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CCJ0034-WL-D-LC-Aula 02-Alexandre Leopoldo

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Direito Penal IV
Prof. Alexandre Leopoldo.
Aula 2
• USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA 
• Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: 
• Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
• Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: 
• Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
• USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA – CP 328 
• Análise do núcleo do tipo. 
• O verbo usurpar significa alcançar algo sem o regular direito, é desempenhar a 
função pública indevidamente. 
• Sujeito 
• Ativo. Qualquer pessoa, inclusive o funcionário público (parte da doutrina). 
• Passivo. A Administração Pública. 
• Classificação. 
• Crime comum, formal, comissivo, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente. 
• Forma qualificada. 
• A forma qualificada está prevista no parágrafo único do 
artigo e se refere ao fato de auferir vantagem da função 
pública usurpada. 
• Necessidade de pelo menos um ato. 
• A doutrina entende que o usurpador tem que cometer pelo 
menos um ato utilizando a qualidade usurpada de 
funcionário público ou atinente à função para que se 
caracterize o crime. 
• Art. 45 da LCP. O art. 45 da LCP refere-se à contravenção de 
simulação da qualidade de funcionário público. Significa 
que o indivíduo se diz funcionário público, mas não pratica 
nenhum ato atinente à função pública. 
• Art. 46 da LCP. O art. 46 da LCP refere-se à contravenção de 
usurpação de função pública uniformizada. Significa que o indivíduo 
se diz funcionário público que trabalha fardado, por exemplo, se 
passar por policial militar. 
• Art. 45. Fingir-se funcionário público: 
• Pena – prisão simples, de um a três meses, ou multa, de quinhentos 
mil réis a três contos de réis. 
• Art 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo de função 
pública que não exerce; usar, indevidamente, de sinal, distintivo ou 
denominação cujo emprêgo seja regulado por lei. (Redação dada 
pelo Decreto-Lei nº 6.916, de 2.10.1944) 
• Pena – multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o fato não 
constitui infração penal mais grave. (Redação dada pelo Decreto-Lei 
nº 6.916, de 2.10.1944) 
• RESISTÊNCIA 
• Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente 
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: 
• Pena - detenção, de dois meses a dois anos. 
• § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: 
• Pena - reclusão, de um a três anos. 
• § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. 
• Análise do núcleo do tipo. É a oposição a um ato legal mediante violência ou ameaça. 
• Violência e Ameaça 
• A agressão ou desforço físico configuram o delito, ao contrário da violência contra a coisa (viatura 
policial por exemplo). No caso de violência haverá concurso material compulsório (§ 2.º) 
• A ameaça não precisa ser grave. Pode ser escrita e verbal. 
• Sujeitos 
• a) Ativo. Qualquer pessoa, inclusive o funcionário público. 
• b) Passivo. A Administração Pública. 
• Ato legal 
• Para caracterizar a resistência o ato ao qual se opõe tem que ser legal, 
ainda que injusto 
• Resistência ativa/passiva. 
• Para configurar o delito a resistência tem que ser ativa contra o executor 
do ato legal ou contra quem lhe esteja prestando auxílio. Se a resistência 
for passiva, como por exemplo agarrar-se ao executor do ato implorando-
lhe que não o leve a termo, não configura o delito de resistência. Posição 
minoritária na doutrina entende que a resistência passiva configura o 
crime de desobediência. 
• Funcionário competente 
• Não basta que a resistência seja contra funcionário público, tem que ser 
contra funcionário público competente para a execução do ato. 
• A prisão feita por particular desacompanhado de funcionário público, 
mesmo que haja violência ou ameaça não configura o crime de 
resistência. 
• Embriaguez X Resistência 
• A Jurisprudência dominante entende que a embriaguez 
não retira a responsabilidade do agente pelo fato de 
estar embriago. 
• Resistência X Desacato 
• Apesar de existir concurso de crimes quando o agente 
xinga e emprega violência em oposição a ato ilegal, a 
jurisprudência pátria tem entendido a existência de um 
só crime pela subsidiariedade tácita. 
• Prestador de auxílio. É prestador de auxílio a pessoa 
que está colaborando com o funcionário público na 
execução do ato. 
• Classificação 
• Crime comum, formal, comissivo, instantâneo, 
unissubjetivo, plurissubsistente. 
• Forma qualificada 
• A forma qualificada ocorre quando a resistência é 
suficiente para impedir a execução do ato. 
• Casos de resistência em função de ato legal: 
Mandado de prisão; prisão em flagrante; prisão 
de condenado foragido; penhora; vistoria judicial; 
execução de despejo; busca e apreensão, à 
ordem de identificar-se. 
• DESOBEDIÊNCIA 
• Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: 
• Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 
• Tipo penal. 
• Desobedecer (não cumprir, não atender) a ordem legal de funcionário público. 
Pode ser praticado por ação, quando a ordem determina uma omissão; ou por 
omissão quando a ordem determina uma ação. Exemplo: deixar de comparecer a 
uma audiência, quando devidamente intimado a fazê-lo como testemunha; abrir 
estabelecimento interditado, etc. 
• Requisitos 
• Ordem: determinação, mandamento. 
• Legal: Deve ser perfeita material e formalmente. 
• Funcionário Público competente: deve emanar de funcionário público com função 
para ordenar. 
• Dever jurídico de cumprir a ordem: o destinatário tem que ter o dever e cumprir e 
não existir motivo de força maior para o descumprimento. 
• Sujeitos 
• a) ativo: qualquer pessoa, inclusive funcionário 
público. 
• b) passivo: Estado. 
• Elemento subjetivo do tipo 
• Dolo, não se exige elemento subjetivo específico, nem 
se admite forma culposa. 
• Objetos material e jurídico 
• O objeto material é a ordem dada e o objeto jurídico é 
a administração pública, nos interesses material e 
moral. 
• Classificação 
• Crime comum, formal, de forma livre, 
comissivo, omissivo ou omissivo impróprio, 
instantâneo, unissubjetivo, unissubsistente ou 
plurissubsistente, forma em que admite a 
tentativa. 
• DESACATO 
• Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou 
em razão dela: 
• Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
• Tipo penal 
• Delito bem comum no meio forense. Com o advento da Lei 
10259/01, que instituiu os Juizados Especiais Federais, passou a ser 
considerado como delito de menor potencial ofensivo não se 
instaurando mais Inquérito Policial, lavra-se apenas um Termo 
Circunstanciado de Ocorrência, que constará a oitiva do autor do 
delito que deverá ser conduzido à Delegacia de Polícia e, após 
ouvido, liberado. Acontece com maior incidência envolvendo a 
Polícia Militar. Para que o delito se configure necessário se faz que o 
funcionário público sinta-se de fato atingido pela ofensa que lhe foi 
dirigida. 
• Núcleo 
• Desacatar: desrespeitar, desprestigiar, ofender. 
• Modos de execução: palavras, gestos, vias de fato. 
• Bem jurídico 
• A Administração Pública. 
• Sujeitos 
• a) Ativo. Qualquer pessoa, inclusive funcionário público. 
• b) Passivo. O Estado. 
• Tipo objetivo 
• Consiste em o particular ofender ou desprestigiar o funcionário 
público. O funcionário público por equiparação não sofre o 
desacato. As palavras difamatórias, injuriosas e/ou caluniosas por si 
caracterizam o desacato, assim como a agressão física e o riso 
irônico. 
• Presença do ofendido 
• É necessário que o ofendido presencie direta ou indiretamente a ofensa. O 
ofendido deve estar cara-a-cara com o ofensor ou em ao lado do ofensor 
quando este fala mal de si a outrem. 
• Pluralidade de funcionários• Se a ofensa for dirigida a mais de um funcionário público, ou seja, se 
houver pluralidade de funcionários, o crime é único. 
• Consumação/tentativa 
• O crime consuma-se com a ofensa. A tentativa é cabível mas de difícil 
constatação Consumação/tentativa 
• O crime consuma-se com a ofensa. A tentativa é cabível mas de difícil 
constatação. 
• Classificação 
• Crime comum, formal, comissivo, instantâneo, unissubjetivo, 
plurissubsistente. 
• Embriaguez e desacato. 
• Para configuração do desacato tem-se a necessidade da ocorrência do elemento subjetivo do delito 
que é o dolo específico, ou seja, a especial intenção de desprestigiar ou desrespeitar o funcionário 
público. Assim sendo, relativamente à relevância da situação de embriaguez frente à ocorrência do 
delito tem-se 3 teorias: 
• a) Relevância da embriaguez na aferição do elemento subjetivo 
• Como o crime exige o dolo específico, ou seja, a vontade de desacatar, o estado de embriaguez se 
torna incompatível com o elemento subjetivo do crime, não configurando o delito. Tal teoria é 
defendida por Nelson Hungria e adotada pelo TACrimSP. 
• b) Irrelevância da embriaguez na aferição do elemento subjetivo 
• Tal teoria diz que o tipo não exige o elemento subjetivo do dolo específico, basta o dolo genérico. O 
estado de embriaguez torna-se circunstância irrelevante e o crime subsiste. O estado de 
embriaguez só será relevante se esta for involuntária e completa. Tal posição é minoritária no 
campo doutrinário do direito penal. 
• c) Relevância relativa da embriaguez na aferição do elemento subjetivo 
• Diz que cada caso deverá ser analisado de forma individual. Faz-se necessário observar o grau de 
embriaguez do ofensor. Se a sua embriaguez permite ou não que tenha consciência do ato que está 
praticando. 
• TRÁFICO DE INFLUÊNCIA 
• Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para 
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto 
de influir em ato praticado por funcionário público no 
exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 
1995) 
• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
(Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 
• Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o 
agente alega ou insinua que a vantagem é também 
destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, 
de 1995) 
• Breve Comentário 
• Até a promulgação da Lei 9127/95 o tipo penal do art. 
332 do CPB tinha o mesmo nomem iuris do tipo 
previsto no artigo 357 do mesmo diploma legal, ou 
seja, Exploração de Prestígio. Com o advento da 
mencionada lei o tipo do art. 332 teve seu nome 
modificado para Tráfico de Influência. Hodiernamente 
subsistem os 2 tipos penais com os nomes de Tráfico de 
Influência (art. 332 do CPB) e Exploração de Prestígio 
(art. 357 do CPB). O professor Cézar Roberto 
Bittencourt entende que Tráfico de Influência é uma 
forma eufemística de tratar o delito de corrupção, ou 
seja, é dar um nome menos agressivo ao delito de 
corrupção. 
• Bem Jurídico Protegido: Administração Pública. 
• Tipo de conteúdo variado 
• É tipo de conteúdo variado ou de ação múltipla porquanto 4 são os 
verbos constituintes da conduta típica. 
• Envolvimento de 3 pessoas 
• Para consumação do crime é necessário a concorrência de 3 
pessoas, "ainda que virtuais" nos dizeres de Guilherme Nucci. As 
pessoas são: o vendedor de prestígio, o funcionário público não 
sabedor de que está sendo usado para beneficiar alguém, o 
comprador do prestígio. Se o funcionário público souber do uso de 
seu prestígio por alheio, deixa de ser delito de tráfico de influência 
para ser corrupção passiva. O funcionário público e a pessoa que 
está comprando o prestígio são pessoas virtuais do delito. 
• Ato do funcionário 
• O crime de tráfico de influência só se caracteriza se houver ato do 
funcionário público e, o ato tem que ser futuro. 
• Crime formal/material 
• Parte da doutrina entende que as condutas de solicitar, cobrar e exigir são 
formais enquanto que a conduta de obter é material. 
• Fraude 
• Decorre do fato de que o traficante de influência vende uma vantagem 
que o comprador não vai ter de fato. Nos dizeres de Vicenzo Manzini: 
"enquanto um quer vender fumaça o outro quer e supõe comprar um 
assado". 
• A expressão "a pretexto de" 
• "Com desculpas de influir em ato praticado por funcionário público no 
exercício da função" para beneficiar o comprador do prestígio, o traficante 
de influência solicita, exige, cobra ou obtém dele vantagem para si ou para 
outrem. É a forma de enganar o comprador do prestígio. 
• Classificação 
• É crime comum, formal (o bem jurídico é a 
escorreita Administração Pública, segundo 
Guilherme Nucci), comissivo, instantâneo, 
unissubjetivo, uni ou plurissubsistente, de forma 
livre. 
• Causa de aumento de pena 
• A pena é aumentada da metade, se o agente 
alega ou insinua que a vantagem é também 
destinada ao funcionário (art. 332, parágrafo 
único). 
• CORRUPÇÃO ATIVA 
• Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para 
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: 
• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 
10.763, de 12.11.2003) 
• Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou 
promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo 
dever funcional. 
• Sujeitos 
• a) ativo: qualquer pessoa. 
• b) passivo: Estado. 
• Elemento subjetivo do tipo 
• Dolo, exige-se elemento subjetivo específico consistente na vontade de fazer o 
funcionário praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Não há forma culposa. 
• Objetos material e jurídico 
• O objeto material é a vantagem e o objeto jurídico é a administração pública, nos 
interesses material e moral. 
• Classificação 
• Crime comum, formal, de forma livre, 
comissivo ou omissivo impróprio, instantâneo, 
unissubjetivo, unissubsistente ou 
plurissubsistente, forma em que admite a 
tentativa. 
• IMPEDIMENTO, PERTURBAÇÃO OU FRAUDE 
DE CONCORRENCIA – CP 335 
• Este artigo foi revogado pela Lei 8.666/93 
(artigos 93 e 95) 
• “DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO 
DA JUSTIÇA” 
• FRAUDE PROCESSUAL 
• Art. 359, CP, Desobediência a Decisão Judicial Sobre Perda 
ou Suspensão de Direito.
• Trata-se de crime que preserva a administração da justiça 
afrontada pelo descumprimento de uma
• decisão judicial. É uma desobediência específica
• Apesar de parte da doutrina classificar esse crime como 
sendo comum, já que qualquer pessoa pode
• cometê-lo, parece-me mais adequado dizê-lo próprio na 
medida em que se exige o indivíduo esteja
• impedido ou suspenso, por decisão judicial, no seu direito 
de exercer função atividade direito autoridade
• ou munus.
• Sujeito passivo é o Estado.
• A conduta é bastante simples, basta que o indivíduo, impedido ou 
suspenso, passe a exercer as funções
• para as quais está proibido.
• É crime doloso, que envolve, necessariamente, o conhecimento de 
que está impedido ou suspenso da
• prática das condutas lidas no caput.
• Consuma-se a infração penal com o início do exercício em afronta à 
decisão judicial, por se tratar de
• crime habitual não se admite a forma tentada, apesar de haver 
pensamento em sentido contrário, ou
• seja, de que não se trata de crime habitual e, portanto, é possível a 
tentativa.

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