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CCJ0019-WL-B-LC-Poder Constituinte - Serivaldo Araújo

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Poder Constituinte: conceito, manifestações, limites e desdobramentos - 
Serivaldo C. Araujo e Geronimo R. Coelho 
Sumário: Introdução. 1. Poder Constituinte. 1.1 Conceito. 1.2 Espécies. 1.3 
Características. 1.4 Manifestações. 1.5 Limites do Poder Constituinte. 2. Teoria 
do Poder Constituinte. 3. Poder de Reforma. 4. Exercício do Poder Constituinte. 
Considerações Finais. Notas Referenciais. Referências Bibliográficas. 
 
Resumo: o presente artigo aborda o tema do poder constituinte, um dos 
importantes conteúdos estudados em Teoria da Constituição. São destacados 
neste trabalho os conceitos elaborados por diversos doutrinadores, a maneira 
como é manifestado esse poder, suas espécies, seus limites, sua teoria, os 
poderes vinculados a ele e como é efetivado o seu exercício. 
 
Palavras-chave: poder constituinte, constituição, povo, nação, democracia, poder 
reformador. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O poder constituinte pode ser considerado um dos principais poderes do Estado, 
pois além de ser emanado do povo, é o responsável pela elaboração da 
Constituição de um Estado, a norma fundamental de sua existência. Tem por fim 
estabelecer normas constitucionais, organizar o Estado, delimitar os poderes 
legislativo, executivo e judiciário, definindo suas competências. 
 
O povo não podendo, diretamente, elaborar sua constituição, delega essa função 
a uma assembleia constituinte, formada pelos seus representantes. Na 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1998, por exemplo, consta no 
parágrafo único do Art. 1º que todo o poder emana do povo[1]. 
 
O poder constituinte existe há muito tempo, no entanto seu estudo e teorização 
se deram somente a partir do século XVIII. 
 
 
1. PODER CONSTITUINTE 
 
1.1 CONCEITO 
 
Os conceitos formulados por doutrinadores e estudiosos do direito e do Estado 
são semelhantes e seu núcleo evoca a criação de uma Constituição. 
 
Conforme J. J. Canotilho “o poder constituinte, como o próprio nome indica, 
visa constituir, criar, positivar normas jurídicas de valor constitucional”[2]. 
 
Para Sahid Maluf “o poder constituinte é uma função da soberania nacional. É o 
poder de constituir e reconstituir ou reformular a ordem jurídica estatal”[3]. 
 
Paulo Bonavides destaca o poder constituinte como “um poder político, um 
poder de fato, um poder que se não analisa em termos jurídicos formais e cuja 
existência e ação independem de configuração jurídica”[4]. 
 
O ministro Gilmar Mendes nos ensina que o poder constituinte é: 
 
Um poder que tem na insubordinação a qualquer outro a sua própria natureza; 
dele se diz ser absolutamente livre, capaz de se expressar pela forma que melhor 
lhe convier, um poder que se funda sobre si mesmo, onímodo e incontrolável, 
justamente por ser anterior a toda normação e que abarca todos os demais 
poderes; um poder permanente e inalienável; um poder que depende apenas da 
sua eficácia.[5] 
 
 
De acordo com Sahid Maluf, o poder constituinte “tanto pode ser exercido para 
a organização originária de um agrupamento nacional ou popular quanto para 
constituir, reconstituir ou reformular a ordem jurídica de um Estado já 
formado”[6]. 
 
Luís Roberto Barroso trata o poder constituinte como sendo “o poder de elaborar 
e impor a vigência de uma Constituição. Situa-se ele na confluência entre o 
Direito e a Política, e sua legitimidade repousa na soberania popular”[7]. 
 
O Poder Constituinte não é exercido em qualquer momento ou ocasião, 
conforme Celso Ribeiro Bastos: 
 
O poder constituinte só é exercitado em ocasiões excepcionais. Mutações 
constitucionais muito profundas marcadas por convulsões sociais, crises 
econômicas ou políticas muito graves, ou mesmo por ocasião da formação 
originária de um Estado, não são absorvíveis pela ordem jurídica vigente”[8]. 
 
 
Entendemos, assim, que o poder constituinte tem a vontade popular e política 
capaz de pensar, elaborar, constituir e promulgar uma constituição. A partir 
desse poder estabelece-se uma nova ordem jurídica. 
 
 
1.2 ESPÉCIES 
 
O poder constituinte pode ser originário, derivado, difuso[9] ou 
supranacional[10]. 
 
O professor Paulo Bonavides conceitua o poder constituinte originário como 
sendo o que “faz a Constituição e não se prende a limites formais: é 
essencialmente político ou, se quiserem, extrajurídico”[11]. 
 
Gilmar Mendes destaca que o poder originário “é a força política consciente de 
si que resolve disciplinar os fundamentos do modo de convivência na 
comunidade política”[12]. 
 
Pedro Lenza simplifica que o poder constituinte originário “é aquele que 
instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica 
precedente”[13]. 
 
O poder derivado, de acordo com Paulo Bonavides “se insere na Constituição, é 
órgão constitucional, conhece limitações tácitas e expressas, e se define como 
poder primacialmente jurídico, que tem por objeto a reforma do texto 
constitucional”[14]. 
 
De acordo com José Afonso da Silva, o poder constituinte derivado visa 
“permitir a mudança da Constituição, adaptação da Constituição a novas 
necessidades, a novos impulsos, a novas forças, sem que para tanto seja preciso 
recorrer à revolução, sem que seja preciso recorrer ao poder constituinte 
originário”[15]. 
 
O poder constituinte derivado já se define por seu nome propriamente dito, 
segundo Pedro Lenza, será “também denominado instituído, constituído, 
secundário, de segundo grau”[16]. 
 
O Poder Constituinte Derivado, pode se dividir em reformador, decorrente e 
revisor. O Poder reformador é o responsável pelas mudanças nas Constituições 
por intermédio das emendas constitucionais. Poder decorrente é o responsável 
pela elaboração das Constituições Estaduais. O revisor é aquele que visa 
implementar emendas constitucionais de revisão, de caráter extraordinário. 
 
A maioria dos doutrinadores subdivide o poder derivado apenas em reformador 
e decorrente sendo o reformador “denominado por parte da doutrina de 
competência reformadora”[17]. 
 
O professor Uadi Lammêgo Bulos apresenta-nos o poder constituinte difuso que 
atua na ocasião de uma mutação constitucional, uma mudança informal no 
sentido, preceitos e conteúdo da Constituição; não é formalizado na constituição, 
más está presente no ordenamento jurídico. Segundo esse autor: 
 
O poder difuso apresenta-se em estado de latência, daí ser um poder invisível, 
apenas aparecendo quando necessário, para ser exercido pelos órgãos 
constitucionais, aos quais compete aplicar a constituição, interpretando-a, 
escandindo-a se preciso for, a fim de dar-lhe efetividade.[18] 
 
 
Pedro Lenza nos traz ainda, o poder constituinte supranacional que “busca a sua 
fonte de validade na cidadania universal, no pluralismo de ordenamentos 
jurídicos, na vontade de integração e em um conceito remodelado de 
soberania”[19]. É um poder que busca a formação de uma Constituição 
supranacional, “apta a vincular os Estados ajustados sob o seu comando e que 
busca sua fundamentação na vontade do povo-cidadão universal, seu verdadeiro 
titular”[20]. 
 
Percebemos que o poder originário tem um caráter mais político, enquanto o 
derivado, um caráter mais jurídico, visto que aquele está relacionado à vontade e 
à soberania popular e este está delimitado pela própria Constituição. 
 
 
1.3 CARACTERÍSTICAS 
 
O poder constituinte originário apresenta três características básicas, ele é 
inicial, autônomo e incondicionado. 
 
É inicial, pois não existe outro poder anterior ou acima dele. Como poder 
constituinte originário, ele está na origem do ordenamento jurídico, tendo em 
vista que “a constituição não retira o seu fundamento de validade de um diploma 
jurídico que lhe seja superior, mas se firma pela vontadedas forças 
determinadas da sociedade, que a procede”[21], ou seja, a assembleia 
constituinte eleita pelo povo. 
 
O poder é autônomo, visto que está sujeito somente à vontade de seu titular, 
limitando-se a questões éticas, morais e culturais da própria nação que o 
determina. 
 
Incondicionado porque não está subordinado à regra de formalidade ou de 
conteúdo pré-estabelecido. 
 
Em contrapartida, o poder constituinte derivado tem características opostas, está 
limitado pelo próprio poder originário e está condicionado às normas 
estabelecidas na Constituição, por vontade do constituinte. 
 
 
1.4 MANIFESTAÇÕES 
 
O Poder Constituinte originário pode se manifestar de duas formas, pela outorga 
ou pela convenção (assembleia nacional constituinte). 
 
Gilmar Mendes destaca que “se o ato constituinte compete a uma única pessoa, 
ou a um grupo restrito, em que não intervém um órgão de representação popular, 
fala-se em ato constituinte unilateral, e a Constituição é dita outorgada”[22]. 
 
Uma constituição pode ser promulgada, ou seja, elaborada e publicada por uma 
Assembleia Constituinte formada por representantes do povo. Segundo Gilmar 
Mendes “é o sistema clássico de elaboração de constituições democrática. O 
método dá origem à chamada Constituição votada”[23]. 
 
 
1.5 LIMITES DO PODER CONSTITUINTE 
 
As Assembleias Constituintes têm limitação, “a elas se devolvem a totalidade do 
poder de soberania, com apenas o dever de respeito aos imperativos das leis de 
direito natural”[24]. 
 
Alguns doutrinadores levantam que o poder pode ser limitado. Pedro Lenza 
expõe que: 
 
Está o Poder Constituinte limitado pelos grandes princípios do Bem Comum, do 
Direito Natural, da Moral, da Razão. Todos estes grandes princípios, estas 
exigências ideais, que não são jurídico-positivas, devem ser respeitados pelo 
Poder Constituinte, para que este se exerça legitimamente. 
 
 
2. TEORIA DO PODER CONSTITUINTE 
 
A teoria do poder constituinte começou a ser elaborada no final do século XVIII, 
no entanto o poder constituinte sempre existiu na sociedade política. De acordo 
com os ensinamentos de Paulo Bonavides: 
 
A teoria do poder constituinte empresta dimensão jurídica às instituições 
produzidas pela razão humana. Como teoria jurídica, prende-se 
indissociavelmente ao conceito formal de Constituição, separa o poder 
constituinte dos poderes constituídos, torna-se ponto de partida e matriz de toda 
a obra levantada pelo constitucionalismo de fins do século XVIII.[25] 
 
 
A teoria apareceu com o desenvolvimento da Revolução Francesa, destacando-
se as ideias de Emmanuel Joseph Sieyès, principalmente na obra Qu´est-ce que 
le Tiers État?, na qual ele destaca a força da nação, o Terceiro Estado. 
 
De acordo com Uadi Lammêgo Bulos: 
 
Indiscutivelmente, deve-se a Sieyès a noção primeira do poder constituinte, 
associado, por grande parte dos estudiosos, a características todo poderosas e 
grandiloquentes, exteriorzadas pelas notas de inicial, originário, supremo, 
extraordinário, de primeiro grau, direto, inalienável, fundacional, imprescritível, 
incontrolável etc.[26] 
 
 
3. PODER DE REFORMA 
 
O poder de reforma é oriundo do poder constituinte originário. Os ensinamentos 
de Gilmar Mendes nos trazem que: 
 
O poder de reforma – expressão que inclui tanto o poder de emenda como o 
poder de revisão do texto – é, portanto, criado pelo poder constituinte originário, 
que lhe estabelece o procedimento a ser seguido e limitações a serem 
observadas.[27] 
 
 
O poder reformador, de acordo com Sahid Maluf “consiste na competência para 
reformar parcialmente ou emendar a Constituição, que não é um código estático, 
mas dinâmico, devendo acompanhar a evolução da realidade social, econômica e 
ético-jurídica”[28]. 
 
Na concepção de Alexandre de Moraes, “consiste na capacidade de alterar o teto 
constitucional respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria 
constituição e será exercitado por determinados órgãos com caráter 
representativo. Só estará presente nas constituições rígidas”[29]. 
 
 
4. EXERCÍCIO DO PODER CONSTITUINTE 
 
A missão da assembleia constituinte é a de constituir ou reconstituir a ordem 
jurídica e politica do Estado, porém conforme destaca Sahid Maluf (2007, p 
194) “cumprida essa missão, encerrados os seus trabalhos com a promulgação e 
a publicação da nova lei fundamental, ela se dissolve, ou passa a funcionar daí 
por diante como Assembleia Legislativa ordinária (poder constituído) se 
previsto no ato de sua convocação”[30]. 
 
Pedro Lenza lembra que a “manifestação do poder constituinte reformador 
verifica-se através das emendas constitucionais, (arts. 59, I, e 60, da CF/88)”, 
bem como lembra que “o exercício do poder constituinte derivado decorrente foi 
concedido às Assembléias Legislativas, conforme estabelece o Art. 11, caput, do 
ADCT”.[31] 
 
Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a 
Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da 
Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.[32] 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O poder constituinte está intrínseco à vontade popular e política de uma nação e 
caracteriza o momento de soberania nacional para a elaboração e promulgação 
da Constituição de um Estado. 
 
Os conceitos apresentados mostram as abordagens efetuadas pelos 
doutrinadores, cientistas políticos e constitucionalistas, tradicionais e 
contemporâneos. 
 
Ao mesmo tempo em que podemos considerar um tema de fácil abordagem, 
percebemos que o assunto encadeia situações de liberdade, vontade, democracia, 
política, direito e constitucionalismo. 
 
Este trabalho simplificado de nível acadêmico buscou elencar principalmente 
conceitos, numa pesquisa bibliográfica em literatura jurídica nacional, por vezes 
sintetizadora, mas abrangente num tema de elevada importância para o estudo da 
Teoria da Constituição.

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