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DIR106 Resenha nº 2 (cap. de Livro) Os anos dourados do pós guerra

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RESENHA DE LIVRO
ALBAN, Marcus. Crescimento sem emprego. Salvador, Casa da Qualidade Editora, 1999, Os anos dourados do pós-guerra - cáp.7.
Aluno: Helson Nunes da Silva
DIR106 – Fundamentos de Economia
Faculdade Baiana de Direito – 2017.1 – Turma 1B
Marcus Alban Suarez é Doutor em economia pela Universidade de São Paulo e colaborador do NIPP – Núcleo de Instituições, Finanças e Políticas Púbicas da Universidade Federal da Bahia – UFBA, onde também atua como professor. 
OS ANOS DOURADOS DO PÓS-GUERRA
	“Os anos dourados do pós-guerra” integra a obra “Crescimento sem emprego – O desenvolvimento capitalista e sua crise contemporânea à luz das revoluções tecnológicas”, produto da pesquisa do autor na área econômica, mais detidamente acerca do desenvolvimento econômico e suas vertentes de progresso técnico e desemprego tecnológico. 
O capítulo 7 é dividido em três partes, nas quais são abordados os principais aspectos econômicos, sociais e políticos referentes aos anos dourados do pós-guerra. 
A Parte I, intitulada de “O prelúdio da grande depressão”, procura demonstrar que a euforia de um cenário econômico aparentemente favorável e estável foi a principal causa da ”Grande Depressão” que estourou nos E.U.A nos anos 20, com reflexos em todo o mundo. Além disso, o autor apresenta as principais razões pelas quais essa crise se tornou – e permanece sendo – a mais intensa e prolongada de todos os tempos. 
Sobre a euforia, explica que o processo especulativo surgiu como uma rota de fuga a uma perspectiva de redução de lucros para os capitalistas, já que existia um potencial enorme de crescimento econômico e não havia formas de se atrair novos trabalhadores (pleno emprego e crise na Europa inviabilizava a migração). Assim o caminho econômico natural para manter o crescimento seria aumentar os salários e reduzir os lucros. Os capitalistas, entretanto, não optaram por esse caminho e canalizaram os recursos para a bolsa de valores, alimentando o boom especulativo, que, mesmo chancelado por renomados economistas, chegou ao colapso na quinta-feira negra de 24 de outubro de 1929.
Sobre a imensa dificuldade em superar a depressão, importa registrar o destaque dado ao polêmico debate econômico surgido à época entre “o Saber Convencional”, que mantinha medidas conservadoras que não surtiam efeitos eficazes em meio às tentativas de reequilibrar a economia, e a “Teoria Geral de Keynes”, que seguia na mesma direção de uma série de políticas semelhantes adotadas pelo famoso “New Deal”. Assim, segundo o autor, mesmo à revelia do saber convencional houve uma tentativa por parte do governo em restaurar o sistema, mediante a ampliação de seus gastos, o que resultou em um sucesso razoável.
De toda sorte, o texto esclarece que nem o New Deal nem a teoria keynesiana foram os responsáveis pela superação da depressão, mas, sim, as exigências concretas da economia de guerra, uma vez que a elevação dos gastos de defesa do governo foi financiada em sua maior parte pelo déficit governamental, o que fez a economia americana apresentar um estrondoso crescimento, levando o desemprego a despencar para níveis inferiores a 2%.
A Parte II, intitulada de “O fordismo sindicalista americano”, apresenta uma análise político-econômica que justifica claramente o sucesso inicial dos anos dourados, mas que não justifica a manutenção do crescimento a pleno emprego sem que houvesse ocorrido novamente a fuga do capital para o circuito especulativo. 
A explicação, que vem logo em seguida, reside na relação salarial/trabalhista estabelecida no pós-guerra entre as grandes empresas e os poderosos sindicatos dos trabalhadores, relação essa denominada de fordismo sindicalista.
Para evitar as insatisfações, greves e estabilizar o alto turnover que trazia prejuízos à produção nas indústrias, a Ford desenvolveu um aparato econômico-institucional que garantia o repasse sistemático dos ganhos de produtividade para os trabalhadores, além de oferecer benefícios que se estendiam às famílias. O modelo foi replicado para empresas de todos os portes e setores, inclusive as governamentais, tornando-se o principal mantenedor do processo de crescimento com equilíbrio de pleno emprego.
Na terceira parte – A Social-Democracia europeia – procede a uma continuação do item anterior, avaliando as características dos anos dourados na Europa. Sua conclusão, após fazer uma análise comparativa com o modelo dos anos dourados americano, é de que a estabilidade do crescimento econômico só foi possível pela associação do movimento sindical a fortes movimentos políticos revolucionários das classes trabalhadoras. De um lado, o pragmatismo do partido social-democrata promovia o crescimento mediante gastos governamentais financiados pelo déficit público, seguidos da ampliação da arrecadação fiscal. Em paralelo, o poder de barganha dos trabalhadores, sindicalizados ou não, foi fortalecido pelo estado de bem-estar e do seguro desemprego, que assegurava rendas praticamente equivalentes aos salários de mercado.
O autor finaliza a obra fazendo asseverando que tanto a Social-Democracia quanto o fordismo foram responsáveis pela qualidade e a continuidade do crescimento. Contudo, o motor do crescimento deve ser atribuído ao paradigma tecnológico de base eletromecânica, e este, não se sustentaria após o início dos anos 70. Dessa forma, conclui que a desaceleração do crescimento ao final dos anos 60 faria tanto a Europa quanto os Estado Unidos entraram novamente em crise.

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