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Análise do Poema Amar - Carlos Drummond de Andrade

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Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas Campus de São José do Rio Preto
Análise de Poema.
“Amar” de Carlos Drummond de Andrade. 
Alex Junior Dos Santos Nardelli
Mariah Aparecida Berto da Silva
Curso: Licenciatura em Letras – Noturno I
Disciplina: Introdução aos Estudos Literários
DELL – Departamento de Estudos Linguisticos e literários
Docente: Prof. Dr. Márcio Scheel
São José do Rio Preto
2013
Análise do poema “Amar” de Carlos Drummond de Andrade, apresentado ao Prof. Dr. Marcio Sheel, na disciplina de Introdução aos Estudos Literários. 
Análise de Poema.
“Amar” de Carlos Drummond de Andrade. 
Introdução
	“Amar” é um poema escrito por Carlos Drummond de Andrade, publicado no seu livro “Claro Enigma” (1951), no capitulo denominada “Notícias amorosas” onde há referência ao amor puro e apaixonado, às tristezas e memórias reunidas durante o caminho vivido. O poema é composto de cinco estrofes, todas elas de muitos versos, exceto a última, constituída, somente de dois versos e trata em seu enredo exclusivamente sobre os aspectos do amor e suas formas de amar.
O Autor.
	Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
	Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962.	
	O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. 	Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar.
	O poeta trabalha, sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo. Em Sentimento do mundo (1940), em José (1942) e, sobretudo em A rosa do povo (1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre.
	Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa.
	Em mão contrária traduziu os seguintes autores estrangeiros: Balzac (Les Paysans, 1845; Os camponeses), Choderlos de Laclos (Les Liaisons dangereuses, 1782; As relações perigosas), Marcel Proust (La Fugitive, 1925; A fugitiva), García Lorca (Doña Rosita, la soltera o el lenguaje de las flores, 1935; Dona Rosita, a solteira), François Mauriac (Thérèse Desqueyroux, 1927; Uma gota de veneno) e Molière (Les Fourberies de Scapin, 1677; Artimanhas de Scapino).
	Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
A Obra.
	Publicado em 1951, Claro enigma representa um momento especial na obra de Drummond. O poeta revive formas que haviam sido abandonadas pelo Modernismo (como o soneto, modalidade que fora motivo de chacota entre as novas gerações literárias), afirma seu amor pela poesia de Dante e Camões e busca uma forma mais difícil, mas sem jamais abandonar o lirismo e a agudeza de sua melhor poesia.
	Nesta obra, Drummond passa a focar temas abstratos como solidão, vida, morte e humanidade em geral. O isolamento rotineiro e tédio fazem desta obra modernista uma referência ao existencialismo. Os 41 poemas de Claro Enigma são distribuídos em seis seções:
	I – “Entre Lobo e Cão” (18 poemas): na primeira parte do livro as poesias remetem à efemeridade da vida. É neste capítulo que se encontra o soneto "Oficina Irritada", tendo a primeira referência ao termo, “Claro Enigma”, com sentido de um desafio fácil.
	II – “Notícias amorosas” (7 poemas): Durante a segunda parte há referência ao amor puro e apaixonado, às tristezas e memórias reunidas durante o caminho vivido.
	III – “O menino e os homens” (4 poemas): Há passagem da fase infantil para a morte precoce (no sentido figurado), tendo em vista a adaptação humana e acomodação na rotina.
	IV – “Selo de Minas” (4 poemas): referência à inconfidência mineira.
	V – “Os lábios cerrados” (6 poemas): mais um capítulo citando solidão, tristeza e consequente fim do ser humano sem ter realmente aproveitado a vida.
	VI – “A máquina do mundo” (2 poemas): Percebe-se um elo entre natureza e criações humanas.
	Drummond mostra nesta obra a facilidade em chocar e seduzir os leitores ávidos e adocicar fatos cotidianos. Demonstra a passagem do tempo e nos encanta com sua combinação de delicadeza e veracidade. Carlos Drummond de Andrade prova sua realidade aos olhos mais astutos.
	Ele sempre se colocou como o poeta da vida presente, e em Claro Enigma, ele faz referência ao mundo imediatamente posterior à guerra e à ditadura, mostrando a mesma perplexidade e o mesmo inconformismo.
O Poema.
Amar
	
QUE PODE uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar,, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em relação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que êle sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão vazio,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Êste o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sêde infinita.
Carlos Drummond de Andrade
ANÁLISE
	“Amar” de Carlos Drummond de Andrade, publicado no livro “Claro Enigma” (1951) no capitulo “II - Noites amorosas”, onde estão reunidos poemas que fazem referência ao amor puro e apaixonado, às tristezas e memórias reunidas durante o caminho vivido.
 	Levando em consideração o contexto histórico da época, onde ainda vemos influências dos vestígios do fim da Segunda Guerra Mundial e da Ditadura, o país passava ainda por um contexto melancólico, com aspecto de tristeza,morte, solidão, partida etc., fazendo com que estes aspectos sejam transcritos nos poemas de vários autores da época, assim como nos poemas de Carlos Drummond de Andrade.
_________________________________________
	Podemos iniciar a análise do poema escolhido (“Amar”, de Carlos Drummond de Andrade), pelo próprio título do poema, que nos serve como um roteiro de leitura: se trata, aqui, de amar (verbo) e não amor (substantivo), ou seja, indica a ação de amar, logo, precisa de um objeto. Temos tal percepção logo no início do poema, no trecho “QUE PODE uma criatura senão, / entre criaturas, amar?”. Em seguida, ele faz uso de contradições (“amar e esquecer / amar e malamar, / ama, desamar, amar”), como que ilustrando o que acontece, no que diz respeito ao amor, na vida, não importando como esse amor se desenvolve (“sempre, e até de olhos vidrados, amar?). Nesta primeira estrofe, o eu-lírico questiona o que mais além de amar, estando no meio de criaturas, é possível de se fazer. Com o termo “criaturas”, podemos entender que ele não se refere apenas à pessoas como objeto do verbo amar, mas, sim, todas as coisas existentes, mesmo que se ame errado (“amar e malamar”), mesmo que você ame e esqueça (“amar e esquecer”) e mesmo que você desame o que havia amado (“amar, desamar, amar”).
	A segunda estrofe tem início, também, com um questionamento: “Que pode, pergunto, o ser amoroso, / sozinho, em rotação universal, senão / rodar também, e amar?”. No trecho “rodar também, e amar?” podemos ver o sentido de se entregar, não lutar contra a maré, e isto se confirma no trecho seguinte, “amar o que o mar traz a praia”: aceitar o que a vida der (retomando a noção de criaturas, não se restringindo). 
	O eu lírico-continua a questionar: “amar o que o mar traz à praia, / o que êle sepulta, e o que, na brisa marinha, / é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?”. Neste trecho temos uma ambiguidade: amar o que o próprio amor sepulta ou o que o mar sepulta? Afinal, podemos ver no mar como um lugar de transição, as coisas vem e voltam para o mar. O mar pode ser significar a vida, mas, também, a morte. Nesta estrofe, o eu lírico coloca em dúvida o que é de fato amor (é sal que vem da brisa marinha), necessidade de amor (a precisão do amor) ou apenas a sua vontade (a simples ânsia).
	A terceira estrofe começa com o verso “Amar solenemente as palmas do deserto”. Primeiramente, devemos esclarecer que as palmas do deserto são fontes de alimento para beduínos e animais do deserto, são das palmas do deserto que se retiram as tâmaras. Então, neste trecho do poema, podemos inferir: mesmo quando a criatura em questão é vazia (deserto), ela tem algo a oferecer, significando a entrega total (você não espera algo em troca, mas sabe que o deserto possui oasis): “o que é entrega ou adoração expectante”. E esta ideia se segue na estrofe: “e amar o inóspito, o áspero, / um vaso sem flor, um chão vazio, / e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina”. 
	Na quarta estrofe, este ritmo se quebra, a ideia que se seguia até agora, se rompe. Aqui, o eu lírico parece se dar contar de que apenas ama um desejo: o desejo de amar. E que este é o destino, como se não houvesse outra saída se não amar e não receber amor, amar apenas o vazio. Afinal, é preciso que haja o vazio para que coisas sejam construídas (a folha em branco é o ambiente de construção de um desenhista, o terreno vazio é o ambiente de construção de um engenheiro, etc.) e, para tanto, é preciso desejar. Mas à medida que se deseja e se alcança o desejo, o vazio aumenta, pois desejamos mais. Podemos perceber esta ideia no trecho “doação ilimitada a uma completa ingratidão, / e na concha vazia do amor a procura medrosa, / paciente, de mais e mais amor”: para o eu - lírico, o amor é uma concha vazia, em que você só deseja e não encontra nada e, mesmo sabendo que é vazia, que do amor não se tira nada, não nos cansamos de buscar, de desejar o amor. Retomando a ideia do mar, é no mar que as conchas são feitas, simbolizando vida, porém, as conchas são vazias, delas não tiramos nada, a não ser o eco do mar: o eu-lírico apenas vê o desejo do amor, seu eco.
	A quinta estrofe funciona como uma confirmação das ideias desenvolvidas na estrofe anterior (“Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa / amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita”). O eu-lírico, de fato, ama a falta que o amor faz, ama o vazio que o desejo de amar causa, como vemos em “amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita”.
	
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Releituras - Resumo biográfico e bibliográfico. Carlos Drummond de Andrade. Disponível em: <http://www.releituras.com/drummond_bio.asp> 
Acesso em: 30 out. 2013. 
Globo. Educação e Literatura. Claro Enigma. Disponível em: 
<http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/claro-enigma.html> 
Acesso em: 30 out. 2013. 
Companhia de Letras. Claro Enigma. Carlos Drummond de Andrade. Disponível em: 
< http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=13225> 
Acesso em: 30 out. 2013. 
Literato. RESENHA DE CLARO ENIGMA. Disponível em: 
< http://moinhodeverso.blogspot.com.br/2013/03/resenha-de-claro-enigma.html > 
Acesso em: 30 out. 2013. 
Tieko Yamaguchi Miyazaki(UNEMAT). Julieta Haidar (ENAH). O CLARO ENIGMA DE UM TÍTULO: AMAR, DE DRUMMOND DE ANDRADE. 
Disponível em: <http://www2.unemat.br/literaturamt/revista-ale/docs/terceiro/O-claro-enigma-de-um-titulo.pdf> 
Acesso em: 30 out. 2013. 
Sântila Januário Meireles (UERJ). AMAR POR AUSÊNCIA, UMA LEITURA INTERPRETATIVA DO POEMA “AMAR”, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. Disponível em: 
<http://www.filologia.org.br/pub_outras/sliit02/sliit02_110-112.html> 
Acesso em: 30 out. 2013. 
BOSI. Alfredo. A intuição da passagem em um soneto de Raimundo Correia. Em Leitura de Poesia. São Paulo: Ática, 1996.

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