Buscar

Apostila de Direito 2017.1 - Faculdades Integradas Simonsen

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Faculdades Integradas 
Simonsen 
2017.1 ntegradas 
Simonsen Faculdades 
Integradas Simonsen 
Direito - 
Noções 
Gerais 
Professora Ana Cláudia Leal 
Felgueiras 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
1 
 
Noções de Direito - Unidade I 
 Capítulo I Ficha de aula no. 2 Aula no. 1 
 
 A sociedade humana: 
Como ponto de partida do estudo da sociedade é preciso lembrar que o homem é um animal racional, 
e como animal sempre viveu em grupos, que inicialmente não poderiam ser consideradas sociedades, 
mas sim bandos ou hordas, pois nos primórdios não havia a ideia de organização ou estrutura social. 
Assim, o homem, como os animais vivia em grupos para sobreviver a rudeza da vida primitiva. O 
próprio aspecto físico da raça humana demonstra que o homem foi criado para conviver e se completar 
com outro ser de sua espécie, principalmente para a perpetuação da espécie. 
Diferente dos demais animais o homem por ser racional, adaptável e capaz de evoluir funda uma 
sociedade que terá como principal caraterística o dinamismo, que através da história evolui, progride. 
Com gradativo acumulo de pessoas a convivência se intensifica e tornando-se cada vez mais 
complexa, demandando a criação de normas mais definidas para possibilitar a convivência pacifica, 
determinando regras de comportamento social. Cabe ressaltar que muito embora, diferente da 
organização dos demais animais, que possuem um certo grau de organização e estruturação, estes 
agrupamentos não podem ser confundidos com a sociedade humana, por sua complexidade e 
constante evolução. 
 O ser humano só pode ser compreendido inserido num contexto social, assim, a vida social 
é um fato natural e necessário. Ações sociais partem dele e terminam nele, e o indivíduo não pode se 
desenvolver, a não ser que existam relações recíprocas com outras pessoas. Apesar de o fenômeno da 
associação ser comum ao homem e em algumas espécies, a sociedade humana criou um tipo 
específico de agrupamento fundada na cultura, criada pelo homem que é elemento dessa própria 
associação; assim a vida de relações e a habilidade do homem de adaptar-se ao ambiente modificando-
o, transformando-o para que, apesar de muitas vezes hostil, lhe garanta a satisfação de suas 
necessidades essenciais. Portanto, direito integra mundo de cultura, onde o homem criou vários 
processos de adaptação, esforçando-se para a realização dos seus valores e satisfação de suas 
necessidades. 
 Sociedade, Justiça e Direito: 
Como se pode perceber é inegável a interdependência entre a sociedade e o direito, pois, o 
ordenamento jurídico é criado como um processo de adaptação histórico- social e, para tanto, deve 
ajustar-se às condições da época e meio social; já o Direito, por sua vez, cria necessidades dos 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
2 
 
indivíduos adaptarem o seu comportamento aos novos padrões de convivência, permitindo a 
convivência harmônica e pacífica. 
O direito não é uma fórmula mágica capaz de mudar a natureza humana. O direito é produto de uma 
realidade histórica, é um dado contínuo, vivo, proveniente da experiência social humana. Assim, há 
apenas uma história e só uma acumulação de experiência valorativa na sociedade, por isso o direito é 
resultado desta acumulação, deste aprendizado coletivo. Não existe direito fora da sociedade. Só pode 
haver direito onde o homem além de viver, conviver. A vida em sociedade pressupõe organização e 
para isso implica na existência do Direito, a sociedade cria o Direito no propósito de estabelecer as 
bases do direito, da justiça e segurança, estruturando a vida social. O direito, porém, não é a única 
força que gera o bem-estar social, há também os valores que o Direito tutela e representa por 
constituírem os anseios sociais não são meros caprichos do legislador. O Direito é uma forma de 
expressão de valor social e; assim, a legislação deve apenas identificar os valores positivos que a 
sociedade estima e vive. 
 É na vida de relação, em sociedade que o homem encontra o meio ideal ao desenvolvimento 
de suas faculdades, habilidades e de todas as potencialidades que carrega em si. O homem concentra 
os seus esforços na construção da sociedade, representando o grande empenho do homem para adaptar 
o mundo exterior às suas necessidades de vida, ao seu modo de viver. Por essas razões afirmavam os 
romanos, maiores juristas da antiguidade: “Ubi societas, ibi jus”, Onde houver sociedade, aí haverá 
o Direito. 
 O Direito: 
O Direito está a serviço da vida social: favorecendo o amplo relacionamento entre as pessoas e os 
grupos sociais. "Os direitos do homem não nascem todos de uma vez. Nascem quando podem ou 
devem nascer." (Norberto Bobbio), pois o direito desenvolve-se junto ao homem em sociedade, 
adequando-se a cada época, a economia, a política. Ao eleger seus valores sociais, os bens jurídicos 
o homem separa o lícito do ilícito, segundo valores de convivência estabelecidos pela a própria 
sociedade possibilitando os nexos de cooperação, criando as limitações necessárias ao equilíbrio e à 
justiça nas relações sociais. 
 Segundo Paulo Nader1 “A sociedade sem o direito não resistiria, seria anárquica, teria o 
seu fim. O Direito é a grande coluna que sustenta a sociedade. Criado pelo homem, para corrigir a 
sua imperfeição, o Direito representa um grande esforço, para adaptar o mundo exterior às suas 
necessidades.”. 
 
1 NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 26-27. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
3 
 
O Direito não tem existência em si mesmo existe em razão da sociedade; são fatos sociais, são 
criações históricas do povo que refletem seus costumes, tradições, sentimentos e cultura. A sua 
elaboração é lenta, imperceptível e feita espontaneamente pela vida social. Os fatos sociais não são 
matrizes do direito, exercendo importante influência. 
 O Direito como processo de adaptação social: 
As aspirações humanas de paz, ordem e bem estar comum levam a sociedade á criação de um 
organismo responsável pela instrumentalização e regramento desses valores, esta tarefa é conferida 
ao Direito, por isso, ele não corresponde às necessidades individuais apenas, mas aos anseios da 
coletividade. Como processo de adaptação social, deve o direito estar sempre se recriando, em face 
da dinâmica evolução social, da necessidade de ordem, paz, segurança e justiça, que o direito visa a 
atender, exige uma constante transformação dos institutos jurídicos se readaptando as mudanças 
sociais, porque se o direito envelhece, deixa de ser um processo de adaptação, pois passa a não exercer 
mais sua função, tornando-se indispensável que o direito se mantenha atuante e atualizado. 
 O processo de adaptação social se estabelece por meio de normas jurídicas, ou seja, 
modelos de comportamento social, que fixam limites à liberdade do homem, através de imposição de 
condutas, segundo Bobbio2: "Quanto mais aumentam os poderes dos indivíduos, tanto mais diminuem 
as liberdades dos mesmos indivíduos”. Além do Direito a moral, a religião e as regras de trato social, 
igualmente velam e contribuem para que haja a solidariedade e a paz entre os homens. 
O Direito não possui como objetivo a educação ou o aperfeiçoamento do ser humano, porque esta 
meta pertence a moral; não pretende preparar o homem
para a conquista de uma vida supraterrena, 
ligada a Deus, valor almejado pela religião, como determina a corrente jusnaturalista; nem se 
preocupa em incentivar a cortesia, o cavalheirismo ou as normas de etiqueta, que pertencem ao âmbito 
específico das regras de trato social. 
O jurista alemão Ihering afirma que o direito é uma força viva e pulsante: "O objetivo do direito é a 
paz, a luta é o meio de consegui-la. Enquanto o direito tiver de rechaçar o ataque causado pela 
injustiça – e isso durará enquanto o mundo estiver de pé –, ele não será poupado. A vida do direito é 
a luta, a luta de povos, de governos, de classes, de indivíduos3”. 
 Definições históricas do Direito: 
1. Celso, jurisconsulto romano do séc. I: “jus est ars boni et aequi” (Direito é arte do bom e do justo). 
A definição é de cunho filosófico e eticista. Coloca em evidência apenas a finalidade do objeto, o que 
 
2 BOBBIO, Norberto. A era dos direito. Rio de Janeiro. 199]2. 
3 IHERING, Rudolf Von. A Luta pelo Direito. 15a. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
4 
 
é insuficiente para induzir o conhecimento. Costuma ser citada como exemplo de que os romanos, no 
plano teórico, não distinguiram o direito da moral. A explicação de alguns, segundo a qual a tradução 
correta seria justo equitativo, não altera o significado da oração. 
2. Hugo Grócio, jurisconsulto holandês do séc. XVII considerado o pai do Direito Natural e do Direito 
Internacional Público: “O direito é o conjunto de normas ditadas pela razão e sugeridas pelo appetitus 
societatis.” A presente definição carece de uma diferença específica. 
4. Emmanuel Kant, filósofo alemão do séc. XVIII: “Direito é o conjunto das condições, segundo as 
quais o arbítrio de cada um pode coexistir como arbítrio dos outros, de acordo com a lei geral de 
liberdade”. 
5. Rudolf Von Ihering, jurisconsulto alemão do séc. XIX: “Direito é a soma das condições de 
existência social, no seu amplo sentido, assegurada pelo Estado através da coação”. 
6. Hans Kelsen define Direito como "um conjunto de regras que possui o tipo de unidade que 
entendemos por sistema". 
 Definições atuais do Direito: 
1. Paulo Dourado de Gusmão, Direito é um "conjunto de normas executáveis coercitivamente, 
reconhecidas ou estabelecidas e aplicadas por órgãos institucionalizados". 
2. Vicente Rao: um "sistema de disciplina social fundado na natureza humana que, estabelecendo 
nas relações entre os homens uma proporção de reciprocidade nos poderes e deveres que lhe atribui, 
regula as condições existenciais dos indivíduos e dos grupos sociais e, em consequência, da 
sociedade, mediante normas coercitivamente impostas pelo Poder Público". 
4. Paulo Nader, que diz que Direito é um "conjunto de normas de conduta social, imposto 
coercitivamente pelo Estado, para realização de segurança, segundo critérios de justiça". 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
5 
 
5. Miguel Reale, o define como uma "ordenação heterônoma, coercível e bilateral atributiva das 
relações de convivência, segundo uma integração normativa de fatos segundo valores". 
 
 Exercícios de Fixação 
1a. Questão: Marque verdadeiro ou falso: 
( ) A sociedade humana é dinâmica, evolutiva, constitui história, progride. Desenvolve cultura, 
além de ser poder ser governada por normas sociais reguladoras de condutas. 
( ) A sociedade cria o Direito no propósito de formular as bases da justiça e segurança. Com isso 
a sociedade, ganha estabilidade, a vida social é desta forma possível. O direito, porém, é uma força 
que gera, unilateralmente, o bem-estar social. 
( ) Assim, o direito constitui um fim em si mesmo, mas, apenas um meio para tornar possível a 
convivência e o progresso social. 
( ) O Direito está em função da vida social. A sua finalidade é a de favorecer o amplo relacionamento 
entre as pessoas e os grupos sociais, que é uma das bases do programa da sociedade. 
( ) O Direito está em função da vida social. A sua finalidade é a de favorecer o amplo relacionamento 
entre as pessoas e os grupos sociais, que é uma das bases do programa da sociedade. 
2ª. Questão: Trace um paralelo entre direito e sociedade: 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
 Nesta aula, pudemos refletir: 
1. Um indivíduo isolado não possui direitos nem deveres, ele precisa estar inserido 
na vida de relação, pois o direito não constitui um fim em si mesmo, mas, sim 
um meio para tornar possível a convivência e o progresso social 
2. . O homem é um ser social e como tal necessita do convívio, mas, para que este 
seja pacífico é regrado pelo direto, através de normas jurídicas contidas nas 
leis. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
6 
 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________ 
Noções de Direito - Unidade I 
 Capítulo II Ficha de aula no. 3 Aula no. 2 
 
 O Direto e suas Divisões: 
 Direito Natural e Direito Positivo: 
 Apesar da dificuldade semântica do vocábulo Direito, o definirmos como um longo processo 
histórico de adequação do homem à vida em sociedade. Nos Primórdios das civilizações numa 
tentativa de compreender o Direito o homem concedia-lhe origem divina, onde a vida social era 
profundamente ligada e organizada pela religiosidade e pela moral, assim o Direito Natural traduz-se 
na existência de um direito fundado na natureza das coisas, ou seja, na vontade divina, na ideia de 
justiça. O direito natural possui origem no pensamento grego de um direito ideal, supra positivo. 
Os princípios do Direito Natural são permanentes, absolutos e intemporais, cujo conteúdo é 
relativo às diferentes épocas e culturas; sua variabilidade, ou capacidade de se adaptar exprimirá a 
própria evolução dos valores essenciais da vida social. 
Para o Direito Natural sua fonte é uma ordem ontológica que transcende a vontade humana e é, 
em primeiro lugar, a expressão do justo decorrente da natureza das coisas; pressupõe que exista uma 
ordem que não é produto de um projeto humano consciente, mas, ligado à ordem natural das coisas. 
A doutrina aponta como características do Direito
Natural ser: universal, imutável e cognoscível, em 
suma, que é abrangente de todos os homens, em todos os tempos e lugares, é imutável em 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
7 
 
consequência da própria imutabilidade das leis da natureza, e seu conhecimento pode se dar 
naturalmente por todos os homens de modo indistinto, pois a natureza humana tria a habilidade de 
conhecer princípios, regras e valores que lhe são inerentes e constantes no tempo e no espaço, e por 
esta razão, seriam merecedores, de tutela jurídica, inclusive do direito positivo. 
 Já em oposição o Direito Positivo segundo o professor Cai Mario da Silva Pereira é definindo 
como “o conjunto de princípios que pautam a vida social de determinado povo em determinada 
época” 4, independentemente da forma escrita, afastando-se da religião e da ideia de moral.5 
Direito Positivo: é a direito vigente, ou melhor, é a ordem jurídica obrigatória em determinado lugar 
e tempo, estabelecida pelo Estado. As diversas formas de expressão jurídica, admitidas pelo sistema 
adotado pelo Estado, configuram o Direito Positivo. 
 
 Direito Público e Direito Privado: 
Apesar de alguns doutrinadores entenderem que esta divisão remota ao Direito Romano, nos 
moldes como hoje a conhecemos surgiu no século XVII com o jurista Jean Domat que foi o primeiro 
a separar as leis civis das leis públicas em sua obra Les lois civiles dans leur ordre naturel (1689), 
influenciando O Código Napoleônico. Assim, Direito Privado e Direito Público são duas grandes 
divisões de um mesmo Direito, que na verdade é único, mas que para atender a questões didáticas do 
ensino da ciência do direito, foi dividido facilitando sua compreensão por aqueles que buscam estuda-
lo. 
 Muito embora seja uma divisão tradicional do Direito não é pacífica havendo algumas 
divergências doutrinárias no que tange os traços que caracterizam cada uma destas divisões. A 
doutrina criou vários critérios de distinção suscetíveis de caracterizar cada uma das divisões, sem ter 
encontrado um critério totalmente satisfatório. Porém, o critério de distinção de entendimento 
majoritário é conhecido como o critério da posição dos sujeitos, onde o Direito Público distingue-se 
por regular as relações entre dois sujeitos, em que o Estado está numa posição de supremacia perante 
o cidadão. Por outro lado, o Direito Privado disciplina um conjunto de relações entre sujeitos em 
igualdade de posição, ou seja, enquanto simples particulares. 
 Para o autor Paulo Nader6, a distinção entre o Direito Público e o Direito Privado é útil no plano 
didático e benéfica do ponto de vista prático, pois favorece a pesquisa, o aperfeiçoamento e a 
 
4PEREIRA, Caio Mário da Silva, Instituições de Direito Civil . vol I. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2005. (páginas 7 a11) 
5 “REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Editora Saraiva, 1978. ao sustentar esta ideia, afirma que: 
“O Direito representa apenas o mínimo de Moral declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver”. 
6NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 23 ed. São Paulo: Forense, 2003. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
8 
 
sistematização de princípios de um gênero e outro. Assim, é válido buscar critérios de distinção, mas 
essa tarefa advirta-se, deve ser empreendida afastando-se duas falsas premissas: a ideia da 
contraposição entre aqueles ramos do direito e a noção de completude do Código Civil. 
O direito público é parte do Direito que vai regular relações entre os diversos governos, entre os 
países. Regulam também as relações entre o Estado e seus administrados quando há interesses 
coletivos. O direito privado regula as relações entre os particulares. 
Porém hoje entendemos que entre o público e o privado não há uma divisão tão clara, pois, 
mudanças provocadas nos modelos econômicos em face do industrialismo e do capitalismo e até 
mesmo em virtude do novo papel dos poderes públicos na vida econômica, podemos verificar alguns 
reflexos que acabam por cominar nas transformações ocorridas no Direito Privado e no Direito 
público, num fenômeno chamado publicização” ou “socialização” do Direito Privado. 
 Direito subjetivo e direito objetivo: Quando o legislador cria uma regra coercitiva, ou seja, um 
comando por escrito na lei, ele dirige a generalidade de indivíduos, mas pode se dirigir a uma 
determinada categoria, o que não é possível, é haver uma regra dirigida a um só indivíduo. A regra 
se dirige, pelo menos, a duas pessoas, ou seja, bilateral. 
 Quando a regra jurídica se dirige a duas ou mais pessoas, ela vincula os indivíduos entre si, e neste 
caso, concede a um dos indivíduos o poder de exigir do outro um determinado comportamento. 
 A regra jurídica de conduta também é coercitiva, ou seja, traz em seu núcleo um comando positivo 
ou negativo, que nos dá uma ordem. Ex.: dar, fazer ou não fazer alguma coisa. Todavia, este comando 
não é isolado, pois vem acompanhado de sanção. Sanção é uma pena pelo descumprimento do 
preceito. 
 Conceito de Direito objetivo: é o conjunto de regras ou comandos emanados da autoridade estatal 
e visa permitir a coexistência social. Desde os primórdios dos tempos, a sociedade, para coexistir, 
subsiste a base de regras de conduta, sejam, primeiramente, regras religiosas, sejam posteriormente 
as emitidas pela autoridade estatal. 
 Características: a base do Direito Objetivo é a regra ou norma jurídica que tem como 
característica em primeiro lugar a bilateralidade, ou seja, ela é emanada da autoridade estatal e é 
dirigida a dois ou mais indivíduos vinculando-os. Em suma, o direito objetivo é um conjunto de regras 
de direito que disciplinam determinada sociedade, possuindo como principais características: o 
preceito, a sanção, a previsão e a estatização. 
 Conceito de Direito Subjetivo: é a prerrogativa colocada pelo direito objetivo, à disposição do 
sujeito. Assim, é tanto o efetivo exercício como a potencialidade do exercício desse mesmo direito. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
9 
 
 O objeto no Direito subjetivo é o bem jurídico pretendido. Em termos de objeto tem que se 
descobrir, em relação aos diferentes direitos subjetivos o que seria o objeto. Direito subjetivo é 
sinônimo de poder ou faculdade de agir, é movimento. Direito objetivo é a norma de agir. Direito 
subjetivo é o poder ou faculdade de agir concedido pela norma. 
 Direito Objetivo é um complexo de normas de agir, direito subjetivo se caracteriza 
fundamentalmente como o poder ou faculdade de agir de um lado e de outro lado o dever jurídico 
correspondente. O direito subjetivo é aparelhado de pretensão, só pode haver pretensão quando haja 
dever jurídico. 
 Conceito de Direito Potestativo: permite ao sujeito ativo a possibilidade de obter determinados 
efeitos jurídicos sujeitando o sujeito passivo à sua vontade sem a colaboração deste e muitas vezes 
contra a vontade deste último. No Direito Potestativo, de um lado o sujeito ativo tem o poder ou 
faculdade de agir e de outro lado o sujeito passivo não tem o dever jurídico correspondente, e sim, 
sujeição (substitui o dever jurídico correspondente por uma sujeição). 
 Exemplos de Direito Potestativo: 
1. O poder conferido a qualquer condômino de extinguir o condomínio. 
2. O poder ou faculdade do locatário, na locação comercial com mínimo de 5 anos, de renovar 
compulsoriamente a locação. 
3. O
poder de revogar o mandato conferido tanto ao mandante, quanto ao mandatário. 
4. O poder de requerer interdição. A pessoa fica louca, o parente tem o poder ou a faculdade de 
requerer a interdição através do procedimento de jurisdição voluntária. Isso é direito potestativo, não 
há dever jurídico correspondente. 
5. O poder de requerer a separação e o divórcio. O direito potestativo não está aparelhado de pretensão 
porque não há dever jurídico correspondente ao poder de agir. 
 Existem direitos potestativos que só podem ser exercitados dentro do prazo pré-fixado pelo 
legislador. Muitos deles exercidos através de uma demanda (ação judicial). Assim, a ação judicial é 
um modo de exercício do direito potestativo. Quando o titular do direito potestativo não exercita o 
seu poder ou faculdade de agir, neste prazo pré-fixado, ocorrerá o fenômeno da decadência, que é a 
perda do direito potestativo derivado da inércia do seu titular. Outros direitos potestativos, no entanto, 
não estão sujeitos a prazos para o seu exercício, e o direito pode ser exercido quando pretender o seu 
titular. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
10 
 
 
 
 
1ª. Questão: Direito subjetivo é sinônimo de poder ou faculdade de agir. Direito objetivo é a norma 
de agir. Direito subjetivo é o poder ou faculdade de agir concedido pela norma. No momento que 
alguém bate no meu carro, surgiu uma nova relação jurídica de direito pessoal ou relativo, porque se 
determinou o sujeito passivo, aquele que tem que pagar uma indenização para recompor o direito 
violado. Comente o trecho acima: 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
11 
 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________ 
 
2a. Questão: Direito subjetivo e objetivo. Podemos afirmar que o primeiro deriva do segundo? Por 
que? 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
Noções de Direito - Unidade I 
 Capítulo III Ficha de aula no. 4 Aula 3 
 
 Fontes do direito: 
Todos aqueles que iniciam o estudo do Direito tem dúvidas de onde encontrar resposta para a 
indagação: tenho este direito? Onde encontrar a regras para realizar determinado negócio jurídico, 
etc. A resposta para estas indagações e muitas outras se encontra nas fontes do direito, desta forma 
conhecer as fontes do direito não é somente perceber a hipótese de sua aplicação na falta de norma 
para o caso concreto; é, na verdade, garantir a solução dos conflitos, ainda que não exista lei específica 
para o caso, impedindo a pendência de processos por falta de decisão judicial. 
A palavra fonte traz em si a ideia de origem, princípio, de onde procede, portanto as fontes do 
direito que serão aqui estudadas indicarão os direitos e deveres dos indivíduos que surgem dos fatos 
jurídicos reiterados e comuns, da produção legislativa ou ainda do entendimento dos juízes. Para 
Ascensão (2001), "as fontes do direito são modos de formação e revelação de regras jurídicas". 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
12 
 
Já Hans Kelsen7 num pensamento contrário ao se reportar as fontes do direito acredita ser 
irrelevante qualquer fato social, moral ou político que tenha contribuído para a formação do Direito. 
Para Miguel Reale8 fonte do direito deve indicar somente os processos de produção da norma jurídica, 
ligado a uma estrutura de poder. 
Atualmente há um entendimento mais amplo das fontes do direito como produto social e 
histórico de uma época, além de fatores econômicos, políticos e morais, fonte do direito constitui sua 
a criação, a originalidade jurídica expandida, alongada e visível ao mundo, de maneira a se fazer 
possível e simplificada sua análise e compreensão. 
As fontes do direito estão previstas no artigo 4.º da Lei de Introdução ao Código Civil que 
estabelece: "Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e 
os princípios gerais de direito". Na opinião de Maria Helena Diniz9 “o sistema normativo não é 
completo, mas completável, pois existem lacunas oriundas do caráter dinâmico da relação 
tridimensional da norma, fatos e valores”. Sendo esta possibilidade de integração normativa é 
verificada no art. 4º. Da LICC. 
 Classificação das Fontes do Direito: 
As fontes podem ser classificadas quanto: 
1. Ao tempo: a) Históricas: São aquelas das quais se socorrem os estudiosos quando querem investigar 
a origem histórica de um instituto jurídico ou de um sistema, como o Digesto, ordenações do Reino. 
b) Atuais: São as quais se reportam o indivíduo para afirmar o seu direito; e o juiz, para fundamentar 
a sua sentença. É a sociedade como centro de relações de vida, como sede de acontecimentos 
necessários à formação dos institutos jurídicos. Fatos sociais, problemas que emergem na sociedade 
e que são chamados de fatores do direito. 
2. A apresentação do direito em sociedade: c) Formais: o direito positivo apresenta-se por diversas 
formas de expressão, notadamente pela lei e costume. Fontes formais são os meios de expressão do 
direito, a forma pela qual de exteriorizam. Regra é o direito escrito no nosso sistema romano-
gernânico. A lei, a analogia e o costume, e os princípios gerais do Direito. d) Não Formais: A doutrina 
e a jurisprudência 
3. A aplicação do direito: e) Diretas: (Imediatas): São a lei e costume, que por si só geram a regra 
jurídica. f) Indiretas: (Mediatas): A doutrina e a jurisprudência, que contribuem para que a norma 
seja elaborada. g) Primária: A lei h) Secundária: os costumes, analogia, princípios gerais do direito. 
 
7KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. Coimbra: Arménio Amado, 1979. 
8REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Editora Saraiva, 1995 
9 DINIZ. Maria Helena. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Saraiva, 2007 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução
ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
13 
 
 Costumes: 
 São importantes fontes do direito, não somente por constituírem fontes históricas, mas, porque 
ao Direito Positivo não é possível regular todas as hipóteses de conduta humana. Ulpiano 
jurisconsulto romano conceitua os costumes como o tácito consenso do povo, inveterado por longo 
tempo. 
 Para Paulo Nader o costume é um conjunto de normas de conduta social criadas espontaneamente 
pelo povo, através do uso reiterado, uniforme e que gera a certeza da obrigatoriedade, reconhecidas 
e impostas pelo Estado. 
 Assim, os costumes nascem no serio da sociedade, é fruto da prática individual de um 
comportamento constituem o uso de práticas reiterada e aceitas na sociedade, cuja origem ou autoria 
não são identificadas, tornando-se aceita pela maioria da sociedade que adota o comportamento de 
forma espontânea e natural sendo constante e repetido existindo um sentimento de obrigatoriedade. 
Nos sistemas jurídicos que adotam o direito positivo a abrangência dos costumes é reduzida, sem 
perder sua importância. Todavia, as leis promulgadas ou escritas, não compreendem todo o direito. 
Há normas consuetudinárias, que obrigam, igualmente, ainda que não constem de preceitos votados 
pelo Poder Legislativo. Há também preceitos superiores, que preenchem as dificuldades das leis, por 
intermédio dos juízes chamados a resolver as controvérsias jurídicas. 
 leis: 
 A lei é o preceito jurídico escrito, emanado do poder competente, o legislativo, e dotado de 
caráter geral e obrigatório. Segundo Del VECCHIO10, lei “é o pensamento jurídico deliberado e 
consciente, formulado por órgãos especiais, que representam a vontade predominante numa 
sociedade.” Sílvio Venosa11, "a palavra lei é originaria do verbo legere; ou decorre do verbo ligare, 
e é de notar que legere também significa eleger, escolher". 
A lei é criada através de um por processo legislativo entende-se o conjunto de atos (iniciativa, 
emenda, votação, sanção, veto) realizados pelos órgãos legislativos visando à formação das emendas 
à Constituição, Leis Complementares, Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Medidas Provisórias e 
Resoluções que, como espécies normativas constituem o seu objeto. 
A lei ordinária é um instrumento normativo por excelência, residual ou subsidiário. Isso quer 
dizer que quando a Constituição não faz menção a outro instrumento normativo, trata-se de lei 
ordinária. Não é necessária uma norma prevendo a edição de lei ordinária, já que a regra é que a 
 
10 DEL VECCHIO, George. Lições de filosofia do direito. Coimbra: Arménio Amado. 1972, p. 148. 
11 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito: primeiras linhas. São Paulo: Atlas, 2006. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
14 
 
regulação da vida humana se dá através de lei ordinária. As regras do processo legislativo de lei 
ordinária se aplicam nos âmbitos federal, estadual e municipal, com a ressalva de que nas duas últimas 
esferas o legislativo é unicameral. 
 Analogia: 
Para o senso comum analogia é a relação de semelhança de uma coisa com outra, juridicamente 
conceitua-se analogia como uma fonte formal e mediata do direito, utilizada nas hipóteses de lacuna 
da lei, ou seja, quando não há lei que regule especificamente o caso concreto, possui a finalidade de 
integração da lei, ou seja, a aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos; Segundo Sílvio 
Venosa12 “Trata-se de um processo de raciocínio lógico pelo qual o juiz estende um preceito legal a 
casos não diretamente compreendidos na descrição legal. O juiz pesquisa a vontade da lei, para 
transportá-la aos casos que a letra do texto não havia compreendido”. 
 Princípios Gerais do Direito: Há na doutrina uma grande dificuldade de definir os 
princípios gerais do direito, e por esta razão, não fosse tão difícil e complicado conceitua-los, 
poderíamos dizer que seria a origem geral do direito, mas não se finda apenas nisso. 
A professora Maria Helena Diniz13 assim explica os princípios gerais do direito: Quando a 
analogia e o costume falham no preenchimento da lacuna, o magistrado supre a deficiência da ordem 
jurídica, adotando princípios gerais do direito, que, às vezes, são cânones que não foram ditados, 
explicitamente, pelo elaborador da norma, mas que estão contidos de forma imanente no ordenamento 
jurídico. Conforme Venosa (2003), "os princípios gerais de direito são regras oriundas da abstração 
lógica do que constitui o substrato comum do Direito". 
Os princípios são de grande importância para o legislador, "como fonte inspiradora da atividade 
legislativa e administrativa do Estado". (VENOSA. 2003) 
São postulados que se encontram implícita ou explicitamente no sistema jurídico, contendo um 
conjunto de regras. Entende-se, então, que os princípios gerais de direito são a última salvaguarda do 
intérprete, pois este precisa se socorrer deles para integrar o fato ao sistema. 
 Obrigatoriedade Das Leis 
 Sendo a lei uma ordem dirigida à vontade geral, uma vez em vigor torna-se obrigatória para 
todos, conforme o disposto no art. 3º da LICC. "ignoranttia legis neminem excusat". 
 
12 Idem. 
13 DINIZ, Maria Helena. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Saraiva, 2007. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
15 
 
Tal dispositivo visa garantir a eficácia global da ordem jurídica, que estaria, comprometida se 
se admitisse a alegação da ignorância da lei vigente. 
 
 
 
 Exercícios de Fixação 
1a. Questão: Não é fonte do Direito: 
a)a Lei. 
b) os Costumes 
c) a doutrina e a jurisprudência 
d) a analogia 
e) contrato coletivo de trabalho. 
 
2a. Questão: Compare a lei e o costume. 
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
 Nesta aula, pudemos refletir: 
1. As fontes do direito estão previstas no artigo 4.º da Lei de Introdução ao Código Civil que 
estabelece: "Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os 
costumes e os princípios gerais de direito". 
2. Que por esta razão havendo lacuna da lei o juiz não poderá de escusar de apreciar o fato 
concreto utilizando as demais fontes do direito. 
 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
16 
 
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________ 
 
Noções de Direito - Unidade I 
 Capítulo VI Ficha de aula
no. 5 Aula no. 4 
 
 Conceito de norma jurídica, norma de conduta e lei: 
 
 Norma e Lei: Quando se fala de conduta descrita pela norma, e se dá um passo além no raciocínio 
e se busca o conceito de lei, estaremos diante de uma especificidade mais restrita: a regra ou norma 
pode ser traduzida por uma lei, mas elas não se confundem. Lei possui um conceito específico, como 
manifestação do direito positivo. A lei em sentido amplo é uma norma. Uma norma pode estar em 
mais de uma lei, parte numa, parte noutra. A palavra lei é a forma pala qual o ordenamento jurídico 
transmite e traduz suas normas. A lei é um mandamento escrito que transmite e indica ao homem 
determinada conduta ou posição. As normas objetivam a concretização do direito em suas descrições 
hipotéticas, adotando-se assim essa linha de conduta. 
 Conceito de Norma Jurídica: em razão de dispor sobre fatos e eleger valores, as normas jurídicas 
são o ponto preponderante do processo de elaboração do direito e origem da dogmática jurídica.
 A norma jurídica o instrumento de definição da conduta exigida aos indivíduos pelo Estado, ela 
determina ao agente como e quando agir. Assim, podemos afirma que o direito positivo, em todos os 
sistemas jurídicos, compõe-se de normas jurídicas, que são padrões de conduta ou comportamento 
social impostos pelo estado, para que seja possível a convivência dos homens em sociedade, ou seja, 
o bem esta comum. 
 Caracteres da Norma Jurídica: 
1. Bilateralidade: o direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas, atribuindo poder a uma 
parte e impondo dever à outra. 
2. Generalidade: o princípio da generalidade revela que a norma é preceito de ordem geral, que obriga 
a todos que se acham em igual situação jurídica. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
17 
 
3. Abstração: visando o maior número possível de situações, a norma jurídica é abstrata, regulando 
os casos dentro do denominador comum, ou seja, como ocorrem singularmente, com todas as suas 
variações e matizes, além de se produzirem leis e códigos muito mais extensos, o legislador não 
lograria o seu objetivo, pois a vida social é muito mais rica do que a imaginação do homem e cria 
sempre acontecimentos novos e de formas imprevisíveis. 
4. Imperatividade: Na sua missão de disciplina as maneiras de agir em sociedade, o Direito deve 
representar o mínimo de exigências, de determinações necessárias. Para garantir efetivamente a 
ordem social, O Direito se manifesta através de normas que possuem caráter imperativo. Não fosse 
assim, o direito não lograria estabelecer segurança, nem justiça. 
5. Coercibilidade: e a questão da essência da norma jurídica – coercibilidade quer dizer possibilidade 
de uso da coação. Essa possibilidade tem dois elementos: psicológico e material. O primeiro exerce 
a intimidação, através das penalidades previstas para a hipótese de violação das normas jurídicas. O 
elemento material é a força propriamente, que acionada quando o destinatário da regra não a cumpre 
espontaneamente. 
 Uma das indagações que se apresentam no direito é a questão se a coação é ou não elemento 
essencial ao direito. Entendemos, contudo, que essencial ao direito é a coercibilidade, isto é, a 
possibilidade de o mecanismo estatal utilizar a força a serviço das instituições jurídicas. Não é 
contingente, pois, como possibilidade, existe sempre, é permanente. 
 Normas Morais: as normas éticas servem para regular a vida em sociedade. A moral é subjetiva, 
interna, faz parte do campo subjetivo de todos nós. 
A norma jurídica é externa, depende de atos para que haja a aplicação do direito. É necessária a 
exteriorização do ato, não basta somente pensar em fazer. Pretender violar uma norma jurídica é uma 
violação moral, mas não significa nada ao direito. Não sofre sanção do mesmo. 
As normas jurídicas, a princípio, são normas morais, elas coincidem, porém o contrário nem 
sempre ocorre; o que caracteriza a norma jurídica é possibilidade de sua a violação, a exteriorização. 
Exceção: Há normas jurídicas não-morais: o devedor tem obrigação de pagar ao credor, não pagando, 
o credor pode mover uma ação e o devedor será coagido a pagar. Caso o credor não faça nada, 20 
anos depois ocorre a prescrição (instituto temporal dentro do qual o direito deve ser exercido). Isso 
viola uma norma moral pois o devedor não precisará mais pagar, mesmo que o credor queira. 
 Lei : A lei é a forma moderna de produção do direito positivo, ou seja, é um ato do Poder 
Legislativo, que estabelece regras de acordo com os interesses sociais, traduzindo aspirações 
coletivas. Em sentido amplo emprega-se o vocábulo lei para indicar o direito escrito. É uma referência 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
18 
 
genérica. A lei em sentido estrito é o preceito comum obrigatório, emanado do poder legislativo, no 
âmbito de sua competência. 
 Lei - Definições: 
1. No sentido científico: MONTESQUIEU “lei designa as relações derivadas da natureza das coisas”. 
Quer expressar relações entre fenômenos. No direito, a lei é parte integrante da conduta que deseja 
impor. CASTRO REBELLO afirmou que em ciência é apenas verificação ou resultado de um fato 
que existia antes dela, ao passo que a lei jurídica é obra humana, a lei jurídica é que capitula o fato 
sobre o qual vai incidir. 
2. No sentido sociológico: lei exprime as relações existentes entre fenômenos sociais, entre fatos 
próprios da cultura humana. 
3. No sentido Jurídico: lei é a norma que dispõe a seu favor da possibilidade de contar com a força 
aplicada por pessoa s que se acham socialmente qualificadas para isso. A lei jurídica é normativa, isto 
é: exprime o que deve ser, postula um padrão de conduta ou de organização. 
KORKOUNOV acentuou muito bem que lei no sentido jurídico é norma, norma de conduta e de 
organização, ao passo que, em ciência, lei é “uma fórmula geral exprimindo a uniformidade verificada 
dos fenômenos”, anunciando não o que deve acontecer. 
Lei é uma regra geral emanada da autoridade competente, é imposta coativamente a obediência 
de todos. Nos Estados modernos, há um órgão destinado à elaboração das leis, que é o Poder 
Legislativo. Preparadas pelo Poder Legislativo, as leis são sancionadas pelo Poder Executivo que as 
promulga e publica. 
 Características da Lei: 
a)Generalidade: Dirige-se a todos os cidadãos indistintamente. 
 b)Imperatividade: Impõe um dever, uma conduta. 
 c) Permanência: A lei não se exaure em uma só aplicação, pois deve perdurar até ser revogada por 
outra lei. 
 d) Emanação de autoridade competente de acordo com as competências legislativas prevista na 
CF/88. 
 Funções principais da lei, que a distingue da moralidade, são: 
1. atributiva - a lei confere a pessoas ligadas pelo relacionamento social deveres, obrigações e direitos. 
Não só confere como assegura o exercício desses direitos e deveres e a propriedade das coisas. 
2. organizatória - a lei coloca nas mãos das pessoas capacitadas para tal ( autoridades ) os recursos 
indispensáveis ao preenchimento das atribuições que lhe foram conferidas. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
19 
 
 Conceito de Ordem jurídica: Em toda parte, em qualquer âmbito, nas brincadeiras infantis, no 
seio da família, entre amigos, nos jogos, no trabalho, na religião, na profissão ou no comportamento 
do ser humano com relação ao Estado, existem regras, sem elas a convivência social é inimaginável. 
Estabelece-se
assim uma ordem que todos aceitam ou entendem a mais conveniente, mas sempre uma 
ordem. Essas regras, quais sejam, condutas prescritas podem ou não ser seguidas. Enquanto a regra 
for somente social, moral ou religiosa, sem a imposição coercitiva do ordenamento, seu 
descumprimento acarreta inconvenientes de ordem íntima ou comportamental: um aperto de mão ou 
saudação, por exemplo. 
 Há na sociedade regras mais ou menos complexas, necessárias ou não, segundo a que ordem 
pertençam que atuam na existência de cada um. Todos seguimos contínua e permanentemente regras 
em nossas atividades cotidianas, como por exemplo: “ Entre sem bater”, “Aberto das 8 às 18 horas”. 
Há também outras mais imperceptíveis como chegar no horário da aula. Todas essas regras são da 
mais variada natureza, mas todas apresentam um traço comum, são as propostas que têm em mira 
influenciar e ordenar o comportamento das pessoas, no tocante a certos objetivos. 
 Quando a regra decorre de uma imposição e quando no seu descumprimento há uma sanção 
imposta pelo ordenamento, pelo Estado, a situação transforma-se: podemos dizer que a regra estatal 
é uma norma, um a regra jurídica, num âmbito mais especifico das normas jurídicas. 
 É a expressão que coloca em destaque uma das qualidades essenciais do Direito Positivo, que é a 
de grupar normas que se ajustam entre si e formam um todo harmônico e coerente de preceitos. Não 
obstante a ordem jurídica seja um corpo normativo, quando ocorre a incidência de uma norma sobre 
um fato social, ali se encontra presente não apenas a norma considerada, mas a ordem jurídica, pois 
as normas apreciadas isoladamente, não possuem vida. 
 Vigência da Lei: 
 A o processo de criação das leis é composto por três fases: a elaboração, a promulgação (ato de 
incorporação da nova lei ao ordenamento jurídico) e a publicação Muito embora nasça com a 
promulgação, esta só passa a vigorar após a publicação no Diário Oficial, no dia determinado. Com a 
publicação tem-se o início da vigência, tornando-se obrigatória (art. 3º da L.I.C.C.). 
 Segundo o Art. 1º da LICC (Lei de Introdução ao Código Civil), a lei entra em vigor 45 dias depois 
de publicada, portanto a sua obrigatoriedade não se inicia no dia da publicação, salvo se ela própria 
assim o determinar. Pode assim entrar em vigor na data de sua publicação, ou em qualquer outra data, 
se assim constar expressamente em seu texto. Se nada dispuser a este respeito, aplica-se a regra do art. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
20 
 
1º. Em matéria de duração do referido intervalo, foi adotado o critério do prazo único, porque a lei 
entra em vigor na mesma data, em todo o país, sendo simultânea a sua obrigatoriedade. 
 O intervalo entre a data de sua publicação e a sua entrada em vigor chama-se Vacatio Legis. 
 A lei tem caráter permanente, permanecendo em vigor até ser revogada por outra lei, salvo 
disposição contrária, é o princípio da continuidade. (art. 2º da LICC) 
 Eficácia da norma jurídica: é a capacidade de produzir efeitos, é a qualidade da norma que se 
refere à aptidão para produzir efeitos reais no seio da sociedade, efeitos concretos. 
 
Quadro Comparativo 
Vigência Eficácia 
 É o lapso temporal entre sua entrada em 
vigor e o sua extinção com a revogação 
 A lei enquanto existir é vigente 
 A lei pode existir, mas ainda não possuir 
eficácia. 
 A vigência só se extingue com a revogação 
da lei, o Poder Judiciário não pode ser tornar 
uma lei sem vigência. 
 É a capacidade de produzir efeitos 
 É a possibilidade da aplicação da lei 
imediatamente, por inexistir condição ou termo 
a suspenda seus efeitos. 
 A lei mesmo revogada (sem vigência) pode 
manter a sua eficácia. 
 Poder Judiciário pode ser declarar a perda da 
eficácia de uma lei. 
 
 Revogação das Leis: 
 Revogação é a supressão da força obrigatória da lei, retirando-lhe a eficácia, que pode ser feito, 
somente por outra lei. 
 Essa revogação pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogada). Se em seu texto, porém, constar 
o próprio termo (prazo ou período), perde a eficácia independentemente de outra lei. A Perda da 
eficácia pode decorrer também da decretação da sua inconstitucionalidade pelo STF. A Revogação 
pode ser, ainda: expressa: quando a nova lei declara expressamente que a lei anterior ou parte dela 
fica revogada; ou tácita: quanto não traz declaração neste sentido, mas mostra-se incompatível com a 
lei antiga, ou regula inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
 Em regra, a lei só é revogada por uma outra lei ( não pode haver revogação por costume, por 
exemplo). A lei posterior SÓ revoga o que NÃO for compatível a ela ( art. 2°, p. 2°). 
 Classificação: 
 Revogação total: AB ROGAÇÃO 
 Revogação parcial: DERROGAÇÃO 
 Revogação expressa: (art. 2°, p. 1° - parte inicial): “... quando expressamente o declare...”. 
 Revogação tácita: (art. 2°, p. 1°, final) “... incompatível com a lei anterior.”. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
21 
 
 Efeito Repristinatório da lei: 
 O Art. 2º §3º menciona o efeito repristinatório da lei, que na verdade deveria dizer "o efeito NÃO 
repristinatório da lei", porque tal efeito não existe. Repristinatório quer dizer "restaurador" e afirma 
que a primeira lei revogada não entrará em vigor no caso da lei que a revogou ser revogada, salvo 
quando houver pronunciamento expresso do legislador neste sentido. 
EX: Revogada a Lei1 pela Lei2 e posteriormente revogada a Lei2 pela Lei3, não se restabelece a 
vigência da Lei1; salvo se a Lei3, ao revogar a Lei2 determinar a repristinação da Lei. 
 Obrigatoriedade Das Leis 
 Sendo a lei uma ordem dirigida à vontade geral, uma vez em vigor torna-se obrigatória para 
todos, conforme o disposto no art. 3º da LICC. "ignoranttia legis neminem excusat". Tal dispositivo 
visa garantir a eficácia global da ordem jurídica, que estaria comprometida se se admitisse a alegação 
da ignorância da lei vigente. 
 
 
1ª. Questão: Havendo incompatibilidade entre lei posterior e lei anterior haverá revogação esta 
última. Comente a afirmativa: 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
 Nesta aula pudemos refletir sobre: 
A lei em sentido amplo é uma norma. Uma norma pode estar em mais de uma lei, 
parte numa, parte noutra. A palavra lei é a forma pala qual o ordenamento jurídico 
transmite e traduz suas normas. A lei é um mandamento escrito que transmite e 
indica ao homem determinada conduta ou posição. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
22 
 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
2ª. Questão: Diferencie Lei e norma jurídica: 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________ 
 
Noções de Direito - Unidade I 
 Capítulo V Ficha de aula no. 6 Aula no. 5 
 
 Sujeito de Direitos: 
 Sendo a sociedade composta por pessoas, nada mais obvio do que a necessidade do Direito regrar 
aspectos da vida das pessoas, desde seu nascimento até a morte. Em nosso sistema jurídico apenas 
pessoas são sujeitos de direito, ou seja, titulares de direito. O que não quer dizer que a fauna e a flora 
não sejam tutelados pelo direito, pois a proteção que recebem não é em decorrência de titularidade de 
direitos do meio ambiente, mas sim dos direito referentes ao homem e sua existência. Assim, 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
23 
 
pessoa, por sua vez, é o ente físico ou moral apto para contrair direitos e deveres, há duas espécies de 
pessoas nas naturais (ou físicas) e as jurídicas que serão estudadas separadamente. 
 Na acepção jurídica todo ser humano sem distinção de nenhuma espécie é considerado pessoa 
sendo titular na relação jurídica. (Constituição Federal de 1988:“Art. 5º Todos são iguais perante a 
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: ....”). 
 Pessoa Natural: 
 Conceito: é todo ser nascimento de mulher, não é exigida forma humana ou viabilidade da vida. 
Pessoa é todo aquele (sendo pessoa jurídica é ente) capaz (do ato) de contrair obrigações na ordem 
civil e é sujeito de direito. Pessoa é o sujeito de direito, é o destinatário da regra jurídica. É a essa 
pessoa que o direito se dirige. Para que o ser nascido de mulher seja considerado pessoa natural basta 
nascer com vida, cujo critério de constatação da vida a respiração. O requisito respirar está no art.53 
da Lei nº 6.015, sendo importante para o direito sucessório e o de família. O exame utilizado para que 
se possa constatar o nascimento com vida utiliza-se da docimasia hidrostática de Galeno, colocando-
se os pulmões do recém-nascido em água com temperatura até vinte graus centígrados para averiguar 
se eles flutuam, comprovando-se a respiração. 
 Em outros países como Espanha e Portugal, além do nascimento com vida, são necessárias a forma 
humana e a viabilidade, isto é, que se seja apto para viver, que em nosso ordenamento é desnecessário. 
Professor Sílvio Rodrigues nos informa que: "noutras legislações se requer a viabilidade e a forma 
humana, numa contínua tradição romana que negava ao monstrum vel prodigium”. 
 Personalidade jurídica: 
É a personalidade jurídica que garante as pessoas o gozo dos seus direitos na vida de relação, em 
sociedade, sendo que esta condição individual é inerente a toda e qualquer pessoa viva. 
 Conceito: é a aptidão genérica para contrair direitos e obrigações. Tem acepções diferenciadas da 
pessoa. Os conceitos são similares, mas diferentes. Nada mais é do que a capacidade abstrata para 
possuir direitos e contrair obrigações na ordem civil, sendo indissociável da pessoa humana. 
O escravo não era pessoa, por isso tinha um tratamento diferenciado da personalidade. Idem o 
estrangeiro que era tratado de forma diferente em território brasileiro. 
Os direitos da personalidade jurídica são necessários, essenciais ao resguardo do princípio da 
dignidade humana, por essa razão são universais, absolutos, imprescritíveis, intransmissíveis, 
impenhoráveis e vitalícios. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
24 
 
 Os direitos da personalidade jurídica são inerentes à própria natureza do homem, como ser dotado 
de personalidade, não ficando circunscritos ao ordenamento jurídico, por expressar juridicamente a 
essência humana, sua própria natureza. 
 Nascituro: 
 O Art. 2º. Do Código Civil de 2002(Vide Anexo I): “A personalidade civil da pessoa começa do 
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Determinar 
o início da personalidade salvaguarda o nascituro desde a concepção, ou seja, a fecundação do óvulo 
pelo espermatozoide, as células se unem ocorrendo a fecundação seja esta in vitro ou não. 
 Conceito: é o ser que se encontra no ventre materno, em processo gestacional; o vocábulo 
nascituro possui origem no latim nascituru, quer dizer: "aquele que há de nascer". Atualmente, 
nascituro é o nome que se dá ao ser humano já concebido e que se encontra, ainda, no ventre materno. 
 Muito embora, goze de proteção legal ainda não é pessoa natural para o ordenamento jurídico, 
possuindo apenas expectativa de direito. Neste aspecto a doutrina diverge algumas correntes, com 
embasadas no início da personalidade da pessoa natural buscam definir a natureza jurídica do 
nascituro. Dentre muitas, destacam-se três: a natalista, a concepcionista e da personalidade 
condicional. 
A preocupação do legislador em proteger o nascituro fica demonstrada também no Direito Penal, 
quando tipifica como crime o aborto (Vide anexo II). Do mesmo modo que o Código Civil não traz 
nenhuma exceção quanto as lapso temporal que deve ser observado na gestação para que a sua 
interrupção provocada seja aborto, uma vez que a lei civil é clara quando menciona a concepção como 
inicio da proteção legal. Diferente do Direito Inglês que autoriza a interrupção da gravidez até o 7º. 
Mês; ano de 2010 entrou em vigor na Espanha, a nova lei espanhola que autoriza o aborto sem 
restrições dentro das primeiras 14 semanas de gravidez. Portugal desde 2007 autoriza o aborto em 
qualquer hipótese até a 10ª. Semana de gravidez. Na França até a12a. semana, nos Estados Unidos o 
aborta é legal desde 1973. 
No Brasil embora haja projetos de lei visando a legalização do aborto tal ato constitui crime, pois 
a legislação vigente protege o ser em desenvolvimento, por tratar-se de ser que poderá vir a se tornar 
pessoa e que se encontra em total vulnerabilidade jurídica. Ele é visualizado como tal pelo 
ordenamento jurídico desde quando foi gerado até o momento do nascimento; é o que está implícito 
em muitas assertivas doutrinárias: "Independentemente de se reconhecer o atributo da personalidade 
jurídica, o fato é que seria um absurdo resguardar direitos desde o surgimento da vida intra-uterina se 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
25 
 
não se autorizasse à proteção do nascituro – direito à vida – para que justamente pudesse usufruir tais 
direitos". (GAGLIANO-PAMPLONA, 2002, p.93) 
 Direitos
do nascituro: 
O artigo 2º, do CC/02 em sua parte final menciona os direitos do nascituro, todavia não o defina 
como pessoa natural. Mas que direitos seriam esses? Primeiramente pensamos no direito à vida 
(CF/88, art. 5º), mas como nos informa o jurista Paulo Nader que há: "em vários de seus dispositivos 
a ordem jurídica protege os interesses do nascituro. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 
8.069/90), pelo disposto em seu art. 7º, impõe ao Estado o dever de garantir ‘o nascimento e o 
desenvolvimento sadio e harmonioso’ do ser humano. Indiretamente estabeleceu-se a norma jurídica 
implícita de resguardo dos interesses do nascituro ou embrião. O legislador foi extremamente feliz ao 
fixar esta diretriz, uma vez que o princípio democrático de igualdade de oportunidade deve alcançar 
o ser humano a partir de sua concepção. A mãe subnutrida ou portadora de doenças geneticamente 
transmissíveis afetará as condições físicas do nascituro. Urge, todavia, que tal princípio se 
institucionalize, dando-se efetividade à lei14”. 
 O nascituro pode ainda, ser reconhecido pelos pais e ser beneficiado por herança ou legado, 
exercendo em nome de sua futura mãe o direito a alimentos também. Além da nomeação de curador 
ao nascituro estar prevista no art. 1.779 do CC/02, para a hipótese de falecimento do pai não estando 
a mãe investida do poder familiar. 
Podemos mencionar também o direito à filiação (CC, arts. 1.596 e 1.597), a uma adequada 
assistência pré-natal, à representação (arts. 542 e 1.779 do CC/2 e; art. 878, parágrafo único do 
CPC) poderá, ainda, ser contemplado por doação (art. 542 do CC/02). 
 
14 NÁDER, Paulo. Curso de Direito Civil: parte geral – vol. 1. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 184. 
 Nesta aula pudemos refletir sobre: 
1. O início da vida. 
2. O sujeito de direitos 
3. A personalidade jurídica. 
4. A proteção jurídica do nascituro. 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
26 
 
 Exercícios de Fixação 
1ª Questão: Podemos afirmar sobre a personalidade e a capacidade: ( 1 ponto ) 
( ) Que na verdade são uma coisa só, não havendo real distinção entre seu conceitos. 
( ) A personalidade é atributo da pessoa humana, desde que vive e enquanto vive, o homem é 
dotado de personalidade, sendo a capacidade elemento de seu conceito, é a medida da 
personalidade. 
( ) Nem todos os homens possuem personalidade jurídica, mas todos têm capacidade. 
( ) A capacidade de fato é a capacidade de direito ou gozo e a capacidade de direito é a de 
exercício. 
( )A personalidade é elemento do conceito de capacidade, lhe conferindo limite. 
 
2ª Questão: O Supremo Tribunal Federal (STF) deverá retomar à pauta do plenário o processo que 
autoriza o aborto em casos de anencefalia. Com base no estudado opine: 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________ 
 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
27 
 
Noções de Direito - Unidade I 
 Capítulo IV Ficha de aula no. 5 Aula no. 4 
 
 Sujeito de Direitos – Continuação de Pessoa Natural: 
 Capacidade: 
 Inicialmente se faz necessário estabelecer o estudo em tela trata apenas da capacidade civil e não 
da capacidade penal, institutos autônomos e com repercussões independentes. 
 O significado do vocábulo "capacidade" na língua portuguesa tem o sentido de medida ou 
quantificação do que se contém ou ainda pode conter num corpo, entidade e espaço. Capaz é aquele 
que tem posse das condições ou possuem aptidões que permitem realizar determinada tarefa ou 
mesmo alcançar determinado fim. Para o ordenamento jurídico Capacidade significa a aptidão que a 
pessoa tem de adquirir e exercer direitos. A capacidade é a regra, ou seja, pelo código civil toda 
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil; a incapacidade é a exceção. Cabe ressalta, para 
que uma pessoa ser responsável por seus atos é necessário que apresente duas condicionantes básicas: 
1). Saúde Mental. 
2). Maturidade Psíquica. 
 Conceito: é o limite da personalidade, é uma medida de exercício de direitos. Assim, podemos 
definir capacidade civil como a aptidão que uma pessoa possui para adquirir direitos e contrair 
obrigações em seu próprio nome e interesse, dispensando a representação legal. 
Espécies: capacidade divide-se em dois tipos: 
a) capacidade de direito: também chamada de capacidade de gozo em que a pessoa adquire direitos 
ao nascer com vida, apenas por ser um sujeito de direitos, podendo ou não exercê-los, Neste sentido, 
à capacidade da pessoa em adquirir direitos e contrair obrigações na vida civil damos o nome de 
capacidade de gozo ou de direito. A capacidade de direito é inerente à pessoa e a ela não pode ser 
recusada, porque pode destituí-la dos atributos da personalidade. Desde seu nascimento até sua morte, 
todo ser humano dispõe de capacidade de direito. Tal é o preceito do art. 1o do CC/2: "todo homem 
é capaz de direitos e obrigações na ordem civil". 
b) capacidade de exercício: também chamada de fato, é a aptidão de exercer os seus direitos em que 
a pessoa exerce seu próprio direito. Com isso, podemos concluir que todas as pessoas possuem 
capacidade de direito, mas nem todas possuem a capacidade de exercício do direito. Sílvio Venosa 
demostra isso muito bem quando afirma: “A capacidade jurídica, aquela delineada no art.2º, e no 
art.1º do novo diploma, todos possuem, é a chamada capacidade de direito. Nem todos os homens, 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
28 
 
porém, são detentores da capacidade de fato. Essa capacidade de fato ou de exercício é a aptidão para 
pessoalmente o indivíduo adquirir direitos e contrair obrigações." (VENOSA, 2006). 
 Cabe ressaltar que a capacidade de fato está contida na capacidade de direito, já que não se 
pode exercer um direito sem tê-lo, sendo assim, impossível conceber a primeira sem a segunda o 
ilustro professor Caio Mario ensinava: “Personalidade e capacidade completam-se: de nada valeria a 
personalidade sem a capacidade jurídica que se ajusta assim
ao conteúdo da personalidade, na mesma 
e certa medida em que a utilização do direito integra a ideia de ser alguém titular dele. ” Por isso, 
percebemos que as limitações ao exercício da capacidade de fato estão ligadas ao estado da pessoa, 
sejam de ordem física, psíquica, emocional ou jurídica; essas limitações levam à incapacidade. 
 Plena capacidade: Quando se adquire as duas capacidades, o indivíduo torna-se plenamente 
capaz, apto a prática de os atos da vida civil em seu nome e interesse. 
 Incapacidade: O ordenamento jurídico tem como regra a capacidade (art. 1. CC/02) nem todas 
as pessoas serão dotadas da capacidade de direito, uma vez que esta pode sofrer limitações, 
dependendo de alguns fatores, como: a idade, habilidade mental, capacidade de discernimento, 
limitações físicas e ainda psicológicas. Com isso, concluímos que da relação entre personalidade e 
capacidade não se pode afirmar que o indivíduo, em qualquer circunstância, que por ser titular de 
direitos poderá exercê-los em plenitude, ou ainda, responder por seus atos. Em nome da segurança 
jurídica que garante aos indivíduos confiança no Direito e na Justiça, indispensáveis ao 
desenvolvimento econômico social de um Estado, o exercício de alguns direitos que são restringidos, 
retirando de algumas pessoas a capacidade para o exercício de seus direitos. 
 Para tanto o legislador se valeu de critérios seguros para identificar quais pessoas não poderiam 
exercer por si mesmas seus direitos, solucionando assim conflitos atuais e futuros na vida de relação, 
daí a relevância em se definir e distinguir entre capacidade de direito ou de gozo e capacidade de fato 
ou exercício. 
 Conceito: Incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, uma exceção a 
regra geral da capacidade, pois o legislador não reconhece nas pessoas naturais elencadas nos artigos 
3º. e 4º. do Código Civil de 200 condições mentais, físicas, psicológicas etc. para participação da vida 
civil. Maria Helena Diniz define incapacidade “é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, 
devendo ser sempre encarada estritamente, considerando-se o princípio de que a capacidade é a regra 
e a incapacidade a exceção”. 
 Espécies: 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
29 
 
a) Incapacidade Absoluta: O agente não pode praticar qualquer ato da vida civil sem um 
representante, tutor ou curador, estão elencados no artigo 3º., CC/02. Nestes casos, os absolutamente 
incapazes possuem personalidade jurídica, bem como capacidade de direito, para que não fiquem 
afastados da vida civil e desprotegidos deve-se designa uma pessoa plenamente capaz que em lugar 
deles, pratique esses atos segundo regras jurídicas, que os represente legalmente. Por exemplo: Em 
um contrato de compra-e-venda é necessária somente à assinatura do representante; pois, os atos 
realizados pelos absolutamente incapazes são nulos. 
 O Estatuto da Pessoa com Deficiência, LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015 revogou todos 
os incisos do art. 3º do Código Civil, que tinha a seguinte redação: "São absolutamente incapazes de 
exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – os menores de dezesseis anos; II – os que, por 
enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; 
III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade". Também foi alterado 
o caput do comando, passando a estabelecer que "são absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos". Assim, não existe mais a figura jurídica 
do absolutamente incapaz que seja maior de idade. Como consequência, não há que se falar mais em 
ação de interdição absoluta no nosso sistema civil, já que os menores não são interditados. Desta 
forma todas as pessoas com deficiência são, em regra, plenamente capazes para a prática dos atos da 
vida civil, visando a sua inclusão social. 
b) Incapacidade Relativa: O agente necessita agora de um assistente para a prática dos atos da vida 
civil, pois o legislador reconhece relativa maturidade ou condições fáticas para a pratica 
supervisionada dos atos da vida civil. Em um contrato de compra e venda, por exemplo, tanto o 
agente, quanto o assistente devem assinar. A constituição considera como relativamente capazes: 
artigo 4º., CC/02 Os atos realizados pelos relativamente incapazes são anuláveis. 
 Nestas hipóteses, em exceção aos fatores etários o enquadramento de uma pessoa nessas 
categorias constitui uma tarefa bastante árdua, principalmente porque o Código Civil é bastante 
genérico quanto aos critérios para determinar se uma pessoa é passível de interdição, ficando esta 
tarefa principalmente para a área da saúde, onde médicos, psiquiatras, psicólogos e etc. que elaborarão 
laudos médicos para fundamentar o pedido de interdição, além da necessidade de outras provas como 
testemunhas. A ação cível de interdição ou curatela é promovida quando o indivíduo perde esta 
habilidade de gerir seus bens e até mesmo sua própria pessoa. No transcurso do processo a pessoa é 
avaliada quanto à sua capacidade de reger sua própria pessoa e administrar seus bens. O objetivo 
deste processo é impedir que o sujeito viesse a tomar decisões, principalmente econômicas, que 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
30 
 
possam prejudicá-lo legalmente ou a sua família. Cabe ressalta que a interdição nunca é imutável, 
podendo ser temporária nos casos onde o há chance de recuperação, que se vier a ocorrer será 
necessária nova perícia e o levantamento da interdição poderá ser requisitado pelo próprio interdito 
ou pelo curador. 
 A incapacidade relativa também foi alterada pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência que passa 
a abranger as seguintes hipóteses: a) maiores de 16 e menores de 18 anos; b) ébrios habituais e os 
viciados em tóxico (a lei deixa de fazer menção aos que, por deficiência mental, tenham 
discernimento reduzido); d) e aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir 
sua vontade (foi excluída a menção aos os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo); e) 
os pródigos. 
 Exceções: 
 É comum pensar que os incapazes estão completamente alijados da prática de atos da vida civil, 
mas as pessoas consideradas relativamente incapazes, quando o agente, com mais de 16 anos e menos 
de 18 anos pode: 
 1) ser testemunha, inclusive em testamento 
 2) fazer testamento 
 3) ser mandatário 
 5) alistar-se como eleitor 
 6) exercer pesca profissional e etc. 
 Cessação da Incapacidade – Maioridade Civil: 
O artigo 5º. do CC/02 caput determina que a pessoa natural alcança sua plena capacidade aos 18 anos 
completos, quando cessa a causa de sua incapacidade, a menoridade. a possibilidade plena de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil. Assim o maior de 18 anos pode, dentre alguns exemplos de atos 
da vida civil: 
 1) Casar sem necessitar de permissão dos pais. 
 2) Requerer o registro de seu nascimento 
 3) Pleitear perante a justiça do trabalho 
 4) Exercer na justiça criminal o direito de queixa, renúncia, perdão. 
 6) Movimentar depósito bancário 
 7) Ser eleito para vereador 
 Emancipação: 
 Faculdades Integradas Simonsen 
Introdução ao Direito – Professora Ana Cláudia Leal 
 
31 
 
 Conceito: A emancipação é uma forma de cessação da capacidade civil, o menor passa a

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais