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* ORGANIZAÇÃO E POLITICAS PÚBLICAS PSICOLOGIA PROFESSORA PATRICIA * POLITICAS PÚBLICAS E MODO DE VIVER A produção de sentidos sobre a vulnerabilidade * VULNERABILIDADE Considera-se que a vulnerabilidade social não se define pelo índice de pobreza, mas se faz necessário olhar para a inclusão ou não da população em relação aos serviços e políticas públicas. * VULNERABILIDADE A noção de vulnerabilidade apresenta-se carregada de múltiplo de significados e produzindo variados sentidos, os quais podem contribuir para: Uma homogeneização e manutenção da população num lugar de risco. Quanto para construir estratégias de poder dos sujeitos na construção de potência de vida. * O conceito de vulnerabilidade e risco é uma construção, não somente da racionalidade científica, mas produzido por linhas de força e no exercício de relações de poder. VULNERABILIDADE Mais do que descobrir uma realidade humana, esses conceitos produzem sujeitos. Esta concepção está apoiada diretamente nos estudos de Michel Foucault que durante sua trajetória de pensamento, investigação e produção expõe o quanto a produção de conhecimento não pode relacionar-se a um único registro de verdade, e que a história tem muitos mais movimento do que sabemos registrar. * OS SENTIDOS DA VULNERABILIDADE A vulnerabilidade social é muitas vezes associada diretamente a condições de pobreza e miserabilidade e, assim, demonstrada através de índices socioeconômicos A pobreza é, sem dúvida, um dos grandes pilares nos quais se assentam diversas situações de vulnerabilidade social da sociedade capitalista, uma vez que produz a exclusão da população em relação a políticas e serviços públicos. Além disso, afeta diretamente a garantia de direitos e cidadania. * A COMPLEXIDADE DO CONSTRUÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL As análises de vulnerabilidade realizadas desconsideram os fatores contextuais e o estudo de processos e relações sociais. Autores apontam para a necessidade de não desprezar o aspecto socioeconômico, mas compreendê-lo associado aos processos de exclusão em relação ao acesso a serviços e políticas de cidadania. Assim, a vulnerabilidade social pode ser compreendida ao serem analisadas as relações entre a disponibilidade de recursos materiais ou simbólicos e o acesso das pessoas às oportunidades sociais econômicas e culturais que provêm do Estado, do mercado e da sociedade (ABRAMOVAY et ai.," 2002). * A COMPLEXIDADE DO CONSTRUÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL A concepção de um olhar dinâmico e mutante sobre o conceito, considerando-o não apenas a partir das condições materiais, mas antes analisando as características, recursos, habilidades e estratégias, individuais e grupais da população, para lidar com o sistema de oportunidades oferecido pela sociedade. * Adorno (2001,p. 11) relaciona a vulnerabilidade com a exclusão econômica e social. Esse autor considera que um indivíduo ou um grupo torna-se vulnerável "quando ocorre uma situação que o leva a quebrar seus vínculos sociais ,com o trabalho, a família ou seu círculo de relações". Ao mesmo tempo sublinha a transformação existente na passagem do termo "carência" para o de "vulnerabilidade". De uma visão que enfatiza o paternalismo (carência) nas relações sociais passa-se a olhar o sujeito como portador de direitos * O direcionamento do olhar para os "direitos" em detrimento das "carências" apresenta a possibilidade de analisar as potencialidades dos sujeitos, grupos e comunidades e não somente de analisar a vulnerabilidade a partir de indicadores que apresentem a "falta de". Precisa-se avaliar o acesso da população à rede de serviços disponíveis, bem como a organização da própria rede: escolas e unidades de saúde, os programas de cultura, lazer e de formação profissional. Trata-se de considerar as ações do Estado e se estas promovem justiça e cidadania. * EXCLUSÃO SOCIAL O conceito de vulnerabilidade rastreado até aqui destaca um olhar que prioriza a análise do acesso da população a serviços e políticas públicas e de cidadania, olhando não somente para a escassez de recursos, mas, principalmente, para a potencialidade da população em lidar com os recursos existentes. * No Brasil, o processo de inclusão em políticas e serviços públicos ganha um novo cenário a partir da recente implantação da Política Nacional de Assistência Social (Pnas). Apesar de a exclusão social ter um histórico de 500 anos, as políticas de Assistência Social foram geralmente associadas ao assistencialismo. Um exemplo disso eram (ou são ainda) as ações oriundas do "gabinete da primeira dama". O movimento de inclusão da Assistência Social como uma política de Estado é recente. Apesar de já termos leis e diretrizes organizando essa política, propomos olhar, também, para os movimentos de vida ali produzidos. * O REORDENAMENTO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: CLASSIFICAÇÃO DE PROGRAMAS E SERVIÇOS OS PROGRAMAS E SERVIÇOS ASSISTÊNCIA SOCIAL NACIONAL, CONFORME DOCUMENTO DO MDS, DIVIDEM-SE EM DOIS NÍVEIS PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL * * SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA CARÁTER PREVENTIVO FORTALECIMENTO DOS LAÇOS FAMILIARES E COMUNITÁRIOS CRAS PAIF AGENTE JOVEM AÇÕES PARA CÇAS DE 0 A 6 ANOS * PROGRAMAS E SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL PROTEÇÃO SOCIAL DE MÉDIA COMPLEXIDADE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE ALTA COMPLEXIDADE Inclui situações nas quais os direitos dos indivíduos ou das famílias foram violados, mas ainda existe a manutenção dos vínculos sociais e comunitários Programa Sentinela, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) Centros de Referência Especializada da Assistência Social (Creas) Destina-se a situações nas quais os direitos dos indivíduos ou das famílias foram violados e quando os vínculos familiares foram rompidos. Assim, garante-se a proteção integral para quem se encontra em situação de ameaça. Abrigos Albergues * INTERSETORIALIDADE O Pnas propõe o acompanhamento e avaliação das ações desenvolvidas nos programas e projetos, ressaltando nesse aspecto a necessidade de se recorrer à intersetorialidade. Assim, os serviços da assistência social devem atuar em rede com serviços de outras áreas, como: saúde, justiça, habitação, entre outras. * MODOS DE VIVER E MODOS DE VULNERABILIZAR De acordo com Cyrulnik (2004) O fato de as pessoas se restabelecerem de um traumatismo não está diretamente associado à invulnerabilidade ou ao êxito social. Para o autor, a produção de um traumatismo dá-se a partir de dois golpes: 1-O primeiro apresenta o traumatismo real, trazendo a dor do ferimento; 2-O segundo é o momento da representação dessa dor, fazendo surgir o sofrimento relacionado ao ferimento. * MODOS DE VIVER E MODOS DE VULNERABILIZAR De acordo com Cyrulnik (2004) Um trabalho de cicatrização é requerido nesse processo. Necessita-se da reelaboração da memória corporal e do dano. Esse gesto de reelaboração não pode ser solitário, existe a necessidade de um olhar do outro sobre a transformação. É aí que os atores dos serviços que oferecem amparo social tornam-se fundamentais. Eles podem transformar-se em "tutores de resiliência" , agentes colaboradores do processo de ressignificação do trauma, quando permitem o trabalho de reconfiguração da memória do traumatismo, * A proteção social associa-se diretamente à "possibilidade de encontrar lugares de afeto em atividades e programas que a sociedade proporciona, oferecendo tutores de resiliência que permitirão retomar o desenvolvimento” * MODOS DE VIVER O encontro com um olhar que auxilie o sujeito a realizar um trabalho de atribuição de outros sentidos à ferida é indispensável para "estender a mão a um agonizante psíquico e ajudá-lo a recuperar um lugar no mundo dos humanos."Isso fica impossibilitado, quando os discursos culturais se empenham em considerar as vítimas como cúmplices do agressor, ou presas do destino e também, podemos acrescentar, quando olham com pena e descrédito em relação a qualquer transformação possível. * FIM Referência Bibliográfica: Políticas Públicas e Assistência Social
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