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Desenvolvimento Econômico, Educacional e Social em Lagoinha - SP

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2010 - 2015
Indicadores Econômicos, Sociais e Educacionais
 Esta pesquisa tem como propósito apresentar os dados do desenvolvimento econômico, educacional e social do município de Lagoinha – SP, um dos 39 municípios que compõem a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVPLN). A Figura 1 mostra o mapa da RMVPLN composto de municípios e sub-regiões: 
Figura 1 – Mapa da RMVPLN, Sub-regiões e municípios
 Fonte: SEADE, 2016
Os dados apresentados e analisados estão no contexto da Sub-região 2, Governo de Taubaté, da qual, os indicadores farão parte do estudo Comparativo. 
A primeira análise a ser feita aborda a qualidade de vida de uma região ou município. Dois indicadores norteiam o bem estar de uma população de uma região, são eles: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e o Índice Paulista de Responsabilidade Social. Quando apresentados isoladamente, não permitem possuir a real sensibilidade do que representam; devido a esse pormenor, este estudo fará uma exposição sempre de forma comparativa. 
1) IDHM: derivado do IDH, utilizado globalmente, foi adaptado às características dos municípios brasileiros, sendo composto de 03 sub-iténs: IDHM-R (mensura a riqueza disponibilizada para a população); IDHM-E (mensura o fator educacional do município; e o IDHM-L (mensura a longevidade da população de uma região ou município.
A Tabela 1 mostra esse indicador para Lagoinha, Sub-região 2 (Governo de Taubaté) a qual integra, e para a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVPLN) na qual este município se localiza.
 Tabela 1 – IDHM Lagoinha no contexto regional, estadual e brasileiro
 Fonte: Atlas Brasil, 2016 – IBGE Cidades, 2016
	
Se a comparação entre os municípios (39) é estabelecida com o índice de IDHM publicado (0,781) para a RMVPLN, apenas seis deles (Caçapava, São José dos Campos, Taubaté, Tremembé, Guaratinguetá e Cruzeiro) estão com o indicador acima desse valor (ano 2010). Esta diferença existente entre o índice divulgado e o índice médio de 0,735, é devida a metodologia aplicada, pois envolve o número de habitantes do município, metodologia esta que eleva o índice em vista de os municípios de São José dos Campos (0,807) e Taubaté (0,8) serem populosos e terem os maiores indicadores. Já os municípios que detém os menores índices, Natividade da Serra (0,655) e Redenção da Serra (0,657), não possuem uma população grande. Lagoinha está 5,7% abaixo da média da RMVPLN, e 4,3% abaixo da média da Sub-região 2.
2) IPRS: o Índice Paulista de Responsabilidade Social, elaborado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, vinculada ao Governo do Estado de São Paulo, assim posiciona o município de Lagoinha:
 Tabela 2 – IPRS Lagoinha no contexto regional e estadual
 Fonte: SEADE, 2016
A classificação Grupo 5 do IPRS, município mais desfavorecido socialmente, tem o seguinte enunciado: composto por localidades tradicionalmente pobres, com baixos níveis de riqueza, longevidade e escolaridade, esse grupo concentra os municípios mais desfavorecidos do Estado, tanto em riqueza quanto nos indicadores sociais.
A classificação Grupo 4 do IPRS tem o seguinte enunciado: esse grupo apresenta baixa riqueza e níveis intermediários de longevidade e/ou escolaridade.
A segunda análise enfoca o quesito renda ou riqueza de um município ou de seus habitantes. Sobre este aspecto, Amartya Sen afirma que uma concepção adequada de desenvolvimento deve ir muito além da acumulação de riqueza e de outras variáveis relacionadas à renda. Sem desconsiderar a importância do crescimento econômico, precisamos enxergar muito além dele.
3) IDHM-R: Um dos componentes do IDHM é o fator “renda”, sendo o indicador denominado IDHM-R, que tem por base de cálculo a Renda per capita dos habitantes de um município.
A Tabela 3 mostra esse indicador para Lagoinha, Sub-região 2 (Governo de Taubaté) a qual integra, e para a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVPLN) na qual este município se localiza.
Tabela 3 – IDHM-R Lagoinha no contexto regional, estadual e brasileiro
 Fonte: Atlas Brasil, 2016
Cumpre notar, mais uma vez, que se o indicador divulgado pelo Atlas Brasil fosse utilizado como padrão de comparação na RMVPLN (0,765), somente os municípios de São José dos Campos (0,804), Taubaté (0,778) e Tremembé (0,769) estariam em uma posição superior a este nível.
Os municípios com os menores índices IDHM-R na RMVPLN são respectivamente: Areias (0,627) e Redenção da Serra (0,633).
	
4) IPRS - Riqueza: Com metodologia diferente do IDHM-R, o IPRS-R é composto das variáveis especificadas no Quadro 1:
 Quadro 1 – Composição do IPRS - Riqueza
Fonte: SEADE, 2016 
Desvelando uma comparação com o Estado de São Paulo, RMVPLN e Sub-região 2 com o município de Lagoinha, a Tabela 4 é evidenciada:
Tabela 4 – IPRS-R Lagoinha no contexto regional e estadual
Fonte: SEADE, 2016
Inobstante as considerações feitas para as tabelas anteriores, nas quais o fator populacional incide nos índices, esses podem dar uma impressão errônea se for feita análise comparativa, maxime neste aspecto, faz-se necessário aprofundar uma análise por esse viés antes de utilizar a média dos indicadores.
Enquanto o IDHM-R apresenta um diferença de amplitude máxima entre o menor indicador 0,627 e o maior 0,804 correspondendo a 0,177 ou seja 28,2% de diferença do menor para o maior índice, no IPRS-R a diferença percentual supera a 100%. 
O Gráfico 1 traz os três maiores indicadores IPRS-R, e os três menores da RMVPLN, incluindo o município de Lagoinha para efeito comparativo, com dados referentes aos anos de 2010 e 2012.
 Gráfico 1 – Maiores e menores IPRS da RMVPLN
 Fonte: Seade, 2016
Vale realçar, que o município de Jambeiro, com população (5.349 – 2010) pouco maior que Lagoinha (4.841 – 2010), ostenta o segundo melhor índice de IRPS-R da RMVPLN, sobrepujando cidades bem mais populosas, tais como Taubaté, Jacareí, etc.
Em complemento aos indicadores IDHM-R e IPRS-R, esse estudo passa a incidir sobre os indicadores de PIB per capita (mensal), Renda per capita (mensal), número de empresas ativas no município, e a relação habitantes por empresa.
5) Renda per capita e Produto Interno Bruto (PIB) per capita:
Visando estabelecer diferenciação existente entre PIB per capita e Renda per capita, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2015) traz a seguinte definição: O PIB per capita é o Produto Interno Bruto do município dividido pelo número de habitantes, enquanto a Renda per capita tem a seguinte definição: “É a soma da renda de todos os residentes, dividida pelo número de pessoas que moram no município - inclusive crianças e pessoas sem registro de renda” (PNUD, 2015, s. p.).
Estabelecida a diferença, na Tabela 5 são mostrados esses dois indicadores do município de Lagoinha, tendo para efeito comparativo os dados da Sub-região 2, RMVPLN, e do Estado de São Paulo, em valores mensais base 2010.
Tabela 5 – PIB per capita e Renda per capita – Lagoinha no contexto estadual
 Fonte: IBGE – Cidades, 2016
Sobre as diferenças existentes nos indicadores (dados divulgados), Januzzi (2005) faz a seguinte ponderação:
[...] Na prática, nem sempre o indicador de maior validade é o mais confiável; nem sempre o mais confiável é o mais sensível; nem sempre o mais sensível é o mais específico; enfim, nem sempre o indicador que reúne todas essas qualidades é passível de ser obtido na escala territorial e na periodicidade requerida (p. 143).
Para um panorama, restrito aos municípios melhores/piores situados, da RMVPLN, o Gráfico 2 desvela o seguinte aspecto:
 Gráfico 2 – Menores e maiores Rpc e PIBpc – RMVPLN 2010
 Fonte: SEADE, 2016
O Gráfico 2 mostra uma desigualdade, ano 2010, acima de 100% entre o PIB per capita e a Renda per capita em alguns municípios, evidenciando um municípiorico e uma população pobre. Os dados se restringiram ao ano 2010, por ainda não se dispor de dados do Censo ainda a ocorrer.
Na dependência da atuação dos agentes políticos, a riqueza de um município pode ser um dos fatores mais relevantes para o desenvolvimento regional. O gráfico 3 mostra a evolução do PIB per capita entre os anos 2010 e 2014 dos municípios selecionados para compor o gráfico anterior.
 Gráfico 3 – Evolução do PIB per capita período 2010 – 2014 RMVPLN 
 Fonte: SEADE, 2016
Faz-se mister realçar o crescimento incomum do PIB per capita de Canas que registrou um acréscimo percentual de 264%.
6) Vulnerabilidade Social, Desigualdade e Pobreza:
Os aspectos sociais, por vezes, penalizam um município. Spinoza, no século XVII afirmava que os penalizados socialmente sentem-se na condição de instabilidade social, ou seja: “...inveja pelos que vão bem, com um ódio que será maior quanto mais amarem a coisa que imaginam ser objeto de desfrute de um outro” (2009, p. 120). Esse aspecto tem as condições de ser o ponto de partida da luta entre as classes.
A vulnerabilidade social não afeta somente ao desassistido, ela incide, também, sobre toda a coletividade na forma de mazelas sociais, tais como: tráfico de drogas, violência, prostituição, analfabetismo, ociosidade de jovens e adultos, alcoolismo. Via de regra, para mitigá-la, parte dos recursos de um município são desviados dos investimentos em infraestrutura para o assistencialismo, perpetuando o círculo vicioso. É bom que se frise que crianças são geradas dentro desse quadro social negativo.
A desigualdade social é mensurada pelo indicador “Coeficiente de GINI”, no qual a unidade (“1”) é o aspecto no qual a desigualdade absoluta impera, um caos social. O zero (“0”) representa a utópica igualdade social, inexistente. A Tabela 6, além do indicador Coeficiente de GINI, traz um retrato dos indicadores de Pobreza, Pobreza Extrema, Trabalho Infantil, o percentual de pessoas desocupadas maiores de 18 anos, o percentual de jovens na faixa de 15 a 24 anos que não trabalham e não estudam (“Nem-Nem”), a Taxa de analfabetismo, e o percentual de pessoas maiores de 18 anos com o Ensino Fundamental incompleto (Analfabetismo Funcional).
	
 Tabela 6 – Mapa da Vulnerabilidade Lagoinha, Sub-região 2 e RMVPLN – 2010
 Fontes: Atlas Brasil, 2016 – IBGE Cidades, 2016
Pode-se ponderar, face aos indicadores apresentados, que parte dos empecilhos a um maior desenvolvimento regional do município de Lagoinha está no quesito Educação, no qual o índice de “analfabetismo” da população com idade igual ou superior a 10 anos remonta em 8,1% (344 pessoas), as quais encontram-se neste fator de vulnerabilidade. Maxime em Lagoinha, o que preocupa é o indicador de “analfabetismo funcional” com a Taxa de 38,7% dos habitantes com idade igual ou superior a 25 anos (1.196 pessoas), um contingente da população sem habilidades além dos ofícios artesanais.
Inobstante não ter sido incluso na Tabela 6, também é digno de ser realçado o indicador percentual de crianças extremamente pobres – ano 2010 – divulgado pelo Atlas Brasileiro do Desenvolvimento Humano: 2,72% da população, ou seja, 132 crianças. Crescendo em condição de miséria, poucas são as chances de deixarem de engrossar o contingente de vulneráveis quando chegarem na fase adulta.
Sobre o “trabalho infantil”, 7,43% das crianças com idade entre 10 a 14 anos ou seja 37 pessoas, correntes antagônicas opinam: Marx, no século XIX, considerava salutar o trabalho desde que permitisse tempo para o estudo das crianças, ressalvando que se o ensino não viesse ocorrer até os 17 anos, o jovem ficaria embrutecido e não apto a serviços que requeressem raciocínios. Já Bayama (2009), afirma que o trabalho requer dinamismo e amadurecimento, enquanto atividade precoce motiva o aluno a empenhar-se em função da sobrevivência, mas é prejudicial para o seu desempenho escolar, visto que este não tem ainda amadurecimento suficiente para ajustar, ao mesmo tempo, o estudo e o trabalho.
7) Fator Educacional:
A gestão de um município embute o aspecto político, e nem sempre a escolha democrática incide sobre os que estão mais preparados para gerir, pois uma população sem educação e cultura tem pouca capacidade de discernimento. Realçando este aspecto, Caritat (Condorcet, 1993) no século XVIII afirmava que a verdadeira educação faz cidadãos indóceis e difíceis de governar, daí o desleixo dos governos populista com a educação, pois não é interessante a educação de um povo, para mais facilmente poder manobrá-lo, em prol dos interesses dos governantes. 
A RMVPLN exibe um aspecto singular nesse quesito educação, pois, entre os anos de 2012 e 2015 (CIDADES@), 2016), apresentou um decréscimo no número de matrículas de 6,9% (318581 alunos matriculados em 2012 – 296.470 alunos matriculados em 2015) no Ensino Fundamental, enquanto no Ensino Médio, o decréscimo foi de 5,4% (103.704 alunos matriculados em 2012 – 98.151 alunos matriculados em 2015). 
Esse fenômeno de decréscimo de matrículas na Sub-região 2 remontou em 6,7% (CIDADES@, 2016) para o Ensino Fundamental (81.439 alunos matriculados em 2012 – 75.960 alunos matriculados em 2015) e 3,3% no Ensino Médio (24.336 alunos matriculados em 2012 – 23.539 alunos matriculados em 2015). A situação do município de Lagoinha apresenta um quadro mais desfavorável ainda, pois relativo ao Ensino Fundamental o decréscimo foi de 15,6% (716 alunos matriculados em 2012 – 604 alunos matriculados em 2015), enquanto no Ensino Médio esse percentual totalizou 7,1% (239 alunos matriculados em 2012 – 222 alunos matriculados em 2015).
Dados preocupantes, pois conforme Sen (2010), a educação e a alfabetização em uma região promove a mudança social e aumenta o progresso. Detalhando o aspecto educacional da RMVPLN, da Sub-região 2 e do município de Lagoinha, a Tabela 7 traz uma visão geral ao desvelar, com dados do Censo 2010, o percentual e o número de pessoas com mais de 18 anos sem o Ensino Fundamental completo, o percentual e o número de pessoas na faixa de 15 a 17 anos sem o Ensino Fundamental completo, e o percentual e o número de pessoas na faixa de 18 a 20 anos sem o Ensino Médio completo.
 Tabela 7 – Percentual e números do Ensino Fundamental e Médio, 2010
 Fonte: IBGE – Cidades, 2016 – Atlas Brasil, 2016
 
O contingente de 1.745 pessoas congrega os 1.196 analfabetos funcionais apontados no Censo de 2010. A preocupação fica com os 76 jovens na faixa etária de 15 a 17 anos que podem vir a incrementar este número de pessoas já no limite da vulnerabilidade.
Os indicadores educacionais, atuais, mensuram a Evasão (Abandono) escolar, porém não fazem alusão a Desistência Escolar, quando o aluno, por motivos diversos, deixa de se rematricular. Pasin Neto e Araujo (2017) utilizam do seguinte método, derivado do Profluxo (RIBEIRO, 1993) para estimar esse percentual:
Figura 2 – Método de cálculo da Desistência Escolar
 Fonte: Pasin Neto e Araujo, 2017
O município de Lagoinha, tanto no Ensino Fundamental – Anos Iniciais, quanto na mesma etapa – Anos Finais, praticamente não registrou evasões no ano 2015. Devido a este pormenor, esta pesquisa se concentrou no Ensino Médio, fundamentado nesse método. Na Tabela 8 é exposto o quadro do município de Lagoinha, Ensino Médio, ano 2015.
 Tabela 8 – Ensino Médio – Desistência Escolar, Lagoinha, ano 2015.
Fonte: Fundação Lemann/Meritt; e QEdu, 2016
Utilizando-se um método aproximado ao desenvolvido por Ribeiro (1993) – Profluxo, a trajetória de um contingente matriculado na sétima série do Ensino Fundamental – Anos Finais (2010), até a conclusão do 3º Ano do Ensino Médio (2015) é demonstrada no Gráfico 4.
Gráfico 4 – Trajetória matriculados 2010 – concluintes 2015, Lagoinha
Fonte: Fundação Lemann/Meritt; QEdu, 2016
O acompanhamento ano a ano desvela que dos 132 alunos matriculados inicialmente em 2010 na 7º ano do Ensino Fundamental – Anos Finais, somente 54 concluíram o Ensino Médioem 2015, podendo de aduzir que houveram 59,1% de Desistência, Evasão ou Repetência Escolar.
O município de Lagoinha, relativo ao Ensino Fundamental – Anos iniciais, possui um entrave nítido nos 2º. E 3º. Anos, onde a Taxa de Repetência Escolar ´remonta em, respectivamente, 9,9% e 11,8%, gerando o fenômeno Defasagem “idade-série”. A Tabela 9 traz o quadro dessa etapa de ensino, referente ao ano 2015.
 Tabela 9 – Ensino Fundamental – Anos Iniciais, Lagoinha 2015
 Fonte: Fundação Lemann/Meritt; e QEdu, 2016
Esta situação não é peculiar ao ano 2015, pois esse problema se sucede ao longo dos anos, conforme demonstra a Tabela 10.
Tabela 10 – Trajetória Repetência, Evasão, Aprovação Escolar Lagoinha 2010 – 2015............... 
 Fonte: Lemann/Meritt; QEdu, 2016
As Taxas superiores a 85% de Aprovação Escolar causam uma falsa impressão de alto rendimento, mas como afirmado, não mostram o fenômeno da Desistência Escolar, no qual os alunos afetados não entram nas pesquisas.
A educação brasileira está estratificada por faixas etárias, as quais são mostradas no Quadro 2.
 Quadro 2 - Estrutura do Sistema Educacional Brasileiro - Lei nº 9394/96
 Fonte: Brasil (1996)
Pelo estratificado no Quadro 2, a criança adentra ao Ensino Fundamental – Anos Iniciais, aos seis anos de idade. O Censo 2010 registra no município de Lagoinha 74 crianças com essa idade (CIDADES, 2016), enquanto o número de matriculados no 1.º Ano do Ensino Fundamental foi de 56 alunos, ano 2010, (FUNDAÇÃO LEMANN/MERITT; QEdu, 2016), esta distorção ou resulta no início do fenômeno Analfabetismo/Analfabetismo Funcional, ou dá ensejo ao início do fenômeno Distorção “Idade-Série”. Até o ano 2013, o município contava com a EMEI Arco Iris, de administração municipal, que proporcionava o 1.º Ano do Ensino Fundamental com média de 53 matrículas (2010 - 56; 2011 – 49; e 2012 – 55). A partir do ano 2013, a EMEF Prof. Alceu Coelho passou a proporcionar este nível de ensino em substituição a escola anterior, a média de matrículas passou para 63 crianças (2013 – 64; 2014 – 66; e 2015 – 59), porém em volume disponibilizado de vagas inferior ao requerido, conforme indica o Censo 2010.
As etapas de ensino E.F. – Anos Finais e o Ensino Médio são atribuições da EEEFEM Chico Padre, cujo desempenho foi exibido na Tabela 8 e no Gráfico 4, nos quais a Desistência Escolar no Ensino Médio foi mensurada em 33,3% pelo método adaptado Profluxo (RIBEIRO, 1993) e 43,16% pelo método Pasin Neto e Araujo, 2017. O desempenho do Ensino Fundamental – Anos Finais é demonstrado na Tabela 11.
Tabela 11 – Desempenho Ensino Fundamental – Anos Finais – Laagoinha -2010/15..............
 Fonte: Fundação Lemann/Meritt; e QEdu, 2016
No quesito Desistência Escolar, o município de Lagoinha apresenta o aspecto positivo de ter recuperado, dentro do sistema de Ensino Fundamental – Anos Finais, 8,71% (em média dentro do período 2010 – 2015) dos alunos que estavam fora da escola ou reprovados. O fator negativo a ser realçado ocorre no 9.º Ano do Ensino Fundamental, no qual a média do período remonta em 14,55% de Reprovação Escolar.
O Ensino Médio já se encontra com um desempenho preocupante nesse período, mormente no 1.º Ano desse ciclo, retratado na Tabela 12.
 Tabela 12 – Desempenho Ensino Médio – Lagoinha – 2010/2015
Por vezes, a análise, tomando-se como base um só município, restringe o aspecto comparativo; objetivando ampliar as possibilidades de comparações, o Gráfico 5 traz uma síntese dos pontos problemáticos do ensino de Lagoinha (Reprovação 9.º Ano E.F.; Reprovação 1.º Ano E.M.; e a Desistência E.M.) em contraponto aos demais municípios da Sub-região 2, ano 2015.
 Gráfico 5 – Pontos problemáticos do ensino na Sub-região 2, 2015
 Fonte: Fundação Lemann/Meritt; e QEdu, 2016
Vale ressalvar que os fenômenos de Reprovação, Evasão e Desistência Escolar se realimentam entre si, prejudicando a coletividade e podem resultar em problemas sociais de difícil resolução.
Finalizando este item relativo ao Fator Educacional, cumpre notar que o município de Lagoinha vem, conforme indica o Censo 2010 (IBGE – CIDADES, 2016), trabalhando para elevar o nível de estudo dos que se viram excluídos do sistema educacional, mediante a utilização do programa Educação de Jovens e Adultos (E.J.A.). No Ensino Fundamental dessa modalidade de ensino, o Censo indicou que no ano de 2010 60 pessoas freqüentavam a escola; já os participantes no Ensino Médio eram 43 os estudantes, perfazendo este contingente em 2,4 % da população com idade superior a 10 anos de idade. Esse é o maior percentual registrado na Sub-região 2 da RMVPLN.
No combate ao analfabetismo, Lagoinha, em 2010, tinha 22 pessoas freqüentando a modalidade de “Alfabetização de Jovens e Adultos” e 55 pessoas estudando na Classe de Alfabetização. Esse contingente de 77 pessoas remontavam em 1,8% da população com idade superior a 10 anos, estando esse município na segunda colocação da Sub-região 2, atrás do município de Campos do Jordão com 2,1% da população nesse quesito (IBGE – CIDADES, 2016).
Considerações Finais
A louvável ação de combater o “analfabetismo”, o “analfabetismo funcional” e simultaneamente resgatar as pessoas desviadas do Ensino Básico regular, via Educação de Jovens e Adultos, atenua as desigualdades educacionais. Entretanto, é de bom alvitre agir na raiz do problema que consiste nos fatores que impedem o ingresso da criança no Ensino Fundamental, e nos fenômenos (Reprovação, Evasão e Desistência Escolar) que tiram a pessoa do ensino regular.
Equacionado o grande entrave ao desenvolvimento regional que é a carência educacional de parte da população do município, esse pode caminhar rumo ao bem estar da coletividade. Vale realçar que o desenvolvimento regional difere da necessidade de se pensar em crescimento fundamentado em industrialização; um município pode se desenvolver alicerçado no turismo, na ação agropecuária, na exploração sustentável dos recursos naturais, sem com isso descaracterizar-se, mantendo a sua cultura, tradições e bons costumes.
Por último, já transcorridos mais de 15 anos da publicação da Lei 10.257 (BRASIL, 2001), compete verificar o que está estabelecido e o que está sendo realizado para implementar o Plano Diretor Municipal de Lagoinha. Sem um planejamento de ações exequíveis para nortear uma administração, normalmente os parcos recursos são gastos, sem que propiciem uma melhor qualidade de vida para a população, com isso o percentual de pessoas extremamente pobres (2,8% dos habitantes) não se reduz, a pobreza de 9,07% da população não se atenua, os 7,43% das crianças de 10 a 14 anos continuam a trabalhar para complementar a exigua renda familiar.
O que se espera, é que a nova administração do município saiba dos problemas e tome as ações cabíveis para conduzir o município rumo a um progresso sustentável, mantendo a cultura e a tradição de Lagoinha.
Referências:
ATLAS BRASIL. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Brasília, DF: PNUD; Fundação João Pinheiro; Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2016. Disponível em: <http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/oatlas /idhm/>. Acesso em: 20 jan. 2017.
BAYAMA, H. F. A. O Abandono Escolar no Ensino Médio Público Brasileiro: alguns factores pessoais e familiares. Doutorado (Psicologia, Psicologia do Desenvolvimento) Coimbra: Universidade de Coimbra, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, 2009. Disponível em: <https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316 /13867?mode=full >. Acesso em: 11 jan. 2017.
BRASIL. Casa Civil.  Diretrizes Gerais da Política Urbana – Lei Nº 10257/01. Brasília, DF, 2001. Disponível em: <http://presrepublica.jusbrasil.com.br /legislacao/1034524/lei-12796-13>. Acesso em: 25 ago. 2015. 
CARITAT, J. A. N. (CONDORCET). Esboço de um Quadro Histórico dos Progressos do Espírito Humano. 1ª Edição. Campinas – SP: Editora da INICAMP. 1993.
FUNDAÇÂO LEMANN/MERITT (QEdu).São Paulo, 2016. Disponível em: <http://www.qedu.org.br/ >. Acesso em: 12 jan. 2017. 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Cidades@. São Paulo, 2016. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br /xtras /home.php>. Acesso em: 23 jan. 2017.
JANUZZI, P, M. Indicadores para Diagnóstico, Monitoramento e Avaliação deProgramas Sociais no Brasil. Brasília, DF: Revista do Serviço Público, 2005.Disponível em: <http://camara.fecam.org.br/uploads/28/arquivos/4054_ JANUZZI_P_Construcao_Indicadores_Sociais.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2017.
MARX K. O Capital: Crítica da Economia Política. 10.ª Edição. São Paulo: Difusão Editora S.A. (DIFEL), 1985.
PASIN Neto, L.; ARAUJO, E. A. S. Desenvolvimento Local e a Evasão no Ensino Médio: Um Estudo de Caso de Guaratinguetá. Universidade de Taubaté – UNITAU, Taubaté – SP, 2017.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Brasília, DF: ODM 2, 2015. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/atlas/dl/Lista-indicadores_do_Atlas.htm>. Acesso em: 14 jan. 2017.
RIBEIRO, S. C. A Educação e a Inserção do Brasil na Modernidade. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, 1993. Disponível em: <http://www.iea.usp.br/publicacoes/textos/a-educacao-e-a-insercao-do-brasil-na-modernidade>. Acesso em: 21 jan. 2017.
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Luiz Pasin Neto
http:lates.cnpq.br/9989275923722846
Jan. 2017

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