, o feito terá seguimento.” b) Efeitos da citação Como ato processual fundamental que é, a citação produz numerosos efeitos. O primeiro deles é o de completar a relação processual, com a intenção do citando. A relação processual se triangulariza a partir da citação. Mas esse não é o único efeito produzido. O art. 240 do CPC enumera alguns outros, que terãogrande importância, tanto do ponto de vista processual quanto do material. Mas, para que se verifiquem, é indispensável que a citação seja válida, ainda que produzida por juízo incompetente. A invalidez não os produz. “Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).” Aline Sayuri Kazari Direito - USJT “Art. 397, CC. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.” “Art. 398, CC. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.” A citação realizada dentro dos ditames da lei, ainda que ordenada por juízo incompetente, induz litispendência (duas ações idênticas em curso), torna litigiosa a coisa (ou o direito) e constitui em mora o devedor (efeito material, e não processual, da citação válida). “Art. 337. §1°. Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. §2°. Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. §3°. Há litispendência quando se repete ação que está em curso.” 1. Litispendência A citação válida induz litispendência, o que é relevante quando houver a propositura de ações idênticas, em juízos diferentes. Uma delas haverá de ser extinta sem a resolução de mérito, por força do disposto no art. 485, V, do CPC. 2. Coisa litigiosa A citação válida faz litigiosa a coisa, o que traz consequências importantes para o processo. Só há fraude à execução depois que o devedor, citado, aliena o bem discutido na ação real; ou quando vende bens de seu patrimônio, tornando-se insolvente. Se a alienação ocorrer antes da citação válida do devedor, poderá haver fraude contra credores, mas não à execução. Aline Sayuri Kazari Direito - USJT 3. Constituição do devedor em mora A citação só constituirá o devedor em mora se ela já não o estiver anteriormente. Nas obrigações com termo certo de vencimento, ela se constitui de pleno direito pelo transcurso do prazo estabelecido para o cumprimento, sem a necessidade de notificação ou interpelação do devedor. Nesse caso, quando ele for citado, já estará em mora. sexta-feira, 1 de abril de 2016 4. Interrupção da prescrição e despacho que ordena citação “Art. 240. §1°. A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. §2°. Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no §1°. §3°. A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. §4°. O efeito retroativo a que se refere o §1° aplica-se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei.” “Art. 202, CC. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se- á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.”. O art. 240, §1°, não atribui à citação o efeito de interromper a prescrição, mas o despacho que a ordena, ainda que proferida por juízo incompetente. A prescrição é a perda da pretensão, não exercida dentro do prazo estabelecido em lei e se justifica porque a prescrição pressupõe a inércia do titular da pretensão. Se dentro do prazo estabelecido em lei o Aline Sayuri Kazari Direito - USJT titular ajuíza a ação e a inicial é recebida, determinando-se a citação, deixa de haver inércia e o prazo é interrompido. O CPC acrescenta que a eficácia interruptiva retroage à propositura da ação (art. 240, §1°). Mas para que isso ocorra, é preciso que o autor tome as providências necessárias, no prazo de dez dias, para que a citação se viabilize, a contar do despacho que a ordenar. Se a citação não se viabilizar, porque o autor negligenciou tomar as providências necessárias nesse prazo, o despacho que ordenou a citação ainda assim interromperá a prescrição, mas não retroagirá à data da propositura da demanda (art. 240, §2°). Mas, se ela se inviabilizar por fatos alheios ao autor, como os exclusivamente imputáveis ao serviço judiciário, ele não poderá ser prejudicado e a interrupção retroagirá mesmo assim (art. 240, §3°). O despacho que ordena a citação também impede que se verifique o prazo decadencial, com eficácia retroativa à data da propositura da demanda, bem como aos demais prazos extintivos previstos em lei (art. 240, §4°). A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para interrompê-la (art. 202, parágrafo único do CC), retroagindo à data da propositura da ação. c) Realização da citação A citação poderá ser realizada de forma direta ou indireta. A direta é a feita na pessoa do réu ou de seu representante legal; a indireta é feita na pessoa de um terceiro, que tem poderes de recebê-la com efeito vinculante em relação ao réu. A regra em nosso ordenamento é a citação direta, como resulta da leitura do art. 242 do CPC: “Art. 242. A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado. §1°. Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de seu mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados. §2°. O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou, na localidade onde Aline Sayuri Kazari Direito - USJT estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis, que será considerado habilitado para representar o locador em juízo. §3°. A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial.” Quando o citando for pessoa física maior e capaz, a citação será dirigida a ele; quando for pessoa jurídica ou incapaz, a citação será dirigida ao seu representante legal. Se absolutamente incapaz, exclusivamente aos representantes legais; se relativamente incapaz, deverá ser feita tanto ao incapaz quanto ao representante legal. Se o réu for pessoa jurídica, a citação será feita ao representante legal, conforme estabelecem os seus estatutos. Se estes forem omissos, os representantes serão os seus diretores. Se a pessoa jurídica for de direito público, a citação far-se-á perante o órgão da advocacia pública responsável por sua representação judicial (art. 242, §3°). O locador que se ausentar do Brasil e não tiver procurador, será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento de aluguéis, que terá poderes de representa-lo em juízo (art. 242, §2°). 1. Oportunidade da citação “Art. 243. A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o interessado. Parágrafo único. O militar em serviço ativo será citado na unidade em que estiver servindo, se não for conhecida sua residência ou nela não for encontrado.” “Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimentodo direito: I - de quem estiver participando de ato de culto religioso; II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou Aline Sayuri Kazari Direito - USJT afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - de doente, enquanto grave o seu estado.” De acordo com o CPC, art. 243, a citação far-se-á em qualquer lugar em que se encontre o réu, executado ou interessado. No entanto, o art. 244 estabelece uma série de restrições que deverão ser observadas, salvo quando houver risco de perecimento de direito. Não se fará a citação a quem estiver participando de qualquer ato de culto religioso; ao cônjuge, companheiro ou qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos sete dias seguintes (licença nojo); aos noivos nos três primeiros dias depois do casamento; e aos doentes, enquanto grave o seu estado. “Art. 245. Não se fará citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la. §1° O oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamente a ocorrência. §2° Para examinar o citando, o juiz nomeará médico, que apresentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias. §3° Dispensa-se a nomeação de que trata o §2° se pessoa da família apresentar declaração do médico do citando que ateste a incapacidade deste. §4° Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida em lei e restringindo a nomeação à causa. §5° A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do citando.” Se o oficial de justiça verificar que o réu é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de receber a citação, descreverá e certificará minuciosamente a ocorrência, caso em que o juiz nomeará um médico para o examinar. O laudo deverá ser apresentado em cinco dias, e, se for reconhecida a possibilidade, o juiz dará ao citando um curador, na pessoa de quem a citação será realizada. O exame será dispensado se pessoa da Aline Sayuri Kazari Direito - USJT família apresentar declaração do médico do citando atestando a sua incapacidade. d) Espécies de citação “Art. 246. A citação será feita: I - pelo correio; II - por oficial de justiça; III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; IV - por edital; V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.” De acordo com o art. 246 do CPC, a citação pode realizar-se por cinco modos: pelo correio, por oficial de justiça, pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório, por edital ou por meio eletrônico. Dentre essas, existem formas de citação real e ficta. São fictas aquelas que se realizam por edital, bem como por mandado, quando realizada com hora certa, porque o réu, executado ou interessado se oculta. As demais são reais. Essa distinção é importante, porque, quando a citação é ficta e o réu revel, há necessidade de nomeação de curador especial para defendê-lo, o que não é necessário na citação real. I – pelo correio É a forma prioritária de citação das pessoas naturais, das microempresas e das empresas de pequeno porte, embora a lei assegure ao autor a possibilidade de requerê-la sob outra forma (art. 222, f). O art. 247, no entanto, ressalva algumas situações, em que não será admitida a citação pelo correio. “Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer comarca do país, exceto: I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3°; II - quando o citando for incapaz; III - quando o citando for pessoa de direito público; IV - quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.” Aline Sayuri Kazari Direito - USJT “Art. 695. Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as providências referentes à tutela provisória, o juiz ordenará a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e conciliação, observado o disposto no art. 694. (...) § 3. ° A citação será feita na pessoa do réu.” O prazo de resposta fluirá da data da juntada aos autos do aviso devidamente firmado pelo destinatário da citação, salvo disposição em contrário. O prazo de contestação, no procedimento comum, corre, no entanto, a partir da audiência de tentativa de conciliação ou da data em que o réu protocola o pedido de cancelamento dessa audiência, já tendo o autor manifestado desinteresse na sua realização, na petição inicial. O prazo correrá apenas da juntada do AR quando, por se tratar de processo que não admite autocomposição, a audiência não for designada. “Art. 248. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz e comunicará o prazo para resposta, o endereço do juízo e o respectivo cartório. §1° A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. §2° Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do mandado a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de correspondências. §3° Da carta de citação no processo de conhecimento constarão os requisitos do art. 250. §4° Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência está ausente. Aline Sayuri Kazari Direito - USJT Caso seja pessoa física, a citação só valerá se o aviso de recebimento tiver sido por ele firmado. Caso seja pessoa jurídica, se entregue a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração ou a funcionário responsável pelo recebimento da correspondência (art. 248, §2°). A carta deve ser acompanhada de cópia da petição inicial e deverá observar todos os demais requisitos do art. 250. quinta-feira, 7 de abril de 2016 II - por oficial de justiça “Art. 249. A citação será feita por meio de oficial de justiça nas hipóteses previstas neste Código ou em lei, ou quando frustrada a citação pelo correio.”. “Art. 250. O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir conterá: I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos domicílios ou residências; II - a finalidade da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a menção do prazo para contestar, sob pena de revelia, ou para embargar a execução; III - a aplicação de sanção para o caso de descumprimento da ordem, se houver; IV - se for o caso, a intimação do citando para comparecer, acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento; V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da decisão que deferir tutela provisória; VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.” “Art. 251. Incumbe ao oficial de justiça procurar o citando e, onde o encontrar, citá- lo: Aline Sayuri Kazari Direito - USJT I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; III - obtendo a nota de cienteou certificando que o citando não a apôs no mandado.” É feita por oficial de justiça nas hipóteses previstas no CPC ou em lei; por exemplo, quando presentes as hipóteses dos incisos do art. 247, em que a citação pelo correio não se realiza. O oficial procurará o citando e, onde o encontrar fará a citação, lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé. O oficial certificará se o réu recebeu ou recusou a contrafé e colherá a sua assinatura no mandado, certificando em caso de recusa (art. 251, I a III). O prazo para resposta, do qual o réu terá sido advertido, começa a fluir da data da juntada aos autos do mandado de citação cumprido (art. 231, II), salvo disposição em sentido diverso, como nas hipóteses da audiência de tentativa de conciliação ou do pedido de cancelamento protocolado pelo réu. Se houver vários citandos, o prazo para todos só começa a correr da data da juntada do último mandado de citação cumprido (art. 231, §1°). Não é requisito do mandado de citação a assinatura do juiz, mas tão somente do escrivão ou chefe de secretaria, declarando que subscreve por ordem do juiz. Caso o intimado não seja encontrado nos endereços indicados no mandado, o oficial de justiça certificará e devolverá o mandado não cumprido. Se o ato citatório logrou êxito, o mandado será cumprido diretamente na pessoa do citando. O citando, no entanto, não é obrigado a assinar o mandado e nem a receber a contrafé, mas será considerado citado no processo. Em razão da recusa, o oficial de justiça passará a descrever o citando. Citação com hora certa “Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de Aline Sayuri Kazari Direito - USJT ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.” É uma espécie de citação por mandado, que deve ser utilizada quando o citando, tendo sido procurado por duas vezes pelo oficial de justiça em seu domicílio ou residência, não for encontrado, havendo suspeita de ocultação, devendo consignar na citação os dias e horários em que realizou as diligências e é preciso que o citando tenha sido procurado nos horários em que costuma encontrar-se no local. “Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência.” §1° Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias. §2° A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado. §3° Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. §4° O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia.” “Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.” Aline Sayuri Kazari Direito - USJT Para que se aperfeiçoe, o oficial intimará qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho que, no dia útil imediato, voltará, a fim de efetuar a citação na hora que designar. No dia e hora marcados, comparecerá ao domicílio do citando e, se ele não estiver presente, procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, caso verifique que houve ocultação, ainda que em outra comarca, seção ou subseção judiciárias. O oficial fará uma certidão do ocorrido e deixará a contrafé com a pessoa da família ou com qualquer vizinho, declarando-lhe o nome. Em seguida, o escrivão ou chefe de secretaria enviará carta, telegrama ou radiograma ao citando, dando-lhe de tudo ciência. A expedição da carta é requisito para a validade da citação com hora certa, mas não o recebimento pelo citando. Nos condomínios edilícios será válida a intimação feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência. Como a citação é ficta, porque não recebida diretamente pelo citando, haverá necessidade de nomeação de curador especial, se o réu ficar revel. “Art. 255. Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos.” Nas comarcas vizinhas de fácil comunicação (próxima) e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos. III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório IV - por edital É forma de citação ficta que se aperfeiçoa com a publicação de editais. O art. 256 do CPC enumera as situações em que o juiz deferirá a citação por edital: “Art. 256. A citação por edital será feita: Aline Sayuri Kazari Direito - USJT I - quando desconhecido ou incerto o citando; II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando; III - nos casos expressos em lei.” O edital será publicado na rede mundial de computadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, o que deverá ser certificado nos autos. Além disso, o juiz pode determinar também a publicação em jornal local de ampla circulação ou por outros meios, consideradas peculiaridades da comarca, seção ou subseção judiciárias. O juiz fixará o prazo do edital, que pode variar entre 20 e 60 dias, a contar da publicação. Se houver mais de uma, o prazo correrá da primeira. Vencido o prazo do edital, a partir do primeiro dia útil subsequente fluirá o prazo de resposta do réu, salvo disposição em sentido diverso. Caso ele fique revel, haverá necessidade de nomeação de curador especial, já que a citação é ficta, o que deverá constar do edital. “Art. 257. São requisitos da citação por edital: I - a afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a presença das circunstâncias autorizadoras; II - a publicação do edital na rede mundial de computadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, que deve ser certificada nos autos; III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data da publicação única ou, havendo mais de uma, da primeira; IV - a advertência de que será nomeado curador especial em caso de revelia. Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a publicação do edital seja feita também em jornal local de ampla circulação ou por outros meios, considerando as peculiaridades da comarca, da seção ou da subseção judiciárias.” “Art. 258. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das circunstâncias autorizadoras
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