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Centro de Ciências Exatas e da Tecnologia Departamento de Engenharia Mecânica Laboratório de Materiais e Metalografia Prof. Gilmar Tonietto Ensaio de Tratamento Térmico e Metalografia SAE 4140 Gabriel Franzosi Lucas Balardin Sandri Victória Rafaela Ritzel Marcon Caxias do Sul, 01 de dezembro de 2016 2 Sumário 1. Introdução e Objetivos .......................................................................... 3 2. Introdução Teórica ................................................................................ 5 3. Características SAE 4140 ...................................................................... 6 4. Acervo de Fórmulas .............................................................................. 8 4.1. Fórmulas para ensaio de tração ......................................... 8 4.2. Fórmulas e constantes para ensaio de impacto ................. 8 5. Normas ................................................................................................... 9 6. Materiais Utilizados ............................................................................ 10 7. Tratamentos Térmicos e Amostras ................................................... 11 8. Resultados e Discussões ................................................................... 14 8.1. Ensaio de dureza .............................................................. 14 8.2. Ensaio de tração ............................................................... 15 8.3. Ensaio de impacto ............................................................ 16 8.4. Análise de micrografias .................................................... 17 9. Gráfico .................................................................................................. 21 10. Conclusão ............................................................................................ 23 11. Referências .......................................................................................... 24 3 1. Introdução e Objetivos “Com frequência, um problema relacionado a materiais consiste, realmente, na seleção de um material com a combinação correta de características para uma aplicação específica. Portanto, as pessoas que estão envolvidas no processo de tomada de decisões devem ter algum conhecimento das opções disponíveis. (...) As decisões na seleção de materiais são influenciadas pela facilidade pela qual as ligas metálicas podem ser conformadas ou fabricadas em componentes úteis. As propriedades das ligas são modificadas pelos processos de fabricação; além disso, modificações adicionais nas propriedades podem ser induzidas pelo emprego de tratamentos térmicos apropriados. ” (Callister, 2016) [1] Diretamente relacionadas aos tratamentos térmicos e propriedades mecânicas, estão as microestruturas dos metais, uma vez que são as microestruturas que determinam o comportamento do material em situações de alto esforço relativo. Conforme os ciclos de aquecimento e resfriamento - determinadas a partir da temperatura de austenitização - são aplicados ao material em questão ao decorrer do tratamento térmico determinado, temos a alteração da microestrutura, podendo proporcionar propriedades mecânicas mais ou menos pronunciadas. [2, 3] O aço SAE 4140 é uma liga metálica muito utilizada na indústria, com destaque nas indústrias de forjamento. Fato que se dá em função de sua composição que contém cromo e molibdênio, elementos de liga responsáveis pelo aumento da encruabilidade do aço. Desta forma, o SAE 4140 tornou-se um dos metais mais importantes para aplicações que requerem resistência a deformação. [2] 4 Tem-se por objetivo analisar e comparar os tratamentos térmicos realizados no SAE 4140 por meio de testes de microdureza, tração e impacto, comparar com a literatura justificando de acordo com as microestruturas, inclusões e tamanho de grão observados. 5 2. Introdução Teórica Sendo um fator decisivo para correta seleção e aplicação dos materiais metálicos, os tratamentos térmicos ganham destaque por serem o meio mais seguro, eficiente e mais utilizado para controlar a estrutura desses materiais. Logo, após determinada e fixada a composição química do metal, pode-se controlar a estrutura que ele vai possuir e, por consequência, suas propriedades finais. Entretanto, a prática correta do tratamento térmico é imprescindível para que os resultados sejam alcançados e para que haja maior confiabilidade nas propriedades dos materiais a serem utilizados. [4] Principais tratamentos térmicos utilizados são a têmpera e a têmpera combinada com o revenido, quando se aplica um tratamento térmico de têmpera em uma liga de aço tem-se como objetivo obter microestrutura martensítica e que durante a aplicação do tratamento deve ocorrer um resfriamento rápido para que não ocorra a transformação da austenita inicial em seus produtos comuns. Alguns dos efeitos da têmpera que não são tão benéficos ao material, são: o alto teor de tensões internas causadas pelo deslocamento de grupos específicos de austenita para formação da martensita, distorção do reticulado e dureza extremamente elevada da martensita. Peças com a martensita apenas temperada são propensas a trincar, em função da alta tensão interna, com exceção as que apresentam teor de carbono extremamente baixo. No entanto, sua baixa tenacidade torna essas estruturas com pouco emprego prático. Para adquirir um material com melhores propriedades e aplicações deve- se realizar o processo de revenido no material logo após o término da têmpera, pois o revenido irá aliviar e remover tensões internas criadas pela têmpera e, também, corrige a excessiva dureza e fragilidade do material, aumentando sua ductilidade e resistência ao choque. [3, 4, 5] 6 3. Características SAE 4140 O aço é o material mais versátil das ligas metálicas, produzido em grande variedade de tipos e formas para atender eficazmente a uma ou mais aplicações. Existem variados tipos de classes que os diferem – alta, baixo e médio carbono – fazendo com que cada um tenha uma determinada aplicação em seu meio industrial [1]. O aço SAE 4140 é usualmente empregado em virabrequins, bielas, peças para equipamentos de perfuração, parafusos de alta resistência entre outras aplicações. Apesar de não apresentarem boa soldabilidade, os aços de baixa liga com o SAE 4140 são bastantes requisitados devido a necessidade de usar aços de resistência mais elevadas Tabela 1 – Propriedades do aço 4140 PROPRIEDADES FISÍCAS UNIDADES Densidade 7.85 g/cm³ Ponto de fusão 1416°C PROPRIEDADES MECÂNICAS UNIDADES Dureza Brinell 302 Dureza Rockwell B 99 Dureza Rockwell C 32 Dureza Vickers 319 Tensão final 1020 MPa Tensão de elasticidade 675 MPa Tensão de alongamento 17,8% Redução de área 48.2% Modulo de elasticidade 205 GPa Módulo de compreensão 160 GPa Coeficiente Poisson 0.29 ELEMENTOS DE COMPOSIÇÃO PERCENTUAIS Carbono, C 0.38 – 0.43% Cromo, Cr 0.80 – 1.1% Ferro, Fe 96.785 – 97.77% Magnésio, Mn 0.75 – 1.0% 7 Molibdênio, Mo 0.15 – 0.25% Fósforo, P ≤ 0.035% Sílicio, Si 0.15 – 0.30% Enxofre, S ≤ 0.040% Fonte: MATWEB e AZoM 8 4. Acervo de Fórmulas 4.1. Fórmulas para ensaio de tração: Á𝑟𝑒𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 (𝐴𝑜) = 𝜋𝑑𝑜 2 4 Á𝑟𝑒𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 (𝐴𝑓) = 𝜋𝑑𝑓 2 4 𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑎 𝑇𝑟𝑎çã𝑜 (𝐿𝑅𝑇) = 𝐹𝑚á𝑥 𝐴𝑜 × 9,81 𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝐸𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝐿𝐸) = 𝐹𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝐴𝑜 × 9,81 𝐴𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (%) = (𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 × 100 𝑅𝑒𝑑𝑢çã𝑜 𝑑𝑒 Á𝑟𝑒𝑎 (%) = (𝐴𝑜 − 𝐴𝑓) 𝐴𝑜 × 100 4.2. Fórmulas e constantes para ensaio de impacto: Á𝑟𝑒𝑎 (𝑐𝑚2) = (𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙ℎ𝑜 × 𝑙𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎) 100 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑟𝑣𝑖𝑑𝑎 (𝐽) = 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑟𝑣𝑖𝑑𝑎 × 9,81 𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑜 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑐𝑡𝑜 ( 𝐽 𝑐𝑚2 ) = 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑟𝑣𝑖𝑑𝑎 (𝐽) Á𝑟𝑒𝑎 (𝑐𝑚2) 1 kgf.m = 9,80665 J 9 5. Normas adotadas Para realização dos ensaios e tratamentos foram adotadas as seguintes normas: Ensaio de Dureza Rockwell: NBR ISO 6508/09 Ensaio de Tração: NBR ISO 6892-1/13 Ensaio de Impacto: ASTM E-23 Preparação das Amostras: NBR ISO 13284 Micro Inclusões: NBR ISO 9208 Análise de Inclusões: ASTM E-45 Ataque químico: NBR ISO 8108 Análise de Metalografia e Fotomicrografia: ASTM E-112 Conversão de cálculos de dureza: ASTM E-140 10 6. Materiais utilizados Tratamento Térmico: o Forno; o Caixa metálica; o Limalhas de ferro fundido branco. Ensaio de Dureza Rockwell: o Durômetro Rockwell com pontas B e C. Ensaio de Tração: o Máquina de ensaio de tração (extensômetro). o Paquímetro digital; o Riscador mecânico; o Tinta para demarcação. Ensaio de Impacto: o Máquina de ensaio de impacto (modelo Charpy); o Paquímetro digital; o Dispositivo centralizador; Preparação das Amostras: o Cortadeira elétrica; o Prensa embutidora; o Lixas d’água; o Lixadeira elétrica circular; o Máquinas de polir elétricas; o Pasta de diamante; o Álcool; o Algodão; o Secador elétrico; o NITAL 2%; o Baquelite; o Teepol. Análise Metalográfica: o Microscópio óptico de luz refletida e transmitida; o Câmera de alta resolução. 11 7. Tratamentos Térmicos e Amostras Foram separados quatro corpos de prova no modelo para ensaio de impacto e mais quatro corpos de prova no modelo de ensaio de tração. Para os tratamentos térmicos foram separados um corpo de prova de cada tipo possibilitando a realização de três tratamentos térmicos diferentes e sobrando um par natural para posterior comparação. O par 01 foi separado como o par natural, ou normalizado. Os pares 02, 03 e 04 foram submetidos ao tratamento de têmpera a 870ºC sendo resfriados à óleo e os pares 03 e 04 também sofreram o tratamento de revenido, após a têmpera. Sendo o revenido do 03 a 300ºC durante 2h e o 04 a 500ºC, também por 2h. O tempo de encharque utilizado foi cerca de 40 minutos, tempo considerado a partir do momento em que a caixa de ferro encontrava-se da mesma coloração que o interior do forno. Para realização do ensaio de tração dos corpos de prova com 40 mm realizou-se a medição do diâmetro em três regiões diferentes – na parte superior, no meio e na parte inferior do comprimento útil do corpo de prova (CP) – para maior precisão mediu-se seção em dois pontos, um ponto aleatório da seção e 90° do ponto aleatório, obtendo, assim, seis medidas de diâmetro, a média para estas medidas foi de 8 mm. Para visualização dos resultados o CP foi pintado com tinta para demarcação com marcas ao longo do corpo útil do corpo de 5 mm em 5 mm. Após medições e marcação, fixou-se o CP no extensômetro e o mesmo foi submetido ao ensaio de tração. A máquina utilizada informa o alongamento (ΔL = variação de comprimento) sofrido pelo material, que possibilita a construção do gráfico tensão x deformação. Ensaio é finalizado após ruptura do CP. Procedimento foi realizado para os quatro CPs do modelo de CP para ensaio de tração. Para o ensaio de impacto foram medidas as larguras e alturas dos CPs para ensaio de impacto, possibilitando o cálculo da área realizado posteriormente e, então, acoplou-se o CP desejado ao equipamento. Uma vez fixado o CP, iniciou- 12 se o teste de resistência ao impacto que forneceu a energia absorvida pelo material. O ensaio de metalografia exige um preparo de amostra mais complexo do que os ensaios mecânicos, portanto, para o preparo das amostras seguiram-se os seguintes passos: 1. Utilizando uma cortadeira elétrica, cortou-se o CP do ensaio de tração transversalmente formando uma medalha de poucos milímetros de altura, em torno de 5mm, e cortou-se novamente o CP em forma de outra medalha, porém pouco mais alta e, então, fez-se um corte longitudinal na segunda medalha. 2. Amostras sofreram leve polimento para remover as possíveis rebarbas que apareceram mediante corte. 3. Levou-se os pares de cada amostra para a máquina de embutir onde as amostras foram centralizadas e então adicionou-se uma porção e meia de baquelite para formar uma bolacha que irá segurar as partes das amostras unidas. A máquina de embutir amostra foi ligada e adicionou-se preção necessária para que ocorresse a fundição do baquelite em temperatura inferior de fundição a temperatura ambiente. Fez-se a manutenção da pressão quando necessário e aguardou-se o término do processo. 4. Após retirada da máquina e resfriada a bolacha com as duas partes de cada material, a bolacha foi identificada com o nome da amostra e turma, então levada para a sequência de lixas d’água manuais, onde foi lixada em 6 lixas, sendo de 150, 240, 320, 600 e 1200. Em cada lixa havia a rotação de 90º com relação ao sentido que estava sendo lixada a bolacha. 5. Terminado o processo de lixamento, realizou-se o polimento da amostra com a utilização de uma polidora elétrica com pasta de diamante 3µ, para melhor acabamento. 6. Finalizado o preparo da amostra, pegou-se um pedaço de algodão e colocado em cima da parte lixada da bolacha e fixada com fita crepe, possibilitando, assim, o armazenamento da amostra junto as outras. Para visualização das microestruturas fez-se uso de um ataque químico com NITAL 2% para que fosse revelada a microestrutura das amostras e ao medir-se o tamanho de grão, fez-se outro ataque químico, mas com Teepol para destacar 13 a austenita, evidenciando o tamanho de grão obtido após o tratamento térmico. Após cada ataque químico colocou-se as amostras no microscópio óptico digital e observou-se a amostra com a devida regulagem de foco. 14 8. Resultados e Discussões 8.1. Ensaio de Dureza Os resultados obtidos no ensaio de dureza nos CPs de ensaio de tração são os demonstrados na tabela 2 abaixo: Tabela 2 – resultados e conversões para CPs de ensaio de tração. Amostra Média Unidade Média Unidade Média Unidade 01 96,6 HRB 219 HB 230 HV 02 60,3 HRC 654 HB 697 HV 03 52,9 HRC 525 HB 560 HV 04 50,3 HRC 481 HB 513 HV A nível de dureza, pode-se observar que os tratamentos térmicos foram realizados de maneira correta e seguem o esperado para estado normalizado quando avaliado a dureza em HRB, sendo o teórico 99 e o prático 96,6. A grande discrepância entre a medida em outras unidades deve-se ao fator de correção das transformações que podem aumentar o erro. Também é interessante destacar que da amostra 01 para a 02 há um aumento de quase 200% ao observarmos a coluna com durezas em HB, resultado esperado, pois a aplicação do tratamento de têmpera acima da linha de temperatura de austenitização (870ºC) proporcionaria o aumento de dureza com a formação de martensita retida. O decaimento na dureza relatadona comparação das amostras 02, 03 e 04 também era esperado, uma vez que o revenido nas amostras 03 e 04 foram realizados em diferentes temperaturas e a amostra 02 sofreu apenas o tratamento de têmpera que acarreta em dureza excessiva e alto grau de tensões internas. A redução da dureza em 03 e 04 é justificada pelo revenido aplicado em 300ºC e 500ºC, respectivamente, por duas horas. Sendo assim, a dureza em 04 tende a ser menor e na prática foi comprovada a teoria. 15 Para os CPs de ensaio de impacto os resultados são os ilustrados na tabela 3: Tabela 3 – resultados e conversões para CPs ensaio de impacto Charpy. Amostra Média Unidade Média Unidade Média Unidade 01 110 HRB 353 HB 372 HV 02 59 HRC 634 HB 674 HV 03 52,3 HRC 512 HB 544 HV 04 46 HRC 432 HB 458 HV Nas amostras de modelo Charpy observa-se o mesmo comportamento que nos CPs de tração, no entanto, não há um aumento tão expressivo na aplicação de têmpera. Entre a amostra 01 e 02 houve um aumento de aproximadamente 80% na dureza em HB. Também é observado o mesmo comportamento esperado quando comparamos as durezas das amostras 02, 03 e 04. 8.2. Ensaio de Tração A partir dos cálculos realizados a partir do ensaio de tração obteve-se a tabela 4 com os seguintes resultados: Tabela 4 – resultados dos cálculos para teste de tração com extensômetro. Amostra Ao (mm²) LE (MPa) LRT (MPa) Alongamento (%) Af (mm²) Redução de área (%) 01 50,52 ― 756,72 12,05 19,71 60,98 02 50,26 ― 1148,66 ― ― ― 03 50,64 ― 1515,09 ― ― ― 04 50,52 1187,02 1252,46 12,125 36,96 26,84 16 8.3. Ensaio de Impacto Nos ensaios de impacto foram obtidos os dados apresentados na tabela 5 e os resultados dos cálculos realizados estão representados na tabela 6. Tabela 5 – resultados ensaio de impacto Charpy. Amostra Dimensão (mm x mm) Energia absorvida (kgf x m) 01 9,99 x 8,07 0,9 02 9,95 x 7,99 0,3 03 9,94 x 7,99 0,7 04 9,98 x 7,96 3,6 Tabela 6 – resultados cálculos realizados a partir ensaio de impacto Charpy. Amostra Área (cm²) Energia absorvida (J) Resistência ao Impacto (J/cm²) 01 0,8061 8,825 10,953 02 0,795 2,942 3,702 03 0,794 6,864 8,648 04 0,794 35,303 44,478 17 8.4. Análise das micrografias Para amostra 01 que estava natural, foi observado a microestrutura constituída por perlita e ferrita, conforme ilustradas na Micrografia 1 e 2. Na Micrografia 03 é observado a presença de um fundo de martensita com perlita fina, por ser referente a amostra 02, podemos admitir que o aço não ficou bem temperado e o tratamento poderia ter sido melhor aplicado, no entanto, não influenciou muito nos outros resultados. Nas Micrografias 04 e 05, sendo das amostras 03 e 04, respectivamente, foi encontrado martensita revenida e ferrita, Resultados esperados, quando avaliado que o tratamento térmico sofrido por ambas as amostras foi de têmpera e revenido, outro indicativo de que o tratamento ocorreu de forma correta e foi bem aplicado. A variação da quantidade de cada componente da microestrutura é explicada também pela diferença de temperaturas utilizadas nos revenidos. Como tamanho de grão encontrou-se o tamanho 9 para todas as amostras, sendo de 256 grãos/pol. É de grande interesse que os grãos tenham se mantido do mesmo tamanho quando comparamos as amostras, pois as altas temperaturas utilizadas em alguns tratamentos podem acarretar no aumento de grão, fazendo com que ocorra a perda de propriedades mecânicas. Em geral, é mais interessante que o aço tenha tamanho de grão pequeno. A escala dos tamanhos de grãos são do maior para o menor, sendo 1 o maior tamanho de grão e quando mais alto o número da escala, menor o tamanho do grão, podendo chegar ao tamanho 11, ou menores. 18 Micrografia 1 – Amostra 01 com ataque químico de NITAL 2% e 100x de aumento. Micrografia 2 – Amostra 01 com ataque químico de NITAL 2% a 500x de aumento. 19 Micrografia 3 – Amostra 02 com ataque químico de NITAL 2% e 1000x de aumento. Micrografia 4 – Amostra 03 com ataque químico de NITAL 2% e 1000x de aumento. 20 Micrografia 5 – Amostra 04 com ataque químico de NITAL 2% e 1000x de aumento. 21 9. Gráfico No gráfico 1 podemos observar o comportamento dos corpos de prova e determinar algumas propriedades mecânicas que eles possuem. Pela identificação do eixo das abscissas podemos ver qual o CP e seu comportamento mediante ensaio. A alta ductilidade representada no gráfico gerado por 01 era esperado, uma vez que a maioria dos ferros sem tratamento térmico é dúctil e também considerando que o SAE 4140 não é um aço com teor alto de carbono e sim, médio carbono. A ductilidade apresentada no gráfico obtido para CP 01 representa uma ductilidade com patamar de escoamento definido. Quando observado o comportamento do CP 02, nota-se uma grande fragilidade no material, também esperada, uma vez que 02 foi apenas temperado e estava com altas tensões internas, extrema dureza e elevada fragilidade. Comportamento que permanece na amostra 03, no entanto, o pico da ruptura se mostra mais alto, chegando a quase 8000 kg.f, quando 02 chegou a pouco mais de 5600kg.f. O material 03 apresenta comportamento que é explicado pelo seu tratamento conter a etapa de revenido imediatamente após a têmpera, sendo a 300ºC durante 2 horas, logo, já havia ocorrido certo alívio de tensões internas, a dureza não estava tão evidenciada como no CP 02, logo, sua fragilidade estava mais reduzida. Entretanto, ainda não o suficiente para torná-lo um material dúctil, sendo ainda frágil, porém menos frágil que CP 02. Quando se observa o gráfico de CP 04 nota-se que o material volta a ser dúctil, mas sem patamar de escoamento definido e ainda menos dúctil que 01. Resultado esperado e que confere com a literatura, já que 04 foi temperado assim como 02 e 03, e mesmo que revenido como 03, seu revenido foi aplicado a uma temperatura de 500ºC, sendo cerca de 67% superior a temperatura utilizada no revenido de 03. Logo, o alívio de tensões e redução de dureza em 04 são mais evidenciadas que em 03, fato já observado anteriormente durante a análise de dureza dos CPs. 22 Gráfico 1- resultado ensaio de tração. 23 10. Conclusão Neste trabalho foram realizadas análises comparativas entre resultados de tratamentos térmicos no SAE 4140, com resultados obtidos sendo relativamente satisfatórios. Como era previsto pela literatura, há uma melhora gradativa quando acrescentamos o tratamento de revenido ao aço que já havia sido temperado inicialmente e, novamente, uma melhora nas propriedades quando aumentamos a temperatura do revenido aplicado, fato observado do decaimento da dureza excessiva da amostra 04 quando comparada com 02 e 03, ficando superior ainda a dureza da amostra 01. Quando mencionado o ensaio de impacto, o CP charpy que apresentou melhor resultado foi 04 também, que não chegou a fraturar completamente como as demais amostras submetidas ao ensaio. Logo, não foi possível fazer muitas considerações sobre o ensaio, mas percebe-se que para aplicações que exijam resistência ao impacto, entre os quatro tipos de tratamento do SAE 4140 a mais indicada seria a 04 que sofreu têmpera a 870ºC e revenido a 500ºC durante 2 horas. Os melhores resultados para as amostras com tratamento térmico foram todos da amostra 04, o que indica que entre têmpera a 870ºC, têmpera a 870ºC e revenido a 300ºC e têmpera a 870ºC e revenido a500ºC, o tratamento que proporciona propriedades mecânicas mais pronunciadas é o tratamento de têmpera a 870ºC e revenido a 500ºC. Não significando que não possam ser melhorados os tratamentos ou que não existam tratamentos que possam evidenciar ainda mais as propriedades mecânicas do SAE 4140. 24 11. Referências [1] CALLISTER, William D. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. xxi, 882 p. ISBN 9781118324578. [2] CORRÊA, Fábio J., SCHAEFFER, Lirio. Comparação das Propriedades Mecânicas do Aço AISI 4140 no Estado Recozido e no Estado Normalizado. UFRGS – Porto Alegre. 2013. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/ldtm/publicacoes/Artigo%20- %20Recozimento_Normaliza%C3%A7%C3%A3o%20-%20Forge.pdf> [3] CHIAVERINI, Vicente. Aços e ferros fundidos: características gerais, tratamentos térmicos, principais tipos. 7. ed., ampl. e rev. São Paulo: 1996. ABM, 599 p. ISBN 9788577370412. [4] CHIAVERINI, Vicente. Tratamento térmico das ligas metálicas. São Paulo: ABM, 2003. 272 p. ISBN 8586778621. [5] SILVA, André Luiz V. da Costa e; MEI, Paulo Roberto. Aços e ligas especiais. 3. ed., rev. São Paulo: Blucher, 2010. 646 p. ISBN 9788521205180.
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