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TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Aula 15 a1 Slide 1 a1 alda; 10/03/2012 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Revisão- Aula 15 REVISÃO Objetivos: Recuperar as principais competências e habilidades desenvolvidas para a construção do Parecer e aplicá-las. Rever os principais temas trabalhados e reconhecê-los na produção do Parecer. Estrutura do conteúdo Análise de um Parecer técnico-jurídico TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Revisão- Aula 15 Ementa FURTO – Prisão em flagrante de deficiente auditivo – Antecedentes criminais – Sentença condenatória – Pena em regime aberto – Reincidência – Local desapropriado para ressocialização – Descumprimento da função social garantida pelo Estado – Falta de oportunidade social – Princípio da Razoabilidade – Parecer favorável à manutenção da sentença. TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Revisão- Aula 15 Relatório Trata-se de furto cometido por deficiente auditivo, 21 anos, em uma marmoraria do Município de Conceição do Coité, Bahia, denunciado pelo Ministério Público. Consta nos autos que o acusado tinha o hábito de adentrar em casas alheias e retirar objetos, desde criança. Consta, ainda, que o rapaz, já havia sido condenado pelo cometimento do mesmo delito na Comarca de Valente vizinha a Coité, como “incurso nas sanções do art. 155, caput, por duas vezes, art. 155, § 4º, inciso IV, por duas vezes e no art. 155, § 4º, inciso IV c/c art. 14, inciso II” . Por falta de estabelecimento adequado, cumpria pena em regime aberto na cidade de Coité TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Revisão- Aula 15 Em Coité, foi preso em flagrante por entrar em uma marmoraria. O Ministério Público o denunciou pelo crime de furto qualificado por escalada. Não chegou a se apossar de nada da marmoraria. Por intermédio de sua mãe, foi interrogado e disse que “toma remédio controlado; bebeu cachaça oferecida por amigos; ficou completamente desnorteado; pulou o muro e entrou na marmoraria. Foi surpreendido e preso pela polícia.” TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Revisão- Aula 15 O juiz o condenou a percorrer, com sua mãe e um oficial de justiça, por órgãos públicos, associações, clubes, e igrejas da cidade, a fim de apresentar a sentença em que descreve o histórico do rapaz e as faltas de oportunidade de inserção na sociedade. Acrescentou que pedisse um emprego, uma vaga na escola para adultos e um acompanhamento especial. Além disso, que apresentasse ao juiz a comprovação do cumprimento de sua pena. Aconselhou-o a não roubar mais. É o Relatório. TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Revisão- Aula 15 Fundamentação Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo conheceu os Direitos Humanos. Com ele, surgiu um novo tipo de sociedade e, consequentemente, novos valores. Princípios fundamentais, como a dignidade da pessoa humana se tornaram essenciais em qualquer Estado Democrático de Direito. No Brasil, em 1988, com a Constituição Federal, uma das legislações mais completas e asseguradoras de direito do mundo, vimos protegidos direitos, como a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, entre outros. No entanto, lamentavelmente, esses direitos não foram estendidos ao acusado. TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Revisão- Aula 15 Pelo seu histórico, observa-se que o jovem foi privado da possibilidade de uma vida digna. Isso porque desde criança estava à mercê da própria sorte, cometendo pequenos delitos. Ademais, tais delitos foram se tornando cada vez mais graves até ser preso e condenado na Comarca de Valença. Sua privação de direitos ficou ainda mais evidente quando, encaminhado para Coité, por incapacidade de Valença assumir sua ressocialização, também foi deixado à própria sorte. Sem assistência de nenhum órgão público ou particular, sua sorte já estava anunciada: voltou a reincidir no erro. TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Revisão- Aula 15 Não se pode desconhecer que a ausência e incompetência do Estado no acompanhamento de uma pessoa especial deram causa às pequenas infrações cometidas pelo acusado e a evolução de sua gravidade. Afinal, um Estado com tantos administradores cientes das prioridades de um povo faminto de justiça social não poderia se eximir de sua responsabilidade. Mas se eximiu. Mudinho representa tantos brasileiros, cuja sorte já está lançada desde o nascimento. TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Revisão- Aula 15 É público e notório que, aplicando o Direito de forma exclusivamente positivista, como pretende o Ministério Público, o direito do acusado de se integrar à sociedade será alijado, mais uma vez. Isso porque a cadeia corrompe, não ressocializa. Jogá-lo em uma jaula, convivendo com ferras o tornará uma pessoa melhor? Claro que não: tornar-se-á uma ameaça ainda maior a si mesmo e aos demais filhos dessa amada pátria mãe gentil. TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Revisão- Aula 15 Utilizemos, portanto, o Princípio da Razoabilidade e nos questionemos sobre o dever do Judiciário Brasileiro: ele deve ter caráter socializador ou meramente coercitivo? Evidente que seu dever é corrigir uma rota mal definida, que gerou uma pessoa alheia ao que determina o Direito. A este a quem nunca foi aferido direito algum, possibilite-se um acompanhamento especial e a oportunidade de conscientizar-se sobre seus direitos e deveres. Com efeito, que lhe seja permitido exercê-los com plenitude. TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Revisão- Aula 15 Conclusão: Em face do exposto, opina-se que a sentença do juiz de Coité seja mantida. É o Parecer. Rio de Janeiro, ...... de .......... de ......... XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
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